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Oficina: Quebra-cabeças Pitagóricos Francisco Dutenhefner

Objetivo:
• Apresentar algumas demonstrações do Teorema de Pitágoras que podem ser obtidas
através da comparação de áreas. Estas demonstrações dão origem a alguns quebra-
cabeças interessantes, que serão construídos e resolvidos na oficina.
• Utilizar estas demonstrações para fazer uma revisão de alguns conceitos matemáticos
tais como: semelhança e congruência de triângulos, relações métricas no triângulo
retângulo, construção com régua e compasso.
• As atividades trabalhadas nesta oficina poderão ser aproveitadas pelo professor em sua
sala de aula, pois podem ser trabalhadas como divertidos quebra-cabeças pelos alunos.

Dinâmica de desenvolvimento:
• Serão distribuídas folhas de papel para cada um dos participantes recortar as peças e
tentar resolver o quebra-cabeça proposto.
• Após todos os participantes conseguirem montar uma solução para o quebra-cabeça
proposto, chega-se ao momento da formalização: os critérios de corte das peças serão
caracterizados e a demonstração de que elas se encaixam perfeitamente para dar a
solução do problema proposto também será apresentada.
• Ao final de cada atividade, os participantes serão convidados a identificar os objetivos,
as conclusões, quais conteúdos matemáticos foram abordados e quais são os pré-
requisitos necessários para que eles utilizem estas atividades em suas salas de aula.

Um desafio para motivar a sua participação na oficina:

A figura abaixo ilustra a possibilidade de se dividir um quadrado 8x8 em quatro partes que
podem ser rearrumadas para formar um retângulo. Agora observe que o quadrado tem área
igual a 8 x 8 = 64, e o retângulo tem área igual a 13 x 5 = 65. Curioso, não é?

De onde apareceu esta unidade extra de área?


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Atividades iniciais: (folha 1)

Enuncie no quadro abaixo o Teorema de Pitágoras:

O Teorema de Pitágoras possui várias demonstrações. Elas são classificadas como


“geométricas” (baseadas em comparações de áreas) e “algébricas” (baseadas nas relações
métricas nos triângulos retângulos). Vejamos três demonstrações geométricas: calcule as
áreas de cada uma das figuras abaixo de duas maneiras diferentes, iguale as expressões
encontradas, e observe a relação de Pitágoras.

Utilize este espaço para redigir estas três demonstrações:


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Atividades iniciais: (folha 2)

Nesta atividade, estaremos trabalhando com uma demonstração algébrica do Teorema de


Pitágoras: a altura relativa à hipotenusa de um triângulo retângulo o divide em dois triângulos,
que juntamente com o original, formam três triângulos semelhantes. Observe como isto está
ilustrado nas figuras a seguir.

A construção desses triângulos semelhantes pode ser realizada concretamente, recortando


uma folha de papel A4 ao meio, pela diagonal, e depois recortando um dos triângulos obtidos
na altura relativa a hipotenusa.

Escreva as razões de proporcionalidade destes três triângulos e, a partir delas, apresente uma demonstração do Teorema de
Pitágoras.
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Atividade 1:

O Teorema de Pitágoras possui a seguinte interpretação


geométrica: a soma das áreas dos quadrados construídos
sobre os catetos de um triângulo retângulo é igual à área do
quadrado construído sobre a hipotenusa desse triângulo.

Na figura ao lado a área amarela somada com a área azul é


igual à área verde.

Uma outra maneira de experimentar este fato é


mostra que é possível dividir os dois quadrados
construídos sobre aos catetos de um triângulo
retângulo em algumas peças que podem ser
reorganizadas para formar o quadrado construído
sobre a hipotenusa desse triângulo.

De fato isso é possível !

A figura ao lado mostra uma maneira de dividir os


quadrados construídos sobre os catetos em 5
peças que podem ser perfeitamente encaixadas
sobre o quadrado construído sobre a hipotenusa
desse triângulo.

Parte 1: Recortar as 5 peças da figura da próxima página e tentar encaixa-las sobre o


quadrado construído sobre a hipotenusa do triângulo retângulo do centro da figura.

