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Registos e Notariado Aulas Tebricas, 2012/2013 Registos e notariado Aulas Teédrico-Préticas > Notariado Direito notarial, sistemas de notariado. figura do notério, referéncia histérica, estatuto notarial portugués, 9 que aconteceu com os notdrios desde 2004? (Foi privatizado, e dividiram os competéncias dos notdrios para outras entidades, a partir de 2008 a generalidade dos actos também passaram a ser feitos pela conservatéria que agora néo sé regista mas também titula, com a agravante que na conservatéria a titulagio é mais barata.) A par da Escritura publica - acto nobre dos notérios ~ os termos de autenticactio (ver como ser faz 0 documento particular autenticado) e de reconhecimento. Invalidades - 0 advogado ou solicitador, na veste de notdrio, esté sujeito ao mesmo impedimento que tiver um notério. Actos notariais sujeitos a registo, 2 Temas que sertio dados néio tém sido dados e um que néo se dava bem 1 Hipoteca - acto notarial muito importante, praticado com grande frequéncia. 2 - Testamentos - é um dos poucos actos que permanece na competéncia exclusiva dos notérios. 3 - Justificagées de direitos - usucapitio tem de ser invocada, mas como? Quando é feita no notdrio ou na conservatéria, As justificagées so quase todas para invocar a usucapidio. Cl Registo: Publicidade, remas registais, sistema portugués Factos sujeitos a registo; actos, principios, efeitos (art.° 5° vs art.° 91°), art.° 17° eédigo do registo predial e art.° 122°, Vicios de registo. Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013 Registo provisério de aquisicée VS contrato-promessa dotado de eficécia real Vs registo de accdo de execuciio especifica. Na prética acontece com 0 registo provisério de aquisicdo, no caso de se pedir um valor no banco. No registo, embora provisoriamente, passa logo a contar como dono provisoriamente, aquele que hd-de vir a adquirir. Quando efectivamente adquirir, 0 registo considera-se definitivo. Que efeitos tem este registo? E se antes da venda ¢ ainda dono transmitir ou hipotecar a outrem? Os bancos exigem isto Porque, além do registo provisério de,aquisicdo, faz logo 0 registo provisério de hipoteca, beneficiando dos efeitos do fegisto e beneficiando retroactivamente. O registo provisério de aquisigto vale tanto’ como o contrato promessa dotado de eficécia real com @ agravante de poder solicitado por quem prometer vender quer Por quem promete comprar, al como 0 contrato promessa dotado de eficdcia reat? Esta figura é, claramente, uma figura registal e anda a ser analisada numa Perspectiva de direito substantive, E preciso fazer a ponte e perceber que os efeitos nao podem ser os mesmos, tém de ser diferentes, Registo comercial (se houver tempo) - era tradicionalmente uma réplica do registo predial, Desde 2006, o nosso legislador estragou 0 nosso registo comercial das Sociedades por quotas, eliminando 0 Principio da Legalidade e 0 trato sucessivo. ‘Agora, nas sociedades por quotas néo hd registo mas sim um depésito * Direito notarial Nota: a actividade notarial e registal sdo as actividades que mais previnem e evitam conflitos. Qualquer ordenamento juridico quer evitar a incerteza e inseguranca juridica e, para cumprir essa funcdo, arranja meios resolutivos ou a posteriori, ou preventivos, ou seja, a priori, Perante a incerteza e inseguranca jd jentes arranja meios para a combater, fazendo a intervir os tribunais - a posteriori. Pode também faze-lo a priori, tentando evitar que a incerteza e inseguranca surjam e fé-lo quando atribui poderes publicos aos notérios e aos conservadores, Esta actividade visa prevenir evitar incerteza, dat que essa actividade tenha como coroldirio/ consequéncia necesséria, a seguranga juridica Diana Simées e Paulo Eliseu Aulas Teéricas 2012/2013 A actividade notarial, de forma pouco precisa, pode dizer-se que surgiu ao mesmo tempo que a escrita, Os homens sempre sentiram necessidade de fazer gravar para o futuro os eventos, de vérios modos para pré-constituin prova. Quando néo existia escrita, os negécios eram celebrados perante testemunhas. Com o surgimento da escrita 0 que se pretendeu foi fazer prova escrita para pré- constituir prova do negécio celebrado. Nesta perspectiva, podemos dizer que temos notdrios/redactores, que se limitavam a reproduzir 0 que as partes , desde que hd escrita, ou seja, desde esse momento passou a haver a reese notdrios, a No idade média, esses redactores, por forga da Escola dos Glosadores, passaram a ser considerados redactores com fé publica porque passou a entender-se que a sua fungtio era nobre, inerente até ao poder real/poder do rei. Eles eram oficiais do reino, faziam documentos piblicos ¢ dotados de fé. A coroa sempre quis chamar a si, como seus funciondrios, esses redactores ou escribas pois sempre entendeu 0 seu valor ¢ 0 seu poder e queria retirar esse poder aos nobres e ao clero e, para tal, atribufa esse poder aos redactores com fé piblica. Entretanto, na terceira fase em que surge verdadeiramente o notdrio, este é um redactor dotado de fé ptiblica qualificade, Nesta altura, 0 notdrio passou a ser alguém com conhecimento juridico, onde ndo basta redigir o que as partes pretendem mas colocar ai a vontade das partes perante a lei, havendo controlo da legalidade. © notério tem Fé publica qualificada porque ouve as partes, interpreta, tenta aperceber-se do que elas realmente querem, fox 0 enquadramento legal, explica as partes qual é esse enquadramento e, quando esté ciente do que querem as partes entéo reduz a escrito e 0 negécio, dentro da medida em que o notério possa controlar, é vélido, isto é, é conforme & lei, Estas stio as tr€s fases do notariado, embora verdadeiros notérios sejam sé estes Ultimos, os redactores dotados de fé publica qualificada. Contudo. Estes sto os notdrios latinos ou romano germénicos, os verdadeiros notdrios me bom rigor Hé um notariado anglo-saxénico, um notariado administrative e um notariado latino, Quanto co notariado anglo-saxénico, antes de vermos isso, teremos de procurar perceber o sistema juridico dos paises da common law: o que domina é 0 costume a jurisprudéncia e aplicam o direito consuetudindrio, criando depois, precedentes e, por isso mesmo, o costume e a jurisprudéncia sdo muitissimo mais importantes que Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 @ lei escrita (que praticamente ndo existe e, se existe, néo tem grande importancia), Por outro lado, a prova oral é mais relevante do que a prova escrita, devido, ainda, & importancia do costume, Néo hd distingdo entre direito publico e do privado nem entre documento ptiblico e privado, Neste quadro, surge o tal notério_anglo-saxtio e este é alguém que é um profissional liberal, no tem autoridade publica (néo & mandatado pelo estado ou pela monarquia), ndo tem de ser jurista e a sua funcdo é exterior, sobreposta ou Posterior & existéncia ao documentowpdblico (ele actua quando jd existe documento), O que faz o notério anglo-saxdio na prética? As partes apresentam-se perante ele com o negécio e ele limita-se a identificar as partes, reconhece as assinaturas, assina 0 documento e coloca o seu selo, No maximo, pode fazer constar no documento que o mesmo € conforme a vontade das partes. Ele néo interpreta a vontade das partes, n&éo se preocupa se o negécio 6 ou nao valido e ndéo tem qualquer responsabilidade perante o documento, Este sistema de notariado anglo-soxénico acaba por ser razodvel em paises de common law, onde néo existe distingtio entre direito piblico e privado e em que a Prova eserita ndo tem tanto valor como a prova oral, Nestes paises, a preocupacéio a seguranca econémica e ndo a juridica, pelo que, ndo admira que o notério tenha estas caracteristicas No notariado administrative: este existiu e existe em paises comunistas ou denominados socialistas mas que vigorava a légica comunista. Af, 0 notério era claramente um oficial/funciondrio piblico que estava ao servigo do Estado e da economia, Ere-lhe absolutamente irrelevante os interesses dos particulares, pois ele servia os interesses do Estado e da economia vigente e estava, portanto, muito longe do notério redactor dotade de fé publica qualificada, Este notério administrative era absolutamente natural em paises comunistas, fazendo todo o sentido uma vez que eram paises onde ndo se admitia a apropriagdo privada dos bens de producdo e a liberdade contratual entre as partes era limitada, No caso do notariado latino, (que é 0 nosso), é 0 tipico de economia de mercado, de um sistema de civil law, ou seja, assente sobretudo na lei escrita, que os tribunais interpretam e aplicam. O notério latino € um profissional liberal (jurfdico) e em simulténeo é um oficial piblico. Este esté encarregue de receber a vontade das partes, interpreté-la, enquadrar legalmente e de redigir os documentos. A Seguranca proporcionada por este, num primeiro momento, parece ser a seguranca Diana Simdes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Te6ricas 2012/2033 documental pois o notério vai ouvir a vontade das partes interpretd-la e reduzi-la num documento dotado de especial forca probatéria art.° 371° ¢ art.° 372° CPC ¢ especial forca executiva, ou seja, serve de titulo para a execugiio, Contudo, em bom rigor, quando as partes véo ao notdrio no vdo $6 & procura de um documento que servird de titulo executivo, que possam usar num future conflito pois, se as partes estivessem a espera desse futuro conflito, entéo, néo celebrariam 0 negécio. As partes, quando vido ao notério, querem celebrar um negécio vdlido, querem a assessoria e,querem ser informadas do enquadramento juridico. Neste sentido, 0 notdrio vai eine assessoria ds partes ¢ dizer, em concreto, fazer o enquadramento juridico e alertar para as consequéncias Juridicas, econémicas e familiares, Exemplo: quando um pai faz uma doacdo a um filho, esta pode ser feita por conta da quota disponivel (dentro do patriménio de uma pessoa hd um conjunto de bens que vai necessariamente para os seus herdeiros - quoto-indisponivel) e € uma doagio dispensada de colacdo porque pode ser uma doacdo sujeita & colacdo ¢ af no quer que ele fique avantajado pois quer que os filhos recebam 0 mesmo valor; ‘ou pode néo dizer nada e, quando tal acontece, regra geral, ndo o faz porque acha haverd igualagdo « final, ou seja, julga que o regime da lei é 0 de colacdo absoluta Contudo, o regime portugués é de colagdio mas $6 se igualam os filhos, na medida do possivel. E suposto 0 notdrio tentar averiguar qual a vontade do doador, esclarece- lo € informa-lo das consequéncias. Tmagine-se que 0 senhor dizia que néo queria avantajar aquele filho ¢ assim queria colacdo absoluta. Se for um terreno para construcdo, haverd 0 énus da colagdo e, nesse sentido, o banco niio fard o empréstimo, Além disso, a lei muda constantemente pelo que € preciso essa informacdo por parte do notério. A intervenctio do notdrio evita ainda desniveis de informacio, quando tal exista, para colocar as partes no mesmo nivel e sé depois disso, reduzir 0 documento a escrito. A actuagde do notdrio € sempre uma actuagtio plena, assessora, muito mais profunda do que se podia imaginar. Acresce que, para além de haver esta seguranca documental e assessora das partes, hé mais uma vantagem da sua intervengio que é a garantia da validade substancial. O notdrio sé reduz a escrito 0 que estiver em conformidade com a lei @ no tudo o que as partes the dizem. O notdrio deve cumprir a lei e néo deve incluir cléusulas que sejam contra a lei, por exemplo, actuagéo violando 0 principio da taxatividade. Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Exemplo: E muito vulgar que nao exista posse hd mais de 18 ou 20 anos que Permita a invocacd da usucapitio. Nao obstante, muitas vezes, a usucapido é invocada e 0 vendedor serve de testemunha, pois néo pode vender “legalmente”. Outras vezes ocorrem simulagdes. Pelo que o notério procura fraudes e simulagées, dai que garanta seguranca substancial. Contudo, no significa que a garantia seja total, havendo sempre @ possibilidade de o negécio ser nulo ou cnuldvel e, se em causa estiver um vicio que gere anulabilidade, 0 notério néo se pode recusar-se a reduzir 0 acordo das partes a escritura publica, apenas e sé tem de advertir as Partes de que o negécio é anuldvel, @Ue:pode vir a ser anulado e declarar no documento que fez a adverténcia, ‘assim devide ao regime juridico da anulabilidade. Por ultimo, para além de toda esta importancia, tem a mais-valia de ser um terceire imparcial, dai se dizer que para 0 notdrio nda hé clientes mas sim outorgantes e este busca a vontade comum e reduz a escrito a vontade comum. Por isso mesmo, existem duas frases de hé longos anos que revelam a importéncia da functo: “Cartério ou Notério fechado, porta do tribunal aberta” ou “Um negécio perfeitamente documentado é um pleito evitado", Como se falou jé, grade parte des actos antes eram praticados (apenas e s6) pelos notdrios e esto actualmente a ser praticados por advogados, solicitadores ou cémaras de comércio de inddstria e, além disso, nos baledes dos servigos registais. Antigamente, dizia-se que se se queria celebrar um negécio famos ao notdrio e para registar ia-se ao conservador. Neste momento, pode ser no notério, no solicitador, em advogado ou em balcées préprios na conservatéria, A Escritura pilblica sé é Feita pelo notdrio mas o documento particular autenticado pode ser feito por outra entidade € a lei em geral refere “escritura publica ou documento particular autenticado", Assim sendo, é bom que todas as entidades que exercam actividade notarial, a exergam nestes modos, ou seja, exergam concedendo seguranca, fazendo 0 controlo da legalidade, mas também prestando assessoria, garantindo seguranca substantiva e imparcialidade. Porém, este ultimo factor nto é fécil de atingir, pois € dificil um advogado ou solicitador, deixar de actuar como tal e agir como um terceiro imparci Sempre que alguém desenvolva a actividade deve desemprenhar a fungdo nos termes descritos e, por outro lado, esté exactamente sujeito aos mesmos impedimentos do notério, Aspecto ambivalente da funcio do Notério: oficial piblico e jurista ao servigo das partes Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Um notério é oficial publico porque é 0 autor de documentos com especial forga probatéria e executiva e fala-se de notério autenticador, um notério que garante a legalidade, Nesta perspectiva, enquanto oficial publico, exerce uma fungdo do Estado, do Ministério da Justica e exerce essa funcdio por delegactio, daf que antes de inician as suas fungdes, ele é investido pelo Ministro da Justica (ou seu representante) e, por isso mesmo, ele tem um selo branco, um cunho préprio exclusivo, pelo que também ¢ alvo de controlo por parte do Ministério da Justica. (nas questées deontolégicas, esto sob controlo da ordem dos notérios mas, em questées disciplinais, estdo subordi eC Ministro da Justiga através do Conselho do Notariado) ed Enquanto jurista ao servico das partes, o notério é um profissional desfuncionarizado embora com a limitacdo de ser, em simultaneo, oficial piblico, Quando se fala em alguém que desenvolve actividade juridica, estamos @ pensar num notdrio intérprete, que enquadra a vontade das partes, as disposi¢ées legais e conforma essa vontade. com a lei Esta ambivaléncia € tipica do notério latino, Este tem sempre esta especificidade de, por um lado, ser um funciondrio piblico mas também se um jurista e, nessa medida, € um profissional desfuncionarizado (ou privatizado) mas néo como um advogado ou solicitador porque tem de conjugar com o facto de ser ente publico. Uma coisa é a fungiio de titulacdo e outra diferente é a funcdo do registo, Como se chegou aqui? O notariado ou aetividade notarial é uma das instituicBes mais antigas de Portugal. Hé documentos histéricos que revelam a actividade notarial desde antes da nacionalidade - 1143 (esses documentos foram encontrados em Coimbra, no mosteiro de Santa Cruz e no Lorvéo). Uma escritura publica foi encontrada hd muito pouco tempo e tem 800 anos. Nos primeiros tempos da nacionalidade chamava-se ao notério 0 tabelido e a actividade 0 tableonado. A actividade, nessa altura existia, mas os reis andavam mais preocupados em combater os Mouros do que regular a actividade em si. Sé ‘com Afonso III é que aparecem regras disciplinadoras da actividade notarial, mas Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013 que sdo regras que néo foram feitas apenas para a actividade notarial, mas aplicavam-se também a esta, Com D Dinis, surgiram as primeiras normas especificamente dirigidas aos tabelides, nomeadamente, uma tabela de monumentos e um regulamento disciplinar (sentido de como devia funcionar cartério). Com D. Afonso IV hd dois pontos importantes, um deles foi que D. Afonso IV proibiu 0 exercicio da actividade aos clérigos e é importante porque o rei chamava a si, com exclusividade, a funcdo Outra novidade com este rei foi o ‘aparecimento de regras a regulamel instalegSes do notério, ou seja, a actividade tinha importéncia que justificasse a existéncia de instalagdes préprias e com determina das caracteristicas. A partir daf, a actividade passou a ser regulada pelas ordenacdes. E historicamente incontestével que os nossos reis sempre tiveram por orientagdo fazer do notério seu funcionério e colocd-lo na sua dependéncia. No fundo, pretendiam que aquele oficio fosse visto como exclusivamente piiblico, como uma fungdo que pertencia ao reino e que era exercido, na prética, por delegactio do rei, © notério servia o interesse do reino e era um oficial piblico que estava na dependéncia do rei, agia em nome deste e sob a sua autoridade. Consta-se que aquando da descoberta do brasil 1500, na frota de Pedro Alvares Cabral ia um notério, Pero Vaz de Caminha, e que ia na frota porque ia exercer fung&es numa colénia, na fndia e foi este quem escreveu a carta ao rei D, Manuel I, a dar conta da descoberta da nova terra, Entre os brasileiros notdrios diz-se que 0 Brasil nasceu para o mundo com uma carta do notério para o rei, esta foi a sua certiddo de nascimento, Nos finais do séc. XIX, em 1899, surgiu @ primeira lei orgénica do notariado portugués, que veio reorganizar os servicos do notariado publico e veio, exigir que sé podiam ser notdrios bacharéis em Direito ou licenciados com 0 curso ‘superior do notariado, curso que nunca chegou a existir. A actividade passou a ser controlada pelo Conselho Superior do Notariado e a sua existéncia revelou cloramente um distanciamento quer da functio administrativa quer da jurisdicional, Eles ndo eram meros funciondrios administrativos nem juizes, eram uma entidade diferente e com independéncia diferente, Este conselho representava os notdrios e podia disciplinar a actividede, Era formado pelo presidente do tribunal da Relagiio de Lisboa, por dois juizes nomeados pelo governo e por dois notdrios. Diana SimGes e Paulo Fliseu Registas e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013 ‘Ao conselho competiam as fungdes de sugerir ao governo que criasse lugares ou os reduzisse, dar a indicago da substituigéo de um notério por outro, fazer propostas legislativas sobre a actividade notarial ¢ ainda formular pareceres em matéria que Ihe fosse pedida pelo governo e tinha também poder disciplinar sobre 05 notérios, verificando os seus erros e faltas. © conselho de notariado acabou por se extinguir, em 1910, com a Republica, Depois, foi restabelecido em 1918, Nesta altura, jé 0 notariado comecava a perder peso enquanto fungao auténoma e o Conselhos4 tribunal da Relacdo de Lisboa, por uth io e por um magistrado do Ministério Pablico. A partir de 1923, surgem varias Teis que revelam essa funcionarizacdo da actividade, ou seja, notério como funcionério publico. Em 1926, 0 conselho extingue-se e os notérios ficam sob a algada do Conselho Superior Judiciério, O Conselho do Notariado apenas voltou a surgir em 2009, pelo menos com todos os membros. A portir de 23 aumentou a funcionarizago, e em 1949 os notdrios tornaram-se funcionérios piblicos, num regime de ditadura com 0 Dr. Oliveira Salazar. Na altura, 0 que aconteceu foi que, no pés segunda guerra mundial, 1949, Portugal estava na miséria, pelo que néo havia mercado e os notdrios estavam na pentiria também e, nesta altura, a funcionarizagéo da funcéo visou garantir um rendimento tinimo aos notérios e, portanto, surgiu como uma medida benéfica par estes. A verdade é que notéries pablicos, num Estado de Dineito Democrético, era algo que no cabia nos quadros dos sistemas notariais existentes, Acontece que, apesar de se terem considerades funciondrios publicos, os notérios portugueses faziam parte da Unido Internacional do Notariado Latino, desde a sua criacdo (1947) e continuaram activamente a exercer as suas fungées, como funcionérios latinos Eles exerciam as suas fungdes como notério latino, sendo funcionério piblico co servico do Estado, mas com as fungdes caracteristicas do notdrio latino, até porque era isso que a sociedade esperava do notério ¢ até o Estado. A situactio foi-se mantendo mas, a dada altura, do ponto de vista teérico, comecou ‘ser um pouco inconcebivel. O notdrio intervinha quando em cousa estavam relagdes entre particulares e os seus interesses, e néo quando estavam em causa interesses do Estado e, se assim era, ndo fazia sentido que fossem considerados funciondrios piblicos porque o Estado néo tem de tentar compatibilizar interesses dos privados. Ora, se estes stio interesses dos privados na disponibilidade das partes, o Estado sé tinha de se preocupar, mesmo do ponto de vista teérico, em assegurar que os notérios fossem competentes do ponto de vista cienti e competentes para dar cumprimento a lei e independentes. 