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ROTINAS JORNALÍSTICAS
Sistema noticioso
Produção de notícias
o Rede de causalidade complexa;
o Condicionamentos gerados pelas organizações que as publicam/editam;
o Dinâmicas inerentes ao exercício da profissão;
o Interacção que se desenvolve entre os jornalistas e o meio que gera os
factos susceptíveis de se transformarem em informação;
o Cada medium obedece a procedimentos próprios de suporte: imprensa,
rádio, televisão ou online;
Domínio de técnicas operativas especificas;
Narrativa adaptada, típica, que constitui o seu estilo
caracterizador.
Conteúdos noticiosos
Acontecimentos da actualidade
• Extemporâneos (ex.: 11 de Setembro)
• Provenientes das agendas
Agendas das redacções: marcações dos serviços pelos editores;
Serviços em função da agenda de outras organizações/entidades/fontes.
Fontes
LIPPMANN;
Jornalistas não têm uma especial capacidade de prever os
acontecimentos;
Muito do seu trabalho reside na rede de fontes que lhe fornece
informação sistemática ou não;
Roda, ronda, bit – fontes fidedignas (câmara, bombeiros, polícia e
tribunais)
O que é uma fonte e que tipos de fontes existem? Que tipo de tratamento se dá a
cada uma delas? Qual a atitude que se deve ter perante as fontes?
“Qualquer entidade que concentre entre si o conhecimento de factos susceptíveis de
gerarem notícias” – Cardet
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Fontes Internas
O repórter, que vai recolher informação directa ao local do acontecimento;
O arquivo, onde se situa a documentação armazenada relativa a uma multitude
de temas e que serve para complementar e verificar um dado tema;
Os correspondentes: nacionais e estrangeiros (ex.: RTP: Vítor Gonçalves (EUA),
António Esteves Martins (Bruxelas) e Rosa Veloso (Espanha).);
Uma das razões da distribuição dos nossos correspondentes espalhados
pelo mundo tem a ver com a comunidade portuguesa.
Fontes Externas
Agências de notícias;
Outros media;
Entidades oficiais (ex.: polícia, bombeiros, câmaras, governo, etc.);
Entidades não oficiais (ex.: Marcelo Rebelo de Sousa);
Contactos pessoais (ex.: fonte, exclusiva ou não, que fornece informação extra);
Público anónimo (ex.: público que contacta os jornais e não quer ser
reconhecido).
Diferentes objectivos
“Journalists see people mainly as potential sources, but sources see themselves as
people with a chance to provide information that promotes their interests, to publicize
their ideas, or in some cases, just to get their names and faces on the news.” Gans
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Validar informação
• Entidades oficiais e não oficiais;
• Público anónimo;
• Testemunha de um dado conhecimento dá um relato directo mas nem sempre
verdadeiro;
• Porque é parcelar e não porque é desonesto;
• Jornalista: atitude crítica para fazer um trabalho isento, forma de defesa;
Ética jornalística
Preservar as fontes;
Manter o anonimato, quando estas o exigirem e assim se justifique;
Resistir a pressões de vária ordem;
Informação deve confrontar os factos e as entidades implicadas sem
revelar quem forneceu na informação;
Atónica pode ser ainda colocada na vertente deontológica → o cultivo
das fontes submete-se também a imperativos éticos.
Programa actual
• Redacções: uma agenda excessivamente preenchida;
• Multitude de fontes: que procuram fazer chegar a sua informação às redacções e
passá-la para o público;
• Multiplicidade informativa: acesso das fontes é muito mais amplo;
• Muito menor diversidade temática e de origem diversa.
Realidade actual
• O acesso aos jornalistas é desigual, uma vez que as instituições que se
promovem através de spin doctors têm uma maior probabilidade de lhes ser
dada atenção e credibilidade;
(…) in theory sources can come from anywhere, in practice, their recruitment and
their access to journalists reflect the hierarchies of nation and society" - Gans
O valor–notícia
• Se atendermos ao que defendem os vários autores pode-se atribuir maior ou
menor importância a distintos factores;
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• Os conteúdos noticiosos dos diversos jornais são muito semelhantes;
Fontcuberta
• Os autores aceitam a ideia que dois dos elementos do valor noticia são:
• A actualidade: varia de acordo com o meio em causa e também pela forma
como é apresentada a noticia;
• O interesse público: é mais complicado de entender; o jornalista deve escrever
para o seu público; o jornal só tem sentido quando tem audiência; mas não se
limita a públicos alvo.
O impacto
• Quando uma dada noticia atinge o maior número de pessoas possível e de que
forma;
• Nível de impacto é muitas vezes dada pelos inquéritos feitos pelos outros de
sondagem:
Até que ponto;
Impacto directo;
Durante quanto tempo.
A proximidade
• Os jornais têm tendência a incluir e valorizar notícias que ocorrem ou afectam a
comunidade onde se inserem;
• Os jornais tornam próximos acontecimentos, que à partida são remotos, pela sua
passagem pelo crivo dos significados comuns;
• O valor de proximidade na inclusão de uma notícia pode não querer dizer que
ela é mais importante que outra. Obedece-se ao critério de identidade da
audiência;
• Se houver duas notícias de igual valor, mas uma de proveniência local e outra
remota, opta-se sempre pela primeira;
• Alguns temas só têm interesse local e perdem importância num âmbito mais
vasto.
A actualidade
• É evidente que quanto mais recentes forem as notícias melhor;
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• Na imprensa escrita tornou-se mais importante o “porquê” e o “como” do que o
“quando”;
• Actualidade significa:
• Que o público quer a notícia tão rápido quanto possível;
• Que a velocidade pode não ser tão importante como a explanação;
• O momento de revelar uma boa história é quando é possível; pode ser 5 minutos
depois dela ocorrer ou 5 anos.
A proeminência
• É sabido que as figuras públicas "vendem". Sejam figuras do mundo da política
ou do espectáculo, quando há pecadilhos revelados, há igualmente um interesse à sua
volta;
• Daí o êxito das revistas rosa. Mas a imprensa séria também vende. Até que
ponto é normal incluir notícias sobre as pessoas e a sua vida privada;
• O critério correcto será incluir notícias sobre as figuras públicas, quando sejam
importantes, mas não imiscuir-se na sua vida privada.
O conflito
• A maioria das notícias refere-se a conflitos;
• Remetem-nos para uma ruptura com a continuidade;
• Todo o tipo de conflitos relatados nos noticiários;
• As notícias dão-nos a conhecer conflitos declarados, como as guerras, os jogos
de futebol;
• E conflitos ideológicos, como os confrontos políticos;
• Os conflitos obrigam a um extremo cuidado por parte do jornalista porque:
• Estão presentes na maioria das notícias;
• As razões do conflito são geralmente pouco claras, até para os opositores;
• Não se sabe de que lado está a razão e se está em algum;
• Quando termina, muitas vezes não é possível determinar quem ganhou e se
houve vencedores e vencidos.
