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GEOSUL 2002 Ill Simpésio de Pratica de Engenharia Geotécnica da Regiao Sul Data: 04 e 05 de julho de 2002 Joinville / SC ARTIGOS INVESTIGAGAO GEOTECNICA DAS INFILTRACOES NA BARRAGEM AUXILIAR 4 DA USINA HIDRELETRICA SALTO SANTIAGO LTACAO, INVESTIGAGAO E MANUTENCAO DAS. INFILTRAGOES AUSCU! DA BARRAGEM DE EFC — CAUSADAS PELA FISSURAGAO DA LAJE DE VEDAGAO UHE ITA Autores: Aires Watzko, Débora Pacheco Hudson Régis Oliveira INVESTIGAGAO GEOTECNICA DAS INFILTRACOES NA BARRAGEM AUXILIAR 1 DA USINA HIDRELETRICA SALTO SANTIAGO Hudson Régis Oliveira’; Aires Watzko'; Débora Pacheco! Resumo 0 objetivo deste trabalho é apresentar os resultades da investigagdo geotéenica das infiltragdes localizadas no talude de Jjusante da Barragem Auxiliar 1 da Usina Hidrelétrica Salto Santiago, localizada no Rio Iguagu, no sul do Brasil, As investigagdes foram executadas com o objetivo de analisar a origem, intensidade, freqiéneia e riscos envolvidos com as infiltragdes ¢ para definir medidas corretivas, caso necessirio. Trincheiras e pogos superficiais foram escavados nos pontos de surgéncia. Durante a inspegio, as surgéncias de agua ¢ 0s eaminhos de fluxo foram identificados e foram executadas anilises de estabilidade e riscos. Os resultados asseguraram a estabilidade da Barragem Auxiliar GEOTECHNICAL INVESTIGATION OF SEEPAGE THROUGH AUXILIARY DAM 1 AT SALTO SANTIAGO HYDROELECTRIC POWERPLANT Abstract ‘The aim of this paper is to present the geotechnical investigation results at the seepage through the downstream slope of the Auxiliary Dam 1 of Salto Santiago Hydroclectric Powerplant, located in the Tguagu River on Southern Brazil. The investigation was carried out to analyse origin, intensity, frequency and risks involved with the dam seepage and to define corrective actions, if necessary. Trenchs and wells were dig around the water surges. Based on the survey, water Sources and flow pathes were identfyed, stability back analisys were performed and risks were analysed. The results assured the stability ofthe Ausitiary Dam. Palavras-Chave: barragem, investigagdo, infiltragdes. INTRODUCAO A Barragem Auxiliar 1 da Usina Hidrelétriea Salto Santiago, com mais de 20 anos de operagio, ficou por muitos anos abandonada e sem manutengio. A. consequéncia desta falta de manutengso foi o crescimento de vegetagao nativa de médio porte, tais como pequenos arbustos, além de intensa vegetagiio rasteira. Desta maneira, 0 trabalho de inspeglo realizado anualmente pelas equipes técnicas da antiga GERASUL. (atualmente TRACTEBEL ENERGIA) c pela prépria equipe de operacio foi totalmente prejudicado, devido a fata de visibilidade e dificuldade de acesso a muitos pontos do talude. Além disso, o crescimento de vegetagio em um talude de uuma barragem acarreta em outros problemas, ‘ais como, a criagio de vazios devido ao apodrecimento de raizes profundas, colmatagio de drenos efiltros, dficuldades de acesso, “camuflagem” para infiltragdes e deslizamentos, etc. ‘As surgéncias, bem como outras anomalias, foram claramente identficadas apenas apés a realizago da limpeza « corte da vegetagdo do talude, realizada ao final de 1998. (Os engenhciros envolvides nas inspegdes recomendaram, através de relatérios téenicos, que as infltragdes deveriam ser acompanhadas e, quando possivel ou em caso de aumento da vaziio de infiltrago, que estas fossem investigadas detalhadamente. ‘A investigagio foi realizada em Novembro de 2001 