0, moral ia-se ainda que "o Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 notério no podia ser Funcionério publico porque a funcionarizacéo dos notdrios era tipica de paises desprovidos de liberdade e nao fazia sentido, depois do 25 de Abril. Na prdtica, o que acontecia era que estes funciondrios pilblicos recebiam 0 Seu ordenado, mas o bolo grande, produzido pelos cartérios, ia para o Estado que depois devia reeplicar, pelo menos parte, nos cartérias, mas tal no ocorria, porque © dinheiro ia para o sistema prisional e para o judicial. Na década de 80 ¢ 90 a situactio agravou-se por uma razdo econémica: houve um “boom” de atribuicdo de crédito, que le crescimento do trafego imobilidrio e prdtica de muitos actos notariais rei @ escritura ptiblica, De repente, os notdrios eram poucos e estavam mal preparados para tanta actividede endo conseguiam responder, de forma célere ao servico do publice, Entretanto, foi feita, em 2004, a privatizagéo ou em bom rigor, a desfuncionarizagéio do notariado, Primeiro porque ndo era concebivel funcionérios latinos serem funciondrios Publicos e depois porque os poucos notérios ndo estavam a conseguir dar uma boa resposta as solicitagdes da sociedade. A primeira proposta de desfuncionarizagéo (da mesma forma que se entende que 98 notdrlos ndo deveriam ser funcionérios pablicos, também no se deve dizer que so funciondrios liberais, dai que ndo se deva falar de privatizagdo porque eles so Oficlais pilblicos) foi proposta por um governo do PSD, em 1995, e na altura podia ter-se avancado calmamente, mas 0 projecto foi vetado pelo PS, pelo Presidente da Repdblica de entéo, o Doutor Médrio Soares. A seguir, foi apresentada nova Proposta por um governo minoritério do PS e sob proposta do Ministro Vera Jardim, mas © grupo parlamentar do PSD e do partido comunista opuseram-se e Proposta ndo passa. Nessa altura, 0 PS disse que retirava do seu programa de governo @ desfuncionarizagio e passava a propor a desformalizacée. Entretanto, apareceram duas propostas, uma do governo do PSD e outra do PS - projecto lei de bases da reforma do servico publico dos registos e notariado, de entre as quais se destacam duas propostas: a actividade notarial seria admitida em regime de profissdo liberal e seria obolida a exigéncia de escritura publica e, portant o cidadao era livre de recorrer ao notério ou ndo, Mas esta proposta foi rejeitada e © projecto do PSD foi aprovado, entrando em vigor 0 Dec, Lei 26/2004, que trouxe a desfuncionarizacéo, (Site do CENOR) Avancou-se com a desfuncionarizagdo dizendo néo ser uma profissdo liberal, havendo limitacdo da competéncia territorial, numerus clausus, ou seja, regras que Pretendiam ser eliminadas pelo PS. Na altura da desfuncionarizacdo, disse-se que Se os notdrios quisessem manter-se notdrios teriam de ser desfuncionarizados e se Pretendessem manter-se como funciondrios puiblicos ingressariam para as conservatérias. jana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Te6ricas 2012/2013 Em pouco tempo, os notdrios estabeleceram-se com dignidade, de forma funcional. Pode-se dizer, em bom rigor, que @ nossa funcionarizagtio dave quase um “case study". No entanto, estes endividaram-se para criar as instalagdes e, num espago de 6 meses, comecou um movimento de desformalizagiio. Hé vérias razées, sendo uma delas politica porque em, 2004, era 0 governo PSD e em Fevereiro de 2005, quando tomam posse os primeiros notérios, estamos numa altura de governo de gestao (porque Presidente da Repiblica tinha dissolvido a assembleia) e deu posse aos roves age houve eleigBes e ganhou o PS que tinha no seu programa de governo a dést lizagdo ¢ néo a desfuncionarizacdio. Em 8 de Julho 2005, foi criada a figura da empresa na hora perante os conservatérias do registo comercial em que as pessoas que queriam criar uma empresa dirigiam-se a um balctio do registo comercial e desde que esta estivesse nos formuldrios, estes seriam preenchidos e ficaria a empresa constituida, Em 2006, atribuiu-se aos advogados, solicitadores e cdmaras de comércio e industria 0 poder de fazer reconhecimentos simples presenciais e por semelhanca e para elaborar documentos de autenticactlo, comecando a natureza exclusiva dos notérios a desaparecer, Depois, ainda em matéria comercial, foi eliminada a obrigatoriedade de escritura publica numa série de actos e esse processo atingiu 0 auge em 2008. Em 2007, foi criado um procedimento especial de transmisstio ou oneragiio & registo imediato de prédio urbano (casa pronta) e abrangia apenas alguns actos (em hipéteses contadas), E ainda foi criado o baledo associactio na hora, algo idéntico a empresa na hora, mas para a criacdo de associagées, Neste ano foi ainda criado 0 baletio das herancos, onde as pessoas se dirigem e podem hobilitar-se como herdeiros, fazer a partilha da heranca e registo e também foi criado o baledo de divércio com partilha, Em 2008 com 0 De 16/2008, que alterou 0 CC, Cédigo do Registo Predial e Cédigo do Notariado vem esclarecer-se que onde se Ié “escritura publica” passa-se @ ler escritura publica ou documento particular autenticado e 0 trabalho dos notérios estava a ser “roubado". Houve ainda o facto de deixar de haver competéncia territorial das conservatérias. Em 2009 é 0 culminar, acontece que a tal casa pronta, que era apenas para alguns actos, estendeu-se a todos os actos do notério e sobrou para os notérios 0 testamento, « procuragio irrevogdvel e a certificacdo de factos presenciados pelo notdria, Na prética: os testamentos. Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Para além disto, grave foi a atribuictio de competéncia prépria aos oficiais de registo para praticarem estes actos e para dirigirem este procedimento, muitas vezes, sem conhecimentos em direito e independentemente do tempo de trabalho numa conservatéria. A explicacdo para isto € meramente econémica. Na prética, aqueles milhdes de escudes € euros que antes saiam dos cartérios, que lanciavam o sistema Judicidrio e prisional, deixaram de entrar no Ministério da Justica e passaram a entrar no Ministério das Financas. Ousseja, 0 Ministério da Justica ficou sem dinheiro e precisava de 0 readquirir yma de o fazer foi pela atribuicdo da competéncia dos notérios as conservatérids e conseguiam fazé-lo porque tinham, do seu lado, os notérios que nao aderiram a desfuncionarizacdo, Por isso € que a polltica se manteve, mesmo com governos diferentes. Neste momento temos os notdrios a concorrer com advogados, solicitadores, cdmaras de comércio e inddstria, estando a grande concorréncia nos baledes das conservatérias porque, nestas, o Estado reduziu o valor da titulacdo, sendo o valor do procedimento mais baixo do que 0 acto do registo e isto aconteceu porque 0 legislador instituiu 0 registo obrigatério, Do ponto de vista do cidaddo, se estes actos n&o fossem praticades pelos oficiais e se ndo tivessem retirado a competéncia territorial das conservatérias (aspectos que adulteram 0 sistema), os balcdes seriam éptimos. Mas, do ponto de vista dos notérios, 0 Estado foi indecente (*foi uma canalhice"). Se continuarmos assim, mais tarde ou mais cedo, os conservadores serdo, também, postos de lado, porque os of iciais vaio assumir as suas competéncias, Hé aqui varios aspectes que fogem & leal concorréncia: primeiro, os notdrios estdo sujeitos a formacdo especifica e os advogados, os solicitadores ¢ os conservadores sem estudos na drea notarial, ndo esta sujeitos a formactio especifica De disparidade entre os varios agentes hé: os notdrios tém formacéio espectfica para titular ao contrdrio dos advogades, solicitadores e camaras de comércio e industria; os notérios estdo sujeitos a exclusividade e os advogados e solicitadores indo esto, podendo praticar todos os actos que praticavam mais estes; segundo, os notérios s6 podem fazer publicidade informativa e os advogados e solicitadores no esto assim tao limitados; terceiros, os notérios estdio limitados territorialmente, apenas podendo os clientes escolher, enquanto todes os outros agentes ndo estdo, incluindo as conservatérias, Temos ainda outro problema que é 0 de nds néo sabermos o que fazem os advogados e solicitadores aos documentos que estdo a autenticar, apenas sabemos Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 que os notérios tém um arquivo. Imagine-se que o advogado morre e que o herdeiro queima todos os documentos. Desta forma nélo controlo nem certeza e seguranca Hé ainda mais dois aspectos: a questdo dos procedimentos tinicos cobrarem menos @ 0 facto de nas conservatérias ndéo se pagar IVA e ao notério, advogado, etc. pagar-se. Testamento E um dos poucos actos que ainda ficou lusividade dos notérios, Art.® 2179° - define o testamento como o ‘acto unilateral e revogdvel pelo qual uma pessoa dispSe para depois da sua morte, de todos os seus bens ou de parte deles", reafirmando-se algo que jé resulta da Constituigtio, em matéria de direito da propriedade, nes termos da qual 0 proprietério pode dispor livremente dos seus bens, quer em vida, quer depois da sua morte e reafirmar ainda o art.° 62° da RP, Em regra o testamento é isto, mas nao é apenas isto, ele no integra apenas cldusulas de cardcter patrimonial (exemplo: pode-se perfilhar no testamento - art.° 1853° b); art? 1928° nomear tutor ou revogar tutela n°3; pode-se confessar uma divide no testamento e vincular o acervo art.°378°, n°4; nomear- se um testamenteiro, art? 2320°), isto é, pode-se integrar cldusulas de cardcter pessoal, podendo haver um testamento apenas com este cardcter, como resulta do art.° 2179°, n° Mais, neste n° 2, quando a lei diz as disposi¢ées que a lei permite inserir no testamento “sto _vdlidas se fizerem parte de um acto revestido_de forma testamentdria, ainda que nele ndo_fiqurem disposicdes de cardcter patrimonial’, ndo quer dizer que a lei prevé. N&io podemos apenas perfilhar, etc., podemos tudo, desde que ndo seja contrério & lei (exemplo: cremagéo). O testamento, no fundo, é uma forma que pode ter qualquer contetido, sendo uma forma onde se manifesta a ultima vontade, ‘Mas, que negécio é este? Em causa esté um verdadeiro negécio juridico, que produz os efeitos que a parte pretendeu. Isto tem relevéncia porque se aplicam 20s factos juridicos, os normas sobre negécios, mas ndo se aplicam, de acordo com o art.° 11°, normas excepcionais (segundo a doutrina de Coimbra este artigo nem devia existir), Diana Simdes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013 Assim, independentemente do art. 11, todas as normas sobre negécios juridicos, em Principio, podem ser aplicadas, Mas, este negécio € muito particular, pelo que ndo se aplicardo normas gerais que colidam com normas especiais, E um negécio juridico unilateral porque apenas temos uma declaragto de vontade dirigida a um resultado, neste caso, a declaragdo do testador. Em Ttélia, jd houve uma corrente doutrinal que defendeu que o testamento era um contrato porque sé produzia efeitos depois da morte e pressupunha a aceitagdio do herdeiro, pelo que a aceitagdo seriaaéeotitradeclaracdio, Em Portugal tal nunca podia ser defendido porque, de ma art.® 224 do CC, 0 contrato sé estd perfeito quando a resposta da aceitactio chega d esfera juridica do proponente de modo que esta a possa conhecer. Ora, é impossivel, naturalmente, um mort tomar conhecimento da aceitacdo, O Art.* 946° & um artigo que, em matéria de doacées, profbe a doagdo por morte, salvo os casos previstos na lei. Sé se admitem doagdes mortis causa feitas em convencéio antenupcial e, fora dessa hipétese, néo se admitem contrates sucessérios. Este artigo ainda diz que se se fizer uma doacdo mortis causa que nao seja admitida por lei, esta se converte em disposi¢do testamentéria, Ora, no inicio era uma doacéio, era um contrato (néio era negécio juridico unilateral) e o Dr. Oliveira de Ascenso apresenta isto como uma excepcdo ao cardcter unilateral do testamento, mas a Professora Ménica Jardim apenas considera haver uma conversdio em que a lei ignora a figura do donatdrio e passa apenas a valer o que interessa em matéria de testamento, ou seja, a vontade de quem queria doar e que passa agora a testar, De acordo com o art.° 224°, em causa estd, ainda um negécio_néio recepticio, pois a declaragio vale logo que é emitida, sem haver necessidade de comunicar a uma pessoa determinada, ou seja, 0 testamento, desde que obedeca a forma prevista ¢ especificada na lei, produz os seus efeitos logo que os pode produzir, ou Seja, com a morte, sem que seja necessdrio chegar ao conhecimento de quem quer que seja. Se hd um testamento, tem de se abrir a sucessdo testamentéria e, havendo herdeiros, essas pessoas passam a ter na sua esfera junidica, o direito de aceitar ou repudiar e, portanto, daf resulta o seu candcter néo recepticio, E ainda um negécio pessoal - art.° 2182° - em dois sentidos. A primeira parte diz-nos que “o_testamento € acto pessoal’ e teremos de a relacionar, neste primeiro sentido de pessoalidade, com o art.° 2184°, ou seja, tem de ser o Préprio a fazer, pelo que, se der secretamente recomendagées a alguém, ndo vale Porque nunca se saberia se seria ou néo a vontade do testador: ndo se admite procuragéio, Hé ainda outro sentido a dar co cardcter pessoal e esté na segunda Diana SimBes e Paulo Eliseu Aulas Teéricas 2012/2013 parte do art.