A novidade
• É a história do homem que mordeu o cão. Quando alguém comete um dado feito
pela primeira vez, dependendo do seu impacto, é notícia. Os eventos raros ou estranhos
podem constituir notícia pela originalidade e pela sua importância;
• O público gosta de coisas fora do comum, como gosta de tragédias. A novidade
do esquisito vende porque:
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• O pouco usual ou inesperado atrai a imaginação do público, leva-o a distrair-se
da rotina, da seriedade das notícias;
• Há que ter algum cuidado para não transformar estas notícias numa exposição
mórbida de anormalidades.
Significatividade e consonância
• Significatividade:
Existência de identificação cultural, que pode também ser entendida
como proximidade.
• Consonância:
Continuidade de tratamento de um tema que o público espera que seja
tratado.
Imprevisibilidade e continuidade
• Imprevisibilidade:
O que é mais estranho, a questão da novidade.
• Continuidade:
Esta era a máxima de Pulitzer e refere-se a qualquer acontecimento que
implica um acompanhamento ao longo do tempo;
Também serve para criar fenómenos de consonância.
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• Composição:
Tem a ver com o estilo próprio de cada jornal;
Há notícias que têm cabimento, outras não.
• Valores socioculturais:
Acontecimentos relativos às instituições ou personalidades conhecidas,
nada mais, nada menos do que o critério de proeminência.
Hierarquia noticiosa
• Cada diário apresenta uma primeira página diferente em que destaca uma
determinada notícia;
• Muitos dos temas tratados são comum aos vários jornais e demais noticiários;
• Distinção faz-se pela valoração daquele facto que os chefes de redacção e
editores entenderam dar destaque;
• Às primeiras páginas só se fazem chamadas de determinadas notícias e, mais
uma vez, excluem-se outras, num processo de valoração que implica uma hierarquia.
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• Depende também da própria dinâmica da actualidade: em dias de poucos
acontecimentos, em que “não há notícias” valorizam-se aspectos que em rotinas
normais perdem importância;
• Situação comum nos períodos de férias → fontes mais utilizadas e público
tornam-se mais voláteis;
• A configuração da primeira página depende do estilo adoptado.
Organização editorial
“Although almost readers (92%) leaf trough the entire newspaper people generally read
only about one fifth of the paper. (…) Content preferences among readers remain
remarkably stable. People read the paper according to an established order. Thus
although some sections of the newspaper maybe of interest to a relatively small number
of people, those readers maintain a fierce loyalty to that section.” SILVERBLATT
• O jornal obedece a uma organização editorial que se alicerça em subdivisões
temáticas – editorias ou secções – que conferem uma estrutura à actualidade.
• Compartimentação mais também do encontro do interesse do público por várias
razões;
• As secções procuram responder às rotinas de cada um dos leitores porque lhes
facilitam o acesso imediato aos temas da sua preferência;
• Organização das editorias ou secções é mais do que um elemento de fidelização
de públicos;
• Corresponde igualmente a uma divisão de tarefas;
• De acordo com sistemas próprios de cada órgão de informação, a cobertura das
temáticas corresponde também a uma compartimentação;
• Varia de redacção para redacção;
• Diferença é determinada pela dimensão de cada uma delas;
• Se existem muitos jornalistas é possível que esta divisão seja mais desmarcada
e que isso corresponda a uma especialização de tarefas;
• Se os recursos humanos são escassos a divisão de tarefas por especialização
torna-se absurda, talvez com uma excepção – o desporto;
• Sectorialização das temáticas informativas → relação com a tradição de cada
redacção → o perfil de cada jornal;
• Grandes editorias são subordinadas aos aspectos que as chefias valorizam
diariamente;
• A Política, o Internacional, a Economia, e a Cultural, que podem ter um
tratamento mais cuidado a nível dos títulos de referência;
• A Sociedade, o Nacional, o Desporto e os Espectáculos: ganharam uma
importância crescente nos noticiários – conseguiram conquistar e dominar as primeiras
páginas;
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• Especializações mais conseguidas, como o crime ou a saúde → grande
dependência das fontes cultivadas pelos jornalistas;
• Garantir a inclusão de matérias exclusivas pode ser uma mais valia e assim
aumentar o interesse suscitado nos leitores.
O valor-notícia
se atendêssemos ao que defendem os vários autores pode-se atribuir maior ou
menos importância a distintos factores
os conteúdos noticiosos dos diversos jornais são muito semelhantes
similitude resido no facto de a comunicação jornalística comungar dos mesmo
valores
Fontcuberta
os autores aceitam a ideia que dois dos elementos da notícia são:
o a actualidade ( varia de acordo com o meio em causa e a forma como a
notícia é apresentada)
o interesse público (o jornal deve escrever para o seu público. O jornal só
tem sentido se tiver audiência, ainda assim não se limitando ao público
alvo) os jornalistas devem seleccionar as noticias que suscitam
interesse público
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Figuras públicas vendem: quando há “pecadilhos”, há interesse à sua
volta, daí o êxito das revistas cor-de-rosa
Dever-se-ia apenas incluir artigos de figuras públicas que sejam
importantes, e não discutir a sua vida pessoal
5. Conflito
Maioria das notícias refere-se a conflito (ruptura com a continuidade)
As notícias dão nos a conhecer conflitos declarados, como jogos de futebol,
guerras…; conflitos ideológicos, como conflitos políticos
Os conflitos obrigam a um certo cuidado por parte dos jornalistas porque são
geralmente pouco claros, não se sabe de que lado esta a razão e muitas vezes
não e possível perceber quem ganhou, quando termina
6. Novidade
“História do homem que mordeu o cão” quando algo é inédito, dependendo
do impacto, é notícia. Eventos raros podem ser notícia por originalidade e
impacto
O público gosta de coisas fora do comum, como gosta de tragédias
O pouco usual e inesperado atrai a imaginação do público, que se distrai da
seriedade da notícia
Contudo há que ter cuidado para que a noticia não seja uma exposição
mórbida de anormalidade
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9. Valores socioculturais acontecimentos relativos às instituições ou
personalidades conhecidas (proeminência)
Hierarquia noticiosa
• Cada diário tem uma primeira página diferente, destacando
determinada notícia
• Muitos dos temas tratados são comuns entre jornais
• A distinção é feita pela valoração atribuída pelos chefes de redacção
e editores
• Às primeiras páginas só se fazem chamadas de determinadas notícias
e excluem-se outras (processo de valoração que implica hierarquia)
Organização editorial
Though most readers (92%) left through the entire newspapers, people
generally read only about 1/5 of the paper… content preferences among readers
remain stable. People read the paper according to an establish order. Thus,
though some sections of the newspaper may be of interest to relatively small
number of people, those readers maintains fiancé loyalty to that section –
Silverblatt
Organização editorial
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O jornal obedece a uma organização editorial que se alicerça em
subdivisões temáticas – editorias ou secções – que conferem uma estrutura à
realidade
- A compartimentação vai também ao encontro do interesse do público
por diversas razões
As secções procuram responder às rotinas de cada leitor porque lhes
facilita o acesso imediato a temas da sua preferência
A estrutura da Notícia
• Conjunto de técnicas;
• Qualidade da escrita;
• Escrever bem, com um estilo próprio de cada médium;
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• A regra de ouro da escrita jornalística – a simplicidade;
• Frases curtas e com significados muito precisos;
• Vantagens: a verdade e a precisão;
• A notícia é tão mais fiel aos factos quanto a informação precisa que se dá sobre
eles.
