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Ex.ma Sr.

ª Ministra da Educação
C/c ao Ex.mo Sr. Director Regional de Educação do Norte
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Braga
À Comissão de Educação da Assembleia da República
Ao Conselho Nacional de Educação

O Conselho Geral do Agrupamento de Escolas de Nogueira,


Braga, em reunião extraordinária no dia 22 de Junho, para
apreciação da Resolução de Conselho de Ministros N.º44/2010,
solidariza-se com a posição assumida pelos Directores dos
Agrupamentos de Escolas e Escolas Não Agrupadas do Concelho
de Braga.
É razão fundamental para esta tomada de posição, o modo
como a administração central iniciou o processo, de forma
precipitada e pouco clara, sem auscultação das comunidades
educativas e considera que é necessária uma reflexão mais
profunda e alargada acerca da implementação desta Resolução,
exigindo-se, para o efeito, a obtenção de pareceres junto dos
órgãos de direcção e gestão de cada organização educativa.

O reordenamento da Rede Escolar do Ensino Básico e


Secundário, proposto nesta Resolução, pretende garantir três
objectivos:

• Adaptar a rede escolar à escolaridade obrigatória de


12 anos;
• Adequar a dimensão e as condições das escolas à
promoção do sucesso escolar e ao combate ao
abandono;
• Promover a racionalização dos agrupamentos de
escolas de forma a favorecer o desenvolvimento de
um projectivo educativo comum, articulando níveis e
ciclos de ensino distintos.

A obrigatoriedade de um percurso limitado às opções do


respectivo agrupamento vertical põe em causa a livre opção do
percurso formativo dos jovens no quadro do ensino secundário;
A inexistência de obrigatoriedade de uma sequencialidade no
quadro do mesmo agrupamento põe em causa o fundamento
estruturante da Resolução.
Relativamente ao segundo objectivo, considerou-se que não
existem estudos comprovativos da relação entre organizações
educativas de grande dimensão e um maior sucesso educativo.
Os estudos apontam em sentido exactamente oposto.
A diversidade da oferta formativa contemplada no Ensino
Secundário contraria a possibilidade de uma sequencialidade
obrigatória no âmbito de um mesmo Agrupamento;
No referente ao terceiro objectivo, será conveniente assinalar
que a construção de projectos educativos, a serem substantivos
em matéria de formação, têm de ser o resultado de uma
construção participada pelos diferentes agentes educativos,
espelhos de identidades construídas consensualmente e jamais
impostos superiormente e aplicados em mega-organizações.

Assim entendemos que:

• O objectivo não é, de modo algum, aumentar a qualidade


da Educação mas apenas embaratecê-la.
• No plano pedagógico, haverá sérios constrangimentos à
boa organização e funcionamento dos futuros
agrupamentos de enorme dimensão e das suas estruturas
organizacionais intermédias (Conselho Pedagógico,
Departamentos e outros.)

Relativamente ao processo como estão a ser constituídos


afirmamos ainda:

• A eventual irregularidade e ilegitimidade de uma decisão


tomada à revelia dos Conselhos Gerais que, segundo o
Decreto-Lei de aprovação e regulamentação da sua
actividade enquanto órgão de direcção estratégica do
Agrupamento, deverá ser consultado e informado,
atendendo ao impacto que a mesma tem na comunidade
escolar e educativa;

• A imposição das medidas às escolas sem a prévia


auscultação das respectivas comunidades educativas,
nomeadamente do Conselho Geral, contrariando um dos
requisitos necessários para a constituição dos
Agrupamentos Escolares, definidos no Decreto
Regulamentar n.º 12/2000, de 29 de Agosto, de acordo
com o qual “a iniciativa para a constituição de um
Agrupamento de Escolas cabe à respectiva comunidade
educativa, através dos órgãos de administração e gestão
dos estabelecimentos interessados”;

• O facto de órgãos eleitos (o Conselho Geral e as Direcções)


há pouco mais de um ano e por um período de quatro anos
verem os seus mandatos e tarefas abruptamente
interrompidos, questionando-se sobre a legalidade deste
processo.

Assim, sendo os Conselhos Gerais o espelho de cada


comunidade educativa e os órgãos responsáveis por
mandatar os Directores e acompanhar os respectivos
projectos de intervenção, entendemos que deve ser solicitado
a aos Conselhos Gerais o respectivo parecer sobre a eventual
proposta de reordenamento.
Este Agrupamento tem um rosto e uma identidade, os seus
Documentos Estruturantes foram criados à luz dessa
identidade e é essa identidade que queremos manter, para de
forma humanizada e gerida com proximidade caminharmos
no sentido de uma efectiva melhoria do sucesso dos alunos
da Comunidade Educativa que democraticamente
representamos.

Este parecer foi aprovado por unanimidade.

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