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36 (CRISTINA CARNEIRO RODRIGUE nio de linguagem. Talvez seja essa a razio de os trabalhos em lin- giiistica contrastiva evitarem abordar relagées textuais efetiva- mente realizadas, atendo-se quase exclusivamente a quest6es ora- cionais, com algumas referéncias a contextos de uso. A atividade tradutdria € idealizada, quando nfo excluida da teoria, € 0s produ- tos dessa atividade acabam por se considerarem desviantes no in- terior do campo de estudo (Krzeszowski, 1981), justamente por ‘do exibirem as relagdes postuladas pelos tedricos. Apesar disso, alguns contrastivistas consideram a traducio ‘uma parte da lingitistica contrastiva. Nesse sentido, a seguinte afir- magio de Halliday ct al. € exemplar: “as teorias e os métodos para a comparacio das linguas, inclusive a teoria da tradugéo, perten- cem a0 ramo do assunto chamado ‘Lingtifstica Comparada’” {p.137). Vista por esse prisma, a tradugio seria um caso especial de comparagii, seu estudo corresponderia a uma érea de um dos domi nios da lingiiistica e seu objeto de andlise scria o material que exibisse 0 tipo de telagio idealizada previamente determinado pela teoria, Entretanto, mesmo essa relagao a priori ¢ idealizada nao é simples, Cada autor supostamente define de modo objetivo a equi- valéncia, mas acaba por ter de fragmentar o conceito em uma série de categorias, desde “congruéncia” até “equivaléncia de tradu- 40”, pasando por “correspondéncia formal”, “equivaléncia se- mantica”, “equivaléncia pragmatica” etc. Além disso, 0 proprio Krzeszowski nota que nem internamente a um tipo de andlise con- trastiva as relagSes podem permanecer as mesmas: 1 nogio de equivaléncia no é a mesma para cada um dos tipos de comparagio. A equivaléneia de sistemas expressa uma relagio dife- rente da equivaléncia de construgées e de oragées ¢ diferente da equivalencia de cegras. Em uma anslise contrastiva organizada hori- Zontalmente, cada tipo de equivaléncia exige sua propria explicagio ¢ motivagio independentes. (1976, p.73)° 13 Kraesnowski (1976) diferencia a anlisecontrastiva horizontal da vertical. A pri- rmeiea consstra no isolamento de wa sistema ou constragdo ou fegra em uma lingua ea busca em outralingu, de um sistema, consteugbo ou regra correspon- dente dquele da primeita lingua, Aandlse vertical partra do pressuposto de que Ins construgbes equivalents entre lnguas, que passam por tansformagbes su cessvas até chegar&s estrutras supericiais. TRADUGAO E DIFERENCA 37 Mesmo idealizada, mesmo tendo passado por um processo de total assepsia, mesmo em um tinico modelo de referéncia, a “equi valencia de traducdo”, ou a “equivaléncia”, nao se refere aum tini co tipo de relagio na sea de lingiistica contrastiva, Se isso ja é problemético em um campo de pesquisa que lida com o sistema lingitstico e busca abstrair do conceito todas as referncias a situa-

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