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ISSN: 1646-3137
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Capítulo III
Vivemos num tempo maluco em que a informação
é tão rápida que exige explicação instantânea
e tão superficial que qualquer explicação serve.
Definida como mercadoria, tanto por teóricos como Habermas quanto por grandes
empresas jornalísticas como a Folha de S. Paulo, a notícia não fugiria à regra:
esconde o processo pelo qual foi produzida e vende mais do que a informação ali
apresentada. Vende também, e principalmente, a ideologia da velocidade.
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primeira mão”), até aqui analisado em cada uma de suas partes. A junção pretende
provocar o choque dos dois termos desse postulado e comprovar a hipótese
principal deste trabalho - a de que a velocidade é consumida como fetiche, pois
“chegar na frente” torna-se mais importante do que “dizer a verdade”: a estrutura
industrial da empresa jornalística está montada para atender a essa lógica.
Notícia e fetiche
Marcondes Filho parte, assim, dos conceitos de valor de uso e valor de troca,
clássicos no marxismo, observando que, com razão, Marx privilegiou em sua teoria
o valor de troca, em torno do qual se manifestavam as determinações econômicas
fundamentais, representativas do modo de organização da sociedade burguesa.
Com isso, porém, foi relegada a segundo plano a análise da importância e do
sentido do valor de uso das criações e produções humanas transformadas em
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Adelmo Genro Filho realizou uma boa crítica desses pressupostos recorrendo à
perspectiva dialética que está no cerne da teoria crítica marxista, segundo a qual “o
velho traz em si o germe do novo” e, portanto, as necessidades criadas pelo sistema
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É claro que todas essas reflexões se dão num contexto datado, no qual ainda se
vislumbrava, embora a duras penas, a perspectiva da via socialista como superação
do capitalismo. A queda do muro de Berlim, o fim da URSS, a guerra nos Bálcãs e
tantos outros acontecimentos da virada dos anos 80 para os 90 ajudaram a
sedimentar o “pensamento único” neoliberal de tal forma que esse tipo de
elaboração teórica parece anacrônico e sem sentido. Certamente não é, porque toca
em questões centrais do modo de produção e da fabricação de bens simbólicos
postos no mercado, embora deva-se ressalvar que as alternativas propostas
precisam ser reconsideradas em função das transformações pelas quais o mundo
passou na última década.
É por isso que faz sentido retomar a crítica marxista e, com ela, o conceito de
fetiche. No percurso trilhado até aqui, salientamos que os questionamentos ao
“beco sem saída” para o qual aponta a análise de Marcondes Filho não devem
desmerecer a precisão de seus argumentos sobre o processo de fetichização na
informação jornalística.
Pois, diz ele, a idéia de fragmentação e reificação diz respeito ao conteúdo e não
apenas à forma. Inexplicavelmente, o autor parece esquecer por um momento a
concepção dialética na qual baseia toda a sua formulação teórica, pois forma e
conteúdo não existem separadamente. Além disso, parece conferir uma excessiva
ênfase nas potencialidades das novas técnicas do jornalismo e na força
esclarecedora dos fatos que são dados à luz.
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A velocidade auto-valorizada
Como disse Mattelart, a comunicação serve, antes de mais nada, para fazer a
guerra. E é fundamentalmente a guerra o tema de estudo de Paul Virilio: a guerra e
sua lógica, suas relações com a política e a velocidade. O tom de seus textos é
claramente apocalíptico, o que justifica críticas como a de Antonio Negri,
condenando, embora sem citar nomes, o que chama de “concepção terrorista da
mídia”:
A consequência seria o imobilismo diante de uma situação sem saída, “uma visão
reificada e intransitiva da vida política que se traduz por: não se pode fazer nada!
Impossível escapar a essa escravidão!”, confirmando-se assim a sacralidade do
poder “nessa novíssima modernidade” [220] .
