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DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
ACADÊMICA: __________________
ENFERMAGEM OBSTÉTRICA
PROFESSORA: _____________________
ACIDENTES PLACENTÁRIOS
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É importante que qualquer gestante com sangramento durante o terceiro trimestre
seja internada para avaliação. Se o feto é imaturo, o trabalho de parto não começou e o
sangramento não é excessivo, a gestante permanece hospitalizada em repouso no leito, com
observação do sangramento vaginal e controle do hematócrito. Quando o feto está maduro,
com 37 semanas ou mais, o parto é a conduta de escolha. Na placenta prévia total,
geralmente indica-se a cesariana, uma vez que no trabalho de parto vaginal é difícil
controlar o sangramento, podendo ocorrer óbito fetal (Rezende, 1991). Já no caso de
placenta prévia marginal ou parcial, pode-se optar por parto normal.
O prognóstico para mãe é de mortalidade reduzida à menos de 1%, isso devido aos
avanços tecnológicos, aos cuidados pré-natais adequados, e aos aumentos de indicações
cesarianas. Porém, em países em desenvolvimento, a letalidade materna pode ultrapassar
15%, devido à hemorragia e infecção. A prematuridade fetal ocorre em 40% dos casos de
PP, sendo que a mortalidade perinatal permanece em torno de 20% desses casos.
Prescrições de Enfermagem para placenta prévia
1 – Coletar dados à respeito da perda sanguínea como: início do sangramento, duração,
quantidades, odor e coloração.
2 – Administrar líquidos e sangue conforme prescrição médica.
3 – Puncionar acesso venoso periférico de grande calibre.
4 – Manter repouso no leito.
5 – Reduzir a ansiedade da paciente e familiares através de: informações sobre o plano de
tratamento e reais conseqüências para mãe e feto.
6 – Verificar sinais vitais.
7 – Verificar tensão da parede abdominal através da palpação.
8 – Auscultar os BCF.
9 – Estar atendo a queixas de dor e desconforto.
10 – Realizar o banho no leito.
11 – Verificar a dinâmica uterina.
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A incidência do DPP varia conforme a capacidade dos profissionais em estabelecer
o diagnóstico (Camano e Bertini, 1995). Para Rezende e Montenegro (1995), o DPP ocorre
em cerca de 0,5 a 3,5% das gestantes.
A etiologia pode-se dividir em causas traumáticas ou mecânicas e em causas não
traumáticas. As causas traumáticas podem ser externa (traumatismo sobre o abdome) e
internas (brevidade do cordão, retratilidade uterina, hipertensão da veia cava inferior,
hipertonia e uso indevido de ocitócitos levando à hipertonia uterina). E as causas não
traumáticas são o fator socioeconômico, a multiparidade, idade avançada da gestante acima
de 35 anos, o DPP em gestações anteriores, a necrose da decídua basal na margem
placentária e grandes enfartes, tabagismo, anemia, má nutrição na gestação e hipertensão.
Os sinais dependem da extensão da área descolada, podendo apresentar dor
repentina de intensidade variável, localizada no fundo uterino. O sangramento vaginal de
pequeno vulto ocorre em 80% dos casos, constituindo a hemorragia externa. Nos 20%
restantes, ocorre oculta ou interna, o sangue retroplacentário fica aprisionado, não
descolando as membranas, e pode surgir anemia aguda pela perda sanguínea. O pulso cheio
e com freqüência dentro dos limites normais é efêmero, pois logo se acelera e torna-se
débil, surgindo hipotensão e delineando-se o estado de choque. A diminuição da superfície
de trocas placentárias, decorrente do hematoma retroplacentário, da hipertonia uterina,
deflagra sinais de sofrimento agudo no concepto. Os BCF nos casos graves geralmente está
ausente. Inúmeras dessas pacientes são hipertensas. A dosagem de fibrinogênio diminui,
identificando a coagulopatia. No sangramento oculto ocorre infiltração sanguínea
intramuscular extensa; o útero, então, adquire uma coloração azulada ou púrpura, formando
o quadro conhecido como ¨útero de couvelaire¨.
O diagnóstico é feito com base na anamnese e exame físico da paciente. A ultra-
sonografia é utilizada como recurso diagnóstico de exclusão, afastando a possibilidade de
placenta prévia, e também, pode-se visualizar hematomas retroplacentários de tamanhos
significativos.
O tratamento profilático consiste em realizar um bom pré-natal. O tratamento
obstétrico é: nos casos com feto vivo, após 28 semanas, indicação realização imediata do
parto. Nos casos com feto morto, há indicação de cesárea. O tratamento clínico prevê
regular a volemia, os distúrbios da hemocoagulação e os ditúrbios hidroeletrolíticos. Nos
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casos crônicos de DPP, que não prejudicam o prognóstico materno e fetal, interna-se a
gestante, submetendo-a à ultra-sonografia, para avaliar a evolução do hematoma, e à
cardiotocografia, para avaliar a vitalidade fetal.
O prognóstico materno depende de variáveis como: extensão da área placentária
descolada, perda sanguínea, precocidade do diagnóstico de coagulopatia, presença de
apoplexia uteroplacentária, gravidade das alterações vasculares e insuficiência renal aguda.
Rezende e Montenegro(1995) salienta que a mortalidade materna pode chegar a 3% dos
casos. O prognóstico perinatal revela que além da anóxia causada pelo próprio DPP,
acrescenta-se a prematuridade e o baixo peso, decorrente da insuficiência placentária. O
descolamento da placenta mesmo que moderado, compromete rapidamente a vida do
concepto. Rezende e Montenegro (1995) ressaltam que o prognóstico fetal é mais grave que
o materno. Acredita-se que o melhor prognóstico materno e perinatal têm relação direta
com a assistência prestada.