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Segurança e crime organizado internacional

A década de 80 foi marcada, principalmente, por ter sido um período de transição entre
a velha ordem internacional bipolar do pós-guerra, denominada Guerra Fria, e uma nova
ordem internacional que deu fim ao dualismo político-econômico entre o bloco comunista e o
bloco capitalista. Essa nova ordem internacional caracterizou-se principalmente pela
integração econômica regional, pelo neoliberalismo e pela globalização, que revolucionou o
sistema de acesso e circulação de informações pelo mundo e mudou o papel dos estados
nacionais na sociedade.
O processo de globalização econômica vem criando instrumentos que facilitam a
circulação de fundos monetários entre países. Atualmente, milhões de dólares circulam
diariamente pelos países através de transferências monetárias. Com isso, criaram-se
condições perfeitas para organizações criminosas executarem a lavagem de dinheiro,
tornando-se cada vez mais difícil identificar a origem desses recursos. Outro ponto negativo
do processo de globalização é a internacionalização do crime organizado. Hoje existem
organizações criminosas que atuam em vários países praticando tráfico de drogas e de
armas, prostituição, ações terroristas, entre outros atos ilícitos.
O Escritório Contra Drogas e Crime Organizado da Organização das Nações Unidas
(ONUDC) estima que, hoje, a quantia de recursos de origem ilícitas que circulam pelos
principais centros financeiros seja em torno de um trilhão de dólares.
Na convenção contra a corrupção, organizada pela ONU, na cidade mexicana de Mérida,
em dezembro de 2003, concluiu-se por uma necessidade urgente de um trabalho em
conjunto com países e instituições financeiras contra a corrupção e a lavagem de dinheiro.
De acordo com a ONU, os impactos da corrupção atingem mais os cidadãos das camadas
mais pobres, pois ao desviar recursos públicos, políticos, funcionários ou organizações
criminosas comprometem os serviços essenciais fornecidos pelos governos, como: saúde,
habitação, educação e moradia. A corrupção tem seus efeitos sentidos em longo prazo com a
baixa qualidade em serviços básicos, desigualdade social, desrespeito aos direitos humanos,
subornos e o aumento da violência urbana.
Violência urbana e pobreza estão intimamente ligadas, pois a desigualdade social e a
falta de oportunidade acabam criando excelentes condições de expansão do crime organizado
nas áreas mais carentes, principalmente o tráfico de drogas e de armas. No Brasil, 1% da
população recebe 10% da renda nacional, em contrapartida, 50% da população recebem
também 10% dos recursos do país, ou seja, analisando esses dados percebe-se que a
desigualdade e a exclusão social são as principais causas do envolvimento de jovens de
famílias de baixa renda nas atividades criminosas.

www.editoraferreira.com.br 1 Prof. Márcio Vasconcelos


O tráfico de drogas e de armas no Brasil acaba influindo diretamente nos índices sociais.
De acordo com a ONUDC, o aumento dos casos de AIDS nas décadas de 80 e 90 estava
diretamente ligado ao uso da cocaína injetável. Segundo o Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (DATASUS), o governo federal gasta cerca de 70 milhões de reais
anuais em custos ligados ao consumo de drogas.
Outro ponto é a questão da violência urbana. No Rio de Janeiro, por exemplo, em áreas
urbanas nobres, como Ipanema e Copacabana, a taxa de homicídios é de 5 para 100 mil
pessoas, ou seja, índice igual ao dos países ricos. Já em áreas carentes, como favelas que
ficam a cerca de 2 ou 3 quilômetros das área nobres, as taxas de homicídios chegam a 150
para 100 mil pessoas.
O tráfico de drogas internacional usa o Brasil como um país de trânsito para a cocaína
produzida na Colômbia, Bolívia e Peru para chegar aos mercados europeus e norte-
americanos.
O governo brasileiro reconhece que, atualmente, o crime organizado e a corrupção
causam sérios problemas sociais e econômicos no país, sendo que o crime e a violência são
as maiores preocupações dos brasileiros. A Secretaria Nacional Anti-drogas (SENAD) e o
Ministério da Justiça estão pondo em prática uma aproximação com o UNODC para reduzir a
lavagem de dinheiro, o tráfico de drogas e armas no Brasil. O principal objetivo desse
programa é combater o crime organizado melhorando a capacidade de investigação, análise
de situação, treinamento policial e cooperação internacional. O governo brasileiro tem
cooperado com outros países em ações conjuntas de combate ao tráfico internacional de
drogas e armas e ao combate a lavagem de dinheiro. O Brasil também participa das
Comissões da UNDOC e da Organização dos Estados Americanos/Comissão Interamericana
para Controle do Abuso de Drogas (OEA/CICAD).
A ação da Polícia Federal com outros países foi intensificada no âmbito CICAD e
MERCOSUL. Hoje, a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, desempenha o
papel primordial na luta contra o crime organizado, a lavagem de dinheiro e a corrupção no
setor público. Em 2004, foi criado o Departamento de Controle ao Crime Organizado (DCOR)
para aumentar a capacidade da PF no combate ao crime organizado no Brasil.
De acordo com o governo norte americano, na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e
Argentina, onde está a segunda maior comunidade árabe do país, existe uma possível ligação
com grupos terroristas internacionais. Em julho de 2005, a Polícia Federal deteve o Sr Saiel
Bashar Altary, presidente da Associação Palestina de Foz de Iguaçu, acusado de ser um
colaborador financeiro do Hamas. Nessa operação, foram detidas também outras 21 pessoas.
A PF investiga possíveis remessas de dinheiro para grupos terroristas no Oriente Médio.

www.editoraferreira.com.br 2 Prof. Márcio Vasconcelos

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