Parte 2: Depois de resolver este “quebra-cabeça”, procure justificar formalmente sua solução,
mostrando que as peças se encaixam perfeitamente sobre o quadrado maior. Para isto é
importante que as propriedades das linhas de corte dos quadrados construídos sobre os
catetos sejam identificadas.
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Atividade 2:

A atividade anterior pode ser modificada para dar origem a um outro quebra-cabeça.

Aqui, vamos explorar o fato de que quaisquer dois quadrados podem ser cortados em 5
pedaços de tal forma que estes cinco pedaços podem ser organizados para formar um novo
quadrado. A figura abaixo ilustra como esse corte deve ser feito.

Parte 1: Recortar a figura da próxima página em 5 peças e tentar arranja-las para formar um
quadrado.

Parte 2: Na figura utilizada na Parte 1 desta atividade, as linhas pontilhadas já estavam


desenhadas. Identifique qual deve ser o critério para desenha-las que permite que este quebra-
cabeça tenha solução.

Parte 3: Identifique de que maneira este quebra-cabeça pode fornecer uma demonstração
para o Teorema de Pitágoras.

Parte 4: Agora á a hora de justificar este “quebra-cabeça”. Demonstre que realmente as cinco
peças da figura acima podem ser encaixadas de tal forma que elas formam um quadrado.
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Atividade 3:

Observando a resolução da atividade 2, caso ela já tenha sido encontrada, observa-se que o
quebra-cabeça enunciado naquela atividade pode ser simplificado para um de apenas três
peças.

Deste modo, aqui estaremos explorando o fato de que dois quadrados quaisquer podem ser
decompostos em três peças, que se adequadamente encaixadas, formam um quadrado. A
figura abaixo ilustra como os dois quadrados (da esquerda) devem ser recortados nestas três
peças (da direita).

Parte 1: Recortar a figura da próxima página em 3 peças e tentar arranja-las para formar um
quadrado.

Parte 2: Na figura utilizada na Parte 1 desta atividade, as linhas de corte já estavam


desenhadas. Identifique qual deve ser o critério para desenha-las que permite que este quebra-
cabeça tenha solução.

Parte 3: Identifique de que maneira este quebra-cabeça pode fornecer uma demonstração
para o Teorema de Pitágoras.

Parte 4: Tente justificar formalmente que o critério identificado na Parte 2 permite que um
quadrado pode ser formado a partir das 3 peças recortadas.
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Atividade 4:

O objetivo desta atividade é resgatar o enunciado original do Teorema de Pitágoras: a soma


das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos de um triângulo retângulo é igual à área
do quadrado construído sobre a hipotenusa deste triângulo.

Nas figuras abaixo temos, à esquerda, um triângulo retângulo e os três quadrados construídos
sobre os seus lados e, à direita, uma ilustração de como podemos recortar os dois quadrados
construídos sobre os catetos (um em 4 peças e o outro em apenas uma peça) de modo que
estas cinco peças podem ser perfeitamente encaixadas sobre o quadrado construído sobre a
hipotenusa.

Parte 1: Recortar as cinco peças indicadas na figura da próxima página, e tentar encaixa-las
sobre o quadrado maior, construído sobre a hipotenusa do triângulo retângulo.

Parte 2: Na figura utilizada na Parte 1 desta atividade, já estava indicada de que maneira o
quadrado construído sobre um dos catetos do triângulo deveria ser dividido em 4 partes.
Procure identificar as propriedades das linhas de corte deste quadrado.

Parte 3: Tente justificar formalmente que o critério identificado na Parte 2 implica que as cinco
peças deste quebra-cabeça vão se encaixar perfeitamente sobre o quadrado construído sobre
a hipotenusa do triângulo.
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Atividade 5:

O objetivo desta atividade é mostrar que uma demonstração matemática não pode ser dada
exclusivamente através da interpretação de uma ilustração. Algum tipo de formalismo sempre é
necessário.

Parte 1: A figura abaixo ilustra a possibilidade de se dividir um quadrado 8x8 em quatro partes
que podem ser rearrumadas para formar um retângulo. Agora observe que o quadrado tem
área igual a 8 x 8 = 64, e o retângulo tem área igual a 13 x 5 = 65.