pela equipe técnica da Coyne ¢ Bellier Engenharia (atualmente LEME Engenharia), contratada para prestagio de servigos téenicos de engenharia para a Tractebel Energia ‘Apresenta-se neste artigo um resumo da investigagao realizada, bem como 0s questionamentos e procedimentos recomendados. DESCRICAO DO EMPREENDIMENTO A Usina Hidrelétrica de Salto Santiago, de propriedade da Tractebel Energia, esta localizada no rio Iguagu, Estado do Parana, distante 340km a oeste de Curitiba entre 0s muniefpios de Rio Bonito do Iguacu e Saudades do Iguagu. A usina 6 compreendida, basicamente, pelas seguintes estruturas civis principais: (@) barrage principal deenocamento om nlc impermedvel de aril, com altura ‘méxima sobre a fundago le 80m; * Engenheiro Civil. Mestrando na UFSC. LEME Engenharia Ltda, Rua Dep. Anténio Edu Vieira, 999, Florianépolis ~ ‘SC Brasil - CEP 8040-901 (b) barragem auxiliar 1, em solo compactado, situada na margem esquerda ¢ conectada & barragem principal; (©) duas barragens auxiliares menores, denominadas 2 ¢ 3, também em solo compactado, necessérias para fechamento de duas selas topograficas; (@) vertedouro de superficie, com calha e defletor, em estrutura de conereto, situado na margem direita; (©) tomada d’gua em concreto armado ligada ao canal de acugo, escavado em rocha; (8 casa de forga do tipo abrigada, com quatro turbinas instaladas, totalizando 1.420 MW de poténcia nominal PROJETO DA BARRAGEM AUXILIAR I ‘A Barragem Auxiliar 1 € composta de um aterro de saprélito com niicleo inclinado de argila tipo “terra roxa”, tendo um filtro fino tipo chaminé a jusante do nicleo, com fungao de drenagem vertical. O filtro vertical ¢ ligado na zona de fundagao com um sistema de drenos (Fingers) horizontais, constituidos de filtro fino sob a parte central da barragem e de filtro grosso sob a parte de jusante da barragem. A altura maxima da barragem sobre a fundagiio é de cerea de 65m. ‘As figuras de 1 & 3 mostram as principais caracteristicas geométricas da Barragem Auxilir 1 ie mae Figura 2 ~ Barragem Auxiliar | ~Sega0 Condicionantes Geol6gicas da Fundagio Durante a construgdo da obra, foram identifieadas na fundagio da Barragem Auxiliar 1 duas falhas de grandes proporgdes, denominadas Falha 4 c Falha 5. Essas falhas atravessam uma zona de rocha (basalto) profundamente Alterada e fraturada, com trechos bastantes permedveis, requerendo tratamentos intensivos com injegdes de calda de cimento, com alto consumo na regio das falhas (>1.700kg/m). Além disso, foi executado um tapete impermedivel com saprolito a montante da barragem, até uma extensio de 150m, com a finalidade de aumentar o caminho efetivo de percolagdo pela fundagao. ‘Na findagio foram retiradas também cerca de 120.000m° de solos moles (turfs) Apesar das condigdes geoldgicas da fundagio serem desfavordveis, 0s tratamentos empregados evitaram que ocorressem infiltragées pela fundaglo, comprovando a eficdcia dos tratamentos adotados (injegdes e tapete). Uso do Saprolito O emprego de saprolitos de basalto nas Barragens Auxiliares revelou-se uma excelente solugo como material de construgao de alerro, pois além de ter apresentado caractersticas geotéenicas de resisténcia a0 cisalhamento, permeabilidade © compressibilidade compativeis com as necessidades de projeto, permitiu uma considerivel reduyio hos custos devido a redugo na distincia de transporte, pelo fato destes maternis serem provenientes das eseavagOes ‘obrigatorias da ombreira esquerda da Barragem