° 2182° “insusceptivel de ser feito por meio de representante ou de ficar dependente de arbitrio de outrem" aqui, interessa-nos saber que tem de ser © préprio a determinar o conteiido do testamento. No entanto, hé umas excepcBes quanto ao contetido ou quanto ao deixar ao drbitro de outrem e estdo previstas no art.° 2182°, n°2 e 2183°. E ainda um acto individual ou singular - art.° 2181° - pois ndo séo admitidos os testamentos de mao comum ou conjuntivos, ou seja, duas pessoas no podem testar no mesmo testamento. A razdo é questradicionalmente e em regra, estes eram feitos pelos cénjuges ¢ podia haver fi donno de um sobre o outro que podia levar a que ela fizesse deixas que ndo pretendia verdadeiramente. Neste momento, a razto € a que, morrendo um dos testadores, o testamento teria de ser aberto e saber-se-ia 0 que Ié estava disposto também pelo sobrevivo. O TESTAMENTO: Art.° 2179° n°1_do CC - Testamento: Ato unilateral e revogével pelo qual uma pessoa dispSe para depois da morte de todos ou parte dos seus bens; Art.2 62° CRP - Reconhece a todos o direito 4 propriedade privada e a sua transmissdo quer em vida quer por morte. Mas, através de um testamento pode-se fazer mais que dispor dos bens. Pode-se perfithar em testamento (art.° 1853 do CC); pode-se reconhecer uma divida - art.° 354°, confessar-se uma divida; nomear um testamenteiro (art.° 2320°); nomear a tutela, ete. Ou seja, pode haver disposicdes, cléusulas de cariz ndo patrimonial e até apenas com cldusulas de cariz néo patrimonial. Cléusulas que a lei permite (permite e nfo prevé) que se possam por num testamento: desde que ndo sejam contrérias 4 lei ou d ordem publica Exemplo: pretendo que sejam rezadas X missas pela sua alma; seja depositado no Jazigo X; seja cremado; Para o norte havia também 0 hébito de pedir X padres no velério e a categoria do padre (mais padres ou certo tipo de padres demonstravam 4 classe social do falecido). Havia cldusulas que se consideravam ilicitas: protbo a minha filha de se casar com F; Em bom rigor, o testamento é uma forma onde pode caber qualquer contetido. Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 > Caracteristicas deste acto: 1 - E um verdadeiro negécio juridico: é 0 testador que determina que efeitos quer, € a lei aceita, Hé aspectos em que a lei se impée: parte da heranca tem que ir para os herdeiros legitimos; Esta classificacdo como negécio juridico é pacifica em Portugal e facilita-nos a vida uma vez que as normas dos negécios juridicos podem aplicar-se ao testamento desde que ndo sejam contrérias as normas,espectficas do testamento ou ndo sejam contrérias & natureza do negécio em oy E um negécio juridico unilateral: art.° 1279° - Temos uma sb declaracéio de vontade: O contrato pressupde duas ou mais declaracées, em sentido oposto mas convergente, com vista a atingir um sé resultado, mas com um significado diferente para cada uma das partes. Em Ttélia jd se defendeu que em causa estava um negécio bilateral porque teria de haver aceitagio, O Artigo 946° n.°2 diz que as doagdes mortis causa néo previstes na lei podem funcionar como deixas testamentérias Comeca como bilateral e acaba como unilateral), Todos os contratos que procurem regular as sucessdes em vida sto invdlidos, com a excepgdo das doaées que podem valer como testamento (negécio unilateral), 2 - Outra caracteristica: negécio unilateral ndo recepticio: a declaragtio. que é emitida produz efeitos sem ter de ser comunicada a quem quer que seja (produz efeitos que se déo, claro, apenas apés a morte); Efeitos: tem de se abrir a sucesstio testamentdria; Faz nascer na esfera juridica dos herdeiros ou legatérios o direito de aceitar ou repudiar (mas o testamento fez nascer na esfera deles este direito). 3.- E sempre um negécio gratuito endo oneroso. Mesmo que surjam disposigdes com modo ou encargo estes nunca sido vistos como um preco (deixo a F a quinta X desde que abra o portdo da quita aos domingos para passeio de criangas, Isto ndo é visto como um preco) 4-E um negécio pessoal em dois sentidos: Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 ~ Declaractio tem de ser emitida pelo préprio (art.° 2182°/1 do CC), E um negécio pessoalissimo: tem de ser a vontade dele (néo pode ser feito por procuracéo): ~ Em principio, o testador tem de determinar tude. Em princ{pio néo pode deixar vontade de outrem, parte do testamento. (Ver art.° 1280° “E nulo o testamento em que o testador ndo tenha exprimido cumprida e decloradamente a sua vontade, mas apenas por singis ou monossilabos, em resposta a perguntas que Ihe forem feitas"), Excepgdes a esta regra: testador pode incumbir um 3° dé tir a herancga quando nomeie uma generalidade de pessoas; b) deixo a minha casa a uma das minhas empregadas (o terceiro é que vai escolher a empregada); Deixo um dos meus livros da colecgtio X ao meu primo (a escolha do livro vai competir ao terceiro); -0 5 - E um negécio individual ou singular, Nao sto admitidos entre nds (art.© 2181°) os testamentos colectivos, conjuntivos ou de mdo comum, N&o podem existir duas pessoas a fazer num testamento disposi¢Ses reciprocas entre eles ou a favor de pessoas diversas. Tradicionalmente, dizia-se que se pretendia evitar que um dos elementos exercesse pressdo sobre 0 outro. A outra razdio que ainda hoje se aceita é que testamento € um negécio mortis causa por isso, é legitimo que ndo haja conhecimento dele antes da morte, Se fosse conjunto ou de mo comum jd se conhecia a vontade testamentdria de uma pessoa viva, Excepedes (art.° 1704°) a proibig&o dos testamentos de méo comum: se a doagtio mortis causa for no ambito de uma convencdo antenupcial poderd valer como deixa testamentéria, A lei Alem@, por exemplo, admite testamentos de mao comum. Hé paises que entendem que a norma que proibe os testamentos de mao comum é uma norma de cariz formal outros de cariz substantive. Em Portugal tem natureza substantiva (aplica-se em DIP se dois portugueses fizerem o testamento em qualquer lado (aqui ou na Alemanha) nunca seré admitide como vélido). Dois portugueses sé podem celebrar um testamento de mao comum vilido se for celebrado no pais da residéncia habitual e se esse pais se considerar competente para aquela matéria (art.® 31° CC); 6 - E um negécio formal. Forma do testamento: artigo 2204° e ss do CC e art.° 106° e ss do CN: Nao admitimos testamentos orais ¢ também ndo se admite o testamento holégrafo que é apenas escrito e assinado pelo testador, Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tesricas 2012/2013 $6 SE ADMITE: ~ Testamento piblico (chama-se piblico porque é feito no livro de notas, feito por oficial pubblico e ndo porque possa ser do conhecimento publico); sto escritos pelo notério no seu livre de notas; - Testamento cerrado - escrito e assinado pelo testador ou escrito e assinado por alguém a seu rage, e que depois é aprovado pelo notdrio. Quando se diz aprovado ele nao vai dizer se concorda ou ndo com o contetido, mas tentar verificar se corresponde ou niéo hé vontade doyffestddor, se ndo hd polavras emendadas, rasuradas, espacos em branco, se as\folhds estdo todas rubricades (e a ultima assinada), etc, (art.° 108° CN); A data do testamento publico é a data que o notério 0 escreve no livro de not A data do testamento cerrado é a data da aprovacdo. (art.° 2207°); Antes tinha de ser manuscrito, Hoje jd se aceita que seja feito no computador desde que se apague o original. E assim para os portugueses, quer facam 0 testamento em Portugal quer © facam no estrangeiro. O testamento feito por portugueses sob lei estrangeira sé serd aceite se for respeitada a forma solene do testamento. ccepcses DL_177/1979 - Hd _uma_convengéio (Washington 1979) que fala_no testamento internacional (ndo sdo vulgares). Os portugueses residentes no estrangeiro normalmente fazem o testamento ¢ ou nos services consulares e fazem-no, obviamente, de acordo com a forma prevista na nossa lei: Depois existem as excepcdes previstas nos art.° 2210° e seguintes como por exemplo: testamento militar (é 0 comandante que aprova o testamento), testamento feito a bordo de um navio (cabe aprovagio ao comandante do navio), testamento feito a bordo do avido, testamento feito no caso de calamidade publica. O art® 2222° diz que se passarem 2 meses depois de cessar a causa que fez o testador fazer aquele testamento, cessam os efeitos do testamento, Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 7 - (Ultima caracteristica) - Negécio juridico revogdvel (art.° 2179°). Acto juridico unilateral e revogdvel. O testador ndo pode sequer renuncian & possibilidade de revogar. A revogacio pode ser: - Expressa = Técita ~ Real Expressa - (art.° 2312°) - Quando através de outro testamento ou numa escritura piblica se diz de forma expressa que se revoga o testamento anterior; Técita - (art.° 2313°) - Fazer outro testamento com disposicées contrérias ao 1°. Ou fazer novas disposicées. O art.° 2313° diz-nos que se aparecerem dois testamentos da mesma data com disposi¢des contraditérias prevalecem as ltimas (existem not data e hora no testamento); 1S que para evitar este problema pée Real - (art.° 2315° e 2316°) - (Nota: o testamento cerrado pode ficar arquivado no cartério, ser levado com o testador ou ser entregue a um (art.° 2315°) - Inutilizagdo do testamento cerrado - Se aparecer dilacerado, adulterado, considera-se revogado excepto se se provar que esses actos foram feitos por terceiro ou pelo préprio ndo estando ele nao estivesse no uso da razdio. E vélido se se conseguir ler 0 testamento. O artigo 2315°/3 diz o seguinte: a simples obliteracdo do testamento néio é havida como revogacto desde que possa ler-se a 1° disposicdo. © legislador sé se refere a inutilizagdo do testament cerrado, Partiu do pressuposto que isso néo podia acontecer no testamento piblico. Mas pode, porque um cartério notarial pode arder ou ficar inundado. (art.° 2316°) - Jé s6 fala na revogacio de deixas a titulo de legado (bem certo determinado). Mas se o testador alienou o bem (vendeu ou doou) ficou revogada essa disposicto. (art.® 2316°/2) - Se foi alterada a forma do bem legado (deixou cortinados a F mas depois usou os cortinados para forrar cadeiras). Diana Simdes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tebricas 2012/2013 Em matéria de revogagtio € dito no CC que se a perfilhagdo for feita em Testamento e este for revogado a perfilhacdo mantém-se. E evidente que se houver revogactio real nunca se saberd se houve pertilhagdo (salvo se a revogacdo do for total). Se for técita ou expressa é preciso abrir o testamento anterior. Como é que um testamento anterior ntio é aberto’ Se ele fica com o testamento a sua guarda é suposto que alguém o descubra depois da sua morte. Seo tenceiro o descobrir tem de apresentar ao notério. ‘a Também pode estar no Cartério Nota linca ser aberto, Abertura Oficiosa - Sé hé abertura oficiosa por parte do notério, se ninguém se apresentar apés a morte e o notdrio tiver conhecimento que a pessoa morreu, Nesse caso pede uma certiddo de dbito, abre o testamento e chama os herdeiros e legatérios testamenteiros. Em Portugal hé imensos testamentos para abrir, Deveria haver uma comunicagdo entre a Conservatéria dos Registos Centrais e os Cartérios Notdriais, Os notdrios informam a Conservatéria dos Registos Centrais dos testamentos que fazem, as conservatérias do Registo Civil comunicam a Conservatéria dos Registos Centrais os dbitos. Assim, bastava que esta quando recebesse a noticia de um ébito fosse verificar se existia um testamento e comunica-se ao notério onde o mestno foi lavrado ou aprovado, Testamento: capacidade testamentéria activa; indisponibilidades e habilitacéo de herdeiros, Copacidade testamenténia - art.° 2188° - De acordo com este artigo, podem tester todos os individuos que a lei nao declare incapazes de o fazer. & incapaz de © fazer, de acordo com o art.