De onde apareceu esta unidade extra de área?

Parte 2: A figura abaixo ilustra a possibilidade de se dividir um triângulo em 4 peças que


podem ser rearrumadas (sem sobreposição), dentro do próprio triângulo, mas deixando uma
unidade de área descoberta.

Como isto é possível?


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Soluções e formalizações das construções:

Atividade 1: solução

Uma possível solução para o quebra-cabeça proposto


está ilustrada na figura ao lado. Observe que, nesta solução,
a peça 3 foi apenas transladada enquanto que todas as
outras além de serem transladadas também foram rodadas.

Vamos agora identificar o critério de corte das peças


e apresentar uma demonstração de que a solução
aqui apresentada está correta.

Atividade 1: critério de corte das peças

Considere um triângulo retângulo ABC.


Construa sobre os seus lados quadrados
ABDE, BCHI e AFGC. Os pontos P, Q e R, que
definem o corte das peças deste quebra-cabeça,
são tais que os pontos G, C e P são colineares,
os pontos F, A e R são colineares e as retas
PQ e PC são perpendiculares.

Atividade 1: demonstração

Prolongue as retas PQ e AR até elas se


encontrarem num ponto J. Obtemos assim um
paralelogramo ACPJ. Da congruência dos triângulos
ABC e PHC concluímos, de fato, que este
paralelogramo é um quadrado congruente ao
quadrado AFGC. Deste modo, para resolvermos
o quebra-cabeça proposto basta mostrarmos
que as suas cinco peças se encaixam perfeitamente
no quadrado ACPJ ao invés do AFGC.

A peça 3, o quadrilátero BCPQ, não será movido.


Além disso, da congruência entre os triângulos ABC e
PHC, podemos mover a peça 5 para ela se encaixar
sobre o triângulo ABC.
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Precisamos agora mostra que as peças 1, 2 e 4 se


encaixam perfeitamente sobre o triângulo AQJ.
Para fazer isso, vamos primeiramente mostra que os
pontos E, D e J estão alinhados. De fato, se α é o ângulo
do vértice A e β é o ângulo do vértice C do triângulo ABC,
relembrando que a soma dos ângulos agudos de um
triângulo retângulo é 90o e observando os ângulos retos já
existentes, podemos calcular vários ângulos da figura ao lado.

Agora ligue os pontos E e J, e considere o triângulo EAJ.


Pelo caso LAL (EA=AB, ang(EAJ)=ang(BAC) e AJ=AC),
obtemos a congruência entre os triângulos AEJ e ABC.
Isto implica que o ângulo do vértice E do triângulo EAJ é reto.
Logo a reta EJ é perpendicular a reta EA, e portanto os pontos
E, D e J são colineares.

Por J agora passe uma reta perpendicular à reta AI. Chame


de S a interseção destas duas retas. Considerando os
paralelismos envolvidos e o fato de que JS=AB, fica
demonstrada a congruência entre os triângulos RBA e QSJ.
Deste modo a peça 2 do quebra-cabeça proposto se
encaixa perfeitamente sobre o triângulo QSJ.

Falta então somente demonstrarmos que as peças 1 e 4 se


encaixam sobre o triângulo ASJ. Como os triângulos
ASJ e JEA são claramente congruentes, então precisamos
demonstrar que as peças 1 e 4 se encaixam sobre o triângulo
JEA ao invés do triângulo ASJ. Mas para fazer isto basta
demonstrarmos que a peça 4 se encaixa sobre o triângulo
RDJ, ou seja, precisamos mostrar que os triângulos QIP e
RDJ são congruentes.

Já sabemos que estes dois triângulos possuem os mesmos ângulos internos. Para estabelecer
esta congruência basta mostrarmos que eles possuem um par de lados correspondentes
congruentes. De fato temos que os segmentos IP e DJ possuem o mesmo comprimento, pois
IP = IH - PH = BC – AB e DJ = EJ - ED = BC – AB (lembre-se de que os triângulos PHC
e AEJ são ambos congruentes ao triângulo ABC). Portanto os triângulos QIP e RDJ são, de fato
congruentes o que implica que a 4 se encaixa perfeitamente no triângulo RDJ.

