Professional Documents
Culture Documents
2010
ritmos da
Janeiro 2010 • Esta revista é distribuída com as edições dos jornais “Público” e “Jornal de Notícias” de 12.01.2010
Natureza
nota
Editorial
Foto: Futurismo
Nos últimos anos os Açores, pelo seu património natural e histórico,
foram distinguidos com vários títulos de reconhecimento internacional
que os colocam entre os melhores destinos do planeta para turismo
sustentável. Agora, dotados de uma nova estratégia Marketing, 2010
perfila-se como o ano “zero” para a afirmação da imagem
do Arquipélago como referência no panorama do turismo de natureza
europeu e internacional.
Estes nove pedaços de terra vulcânica que formam nas Flores a Europa
mais Ocidental, por rara sensatez dos homens - comuns e governantes
-, têm sabido preservar a magistral obra que a Natureza ali gerou
ao longo de milhões de anos e a herança histórica que ao longo
de séculos o Homem edificou utilizando os recursos locais. Hoje,
os Açores, no conjunto das nove ilhas e múltiplas vertentes, são
certamente um exemplo mundial de uma ocupação humana e uma
economia desenvolvida assente na sustentabilidade ambiental,
Janeiro 2010 | 03
2010 |Turismo Activo
AÇORES
o planeta nos
Açores
04 | Janeiro 2010
Turismo Activo | AÇORES
2010
Janeiro 2010 | 05
2010 |Turismo Activo
AÇORES
06 | Janeiro 2010
Pesca | AÇORES
2010
mar CORVO
Generoso Identidade Digna
A ilha mais pequena dos Açores
representa uma experiência inigualável.
Com poucas centenas de habitantes,
o Corvo é terra pacata. Mas para não
fugir à regra do arquipélago, também
encerra emoções e sensações prontas
a conquistarem os visitantes.
Meros 6,5 quilómetros de comprimento.
Quatro de largura. Um único povoado,
em forma de vila com o nome da ilha.
As pessoas conhecem-se pelo nome.
Apetece ficar dias no Corvo até que
conheçam também o nosso. No entretanto,
pesca-se a partir dos rochedos. E explora-
-se o interior verdejante. O trilho PR2COR
começa no Caldeirão, cratera que surge
gigante comparada com o tamanho total
da ilha. É um percurso que deve ser feito
com recurso a guia, dado o grau elevado
de dificuldade dos mais de cinco quilómetros
e aos perigos relacionados com nevoeiros
repentinos, piso acidentado e falésias
perigosas. O irreal interior da caldeira, com
lagoas e ilhotas, lombas e declives, marca
os primeiros passos. Ficará impresso para
a eternidade. Depois vêm as vistas das
falésias, os cones vulcânicos, a Ponta do
Marco, uma praia e uma fonte de água. Um
caminho ladeado de hortênsias acolhe com
graciosidade os destemidos caminhantes.
É tempo de regressar à vila do Corvo,
a tempo de dois dedos de conversa com
os locais. Talvez se lembrem do nosso nome.
Foto: Helmut Nanz
A pesca desportiva e lúdica pode ser praticada rochosas tremendamente recortadas não
em todas as ilhas. Na espectacular e frenética podiam ser mais apropriadas para a pesca
pesca grossa de alto mar, apanham-se nas de cana: há peixe durante todo o ano. Captura- Pedalar uma Ilha
águas açorianas relíquias como espadarte, -se pargo, bicuda, anchova, congro, goraz, Montar numa BTT e pedalar o Corvo é uma
bonito e atum. Ocasionalmente pescam-se cavala ou moreia. aventura fantástica. Os caminhos da ilha,
tubarões. Devido à abundância de exemplares Através da aquisição de uma licença de pesca bem como as ruas sinuosas do povoado,
recorde de tamanho e peso, os Açores desportiva, também é possível pescar nas são propícios para os ciclistas que gostam
costumam receber competições internacionais ribeiras e lagoas do arquipélago. Perante tanta de emoções fortes aliadas a paisagens
de Big Game Fishing. diversidade de estilos e espécies, os Açores de cortar a respiração. Só por um momento,
Comum entre habitantes das ilhas e turistas são um local apetecível para todos os tipos porque o coração pede mais velocidade!
é o entusiasmo pela pesca costeira. Seja de pescadores. O difícil está mesmo na escolha.
Janeiro 2010 | 07
2010 |Whale Watching
AÇORES
santuário das
Baleias
08 | Janeiro 2010
Whale Watching | AÇORES
2010
24 espécies identificadas
O cachalote destaca-se pela cabeça achatada.
Os machos medem entre os 11 e os 18 metros
e pesam entre 20 a 50 toneladas. Recordistas
de mergulho, podem submergir até aos três mil
metros. Além deste simpático e característico
animal, avistam-se continuamente nos mares
açorianos o golfinho comum (o culpado pelos saltos
fora de água), o roaz (de bico pontiagudo)
e o grampo (delfinídeo de coloração esbranquiçada).
No Verão juntam-se ao grupo o golfinho pintado,
o golfinho riscado e a baleia-piloto-tropical.
A listagem já chegaria para atrair os novos
caçadores do milénio, cujas capturas são feitas
em artes fotográficas e, melhor que isso,
de experiências únicas de contacto com estes
fabulosos mamíferos. Mas o manancial açoriano
ainda não esgotou. Durante a Primavera
é frequente a afluência da baleia-comum,
caracterizada pelo lábio e barbas do lado direito
Fotos: Futurismo
Janeiro 2010 | 09
2010 |Whale Watching
AÇORES
podem chegar até aos 20 metros no caso ao cimo da água, é garantia de acontecimento
da baleia-comum. extraordinário. Apetece recorrer a todos os clichés
O cume do assombro está no entanto reservado imagináveis. Fiquemos pela doce melodia cantada
pela baleia-azul. Maior cetáceo e animal do mundo, por Louis Armstrong, a relembrar-nos de como
mede entre 24 a 27 metros e pesa mais de 100 o nosso mundo é maravilhoso. Em momentos
toneladas. Este bom gigante de corpo azulado com assim, é mesmo. Observar um animal deste porte,
manchas circulares mais claras, mostra-se durante que mesmo movendo-se com placidez acelera
a estação primaveril. Consegue permanecer o ritmo cardíaco de quem o encara, é memória
imerso até 30 minutos. Mas sempre que regressa para durar a vida inteira. A Ilha Montanha
No Pico, com a sua montanha ominipresente,
emana uma estranha magia, que nos faz
oscilar entre a admiração e o espanto. Ilha
de baleeiros, é onde as antigas tradições
da caça à baleia se encontram hoje
admiravelmente preservadas e presentes
num vasto património que ganha expressão
maior no Museu dos Baleeiros, nas Lajes,
Museu da Indústria Baleeira, em São Roque,
e na antiga Fábrica das Armações Baleeiras,
internacionalmente referenciado entre
os melhores do género.
