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| Racer 380 Lela nesta edigo Editorial, ‘Tema de capa esate ora Fa CGrastopher Bunn La Tast Caras Sandront is Basten Tes Sant Canbrais Nove Woaltr Garcia lo Cera Vlado Dit Destaques da Semana aceine Dt Fotce ‘redo Gleton Aioida oe (Coins do POS Catto Sartolome Rute Destagues On-Line IHU em Revista HY On-Line Latouche no Bast José fst ini Aes ents Mota Percirn Guihorme Lue Roshe Vaccaro) Expediente Conhesa a eauine do HU ~Comente Ende aum amigo imprint = Compatthar oho da lara: At Deus: uma invengao? Publicamos a seguir 0 comentirio de Rodrigo Coppe Caldera, doutor em Ciéncia da Religibo ¢ professor da PUC Minas, sabre olivro Deus: uma invencic?, de René Girard, andr Gournelle © Alain Houriatx. Para Coppe Caldeira, a obra é “uma dtima aproximacio da teoria de René Girard, fornecendo o: elementos principal para a compreensio de reflexion Seminal para o mamento em que vivemes, mareado por inimeras questdes no que dz rexpeito, especialmente, & crise de meméria e aos debates em torno do multicuturaltsma” Confira o artigo. or anos cope GIRARD, R.; GOUNELLE, Ac; HOUZIAUX, A. Deus: uma lnvengS2. S30 Paulo: E Reallzages, 2011, Calu.me as mos um lio que taz uma interessante colecdo de ts ensalas: do pensador cation René Girard, do {ediogo protestante André Gournella @ do pastor Alain Houzlaux, assim como um debate entre oes, que fol realizado ‘num tampa da Elise Réforme de WEtoll Ge Paris. Os tes buscaram, em suas respects falas, responder a uma ‘ntrfeada pergunta floséfica: "Deus: uma invencio?”. Hous primelros contatas com o pensamento de Rend Girard se dou faz uns Us anos, De fato, eonfesso que de S para cd ndo pude me dediear da manelra que gostarla, nessa, que ‘para mim, @ uma das reflextes mais profundas -e de tal mado intolecualmente exigent -o originals do pensamento ‘do século 9. Lore trar consaqutnclaspratieas da leltura da obca glrardlana demanda um longo camino. Deparar-se ‘primeira vez, or exempla, com Calsas ocultas desde a fundagio do mundo ¢ €u via Satandscair do céu como um Talo @ ndo flr, de czrta forma, perdoe-me a expressio, embasbacado com a comploxidade e eloquéncla da progesta Girard ndo compreender o minimo das possvels consequénclas que podom advir da sua letura. 0 que ‘brogonho neste brave texto ¢ apenas a apresentacio deste livre, fecando, am especal, na resposta de Girard para 2 ‘questo proposta om sou tit, que se cncenta, espacalmente, em apresentar as bases de sua torla. {As primelras,e peremptirias, palavas de Girard s30: Deus & uma invengio?', els uma pergunta a qual respond Sem hesitar: N80". & fim de qualifcar sua resposta, 0 pensador francés traz em sua fala os véros elementos que ‘campsiem sua teariasabce a fundagao das sociedaces e das cWiltzaoes. iniialmente, apresenta a pedra fundamental = sua construco tedrca: 0 mimetismo. Tal capacidade de imitar, especiimente 2 imitacio do desejo alheio ¢ 0 {que leva, para Girard, 3 rivalidade mimétca, pots, diz, “quanto mals desejo esse beta que voc8 deseja, mats ele the parecera desejavel, © mais, por sua ver, ele se mostara desejavel aos meus olhos”(p. 67). Esta rivalidade pode tender 20 infinite, levando a experiécia da vinganca, a primeira invencio humana de acnréo com o intelectual. Levada 20 extremo, vanscendendo tempo e esp.aco, recaindo em parentes familias, a vinganca tem algo de religiso. Sendo tolerada, a espécle humana se destria. Para Gara, vives atuaimente numa sitagio apacaliptica, sno sentido ce revelacao drstica da violencia humana” (p. 68). Se podemos abservar a perpenuacio da hhumantdade ¢ porque em aigum moments algo interrompev a pracess, impedindo que os homens matassem-se uns 308 autos. Girard nos diz que quando 25 sociedades estan em crise, quando Scus paticiantes desejam a mesma ‘coisa e buscam abte-La forgasamente, acore o que chama de crise mimética, marcada por violencia extrema. Em Sua andlise das navrativas mitoligieas, Girard cond que a matoria cameca por uma ese deste tip, como por exer a peste do mito edipian. Para nao desaparecerem totalmente devi &instalacto da crise mimética, Girard acresita {que uma solueao foi elaborada. 