Isto termina a demonstração.


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Atividade 2: solução

Uma possível solução para o quebra-cabeça proposto


está ilustrada na figura ao lado. Observe que, nesta solução,
as peças 2 e 3 não precisaram ser mexidas, a peça 5 sofreu
uma rotação ao redor de um de seus vértices e as peças
1 e 4 não foram separadas: juntas elas constituem um
triângulo que apenas girou ao redor de um de seus vértices.

Vamos agora identificar o critério de corte das peças


e apresentar uma demonstração de que a solução
aqui apresentada está correta.

É interessante compararmos as soluções dadas aqui para


as atividades 1 e 2. Elas são completamente semelhantes.
Isto porque, na atividade 1, as peças 1 e 2 podem ser
movidas para que, unidas com as peças 3, 4 e 5, elas
formarem a posição inicial do quebra-cabeça proposto
na atividade 2.

Atividade 2: critério de corte das peças

Sejam dados dois quadrados: ABCD, de lado, a e DEFG, de lado b. O ponto P que define o
corte das peças deste quebra-cabeça é determinado de tal modo que AP=b, o que implica
imediatamente que PE=a.
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Atividade 2: demonstração

Pelo critério de corte, vemos que os triângulos retângulos ABP e EPF são congruentes, ambos
com um cateto de medida a e o outro cateto de medida b. Seja c a medida comum das
hipotenusas destes triângulos. Desta congruência, e da maneira como a figura é formada,
temos que o ângulo ang(BPF) é reto.

Na figura formada pelos quadrados ABCD e DEFG,


construa um triângulo BCQ, congruente ao
triângulo BAP, sobre o lado BC do quadrado de
lado a. Depois disso ligue os pontos Q e F.

Obtemos assim o quadrilátero BQFP. Vamos


mostrar que ele é um quadrado e que as peças
do quebra-cabeça proposto se encaixam
perfeitamente sobre ele.

Por enquanto, sobre este quadrilátero, sabemos


que FP = PB = BQ = c e que ele tem ângulo reto
no vértice P.

As peças 2 e 3 não precisam ser mexidas. Já a


peça 5 se encaixa, por construção, sobre o
triângulo BCQ. Vamos mostrar agora que os
triângulos FEP e FGQ são congruentes.
De fato, esta congruência é válida pois o triângulo FGQ é retângulo, possui um cateto FG de
medida b e o outro cateto de medida QG = QC + CG = QC + (CD – GD) = b + (a – b) = a.

Desta congruência vemos que as peças 1 e 4 se encaixam perfeitamente sobre o triângulo


FGQ e que a medida do lado FQ é c. Deste modo o quadrilátero BQFP possui todos os seus
lados de mesma medida, além de possuir um ângulo reto. Isto implica que este quadrilátero é,
de fato, um quadrado, como queríamos demonstrar.

Observação: esta atividade demonstra o Teorema de Pitágoras pois mostramos que a soma
das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos a e b de um triângulo retângulo
(quadrado ABCD e DEFG) é igual a área do quadrado construído sobre a sua hipotenusa c
(quadrado BQFP). Logo a2 + b2 = c2.

Atividade 3:

Esta atividade é apenas uma simplificação da anterior. A figura abaixo ilustra, de uma outra
maneira, o critério de corte das peças.
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Atividade 4: solução

Uma possível solução para o quebra-cabeça proposto


está ilustrada na figura ao lado. Observe que, nesta solução,
todas as peças foram simplesmente transladadas; nenhum
precisou ser refletida ou girada.

Vamos agora identificar o critério de corte das peças


e apresentar uma demonstração de que esta solução
está correta.

Atividade 4: critério de corte das peças

Considere um triângulo retângulo ABC.


Construa sobre os seus lados quadrados
ABDE, BCHI e AFGC. Seja M o centro do quadrado
BCHI, ou seja, M é a interseção das diagonais deste
quadrado. Os pontos P, Q, R e S, que
definem o corte do quadrado BCHI nas peças 1, 2, 3 e 4,
são tais os segmentos PQ e RS são paralelos aos
lados do quadrado AFGC, construído sobre a hipotenusa
do triângulo inicial. A peça 5 é simplesmente o
quadrado ABDE.