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O problema é a conclusão que Virilio extrai daí: segundo ele, uma vez que o advento
limitado da revolução dos transportes dá lugar ao advento generalizado da
revolução das transmissões instantâneas, a teoria da informação (a informática)
suplantaria a física. Assim,
Estaríamos então realmente no beco sem saída a que se referiu Negri. Mas pode-se
ver essa abordagem por outro lado e perceber aí a conformação do fetiche, ponto
de partida para um questionamento mais profundo do atual estado de coisas: a
informação não quer dizer nada, existe por si. Virilio praticamente explicita essa
idéia páginas adiante, associando-a exatamente à atividade jornalística:
Não por outro motivo o autor criou o neologismo “dromologia” (variante do grego
dromos, relativo à idéia de corrida, curso, marcha) para apontar a lógica das
sociedades pós-modernas. Laymert Garcia dos Santos diz que essa lógica “toma
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como referência absoluta, como equivalente geral, não mais a riqueza, mas a
velocidade”, que “vai se afirmando como idéia pura e sem conteúdo, como puro
valor, que ameaça ultrapassar até mesmo o valor do capital” [224] . A metáfora
permite reafirmar a idéia de fetiche - pois, afinal, esta é a própria lógica do capital
nos tempos atuais, embora apareça descolada dele: é através da velocidade que o
capital se realiza no “espaço de fluxos” do mercado financeiro global.
Se ser é estar excitado, ser vivo é ser velocidade, uma velocidade metabólica que a
tecnologia se dedica a aumentar e aperfeiçoar, como soube fazer para as espécies
animais [227] .
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Precipitações como essa são ainda mais antigas, e algumas delas entraram para o
anedotário do jornalismo: a reação de Mark Twain ao ler seu próprio obituário no
jornal, em 2 de junho de 1897. Com a ironia que o caracterizava, ele reclamou à
Associated Press: “A notícia sobre a minha morte foi muito exagerada”.
Mas o “perigoso jogo dos prognósticos” a que se refere Virilio tem alcance mais
amplo:
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O tempo do mercado financeiro dita a regra que pode ser sintetizada na expressão
rush or perish - a rapidez é a condição da sobrevivência, sem que, entretanto, se
saiba em que sentido é preciso ser rápido. O abalo provocado pelo jogo especulativo
de um operador do banco Barings, em 95, e a chamada “crise asiática” de 97, são
dois exemplos recentes das consequências a que pode chegar um sistema em que
num segundo fortunas são feitas ou perdidas.
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A informação instantânea
De tais rotinas resulta um material noticioso bem específico: para cumprir a meta
de cinco notas por saída - e assim compensar com volume de notícias a perda de
tempo no trânsito - o repórter on line aprende a desmembrar uma mesma
informação. Isso
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É um ritmo comparável ao das antigas agências que, pelo telex, enviavam notas “do
mundo todo” aos jornais, com a considerável diferença de que, então, o jornal
reuniria aquele material para depois processar a informação, e agora a relação é
diretamente com o público.
Não é preciso dizer que esse processo facilita o controle das fontes sobre o
noticiário e as possibilidades de utilizá-lo para lançar, com mais frequência e
eficácia do que já ocorre nos veículos impressos, os chamados “balões de ensaio” -
informações fabricadas especialmente para testar a reação do público diante da
hipótese de ocorrência daquele fato, apresentado, entretanto, como verdadeiro ou
já consumado.
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Não é difícil perceber que, num caso desses, não há a menor possibilidade de
questionamento: o que a fonte disser será publicado.
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No artigo, que recebeu o título “Tudo igual ponto com” e saiu no dia 16 de abril de
2000, Renata diz que quem procurou novidades sobre o caso na internet
“encontrou menos conteúdo do que a propaganda do novo meio permitia esperar”:
Entre outras coisas, a pesquisa constatou que 25% das páginas analisadas não
traziam material próprio, limitando-se a reproduzir despachos de agências e
conteúdo de outros meios, e também 25% não ofereciam nenhum elemento
interativo - resultado mais supreendente ainda porque a totalidade desse
percentual era de sites exclusivos do novo meio, e não de serviços vinculados a
jornais impressos.
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O episódio também revelou o conflito entre a luta pelo respeito ao conceito clássico
de cidadania e o caráter lúdico que a política assume na sociedade do espetáculo - e
que o “tempo real” ajuda a exacerbar. Uma foto da Reuters publicada em 10 de
novembro é exemplar: em manifestação a favor da recontagem dos votos, uma
mulher exibe cartaz em que se lê: “This is not a game! This is our nation’s future!
