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Mudanças Climáticas : Agenda Climática

Sequestro de carbono: como limpar o carvão

As energias renováveis não irão substituir inteiramente os


combustíveis fósseis nos próximos anos. A filtragem do gás
carbônico das usinas a carvão, conhecida como captura e
armazenagem do carbono (CCS), terá um papel crucial. Já foi
dada a largada com o primeiro projeto-piloto na Alemanha. Mas
será que o “carbono limpo” é uma solução confiável frente à
mudança climática?

Tubo flexível de gás carbônico na mini-usina a carvão de "Schwarze Pumpe", em


Spremberg, Alemanha. A usina é um projeto piloto em captura e armazenagem de
carbono (CCS) para filtrar as emissões de carbono do carvão e enterrá-las bem
fundo debaixo da terra.

As chaminés da usina termelétrica a carvão de Schwarze Pumpe, no


leste da Alemanha, são uma visão impressionante. Essa usina
gigantesca ergue-se acima dos campos e vilas vizinhas, fornecendo
1.600 megawatts de energia para a região.

No entanto, se você se preocupa com o aquecimento global, talvez não


fique tão impressionado. As torres da usina vomitam cerca de 36 mil
toneladas de dióxido de carbono todos os dias – esta é uma das
milhares de usinas a carvão no mundo inteiro que produzem, em
conjunto, em torno de 20% de todas as emissões de gases de efeito
estufa e mais de 40% das emissões de dióxido de carbono (CO2).

Porém, a esperança está próxima – a poucas centenas de metros dali,


engenheiros estão fazendo experiências com o que poderá ser o futuro
da indústria carvoeira: a captura e armazenagem de carbono (CCS).
Essa tecnologia aprisiona o dióxido de carbono que, de outro modo,
seria liberado na atmosfera durante a queima do carvão. Ao invés de
permanecer na atmosfera durante séculos, o CO2 sequestrado pode ser
liquefeito e armazenado em lugares como, por exemplo, os campos já
esgotados de petróleo e gás natural.

Em Schwarze Pumpe (nome significa, literalmente, “bomba negra”), a


empresa estatal sueca Vatenfall montou a primeira planta-piloto de CCS
em operação no mundo. A instalação de 30 megawatts começou a
funcionar em setembro, e irá por à prova a tecnologia e a viabilidade
econômica da combustão do oxicombustível – uma das poucas formas
que há para capturar o dióxido de carbono. O oxicombustível queima o
carvão em oxigênio puro, o que produz um fluxo praticamente puro de
CO2.

Pequena escala, grandes esperanças

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Embora o projeto piloto seja muito pequeno em escala (50 vezes menor
que a termelétrica ao lado), há grandes esperanças com relação ao
potencial dessa tecnologia para restringir as emissões de CO2 em escala
global, especialmente pelo fato de que a dependência do carvão
continua a crescer rapidamente. A expectativa é de que o consumo
mundial de carvão aumente 65% até 2030, sendo que a maior parte do
aumento na demanda vem da Índia e da China.

Eileen Claussen, presidente do Pew Center, uma instituição que estuda a


mudança climática global, aponta o CCS como a “maior esperança” no
esforço de adaptar a indústria do carvão a um mundo consciente da
questão climática.

“O carvão é barato e abundante, e os Estados Unidos irão utilizá-lo no


futuro próximo, disse Claussen ao Congresso americano em 2007.
“Mesmo que não fizéssemos isso, a China e a Índia fariam isso.
Portanto, é essencial o rápido desenvolvimento e a implantação de
tecnologias não-prejudiciais ao clima ”.

Vale a pena desenvolver o CCS – é o que acredita o economista


britânico Nicholas Stern, assim como o presidente dos EUA, Barack
Obama. Ele apóia o “carvão limpo” – termo genérico usado para se
referir ao CCS e a outros processos concebidos para reduzir os danos
ambientais causados pela queima de carvão. Alguns legisladores norte-
americanos chegaram mesmo a propor a imposição de uma moratória
para todas as novas usinas a carvão que não instalarem sistemas de
CCS, apesar do fato de que, provavelmente, ainda deve levar uma
década até essa tecnologia alcançar sua maturidade.

Solução ou adiamento do problema do CO2?

Além da evolução técnica, outro obstáculo de peso ao uso amplo do CCS


é o seu custo elevado. A empresa Vatenfall prevê ter uma planta
comercial de CCS operando em 2010, e visa cortar os custos do CO2
capturado e armazenado para 20 euros por tonelada. Contudo, a
consultoria McKinsey & Company estima que o custo atual seja de 60 a
90 euros – bem acima do preço vigente da tonelada de CO2 no mercado
global de carbono. A tecnologia CCS também consome energia e,
portanto, eleva o custo da produção de energia.

Várias organizações de defesa ambiental também manifestaram


preocupação em respeito aos impactos ambientais de se injetar CO2
liquefeito no subsolo e no fundo dos oceanos. O conhecimento que se
tem sobre quanto tempo o CO2 permanecerá enterrado ainda é
escasso. O WWF afirma que, antes de investir bilhões de dólares, os
governos deveriam se certificar se o CO2 armazenado não vai vazar nos
próximos 100 mil anos, pelo menos. Afinal de contas, a meta é
solucionar – e não apenas adiar – o problema do gás carbônico.

Porém, a indústria parece confiante quanto à questão dos vazamentos.


Há tempos as empresas petrolíferas fazem bombeamento de CO2 em
campos esgotados de petróleo e gás a fim de maximizar sua extração; a
empresa sueca de gás StatoilHydro extrai CO2 do gás natural,
bombeando-o para as profundezas do mar do Norte há mais de dez
anos.

“Se o gás natural se encontra no fundo da terra, sob alta pressão, há


centenas de milhares de anos, por que o CO2 também não

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permaneceria lá?”, observa o engenheiro Daniel Kosel, que trabalha nas


instalações de Schwarze Pumpe.

A possibilidade de CCS seguro, de baixo custo e em escala industrial


abre uma nova perspectiva, especialmente para os países mais
dependentes do carvão. Países ricos em carvão, como Canadá,
Austrália e Estados Unidos, já tem planos ou projetos piloto de CCS em
andamento. Os EUA têm, isoladamente, reservas de carvão para durar
250 a 500 anos, e capacidade subterrânea suficiente para armazenar a
totalidade das suas próprias emissões de CO2 por mais três séculos.

Eterna inimiga dos defensores do clima, a indústria do carvão poderá


encontrar a chave da sua sobrevivência na economia com baixo
consumo de carbono que já se prenuncia. Agora cabe aos governos
decidir se darão apoio a essa tecnologia ou se, efetivamente, é
preferível carvão nenhum ao “carvão limpo”.

Editor: Valdis Wish


Data de publicação: 5 de março de 2009

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