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A Retrica da Revoluo
Segundo Hunt, a queda do Estado francs aps 1789, provocou uma enorme
quantidade de palavras na imprensa, nas conversas e nas reunies polticas: circulavam
em Paris dezenas de publicaes peridicas, surgiram inmeras peas de teatros com
temas revolucionrios, clubes polticos, assembleias eleitorais e festivais de
comemorao e celebrao proliferaram durante os primeiros anos da Revoluo.
Embora reconhea os mritos dessas trs perspectivas, Lynn Hunt prope uma
outra anlise, que parte da retrica dos prprios revolucionrios. Mais do que expresso
de uma posio ideolgica, a linguagem tambm ajudou a moldar a percepo dos
interesses e o desenvolvimento de ideologia. Para entender como a retrica poltica
tornou-se um escndalo indito e o principal instrumento da Revoluo, Hunt
prope que se analise a retrica revolucionria como um texto, nos moldes da crtica
revolucionria.
A prpria natureza da retrica revolucionria faz com que haja questes caras
crtica literria atual. De forma semelhante aos crticos literrios da atualidade - que
analisam a natureza da autoria, o pblico, as estruturas do enredo e as funes narrativas
os oradores polticos da Revoluo preocupavam-se com autoridade, pblico e
interpretao correta da histria revolucionria.
Lynn Hunt considera que a retrica da revoluo foi, de certa forma, derrotada devido a
suas contradies inerentes: mesmo sendo poltica recusava a prtica da poltica
faccionria; mostrava o poder da retrica, mas ao mesmo tempo, o negava; representava
a nova comunidade, mas empenhava-se em obscurece-la; enfatizava o presente mtico,
mas tinha que explicar os fracassos do presente, atribuindo-os poltica conspiratria.