Let us be responsible!”. De fato, uma decisão tão importante não deveria ser um
jogo. No entanto, para a mídia, não era outra coisa: a enxurrada de matérias só via
vantagens na informação instantânea, vibrando com o recorde de público
acompanhando o resultado pela internet (por exemplo, a cnn.com, que tem em
média 30 milhões de visitas por dia, registrou 10 milhões de acessos por hora) e
louvando a agilidade dos meios. Em 8 de novembro, o Los Angeles Times anunciava:
“Eleitores americanos terão todas as notícias todo o tempo”. O texto terminava
assim:
Para os que encaram a eleição como uma contenda, a ABC News está
oferecendo em seu site [abcnews.com] o “desafio da eleição americana”,
incorporando um de seus mais populares programas de esporte online. O
‘acerte o jogo do analista’ permite aos espectadores fazer suas próprias
previsões. Os integrantes da família e amigos por todo o país podem
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A rotina da velocidade
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Com a incorporação dos serviços on line pelos grandes jornais, a sobrecarga é ainda
maior. Assim, a vantagem que o repórter de jornal impresso poderia ter em relação
ao que trabalha em meios eletrônicos desaparece: se antes havia condições de
retornar à redação para redigir a matéria até o horário de fechamento, hoje é
preciso fornecer flashes para o serviço “em tempo real” do jornal e, quando for o
caso, também para boletins radiofônicos, como ocorre no jornal carioca O Globo.
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palavra que define agora o que os repórteres devem produzir para se adaptar a
todos os veículos da empresa. Klinenberg anota a influência dessa mudança para os
rumos da atividade jornalística:
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cumprimento de prazos: “De nada adianta uma excelente edição se poucas pessoas
a lêem” [241] . É interessante notar que não há ressalva em sentido oposto (algo
como “de nada adianta chegar na frente com informações imprecisas, incompletas,
incorretas, etc., etc.”).
Por volta das 3h30 do dia 17 de janeiro de 1991, fui acordado por
telefone, no hotel em que estava hospedado em Dahran, aquela monótona
e moderna cidade saudita que continha a maior base aérea norte-
americana no golfo pérsico. Era o The Independent, ligando de Londres
para me informar que a CNN acabava de informar de Bagdá que bombas
estavam caindo sobre a cidade e que a guerra do Golfo havia começado.
Eu me vi confrontado com um vácuo. O que eu poderia informar da
Arábia Saudita, nos primeiros minutos da guerra, quando o irromper das
hostilidades já estava sendo transmitido ao vivo de Bagdá pela CNN? Eu
me recordo que naqueles instantes sofri uma sensação quase física de
choque, quando compreendi que os velhos dias do jornalismo impresso
haviam desaparecido para sempre.
Quanto tempo eu passei durante a década e meia anterior no Oriente
Médio, perpetuando a escola de jornalismo tipo “segura a primeira página
que tá chegando coisa nova”? Em Beirute e Cabul, nas frentes de batalha
entre Irã e Iraque, no Egito e na Síria, eu consertei telefones, persuadindo
telefonistas e, algumas vezes, devo confessar, até mesmo perpetrando
ataques físicos contra aparelhos de telex, para me ligar com Londres,
para derramar de um bloco de anotações, à luz de lâmpadas movidas a
geradores, minha prosa dramática sobre revoltas ou invasões. Eu estava
reportando notícias.
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Tudo isso ficou no passado. Aquele telefonema simbolizou para mim o que
os jornalistas da imprensa escrita já compreenderam há muito tempo,
mas em muitos casos se recusam a aceitar: a necessidade urgente,
imperativa, de redefinir nosso papel, de nos libertarmos da tarefa quase
exclusiva de registrar acontecimentos, herdada dos jornais das décadas
de 20 e 30, e embarcarmos numa nova tradição de jornalismo. Pois a
cobertura televisiva ao vivo não apenas suplantou nossa antiga tarefa: ela
tornou a reportagem de notícias ainda mais suscetível à manipulação. Os
governos podem controlar as câmeras e equipes de TV mais facilmente do
que podem controlar repórteres de jornais. Assim, eles conseguem
“controlar” os acontecimentos que viram notícia, da mesma forma que
quase conseguiram “controlar” a guerra do Golfo [242] .