Há que explorar os vários percursos pedestres
que nos levam pela Paisagem da Cultura
Foto: Futurismo
da Vinha da Ilha do Pico, Património Mundial da
UNESCO. O PR1PIC, com início na Maragaia, em
Santa Luzia, serpenteando entre “canadas”
e “currais” que abrigam dos ventos marítimos
as vinhas rasteiras que “nascem” nas fendas
Em Busca central. O Pico ocupa uma posição privilegiada das lajes vulcânicas, formando uma das mais
nesta actividade, dada a extensa ligação gigantescas obras humanas em pedra – se
das Raridades histórica ao universo baleeiro. As empresas colocadas em linha recta, daria mais do que uma
Entre as espécies que ocasionalmente geralmente estão dotadas de equipas volta à Terra. Ao passar na típica localidade
atravessam os mares açorianos, encontram- de skippers, biólogos e vigias que asseguram do Lajido – que herda a designação das lajes
-se as particulares baleias-de-bico, como o desenrolar seguro, informado e cumpridor vulcânicas e dá nome ao mais tradicional
a de bico-de-garrafa e o zífio, em que do código de conduta, antes e durante as saídas “verdelho” do Pico – espantam-nos as casas
os machos apresentam dentes. Exemplares em observação que podem durar até três horas. tradicionais, de dois pisos, em cujas fachadas
de baleia-anã e baleia-de-bossa (caracterizadas negras contrastam janelas vermelhas. Já sobre
pela coloração das barbatanas peitorais a rocha, vizinha ao mar, são observáveis
e do ventre) podem surgir na época Código de Conduta os “rilheiros” – rastos gravados na rocha
da Primavera. Com sorte, a inconfundível orca No sentido de salvaguardar a fauna marinha ao longo de séculos pelos rodados dos carros
fará uma aparição especial para completar dos Açores foi criado um Código de Conduta da de bois que levavam as pipas do vinho para
a colecção de encontros especiais. Observação de Cetáceos. Do conjunto de regras embarque. Ali um lagar tradicional deixa-
a cumprir sobressai a proibição de perseguir, -se visitar frente a uma adega onde ainda
perturbar e alimentar cetáceos ou poluir o mar. se continua a destilar - e a dar a provar
Tradições Recicladas As observações estão limitadas a períodos ao passante - a afamada Aguardente do Pico.
Em tempos idos, as vigias da baleia eram de trinta minutos. A natação está vedada com O percurso terminará na Igreja de Santa Luzia,
utilizadas por homens com visão de águia. baleias, mas é possível praticá-la com golfinhos, não sem antes nos levar a Forno dos Frades,
Tinham a tarefa de avisar os baleeiros sempre na vertente de snorkeling (mergulho apenas com e pelas matas de pau branco, urze e incenso,
que houvesse caça no mar. Actualmente, óculos e tubo de respiração). Nadar junto a estes espécies autóctones, únicas no Mundo.
algumas vigias estão novamente activas, animais muito sociais e brincalhões resulta numa Na estrada costeira entre o Lajido e a Madalena,
com gente a perscrutar o horizonte marítimo. experiência emocionante a não perder. várias localidades ligadas à vinha pedem visita,
Mas desta vez a intenção é descobrir os nobres mostrando currais redondos e “Rola-Pipas”
cetáceos para que possam ser devidamente
venerados e apreciados. Sem desperdiçar uma Artes Passadas
história feita por pescadores intrépidos, Instalado no piso superior do Peter Café Sport,
os Açores reciclaram a tradição baleeira. Os na Horta, o Museu do Scrimshaw expõe uma
arpões cederam lugar às câmaras fotográficas, extensa colecção particular da arte baleeira
Foto: Market Iniciative / Carlos Duarte
10 | Janeiro 2010
Whale Watching | AÇORES
2010
PICO
– caminhos aplanados na rocha que seguem
em declive até pequenos ancoradouros, por
onde rolavam as pipas de vinho para embarque.
As ilhas do Faial e São Jorge, são presença
constante à vista. É incontornável a ida ao Museu
do Vinho, aproveitando para uma degustação.
Passada a Madalena surge a Criação Velha, a mais
extensa zona de “currais” do Pico, com o típico
moinho flamengo em destaque. Próximo, para o
interior, são visíveis os “maroiços” – pirâmides de
pedra resultantes da árdua limpeza dos currais.
Uma degustação do “verdelho”, fica ao lado,
na Cooperativa Vitivinícola (necessário fazer
marcação de véspera).
Dos múltiplos Percursos Pedestres do Pico,
memorável é o que nos conduz ao céu, lá bem
no cume da montanha, onde a alma se queda
em mudo espanto. A subida inicia-se na Casa
de Apoio à Montanha, situada no Cabeço das
Cabras, a cerca de 1200 metros de altitude.
Ao redor da montanha
Na Estrada do Planalto, que atravessa o interior
do Pico, sempre com vistas sobre a montanha
e o mar, pasme-se na Lagoa do Capitão, em cujas
águas a montanha se espelha, e depois
a sucessão das lagoas do Caiado, do Paúl,
do Rosado e do Ilhéu.
Em São João pare-se para degustar o afamado
queijo do mesmo nome. A típica vila baleeira das Museu da Indústria Baleeira
Janeiro 2010 | 11
2010 |Mergulho
AÇORES
Foto: Clube Naval de Ponta Delgada / Jesus Martin Foto: Clube Naval de Ponta Delgada / Jesus Martin Foto: Clube Naval de Ponta Delgada / Rui Guerra
Foto: Clube Naval de Ponta Delgada / Rui Guerra
12 | Janeiro 2010
Mergulho | AÇORES
2010
Janeiro 2010 | 13
2010 |Mergulho
AÇORES
Este universo colorido ganha dramatismo
no mergulho nocturno. O feixe da lanterna
subaquática aumenta a saturação das cores
e ilumina uma atmosfera com características bem
diferentes da existente durante o dia.