° 2189°, os menores néo emancipados (sendo que a emancipacao entre nds sé pode ser feita através do casamento e este sé pode ‘ocorrer se os nubentes jé tiverem 16 anos e obtiverem autorizagdo dos pais). Uma questdo se coloca: 0 menor emancipade sem autorizaciio dos pais pode testar? © menor que se emancipe pelo casamento - art.° 1649° ndo tem a administractio dos bens que leva para 0 casamento e se néo tem a administracdo, por maioria de raztio, no tem poder de disposicdo nem inter vives, nem mortis causa. Diana Simdes e Paulo Fliseu Registos e Notariado ‘Aulas Teéricas 2012/2013 Também néo podem testar os interditos por anomalia psiquica, A lei sé refere estas duas hipéteses mas, pelo art.° 2206° e 2208°, quem nao souber ler sb é capaz para testar em testamento publico. Existe uma incongruéncia na lei: Art.© 2208 - “os que ndo sabem ou no podem ler sto indbeis para fazer testamento cerrado" (tem de ser piblico): ixar de assinar 0 testamento quando izer 56: nifo possa. Pois se hé pessoas que que saibam ler mas néfo escrever) Art.° 2206° n° 2 - "o testador sé Ps ndo saiba ou n&o possa fazé-lo" (dever' " oe eae sabem escrever e ndo ler néio existe pesso O testamento feito por incapaz é nul. A data para se apurar da capacidade e valia do testamento € a data do proprio testamento (se for publico, a data que o notdrio escreveu na sua nota, e se for cerrado de acordo com o art.° 2207° é a data da aprovactio). Isto é assim porque: imagine-se que A é perfeitamente capaz quando faz o testamento e, posteriormente, vem a ser interditado por anomalia psiquica, o que interessa é a data do testamento, pelo que na altura em que foi feito, ele é valido. Se A é menor quando faz 0 testamento, este invélido. Quando 0 menor atingir a menoridade, mesmo que mantenha a vontade que expressou no testamento, deve fazer novo testamento porque quando o fez era incapaz, logo se ndo 0 fizer 0 testamento é invélido ndo interessando a manutenctio da vontade. A par desta questdo surge a questdo das indisponibilidades e estas estilo previstas no art.° 2192° e sequintes. A lei fala de indisponibilidades relativas e 0 Cédigo de Seabra previa estas hipéteses e falava de incapacidades. Contudo, a incapacidade supde que quem pretenda testar tenha um défice qualquer perante a lei que o impeca de testar, e as hipéteses previstas na lei ndo sto essas, no é um problema de incapacidade. Por isso, deixou de se falar de incapacidades e 0 legislador optou pela expressto de “indisponibilidade", mas esta ndio & a expresstio mais correcta porque fala-se nela quando a pessoa néo pode dispor dos bens e, nos artigos em apreco, 0 que diz é que ndo pode dispor a favor de determinadas pessoas. Neste sentido, devia falar-se de ilegitimidades. Art.® 2192° * E nula a disposicdo feita por interdito ou inabilitado « favor do seu tutor, curador ou administrador legal de bens, ainda que estejam aprovadas as respectivas_contas" - pretende-se evitar que o tutor ou curador exerca uma influencia e obrigue a que o interditado faca um disposigdo que ndo quer. Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tebricas 2012/2013 Art.® 2194° - “E nula a disposictio a favor do médico ou enfermeiro que tratar do testador, ou do sacer fe que lhe prestar assisténcia espiritual" - para que o testador ndo faga a disposicdo apenas para ser melhor tratado ou sobreviver. Acrescenta-se "se o testamento for feito durante a doenca e o s¢ itor vier falecer dela" porque se sobreviver e mantiver a disposigdo, o testamento é valido. No art.® 2196°, diz-se que 'é nula a disposictio « favor e$S00_cot em _o testador casado cometer adultério" - a doutrina antiga falava em proibigdo do vicio da carne. Em relagtio a este artigo, ae. olhar para o n°2 que diz que nao se aplica 0 preceito do n° se os cénj estavam separados judicialmente de pessoas e bens ou separados de facto, hd mais de 6 anos, a data da abertura da sucessdo. O divércio podia ocorrer com base na culpa ou entéo com base em separagdo de facto (seis anos para conseguir o divércio), mas a lei do divéreio mudou e esta norma tem de ser reinterpretada. © art.® 1650 é outra hipétese de ilegitimidades e af diz-se que a sobrinha nao pode casar com 0 tio, ou seja, impedimentos meramente impedientes que podem ser supridos, mas se ndo forem, as pessoas enumeradas néo podem beneficiar de deixas testamentérias. E importante saber também qual a data que deve ser levada em linha de conta para apurar se a disposicdo ¢ valida ou néo. Essa data seré a da abertura da sucessaio (q data da morte) ou a data em que foi feita a deixa? Se pensarmos que 0 problema esté apenas e sé na pessoa beneficiada, seria a data da abertura da sucessiio mas se quisermos acautelar a livre vontade do testader, serd a data em que é feito o testamento e isto tem relevncia na pratica. (exemplo: A é interdito mas néo por anomalia psiquica e deixa a um tio determinados bens e esse tio néo é responsdvel por ele, mas na hora da morte tal tio era o seu tutor ou curador. Aqui, se considerdssemos a data morte o tio néo podia receber, mas se considerarmos a data do testamento, serd herdeiro. Ora, 0 que o legislador quis foi proteger a livre vontade do testador. > Caso pratico: Art. 2229° e sequintes: Suponha-se que é feito um testamento em que constam as seguintes cléusulas: a) Instituo. ia como minha herdeira de 4 da minha quota disponivel mas se_ela vier a ser_chamada_ como herdeira universal 4 heranca de meu inméo, e se aceitar, a minha disposicdéo testamentdria deve perder os seus efeitos. Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013 Os herdeiros sdo chamados a receber uma quota-parte indivisa da heranga e os legatérios sdo chamados a receber bens certos e determinados, Dentro dos bens deixados na hora da morte, se houver herdeiros forcosos, hé sempre uma parte que vai para esses herdeiros, a quota indisponivel e o resto éa quota disponivel, Esté aqui em causa uma condictio resolutiva e pelo art.° 2229° niio havia aqui nenhuma excepei, pelo que a deposit era vida Se os efeitos ficarem dependentes d .duzir depois de se verificar o evento € suspensiva e se os efeitos terminarem, dcorrendo o evento é resolutiva, As condicée odem ser casuais, restativas ou _mistas. Sdo casuais quando a condigtio é um evento futuro e incerto. E condi¢tio casual quando o evento ndo depende da vontade dos intervenientes; é potestativa, quando depende da vontade de algum deles e é mista quando em parte depende da vontade um deles ¢ em outra no depende de uma vontade de nenhum deles. Nesta medida, a condigtio € casual porque as outra deixa no depende de nenhum deles, mas por outro lado, depende também da aceitactio de Maria, pelo que é uma condigiio resolutiva mista e vélida 'b) Deixo a B, actual Presidente da Camara da terra X, a minha casa cita no Alentejo, sob condictio de este vender a C a praca ptblica Y. Temos aqui uma disposictio sujeita a uma condicéio suspensiva, A praca é um bem de dominio piiblico, pelo que esté fora do comércio juridico - art.® 202°, n°2. 0 testador queria algo que era legalmente impossfvel - art.° 2230°, n°4. Diz-se que a condigdo legalmente impossivel considera-se néo escrita e néo prejudica o herdeiro ou legatério, pelo que, em principio, o Presidente iria ficar com @ casa do Alentejo (porque a condicéo é havida como néio escrita), salvo se o testador tivesse feito declaragdo em contrdrio, Se este o fizer cumpre-se a vontade do testador porque, como o beneficidrio ndo pode ser coagido, a lei permite que o testador possa dizer que se a condictio nto for possivel, poderd ficar sem efeito a isposicao, ¢) Deixo a Co meu carro desportivo, mas_na_hipstese de casar_com o al_nat minha sicdo testamentdria deve deixar de roduzir eitos. Condicdo resolutiva invdlida porque € contréria a lei, art. 223°. Aplica-se 0 art. 2230°, n°2 e, de acordo com este, diz-se que a condicdo é contréria & lei, Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Te6ricas 2012/2013 tem-se por ndo escrita, ainda que o testador haja declarado o contrdrio e difere da condic&o fisica ou legalmente impossivel. Aqui diz-se que a condictio tem-se por no escrita e a disposicdo mantém-se ainda que o testador tenha dito o contrério porque a pessoa podia ser tentada a néo casar apenas para poder ter o bem. Como € uma forma de pressto do beneficidrio, embora se tenha a condigdo por nao escrita, vale a disposigio, eixo ao _meu_irméo Jor 2 estabelecimento cot 4 ial ele no_puder ou ndo quiser aceitar, deve o referido estabelecimento ser cad a0 meu mem vit a Hé vérios institutes e este & 0 da substituictio directa ou vulgar porque & muito vulgar e porque 0 segundo chamado recebe directamente do testador - art.© 221°, e) Institue o José como meu herdeiro de # da minha cota disponivel, até \eu filho atinja a _maioridade. A partir dessa data deve s meu filho a vir como herdeiro da referida quota. um facto futuro e certo, pelo que é un termo final e o filho fica herdeiro a termo inicial daquela parte. O Art.® 2243° diz-nos que o testador pode sujeitar a nomeagio de legatdrio a termo inicial e © n® 2 diz que, em relacdo aos herdeiros, ndo se admite nomeacdo a termo inicial ou final, salvo se 0 direito for temporério, Isto cruza-se com 0 art.° 1307° que nos diz que 9 direito de propriedade ndo se pode constituir a termo salvo nos casos previstos na lei. f) Deixo 3 da minha quota disponivel_a Ernesto, ficando este obri a cons i-la_para que, 4 hora da sua morte, a mesma reverta a favor de Xavier, Excepeses ao principio da transmissibilidade - casos contados e é possivel, é a substituicdo fideicomissdria art.° 2286° - hd um duplo chamamento para o mesmo bem ou para a mesma quota de bens, mas sucessivamente. Primeiro é um que herda @ € dono dos bens que tem de manter e conservar - fiduciério - porque, na hora da sua morte, os bens vo para o terceiro indicado, (E uma hipstese em que a lei admite a propriedade a termo). 9) Lego a Bernardo 0 usufruto das accées fenho_na empresa X, até go ano de 2020 E uma disposi¢do de legatério a termo - art.° 2243° e é possivel, estando em causa legatérios em vez de herdeiros. Duas hipéteses: se o testador fosse o proprietdrio das acces e se através do testamento estivesse a constituir um Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tebricas 2012/2013 direito de usufruto, entZo, era vélido sem problema algum. Se, ao invés, o testador fosse o usufrutudrio das acces e pretendesse transmitir o direito que tinha de usufruto, s6 seria vdlido se ele ndo fosse o usufrutudrio inicial, porque este s6 se transmite mortis causa se quem morrer néo for o usufrutuério originério pois data da morte deste extingue-se o usufruto A légica é a de que se A deixa usufruto a favor de 8 sem prazo, esta & espera que © usufruto dure o tempo de vida de B e se B transmitir para Ce no dia a seguir morrer, 0 usufruto extingue-se co! rte do usufrutudrio inicial, Nesta h) Lego _a minha biblioteca juridica e a casa onde a mesma se situa a Daniel, ficando este obrigado a franquear (abrir) as portas da referida gasa a todos aqueles \dam _aceder a biblioteca Isto é um modo ou encargo, Distingue-se condigdo de modo porque a condicto suspensiva, enquanto nao se verificar, suspende os efeitos mas no obriga e o modo obriga mas néo suspende os efeitos, mesmo que ndo seja cumprida a obrigacdo. Quando a condigdo € resolutiva, a condictio extingue os efeitos mas ndo obriga, e 0 todo nido extingue efeitos mas obriga. Art.2 2244° - encargos - art.° 2248° - resoluctio da disposicdo testamentéria - como néo estamos perante condicéo resolutiva, ndo deixa de produzir efeitos e, neste caso, considera-se haver incumprimento e diz-se que os herdeiros podem pedir @ resolugdo fundada em incumprimento ¢ sé 0 podem fazer se 0 testador assim o houver determinado - art.