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RESUMO
Infecções em Sítio Cirúrgico (ISC) podem ser definidas como processo infeccioso que
acomete tecido, órgãos e cavidade abordada em procedimentos cirúrgicos, é considerada uma
complicação intrínseca ao ato cirúrgico sendo necessário um amplo empenho para mantê-la
sob controle, caracterizando-se como um dos parâmetros de controle da qualidade do serviço
prestado por uma instituição hospitalar. Objetivou-se com o presente artigo analisar as
evidências disponíveis na literatura sobre as intervenções prestadas por enfermeiros na
prevenção de ISC em paciente cirúrgico no período pré, trans e pós-operatório, apontando os
principais fatores de risco para o desenvolvimento das infecções de sítio cirúrgico,
descrevendo as principais medidas preventivas a fim de evitar o aparecimento das infecções
do sítio cirúrgico, determinando as ações que compete ao enfermeiro na prevenção das
mesmas. A revisão agregou onze artigos selecionados através das leituras exploratória,
seletiva, analítica e interpretativa, oriundo das bases de dados LILACS e SCIELO. A análise
permitiu congregar o que os autores levantaram como fatores de risco para o desenvolvimento
de Infecção do Sítio Cirúrgico dos mais diversos tipos, bem como as medidas de prevenção a
serem adotadas por toda equipe envolvida na assistência. Verificou-se a necessidade de
implementação de medidas educativas que alcancem todos os profissionais que atuam nesse
contexto, buscando não somente a conscientização, mas também o reconhecimento, bem
como a aplicação do conhecimento científico na prática profissional, fazendo disso um
artifício fundamental no combate à infecção.
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Bacharel em Enfermagem. E-mail:enf.araujoufrb@yahoo.com.br; celliaestrela@gmail.com
Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em
Enfermagem em Clinica Médica/Cirúrgica, sob a orientação do professor Max José Pimenta Lima . Salvador,
2013.
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1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
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Na presente revisão integrativa, analisou-se onze artigos que atenderam aos critérios
de inclusão previamente estabelecidos e, a seguir, apresentar-se-á um panorama geral dos
artigos avaliados na Tabela 01.
Tabela 01: Apresentação dos artigos utilizados na análise do estudo “Assistência de enfermagem na
prevenção de infecções de sítio cirúrgico: uma revisão integrativa da literatura”, Salvador, 2013.
Todos os artigos analisados tiveram como autores enfermeiros (as). O ano em que
mais foram encontradas publicações voltadas à pesquisa em questão foi o ano de 2007 com
um total de quatro artigos, posteriormente em 2008 não foi encontrada nenhuma publicação
na íntegra, em português tendo como autor, um profissional de enfermagem, em 2009 obteve-
se três artigos, 2010 e 2011 foram encontradas duas publicações em cada ano. Dessa forma,
pode-se perceber a incipiência de artigos científicos publicados sobre a temática em estudo,
bem como o declínio da pesquisa cientifica em enfermagem nos últimos anos com relação a
prevenção de infecção de sítio cirúrgico.
Em relação ao delineamento ou tipo de estudos realizados observou-se que estes
variaram de acordo com o objetivo do estudo, prevalecendo o estudo descritivo o qual visa
observar fatos, registra-los, analisa-los, classifica-los e interpreta-los, sem interferência do
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tecidos e órgãos manipulados durante a cirurgia é definida como infecção de sitio cirúrgico
(ISC) e pode ser diagnosticada até trinta dias após a data do procedimento cirúrgico
(OLIVEIRA; CIOSAK; D’LORENZO, 2007).
Corroborando com as afirmações acima citadas Lenardt et. al.(2010) acrescentam
ainda que a infecção do sítio cirúrgico pode ser considerada superficial, profunda e de órgão
ou cavidade, sendo que conforme essa caracterização, dois terços das infecções correspondem
às superficiais e profundas e um terço às de órgão ou cavidade.
É considerada como um grave problema não só de retardo da cicatrização da ferida,
como também, na demora do internamento do paciente e elevação do custo hospitalar.
Oliveira e Ciosak (2007a) apontam a ISC como uma complicação relevante, por contribuir
para o aumento da mortalidade e morbidade dos pacientes pós-cirúrgicos, causando prejuízos
físicos e emocionais, como o afastamento do trabalho e do convívio social.