Os crustáceos mostram-se mais activos enquanto
algumas espécies piscícolas se rendem ao estado
sonolento, permitindo uma observação minuciosa.
Os jogos de luz e escuridão também são pródigos
no mergulho em grutas. Geralmente formadas por
tubos de lava, estas cavernas encerram águas
14 | Janeiro 2010
Mergulho | AÇORES
2010
GRACIOSA
Profunda Sedução
Formosa como o nome indica, a Graciosa
associa o património histórico e natural
ao cimo da terra a um fundo subaquático que
a torna central para a actividade do mergulho.
Uma ligação marítima que permanece
cristalizada num ilhéu em forma de baleia.
A Graciosa é considerada uma das melhores
ilhas para mergulhar no oceano Atlântico.
Gaba-se a visibilidade das águas,
a abundância de baixas oceânicas
e a riqueza da fauna. Parte do turismo
associado à ilha relaciona-se intimamente
com esta actividade, face à romaria
de muitos profissionais e amadores
da fotografia subaquática. Uma das melhores
formas de conhecer a Graciosa é, aliás,
por mar; num caiaque ou numa canoa,
desfrutando de paisagens inusitadas para
a costa geologicamente diversificada.
Saídos da água, muito há ainda para ver
e fazer. Sem deixar os assuntos marinhos,
mas com incursão pela vulcanologia,
aprecia-se na Ponta da Barca um ilhéu que
sugere as formas de uma baleia petrificada.
Foto: ATA
Mantenhamos a bússola com a mesma
orientação temática na visita à Baía
da Caldeirinha (cratera de antigo vulcão), Resta a descida à Furna do Enxofre, feita num a direcção do vento, através da rotação
às vinhas plantadas em solo de lava, passo de caracol ou mais apressado por 184 da cúpula. Termina-se o percurso na Vila
ou à piscina natural (de rocha vulcânica, degraus de escada enrolada. No fundo, uma da Praia, de preferência a tempo de um banho
claro está) e Termas do Carapacho onde gruta e um lago ocultam o facto de estarmos no mar tépido. E num momento de merecido
a água escorre de uma nascente a uma no coração de um vulcão adormecido. repouso, no areal da baía, apreciar o sol
temperatura entre os 35 e os 40 graus. Ou quase, pois ainda se vislumbram gases que se põe naquela linha de horizonte que
sulfurosos expelidos pela terra. esconde tantas maravilhas subaquáticas.
De novo ao ar livre, a imensa Caldeira centra
atenções. Paisagem ideal para saborear Na Agenda do Mergulho
a doçaria típica da ilha, prévia e sabiamente No trajecto de afirmação como um dos
adquirida. As queijadas têm fama além principais pólos de mergulho nacional
Graciosa, mas ainda sobram encharcadas e internacional, a Graciosa é palco de uma
de ovos, escomilhas ou barrigas-de-freira. bienal dedicada ao Turismo Subaquático.
Gastem-se as calorias no trilho PR1GRA que O evento decorre em anos ímpares e serve
liga Serra Branca a Praia. Em sete quilómetros de ponto de encontro de especialistas
fáceis de percorrer, atravessa-se a ilha e amantes do mergulho para debate
da costa Oeste à costa Leste. Sucedem-se de temáticas relevantes ao sector. Nos
as vistas panorâmicas e conhece-se um dos anos pares, acontece o Open Internacional
ex-libris da Graciosa: os moinhos de vento. de Fotografia Subaquática, onde competem
Caracterizados por uma cúpula terminada equipas de vários países. A fotografia
em bico, apresentam mecanismos construídos subaquática é, aliás, uma actividade
em madeira que orientam as velas para em alta nos Açores.
Recuperar o Rural
A oferta de camas na ilha está principalmente associada às residenciais localizadas em Santa
Cruz da Graciosa. Em termos de turismo rural, a merecer destaque a Quinta dos Frutos,
representando a recuperação de um agregado rural secular composto por casa principal, casa
Foto: ATA
Janeiro 2010 | 15
2010 |Surf
AÇORES
alto
Spot
Foto: AQUASHOT/ASPEurope.com
O s Açores oferecem condições naturais
óptimas para a prática do surf ou do
“pros ou kamikaze”! Muitos spots trocam
o tradicional fundo de areia pelo calhau
o Inverno, com apoio de uma embarcação,
é possível praticar Big Wave Surfing. Face
bodyboard. Ao mesmo tempo que sobe e contêm recifes. E, na generalidade, o mar ao enorme desafio que certos spots representam,
o número de praticantes entre os habitantes nas costas viradas e Norte apresenta-se mais a interacção cordata e humilde com a crescente
das ilhas, o arquipélago começa a ser exigente. Entre os locais mais consistentes – comunidade surfista local é a melhor forma
reconhecido como um destino internacional. - e divulgados – encontram-se os micaelenses de conhecer as características de cada zona.
O ambiente também agradece. Santa Bárbara, Rabo de Peixe, Maia e Pópulo. E, com sorte, ficar a conhecer um sítio fantástico
O surf, o bodyboard e o windsurf, entre Em Santa Maria, destaca-se a Praia Formosa, ainda no segredo dos Deuses...
outras actividades praticadas na orla costeira, também palco privilegiado para o windsurf.
representam uma interacção total com o mar. Na Terceira, centram atenções sítios como Santa
De tal forma que forja filosofias de vida. E cria Catarina, Cabo d’Aço e Quatro Ribeiras. Ainda Nível Internacional
elos fortes e indissociáveis com a protecção nesta ilha, a Praia da Vitória destaca-se como A Ribeira Grande (São Miguel) é uma das
do ambiente. Nos Açores, esta ligação ganha destino para a prática do windsurf e kitesurf. zonas mais exploradas do surf açoriano
especial dimensão. Surfar nas ondas já míticas Setembro e Outubro costumam ser os melhores devido ao ritmo intenso da ondulação.