A tradição de que fala o jornalista não é propriamente nova (aliás, da forma pela
qual é mencionada, nem poderia ser: tratar-se-ia de algo a ser inaugurado, o que,
por definição, invalidaria a possibilidade de já ser “tradição”). Na verdade, Fisk se
refere a uma velha tradição de jornalismo analítico, que, segundo ele, deveria
tornar-se a razão de ser do jornalismo impresso, dada a existência dos outros meios
mais habilitados a divulgar a informação urgente.
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Essas coisas acontecem. Você tem pressa. Você tem que competir. E às vezes você
simplesmente comete um erro [244] .
Mais importante que perceber como o erro pode ser facilitado pela competição é
ver como essa disputa favorece o alarme em vez do esclarecimento, como no
exemplo a seguir:
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Nós fomos criticados pela cobertura que fizemos do atentado contra Reagan porque
divulgamos alguns dados incorretos e porque continuamos a transmitir apesar das
informações serem relativamente escassas.
Dois pontos: nós tínhamos que continuar transmitindo. Alguém havia atirado no
presidente. Algumas das pessoas que o cercavam tinham sido atingidas. Em tais
circunstâncias, não se pode deixar de transmitir.
Mas então nós dissemos que o presidente não havia sido ferido. Isto
provou-se ser um erro. O que fazer? A resposta é que esta informação veio
da Casa Branca. Nós não a inventamos. Depois veio o anúncio de que
James Brady, o secretário de imprensa da Casa Branca, havia morrido.
Novamente, a primeira notícia veio de alguém da Casa Branca. Nós não
tínhamos outra escolha a não ser divulgá-la [247] .
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Como e por que alguns repórteres conseguem prestígio a ponto de obter esse
“privilégio” de poder trabalhar corretamente enquanto a maioria se desdobra em
várias pautas por dia é um assunto que merece pesquisa específica e foge aos
objetivos deste trabalho. Importa aqui o depoimento, que dá conta de uma
realidade dura. Mas importa igualmente perceber que a subordinação à palavra da
autoridade raramente é inocente: em geral a urgência surge como justificativa para
isentar a imprensa de responsabilidade ou mesmo conivência na divulgação de
notícias sem fundamento, atribuindo-se toda a responsabilidade à fonte,
especialmente se oficial. Ao tratar da fabricação das ondas de violência no Rio de
Janeiro, Janio de Freitas resume num artigo de um quarto de página de jornal essa
coincidência de interesses num momento político determinado:
Você soube pelos jornais que bandidos atacaram uma delegacia. Cujos
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Estes, diz Janio, foram “os fatos, ou as notícias, que levaram às televisões e às
manchetes a iminência da intervenção federal no Rio, do estado de sítio, do estado
de defesa”. O articulista informa que durante três dias procurou localizar, entre as
autoridades, a origem daquela proposta. E concluiu: “Não se localiza a proposta
senão nas televisões e nas manchetes”.
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Fatos programados (os arrastões com hora certa de começar, encenados para
câmeras providencialmente a postos) ou simplesmente inventados (os assaltos em
túneis), além de boatos que rendem consequências práticas de inegável impacto
visual: “informada” por uma fonte oficial (a polícia), a imprensa dissemina o pânico
e cria a situação propícia para a proposta da intervenção. E pode mascarar seus
interesses (no caso, a campanha contra um determinado governador de estado)
apelando para argumentos técnicos: as rotinas de produção e a idéia, sacralizada no
meio profissional, que toma a urgência como definidora da atividade jornalística.
Schudson diria falaciosa uma afirmação desse tipo. Ao perguntar-se “por que essa
ênfase em obter a matéria minutos ou segundos mais rápido que o concorrente
deveria ser tão engrandecedor do jornalismo”, ele indica que os jornais, antes de se
preocuparem com o seu público, preocupam-se com os concorrentes [253] . Daí o
“fetichismo do presente” em que vivem os jornalistas. No entanto, o autor considera
esta uma situação típica do jornalismo americano, que não se reproduziria
obrigatoriamente, nem com a mesma intensidade, em outros modelos de
jornalismo.
