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Acho que algum disse a na plateia que eu me desequilibrei. No, eu no me desequilibrei.

Eutava brincando, no me desequilibro nunca. Eu brinco todas as noites com equilbrio porque eu sou de
circo. sempre assim, eu sempre entro no picadeiro brincando, abrindo uma porta que d para o infinito,
iluminado por milhes de candelabros. Eu brinco, eu sou palhao. Eu brinco, dano, eu ondulo, eu brinco com
as crianas, eu quebro meu corao em direo ao risco porque eu sou de circo. Eu brinco com a vertiginosa
audcia do trapzio. E l no alto, no topo da lona, no meio de um salto mortal, sou capaz de roubar um
holofote porque eu sou de circo. Sento no cavalo como quem senta numa poltrona, ando na corda como
quem anda numa avenida, ando de bicicleta sem guido, sem assento, sem pedal, sem roda. E com as
mos, eu dinamizo dezessete laranjas de tal forma que elas mais parecem estrelas iluminando o firmamento,
porque eu sou de circo. No, eu no me desequilibro. A alegria me alarga e eu vou do mineral a Deus. Como
pode algum achar que eu me desequilibro? Minha vida comeou aqui nesse picadeiro e aqui ela no vai
terminar nunca porque ela maior que eu, s no maior que meu circo.
verso que encontrei em portugus:
No Chore Beira do Meu Tmulo
No chore beira do meu tmulo,
eu no estou l eu no dormi.
Estou em mil ventos que sopram,
E a neve macia que cai.
Nos chuviscos suaves,
Nos campos de colheita de gros.
Eu estou no silncio da manh.
Na algazarra graciosa,
De pssaros a esvoaar em crculos.
No brilho das estrelas noite,
Nas flores que desabrocham.
Em uma sala silenciosa.
No cantar dos pssaros,
Em cada coisa que lhe encantar.
No chore beira do meu tmulo desolado,
Eu no estou l eu no parti.

Eu sou a vida incessante que corre nas guas do rio.

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