da Fajã da Caldeira de Santo Cristo, em São meses para surfar: swell muito regular com A projecção além-fronteiras surgiu em
Jorge, é um privilégio e um sonho que muitos ondas de boa dimensão. Entre Novembro 2009 com o Azores Islands Pro09, prova
surfistas de várias latitudes do globo gostariam e Fevereiro cresce a altura das vagas, tal de qualificação do campeonato mundial de
de concretizar. Mas ao mesmo tempo, existe como a frequência dos períodos de chuva. surf que serviu de montra para as condições
a plena consciência de que é preciso manter A temperatura do oceano é amena e quase extraordinárias da Praia do Monte Verde.
intactas todas as idiossincrasias que tornam sempre superior à do ar, com excepção
a Caldeira um santuário tão especial. do período de Verão. Ao longo do ano as ondas
Na maior parte dos casos, os spots açorianos também mantêm assinalável estabilidade. Julho Pranchas pelo ar
representam grandes e novos desafios. e Agosto são os meses menos propícios para Taxas de transporte em vigor nos voos da Sata
A adrenalina está garantida e em níveis a prática da modalidade. a partir da Europa. Pranchas até 150 cm: transporte
apropriados para diferentes tipos de experiência. Certos locais são de difícil acesso por terra, gratuito (desde que peso não exceda a franquia livre
Domar a força da natureza num sítio como mas há empresas que organizam surf trips da bagagem). Pranchas de 150 a 250 cm e pranchas
a baixa da Vila Nova, na Terceira, é descrito com entradas a partir do mar, nomeadamente com mais de 250 cm pagam tarifa.
nos websites da especialidade como tarefa para para spots nas ilhas do grupo central. Durante
16 | Janeiro 2010
Surf | AÇORES
2010
SÃO JORGE
Pequenas porções de magia em forma
Vertiginosa Fantasia geológica, as fajãs parecem ter sido criadas
Lugar de ondas que enfeitiçam surfistas, apenas para puro deleite contemplativo.
a ilha tem ilusionismos capazes de cativar O mapa jorgense assinala 46, a maior parte
Janeiro 2010 | 17
2010 |Iatismo
AÇORES
a irmandade do
Mar
18 | Janeiro 2010
Iatismo | AÇORES
2010
FAIAL
mundo. Porque o ambiente também se saboreia. derrete-se num horizonte formado por múltiplos
O Faial só podia ser a ilha azul por causa deste enquadramentos de excepção. O cinzento
mar imenso que a banha mesmo em terra. assume cambiantes coloridas. E juramos avistar
Desvie-se o olhar dos barcos que chegam um veleiro a navegar por entre o oceano de lava
e parta-se para uma incursão até ao centro azulada, rumo a um porto distante no outro lado
da ilha. Aguarda-nos a caldeira, num trajecto que do mundo. Mais uma lenda para relatar pela
passa pelos característicos moinhos de vento noitinha, acompanhada de um gin.
pintados de vermelho e branco. É uma cratera que
prima pela dimensão: 400 metros de profundidade Semana do Mar
e dois quilómetros de largura.
Será a mesma dimensão espacial que assombra
o visitante do vulcão dos Capelinhos. Antes
de chegar à esta extremidade faialense,
percorra-se o trilho PR1FAI que liga o Capelo aos
Capelinhos. Com sete quilómetros de extensão
e uma dificuldade média, o percurso funciona
como uma antecâmara da paisagem do vulcão.
do Sol. Árido, seco, desumano. Depois, à medida Durante uma semana do Verão, a agitação
que nos aproximamos e pisamos o solo cinzento, percorre (ainda mais) a cidade e o porto
reparamos na vegetação que teimosamente da Horta. A Semana do Mar é palco de largadas
procura crescer naquele terreno. O cenário atinge de regatas, concertos de bandas filarmónicas,
um dramatismo avassalador. Calcorreia-se as provas de vela, windsurf, pesca desportiva,
ruínas do farol e os espaços em redor sem noção canoagem, remo, jet-ski e triatlo, actuações
do tempo passar. O vulcão exerce uma força de grupos folclóricos, animações de rua,
magnética sobre o visitante, numa manifestação passeios em botes baleeiros e do Cortejo
ímpar do poder da Natureza. A imaginação Náutico da Senhora da Guia.
Janeiro 2010 | 19
2010 |Praias e Piscinas
AÇORES
banhos
Vulcânico
Foto: Market Iniciative / Carlos Duarte
nos Açores também é possível trocar a pedra da água é tépida, mesmo nos meses mais frios.
basáltica por areia fina. Passam-se eternidades dentro do mar.
Praia de Água d’Alto - São Miguel
Em termos de praias, o arquipélago tem uma Em certos locais, as explosões de ondas sobre
mão cheia de possibilidades. Santa Maria a amurada das piscinas conferem uma animação
e Terceira têm praias tradicionais de areia fina, de espuma branca para deleite dos banhistas
mais ou menos branca. Contrastam com estendidos ao longo das rochas e plataformas
as praias de areia negra vulcânica, estranhas criadas pelo Homem.
ao princípio, agradáveis depois de sentida nos As piscinas naturais açorianas apresentam
pés a suavidade dos grãos acinzentados. Ambas condições excepcionais para a prática balnear.
bem diferentes das praias de calhaus rolados, Praticamente todas estão dotadas de infra-
moldados pelo bater das ondas, frequentes nas -estruturas de apoio como restaurantes,
Foto: Market Iniciative / Carlos Duarte
20 | Janeiro 2010
Praias e Piscinas | AÇORES
2010
SANTA MARIA
os História(s) de Arrebatar É difícil deixar o local. Mas seria pena não
aproveitar o bater do sol nas piscinas
naturais da Maia. Ou apreciar a Cascata
do Aveiro, uma das mais magníficas dos
Açores. Rumemos ao Pico Alto, cume da ilha
com 587 metros e de onde se avista mar
para os dois lados. Aqui chegados, façamos
o percurso pedestre que nos levará até aos
Anjos. Quase literalmente.