° 248°. O Habilitactio de herdeiros Art.° 2024° “Diz-se_sucessto_o chamamento de uma ou mais pessoas a titularidade das relagdes_juridicas_patrimoniais_de_uma pessoa falecida ea consequente devoluctio dos bens que a esta pertenciam” A sucessto abre-se quando uma pessoa morre, ou seja, abre-se a hora da morte. No prética, a pessoa morre e os chamados so-nos através de uma habilitagdo de herdeiros, art.° 83° e ss Cédigo do Notariado. Alguém morre e trés pessoas que o notdrio considera de crédito, declaram quem sto os herdeiros, que ndo hd herdeiros preferenciais, nem mais com quem eles concorram. A declaractio também pode ser feita de forma mais simples e pode ser feita pela cabeca-de-casal, ou seja, 0 que estd obrigado a administrar os bens até 4 partilha - art, 2080° - sendo que em primeiro lugar estd 0 cénjuge. Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013, © n®3 desse mesmo artigo diz 0 que deve ter a declaracdo e os documentos necessérios constam do art.°85? = certiddo_de ébito, nascimento sasamento, etc.” A relevancia disto é que a partir do momento em que é feitaa escritura, esta passa a ser titulo bastante para que os herdeiros consigam registos ~ art.® 80° ¢ 86° CN. Em bom rigor, sé tem relevancia o previsto na alinea @).Em teoria o resto conta, mas na prética nd, Na prética, as pessoas nido tém contas apenas em seu nome e antes de morrerem 0 inheiro é levantado, néo é declarado,come bem herdado e niio se paga imposto, Quando © dinheiro no é levantado “ite morte, pede-se & agéncia funerdria (que arranja a certidéo de ébito) para pér'uma hora de ébito diferente, posterior e, antes dessa hora, levanta-se 0 dinheiro e declara-se 0 dbito, As pessoas sto habilitadas a que bens? Antes da habilitagdo no notério, tem de se dizer que bens existem e tem de pagar o imposto nas financas. Com base nesse rol, vai-se ao notdrio ¢ faz-se a habilitacdo dos bens declarados nas finangas. Hé aqui detasiada facilidade em tudo isto, na opinido da professora. 1) Alguém que faz a declaragdo pode colocar de lado alguém que néo saiba da herance. A lei vem dizer, no art. 87° CN que o herdeiro pode impugnar a habilitacdo. Antigamente era muito vulgar acontecer porque muitos herdeiros estavam emigrados e ou néo se sabia do seu paradeiro ou néo se interessavain em saber. 2) Outro problema da habilitagdo esté relacionado com os bens que se herdam. Quando se chega ao notdrio, jé se leva 0 rol dos bens a herdar e nas finangas, quanto mais bens melhor, pelo que, depois na prética, se morre alguém de familia e se sabe que um determinado prédio pertencente a terceiro (néo 0 morto) ndio estd registado, pode-se colocar o bem e assim Passa-se 0 bem para o de cuius ¢ de seguida adquire-se titulo para fazer constar do registo que os bens so dos herdeiros. Coloca-se a questdo se o terceiro deve ou nao ser protegido e, de acordo com 0 art.° 291° CC, este nao é protegido (pois se o seu alienante néo herdou, foi registada uma aquisi¢do mortis causa inexistente ¢ 0 291 no protege o terceiro Perante inexisténcia) e néo hd nenhuma norma de Cédigo no Cédigo do Registo Predial que 0 faca, Esta matéria, juntamente com a usucapido indevida, tende para a"aldrabice” o que torna impossivel proteger totalmente os terceiros. A habilitagio $6 se faz pelos legatdrios quando toda a heranca for distribuida em legados. Diana Simées Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 © Hipoteca A hipoteca esté prevista no art.° 686° e sequintes do CC e é um direito real de garantia (poder de satisfazer o crédito a custa de bens certos e determinados, com preferéncia face a demais credores que tenham registo anterior). Na parte final do n®1, os credores que gozem de privilégios especicis ou sejam titulares do direlto de retengdo (art.°759°, n°2).tém preferéncia em relacdo & hipoteca nascida antes. 3 Enquanto direito real de garantia, é um ito acessério, um direito instrumental ao servigo do direito de crédito porque visa garantir o credor a satisfacdo do direito de crédito. Quando 0 devedor paga, cumpre a sua obrigacdo, a hipoteca acaba por néo ter grande relevdncia na prética, porque se extingue por morte natural, pelo que o Poder de promover a venda nunca chega a ser exercide (nunca se intenta a acco executiva), porque o crédito foi sendo pago voluntariamente, dentro do tempo. Contrariamente ao penhor, a hipoteca néo envolve desepossamento por parte do devedor hipotecdrio (0 penhor de coisa s6 existe se for entregue o bem). Na verdade, este é a mais-valia da hipoteca, pelo facto de 0 proprietério néo ficar Privado da coisa, Exemple: se com o empréstimo ao banco com hipoteca, 0 estabelecimento fosse entregue, nada Ihe valia porque ndo 0 podia dinamizar o negécio. © mesmo acontece com as casas compradas com dinheiro obtido através de um contrato de mituo: ndo hé entrega, porque tem como objecto iméveis, ou Seja, bens fdceis de identificar e dificeis de desaparecerem. Além disso, a hipoteca é publicitada porque esté sujeita a registo. No penhor, se ndo houvesse entrega, podia haver dois penhores sobre a mesma coisa, sem que os credores pignoraticios o soubessem. Em relacdo ao registo da hipoteca, o art? 4° do Registo Predial e 0 art.° 687° CC tem uma excepto ao principio da consensualidade porque precisa de titulo e também um modo ~ registo. Nao € pacifico na doutrina que 0 registo seja um modo ©, portanto, seja constitutive, Até 1959, ndo se afirmava em Portugal que o registo era constitutive, Em 59, foi dito no preémbulo que era e daf por diante, toda a doutrina assim o entendeu até que o Dr. Ascensde veio questionar e dizer que é uma condigdo de eficdcia mas ndo uma condigdo de existéncia Carvalho Fernandes diz que o registo ainda faz parte do negécio. Qrlando de Carvalho dizia ser constitutive. Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Ménica Jardim: E ponto assente que a hipoteca atribui co seu titular preferéncia em face dos demais credores ao contrério do que ocorria na vigéncia do Cédigo de Seabra. Concedendo a hipoteca preferéncia, tem de se ver como se graduam. Ora a preferéncia é dada pela data do registo e ndo pela data do negécio. Logo se 0 registo ndo existir, ndo hd preferéncia e se esta néo existir, ndo d hipoteca. Logo o registo é constitutivo. A professora Ménica Jardim ndo con: ‘om 0 Dr, Carvalho Fernandes porque para ela, se a hipoteca emergir de negécio, esta jé tem de existir, ser vélido e apto a produzin efeitos reais e a par desse, é preciso o registo e sé assim nasce a hipoteca, Sé se coloca isto quanto ds hipotecas convencionais e voluntérias porque quanto as hipotecas legais e judiciais, sé hd determinados bens onerados pela hipoteca quando é feito o registo, sé ai nasce 0 direito real e ndo se coloca o problema. A partir do momento em que 0 registo fixa a prioridade da prevaléncia, deste depende a existéncia do direito e portanto é condigéio de validade e de existéncia do direito, entéo é constitutivo. Sem o registe a pessoa néo é titular da teca, uma vez que a preferéncia depende do registo e nao hé direito real de garantia sem preferéncia. Quando, em 2008, o cédigo do Registo Predial entrou em vigor e tornou obrigatério 0 registo, no devia ter imposto esta obrigatoriedade para a hipoteca nem para o cancelamento desta, com base no consentimento do credor. Exemplo: A convenciona com B a constituigdo de uma hipoteca. Enquanto ndo houver registo, 0 banco néo tem garantia e néo pode exercer o seu direito com preferéncia cos demais, Néo faz sentido obrigar 0 banco, porque cada um deve averiguar os seus interesses e se 0 registo é condicdo de existéncia, néo devia haver obrigatoriedade, Entretanto esta obrigatoriedade jé foi suprimida. Em relagdo a hipoteca, esta pode ser constituida sobre bens de um devedor, de um terceiro e, excepcionalmente, diferentemente do que acontece com os outros direitos reais, pode ter por objecto mais do que uma coisa. * OQ que pode ser objecto de hipoteca? Iméveis ou direitos que tenham por objecto iméveis -_art.° 658° (direito de superficie, usufruto, etc.) as coisas méveis, equiparadas por lei para este efeito Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Te6ricas 2012/2013 que sio os automéveis, aeronaves ¢ navios, ou seja, os méveis sujeitos a registo. Contudo, nada impede que um mével seja equiparado a imével e néio seja sujeito registo - exemple: partes de um prédio. Pode ser objecto de hipoteca a dgua existente num prédio (excepgtio ao Principio da Totalidade) - art.° 1386°. Pois se a dgua pode ser alienada, também pode ser hipotecada, Podem ser objectos de hipoteca, todas as coisas que possam ser alienadas porque uma garantia, ao ser exercida, pressupie a execucdo do bem para satisfagtio do credor. 2 Nao € sujeito a hipoteca: os bens cor co casal - art,° 690° - nem a quota da heranca indivisa ou por partilhar - art.° 688° e ss. Porque em causa estio comunhdes de mio comum que niio podem ser dissolvidas fora dos casos previstos na Em relacdo ao objecto de hipoteca, o art. 681° fala de extenstio as benfeitorias, Ex. se se pedir um empréstimo a um banco que exige que se de em hipoteca uma casa e se a casa for antiga e com o valor do miituo se efectuarem benfeitorias, posteriormente e a casa passar a ter mais valor e a hipoteca abrange as benfeitorias, Decorre também do Princfpio da Totalidade que a hipoteca abrange as acessdes naturais - exemplo: catéstrofe no arquipélago da Madeira houve bens e montes de terra que gora arrastades por prédios alheios e deram origem a acessdo natural Porque ndo foi removido. Al, a hipoteca viu-se aumentada pela acessao, Quanto a obras feitas pelo dono do solo, se se tem um terrenos e este se dé como garantia € se se construir um prédio no terreno, esta recai sobre tudo, nao sdo direitos separdveis. ‘Mas também houve prédios que calram ao mar - a propriedade extinguiu-se e deixou de haver coisa, direito de propriedade e hipoteca, Viu-se que ¢ hipoteca pode ter como objecto um direito de usufruto, desde que este tenha como objecto um imével. Seria muito fécil alguém dar em hipoteca sobre um direito de usufruto e obter um empréstimo e depois renunciar ao usufruto, conduzindo a expansiio da propriedade e a extincdo da hipoteca, O art.° 699° resolve a questio:” extinquindo-se o usufruto constituldo sobre a coisa hipotecada, 0 direito do credor hipotecdrio passa a exercer-se sobre a coisa como se o usufruto nunca tivesse sido constituido” Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 O Principios em matéria de _hipoteca Hé princfpios que decorrem do facto de ser um direito real e outros sdo mais especificos. v Principio da acessoriedade - como todos os outros direitos reais de garantia, este é um direito real acessério do direito de crédito e se este se extinguir, extingue-se a hipotecio Se 0 empréstimo for amortizado, @ hipoteca extingue-se, mesmo que o registo subsista, pelo que deverd, nestes casos, ser pedido 0 cancelamento do registo da hipoteca, O inverso néo € verdade, ou seja, 0 direito de crédito ndo é acessério perante um direito real de garantia, Exemplo: nos casos dos carros que cafram ao mar na ilha da Madeira, a coisa deixou de existir, mas a divida permaneceu, néo obstante a hipoteca pode ter-se extinto pela perecimento da coisa. Mas, vejam 0 ant.® 692°. Fala-se de sub-rogacdo - a hipoteca tinha como objecto um imével ou mével sujeito a registo e passa a ter o dinheiro da indemnizagio, mas isto ndo é rigoroso, porque a hipoteca ndo pode incidir sobre dinheiro, Y Principio da Especialidade - 0s direitos reais tém de incidir sobre coises certas e determinadas e, na hipoteca, pode ser mais do que uma coisa, mas os bens tém de ser determinados, ou seja, tem de se dizer qual o fundamento do crédito e os acessérios que esto cobertos na hipoteca (juros remuneratérios, juros moratérios, etc.) e ainda é importante fixar 0 montante méximo garantido - art.