Além disso, eleva consideravelmente os custos com o tratamento, descontando-se
honorários médicos e de enfermagem, podem chegar a até três vezes o valor gasto com o
paciente que não adquire infecção, repercutindo também em uma maior permanência
hospitalar com aumento médio de 60 %. As repercussões nos pacientes mais importantes
referem-se aos impactos emocional e também financeiro, pois 18% das ISC invalidam o
paciente para o trabalho por até mais de seis meses (ROMANZINI et. al. 2010).
Para Oliveira, Ciosak, D’lorenzo (2007) e Santana, Brandão (2009) constituem o
primeiro ou segundo sitio de infecção mais frequente após cinco a sete dias da cirurgia
podendo ser limitada superficialmente (60 a 80%) ou afetar o paciente a nível sistêmico sendo
algumas vezes superada apenas pela infecção do trato urinário.
Em relação à estimativa da ocorrência da infecção de sítio cirúrgico os autores
avaliados não apresentam consenso, todavia unanimamente apontam como uma das infecções
mais incidentes entre os indivíduos submetidos a procedimentos cirúrgicos no Brasil e no
mundo. No Brasil, a ISC ocupa a terceira posição entre todas as infecções em serviços de
saúde e compreende de 14 a 16% das infecções em pacientes hospitalizados, com taxa de
incidência de 11% (OLIVEIRA, CIOSAK, 2007b; OLIVEIRA, BRAZ, RIBEIRO 2007;
ERCOLE et al., 2011). Comparando os dados nacionais em relação aos Estados Unidos,
temos a diminuição da taxa de incidência de ISC, onde anualmente 16 milhões de pacientes
são submetidos a procedimentos cirúrgicos, sendo que 2 a 5% adquirem infecção do sítio
cirúrgico.
Quanto aos fatores de riscos, tem-se como resultados obtidos e descritos pelos os
autores fatores de riscos intrínsecos e extrínsecos. Os primeiros se relacionam ao individuo:
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abdominal. Por estes fatores a exposição tecidual do paciente obeso é bem maior que o
paciente não obeso.
Em seu estudo Oliveira, Braz, Ribeiro (2007) demonstrou que em pacientes cuja
camada de tecido adiposo foi menor que 3 centímetros (cm) a taxa de infecção foi de 6,2% e,
naqueles cuja espessura de tecido adiposo foi maior que 3,5 cm, a taxa encontrada de ISC foi
de 20% pela condição já descrita, com maiores possibilidades de formação de espaço morto e
necessidades de utilização de suturas subcutâneas para fechá-los (ERCOLE et al, 2011).
Outros fatores descritos pelos autores são o tempo de internação pré-operatório e o uso
de antibioticoprofilaxia. É consenso que quanto maior o tempo de hospitalização pré-
operatória, maior será o risco do indivíduo em colonizar-se com a microbiota hospitalar, o que
contribui para o aumento de infecção do sítio cirúrgico (SANTANA; BRANDÃO, 2009). Foi
demonstrado por Lenardt et al. (2010) que o internamento pré-operatório acima de três dias
dobrou as taxas de infecção da ferida cirúrgica.
Já em relação à utilização profilática de antibióticos anteriormente ao ato cirúrgico
este foi descrito em alguns estudos como na pesquisa de Oliveira e Ciosak (2007a) e Lenardt
et al. (2010). O uso profilático de antibióticos em procedimentos cirúrgicos tem por objetivo
prevenir a infecção sistêmica ou da ferida operatória devendo ser administrado,
preferencialmente, de 30 minutos até duas horas antes do início da cirurgia. Dessa maneira, o
antibiótico atinge níveis teciduais no momento em que a incisão é realizada.
Quando avaliado o tipo de cirurgia não houve relatos aprofundados quanto a
associação com o surgimento de ISC, apenas a pesquisa de Lenardt et al. (2010)aponta que
nas cirurgias emergenciais quando comparadas com eletivas, não há tempo de realizar
avaliações clínicas pré-operatórias a fim de acompanhar as doenças de base e as técnicas
cirúrgicas e barreiras de antissepsia são anuladas com maior frequência,
Tem-se como os principais fatores de riscos extrínsecos encontrados na pesquisa o
potencial de contaminação e a duração do procedimento. Este primeiro é uma variável
importante por estimar o inoculo bacteriano presente na ferida operatória. Oliveira e Ciosak
(2007a) demonstraram que o potencial de contaminação em relação à ocorrência da ISC
apresentou um risco de 2,46 mais chances para a ocorrência de ISC em pacientes que
realizaram procedimentos potencialmente contaminados; 1,58 em procedimentos cirúrgicos
contaminados e 7,40 procedimentos cirúrgicos infectados.