Com extensão de 14 quilómetros e dificuldade
média, o trilho atravessa partes da floresta
de laurissilva. Pau-branco, urze, uva-da-
-serra, tamujo ou louro unem-se para formar
Foto: ATA
Quartéis de Vinha em São Lourenço abóbadas sobre o estreito caminho. A saída
do labirinto encantado não podia ser mais
A ilha do sol é a estância balnear dos extraordinária: finda a vegetação, apenas uma
Açores. Mas um lugar com tanta história extensa planície vermelha e árida. O Barreiro
para contar obriga a deixar os deliciosos da Faneca é um local sem igual no resto dos
areais da Praia Formosa e São Lourenço. Açores. Conhecido por “deserto vermelho”,
Regressaremos a tempo de assistir este ecossistema de terrenos argilosos
ao pôr-do-sol, com a memória já impressa ondulantes transporta o imaginário até aos
de alucinantes fósseis, dunas vermelhas, canais de Marte.
cascata e disjunção prismática. Prossegue-se outra vez a custo por deixar
Ilha mais velha dos Açores, estima-se entre um sítio tão apaixonante. Mas há ainda que
os oito a dez milhões de anos, Santa Maria passar pela Baía da Cré (local de mais fósseis
Foto: Market Iniciative / Carlos Duarte
tem idade suficiente para propor um autêntico marinhos) e atravessar o leito da Ribeira
safari geológico. Na Pedreira do Campo do Lemos antes de chegar aos Anjos.
encontram-se fósseis de conchas e ouriços- À entrada do povoado, a estátua de Cristóvão
-do-mar. Esta formação rochosa outrora Colombo protege a Ermida de Nossa Senhora
submersa, parcialmente de origem vulcânica, dos Anjos. Reza a história que o navegador
está agora 100 metros acima do nível do mar, genovês aportou nestas latitudes
resultando num local de grande interesse para em Fevereiro de 1943, quando regressava
Baía de São Lourenço – Santa Maria
a paleontologia, geologia e turismo. da primeira viagem à América. E mandou
Na Pedra-que-Pica, descobre-se outra celebrar uma missa na capela encontrada.
importante jazida de fósseis marinhos com Lenda ao facto, Santa Maria será sempre uma
de nome e feitio. No alto do mastro, desfralda- mais de cinco milhões de anos. Dentes ilha de história(s). Bem contada e inspiradora.
-se com orgulho a Bandeira Azul. Atravessada de tubarão, esponjas, ouriços-do-mar,
a ilha, a baía de São Lourenço acompanhada variados tipos de conchas, acolchoam solo
do ilhéu de nome semelhante, duplica e paredes. A deslocação à jazida, bem como
o enternecimento panorâmico. Da beira-mar, à da Malbusca (fósseis de moluscos e peixes)
o olhar estende-se pelos quartéis que retalham efectua-se melhor por via marítima. O Farol Foto: Market Iniciative / Carlos Duarte
a encosta e delimitam as vinhas. O cultivo foi de Gonçalo Velho, situado na Ponta do
abandonado ao longo dos tempos; ficou a visão Castelo em que o Oceano Atlântico separa
avassaladora e o apontamento histórico. os Açores do extenso continente europeu,
E a praia, claro. velará a viagem. Mas é por caminhos
terrestres e desconhecidos que se chega
até às escoadas basálticas com disjunção
prismática da Ribeira das Maloés. A parede Barreiro da Faneca
rochosa em bordões hipnotiza o visitante.
Maré Musical
Praia e festa associam-se durante os dias da Maré de Agosto. O festival de música realizado
na baía da Praia Formosa, em Santa Maria, teve início em 1984, numa apelidada noite mágica que
juntou vários intérpretes açorianos. Desde então a Maré ganhou fama e pelos palcos do evento
Foto: Pepe
já passaram nomes como Rui Veloso, Sérgio Godinho, Carlos do Carmo, GNR, Xutos & Pontapés,
Ivan Lins, Zizi Possi, Waldemar Bastos ou Gabriel o Pensador.
Janeiro 2010 | 21
2010 |Pedestrianismo
AÇORES
ao ritmo do
Coração
22 | Janeiro 2010
Pedestrianismo | AÇORES
2010
Janeiro 2010 | 23
2010 |Pedestrianismo
AÇORES
SÃO MIGUEL
Terra dos 1001 da ilha, na zona nordestina. No caminho as das Sete Cidades, servidas por um miradouro
testemunha-se a apregoada “força da Natureza” sabiamente nomeado como Vista do Rei.
Encantos que marca a paisagem serpenteante. Ora vê-se o O percurso pedestre da Serra Devassa serve
Enumerar os atractivos de São Miguel azul do mar, ora vê-se o verde intenso dos fetos para a descoberta de outras lagoas, menos
é tarefa entre o ingrato e o impossível. que teimam em revestir as montanhas cortadas conhecidas mas não menos nobres em termos
A extensão quilométrica encontra pelo homem para fazer estradas. de espectacularidade. Os cerca de quatro
correspondência na diversidade de locais O trilho agora é pedestre e antigamente usado quilómetros do trilho decorrem entre os 750
a visitar e actividades a praticar. Ilha para aceder ao mato onde se produzia carvão e os 900 metros, o que permite pontos de vista
iniciática na experiência açoriana, destila e maneava gado. As altas criptomérias deram favoráveis para apreciar as lagoas do Canário,
grandiosidade com uma sedutora modéstia. lugar às rasteiras gramínias. Ao contrário das Éguas, da Rasa e do Carvão. Na Lagoa
A maior ilha dos Açores é terra de contrastes. do que aconteceu com os navegadores dos de Pau Pique um aqueduto reivindica atenção.
Mas num aspecto gera unanimidade: fazer Descobrimentos, grita-se “mar à vista” quando Apelidado de “Muro das Nove Janelas”, serviu
jus à designação de ilha verde. Sai-se o olhar vislumbra a costa sul da ilha. Dos 1103 para transportar água até Ponta Delgada.
do centro das cidades e a cor lá está. metros do Pico da Vara, ponto mais alto de São
Estendida num tapete de pasto ou içada Miguel, o alcance será outro. Contraste alvinegro
numa copa de criptoméria. A designada A altitude não chegará para ver a Lagoa Aproveite-se a deixa para um passeio urbano.