° 96° C.R. Predial - e os bens que garantem. Y Principio da Indivisibilidade - art? 696°. Tem dues vertentes: por um lado, como a hipoteca pode recair sobre vérias coisas, a lei vem dizer que cada uma delas responde pelo valor inteiro da divida, Néo se diz que se responde na proporcdo. Se um dos imoveis chega para pagar a divida e o credor nomeia a penhora os dois, 0 devedor pode dizer que basta um e que deve ser levantada a penhora sobre 0 outro, - art.° 697°. Por outro lado, se a hipoteca recair sobre uma coisa sé e esta se dividir dando origem a mais coisas, a hipoteca subsiste sobre todas. Exemplo: prédio ruistico Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tebricas 2012/2013 onerado com uma hipoteca e depois o proprietirio resolve fazer um destaque e, assim, dé origem ao prédio B, a hipoteca permanece sobre ambos. ¥ Principio da Proibictio do Pacto Comissério ~ art? 694° - diz-se que "é nula, mesmo que seja anterior ou posterior d constituicdéo da hipoteca, a convencdo pela qual o credor fard sua a coisa onerada no caso de o devedor n@io cumprir.” Este princfpio vale para a hipoteca ¢ para.o resto dos direitos reais de garantia, yen iméveis? Mas o credor pode intentar @ accdo executiva e pedir que o bem‘Ihe*Seja adjudicado e néo lesa em nada o devedor. Dai que, por este meio, o banco pode ficar com os bens. Acresce que proibicdo do pacto comissério pode ser torneada, P.E. O credor ndo pode convencionar ficar com a coisa para si se 0 devedor ndo cumprin. Outra forma a de o credor ndio pagar e sabe que 0 banco tem a sua possibilidade de o executar @ ent, 0 banco prope uma dacdo em pagamento e paga-se com a coisa, em vez de se pagar em dinheiro, esquecendo a hipoteca e o seu regime. Acontece ainda, que os bancos trabalham associados a empresas de leasing e estes exigem, a dacdo em pagamento, ficavam com o bem em seu nome e, em seguida, a empresa de leasing dé em leasing o mesmo bem, ao mesmo cliente e a pessoa que contes estava a pagar para viver num bem que era da sua propriedade, passa depois @ pagar o leasing e sé quando pagar a ultima prestagtio, passard a ser proprietério, Isto acontecia muito ainda no inicio da crise, até porque, socialmente, dava muito Jeito mas hoje, os bancos e empresas de leasing associadas jé néo estdio tao receptivos a esta solugio. + Tipos de hipotecas O Legais - art.° 704° e ss. Resultam imediatamente da lei, sem dependéncia da vontade das partes. O titulo é © modo € 0 registo. Quando se efectua o registo é que se dé a indicagdo dos bens, Quem beneficia: menores, inabilitados, interditado, o credor por alimentos (néo é ‘openas comida), o co-herdeiro credor de tornas (sao hipsteses contadas na lei). Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Te6ricas 2012/2013 OQ Judiciais - art,* 710° e ss. A sentenca de condenagdo do devedor em dinheiro ou outra coisa fungivel é titulo bastante para o registo de hipoteca: A sentenca condenatéria € 0 titulo depois & preciso o registo, Garante a prioridade e se tiver que intentar a acco executiva a data que conta é a data da hipoteca (é como que uma pré-penhora), De judicial sé tem o nome. A nossa hipoteca judicial no nasce da sentenca (que € condenatéria e néio constitutiva), como é evidente, Esta é apenas titulo. Convencionais ag Pode nascer de contrato ou de negécio juridico unilateral (testamento, ou negécio unilateral que produza efeitos em vida). A coisa tem de ser susceptivel de poder ser vendida e sé pode hipotecar quem tiver o poder de alienar a coisa (pode vir a haver execugdo): Apesar de ser habitual dizer que a hipoteca é a rainha das garantias, os privilégios creditérios t8m prioridade sobre a hipoteca mesmo que esta seja anterior (art. 751°) 0 que é um perigo ea hipoteca cai ainda em relacdo ao direito de retencdo (art.° 754° e ss e art.° 759°) esta situacdo no nosso pais € caso inico. Nos outros paises, este direito de retencdio néo passa por cima da hipoteca, Havendo contrato promessa, desde que haja entrega da coisa, o promitente- comprador, caso © contrato prometido ndo venha a ser celebrado, pode exercer o direito de retencdo em relacéo ao crédito que tem pelo sinal dado. Na prética o senhor A dono de um terreno pede empréstimo ao banco, 0 banco empresta mas exige que o imével seja onerado com hipoteca e é constituida a hipoteca. O senhor A constréi uma casa e faz um contrato promessa e recebe o sinal. Se A nto cumprir perante o banco e perante os promitente-compradores o promitente- comprador podem exercer direito de retencdo o que néio acontece em mais lado nenhumn a néio ser em Portugal. A prioridade da hipoteca: ndo prevalece sobre os privilégios nem sobre o direito de retencdo. E sobre outras hipotecas? De acordo com a redaccio do art.° 6° antes do DL 116/2008, que o revogou, as hipotecas da mesma data seriam pagas faseadamente na proporgiio dos créditos. O n°2 do art.® 116/208 foi revogado porque sabemos co segundo quando as hipotecas entram no registo. No entanto, 0 legislador esqueceu-se de um pormenor: art. 63° CRPredial: se aparecerem apresentagées simult@neas vai-se ver a antiguidade dos factos. Quando tiverem a mesma data dé-se o mesmo nimero de apresentaciio, Mas acontece que depois das Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado ‘Aulas Tedricas 2012/2013 opresentagées didrias (art. 41°-A e ss), anotam-se as apresentacdes por correio. Em relagdo as apresentages por de correio no é 0 momento em que a mo tira o envelope que determina a prioridade, como é evidente. Vai-se para a regra geral, prevalece aquela cujo titulo for de data mais antiga, se a data for igual dé- se 0 mesmo numero de ordem as apresentagSes. Mas nesse caso nao devia ter sido revogado o n.°2 do art.° 6.° Assim ficou na mao do juiz decidir quem & que é pago primeiro, * A possibilidade da redugtio da. feca - art.° 720° CC ae Se a hipoteca for legal ou judicial podé Scorer reducdo judicial a requerimento de qualquer interessado quer quanto aos bens quer quanto co valor. Tal sé nao acontece se, por convencéio ou sentenca, a coisa onerada ou a quantia ossegurada tiver sido especialmente indicada, Nesta ultima hipétese, bem como nas hipotecas convencionais pode haver redugdo de hipoteca se jd se tiver pago mais de 1/3 do valor em divida ¢ a coisa se tiver valorizado em mais de 1/3. + A substituictio ou reforco da hipoteca - art.° 70: Quando por qualquer causa ndo imputdvel ao credor a coisa perder valor ou se deteriorar 0 credor pode exigir um reforgo da garantia (se previamente ndo funcionar 0 seguro). * A transmissdo da hipoteca - art.° 727° A hipoteca é um direito real de garantia. & um direito acessério do direito de crédito e deveria estar ligado sempre aquele crédito. No entanto o legislador admite que a hipoteca passa a estar associada a outro crédito, © credor hipotecdrio passa a credor comum porque transmite a hipoteca a um credor comum que passa a ser hipotecdrio Pressupostos: 1 - Quando 0 novo credor for credor do mesmo devedor: 2- S6 se Pode transmitir a hipoteca quando esta ndo for insepardvel do devedor. 3 Se a hipoteca incidir sobre bem de terceiro este terceiro tem de consentir. 4 - A hipoteca cedida apenas garante o novo crédito nos limites do crédito originariamente garantido, 4- Cesstio do grau hipotecério - art.° 729° Temos vérios credores hipotecdrios e dois trocam de posicto. Trocam de prioridade, Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Extingtio da hipoteca - art.° 730 + Pela extingéio da obrigaciio; + Por prescricdo, eft. al. b) do ar} + Pelo desaparecimento da coisa + Pela rentincia do credor + Pelo cancelamento do registo Art.® 732° - $6 existe em Portugal e em Itdlia (por influéncia do CC italiano). Se por acaso a obrigagdo aparentemente se extinguir ou houver rentincia da hipoteca e depois se chegar a conclustio que a obrigacdio no se extinguiu fica sem efeito a extingtio da obrigacdo e a extingdio da obrigacto oo ser anulada os efeitos da anulacéo tém efeitos retroactivos, logo, para todos os efeitos 0 cancelamento do registo devia ser eliminado e 0 registo voltar com a data que tinha tido. Este artigo diz-nos que a hipoteca apenas renasce desde a data da nova inscrigto, Em Franca diz-se: renasce mes sem prejuizo daqueles que adquiriram um direito na vigéncia do cancelamento, mas com prejuizo para os que adquiriram direitos apds 0 registo da hipoteca e antes do seu cancelamento, Documentos notariai Um documento, de acordo com o art.® 362° do CC é qualquer objecto elaborado pelo homem, com o fim de reproduzir ou representar pessoa, coisa ou facto. Como & evidente, dentro dos documentos, os mais importantes sdo os escritos e sto estes que nos interessam quando se fala da actividade do notariado Dentro dos documentos, temos 3 modalidades: Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Tedricas 2012/2013 0 Documentos auténticos - art.° 363°, n°2 “diz-se documento, qualquer gbjecto elaborado pelo hot com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto", exarado pelo notdrio ou por quem tenha poderes para exercer a actividade como se fosse notério, De acordo com 0 art.® 35°, n°2 CN, sto auténticos ‘os documentos exarados pelo notério nos respectivos livros, ou em instrumentos avulsos, e os certificados, certiddes e outros documentos andlogos por ele expedidos*, A escritura publica ou testamento é um documento auténtico, a € redigido pelo préprio notdrio. D Decumentos autenticados - € um documento particular, que é confirmado pelas partes, perante notério - art.° 35° n°3 CN e art.® 363°, n°3 do CC, Os particulares fazem o documento, elaboram-no e redigem-no, e depois confirmam 0 seu contetido perante o notério, Em teoria, desde 2009, deixou de ser necessério para a generalidade de actos que tenham como objecto iméveis, a escritura publica, portanto, desde 2009, a constituigdo de propriedade horizontal ou direito real de aquisigdo periédica, etc, é feita pelos particulares que apenas apresentam 0 documento para ser autenticado e garantir que corresponde @ sua vontade. Na prética, as coisas ndo sto assim, como € evidente, as pessoas ndo sabem fazer documentos, pois ndo sabem direito e quando se recorre ao advogado ou outra entidade ndo é s6 para autenticar, mas também para fazer o documento, A autenticacdo é feita através de termo de autenticactio, Em abstracto, portanto, a entidade competente limitar-se-ia a por um termo de autenticagdo. Os termos de autenticacdo estao previstos no art.° 150° e sequintes CN, Documentos particulares - ndo interessam 6 actividade notarial, sto feitos pelas partes e no vaio perante alguém com competéncia para 0 exercicio da actividade notarial, Para além destes 3 documentos, hd ainda que falar dos chamados termos de reconhecimento. Os termos de reconhecimento notarial visam reconhecer a letra e cassinatura ou $6 a assinatura - art.? 35°, n°4 CN, Quer os termos de autenticagiio, quer os termos de reconhecimento devem ser lavrados no préprio documento, salvo se jd no houver espaco, pois af, terd de ser em folha anexa que deve ser agrafada e ligada ao documento e por, seguranca, deve-se carimbar, quer na folha do documento, quer na folha onde é feito o termo. (néo se apSe o selo duas vezes, coloca-se o selo metade numa folha e metade na outra e assina-se também uma parte numa folha e a outra na seguinte.) Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Ver as minutas que estdio nos power points. Materiais utilizéveis e requisitos a que devem obedecer os documentos: Art.