Atividade 4: demonstração

Pelo critério de corte das peças, vemos que os segmentos


PQ e RS são perpendiculares. Deste modo, as peças
1, 2, 3 e 4 possuem um ângulo reto no vértice M.

Vamos mostrar, inicialmente que M é o ponto médio dos segmentos


PQ e RS, e também que estes dois segmentos são congruentes.
De fato, sejam X e Y pontos tais que os segmentos XM e YM são
perpendiculares aos lados BI e BC, respectivamente, do quadrado
BCHI. Pelo caso ALA obtemos a congruência dos triângulos
MYP e MXS: ambos são triângulos retângulos, XM=YP pois estes
segmentos são iguais a metade do lado do quadrado BCHI e os
ângulos ang(YMP) e ang(XMS) são congruentes pois ambos são
os complementares do ângulo ang(SMY). Desta congruência concluímos que MP=MS.

Com um raciocínio análogo, podemos mostrar que MP=MQ=MR=MS. Portanto M é o ponto


médio dos segmentos congruentes PQ e RS.

Agora, na figura anterior, onde foram definidos os critérios de corte das peças, vemos que o
quadrilátero ACRS é um paralelogramo (pois seus lados opostos são paralelos). Isto implica
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que o segmento RS e AC possuem a mesma medida. Do que falamos acima, podemos concluir
agora que os segmentos MP, MQ, MR e MS todos são iguais a metade do lado do quadrado
AFGC.

O fato dos segmentos MP, MQ, MR e MS serem iguais


a metade do lado do quadrado AFGC, e o fato das peças
1, 2, 3 e 4 possuírem ângulo reto no vértice M, implicam
que estas quatro peças podem ser deslocadas sobre o
quadrado AFGC, para se encaixarem perfeitamente,
do modo como está ilustrado na figura ao lado. Assim,
mostramos que as peças 1, 2, 3 e 4 cobrem todo o quadrado
AFGC, exceto por um quadrilátero central, que possui,
claramente, somente ângulos retos. Para terminar esta
demonstração, precisamos mostrar que este quadrilátero
central é igual a peça 5 deste quebra cabeça, ou seja,
que ele é igual ao quadrado ABDE.

Para fazer isso vamos calcular o lado TU deste


quadrilátero central (veja figura ao lado). Relembrando que
o quadrilátero ACRS é um paralelogramo, temos que
CR=AS. Deste modo, podemos escrever a seguinte
sequencia de igualdades:

TU = TV – UV = CR – BS = AS – BS = AB.

De modo análogo podemos provar que todos os lados


do quadrilátero central, em questão, são iguais
aos lados do quadrado ABDE. Isto demonstra que a peça
5 encaixa-se perfeitamente sobre o quadrado central,
entre as peças 1, 2, 3 e 4, para formar uma configuração
que resolve o quebra-cabeça proposto.
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Atividade 5 – Parte 1: solução

A figura ao lado ilustra, de acordo com o enunciado desta


atividade, o quadrado 8x8 dividido em quatro peças:
dois triângulos retângulos congruentes 1 e 2,
e dois trapézios congruentes 3 e 4.

Estas quatro peças podem ser movidas e colocadas dentro de


um retângulo 13x5. Entretanto elas não preenchem
completamente este retângulo. Fica faltando um paralelogramo
bem comprido e magrinho (veja a figura abaixo). De fato a área
deste paralelogramo pode ser calculada como a área do quadrado 8x8 (igual a 64) menos a
área do retângulo 13x5 (igual a 65). Portanto a área deste paralelogramo é igual a 1, ou seja,
ela é a área extra que, misteriosamente, tinha aparecido na “falsa” montagem proposta nesta
atividade.