Principal, Tomada D*igua e Canal de Desvio. Instrumentagio de Auseultagio O sistema de auscultagdo da Barragem Auxiliar 1 foi inicialmente composto pelos seguintes instrumentos: (a) Marcos de assentamento; (b) Caixas Suecas; (©) Piezémetros eletricos ~ tipo Maihah (@) Piezémeiros de tubo aberto — tipo Casagrande; (©) Células de pressiio total; (1) Medidor de vaziio— tipo vertedouro triangular. Devido ao tempo de utilizagdo c falta de manutengao dos instrumentos, muitos destes esto danificados ¢ sito de recuperaglo em fungfio das caracteristicas de cada tipo. "Na iiltima inspegdo civil realizada na Usina (2001), foram identificados os instrumentos que encontram-se em fancionamento, A Tabela | traz o percentual de instrumentos em funcionamento. Apresentou-se apenas © pereentual dos instrumentos destinados a leitura de pressdes neutras ou nivel d’égua, que slo os itens de maior interesse na investigagio e neste artigo. dit Tabela 1 —Estatistica dos instrumentos em funcionamento da Barragem Auxiliar 1. PERCENTUAL DE OPERACIONALIDADE DOS INSTRUMENTOS, TIPO INSTALADOS —_| EM 198] e1986_| EM FUNCIONAMENTO. % szometros Eletricos 15 10 9 60 ‘CASAGRANDE 4 8 4 29, Pogos de Alivio 20 15 9 ase HISTORICO DAS INFILTRACOES {As infitragdes vem sendo acompanhadas desde 1998 sem que tivesse sido realizada nenhuma investizagio detathada sobre estas, Durante © perfodo de acompanhamento visual das infiltragies, idemtficou-se, tanto pela equipe de operagiio quanto pela equipe de inspesio, as seguintes caracteristicas: (a) a intensidade de saida d*igua dos pontes de surgéncia variava em funglo das condigdes de pluviometria; (b) alguns pontos secavam durante periodos: (©) algumas surgéncias diminufam de intensidade, mas niio secavam; (a) zonas anteriormente tmidas, passavam a apresentar pontes de surgéncia, voltando apés perfodos de seea a ser apenas timid. As diividas que tangenciaram a iniciativa de proceder as investigagdes foram as seguintes: (a) Estaria o sistema de drenagem interna colmatado em determinadas regiges, saturando o macigo de jusante na regitio das surgencias? (b) As presses neutras teriam aumentado a ponto de red do solo compactado? (©) Qual a relagiio das infiltragdes com 0 emprego do saprolito? consideravelmente a resisténcia ao cisalhamento [No Relatério de Inspegdo Civil [1] elaborado pela Coyne e Bellier Engenharia (atualmente LEME Engenharia) apés a Inspegao de julho de 2001, apresentou algumas andlises de estabilidade do talude de jusante da Barragem ‘Auxiliar 1, com vistas a verficar 0 impacto da possivel obstrugdo do sistema de drenagem interna e saturagio do ‘macigo de jusante na estabilidade do talude. ‘As analises de estabilidade foram desenvolvidas através do software SLOPE/W [2], da GEO-SLOPE. International do Canad, através do método de Bishop, que comprovou a redusio do fator de seguranga com a possivel saturagdo do talude de jusante. Foram analisados trés casos de earregamento para o talude de jusante: > Caso A~ final de construgio; Caso B — nivel d°égua maximo com filtro operante (regime de operagio normal); > Caso C - nivel d'igua maximo com filtro inoperante — obstruido (regime de operagiio normal) A tabela abaixo apresenta os resultados obtidos: Tabela 2 ~ Resultados da andlise de estabilidade do talude de jusante. TALUDE DE JUSANTE FATORES DE SEGURANCA. FATORES DE SEGURANCA MINIMOS OBTIDOS: MINIMOS RECOMENDADOS* Caso A 1.537 13. Caso B 1,537 15 Caso 1,262 15: ? Conforme CRUZ (1996) [3] ‘As anilises