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à incompetência ou à má fé.
A situação pode ser ilustrada por uma tira humorística de Wiley na série Non
sequitur, republicada pelo Globo, que mostra o réu perplexo no tribunal, paralisado
diante de uma roleta na qual se alternam as sentenças “culpado” ou “inocente”.
Observando a cena, o juiz comenta: “Qual é o problema? Não foi você mesmo quem
fez questão de um julgamento rápido?” (anexo 16).
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O “mimetismo midiático”
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Uma superinformação que leva à cegueira pelo excesso de luz, como na epidemia
que Saramago imaginou, na qual, aos poucos, todos passavam a ver “tudo branco”;
é o “mito da transparência” que orienta o trabalho jornalístico, no dizer de
Marcondes Filho:
Tudo deve ser exposto até se queimar. Como nas antigas películas de
cinema ou nos projetores de slides sem sistema de refrigeração, a
exposição excessiva de um diagrama queima o filme, fazendo-o
desaparecer. No jornalismo, a exposição, depois a superexposição de
pessoas, fatos, acontecimentos, provoca um processo social de “queima”
do fato, na medida em que as notícias excessivamente veiculadas
tornam-se inócuas, não provocam mais nenhum efeito, conduzem ao seu
total esquecimento. O excesso é a forma mais eficiente de extermínio da
coisa e de seu total apagamento da memória [257] .
Toda denúncia começa com uma acusação e com indícios - que devem servir como
ponto de partida para o trabalho sério, de apuração dos fatos e recolhimento de
provas.
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Nassif considera tais práticas um desvio na conduta profissional, e não uma regra
que se consolida pela própria lógica do sistema de produção. A repetição do
número de casos “desviantes” (alguns dos quais, inclusive, recompensados com
prêmios de reportagem, como ele reconhece) deveria indicar que o problema
apontado é estrutural. O mais importante, porém, é a conclusão a que o jornalista
chega, após destacar a série de matérias de Mônica Bergamo, da Folha, como um
exemplo de investigação jornalística: a partir das denúncias que recebeu sobre
corrupção no DNER, a repórter reuniu um conjunto de indícios suficiente para
derrubar o próprio ministro dos Transportes. Segundo Nassif, o caso só não teve
mais desdobramentos - como a demissão do ministro - “pela absoluta
insensibilidade do governo e porque, dentro de um conjunto de denúncias
inconsistentes, as denúncias bem apuradas acabam se diluindo” [261] . Pois o
aluvião de denúncias tem esse efeito narcotizante: banaliza-se o escândalo, de modo
que já não se distingue o que é importante e pode ter graves consequências do que
é periférico ou simplesmente exagerado.
Ramonet mostra que, nesse contexto, entra em xeque a noção de informação com a
qual o jornalismo trabalhava tradicionalmente - aquela de dar “a verdade sobre os
fatos”:
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Nesse lamento, salta aos olhos a nostalgia dos “bons velhos tempos” em que a
profissão (em todo caso, a parte digna da profissão, pois jamais se considera aí o
repórter sensacionalista) era privilégio de poucos. Associação perversa e
francamente elitista, cuja contrapartida evidente é condenar a democratização do
acesso como vulgarização degenerada. Aliás, em toda a sua argumentação, o
próprio Ramonet deixa transparecer essa nostalgia de uma “idade do ouro” do
jornalismo, de duvidosa existência mas, de todo modo, naturalmente identificada
com o jornal impresso, e um tipo de jornal impresso muito bem definido - não fosse
ele o editor do respeitado Le Monde Diplomatique. Talvez por isso incorra no
equívoco típico de considerar a possibilidade da existência de um jornalismo ideal -
associado à noção de “quarto poder” - fora de suas condições concretas de
produção. Assim, acusa o “grande esquema industrial concebido pelos donos das
empresas de lazer” no qual “a informação é antes de tudo considerada como uma
mercadoria, e que este caráter prevalece, de longe, sobre a missão fundamental da
mídia: esclarecer e enriquecer o debate democrático” [266] .
