Professional Documents
Culture Documents
– Espírito desportivo, rijeza e alegria para enfrentar tudo aquilo que contraria ou é menos
agradável, o que se opõe aos nossos planos ou produz pesar e dor. Fugir do desalento.
Devemos proclamar aos quatro ventos que o caminho que segue de perto os
passos de Jesus é um caminho cheio de alegria, de optimismo e de paz, ainda
que sempre estejamos perto da Cruz. E precisamente dessas tribulações,
acolhidas por amor a Deus, tiraremos frutos extraordinários. “Recorda-te –
aconselha-nos São Francisco de Sales – de que as abelhas, no tempo em que
estão fabricando o mel, comem e sustentam-se de um produto muito amargo; e
que de igual maneira nós não podemos fazer actos de maior mansidão e
paciência, nem compor o mel das melhores virtudes, senão enquanto
comemos o pão da amargura e vivemos no meio das aflições”8.
II. É DIFÍCIL, talvez impossível, encontrar uma pessoa que não esteja
sofrendo alguma dor, doença ou preocupação de um tipo ou de outro. Não
deve acontecer com o cristão o que comenta São Gregório Magno: “Há alguns
que querem ser humildes, mas sem serem desprezados; querem contentar-se
com o que têm, mas sem padecer necessidade; ser castos, mas sem mortificar
o corpo; ser pacientes, mas sem que ninguém os ultraje. Quando procuram
adquirir virtudes, e ao mesmo tempo fogem dos sacrifícios que as virtudes
trazem consigo, assemelham-se aos que, fugindo do campo de batalha,
quereriam ganhar a guerra vivendo comodamente na cidade”9. Sem dor e sem
esforço, não há virtude.
Porque, ainda que os obstáculos sejam reais e se deva contar com eles,
corre-se por vezes o risco de exagerá-los, dando-lhes excessiva importância.
Pode acontecer de vez em quando que cheguemos a pensar que não fazemos
nada de proveito, que tudo vai de mal a pior, que somos ineficazes na acção
apostólica, que o ambiente pesa de tal maneira que não adianta ir contra a
corrente... É uma visão deformada das coisas, talvez por não contarmos com a
verdadeira realidade: somos filhos de Deus, e nunca nos faltará a graça para
alcançarmos um bem muito maior.
(1) Mt 11, 28-30; (2) cfr. Mt 9, 36; (3) cfr. At 15, 10; (4) Santo Agostinho, Sermão 164, 4; (5)
São João da Cruz, Subida ao Monte Carmelo, I, 7, 4; (6) Santo Agostinho, op. cit., 7; (7) São
Josemaría Escrivá, Sulco, n. 198; (8) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, III, 3;
(9) São Gregório Magno, Moralia, 7, 28, 34; (10) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 325; (11) 1
Pe 4, 12; (12) cfr. Jo 15, 2; (13) Santa Teresa de Jesus, Fundações, 27, 12; (14) ib.; (15) cfr. M.
Auclair, La vida de Santa Teresa de Jesus, 4ª ed., Palabra, Madrid, 1984, págs. 422-423; (16)
ib.; (17) Santa Teresa de Jesus, Fundações, 31, 17.