desenvolvidas tiveram o objetivo de apresentar a redugo no fator de seguranga contra a ruptura por deslizamento devido a saturacdo do macigo de jusante. Utilizou-se parimetros geotéenicos da época da construgdo da usina, ‘As anélises mostraram que, caso ocorra uma saturagdo do talude de jusante, por falha no sistema de drenagem interna, haveri uma redugdo da ordem de 16% * da seguranga contra ruptura do talude, ‘As figuras 4 a 6 mostram os resultados obtidos nas analises. eetatgt oer ee yy BARRAGEM AUKLIAR OY” : , Ta senor AVAISEOEESTABLADE eae eee i dl erections sas ee remnant fit Spevnchuon cura ‘ : Fowentins Guenont Figura 4 ~ Fator de seguranga minimo para 0 Caso A. (00% de seguranga, o que niio ¢ totalmente verdadero. > Considerando que FS = 1,5 equival Se Use - BARRAGEM AUAIIAR Gt ceneenaecn SNMLSEDEESTABLDADE = Tr momma cont eee JT eereeteecemreseee fae oetaaree Spat eerrmamne i rn eae Semana sta LUHSS -BARRAGEM AUXILIAR 0 ‘oar cence ‘aniUSE OE ESTABLDADE frvon sous tr cn 6-tn pent) Satinasighawnestc Figura 6 ~ Fator de seguranga minimo para o Caso C. OBJETIVOS DA INVESTIGACAO_ s principais objetivos di is foram: estigagilo, realizada através da abertura de trincheiras exploratérias e pogos verificar o estado de saturagiio na regio; identificar a camada pela qual o fluxo se desenvolve; identificar a ocorréncia de piping; 4quantificar a vazao, se possivel; verificar as condigées do sistema de drenagem interna (horizontal), se possivel; entre outros. LOCALIZACAO DOS PONTOS DE SURGENCIA ‘A Barragem Auxiliar 1 apresentou 6 pontos com surgéncia de gua, que foram numerados e identificados por estacas apés emissio do Relatirio de Inspeso Civil de 2001, que recomendou um acompanhamento expedito pela equipe da operagao da usina (0s pontos e a respeetiva numeragto podem ser identificados na Foto |. Foto | - Infiltragdes na Barragem Auxiliar | —talude de jusante, PONTOS INVESTIGADOS Ponto 1 © ponto 1 esta localizado junto a ombreira direita, logo abaixo da berma da clevagao 495m (Foto 2). Foto 2 ~ Localizagito do ponto | Este ponto vinha apresentando surgéncia de ‘agua, tendo sido relatada em diversos relatérios de inspegio. Nos relatérios emitidos, questionou-se a possibilidade desta surgéncia ser proveniente de uma filha nas canaletas de ‘drenagem da berma, que poderia estar trincada ou mal selada nas juntas, Desta maneira, a canaleta foi reparada buscando eliminar a possivel causa da infiltragio. "Apos realizados os reparos nas canaletas, notou-se que a infltragdo diminuiu consideravelmente e desapareceu apés alguns dias sem chuva, Durante a investigagao confirmou-se que o ponto encontrava-se seco, ndo sendo necessirio a abertura de pogo ou trincheira i Conclui-se, entio, que esta infiltraglo esti diretamente ligada a pluviometria e que ndo acarreta em maiores problemas ao macigo da barragem. Através do relatério da investigagio, recomendou-se continuar © acompanhamento visando confirmar a sua relagao com pluviometria Ponto 2 © ponto 2 esté localizado junto ao pé do talude de jusante, distante aproximadamente 7,5m do enrocamento (dreno de pe) préximo ao furo de alivio F10 (Foto 3). Este ponto foi 0 que mais preocupou a equipe de inspegdo © de operagdo, pelos pri relacionados: > asada d’gua é praticamente intermitente; > a infltragio esta localizada junto ao pé, onde uma saturago nio prevista do macigo nesta regido pode ‘acarretat na redugio do fator de seguranga quanto a estabilidade do talude; > a infltragto pode evidenciar uma falha (entenda-se colmatagao) no sistema de drenagem interna, Para tanto foi emitida uma recomendagao téenica no Relatério de Inspesio Civil de julho de 2001, eujo objetivo fornccer as dietrizes para que fosse realizada uma investigagao geotéenica na regio do ponto 2. ‘A recomendagdo técnica previa a execugdo de uma escavacio, a partir da surgéncia, procurando idemtficar a origem da infiltragdo e, prineipalmente, avaliar as condigdes de saturagdo na regio abaixo da infiltragao. 