5 WW
• Dentro desse esquema cabe o clássico “o quê”, “quem”, “quando”, “onde” e
“porquê”, a que se acrescenta o “como”;
• Permitem contar os diversos elementos de que se compõe o acontecimento;
• Depois como se desenvolve cada um deles, já é outro problema.
Título
• Numa frase curta, procura-se sintetizar o conteúdo da notícia e prender a atenção
do leitor;
• Tem, portanto uma função informativa, mas também publicitária;
• Deve transmitir a ideia chave que enforma a notícia e que ressalta dela;
• O título pode ser escrito no final;
• Apesar de se pretender que o título capte a atenção do público, deve-se procurar
evitar as afirmações bombásticas e a descambar para o sensacionalismo.
O Lead
• Consiste em incluir entre o título e o corpo da notícia um parágrafo longo ou
vários pequenos parágrafos que têm como função fazer uma breve e ou precisa
apresentação do tema a ser tratado;
• Outra das técnicas comummente utilizadas pelo jornalista é o Lead;
• O Lead serve também para abrir o apetite dos pormenores da notícia;
• Prepara a leitura do corpo da notícia;
• Quando as notícias são breves ou muito pequenas, o Lead não é necessário; seria
desnecessário complementar a informação do título.
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Vários estilos de Lead
• Podemos ter mas pode-se dizer que eles têm um carácter informativo ou
iniciativo;
• No primeiro caso, trata-se do resumo da notícia. No segundo, o jornalista
procura chamar a atenção do leitor para alguns aspectos que procura destacar e
que de alguma forma dão ideia do conteúdo noticioso.
• Pirâmide Normal
-os factos são apresentados por ordem crescente de importância, isto é, pela ordem
crescente de acontecimentos;
-pode ou não incluir o lead e a técnica, é, neste caso, criar uma expectativa no leitor
até ao desenlace final;
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• Pirâmide Invertida
-técnica geralmente muito utilizada no jornalismo mundial;
-consiste em abordar o esquema narrativo oposto e começar pelo essencial dos
factos e concluir com os pormenores acessórios;
-é normalmente precedida do lead ou então ele é representado pelo primeiro
parágrafo da notícia;
-técnica mais vulgarmente utilizada pelo jornalismo moderno, uma vez que mais
rapidamente proporciona ao leitor uma resposta rápida e directa à sua curiosidade e
poupa-lhe tempo;
Vantagens:
-corta-se o acessório, mas a essência permanece sem grandes alterações
-usa-se quando há falta de espaço: cortam-se as últimas informações por ordem de
importância;
O corpo da Notícia:
acrescentar informação adicional que não é possível incluir no lead
-desenvolver a informação presente no lead
-apresentar a informação pela ordem de importância que definimos previamente;
-desenvolver as ideias na ordem em que foram apresentadas;
-usar, geralmente, uma ideia em cada parágrafo;
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Jornalismo assenta num tripé:
Acontecimento/facto - que pode ser social ou da natureza;
Jornalista: produto do meio, mas também do microcosmos em que se
movimenta; interage com o real;
Público: recebe a informação e reage em função dela; condiciona a
própria informação pela escolhas que faz, é a “opinião pública”
Jornalismo
Definições de Jornalismo:
o “Transformação de um acontecimento em notícia” (Phillipe Gaillard)
o “Transformar os acontecimentos em notícias pelo acto de publicar”
o “O jornalismo é a realidade”
o “O jornalismo acaba por ser uma parte selectiva da realidade” (N. Traquina)
o “O binómio é simples: há jornalistas que produzem informação e o público que
as consome” (M. Fontcuberta)
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Campo de Estudo: 3 eixos:
Factos
Jornalistas
Público: efeitos da audiência (ciências humanas: sociologia, filosofia ou
história, que desenvolveram, ao longo do tempo, teorias explicativas)
Actualidade – Evolução
Público habituou-se ao consumo de notícias “frescas”
A TV veio acentuar ainda mais esta tendência, uma vez que a autarquia de uma
notícia é aqui dada não só pelo factor tempo, mas também pelo poder das
imagens;
Factor actualidade ganha mais importância com os “directos”
Imediatismo
Introdução de um directo intercalar pode também ser ditada por outros factores
que não os do valor da notícia ou do interesse público;
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Estratégias de audiências, mais ou menos claras, ou à chamada criação de um
pseudo-acontecimento;
Mega-acontecimentos: acontecimentos provocados pela existência do discurso
jornalístico;
Polémica: dado acontecimento, só existe se for noticiado, se adquirir
visibilidade;
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Primórdios do Jornalismo
• A primeira grande conquista do jornalismo foi a periodicidade - invenção da
imprensa;
-Jornais apareciam ligados ao Estado;
• Época moderna: primeiros jornais com características de periodicidade, tal como
as concebemos hoje;
• Semanários ou bissemanários e as notícias que transmitiam não eram da “última-
hora”. Eram jornais políticos ou literários e que tinha uma intenção formativa e
não especificamente noticiosa;
• Periodicidade garantiu-lhes a captação de públicos numa altura em que o número
de letrados era muito restrito;
• Os jornais defendiam o discurso do poder, veiculavam a ideologia do Estado:
jornalistas ficaram associados à ideia de escrita politizada;
• Os jornais difamavam as figuras públicas em troca de pagamento;
• O jornalismo vendia-se a quem melhor pagava, com preocupação de transmitir a
verdade (embora, de facto, não fossem todos assim);
• Jornais literários, considerados superficiais pelos escritores;
• Estilo demasiado pomposo e elitista, sobretudo na imprensa francesa, o que
afastou o grande público;
• O jornalismo que se desenvolveu neste período, corresponde a um modelo
sociopolítico, e, como tal, o número de títulos era escasso, submetido à
autorização prévia régia e à censura;
• Jornais foram criado num espaço próprio e torna-se parte integrante da vida das
pessoas, que se habituaram a lê-los;
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• Produziram-se as grandes transformações que estiveram na origem do
jornalismo moderno. Por outro lado, a sua evolução foi marcada pela afirmação
de dois paradigmas de desenvolvimento;
França
• Jornalismo foi sempre fortemente politizado ou então com estilo literário
vincado;
• Imprensa francesa foi sempre vista como modelo a seguir, sobretudo na
Europa, uma vez que havia uma grande número de jornais e o público
adquiriu rapidamente este hábito de leitura;
• Razões: percurso político do país e com o facto de as pessoas terem,
desde muito cedo, construído uma opinião pública informada e actuante;
• Jornalismo francês serviu de exemplo a estadistas e contestatários que a
partir dele procuravam influenciar os destinos dos seus próprios países
(ex. Portugal).
