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Campinas, 14 de junho de 2010.

Excelentíssimo (a) Desembargador (a),

O curso básico de gestão de pessoas e processos oferecido pelo


Conselho Nacional de Justiça esclareceu o que é competência. Os autores
Durand, Nisembaum e Santos definem competências como “combinações
sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo
desempenho profissional, dentro de determinado contexto ou estratégia
organizacional”.
Os conhecimentos e as habilidades das equipes podem ser
desenvolvidos a custo de iniciativas de capacitação em cada unidade que
compõe a Justiça Especializada da 15ª Região, contudo, as atitudes
individuais nos grupos de trabalho estão diretamente ligadas à estratégia
geral da organização.
As atitudes são formadas por aspectos sociais e afetivos que
levam à consecução de um objetivo: “o querer”.
O Decreto 5.707, de 23.02.2006, institui a Política e as Diretrizes
para o Desenvolvimento de Pessoal da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional. Como objetivo, o Decreto busca viabilizar a
adequação das competências do servidor à realidade da organização. Esse
objetivo indica que a Nova Administração Pública deve orientar-se pela
Gestão por Competências e essas competências nos remetem novamente
ao conhecimento, às habilidades e às atitudes, sendo essa última, repita-se,
o querer.
É evidente que “o querer” dentro de uma relação de emprego tem
limites claros, eis que deveres devem ser cumpridos. No caso do servidor
público federal, tais deveres estão descritos na Lei 8.112/90. No entanto, é
notório que a dedicação dos servidores do quadro do Regional da 15ª
Região supera os claros limites de seus deveres, uma vez que
compreendem a função social do cargo.

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Ressalte-se, inclusive, que não foram raras as oportunidades em
que os Desembargadores externaram agradecimentos ao empenho dos
servidores. Apenas para ilustrar, podemos relembrar que em 20 de fevereiro
de 2009, por ocasião da inauguração das novas instalações do Fórum
Trabalhista de Americana, ao encerrar a cerimônia, o Desembargador
Sotero ressaltou que “a Justiça do Trabalho é hoje a mais bem avaliada
dentre os órgãos do Poder Judiciário e que a 15ª Região se destaca como a
de maior produtividade, apesar de ser a segunda em movimento processual
e do déficit histórico de magistrados e servidores e, ainda, conclui ‘tal
resultado só pode ser devido à alta competência e à dedicação de nossos
quadros. Não há outra resposta’.” (paulinianews.com.br).
A par disso, há uma questão que está causando grande
preocupação nos Diretores de Primeira Instância.
Nos últimos dias, servidores da 15ª Região aderiram ao
movimento paredista deflagrado pela categoria. A paralisação objetiva a
aprovação do novo plano de cargos e salários. Todos sabemos que a greve
implica a suspensão do contrato de emprego, cessando-se a prestação de
serviços, bem como o recebimento dos salários. Todavia, a prática em
outras oportunidades demonstrou que negociações são realizadas para que
sejam mantidos os salários do período, a fim de que os serviços
acumulados sejam realizados.
A partir da decisão do Presidente do C. Tribunal Superior do
Trabalho, a qual determinou o imediato desconto dos dias parados dos
servidores que aderiram ao movimento, o Presidente do TRT 15ª Região
entendeu por bem estender a medida também a este regional.
Compreende-se a legitimidade e a legalidade da medida, mas a
preocupação refere-se aos trabalhos que devem ser desenvolvidos em
primeira instância para o cumprimento das metas estabelecidas no Mapa
Estratégico da Justiça do Trabalho e no Mapa Estratégico deste Regional.
Receia-se que as metas possam ser definitivamente comprometidas.
Causa preocupação a desmotivação que será ocasionada pelo
corte dos salários, o que poderá sepultar definitivamente a postura outrora
ovacionada pelo Excelentíssimo Desembargador Sotero quando da
inauguração do Fórum Trabalhista de Americana. Servidores desmotivados
poderão comprometer a gestão por competências, especialmente no que
pertine às atitudes, uma vez que elas poderão, efetivamente, restringir-se às

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suas obrigações legais, as quais são insuficientes para prestar o bom
atendimento ao cidadão-contribuinte, diante do específico caso deste
Regional de déficit de servidores.
Por fim, observa-se que neste exato momento, mais uma vez a
dedicação dos servidores está sendo conclamada, pelo que se infere das
palavras da Excelentíssima Juíza Luciane Storel, atual gestora da Meta 3 da
Corregedoria Regional: “Certamente, todas essas estratégias e medidas
não poderão ser alcançadas sem o bom trabalho sempre desenvolvido
pelos juízes e servidores deste Regional, o que o tem levado a destaque
nacional, pela sua qualidade e excelência, fatores que a Corregedoria
Regional pretende conservar e aprimorar até o final desta gestão.”
(trt15.jus.br).
Essas são as considerações dos Diretores de Primeira Instância,
que buscam apenas melhorar a comunicação com os Desembargadores,
apontando a realidade que se lhes apresenta.

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