árvore bem pode pertencer à frondosa mata do Fogo, bem ao centro da ilha, e ainda menos Os três arcos predominantemente barrocos das
do percurso pedestre que liga a Algarvia a ponta Oeste. Estamos em território de lagoas. Portas da Cidade, monumento datado de 1783,
ao Pico da Vara. Estamos na ponta Este Majestosas e famosas como acolhem os visitantes de Ponta Delgada. O preto
Fotos: Market Iniciative / Carlos Duarte
24 | Janeiro 2010
Pedestrianismo | AÇORES
2010
Janeiro 2010 | 25
2010 |Geocaching
AÇORES
tesouros na
Paisagem
Foto: ATA
Monte das Cruzes - Flores
26 | Janeiro 2010
Geocaching | AÇORES
2010
FLORES
Rocha dos Bordões
Beleza reflectida No sítio conhecido por Cabo Baixo das
Não faltam recantos ocultos para apreciar Casas, na freguesia do Mosteiro, reside
a paisagem onde desponta o verde um acidente geológico que se transformou
exuberante, aqui e ali entrecortado pelo num ex-libris das Flores. A Rocha dos
azul das lagoas e das hortênsias. Importa Bordões é uma formação geológica
pouco se chegámos a este destino na caracterizada pela solidificação da rocha
procura de uma cache escondida. basáltica em altas colunas prismáticas
O deslumbramento está agora bem à vista. verticais. São gigantescos bordões feitos
Apetece demorar na contemplação da Lagoa em pedra. E são dos mais relevantes
Lagoas Rasa e Funda
Funda, testemunho da actividade vulcânica e impressionantes que há no mundo.
mais recente do Grupo Ocidental, com
o negro da caldeira a rodear o tom turquesa
das águas. O cenário repete-se na Lagoa
Comprida, bordeada por margens basálticas,
mas o belo nunca cansa.
Flores é uma ilha de lagoas. Podem-se
ganhar dias a visitá-las, desde a Seca
que teima em não fazer jus ao nome,
até à Branca, cratera vulcânica de origem
explosiva. Estamos num complexo de zonas
húmidas que formam um pouso natural
para a avifauna aquática. Em devido tempo,
avistaremos espécies de aves migradoras.
Mas restam lagoas por visitar. A Rasa
e a Funda, desirmanadas por um declive Lagoa da Lomba Rocha dos Bordões
e ainda assim tão próximas uma da outra,
e a da Lomba, espécie de caldeira anã
debruada por hortênsias a solicitar um
passeio pela margem.
Muda-se o cenário e entra o branco oriundo
da espuma das águas que correm encosta
abaixo. Flores também é sinónimo
de cascatas. São às dezenas mas ganha em
notoriedade a do Poço do Bacalhau, situada
na Fajã Grande. A queda tem 90 metros
de altitude. Em baixo, na lagoa formada pelas
águas da cascata, a única vertigem existente
é de um mergulho refrescante. Será o tónico
ideal para rumar ao Poço da Alagoinha,
miradouro privilegiado das inúmeras cascatas
circundantes.
Altura para conhecer o Sul da ilha.
O trilho pedestre PR4FLO inicia-se junto
ao miradouro da fajã de Lopo Vaz. Durará
cerca de duas horas a descida até à fajã,
num caminho de terra batida, calçada
e degraus em pedra, e o regresso novamente
Fotos: ATA
Janeiro 2010 | 27
2010 |Vulcanologia
AÇORES
corpo e alma de
Lava
28 | Janeiro 2010
Vulcanologia | AÇORES
2010
Vulcões paisagísticos
Perante a visão das lagoas das Sete
Cidades, das Furnas ou do Fogo, custa
a acreditar que tamanha formosura
seja resultado de processos eruptivos
vulcanológicos. Talvez por essa razão,
os antepassados locais se tenham dedicado
a criar lendas para explicar a formação
de tão extraordinárias lagoas. Actualmente,
deslizar suavemente de parapente sobre
as Sete Cidades ou as Furnas constitui
uma forma fantástica de apreciar estes
deslumbrantes fenómenos naturais. E para
os amantes do contacto com a água, nada
melhor do que entrar num caiaque para
remar calmamente dentro dos vestígios
Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos - Faial
de um vulcão.
todas de tirar o fôlego – aliás, e em todas com fato e equipamento de mergulho. Génese
as ilhas, lagoas homenageiam em beleza essas Na Gruta das Torres, na ilha do Pico, a incursão
origens vulcânicas. No Monte Brasil da Terceira, ao interior da terra inicia-se com o acender do conhecimento
vulcão originário no mar que acabou por da mini lanterna acoplada ao capacete protector. O Centro de Interpretação do Vulcão dos
se ligar à cidade de Angra. No planalto central Caminha-se em chão de lava, Capelinhos, no Faial, encontra-se instalado
do Pico em que sobressaem o conjunto às vezes tão liso como se fosse uma camada por debaixo da paisagem lunar deixada pela
de cones vulcânicos alinhados e as lagoas de alcatrão, outras vezes rugoso como um mar erupção. No museu subterrâneo recorre-se
do Capitão, Caiado e Peixinho. No Monte encrespado. Estamos no maior tubo lávico dos às tecnologias multimédia mais avançadas
da Guia faialense, resultado de dois vulcões Açores, com mais de cinco quilómetros para mostrar a origem do Universo,
associados por um istmo, observatório especial de extensão, mas o nosso percurso fica aquém da Terra e, com maior ênfase, das ilhas dos
para o casario da Horta e praia de Porto Pim. dos 500 metros. Mais que suficientes. Açores. Um holograma sofisticado permite
O fenómeno também não passa ao lado dos À passagem dos feixes de luz artificial, a gruta acompanhar a erupção do vulcão dos
campos de lava em que se plantaram vinhas escura mostra-se magnânime na partilha dos Capelinhos. Além do excepcional circuito
e dos infindáveis quilómetros de muros tesouros escondidos no solo, tecto e paredes. interpretativo, destaca-se a arquitectura
de pedra basáltica na ilha do Pico. Ou das Os bens preciosos assumem aqui formas vanguardista do edifício. A rampa de
piscinas naturais lávicas, espalhadas praticamente de estalactites e estalagmites, bancadas entrada dissimulada na paisagem sinaliza
por todo o arquipélago. Das temperaturas laterais, bolas de lava, paredes estriadas o respeito pelo local. No interior, sobressai
quentes de cascatas, lagos e nascentes, locais e lavas encordoadas. Os nomes não fazem jus o enorme fuste a simular uma erupção
de banhos lúdicos ou terapêuticos quando assim ao espanto provocado. Talvez por isso se queira e o aproveitamento do piso térreo do farol
o ditam as riquezas minero-medicinais das águas. vislumbrar, impregnada em blocos de lava negra, que ficou submerso pelas cinzas. A terminar
Das caldeiras e fontes de águas borbulhantes, a cara da Mona Lisa ou a volumetria de uma a rota, é possível ascender ao cimo da torre
numa terra aquecida que até serve para baleia. Não duvidemos. Debaixo da terra, outrora luminosa para obter panorâmica
cozinhados. E das fumarolas activas no mar, que nos restos de uma erupção vulcânica, o mundo sublime da área circundante.