Modelo Anglo-Saxónico
• Imitou inicialmente o francês
• Maior liberdade política levou os jornalistas a informarem sobre as
questões do Estado;
• Daí serem designados como o 4º poder, segundo Mclaulay (1828) 4ª
forma de vigilância para evitar abusos;
• Igualmente visto como um serviço público, na medida em que os
ingleses( e americanos) entendiam que os jornais deviam ser um meio de
aprendizagem de leitura para as classes mais desfavorecidas (Revolução
Industrial);
• Pólos industriais nas cidades: empresários da imprensa viram
trabalhadores como potenciais compradores e como um público com
inúmeras possibilidades;
• Lançam-se novos títulos com preços mais baixos (sec. XIX) : a
pennypress, só assim as pessoas pobres poderiam aprender através dele;
• Foi também necessário alterar o conteúdo;
• Os novos títulos em meados do sec. XIX nos EUA e em pouco mais
tarde no Reino Unido passaram a ter uma linha editorial muito mais
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simples: sem o peso predominante da informação política ou cultural e
adquiriu uma feição muito mais noticiosa e popular;
Jornais Noticiosos
• Novos temas: o acontecimento e a novidade
• O positivismo marca o fim do séc. XIX
• Actualidade torna-se característica dominante (possível pela existência
do telegrafo e das agências noticiosas). As notícias ficam mais curtas e a
sua linguagem mais atraente;
• Ler as notícias tornou-se um hábito quotidiano;
• Novos estilos: reportagem ganha espaço ao artigo de opinião. Surge a
entrevista, os enviados especiais, as edições de Domingo, consideráveis
melhorias gráficas;
• Melhorias tecnológicas permitiram também que o aspecto gráfico dos
jornais fosse muito mais apelativo e de fácil leitura;
• Facilidade de impressão e maior qualidade permitiram uma multiplicação
brutal das tiragens ;
• Inclusão da publicidade – o suporte económico da empresa;
Campo Jornalístico
• Estudos sobre este tema incluem os aspectos iniciais: valorização dos
factos, actualidade, condicionantes da profissão, o ensino e as
primeiras abordagens teóricas;
• Ensino surgiu 1º nos EUA e só muito mais tarde na Europa;
• Percursos diferentes ditavam abordagens teóricas distintas
• Escola europeia congrega estudos mais globais
• Escola americana insere-se numa sociologia do jornalismo onde as
práticas profissionais têm um papel central;
Processo Noticioso
• Notícias: narrativas em que as personagens são reais
• “estórias” que implicaram uma acção criadora de quem as constrói, sem
contudo fugir à verdade;
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• Construções têm um valor intrínseco e são forma que as pessoas têm de
aceder aos acontecimentos que ocorrem no mundo;
• 1922, Lippman: os media eram a principal ligação entre os acontecimentos
no mundo e a imagem desses acontecimentos na nossa mente;
• Se entendermos que “o jornalismo é uma parte selectiva da realidade” como
diz Bordieu, devemos entender como se processa a escolha: a elaboração de
notícias obedece a rotinas e a procedimentos padronizados. Isto é, há formas
narrativas próprias que são usadas pela comunidade jornalística, com as
quais ela se identifica e que constituem os seus modus operadi;
• Periodicidade pressão do deadline (pode ser muito negativa)
• Aprendizagem de um vocabulário próprio;
• Reconhecimento de um acontecimento/notícia (critérios de noticiabilidade)
• Processo de recolha de dados
Selecção
Construção da narrativa com um estilo próprio e que permite um
reconhecimento que existe desde há muito tempo e que leva à
identificação do público;
A existência de estruturas narrativas-tipo, segundo os temas, permite
usar em dado esqueleto pré-definido e acrescentar-lhe novos
elementos (pirâmide invertida);
Frames
• Goffman definiu este procedimento como frames (enquadramentos), à luz
dos quais se podem interpretar os critérios de noticiabilidade e hierarquia de
valores na elaboração da notícia, na construção da narrativa;
• Gitlin defende que esses frames são continuamente utilizados pelos
jornalistas de forma articulada, de maneira a tornar mais inteligível o seu
discurso;
• “Os enquadramentos mediáticos são padrões persistentes de cognição,
interpretação, apresentação e selecção, ênfase e exclusão através dos quais os
manipuladores de –symbol handlers - símbolos, organizam os discursos, quer
verbal, quer visual;
Ganson e Modigliani
5 formas de Framing:
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• Metáforas (ballet rose/ ballet blue/ inferno da luz…)
• Exemplos históricos (estatísticas de enquadramento, identificação de
determinado tipo de figuras com personalidades históricas…)
• Citações curtas (off the record; sinequanon; at last but not the least…)
• Descrições (adjectivação);
• Imagens (paisagem dantesca, expressão da dor, viagem alucinante,
impróprio para cardíacos etc...)
Processo de Produção
• Estratégia para validar o modelo: a objectividade;
• Devido ao deadline não é possível haver reflexão cuidada como nas ciências
sociais;
• Muito perigoso esquecer a objectividade : consequências nefastas para o
público;
• Recurso aos news judgment
• Gaye Tuchman, conjunto de procedimentos que confere essa objectividade e
impedem que o jornalista seja atacado pelos seus chefes ou pelo público;
• Estes procedimentos constituem imã série de “ferramentas isoladas”
Conjunto de Procedimentos
• Follow up da história para que as várias versões possam ser dadas ao público e
este saiba os diferentes ângulos da polémica
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• Forma de hierarquização da narrativa é importante
• Rotina que o público já conhece: aspectos mais importantes aparecem em
primeiro lugar. São procedimentos básicos, reconhecidos pelo público que evita
engano e manipulação;
• \esquema posto em causa pelas fontes
Circulação e Consumo
• Interacção pela qual o público apreende e descodifica o que os agentes da notícia
pretendem comunicar. Há uma correspondência com um sistema da ordem
cognitiva mas também sociocultural.
