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Ludgero Marques, que termina no final de Maio o seu último mandato enquanto presidente
da AEP, definiu a "falta de qualidade dos recursos humanos" como "o mais grave problema
do País" e das empresas portuguesas.
"Mais de 90 por cento das nossas empresas não têm trabalhadores e quadros que possam
responder às necessidades das exigências da economia. E não tenho dúvida que, se a
qualificação dos trabalhadores fosse melhor, os empresários e gestores teriam
obrigatoriamente de ser melhores", salientou.
"Os novos países que aderiram à União Europeia, com as qualificações que têm, vão todos
ultrapassar-nos, exactamente por terem uma formação muito melhor que a nossa",
acrescentou.
O presidente da AEP afirmou que também há quem não compreenda porque é que uma
empresa com trabalhadores e quadros de "baixíssima qualificação" não os pode "substituir
por outros qualificados no desemprego", "inviabilizando a recuperação da empresa e
provocando, quantas vezes, a falência da mesma".
Para Ludgero Marques, "não são as empresas que têm de zelar pela educação em Portugal",
nem são os empresários que fazem as reformas.
"Os nossos governantes têm de fazer mais e não podem adiar a tomada de decisões", frisou,
reconhecendo que "também as associações empresariais têm de mudar".
"A minha maior frustração na área do associativismo foi não ter conseguido a formação de
uma confederação única em Portugal, capaz de representar as empresas portuguesas nas
diversas instituições nacionais e internacionais, com qualidade e utilidade", lamentou.
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, reconheceu que há em Portugal "um défice de
qualificação dos recursos humanos, que, infelizmente, demora mais tempo a ser resolvido"
do que o défice orçamental.
"A imagem de que o País tem melhores recursos humanos é um factor de competitividade",
afirmou Teixeira dos Santos, defendendo que Portugal mostre para fora que está a melhorar
a qualificação da sua população activa.