O documento discute a apropriação da violência pelo Estado brasileiro a partir de uma perspectiva histórica, analisando conceitos sociológicos de violência e como a Constituição de 1988 promoveu uma mudança no conceito de segurança nacional para segurança pública, mas sem reformar o sistema de segurança. Finalmente, aborda a emergência de estudos sociológicos sobre violência no Brasil democrático.
Original Description:
Ficha de Leitura Violencia Estado e Sociologia no Brasil
O documento discute a apropriação da violência pelo Estado brasileiro a partir de uma perspectiva histórica, analisando conceitos sociológicos de violência e como a Constituição de 1988 promoveu uma mudança no conceito de segurança nacional para segurança pública, mas sem reformar o sistema de segurança. Finalmente, aborda a emergência de estudos sociológicos sobre violência no Brasil democrático.
O documento discute a apropriação da violência pelo Estado brasileiro a partir de uma perspectiva histórica, analisando conceitos sociológicos de violência e como a Constituição de 1988 promoveu uma mudança no conceito de segurança nacional para segurança pública, mas sem reformar o sistema de segurança. Finalmente, aborda a emergência de estudos sociológicos sobre violência no Brasil democrático.
FICHA DE LEITURA I VIOLNCIA, ESTADO E SOCIOLOGIA NO BRASIL
91598 14/09/2016
Renato Sergio de Lima e Liana de Paula
O artigo Violncia, Estado e Sociologia no Brasil prope um estudo a respeito da apropriao uso da violncia pelo Estado, partindo de uma perspectiva histrica que aponta um acentuamento das taxas de homicdio e da violncia de atentado vida no perodo democrtico brasileiro, indo contra o movimento dos dados de violncia que constam no perodo do regime militar de 1964 que evidenciava um alto ndice de crimes e violncias ao patrimnio. Enquanto objeto de estudo sociolgico so apresentados determinadas concepes da violncia e dos seus usos pelo Estado. Pode ser compreendida como um instrumento de expresso dos conflitos sociais, utilizado pelo Estado na forma do instrumento da violncia legitima. Ou segundo Hannah Arendt ela a expresso do poder, possuindo um limite imaginrio que aquele no qual quando rompido passa a retirar a prpria legitimidade do poder, por ultrapassar o limite da violncia e sair do campo da violncia justificvel. possvel tambm resgatar o conceito de anomia de Durkheim e compreender a violncia como expresso recorrente nos momentos de crise. Outros socilogos consideram a existncia de grupos que exaltam uma cultura da violncia, conferindo prestigio social aos executores da mesma. Antonie Garapon estabelecer a apropriao da violncia como marca das democracias contemporneas, por conta da centralidade da justia que corrobora o espetculo da violncia, mediao e simbolizao da mesma. No caso da democracia brasileira a ao do Estado na apropriao da violncia intensificado pela ausncia da definio de ordem pblica na Constituio, bem como a ausncia de formulaes a respeito da organicidade do sistema de segurana publica, ambas deficincias resultantes de uma poltica de segurana formulada em perodo ditatorial sob a tutela de um ideal militar atravs da Escola Superior de Guerra (ESG) que exigiria a subordinao e o controle absoluto da sociedade pelo Estado, pois a segurana no seria um fim mas dependente da sade econmica da nao. A Constituio de 1988 promove uma mudana deste conceito desenvolvimentista de segurana nacional para o de segurana publica, mas sem paralelamente promover uma nova ordenao institucional do sistema de segurana. Isso resultaria na maior ao dos municpios, a aproximao da Universidade e da Policia e a ampliao do currculo de formao policial. Ou seja, em passo que h um deslocamento da segurana para o campo da cidadania, garantia de direitos e justia h uma complacncia do Estado ao se deparar com o fortalecimento da privatizao do monoplio da fora ou de espaos geogrficos seguros como os condminos nos centros urbanos. O artigo finaliza abordando a evidencia da emergncia de um campo de estudos sociolgicos sobre a violncia, que tem sido fomentado pelo momento poltico democrtico, por grupos de amparo a pesquisa, pela instaurao da Secretaria Nacional de Segurana Pblica e pela abertura da formao policial que tem dialogado com a formao acadmica da Universidade.