Vale ressaltar que não se deve avalia-lo isoladamente, mas em relação direta com
outros fatores de risco que possam estar associados (presentes no risco intrínseco do paciente)
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Para Romanzini et al. ( 2010) a higienização das mãos é o meio mais simples e eficaz
de prevenir a transmissão de microorganismos de uma superfície para outra, por contato
direto, pele com pele; ou indireto, por meio de objetos. As recomendações sobre a
higienização das mãos esteve presente no estudo desenvolvido pelo autor supracitado na
maioria dos documentos pesquisados. Silva (2009) corrobora com a informação de que
atualmente a higienização das mãos é considerada a mais importante medida para prevenção
da disseminação de patógenos nos serviços de saúde. Além disso, a recomendação sobre
educar paciente e família sobre os cuidados apropriados com a incisão cirúrgica e drenos,
sobre sintomas de ISC e da necessidade de relatá-los ao médico foi também encontrada.
Frente ao exposto Silva et al (2009) aponta algumas medidas cabíveis ao enfermeiro
no controle e prevenção de ISC e que pode se adotada atualmente: recomenda-se revisar e
adequar a estrutura física para realização adequada da higienização das mãos para toda equipe
envolvida no ato cirúrgico, considerar a oferta de dispensadores de álcool gel nos consultórios
pós-operatórios, lixeiras com tampa acionada por pedal; definir local exclusivo para
degermação das mãos da equipe; fluxos de circulação unidirecional de instrumentais estéreis e
sujos; instituir avaliação sistematizada da ferida cirúrgica, com critérios definidos para
caracterização de ISC e treinar toda a equipe, estabelecer um espaço físico para consultas de
enfermagem pré e pós-operatórias e agenda que permita a avaliação de todos os pacientes.
Na unidade de internação, recomenda-se ainda a criação de áreas exclusivas para
expurgo e depósito de material de limpeza; sistematizar a realização dos curativos com pelo
menos 24h de pós-operatório; revisar os cuidados com o dreno com enfoque na manutenção
do sistema fechado de drenagem; sistematizar o processo educacional dos pacientes e
familiares, com definição do conteúdo mínimo, forma e momento em que as intervenções
educacionais serão realizadas; disponibilizar material educacional de apoio, sobre cuidados
com a ferida cirúrgica após alta, com informações relevantes e em linguagem adequada ao
grau de compreensão, para ser entregue aos pacientes (SILVA et al. 2009).
Implantar impresso de enfermagem que permita o registro das informações
importantes para o cuidado em todas as etapas (pré, trans e pós-operatório) a fim de facilitar a
análise e seguimento dos pacientes; estabelecer fóruns de discussão interdisciplinar, para
discussão dos casos complexos e com diagnóstico de ISC e, por fim, instituir a notificação
dos casos de ISC como evento adverso ao paciente, seguido de auditoria com coleta de dados
para melhor compreensão dos pontos frágeis do processo e monitoração dos casos (SILVA et
al. 2009).
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
ABSTRACT
Infections in Surgical Site (ISS) can be defined as an infectious process that attack tissue,
organs and the cavity boarded in surgical procedures, are considered as a complication
intrinsic to the surgical act, requiring an ample effort to maintain them under control,
characterizing as one of the parameters for quality control of the service rendered by a
hospital. The present article aims to analyze available evidences in literature about
interventions rendered by nurses in the prevention of (ISS) in surgical patients, during the pre,
trans and post-surgery, pointing out the main risk factors for the development of infections, so
as to avoid the appearance of infections in the surgical site, determining the actions to be
taken by the nurse to prevent them. The revision aggregated eleven articles selected though
exploratory, analytical, and interpretative reading taken from the LILACS and SCIELO data
base. The analysis allowed us to collect what authors considered as risk factors for the
development of Surgical Site Infection, of several types, as well as prevention measures to be
adopted by the whole staff involved in the attendance. The need for the implementation of
educational measures for all professionals who act under this context was taken into
consideration, looking for not only the awareness but also recognition and application of
scientific knowledge in the professional practice, and this should become a fundamental
device to combat infections.
REFERÊNCIAS
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