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e na próxima meia hora sigo caminhando pela rua vivendo esses dois tempos, o
momento presente e meu tempo de criança, as lembranças dos jornais da época e
da lenda em torno do inimigo público número um...
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Renata pôde constatar também o mimetismo a que se refere Ramonet: ela viu que,
na Folha de S. Paulo, a repórter que cobriu o evento para o serviço eletrônico do
jornal (destinado a assinantes) informava corretamente sobre as declarações do
ministro, nada bombásticas. Mas, no início da tarde, o jornal on line da Folha, um
serviço aberto, optou pela “recortagem”, decidindo bancar o que leu e ouviu em
outros veículos. “Apesar de ressaltar que não queria se intrometer em questões
internas do país vizinho, (o ministro) acabou defendendo o fim da paridade”.
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Do episódio, Renata conclui que “informar com rapidez não pode ser igual a
desinformar”. De fato - e mais uma vez, aí, fica evidente a contradição entre os
princípios norteadores da profissão e a estrutura de um sistema em que tudo
acontece muito rápido. A concorrência, a necessidade de ser o primeiro e o mais
espetacular - com o consequente aumento de receita publicitária - leva ao paradoxo
apontado por Bernard Langlois: “quanto mais se comunica, menos se informa,
portanto mais se desinforma” [276] .
Luiz Fernando Veríssimo sintetizou essa imagem num desenho de uma série
publicitária para a Rede Globo: um alpinista chegando exausto ao monte Everest,
uma conquista supostamente inédita, salvo pela presença, já no cume da montanha,
de um cinegrafista e um repórter da emissora, apontando para ele o microfone e a
câmera. O verdadeiro protagonista, portanto, é a mídia. Tem-se aí novamente o
fetiche: “trata-se de demonstrar que a máquina ‘comunica’, e não que ela informa”
[278] .
É por isso que Ramonet pode dizer que “a verdade que conta é a verdade
midiática”. Não no sentido de que, afinal de contas, sempre foi assim - dada a
mediação própria do trabalho jornalístico, a transformação de fatos em notícias,
sua inserção num contexto determinado no espaço do jornal -, mas no sentido do
mimetismo ao qual o autor se refere.
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O famoso caso da repórter Janet Cooke, que teve de devolver o prêmio Pulitzer
depois de se comprovar falsa a sua “reportagem” inventando um menino de 8 anos
viciado em heroína, demonstra a capacidade do sistema para transformar tudo em
positividade espetacular. Renato Pompeu conta que o repórter Mike Sager recebeu
760 mil dólares de uma produtora de cinema para publicar matéria sobre a
jornalista.
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própria Janet Cooke, para que esta lhe desse uma entrevista - de forma
que a jornalista se tornou uma quase milionária por revelar como inventou
a falsidade que publicou [281] .
No Brasil, o caso Escola Base assombra a imprensa como um dos mais graves erros
jornalísticos já cometidos, mas nem por isso serviu para mudar a rotina: as
denúncias infundadas daquelas duas mães de alunos foram ao ar em março de 94,
provocando a prisão do casal proprietário da escola e de outros supostos envolvidos
no também suposto crime. A inocência dos acusados foi provada e o caso passou a
ser referido como uma lição para o jornalismo. Isso não impediu que, em outubro
de 95, os jornais repetissem a fórmula, alardeando na capa as fotos e denúncias
contra um ex-funcionário do Itamarati acusado de enviar uma carta-bomba ao
ministério das Relações Exteriores. Em agosto do ano seguinte, também ficou
famoso o caso do bar Bodega, onde, após um assalto, dois clientes foram
assassinados. A imprensa destacou a versão oficial: a prisão e confissão de um
grupo de jovens negros e pobres (dos quais apenas um com passagem pela polícia).
Pouco depois, comprovou-se que as confissões foram obtidas sob tortura. Em julho
de 97, a mesma rotina em outro caso exemplar: a explosão num avião da TAM,
resultando na queda e morte de um passageiro, levou à exposição do professor
Leonardo Castro como suspeito pelo que já se considerava um atentado. E assim
prosseguiríamos indefinidamente.