• Recolha e divulgação de notícias é validada pelo público, se este não lhe dá
atenção, o objectivo do jornal perde-se;
• Função do meio da comunicação social é cumprir um serviço público;
Consumo da Notícia
• Público interage ou não no processo de produção de notícias ao consumir ou não
determinado média;
• Factor consumo pode determinar as estratégias editoriais com o recurso a
pseudo-eventos e ao sensacionalismo;
• Os conteúdos dos jornais são dirigidos a determinado público genérico mas que
a linguagem usada e as opções editoriais atingem certas franjas e outras não;
• Interacção entre o jornal e o público e cria-se uma identidade cultural comum;
• Com a globalização há a tendência do consumo de notícias a nível mundial;
• Tendência de padronização de comportamentos e consumos, os interesses dos
indivíduos tornam-se semelhantes;
As teorias explicativas
• Capacidade de influenciar a opinião pública leva a várias interpretações dos seus
efeitos;
• Elo de ligação entre o jornalista e poder assim cumpre o serviço público;
• Processo noticioso é mais complexo que isto, embora o jornalismo e poder
estejam indissociados;
• Questão é o efeito das notícias nas pessoas;
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• Equaciona-se a forma de fazer notícias e a capacidade de influenciar;
Cohen a imprensa não nos diz como pensar mas em que pensar.
O mundo é diferente dependendo do mapa que nos desenham os redactores,
editores… dos jornais que lemos.
David Manning White – The Gatekeeper: A case study in the selection of the news
• Estudo sobre actividade de um jornalista médio num jornal de mediana
importância nos EUA;
• Mannig baseou o seu estudo no conceito enunciado por Kurt Lewin. Para ele as
notícias circulavam por canais e nesse percurso haveria
• Estudo foi muito limitado e foi rapidamente ultrapassado por trabalhos mais
completos: a notícia pressupões escolhas e vários níveis de selecção. Há uma
grande dose de subjectividade e como tal a notícia não pode ser o espelho da
realidade. A notícia é, gates onde grupos de pessoas decidiam a sua passagem ou
rejeição;
• Estudo tentava determinar como decorria esse processo. A conclusão é que esse
processo era parcial e arbitrário.
• Esta teoria foi a primeira a ser enunciada dentro do conceito de jornalismo que
conhecemos assim, uma construção da realidade e não a realidade
• Actualmente isto não quer dizer que o jornalista não obedeça à verdade
• Shoemaker defende que o processo de gatekeeping é complexo e deve ser
inserido no modelo de trabalho de cada organização jornalística pelo que não
deve ser visto só como produto de uma atitude pessoal;
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No entanto, este não é totalmente livre de seguir os seus gostos: ele precisa de
operar/trabalhar com os constrangimentos das rotinas de comunicação para fazer as
coisas de esta ou daquela forma”
Teoria Organizacional
Anos 50, Warren Breed, Social control in the newsroom: a Functional Analysis
• Produto jornalístico está directamente dependente dos constrangimentos do meio
• Jornal tem orientação política;
• Não uma política editorial, mas sim a associação dos interesses das empresas e a
determinados grupos, económicos, partidários…
• Panorama dos media americanos, onde sempre vigorou o princípio liberal
Campo
• Empresa jornalística estratos laborais com objectivos diferentes
• Chefias de empresa – defensores da política da empresa
• Repórteres com consciência mais liberal e independente
• Crenças pessoais não têm qualquer interferência na actividade do jornalista
• O jornalista é re-socializado pelo microcosmos que é a redacção (processo
dominante
• Jogo de recompensa/punição como mecanismo de controlo
Metodologia e Constatações
• Método: conjunto de entrevistas feitas aos neófitos
• No inicio não lhes é dito qual a política eleitoral do jornal, ela vai sendo
“intuída” por um processo de aprendizagem em que a cultura da empresa se vai
sobrepor aos valores profissionais, num jogo de recompensa/castigo.
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• Notícias como um valor
Validade
• Ideia do efeito de socialização inerente à entrada para uma nova redacção, uma
vez que cada órgão de comunicação social tem estruturas organizativas próprias
• Defesa de que este grupo partilha valores profissionais próprios, onde a
actividade noticiosa se situa em lugar central
• Reconhecimento de certa dose de individualismo no processo de recolha de
informação, bem como a ideia das rotinas são também contributos importantes
do trabalho de Breed
Actualmente
27
alguns defensores desta teoria procuram desenvolver estudos de outras linhas de
investigação, que se prendem sobretudo com a dimensão e estrutura organizacional das
empresas
Gans
• Oposição entre trabalho e poder destacado no enquadramento organizacional de
que reveste a sua análise, particularmente nos jornais
• Capacidade decisória é detida por pessoas externas à redacção (executivos) que
se regem pela defesa dos interesses das empresas
• O orçamento
• As decisões editoriais que se prendem com interesses particulares
• Regulações preventivas sobre a política editorial (forma de fazer a cobertura de
dados acontecimentos como ataques terroristas)
• Participação periódica na selecção noticiosa através de acordo com as chefias
editoriais (chefes de redacção e editores)
• Capacidade decisória limitada pelas directivas que lhes são impostas pelos
executivos
• Pela sua formação de jornalistas, encontram-se muitas vezes no meio de um
conflito de interesses
• Também tendem a ver os diferendos do ponto de vista dos seus jornalistas
• Jornalistas: a validação noticiosa é entendida como independente dos interesses
estratégicos definidos pela organização onde se inserem, embora em última
análise estes acabem por estar presentes
Gaye Tuchman
28
• Dimensão organizacional como modelo analítico
• Este padrão determina o processo de framing noticioso
• Moldura/estrutura pela qual as formas de construir a informação nos dão uma
dada imagem da realidade
• Imperativo em função do qual todo o sistema é montado que, em última análise
determina toda a actividade – o tempo
• Tudo se conjuga de forma a cumprir o prazo de fecho (deadline)
• Notícias constituídas por factos aleatórios
• Desafio diário consiste em controlar o inesperado em termos de tempo (espaço)
• Duas coordenadas das redacções: a do espaço e a do tempo.
