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A MORTE DA GUIA
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que no fosse a grandiloqncia da Lgende des Siecles, do Ahasverus, de Quinet, ou
dos ciclos de Tefilo Braga, que ele considerava prolongamentos do romantismo e da
metalsica". 1
Na predominncia do ngulo pes.soal, na presena incessante do poeta, fica patente o carater
romntico desses cientistas. O fato que Slvio foi sempre acentuadamente romntico,
pendendo em cada poema para o "lirismo piegas" que verberava. Na sua crtica, jamajs
compreendeu bem outra fonna de poesia e passou a vida a resmungar contra as correntes
modernas, sobretudo o Parnasianismo, s as elogiando naquilo que apresentavam de prolon-
gamento dos processos e concepes romnticas. Eis as armas com que pretendia combater a
maneira velha e dar exemplo de outra, moderna e cientfica-.
Aceso em todos os lados
O temporal das paixes,
Os elos todos quebrados
Da clera nos coraes,
De glria e noite rebenta
A agigantada tormenta,
Que a imensidade arrastou
Para escutar o rufa'o,
Esse insondvel zumbido,
Dessa lava - Mirabeau.
("A revoluo")
Sub-Tobias, sub-Castro Alves, sem nada de novo; basta alis correr os olhos pelo ndice
dos Cantos do Fim do Sculo para perceber o velho temrio romntico. Nos ltimos
harpejos, a coisa piora, com uns umos de lirismo gracioso, em que o grande crtko se
torna lamentavelmente grotesco.
Mas o Homantismo caracterstico da terceira fase que aparece continuado por estes
sucessores. O decnio de 70, e o de 80, so percorridos por um vagalho surpreendente
de poesia social e poltica. A herana de Pedro Lus e Castro Alves ampliada ao mximo
do vigor e grandiloqncia por esses jovens que, agora, lem e admiram Guerra
Junqueiro. O humanitarismo e a indignao abolicionista de Castro Alves parecem
moderados, perto da nova oratria potica, republicana, agressivamente antimonrquica
e anticlerical, de Lcio de Mendona, Matias Carvalho ou Martins Jnior. Se a veemncia
e a inteno social fossem condies de boa poesia, nenhuma seria mais alta que a deles.
Matias Carvalho, autor d'A Linha Reta, agride Pedro li com uma dureza que chega
a surpreender, fala em Proudhon, dedica todo um poemeto a desancar as irms de
caridade, canta embevecido a cincia e o progresso, faz abertamente apologia do
terrorismo anarquista e da vingana popular, tudo porque
10. Antnio Cndido. /nlrodudo ao M4todo Crf/ico dt Slvio Romero. pgs. SJ.54.
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