'No dia 20 de novembro de 2001 foi iniciada a investigagao neste ponte. A investigaglo constituiu-se da abertura de uma trincheira exploratéria cuja escavagio partiu do ponto onde a agua aflorava ¢ desceu, inicialmente, & uma profundidade de 50cm, aproximadamente. A infiltragio, surgindo abaixo da camada vegetal, com espessura de 25cm, foi desviada numa canaleta, posicionada latealmente A escavacZo, para que a mesma pudesse avangar em profundidade sem que a infiltrago ‘mascarasse’infiltragSes e 0 grau de saturacdo em camadas inferiores. Escavou-se mais 50cm em profundidade e no foi identficado nenhum ponto com surgéncia de égua. O material abaixo da camada vegetal até a profundidade explorada, apresentou-se com umidade natural, sem qualquer indicio de saturagio. A foto 4 mostra o {érmino da primeira etapa de investigagao (notar as camadas e a canaleta lateral). Soe i” era 10 da primeira etapa da investigagio no ponto 2. Foto 4 — Términ ‘Apés concluida esta primeira etapa da investigago, procurou-se avangar a escavagto superfiialmente, no sentido jusante-montante, como forma de comprovagdo da infiltaglo superficial, Foram escavados mais 4.Sm para (Foto 5). Neste trecho, o solo apresentou-se na mesma situagio do ‘montante, numa profundidade maxima de 80cm inicio da escavago: muito dmido na camada superficial e com umidade natural abaixo desta camads, Foto 5 Escavagdo para montante do ponto de surgénc ‘A etapa final da investigagio consttuiu-se de verificar as condigdes do filtro horizontal, nas proximidades do enrocamento de pé. Para tanto, escavou-se em profundidade até alcangaro filtro horizontal, continuando a eseavagao até encontrar a transielo, junto a0 enrocamento de pé (Foto 6). ‘0 filtro horizontal apresentou-se timid, porém nao saturado, mostrando que 0 mesmo no estava eolmatado, A sranulometria do mesmo, em avaliagao tictil-visual, nfo mostrou a presenga de finos (argla) o que poderia evidenciar rocorréncia de piping para o interior do filtro, A umidade no interior do enrocamento de pe & bem maior que no interior do filtro, mostrando que o sistema de drenagem intema esti em operagio. Para comprovar a eficiéneia do dreno de oe wcamente, fol realizada a medida da vazio de infiltracdo pelo sistema de drenagem, efetuada no medidor de vazi9 ttamgular O valor ebtdo foi de 2.3 Vs. © vertedouro & do tipo triangular com parede delgada, 90° de abertura, A altura na saida foi de 75cm. Foto 6 — Escavagiio na zona de transigao, junto ao enrocamento de pé. Durante a escavacio, realizou-se uma avaliagdo expedita da vazio de infiltragao no ponto 2, sendo estimada em 0,008Vs, Esta vazao foi estimada através da coleta de um volume cubado por um determinado tempo. ‘Assim, por eomparagao com a vazo total medida no sistema de drenagem interna, tem-se que a infiltragto ¢ de pequena ordent (-0.3596), endo que esta é provavelmente, proveniente de guas de chuva que se infiltram na camada Negetal ¢ que nao penetram no maciyo. O ponto de