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Leite
Peter J. Hansen
Departamento de Ciências Animais
Universidade da Flórida, Gainesville Flórida 32611-0910
Fone: 352-392-5590 Fax: 352-392-5595
A vaca de alta produção passa a apresentar aumento de temperatura corporal em temperatura ambiente
de apenas 80���
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F (26,6°C).
���������� Como
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resultado, o stress calórico causa problemas em ���������������
quase todos os ��������
Estados
Unidos, até mesmo em locais no extremo norte como Wisconsin. As vacas expostas ao stress calórico
apresentam queda no consumo de ração, redução na produção de leite, baixo nível de expressão dos sinais
de estro e infertilidade.
Vacas apresentam elevação de temperatura corporal durante o calor, pois não são capazes de eliminar
de forma eficiente o calor produzido em seu organismo para o ambiente. Como as vacas de alta produção
de leite geram mais calor que as de baixa produção, os efeitos do stress calórico são mais intensos à medida
que aumenta o rendimento leiteiro. Este conceito está demonstrado na Figura 1, que apresenta a variação
sazonal da taxa de não retorno aos 90 dias (uma estimativa da taxa de concepção) de vacas na Flórida e no
Sul da Geórgia. Observe que a depressão de fertilidade é mais intensa e mais prolongada durante o verão
em vacas que produzem >20.000 libras (9.072 kg) de leite por lactação que em vacas que produzem entre
10.000 (4.536 kg) e 20.000 libras (9.072 kg) de leite. As vacas que produzem menos de 4.500 kg de leite
apresentam redução menos expressiva da fertilidade.
Figura 1. �������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Efeito do rendimento leiteiro sobre a variação sazonal na taxa de não retorno aos 90 dias em vacas leiteiras
na Flórida e sul da Geórgia. O termo taxa de não retorno aos 90 dias se refere à porcentagem de vacas que não foi
detectada em estro até 90 dias depois da inseminação. As linhas representam dados de vacas produzindo menos de
10.000 libras de leite por lactação (círculos fechados), 10.000-20.000 libras (círculos abertos) e mais de 20.000 libras
(triângulos). Dados de Al-Katanani et al., J. Dairy Sci. 82, 2611-2615 (1999).
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Isto significa que à medida que continuarmos a aumentar a produção de leite (através de seleção genética,
melhores práticas nutricionais, etc.), as vacas ficarão mais suscetíveis ao stress calórico. Muito se discute
quanto à menor fertilidade atual da vaca leiteira se comparada a níveis de 20 ou 30 anos atrás. Parte deste
declínio se deve à maior suscetibilidade do gado de leite ao stress calórico. A redução do impacto do stress
calórico sobre a reprodução é uma das maneiras de reverter parcialmente esta redução histórica da fertilidade
de vacas leiteiras.
Figura 2. Variação sazonal na taxa de prenhez (número de prenhes/número de inseminadas) em uma granja leiteira
comercial na Flórida na qual as vacas foram alojadas em freestalls equipados com ventiladores e aspersores. Dados
de Hansen e Aréchiga, J. Anim. Sci. 77 (Suppl 2): 36-50 (1999).
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Tabela 1. ��������������������������������������������������������������������������������
Efeito da intensidade do estro sobre as taxas de concepção em vacas em lactação.1
Considerando o comportamento das vacas, não causa surpresa de que tantos estros não sejam detectados.
Em um estudo na Flórida, por exemplo, mais de 40% dos períodos de estro não foram detectados nos melhores
meses (Figura 3). Nos meses piores, associados ao stress calórico, o índice de falha de detecção de estro
chegou a 75-80%. A dificuldade de detecção de estro durante o verão acontece pois o calor reduz tanto a
duração do estro quanto o número de montas.
Outro importante efeito do stress calórico sobre a reprodução é a redução da proporção de vacas que
emprenham depois da inseminação. Este
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efeito já foi demonstrado nas Figuras 1 e 2.
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magnitude da depressão
da fertilidade durante o verão pode ser bastante significativa – taxas de concepção de 10% ou menos são
comumente observadas na Flórida nos meses de verão.
Existem várias causas para a baixa fertilidade durante o stress calórico. Uma ação do stress calórico ocorre
sobre o folículo - a estrutura em que ocorre o desenvolvimento do ovo (ou oócito). As vacas submetidas a
stress calórico tendem a produzir oócitos de menor capacidade de fertilização e, caso ocorra a fertilização,
os embriões passam a ter desenvolvimento anormal. Vacas expostas a stress calórico tipicamente apresentam
elevação da temperatura corporal, que passa a ser alta o bastante para danificar diretamente o oócito ou de
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matar o embrião. Além disso, os níveis séricos de progesterona, hormônio responsável pela manutenção da
prenhez, podem estar reduzidos em vacas submetidas a stress calórico.
Figura 3. Variação sazonal na proporção estimada de estros não detectados em um rebanho de vacas Jersey no norte
da Flórida. Dados
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de Thatcher e Collier
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D.A. Morrow,
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ed., Current
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Therapy in Theriogenology 2,�����������������
Philadelphia,
WB Saunders, 1986).