° 39° CN "I - Os materiais utilizados na composictio dos actos notariais devem ser_de cor preta, conferindo inalterabilidade e duracdo a escrita.” Em relagdo aos documentos dactilografados, de acordo com o art? 38°, os testamentos ¢esertures de revogecduglfem ser manuscrtos, com grafia de féci leitura ou entao, dactilografados ou he computador, quando 0 notério estiver presente e, de seguida, deve ser destru‘do o suporte informético. “2 - A Direcctio-Geral dos Registos e do Notariado pode ordenar a utilizactio de impressos, de acordo com os modelos que vier a aprovar, para a expedictio de actos avulsos, bem como ordenar ou proibir_o uso, para a escrita dos actos, de determinados materiais ou processos grdficos.” Qart.? 40° dé-nos as regras a respeitar em alguns dos actos: tos notariais sto escritos com os dizeres por extenso,” Néo hé obrevicturas nem nimeros, mas o n°3 diz que é permitido algarismos abreviaturas, mas em hipéteses contadas. Por outro lado, os instrumentos certificades, certidées e outros documentos, n°4 e ainda os termos de autenticagdo, sdo lavrados sem espagos em branco, que devem ser inutilizados através de trago horizontal se alguma linha no acto ndo foi ocupada pelo texto O art.° 41° fola de emendas e rasuras, e diz-se que " As palavras emendadas escritas sobre rasura ou entrelinhadas devem ser expressamente ressalvadas.” E 0 n22 diz que a eliminagéo das palavras deve ser feita através de tracos que as cortem e para que as palavras tracadas sejam legiveis, O n° 4 diz * As palavras emendadas, escritas sobre rasuras ou entrelinhadas que ndo forem ressalvadas consideram-se néo escritas, sem prejuizo do disposto non 2 do artigo 371.° do Cédigo Civi O art.° 42° refere que “1 - Os actos notariais sto escritos em lingua portuguesa, devendo ser redigidos com a necesséria correccdo, em termos claros e precisos.” 0 123 é importante, pois afirma que devem ser evitadas a reproduc de normas legais, € se esta existir, s6 ndo seré considerada supérflua se for alegado ser necesséria para melhor entendimento. Tal ndo é preciso porque o notdrio tem o controlo da legalidade, sabe da lei, pelo que se deve evitar. Diana SimBes e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 da quanto a redaccio, podem ser apresentadas minutas ao notdrio, antigamente era algo vulgar, art.° 43°, e como evidente, esta sé serd reproduzida na medida em que néo for contrdria & lei. Art.® 46° fala de formalidades comuns, de requisitos de instrumentos notariai Quanto 4 indicagdo da hora, nos testamentos é vulgar os notérios anotarem a hora para saber qual é 0 ultimo, O exposto deve ser articulado com o art.° 70° que prevé as nuli 2 notariais - 0 acto é nulo por vicio de oe no houver a mengdo do dia, més ano e lug fades de actos embora ndo seja muito dramdtica, se nde for lavrado, etc, Deve ainda ser feita a mengéo de que o documento foi lido. Art.° 47° contém as mengdes espe: Art. 48° - Verificacto da identid« tes - este est completo, diz-se “Pelo conhecimento pessoal do notério" mas tal jd é raro ser feito, Depois pode seri "Pela exibicio do bilhete de identidade, de documento equivalente ou da carta de conduciio, se tiverem sido emitides pela autoridade competente de um dos patses da Unidio Europeia” ¢ também jd ndo é muito vulgar e, na al c), fala-se de passaporte e finalmente, a al b) bilhete de Identidade, Quanto & unido europeia, nd sto sé estes, também, por exemplo, o cartito de cidadao. Acresce que 0 disposto no art. 48 vale para paises no pertencentes hé Unido Europeia, Por exemplo: Angola, Mocambique, Brasil, etc.. Quando as pessoas ndo sabem assinar e/ou néio possam, falam-se de impressées digitais - art.° 51°. Ha sempre a possibilidade de pedir a alguém que faca a assinatura por ele mas o notério tem de dizer tudo sobre quem assinar, em termos de identificactio da pessoa, tal como 0 que faz para o outorgante. Ainda quanto a mencBes, o art.° 54° fala de mencBes relativas ao registo predial > Escritura: Em teoria, hd uma fase para a elaboragiio da escritura, Primeiro levam-se os documentos e depois, em teoria, faz-se um rascunho da escritura, ainda que na prdtica ndo seja muito feito, uma vez que jd hé minutas pré-feftas, apenas se altera nome e se inserem cléusulas. Diana Simées e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 A escritura apenas € impressa depois de as partes averiguarem se esté tudo conforme mas na prdtica, raramente as partes Id véo averiguar se hd imprecisdes, a ndio ser que haja alguma coisa relevante, com interesse em que néo haja erro algum. Depois de feita, é suposto ser lida, Muitas vezes, ndo era lide pois limitava-se a questionar se queria ou no que fosse lida, contudo € imposto por lei a leitura, Quando a escritura era feita 4 mao, era feita nos livros, agora, como é feita em computador e, logo em folhas soltas, s mesmas tém de ser numeradas, rubricadas, assinadas e ficar juntas, para que quando formarem um dado volume, sejam encadernadas, Os documentos sto “a e também formam outro livro, denominado mago de documentos. = Em relagdo aos solicitadores ¢ advogados, com documentos particulares autenticados, supostamente tém de ter um arquivo onde guardar os documentos, mas 0 controlo disso néo é feito e néo se pode esquecer que estdo vinculados a todos os deveres dos notdrios, uma vez que estdo no exercicio da actividade notarial. Poderdio surgir problemas com a morte de um solicitador e posterior desaparecimento dos documentos, pelo que, devia haver obrigatoriedade de controlo de existéncia do arquivo. Coloca-se ainda outro grande problema, os notdrios desfuncionarizados ficaram com 0 arquivo antigo ¢ isso dé-lhes jeito por ser uma bolsa de clientes, mas quanto maior for o arquivo, maior terd de ser o espago para o manter e hoje esttio a depositar os livros da escrituras e documentos junto de empresas, que se limitam a guardar documentos. No ano passado ou hd dois anos, aconteceu algo terrivel, uma sociedade de advogados mandou destruir um determinado lote de documentos @ empresa e a empresa destruiu o lote errado que era de um cartério, mas, por sorte, os livros dos macos de documentos permaneceram e conseguiu-se resolver o problema. v¥ Termos de autenticacéo © art.° 150° ¢ sequintes do CN falam de requisitos comuns € requisitos especiais. Uma minuta serve para perceber como se faz um termo de autenticacdo (ver 0 power point), Atencdo, a minuta ndo pode ser como uma escritura porque, quando em causa estd um termo de autenticagéo, 0 documento é particular. Neste deve estar algo como: no dia X, no meu escritério, cito em, perante mim D, advogado, com cédula profissional tal, imitida por, etc. Daf que se tenha dito que o termo de autenticagtio deve ser aposto no final do documento, sendo que se nao den, é anexado, Diana Simées e Paulo Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 Outros documentos sto reconhecimentos de letra ou assinatura ou sé de assinatura: art? 153° CN. Os reconhecimentos simples sdéo sempre presenciais e feitos na presenca da pessoa interessada no termo do reconhecimento. Quando hé mengBes especiais, podem ser presenciais ou por semelhanca, sendo por esta especial "Designa-se por semelhanca o reconhecimento com a mencéo especial relativa 4 qualidade de representante do signatdrio feito por simples confronto da i ste com a assinatura aposta no bilhete de identidade ou documento equivalente” (ver minuta no power poi Os termos tan de ser feitos por via eleeteénica, com uma senha. O art.© 375° do CC determina que, estando reconhecidas as assinaturas, elas tém-se como verdadeiras e € a parte contrdria que tem o snus de provar a falsidade e, nos termos do n°3, 0 reconhecimento por semelhanca ‘salvo disposictio legal em contrério, 0 reconhecimento por semelhanca vale como juizo pericial", Havendo forca especial, compete a outra parte provar que é falsa, Como os termos est&o a ser feitos, algumas vezes sem ser presencialmente e até a distancia, comeca a haver algum risco, por exemplo, em termos de autorizacdo de safda de criangas para o estrangeiro, através de um falso reconhecimento de assinatura, (um acto anulével pode ser reconhecido com termo de autenticacdo e até pode ser feito por escritura, pois a anulabilidade tem de ser arguida por alguns interessados num dado periodo de tempo e pode ser sanada, pelo que rio é motive de recusa, Apenas teré o notdrio de advertir as partes e constar tal adverténcia no documento) Quanto aos requisites do reconhecimento, estdo no art.° 154° ¢ 155° No caso das assinaturas, hé algumas que néo podem ser reconhecidas, nomeadamente com bse no art.° 173° mas, para além destas hipsteses gerais, também as hipsteses do art.° 157° néo podem ser reconhecidas, Num reconhecimento simples, normalmente aparece isto: Ver power point Nulidades dos actos notariais: Esto previstas nos art.© 70° n®,1 e 71°. A especificidade destas nulidades € que todas elas podem ser sanadas, em principio. As previstas no art.° 70° podem ser sanadas, verificando 0 n°2 ¢ as do art.° 71°, n°i e 2 podem ser sanadas verificando-se os requisitos do_n°3, Estas hipéteses de sanagto supdem sempre Diana Sim@es e Paulo Eliseu Registos e Notariado Aulas Teéricas 2012/2013 que haja declaracéo do notdrio ou das partes e que seja feita sob a forma auténtica, Para além desta possibilidade, se ndo se conseguir sanar, ainda se pode revalidar o acto - art.° 73°. Imagine-se que um dos outorgantes néo assinou e néo foi feitaa sanagiio, pois entretanto morreu, entdo, este acto pode ser revalidado pelo art.° 73° e). Dé-se esta possibilidade de revalidacto, porque, por vezes, as pessoas jd ndo podem sanar, é 0 exemplo tipico da morte de uma das partes. Atencio, apesor de estar tudo na lei 8 suposto saber quais séo as causas de hulidade, como é que ocorre a sanacio e a revalidagio, + Sistemas Registais Neste momento, néo se pode dizer, em bom rigor, que existem dois sistemas registais iguais, eles esto todos em evolugtio e € muito complicado tipificar sistemas, Mesmo assim, arriscamos afirmar que os mais tipicos sto: 0 alemdo, 0 francés e 0 austriaco, Quanto a tutela, conseguimos claramente distinguir, pelo menos, dois grandes grupos de sistemas. Hé aqueles que concedem uma fraca protecctio aos terceiros e outros que concedem uma proteccdo forte. O minimo de garantia que qualquer sistema registal assegura é de que um facto sujeito a registo e ndo registado nao pode ser oposto a terceiro (é 0 que estd consagrado do art.° 5° C Regist predial). © terceiro tem, a seguranca de que, se registar o seu fato juridico, rninguém the pode opor um direito incompativel com o dele. Esta proteccto perante factos juridicos sujeitos a registo e ndo registados, em bom rigor, foi a causa do surgimento dos sistemas registais - apareceram todos a partir da 2 metade do sec. XIX - e surgiram porque os direitos reais, (ainda que em alguns paises se admitam registar alguns direitos de crédito), sendo eficazes erga omnes, e ndo sendo publicitados eram muito perigosos para os terceiros que podiam ser afectados, sem terem possibilidade de conhecer se a pessoa jé havia onerado ou alienado o bem a outrem. Ne prética, alguns sistemas decidiram que, impor registo constitutive era a forma de resolver a questdo. Nesse caso, esta proteccdo minima esté mais do que assegurada pois, na generalidade dos casos, néo surge no sistema de registo constitutive a questao da venda a non domino, (Exemplo: A vede uma casa a Be este ndio regista, B ndo adquire o direito, Se A, de seguida vender aC e C registor, este tem a garantia que 0 facto ndio Ihe pode ser oponivel, mas, sendo o registo Diana Simées e Paulo Eliseu

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