Para justificarmos o que acabamos de falar devemos provar que os pontos A, C, F e E, da


figura abaixo, não estão alinhados: de fato, no triângulo ABC, podemos calcular a tangente do
ângulo BA ˆ C como sendo 3/8, e no triângulo ADE, cujo lado AE não está desenhado,
podemos calcular a tangente do ângulo DA ˆ E como sendo 5/13. Como 3/8 é menor do que
5/13, vemos que o ponto C está um pouco acima da reta que liga os pontos A e E (esta reta
não está ilustrada na figura). Do mesmo modo podemos demonstrar que o ponto F está um
abaixo do segmento AE. Portanto os pontos E, C, F e A não estão alinhados, constituindo
assim os vértices de um quadrilátero. Como este quadrilátero possui lados opostos paralelos,
vemos que ele é, de fato, um paralelogramo. Isto demonstra a existência do paralelogramo,
dentro do retângulo 13x5 que não está coberto pelas peças 1, 2, 3 e 4.
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Atividade 5 – Parte 2: solução

Nesta atividade, havia sido proposta uma divisão do triângulo retângulo ABC, de catetos 13 e 5,
em quatro peças, como no corte ilustrado abaixo:

Segundo o critério de corte estipulado, a peça 1 é um triângulo retângulo de catetos 5 e 2, a


peça 2 é um triângulo retângulo de catetos 8 e 3, enquanto que as peças 3 e 4 são
congruentes entre si.

Entretanto, esta decomposição é impossível, pois os pontos A, D e B não estão alinhados. De


fato, no triângulo DAE, a tangente do ângulo DA ˆ E é igual a 5/2, enquanto que no triângulo
BAC, a tangente do ângulo BA ˆ C é igual a 13/5. Como 5/2 é menor do que 13/5, vemos que
o ponto D está abaixo do segmento AB. Logo os pontos A, D e B não estão alinhados.

Deste modo, estas quatro peças cobrem apenas parcialmente o triângulo original ABC: fica
faltando o triângulo BAD.

Por outro lado, na outra figura proposta na atividade, as peças 1, 2, 3 e 4 foram arrumadas de
uma outra maneira, aparentemente sobre o triângulo ABC, mas deixando uma unidade de área
descoberta. De fato isto não ocorre, pois naquela figura as quatro peças cobrem uma área fora
do triângulo ABC: o triângulo ABT ilustrado abaixo (do mesmo modo como provamos que o
ponto D está abaixo do segmento AB, podemos mostrar que o ponto T está acima do segmento
AB).

Isto explica a aparente contradição ilustrada nesta atividade.


Páginas interessantes na internet:
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Para utilizar as atividades das páginas indicadas abaixo, não é necessário que você tenha
nenhum programa especial instalado no computador.

Na página
http://www.mat.ufrgs.br/~edumatec/atividades/ativ23/pitagoras.html
existem modelos dinâmicos para alguns quebra-cabeças semelhantes aos trabalhados nesta
oficina: as peças podem ser movimentadas facilmente através do mouse. Alem disso, visitando
somente http://www.mat.ufrgs.br/~edumatec/atividades/sugest.htm você vai encontrar
atividades matemática extremamente interessantes. Algumas delas dedicadas a
demonstrações interativas ou generalizações do Teorema de Pitágoras.

Já na página
http://sunsite.ubc.ca/LivingMathematics/V001N01/UBCExamples/Pythagoras/pythagoras.html
a demonstração original do livro “Os Elementos” aparece em uma versão interativa.

Na página
http://www.cut-the-knot.org/pythagoras/index.shtml
pode-se encontrar mais de 70 demonstrações diferentes do Teorema de Pitágoras, quase todas
iterativas.

A página http://www.cs.purdue.edu/homes/gnf/geometry/hinge.html contém uma versão


dinâmica para a atividade 3 proposta nesta oficina.

Na página http://home.quicknet.nl/mw/prive/wil.laan/transformations/transformations.html a
atividade 5, aqui proposta, pode ser visualizada dinamicamente. Esta página ainda ilustra
outros quebra-cabeças interessantes, tais como: é possível dividir um quadrado em cinco
peças que se, adequadamente arrumadas, dão origem a um triângulo eqüilátero.

O texto desta oficina está disponível em www.mat.ufmg.br/~chico.

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