0 objeto pelo qual alta se instala devi ao desejo compartihado, desaparece num ‘estilo da cree, © 0 antagonism toma: se puro entre os cantentadores. assim afima: “uma reconciacao paradoxal torna-se possivet: se todos os homens que desejam a mesma coisa nunca se entendem, porém, aquees que odeiam jiutos o mesmo adversario se enterem com muta faciidade. De oerta forma, essa harmonia& 0 que chamamos de politcal Também é o que chamo de mecantsma da vitima Unica, o mecanismo do bode expiatério”(p. 69). Eis um dos pontos centrals da tearlagiarciana. O heréi mitico toma-se a vitima unanime e seré morto por todas Aaqueles que, 30 esquecerem o Seu propria adversari, adotam 0 adversario do vizio, levando assim toda a “cemunicade 2 se posicionar de um mesma lado canta um Unico indlvicun. Gara dé um nome a est fendmeno: “tinchamento undhime”. © papel extaordinario de tal fendmeno pode ser Udo nos grandes texts sagradas, também nos text biblicns, nos mits e nos prépris Evangelos, de forma mals ateuada. Ta tichamento reconctia 3 ‘comunicade pelo seu aspecto unanime, Ja que a vitima é vista como mau, pois aque que causou a violéncs. Por ‘Po lad, torna-se um deus, 20 mesmo ternpo mau © bom, j8 que seu sacrificiogera a paz ereconciia a ‘comunicade. Por rs deste deus existe um mecanismo, que chama de bode expiatoro. Ter um bode expiatrio “é ina saber que se tem um, é ver essa vitima como a verdadeiraculpado” (9. 71). assim, para Girard 0 sacrifice € 3 eimeirainsttucao humana © a repetican do mecanisma se d8 pela procua da comunidace de experimentar novamente a reconeiae30inicialtazida por ee ‘Tal inarvica ¢observada também no crstanism, Tendo no centra de sus narativa o desejo d= uma comunidad pala morte de sua vitima, os Evangelos rafermulam a ciclo que leva a0 elichamento unanime”. Boris, muitos Sntopslagos assumiram 2 iia de que 9 cietianisma @ os mitoseram muito paracdos "= que o erro dos cristae fo ‘buscar um mito a mais para ter a verdade” (p. 72) Para Girard, estes antropologos nao compreenderam 25 diferencas entre os mos, a Sila #0 erstianicma. Estes doi ltimas "tem uma dimensso da verdade que nenhuma futraceligtn pode ter, ps rtomam o mesmo fendmeno, ees verde ir ate 9 fim sa mantis, elas 2 contracizem & fs raslidace revalam 2 mentra fal como ala 2” (p. 72). (intelectual frances exlica que pala Pascan de Cristo Feconheceu-se que os hamens desempentam papel de criadaces de vitimas © perseguidores. assim, “@ por proclamar 135 regras co Retna e renunciar totalmente # vinlancia sacrificial, que o proprio Crista sacrficda” (p. 72). Para Girare, © possivel apantarsnumercstrachos evangelicos a fim de sistentar sus tose, como "A pecrs desprezada palos construtares tornl-s2 a pecs angular”, #€ melhor que um = hamem mora ® que 9 pove seja salvo". E> fxperiencia da Pabvan pels qual Cristo mostra © que todos nos fazemos. Por outa la, Cirars diz que os dures Sresico, "mesmo nao senda ree, na san de forma algums inventadas" (p. 74), ae sao a8 interpretacdes equivocadas de nossa propria violencia. O cristianismo e a antigo Testamento podem ser muito parecides com as harrativas mitiess, poram, saa tambam muito diferentes, pois, no casa dos Evangeinos, em ver d= deixarem fenganar por essa ments, com fazer os mitas as elgiiesatesics, denunciam na crciicacso 0 que ein # d= ‘ato: ums injustice detestavel que os homens devem agora evitar, pois el nunca sera compensdora”(p. 74). Coma um primera laura, sete terto aitado pela Kealzacdes, cue tomcu dacidisaments a frente desta ‘importantes publicacées de pensarnentogirardiano no Bras, carsidere camo uma étima aproximaczo da teoria de [Rene Girard, famacenco os elementos principals para 2 conypreensaa de rfiex#0, para mim, seminal pare 0 momenta erm que vivemoe, marcad par numerse questees no que dis respeits, especialmente, crise da memétia © So debates em tora do multicultraism Lia mats 2» Radirigo Coppe Caldeira ja concede entrevistas para = IMU On-Line: + Traticionatsmo © conseroadoriema catoicos: as ideologias em jogo. Entrevista publicada em 30-07-2041; 1 “ullgreja Catala encontrau 0 seu popel no seeulo XX”. 4 atualisode do Vaticano i. Entrevista publica erm 26-03-2011

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