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II. JESUS CRISTO VEM SALVAR o que estava perdido4, vem carregar as
nossas misérias para nos aliviar delas, vem compadecer-se dos que sofrem e
dos necessitados. Ele não passa ao largo; detém-se, como vemos no
Evangelho da Missa de hoje, consola, salva. “Jesus faz da misericórdia um
dos principais temas da sua pregação [...]. São muitas as passagens dos
ensinamentos de Cristo que manifestam o seu amor-misericórdia sob um
aspecto sempre novo. Basta ter diante dos olhos o bom pastor que vai à
procura da ovelha tresmalhada, ou a mulher que varre a casa à procura da
dracma perdida”5. E Ele próprio nos ensinou com o seu exemplo constante
como devemos comportar-nos diante do próximo, particularmente diante do
próximo que sofre.
Pois bem, assim como o amor a Deus não se reduz a um sentimento, mas
leva a obras que o manifestem, assim também o nosso amor ao próximo deve
ser um amor eficaz. É o que nos diz São João: Não amemos com palavras e
com a língua, mas com obras e de verdade6. E “essas obras de amor –
serviço – têm também uma ordem precisa. Já que o amor leva a desejar e a
procurar o bem daquele a quem se ama, a ordem da caridade deve levar-nos
a desejar e procurar principalmente a união dos outros com Deus, pois nisso
está o máximo bem, o definitivo, fora do qual nenhum outro bem parcial tem
sentido”7. O contrário – buscar em primeiro lugar os bens materiais, mesmo
que seja para os outros – é próprio dos pagãos ou daqueles cristãos que
deixaram esfriar a sua fé.
Por outro lado, a Igreja sabe muito bem que não pode separar a verdade
sobre Deus que salva da manifestação do seu amor preferencial pelos pobres
e pelos mais necessitados11. “As obras de misericórdia, além do alívio que
trazem aos necessitados, servem-nos para melhorar as nossas próprias
almas e as dos que nos acompanham nessas actividades. Todos
experimentamos que o contacto com os doentes, com os pobres, com as
crianças e os adultos famintos de verdade, constitui sempre um encontro com
Cristo nos seus membros mais fracos ou desamparados e, exactamente por
isso, um enriquecimento espiritual: o Senhor entra mais intimamente na alma
daquele que se aproxima dos seus irmãos mais pequenos, movido não
apenas por um simples desejo altruísta – nobre, porém ineficaz do ponto de
vista sobrenatural –, mas pelos mesmos sentimentos de Jesus Cristo, Bom
Pastor e Médico das almas”12.
(1) Lc 7, 11-17; (2) São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 166; (3) ib., n. 167; (4) Lc
19, 10; (5) João Paulo II, Enc. Dives in misericordia, 30-XI-1980, 3; (6) 1 Jo 3, 18; (7) F.
Ocariz, Amor a Deus, amor aos homens, 4ª ed., Palabra, Madrid, 1979, pág. 103; (8) cfr. Mt
25, 31-40; (9) cfr. São Josemaría Escrivá, op. cit., n. 111; (10) cfr. F. Ocariz, op. cit., pág. 109;
(11) cfr. João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater, 25-III-1987, 37; (12) A. del Portillo, Carta, 31-
V-1987, n. 30; (13) Abadia de Solesmes, Graduale Romanum, Desclée, Tournai, 1979;
Antífona da Missa comum de Nossa Senhora.