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enquanto estão na universidade, porque, quando forem trabalhar em jornal, não vão
ter mais tempo para isso”. O jornalista diz a frase displicentemente, em meio a
conselhos e relatos de causos interessantes e aventuras apaixonantes.
Previsivelmente, ri de si mesmo e provoca risos na platéia de alunos, sem que
ninguém pergunte, afinal de contas, de que adiantaria “pensar” na universidade, se
de todo modo não haverá tempo para isso quando se estiver exercendo a profissão.
Nem, muito menos, como é possível admitir que o jornalista possa desempenhar
suas funções se não tem tempo para pensar.
Aliás, uma propaganda de O Globo veiculada pela TV em meados dos anos 80 exibe
exemplarmente esse sentido de utilidade pública, apresentada por um ator que vai
se transformando em vários personagens (executivo, jovem hippie, piloto de
automóveis, cantor, atleta, etc.) conforme a alteração computadorizada das roupas
e do cabelo que usa, indicando a diversidade do público do jornal:
Um jornal não pode se limitar à publicação das principais notícias. Tem que ver,
mostrar tudo. Mais do que isso, tem que analisar as causas e consequências de cada
notícia. Pensando bem, um jornal não se faz só de notícia. Se faz de pensamento.
Registra diariamente a evolução das idéias, hábitos e costumes. Um jornal é a
história de seu tempo.
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Na verdade, esse “não pensar” revela uma forma muito particular de pensar por
estereótipos, que se traduz em inúmeros exemplos observáveis sem qualquer
esforço todos os dias, em todas as editorias de todos os grandes jornais. Podem ser
percebidos na orientação da cobertura das questões da educação voltada para sua
sintonia com o mercado (a “educação para o trabalho”), levando-nos a achar muito
natural que seja esta a função principal da educação, ou que um jovem de classe
média possa dedicar-se exclusivamente aos estudos, enquanto o pobre deva
acumular o estudo com o trabalho. Ou, ainda, que sejam viáveis os projetos de
“ressocialização” de jovens delinquentes através de sua “reintegração” à escola, sem
que se imagine que o problema não está no jovem, mas na escola que não o
absorveu nem conseguiu mantê-lo.
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Caberia, porém, uma ressalva: não são os temas que são simples ou não; a rigor - e
como demonstramos nos exemplos acima -, todas as notícias poderiam ser
exploradas em sua complexidade. Fatos criminais, jornalísticos por excelência - pois
representam o desvio mais ou menos violento à norma - poderiam ser abordados no
seu potencial crítico a essa mesma norma, pois “o desviante não é aquele que lê a
norma diferentemente, mas é o que lê na norma aquilo que ela quer ocultar” [284]
. No entanto, os conflitos são simplificados a partir dos estereótipos (“bandidos”
versus “cidadãos de bem”), reproduzindo o senso comum a respeito e deixando
ilesa a estrutura radicalmente segregadora e violenta da própria sociedade que
produz o crime.
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Andam dizendo que tal instituição vai quebrar. Sim, é verdade, andam
dizendo aquilo. Mas será verdade o que andam dizendo? Ou é verdade que
andam dizendo mentiras? [287]
Nem, tampouco, seria imaginável uma pergunta como a do então prefeito Negrão
de Lima, relatada com humor por Carlos Heitor Cony:
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Mas foi o episódio Clinton-Monica Lewinsky que trouxe elementos mais fortes para
o questionamento dessa mediação, a partir da iniciativa de Matt Drudge, que se
qualificava como “um homem multimídia” interessado em fazer tudo por si próprio:
“pode-se dizer o que se quer, tocar numa tecla e aí está. Seria estúpido renunciar a
isto” [290] .
Tudo começou quando um certo Matt Drudge enviou pelo seu site na
internet, The Drudge Report, o conteúdo das conversas telefônicas
gravadas pela amiga-denunciante de Monica Lewinsky, Linda Tripp. A
revista Newsweek havia hesitado em difundir essas conversas, pedindo
mais um tempo para verificar a informação, precaução que o próprio Matt
Drudge não tomou. De modo que a irrupção da notícia na esfera da
internet enlouqueceu a imprensa escrita, que, para entrar na corrida,
pôs-se a cercar por todos os lados os furos de reportagem (scoops) com
um único objetivo em mente: não se deixar distanciar pela internet [291] .
