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Nº 70030236665
2009/CÍVEL
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Terceira Câmara
Especial Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em DAR
PROVIMENTO ao agravo de instrumento.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. EDUARDO DELGADO (PRESIDENTE) E DES. ALMIR
PORTO DA ROCHA FILHO.
Porto Alegre, 18 de agosto de 2009.
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TOM
Nº 70030236665
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RELATÓRIO
DES. TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS (RELATOR)
Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL E INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL contra decisão que nos autos de execução se
sentença movida por MARINHO MONTENEGRO assim dispôs:
“Vistos.
Com base no ofício-circular nº 159/06-CGJ, determino
a intimação pessoal do Presidente do IPERGS para
que cumpra o determinado em sentença, devendo
restituir os valores descontados a título de
contribuição previdenciária à parte autora, no prazo de
48 horas, sob pena de multa diária de R$ 100,00 até o
limite de R$ 5.000,00, VEDADA a compensação com
índices de leis posteriores, bem como remeta a este
Juízo os cálculos com os descontos previdenciários
realizados, mês a mês, a fim de se apurar o valor
devido pelo Estado.
Com a resposta, vista ao autor.
Diligências legais”.
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VOTOS
DES. TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS (RELATOR)
Merece provimento o agravo de instrumento.
Inaplica-se ao caso em exame o disposto no art. 475-J do
CPC, tendo em vista que as execuções contra a Fazenda Pública possuem
rito próprio, previsto nos arts. 730 e seguintes do CPC.
Ademais, os pagamentos devidos pelo Estado devem obedecer
à ordem cronológica de apresentação dos precatórios, nos termos do art.
100 da Constituição Federal, razão pela qual não é cabível a determinação
para pagamento no prazo de 48 horas, sob pena de multa, conforme
determinado no despacho.
Relativamente a fixação de multa diária, também merece
acolhimento o recurso.
Ocorre que a aplicação de astreinte por descumprimento, ou
cumprimento retardado da ordem judicial, quando figura como destinatário
pessoa jurídica de direito público, acarreta consideráveis custos, a serem
suportados pela sociedade, incompatíveis com os benefícios almejados pela
aplicação da pena pecuniária.
Cumpre salientar, que é possível a aplicação de multa contra o
Estado, uma vez que há jurisprudência pelo cabimento. Porém, entendo ser
ineficaz a sua aplicação, ressaltando que o disposto no § 4º do art. 461, do
CPC, é mera faculdade concedida ao juiz.
Nesse sentido:
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