O documento discute a importância da tradição oral na cultura africana. A oralidade é fundamental para preservar a história e cultura, já que na África cada ancião que morre é como uma biblioteca que se queima. A transmissão de conhecimentos através de histórias e narrativas dá voz às tradições locais de forma mais rica do que a escrita. A cultura africana enfatiza a experiência e o saber que existe dentro das pessoas, em contraste com a ênfase ocidental na escrita.
Original Description:
HAMPATÉ BÂ. A tradição viva em a história geral da África, V.I. SP, Ática, UNESCO, 1982.
O documento discute a importância da tradição oral na cultura africana. A oralidade é fundamental para preservar a história e cultura, já que na África cada ancião que morre é como uma biblioteca que se queima. A transmissão de conhecimentos através de histórias e narrativas dá voz às tradições locais de forma mais rica do que a escrita. A cultura africana enfatiza a experiência e o saber que existe dentro das pessoas, em contraste com a ênfase ocidental na escrita.
O documento discute a importância da tradição oral na cultura africana. A oralidade é fundamental para preservar a história e cultura, já que na África cada ancião que morre é como uma biblioteca que se queima. A transmissão de conhecimentos através de histórias e narrativas dá voz às tradições locais de forma mais rica do que a escrita. A cultura africana enfatiza a experiência e o saber que existe dentro das pessoas, em contraste com a ênfase ocidental na escrita.
A escrita uma coisa, e o saber, outra. A escrita a fotografia do saber,
mas no o saber em si. O saber uma luz que existe no homem. A herana de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baob j existe em potencial em sua semente." Tierno Bokar Na frica, cada ancio que morre uma biblioteca que se queima. A frase, de Amadou Hampat B, expressa a importncia da transmisso oral no continente e a sensao de ouvir um sbio africano relatar suas experincias: como se vrios livros se abrissem, com uma profuso de detalhes, para dar voz s histrias e s tradies locais. Ao nos debruarmos sobre a questo da tradio estamos adentrando em um campo complexo, onde muitas das vezes a subjetividade se faz mais eficaz que a chamada razo ocidental, pois partindo da analise que cada indivduo e consequentemente cultura que faz parte, carrega dentro de si um mundo particular alimentado por sua vez por um enorme leque de possibilidades e de experincias no s pessoais e coletivas, faz do mesmo um agente particular que mesmo pertencente a uma coletividade, carrega os traos de sua autonomia representados nas suas respectivas aes no mbito de seu cotidiano. Neste sentido quando A. Hampat B nos apresenta a questo da Tradio viva na frica, percebemos o quanto que importante a representatividade do individuo para com sua tradio, no sentido do mesmo ser um agente em ao na manuteno da mesma, a partir das mais variadas formas de expresso culturais. Dentro desta mesma problemtica a importncia da oralidade na cultura africana de uma complexidade e ao mesmo tempo de uma simplicidade que nos faz repensar muitas das certezas fincadas no ocidente. Uma destas certezas a importncia que a cultura ocidental d para a escrita, onde os povos que no a usam como forma de preservar sua cultura so vistos como atrasados, diferente da cultura africana que v na oralidade a preservao e manuteno de suas tradies. Est questo que a principio parece simples, que a da importncia da oralidade para a cultura africana colocada nos textos de Hampat de forma que possamos compreender o pensamento africano traduzido em aes comunitrias importante salientarmos que a frica um continente multifacetado, com uma diversidade cultural tamanha que requer um ardo estudo da mesma, para que se possa chegar a suas particularidades e a partir delas adentrar na essncia da mesma. A oralidade para com o povo africano de extrema importncia, pois atravs da mesma que se d o elo entre o passado e presente no mbito do cotidiano, onde os costumes e as heranas culturais alimentam a realidade africana atravs da experincia no s dos vivos, mas tambm dos mortos. Neste sentido a questo da tradio viva, caminha pelos mais variados caminhos dentro da cultura africana, onde atravs da religio, da msica, da oralidade e da experincia de cada um, a mesma se torna cada vez mais viva no sentido de caminhar junto com o povo africano. Segundo Hampat o espiritual e o material no esto separados dentro da cultura africana, por isso se faz to difcil a compreenso da mesma pelo pensamento cartesiano, e quando se faz da mesma forma que se faz em relao cultura rabe. O ocidente acaba por inventar e destorcer toda uma cultura em prol de seus interesses, isso no quer dizer que no exista pessoas com olhares diferenciados que possam perceber isso mesmo vivendo dentro deste mesmo ocidente. A cultura africana complexa, pois como a mesma no usa da escrita para preservar suas tradies e sim sua oralidade, ela acaba por ser fortalecer ainda mais atravs de suas tradies. Pois como a mesma vivida no dia a dia, e no nos livros, sua presena constante no s no imaginrio africano, mas tambm na sua realidade, logo, a questo do corpo se torna de extrema importncia, pois o mesmo que vai carregar e sofrer todas as experincias necessrias na existncia do individuo. Hampat em tradio viva nos apresenta no s a importncia da oralidade para com o povo e a realidade africana, mas tambm sua complexidade em torno de sua representao na realidade do cotidiano dos africanos, onde a oralidade e consequentemente a fala caminha por vrios caminhos que se cruzam dentro de uma mesma realidade, seja no sentido divino das mesmas, onde aes que a principio nos parecem simples como falar e escutar toma propores que fogem do entendimento do pensamento ocidental; seja na magia, pois como j colocamos no h uma separao do material e do espiritual, logo a fala fazendo parte desta unidade interfere nas foras csmicas e consequentemente nesta unidade. Outro fator interessante em tradio viva que Hampat coloca na questo dos depositrios da herana oral africana, estes depositrios segundo o autor so chamados de tradicionalistas (conhecedor), que a partir de seus conhecimentos e de sua cincia da vida, usa da mesma para utilizaes praticas dentro da realidade em que se encontra, seja no sentido espiritual, psicolgico, de conhecedor de ervas e questes agrrias; em todos os casos a experincia se faz necessrio na utilizao pratica da mesma e no abstrata. Outra questo interessante que Hampat apresenta a representatividade da mentira para com a cultura da frica, pois como os sistemas religiosos africanos acreditam no equilbrio da fora, e todos os elementos esto ligados um ao outro, a mentira no pode ser concebida de forma alguma principalmente pelos tradicionalistas, pois a mentira pode enfraquecer a unidade csmica. Por fim em Tradio viva, Hampat, coloca na complexidade da importncia da oralidade para com a cultura africana, onde a construo e o uso da mesma dentro desta mesma realidade so apresentados neste texto nas suas mais variadas particularidades dentro da histrica realidade cultural africana, a partir de aes culturais diferentes, mas caminhando dentro de uma mesma unidade em torno da tradio viva representada na oralidade. BIBLIOGRAFIA HAMPAT B. A tradio viva em a histria geral da frica, V.I. SP, tica, UNESCO, 1982.