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Seymour Topping, editor do The New York Times, afirma porém que existe aí uma
confusão, pois informação não é sinônimo de notícia.
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François Brune acrescenta que esse sistema revela uma forma muito sutil de
controle da opinião pública sob a aparência de um convite à participação
democrática, pois “sonda-se o público sobre o que lhe foi mostrado, não sobre o que
lhe foi escondido. Controlar a opinião pública é controlar o real sobre o qual ela é
instada a reagir” [301] .
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Grã-Bretanha, de acordo com uma pesquisa de 1985 do Pew Research Center, que
tomava como critério as referências clássicas de objetividade e exatidão.
Certamente não será o caso de retomar esses conceitos tais como foram formulados
originalmente, mesmo porque a análise desenvolvida aqui permite mostrar o quanto
eles são precários. Mas é inevitável sublinhar o papel decisivo do jornalismo como
prática de mediação discursiva: é através dela que podemos tomar conhecimento do
que ocorre no mundo. O ponto de partida, portanto, é a recuperação da
importância do jornalista como mediador, como parte da recuperação do próprio
sentido político de mediação.
[212] Cf. Karl Marx e Fredrich Engels. “El carácter fetichista de la mercancía y su
secreto”. El Capital, tomo I, vol. 1, Mexico, Siglo XXI, 1978.
[215] Jean Baudrillard. Por uma economia política do signo, apud Marcondes Filho,
op. cit., p. 30.
[216] Coletivo de autores “imprensa”, apud Marcondes Filho, op. cit., p 32.
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[224] Laymert Garcia dos Santos, prefácio a Paul Virilio, Velocidade e política. São
Paulo, Estação Liberdade, 1996, p. 10-11.
[225] John von Neumann, L’ordinateur et le cerveau, apud. Virilio, op. cit., p. 119.
[234] Ricardo Kotscho, A prática da reportagem. São Paulo, Ática, 1986; Gilberto
Dimenstein e Ricardo Kotscho. A aventura da reportagem. São Paulo, Summus,
1990; Clóvis Rossi, O que é jornalismo?, op. cit., e Vale a pena ser jornalista?. São
Paulo, Moderna, 1987.
[239] Sérgio Augusto, in Geraldinho Vieira. Complexo de Clark Kent - são super-
homens os jornalistas? São Paulo, Summus, 1988.
[242] Robert Fisk. “TV mostrou e perdeu a guerra do Golfo”. in Folha de S. Paulo,
especial (multimídia), 19 de janeiro de 1992, p. 1.
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[248] Cf., por exemplo, Edward Herman & Noam Chomsky. Manufacturing consent
- the political economy of the mass media. New York, Pantheon, 1988.
[249] Michael Schudson. “When? Deadlines, datelines, and history”. in Robert Karl
Manofff e Michael Schudson. Reading the news. New York, Pantheon Books, 1986,
p. 81.
[250] Caco Barcellos, entrevista à revista Caros Amigos, nº 2, maio de 1997, p. 19.
[251] Janio de Freitas. “As ondas do Rio”. Folha de S. Paulo, 30 de outubro de 1994.
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[274] Alfredo Boneff de Pina. Beijo sem língua no asfalto! Volúpia pelo furo deu
barriga! Projeto experimental em jornalismo. IACS/UFF, Niterói, setembro de 1997.
[282] Marilena Chauí. Convite à filosofia. São Paulo, Ática, 1994, p. 18.
[285] Terry Eagleton. A ideologia da estética. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1993, p.
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1993.
[295] Paulo Vaz. “Na velocidade da mídia”. Jornal do Brasil, caderno Idéias, 10 de
junho de 2000, p. 6.
[300] Jean-Marie Piemme. "La télévision comme on la parle", 1978, apud Mattelart,
Comunicação-mundo, op. cit., p. 281-282.
[301] François Brune. “De la soumission dans les têtes”. Le Monde Diplomatique,
abril 2000, p. 26.
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