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O ttulo do recente livro de tienne Bimbenet, L'animal que je ne suis plus, carrega, atrs de
si, uma histria e, poderamos dizer uma histria peculiar. Seu marco anterior e mais prxi-
mo, j que se trata de inicialmente indicar essa histria, pode ser encontrado no livro de
Jacques Derrida, L' animal que donc je suis. O ttulo, na referncia explcita que faz, no
naturalmente inocente, como no so as pretenses do autor. Tal advertncia (que fazemos,
mas vem de maneira tcita, j no ttulo) serve como prolegmeno: a boa compreenso do
alcance desse livro no se d sem que se leve em conta a histria em ele que se situa. Esta-
mos, pois, sem cerimnia, no centro de um intenso debate, que marca, por sua vez, uma
outra histria, a histria da filosofia francesa contempornea (sobre o que sugerimos o livro
de Frderic Worms, La philosohie en France au XXe. sicle). Entre um e outro, a est a
questo, famosa, a seu modo, em torno do homem, nos termos do clssico debate francs
entre humanismo e anti-humanismo. E no precisamos fazer muito mais suspense para seguir,
e apresentar alguns detalhes mais exteriores desse debate, a ttulo de inventrio.
Expliquemos: as pretenses de Bimbenet no so propriamente modestas, reforcemos: ao
retomar um problema chave da filosofia francesa, que marcou a passagem das filosofia da
existncia para a ento filosofia das estruturas, nos conturbados anos 60, o Autor no s
ilumina aquela ruptura como parece fornecer elementos para se pensar uma ruptura quela
1 BIMBENET, E.,Un motif d'tonnement majeur: le perspectivisme, in Alter, 16, 2008, p. 106.