A Escola Marxista
• Parte da enunciação do conceito de sociedade de massas
• Adorno e Holkheimer Escola de Frankfurt
• Estes emigram para NY devido ao nazismo e entram em contacto com a
massificada sociedade de consumo americana
• Observação dos comportamentos do povo americano face ao mundo dos
media novo paradigma de análise
• Base operativa conceptual noção de indústrias culturais
• Regresso da ideia de que a sociedade de massas aniquilou o individuo bem como
a sua capacidade de alimentar a verdadeira liberdade
A Escola de Frankfurt
29
Indústrias Culturais
• Responsáveis por não conseguirem representar as verdadeiras condições de
existência
• Produção cultural passou do estado artesanal para o industrial ( o primeiro
requeria pouco ou nenhum investimento
• Fabrica produtos seguros e estandardizados gerados de acordo com a noção de
procura geral do capitalismo
• A idealização de produtos intelectuais de elite contradiz o de comunicação de
massas definida no sentido de pertença - escolha feita pelos públicos,
democrática. a produção de símbolos industrializada impõe os seus formatos
e aniquila essa possibilidade;
Conteúdos Noticiosos
• Teoria altamente redutora porque abrangente
• São nivelados pelos demais centros produtores de símbolos como a
publicidade, o cinema ou a rádio
• A distinção entre eles é superficial porque todos se revestem de um carácter
lúdico
• Isto leva a uma alienação do indivíduo, incapaz de reagir às mensagens
formatadas que a indústria impõe, tornando-a extremamente manipulável
Horkheimer; Adorno
“O espectador não deve agir pela sua própria cabeça: o produto prescreve
todas as reacções: não pelo seu contexto objectivo que desaparece mal nele se
volta para a faculdade de pensar – mas através de sinais. Qualquer conexão
lógica que exija perspicácia intelectual, é escrupulosamente evitada”.
30
• Gransci e Althusser (comunistas)
• Base: concepção marxista de oposição entre trabalho e capital defende
uma visão maniqueísta? Do papel dos media
• Vistos como um dos instrumentos da perpetuação do domínio capitalista
porque sustentam a manutenção da superstrutura, sendo ou não parte
integrante dela.
Cultural Studies
• Anos 30: autores como Arnd e Leavis
• Ideia de uma oposição irredutível entre a cultura e o modelo social em
que se inseria
• Viam a democracia como decadente
• Defendiam que a resistência à massificação cultural passava pela
literatura
• Primeiros estudos tinham uma orientação marxista
• Partilhou com a escola de Frankfurt a perspectiva de que a sociedade de
massas desviava o proletariado da sua vocação revolucionária
• Os artefactos culturais produzidos pela sociedade cultural tinham uma
função integradora
• Capitalismo favorecia esta integração através de um novo sistema de
consumo de cultura mediática que asseguraria a sua hegemonia;
• Modelo de sociedade de consumo americano
• Transposição das suas principais linhas de força para a Grã-Bretanha do
pós-guerra
• Descaracterização provocada levou os intelectuais a procurarem uma
nova forma de identidade cultural
31
• Cultural Studies produzidos na Universidade de Birmingham e pelo
Glasgow Media Group.
• Anos 50: nas influências escola francesa (Barthes e Foucault) e o
distanciamento em relação ao modelo autoritário soviético
Evolução
• Centrada em valores como a nostalgia do meio de origem dos autores
• O estrato social de onde provêm determina as múltiplas abordagens que se vão
sucedendo no tempo e no fundo aí reside a sua riqueza
• Outros enquadramentos, nomeadamente pela influência central de Stuart Hall
(de raça negra e originário das Caraíbas)
• Novas ilhas de investigação incidem sobre grupos antes vistos como marginais e
a forma como são tratados pelos media ( feminismo, comunidade gay…)
• Nas palavras de Mattelant e Neveu : “género e raça passaram a constituir os
novos ângulos de análise”
Especificações
• Produção noticiosa é vista como independente do aparelho de Estado capitalista
• Dinâmicas das empresas de mediação, em última análise, responsáveis pela
sistemática reprodução de símbolos, através da criação de mapas de
significados, estes enquanto facilitadores da inteligibilidade leva a que o público
consumidor adopte uma linguagem simbólica e a reproduza;
Hall
32
• Entende o campo jornalístico como um meio próprio visto como “(…) a social
sector at least partially autonomous from external pressures and exhibiting some
degree of internal homogeneity which taken as a whole is Abel to exert? A
certain amount of power vis-à-vis other social sectors”
Chomski e Herman
• Os media americanos sustentam a manutenção de uma reprovável exploração
dos países do terceiro mundo pelos EUA
• São instrumentos dessa dominação
• O papel do jornalista enquanto informador independente é cilindrado pelos
interesses da empresa, o que determina o conteúdo das notícias
•
• São os interesses capitalistas que ditam aos jornalistas e directores o que
escrever ou difundir nos órgãos de informação
• As empresas pertencem a grupos económicos poderosos e também dependem
em larga escala dos anunciantes
Agendamento Condicionado
• A dependência assim estabelecida prefigura os temas tratados pelos diferentes
meios noticiosos (agendamento: sempre os mesmos)
• A prevalência deste modelo é garantida pelo que os autores denominam como os
5 filtros que estruturam o modelo de propaganda:
o A estrutura da propriedade
o A busca de lucro
o A dependência das fontes governamentais e empresariais
o Acções punitivas dos poderosos
o Ideologia anti-comunista dominante dos jornalistas americanos
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“Propaganda Framework”
• Os media americanos articulam-se através de um modelo de propaganda
• Tem como base a agenda das instituições governamentais
• Jornalistas cobrem acontecimentos propostos por esse agendamento
• Mobiliza e sensibilizam a opinião pública para o temário? Das autoridades
• Enfatiza determinados aspectos noticiosos se eles são negativos para os inimigos
e desvalorizam-nos tratando-se de nações amigas
•
• Não há concorrência em termos de promotores de notícias, pelo que o campo
dos media é uma arena fechada, sempre que os jornalistas não possam fazer nada
para o evitar
Herman; Chomsky
“The elite domination of the media and marginalization of dissidents that results from
the operation of these filters occurs so not unmanly? That media news people,
frequently operating with complete integrity and goodwill, are able to convince
themselves that they choose and interpret the news “objectively” and on the bases of
“Professional news values”
Lichter
• The media elite – outro ângulo de análise
• Dictomia: a que assenta sobre a existência de uma ideologia profissional vista
como uma prática que tem como base um ethos profissional, conjunto de
valores, mas também de procedimentos inerentes ao exercício informativo
• Por oposição, uma ideologia política que transparece dos conteúdos noticiosos,
em função das opções ou engajamentos de quem os produz
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• Os jornalistas são apresentados como uma classe com objectivos ideológicos
próprios que escamoteiam a realidade para melhor servir os seus propósitos anti-
capitalistas
• Parte da generalização de que a maioria dos profissionais se inserem num
figurino liberal, na concepção americana do termo
Schlesinger
35
“A abordagem etnográfica, ao contrário de outras abordagens centradas no
produto dos mass media, permite a observação teoricamente orientada das
práticas sociais efectivas, que dão lugar à produção cultural.”