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receptoras submetidas a stress calórico resulta em aumento da taxa de prenhez de 13,5% com inseminação
artificial para 29,2% com a transferência de embriões. Mesmo quando embriões superovulados são transferidos
após congelamento, a taxa de prenhez também sofre aumento. Na verdade, a taxa de prenhez observada após
inseminação artificial foi de 24,1%, contra 35,4% para vacas que receberam embrião congelado/descongelado
obtido após superovulação.
Figura 4. Diagrama do mecanismo através do qual a transferência de embriões pode ser usada para aumentar a
fertilidade em vacas submetidas a stress calórico. Antes do estro, o ovócito que se desenvolve no folículo é muito
sensível a danos pela exposição da vaca a stress calórico. Depois do estro e da ovulação, o ovócito e o embrião
recém-fertilizado também são muito sensíveis à elevação de temperatura. À medida que o embrião se desenvolve,
torna-se mais resistente ao stress. A transferência do embrião para o útero no dia 7 depois do estro permitiria evitar
os efeitos do stress calórico sobre o ovócito e sobre o embrião em fase inicial de desenvolvimento.
Figura 5. �������������������������������������������������������������������������������������������������������
Eficácia da transferência de embriões para aumentar as taxas de prenhez em vacas leiteiras em lactação
durante épocas de stress calórico. Os experimentos foram conduzidos na Flórida, durante os meses de verão.
Os embriões foram transferidos depois da coleta (frescos) ou depois de criopreservação (congelados). A taxa de
prenhez foi determinada por palpação retal aos 40-60 dias de gestação. Abreviaturas são AI=artificial insemination/
inseminação artificial, SO=superovulação e IVF=embryo produced by in vitro fertilization/embrião produzido
por FIV = fertilização in vitro. Os números acima de cada barra representam a porcentagem de vacas prenhes e os
números em parênteses representam o número de receptoras. Dados de Putney et al. [Theriogenology
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31, 765-778
(1989)] e Drost et al. [Theriogenology 52,1161-1167 (1999)].
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Em muitos sistema de cultura usados para produzir embriões, ocorre maior proporção de machos entre
os embriões transferíveis. Em nosso estudo mais recente [Block et al., J. Anim. Sci. 81, 1590-1603 (2002)],
64% dos bezerros nascidos a partir de transferência de embriões produzidos in vitro eram machos. No futuro,
mudanças nas condições de cultura devem eliminar este problema. Na verdade, quando o sêmen sexado
estiver comercialmente disponível, está será a situação ideal para FIV, uma vez que uma palheta de sêmen
poderá ser usada para produzir vários embriões do mesmo sexo.
Figura 6. �������������������������������������������������������������������������������������������������������
Eficácia da transferência de embriões em tempo fixo usando embriões produzidos in vitro em aumentar as
taxa de prenhez de vacas leiteiras em lactação durante épocas de stress calórico. Os experimentos foram conduzidos
na Flórida durante o verão. A ovulação foi sincronizada usando o protocolo OvSynch e as vacas foram inseminadas
em tempo fixo (timed AI; TAI) ou receberam um embrião em tempo fixo (timed embryo transfer; TET). Os embriões
foram transferidos não congelados (frescos) ou congelados por procedimento convencional ou por vitrificação
(vitrified). A prenhez foi determinada por palpação retal aos 40-60 dias de gestação. Os números acima de cada barra
representam o número de vacas prenhes e os números em parênteses representam o número de receptoras. Dados���������
de
Ambrose et al. [J. Dairy Sci. 82, 2369-2376 (1999)] e Al-Katanani et al. [Theriogenology
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58, 171-182 (2002)].
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• Mantenha as vacas em ambiente o mais fresco possível, garantindo acesso a sombra, ventilação forçada
e a algum tipo de resfriamento evaporativo, como sprinklers ou nebulizadores.
• Meça a temperatura corporal das vacas à tarde para determinar se as medidas tomadas estão sendo realmente
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eficazes para manter as vacas confortáveis e para tomar medidas necessárias caso a temperatura esteja
acima de 102,2���
°��
F (39°C).
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• Use marcas de giz na base da causa, KaMars ou outros dispositivos para facilitar a detecção do estro
durante o verão.
• Considere o uso de OvSynch durante o verão para aumentar o número de vacas submetidas a inseminação.
OvSynch é economicamente viável exatamente em épocas em que a taxa de detecção de estro é muito
baixa.
• Caso esteja considerando usar touros para monta natural durante o verão, assegure-se de que eles não
estão sendo prejudicados pelo stress calórico.
• Considere o uso de transferência de embriões como ferramenta de manejo reprodutivo para aumentar o
número de vacas prenhes em épocas de stress calórico.
Agradecimentos
Algumas das pesquisas no campo de transferência de embriões tiveram suporte de recursos fornecidos
pelo Florida Dairy Check-Off Program e Financiamento No. 2001-52101-11318 concedido pelo USDA
Initiative for Future Agricultural and Food Systems.
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