também apelam a descidas ao fundo, desta vez só pode ganhar contornos de fantástico.
Janeiro 2010 | 29
2010 |Montanhismo
AÇORES
desfazer em cratera. Depois descer, sem pressa,
fase que dura sensivelmente o mesmo tempo
que levou a ascensão. Prossegue assim o teste
subida
Mágica
às capacidades físicas e psíquicas dos que se
agigantaram a domar a montanha.
Existe um trilho marcado que permite realizar a
escalada de forma autónoma. Na Casa
da Montanha há acesso a um apoio inestimável:
um aparelho de GPS/telemóvel que monitoriza
cada passo do montanhista. Para que a jornada se
faça em total segurança, quem se desviar da rota
precisa será prontamente avisado por telemóvel
para regressar ao carreiro demarcado. Nos casos
de urgência, este sistema garante que possa ser
prestado socorro de forma rápida e eficaz.
A escalada também pode ser feita em grupo,
com o auxílio de um guia especializado.
A subida acompanhada permite conhecer
de forma aprofundada a evolução geológica
Escalar as falésias
A escalada desportiva, onde a segurança
é tema privilegiado, é uma actividade
em expansão nos Açores. As pequenas
falésias de rocha basáltica são um local
A
extremamente apetecível para esta prática.
Em São Jorge, existem sectores equipados
actividade montanhista tem nos conhecimento. Um teste ao corpo mas na Urzelina e na Fajã do Ouvidor. No Pico,
Açores o maior desafio possível em também às capacidades mentais e traços pode-se escalar na Calheta de Nesquim
território nacional. Ponto mais elevado de personalidade. Um apelo à resistência e no Cachorro. Na ilha de São Miguel
de Portugal, a montanha do Pico pode ser e à perseverança. E caso se suba acompanhado, existem zonas preparadas na Ferraria
escalada de forma autónoma. E com o bónus uma prova nos domínios do companheirismo e em Porto Carneiros. Na Terceira, as
de estar a pisar-se o vulcão que atrai todos e do espírito de entreajuda. vias equipadas ultrapassam a centena,
os olhares. Quem aceder a enfrentar o repto, guardará agregadas em três zonas. A da Chupa-
À vista desarmada, os 2351 metros de altitude uma jornada memorável até ao ponto mais -Cabras (junto à circular de Angra
da montanha do Pico parecem presa fácil. alto de Portugal. Chegados ao cume, ganha-se do Heroísmo) e da Grota-do-Medo
A empreitada de os subir é acessível. Mas a satisfação pessoal de uma meta cumprida, (freguesia de Posto Santo), ambas
também comporta dureza. O caminho é íngreme servida com uma vista paisagística única, apropriadas para uma iniciação à escalada.
e em média, dependendo de factores como de espanto, isto caso a bruma não se tenha E a da Chanoca (orla costeira na freguesia
a condição física ou o estado atmosférico, enamorado pelo topo da montanha. É então de São Mateus), que apresenta vias com
a subida leva entre três a quatro horas. tempo de recuperar energias e deambular nível de dificuldade mais elevado.
Escalar o Pico é por isso um desafio calmamente pela univocidade de um cone Link: http://escalada.montanheiros.com
e, simultaneamente, um acto de auto- vulcânico que ainda não desabou para se
30 | Janeiro 2010
Negócios e Golfe | AÇORES
2010
tacadas
Certeiras
Múltiplos Incentivos
São Miguel, Terceira e Faial lideram em termos de infra-estruturas adequadas ao turismo de negócios.
Além das capacidades tradicionalmente alocadas ao parque hoteleiro para a realização de eventos
de pequena ou média dimensão, Ponta Delgada dispõe do Teatro Micaelense - Centro Cultural
e de Congressos, cujo auditório alberga até 800 pessoas. A Terceira aposta no Centro Cultural
Foto: Market Iniciative / Carlos Duarte
e de Congressos de Angra do Heroísmo, capacitado com dois auditórios para 900 e 200 pessoas
servidos por cabines de tradução simultânea e equipamento multimédia, e no Auditório do Ramo
Grande situado na Praia da Vitória (400 lugares). O turismo de incentivos também encontra guarida
no Arquipélago. Uma viagem aos Açores tanto funciona como recompensa inesquecível para
os melhores colaboradores, como para efectuar acções de formação empresarial, enquadradas
em actividades como parapente, paintball, orientação, slide, mergulho, rappel, entre muitas outras,
que dinamizam aspectos como o espírito de equipa ou a liderança.
Portas do Mar - São Miguel
Janeiro 2010 | 31
2010 |Património
AÇORES
arco-íris
Cultural
32 | Janeiro 2010
Património | AÇORES
2010
TERCEIRA
Heranças Liberais
Janeiro 2010 | 33
2010 |Agenda
AÇORES
Foto: ATA Foto: Assoc. Cultural Maré de Agosto Foto: ATA Foto: Market Iniciative
FEVEREIRO 15/17: SATA Rally Açores (S. Miguel) 15/18: Festival Baia do Rock (S. Lourenço/Sta Maria)
1: Senhor Santo Cristo (Praia do Almoxarife/Faial) 16/18: Festival Blues - Anjosblues (Anjos/Sta Maria) 16/22: Festa do Pescador (Caloura/S. Miguel)
1: Nossa Senhora da Estrela da Ribeira Grande (S. Miguel) 16/19: Festa do Imigrante (Lajes/Flores) 22/28: Semana dos Baleeiros (Lajes do Pico)
12/16: Festejos de Carnaval (todas as ilhas) 16/20: Festa de Santa Maria Madalena (Pico) 22/28: Festa do Bom Jesus da Pedra (Vila Franca do Campo/S.