surgéncia 2 ¢ um alivio natural determinada pelo fluxo intemo da Camada vegetal, com cerca de 30 a 40cm. Este tipo de infltragdo no acarreta maiores problemas, devendo a mesma Continuar em observaglo, para verificago de qualquer mudanga no comportamento. Esta infiltragdo é diretamente proporcional com a pluviometria, logo, a vazo nestes pontos deve aumentar nos peiodos chuvosos. A permanénca da Eurzéncia mesmo em periodos secos deve-se & quantidade de agua inftrada ¢ acumulada na camada vegetal, muito porosa. [Apés concluida a investigagdo, a escavagdo foi fechada com argita compactada, Na parte superior foi executade um dreno de brita que eondiziré a infltrago até o enrocamento de pé. O acabamento foi feito com plantio de ‘gramas em leivas, Ponto 3 (© ponto 3 esté localizado no talude absixo da berma na elevaglo 465,00m, no alinhamento do PZ-1, distante 12,30m horizontalmente a partir da berma citada anteriormente (Foto 7).. Foto 7 — Localizagio do ponto 3. Este ponto nio apresentou surgéncia de digua durante a inspeglo civil, ealizada em jutho de 2001, entretanto, 0 local apresentava-se com umidade excessiva nesta época. Durante 0 acompanhamento visual executado pela equipe de operagdo da Usina, notou-se que ocorriam surgencias durante determinado periods. ‘No ponto correspondente, foi escavada uma pequena trincheira a partir da surgéncia, com o objetivo de identficar por qual camada o fluxo se desenvolve e verificar as condig@es de saturagio do solo abaixo desta camada. Tdentificou-se a surgéncia na camada vegetal, & 35em de profundidade (Foto 8). A intensidade da infiltragdo, Jogo no inicio da escavagio, foi maior que na surgéncia 2 mas diminuiu com 0 tempo, sendo que, passado algumas hhoras, a surgéncia praticamente cessou. Lat = Foto 8 — Surgéncia de agua na camada vegetal. ‘A infiltragdo,surgindo abaixo da camada vegetal, assim como procedido no ponto 2, foi desviada numa eanalets, posicionada lateralmente ao fro auxilar, para que a mesma pudesse avangar em profundidade. Fseavou-se entdo, um iar de 50x50x90em, préximo 4 trincheira, para constatar 0 estado do solo abaixo da surgéncia. Até esta profundidade, o solo apresentou-se com umidade natural, sem qualquer indicio de saturagao do macigo. ‘Concluivse que esta surgéncia 6, provavelmente, decorrente também do acimulo de égua de chuva na camada ‘vegetal, endo acarreta maiores problemas de estabitidade e/ou vedagio da barragem, Ponto 4 ponto 4 esti localizado junto ao enrocamento de pé, & esquerda hidréulica da barragem. ‘A regi circundante ao ponto 4 apresentou-se Gmida na Inspegao Civil (Julho de 2001) ¢ de acordo com 0 acompanhamento realizado pela Operagio da Usina, ocorreram surgéneias de gua em periodo posterior & Inspe¢io. ‘Neste ponto, ocasido da investigagio, nao havia surgéncia ea regido nfo encontrava-se com umidade excessiva, Portanto, pade-se concluir que a umidade e surgéncia devem estar correlacionadas com pluviometria, niio acarretando em riscos & estrutura. Ponto 5 (0 ponto 5 esti localizado junto da canaleta da elevagdo 465m, préximo & ombreira direita, entre os piezmetros PZ-4 ePZ-S, Esta surgéncia ja vem sendo acompanhada e vem se mostrando constante nas Inspegdes realizadas na Barragem ‘Auxiliar, Esta infltragio esta localizada @ montante da canaleta de concreto, na qual foi executado um pequeno furo para saida d"égua, vAtravés da abertura de um pequeno pogo no local, identificou-se um pequeno dreno de brita, executado hi algum tempo, mostrando