Novas Investigações
• Observação das rotinas dos profissionais e dos imperativos de trabalho, a
organização da empresa, os comportamentos face a distintas situações etc.
• Permitiu apontar alguns aspectos fulcrais neste modelo técnico
• Dimensão transorganizacional das empresas e na importância desempenhada
pelas rotinas
• Primeiros aspectos, os estudos foram de encontro à concepção enunciada por
White em relação ao processo de re-socialização sofrido pelos jornalistas ao
integrarem uma nova empresa: a imitação das rotinas e os constrangimentos de
cada meio, havendo contudo espaço para a iniciativa individual
Nova Metodologia
• Constatação: a grande importância das rotinas no processo de produção
• Entendidos como rituais adquiridos de maneira a facilitar o trabalho, permitem
obedecer aos timings de fecho
• Dão resposta ao fluxo constante de notícias proveniente da rede de fontes
• As rotinas são variáveis de um órgão de comunicação para outro, o que implica a
verificarem-se mudanças de empregador, que o jornalistas tenha de refazer o seu
processo de socialização
• A maior ou menor influência destes procedimentos torna um meio mais flexível
que outro, o que pode trazer vantagens e desvantagens
• Para esta escola de pensamento não há distinção clara entre a realidade a os
media que reflectem essa mesma realidade;
Schoemaker e Reese
• Defendem que cada fonte reflecte uma realidade social parcial
• Os jornalistas têm apenas aceso a um universo limitado de fontes e não à sua
totalidade e all these assessements of social realities are social constructions
and, therefore, each is subjsctive in its own way (1993:39)
36
• Linguagem neutral é impossível, uma vez que ela é igualmente elemento de
múltiplas interacções e do factor de socialização
• Noticiam realidade construída: só se tem acesso a fragmentos das fontes
Schudson
• The ns, then, is produced y people who operate often unwillingly within a
cultural system, a reservoir of stored cultural meanings, and patterns of
discussion (2003:14)
• No processo de construção noticiosa, os media fazem uma incrível
estruturação dos acontecimentos
• Esta depende do papel desempenhado pela informação : news as a form of
culture incorporates assumptions about what matters, about what range of
consideration we should take seriously”
Modelo
• Este produto cultural resulta de 3 campos de interacção:
Acção pessoal
Acção social
Acção cultural
• A delimitação destes campos e das interacções que se verificam entre elas
correspondem a um modelo de análise global aplicável ao estudo de qualquer sistema
de produção de notícias
• Defende ainda que o jornalismo é uma criação histórica que não é facilmente
transmissível para outras culturas e que não permanece imutável, enquanto o
resto do mundo se altera
Schoemaker e Reese
• Acção pessoal: as notícias resultam de quem as produz, das suas intenções e
capacidade
• Acção social: tem também a ver com o sistema de organização dos media
(imperativos noticiosos, económicos)
• Acção ideológica – as notícias provêm de grupos que procuram, através delas,
servir as suas estratégias
• Acção cultural: o que nos é transmitido pelos media corresponde a um legado
que determina como são feitas, mas também o significado que lhe atribuímos.
37
• Acção meio físico e tecnológico: tem a ver com as inovações tecnológicas já
aqui mencionadas, mas também com o discurso específico que cada um desses
meios compreende
• Acção histórica: se quisermos, as notícias são o produto deste meio histórico,
deste processo onde interagem os diferentes factores e através das várias
interacções também participam da sua construção.
Dimensão transorganizacional
• O jornalista ao entrar numa redacção sofre um processo de socialização, como já
vimos na teria organizacional.
• Processo permite-lhe apreender as rotinas através da observação, da experiência
e da imitação dos colegas.
• Através dos constrangimentos da redacção onde trabalha que o jornalista adapta-
se à empresa.
• Porque muito do trabalho jornalístico consiste em rotinas.
• CONTUDO: há também um espaço de iniciativa pessoal,(…)
Rotinas
• As rotinas criam-se através de procedimentos padronizados com vista a tornar o
trabalho mais fácil;
• Não é uma linha de montagem: mas este tipo de organização garante ao
jornalista, por um lado, obedecer aos timings de fecho, por outro, dar resposta ao
fluxo constante de notícias, através da rede de fontes.
• Existem ainda outros mecanismos, como a protecção de fontes, a linguagem,
etc., que protegem a actividade do jornalista de ataques de varia ordem.
• Recurso sistemático a determinadas formas de representação da realidade, que
são comummente aceites pela comunidade jornalística, mas também pelo
público.
• Algumas rotinas variam de um órgão de comunicação (…)
38
que o jornalista não passa de um agente manipulado pela estrutura empresarial
ou de um actor consciente ao serviço de uma ideologia política.
• Serve realmente uma ideologia que é sobretudo profissional e que absorve
através de um conjunto de interacções, pelas quais se processa a socialização
(…)
Processo de construção
• Para estes teóricos, não há uma distinção clara entre a realidade e os media que
reflectem essa mesma realidade.
• Ao contrário do que defendiam muitos jornalistas, estes autores afirmam que a
linguagem neutral é impossível, uma vez que ela é igualmente elemento de
múltiplas interacções e factor de socialização.
• No processo de construção da notícia, os media fazem uma inevitável
estruturação dos acontecimentos.
Duas correntes
• A corrente estruturalista e a corrente interaccionista.
• As divergências processam-se a nível da interpretação da organização
microssociológica, nomeadamente da interacção que se verifica entre o jornalista
e as fontes.
Escola estruturalista
• Tem como mentor inicial Stuart Hall e outros autores como Crictcher, Jefferson
e Clarke, e revê-se na escola culturalista britânica. Trata-se de mais uma
interpretação em que os autores defendem que o jornalismo está ao serviço da
manutenção de uma hegemonia cultural dominante.
• Contudo, essa hegemonia, ao contrário do que defendiam Chomsky e Herman,
não se deve ao constrangimento exercido pela estrutura capitalista da empresa
no conteúdo noticioso.
• Mas sim devido a natureza da relação entre as fontes, o jornalista e a todo o
processo de newsmaking…
39
3. O processo da construção narrativa (…)
Mapas de significado
• Os frames não são específicos do jornalismo, mas do sistema cultural em geral;
• Não há recurso a frames que não sejam de identidade comum, quando as
notícias (fontes) não se enquadram nos mapas de significado, são rejeitados.
Esta é uma das razões da prevalência da mensagem da ideologia dominante, por
parte dos media.
Rejeitam
• A perspectiva difundida pelas escolas que assentam os seus modelos
explicativos nas dinâmicas organizacionais que conferem uma grande autonomia
ao papel individual do jornalista.
• Porque: partem de um pressuposto errado, não do ponto de vista das acções
ritualizadas, mas porque transmitem acriticamente uma mensagem já formatada.