17/25: Festas do Porto Judeu (Terceira) Miguel)
MARÇO 18/19: Rally Ilha Azul (Faial) 27/29: Festival da Maia (Maia/Sta Maria)
19: Festas de S José (Ponta Delgada e Ribeira Chã/S. Miguel) 20/24: 4ª Semana da Juventude da Maia (Ribeira Grande/S. Miguel) 27/29: Festas da Conceição (Faial)
20/25: Festival de Música (Calheta/S. Jorge) 28/04 Setembro: Festas de S. Bartolomeu (Terceira)
ABRIL 20/25: Semana da Juventude (Praia Formosa/Sta Maria)
Festas do Espírito Santo (início das festas – todas as ilhas) 23/25: Festas de Nª Sra do Bom Despacho (Almagreira/Sta Maria) SETEMBRO
4: Domingo de Páscoa (todas as ilhas) 23/01 Agosto: Festas de S. Sebastião (Terceira) Festas do Espírito Santo (todas as ilhas)
4: Triatlo do Peter Café Sport (Faial) 29: Festa do Baleeiro (S. Vicente Ferreira/S. Miguel) 3/5: Festa da Vinha e do Vinho dos Biscoitos (Terceira)
11: Festa do Senhor dos Enfermos (S. Miguel) 29: Festa de Santa Ana (Furnas/S. Miguel) 3/5: Nossa Senhora da Penha de França (Fajã/Faial)
23/25: Festas de S. Jorge 28/31 Agosto: Cais de Agosto (S. Roque/Pico) 3/5: Angra Rock 2010 (Terceira)
30/08 Agosto: X Edição da Feira Gastronómica do Atlântico (Praia da 5: Festas do Varadouro (Faial)
MAIO Vitória/Terceira) 5/6: Festa de Nª Sra Mãe de Deus (Povoação/S. Miguel)
até Outubro: Touradas à Corda (Terceira) 31/8 Agosto: Festas do Concelho da Praia da Vitória 10/11: Rally Ilha Lilás (Terceira)
9: Festas do Santo Cristo dos Milagres (Ponta Delgada/S. Miguel) 31/8 Agosto: Feira Regional de Artesanato (Praia da Vitória/Terceira) 11: 7 Maravilhas Naturais de Portugal (Lagoa das Sete Cidades/S. Miguel)
15/16: Festa da Nossa Senhora das Angústias (Faial) 12: Festa de Nª Sra dos Milagres da Serreta (Terceira)
23: Dom. do Espírito Santo (todas as ilhas) AGOSTO 12: Festas de Nª Sra Dá Pureza (Lajido - Sta Luzia/Pico)
24: 2ª Feira do Espírito Santo / Dia da Autonomia (todas as ilhas) Festa do Baleeiro (S. Vicente Ferreira – S. Miguel) 24/27: Festas de S. Paulo (Ribeira Quente/S. Miguel)
23/30: I Bodo e II Bodo (Terceira) Festival da Povoação (S. Miguel) 27: Dia Mundial do Turismo
30: Domingo da Trindade (todas as ilhas) 1: Festa do Santíssimo (Ribeira Chã – S. Miguel) 28/29: Festa de Nª Sra de Lurdes (Feteira/Faial)
1/2: Festas do Coração de Jesus (Santa Bárbara – Sta Maria)
JUNHO 1/8: Semana do Mar (Horta – Faial) OUTUBRO
Festa de S. Miguel Arcanjo (Vila F. do Campo/S. Miguel) 4: Festa da Nossa Sra. de Lurdes (Faial e Pico) Outono Vivo (Praia da Vitória)
3: Corpo de Deus (Povoação/S. Miguel) 6: Festa do Bom Jesus Milagroso (Pico) SATA Azores Open (S. Miguel)
19/28: Sanjoaninas (Terceira) 6/11: Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres (Graciosa) Festival do Ramo Grande (Praia da Vitória/Terceira)
19/28: Feira Regional de Artesanato (Terceira) 7/14: Festas de 15 de Agosto (Vila do Porto/Sta Maria) 1/3: IX Festival Angra Jazz (Angra do Heroísmo/Terceira)
23/24: Festas de S. João (S. Miguel/Sta Maria/Faial/Flores) 8: Festa de S. Nicolau (Sete Cidades/São Miguel) 2/9: Festas das Lajes (Terceira)
29: Cavalhadas de S. Pedro (Ribeira Grande/S. Miguel) 8/14: Festival dos Moinhos (Corvo) 10: Festa de Nª Sra do Rosário (Lagoa e Rabo de Peixe/S. Miguel)
29/03 Julho: Festa do Chicharro (Ribeira Quente/S. Miguel) 8/14: Festival Internacional de Folclore (Terceira) 22/24: Wine in Azores (Ponta Delgada/S. Miguel)
9/13: VI Feira de Artesanato e Sabores Tradicionais (Praia da
JULHO Vitória/Terceira) NOVEMBRO
4: Aniversário da Cidade da Horta (Faial) 11/14: Rally de Santa Maria 11: Festa de S. Martinho (todas as ilhas)
4/9: Semana Cultural de Velas (S. Jorge) 14/16: Festival Maré de Agosto (Sta Maria) Foto: Market Iniciative
3/7: Festas dos Biscoitos (Terceira) 15: Festa de Nª Sra dos Anjos (Água de Pau/S. Miguel) DEZEMBRO
8/14: Festas do Concelho do Nordeste (S. Miguel) 15: Nª Sra da Graça (Praia do Almoxarife/Faial) 8: Festa de Nª Sra da Conceição (Faial/Terceira)
9/11: Festival de Música Tradicional Maia Folk (Sta Maria) 15: Festa de S. Roque (Pico) 8: Dezembro em Festa (Faial)
Foto: Ana Paula Fonseca / C. M. Ribeira Grande Foto: Fotaçor Foto: Fotaçor
Foto: André Frias / contratempo.com
34 | Janeiro 2010