que esta infiltragio jé havia sido investigada anteriormente (Foto 9). Ps (eM Foto 9 — Pogo no ponto de surgencia. [Nao paide-se identificar a origem da infiltagio, entretanto, estimou-se como sendo aproximadamente & 75em da superficie. fato da canaleta set uma “barreira” para o fluxo surgente faz com que dificulte a identificaedo da origem da infiltracao. ‘Para analisar as condigdes de saturagio nesta regio, recorreu-se as leituras dos piezmetros Casagrande PZ-3 © 2-4, (Figuras 7 ¢ 8) incluindo a dltima letur, realizada em Julho de 2001. A cota de instalago dos piezdmetros sto, respectivamente, 443m e 453m. O piezémetro PZ-3 est instalado abaixo do dreno horizontal ea leitura indicou o nivel ‘Pazua no interior do dreno, sem sobrecarga adicional sobre o mesmo. Ja o PZ-4 esté instalado no dreno horizontal ¢a leitura indicou uma pequena sobrecarga no mesmo, cerca de 0,50m. © PZ-3 mostrou uma grande redugao de carga hidréulica, apesar do nivel do reservatorio estar cerca de 4m mais elevado, Ji o PZ-4 manteve o mesmo nivel de carga, aproximadamente. Como nao houve um aumento considerdvel de targa nestes piezémetros, pode-se afirmar, a principio, que nfo houve uma saturagdo do macigo nesta regio. Entretanto, para se confiar plenamente nas éitimas informagdes com base na piezometra, & necessirio que sejam feitos limpezas, testes de recuperagdo de nivel d’égua nos instrumentos ¢ refazer as leituras. Assim a informagao obtida é qualitativa e iio quantitativa PReSho (ERDNETROCASAGRANE 2) ] i julio - 7004 PRESSAO (PEZOMETRO CASAGRANDE PA) Julho | 200 Figura 8 Ponto 6 © ponto 6 est também localizado na canaleta da berma 465m, distante aproximadamente 22m, ao lado esquerdo hidréulico do alinhamento das cabines de instrumentagio (Foto 10). O ponto encontra-se no mesmo alinhamento do piezémetro PZ-2. Foto 10 — Localizagao do ponto 6. Esta infltragdo eoncentrava-se sobre a canaleta de tal forma que o fluxo escoava para 0 interior da mesma. A ‘magnitude da surgéncia ndo era grande, porém a umidade concentrada na regido do ponto fez com que Fosse execulada ‘uma investigagio no local. "Abriu-se uma trincheira a partir do ponto de surgéncia, com aproximadamente Sem de largura, com 40cm de profundidade, avangando 1,50m para montante, com 0 objetivo de identificar a camada de origem da infitracdo. A Surgéncia foi identificada a 40cm da superficie, abaixo da camada vegetal, cuja espessura é de 20cm (Foto 11). A intensidade da infiltraglo foi diminuindo com’ o tempo, chegando a praticamente parar apés alguns minutos. A infiltragio trazia indicios de carreamento de fins, podendo ser um principio de “piping”. ‘A trincheira foi mantida aberta por uma hora para comprovar a redugio da intensidade da infiltragdo. Constatou- se que haviam outros pontos, no lado direito hidraulico, onde haviam infiltragées. Aumentou-se a trincheira nesta diresio para verificar tal ocorréncia, A intensidade da infiltracio foi maior e intermitente. Neste ponto, a infiltragdo se ddesenvolvia logo abaixo da camada vegetal, & 20em da superficie (Foto 12). Foto 11 Detalhe da surgéneia. Verificou-se 0 estado do soto nas laterais do ponto 6, através da abertura de duas pequenes trincheiras a 2,50m da inicial, Nestes locais 0 solo apresentou-se saturado, ou seja, com umidade excessiva, até uma profundidade de 35cm. Foto 12- Trincheiras adicionai ‘Analisou-se também os dados de piezémetria do PZ-2, que mostrou uma pequena redueo da carga hidriulica, apesar do aumento