• Portanto: a visão dos media como watchdog dos poderosos é quimera, apenas
actuante nas poucas situações em que os primary effects não actuam
concertadamente.
Escola interaccionista
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• O processo da produção d notícias é obviamente marcado pelo conjunto de
interacções que vimos anteriormente, mas obedece a um imperativo q
condiciona essa actividade – o tempo.
• Os interaccionistas defendem que os deadlines é que determinam a estruturação
do newsmaking.
• A empresa jornalística organiza-se de forma a cumprir o prazo de fecho. Todos
os dias têm de transmitir notícias sobre acontecimentos que podem ocorrer a
qualquer hora e em qualquer lugar.
• O desafio diário consiste em controlar o inesperado em termos de tempo e de
espaço.
• Não é organizativamente possível ter uma rede de jornalistas em todos os sítios a
toda a hora.
Tuchman
“Through its arrangement of time and space as intertwined social phenomena, the
news organization disperses a news net. By indentifying centralized sources of
information as legitimated social institutions, news organizations and newsworkers
wed themselves to specific beats and bureaus. Those sites are then objectified as the
appropriate sites at which information should be gathered. Additionally, those sites
of news gathering are objectified as legitimate and legitimating sources of both
information and governance” (1980:210)
Territorialidade geográfica
• Criação de uma rede de jornalistas que assegura a recolha de notícias num dado
espaço; essa rede é tanto mais complexa quanto é poderosa a empresa.
• Apesar disso ninguém consegue ter uma cobertura absoluta de todo o território.
Os jornais mais poderosos conseguem ter correspondentes nas regiões
produtoras de notícias de acordo com o interesse das empresas e do público. Em
situações pontuais destacam-se jornalistas para cobrir temas em áreas que, à
partida, permaneceram fora de rede.
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“Mas de uma maneira geral as redes de profissionais estendem-se pelas zonas q
tradicionalmente fornecem os temas ditados pela agenda e q constituem a maior
parte dos conteúdos”
Especialização Organizacional
• É uma forma de obter notícias constantes, provenientes de fontes que produzem
informação de uma forma sistemática, como o conselho de ministros, a
Assembleia da República, a Bolsa de Valores, etc.… Trata-se obviamente da
cobertura de temas institucionais e maioritariamente dos agentes políticos, que
só se justifica pelo facto desses agentes fazerem notícia.
Especialização Temática
• É uma das estratégias mais antigas do novo jornalismo e obedece à divisão do
jornal em secções, em que cada grupo de jornalistas, de acordo com o editor faz
informação segundo áreas como a sociedade, política, desporto, etc.
Ordem no Tempo
• Para responder ao factor tempo as empresas jornalísticas respondem com uma
estrutura temporal própria que é, à partida definida pela periodicidade e pela
actualidade.
• A periodidade determina que a redacção se organize temporalmente para cobrir
um dado período. A rede noticiosa funciona durante x tempo, em que os
jornalistas fazem cobertura das notícias de acordo com o esquema espacial
anterior. É aqui que cabe o papel da agenda, ao diariamente definir as temáticas
a tratar segundo as secções.
• Mas para além das rotinas processuais, a notícia impõem-se pelo critério da
actualidade. Daí que o produto deste processo seja marcado pelo facto e não pela
análise. Portanto a organização do tempo determina também a estruturação da notícia.
Tempo
• Para Schlesinger e Tuchman o tempo exerce uma tirania na actividade do
jornalista. Schlesinger condiciona a produção de notícias a uma cronometria
que a subdivide segundo categorias (hot news, sport news, running news), de
acordo com a sua temporalidade.
• “O curso segue um regular ciclo diário, cuja cedência é pontada pelas
deadlines. Estas e os inexauríveis ponteiros do cronómetro são dois dos mais
importantes símbolos da cultura profissional do jornalista.”
42
• Schlesinger e Tuchman (1980) apontam então uma oposição entre as notícias
que são reconhecidas como tal pela sua evidência e simplicidade (hard news) e
outras que representam estórias de interesse humano (soft news).
Método
• A incidência da pesquisa fez-se sobre o relacionamento entre o agendamento dos
media na cobertura de uma campanha eleitoral e os temas debatidos pelo
público.
• A partir de um inquérito limitado, os autores defendem que é o conjunto de
notícias e a forma como elas são destacadas que determinam que elas sejam
incorporadas pelas audiências.
• A razão deste fenómeno deve-se ao facto de os meios de informação serem, na
maioria dos casos, a única forma de acesso que as pessoas têm em relação às
temáticas políticas.
Tipos de Agenda
• Estudos de agenda mediática (media agenda – setting) – que incidem sobre os
conteúdos dos media.
• Estudos de agenda pública (public agenda – setting) – que se debruçam sobre
quais os temas, sobre que discutem as pessoas e o grau de importância que lhes é
atribuído.
• Estudos de agenda política governamental (policy agenda – setting) – de que
consta a agenda dos membros do governo.
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Quadro 1
Experiência pessoal e comunicação interpessoal entre as elites e outros indivíduos
Gatekeepers
Media influents
Acontecimentos noticiosos espectaculares – Agenda Med. –
Agenda Pub. – Agenda Pol.
Conclusão do estudo
“A capacidade dos media em influenciar a projecção dos acontecimentos na opinião
pública confirma o seu importante papel na figuração da nossa realidade social, isto é,
de um pseudo-ambiente fabricado quase completamente a partir dos mass media.
Três categorias de agentes
• News promoters – “indivíduos e seus associados que identificam e tornam assim
observáveis uma ocorrência como especial”.
• News assemblers – “profissionais que transformam um perceptível conjunto
finito de ocorrências promovidas em acontecimentos públicos, através da
publicação em radiodifusão”.
• News consumers – “aqueles que assistem a determinadas ocorrências
disponibilizadas como recursos pelos meios de comunicação social”.
Molotch e Lester
• “Toda a gente precisa de notícias. Na vida quotidiana, as notícias contam-nos
aquilo que nós não assistimos directamente e dão como observáveis e
significativos happenings que seriam remotos de outra forma”.
• “O conteúdo das concepções de indivíduos sobre a história e o futuro da sua
comunidade vem a depender dos processos pelos quais os acontecimentos
públicos se transformam em tema d discurso nos assuntos”.
Campo Jornalístico
• “Organização formal, enquanto rotinas de trabalho nas salas de redacção,
enquanto padrões de mobilidade profissional para um grupo de profissionais,
enquanto instituições de criação de lucros.”
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• “O ponto em que as organizações jornalísticas geram necessidades de
acontecimentos entre as news assemblers, necessidades essas que diferem das
dos news promoters, é o ponto em que os media têm um papel
institucionalmente padronizado e independente na produção de notícias.”
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