do nivel do reservatério (Figura 9). A cota de instalaglo deste piezémetro ¢ 443m. ‘PRESSAO (PIEZOMETRO CASAGRANDE P2) EB Aa a Cou rEaETNCA i T "Figura 9 — Piezimetro Casagrande 2. Desta forma, acredita-se que o macigo nesta regio nfo esteja saturado numa grande rea, pois © piezmetro PZ- 2, instalado logo abaixo do dreno horizontal, mostra que a linha de saturago encontra-se no interior do dreno. Provavelmente, a infiltragdo ocorre de maneira similar as demais, ou seja, devido o acimulo de agua infiltrada na camada vegetal que sai por um caminho preferencial. Como a canaleta de concreto forma uma barreira impermeabilizante para a camada vegetal, a gua acaba acumulando-se por trés da mesma, saturando toda a regis. "Aconselha-se que esta infiltragdo seja acompanhada pela equipe de Operaglo da Usina, e que sejam abertos furos ra canaleta de tal forma que a ‘gua nfo se acumule por tris da mesma. ‘A principio, esta infiltragdo niio gera preocupagdes quanto a estabilidade da barragem, mas aconselha-se que & ‘mesma seja acompanhada e que, se necessirio, sejam feitas outras investigagSes complementares caso notem-se anomalias no comportamento da infiltragao. CONCLUSAO [As investigagdes mostraram que as infiltragdes ocorrem no contato entre solo comp recomposigao e protegao vegetal. Esta camada, por ser porosa, toma-se um reservatério © origina fluxo ciel ‘descendente, Os pontos de surgéncia sfo alivios naturais, encontrados ou determinados pelo fluxo. A eamada superficial fapresentou muitos blocos de rocha, com didmetro médio da ordem de 30cm, intercalados com solo argiloso, em ondigdes similares ao saprélito uilizado no corpo da barragem. Como a camada vegetal nfo foi compactada, muitos Vazios se formaram entre os blocos, formando um reservatério natural para dguas de chuva infiltradas. (© macigo em si niio apresentou aspectos de saturagio, apresentado-se em umidade natural em profundidades médias de 0,50m ou menos. © ulilizagio do saprolite nfo acarretou em problemas de percolago, uma vez. que as infiltragdes desenvolveram-se na camada vegetal. “Além das investigagdes tealizadas, 0 resgate da instrumentagdo foi fundamental, A interpretaglo dos piczdmetros PZ-2, PZ-3 e PZ-4 possibilitou uma anise, ainda que qualitaiva, das condigdes do macigo da Barragem Auxiliar ‘A instrumentagiio piezométrica mostrou que as poro-pressBes desenvolvidas no interior do macigo so baixas, sendo que a linha piezométrica mostrada pelos trés piezbmetros fica abaixo ou no interior do sistema de drenagem interna, compativel com 0s eritérios de projeto. ‘Desta mancira, a estabilidade do talude de jusante da Barragem Auxiliar 1 permanece com seu fator de seguranga a ruptura dentro dos crtérios de projeto, ou seja, 1,537, sendo que os valores recomendados so no minimo 1,5 para este tipo de talude, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 0 Relatério de Inspegaio Civil e Recomendagdes Técnicas de Reparos. Coyne ¢ Bellier Engenharia. Floriandpolis. 2001, [2]____ Slope/W User’s Manual. GeoSlope International. Alberta, Canadé, 1995. de construgdo e projeto. Editora Oficina de [3] CRUZ, P.T. 100 Barragens Brasileiras: casos histéricos, materi ‘Fextos. Sto Paulo, 1996, ia __, Usina Hidrelétrica Salto Santiago ~ Relatério Final do Empreendimento, Volume I, Eletrosul Floriandpolis. 1981 (31 . Usina Hidrelétrica Salto Santiago ~ Meméria Técnica. Volume 4B. Eletrosul, Florianépolis. 1981

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