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– A vocação, algo de valor imenso, uma prova muito especial do amor de Deus.
– Deus passa pela vida de cada pessoa em circunstâncias bem determinadas de idade,
trabalho, etc. Passa e chama.
“Tudo..., tudo tem que ser vendido pelo homem sensato, para conseguir o
tesouro, a pérola preciosa da Glória!”5 Não há nada de tanto valor!
Mas nem o homem que encontrou o tesouro nem aquele que descobriu a
pérola sentem falta do que antes possuíam e que venderam. A riqueza do que
acharam é de tal ordem que compensa de longe o que deram em troca, isto é,
tudo o que tinham. A mesma coisa acontece com os que descobrem ou
encontram o seu caminho pessoal para Deus: abandonam tudo e encontram
tudo. O Senhor sublinha na parábola a alegria com que aqueles homens
venderam o que possuíam. É razoável pensar que se tratava de coisas que
apreciavam: casa, mobília, peças decorativas... Representavam o esforço de
anos de trabalho. Mas vendem tudo, sem calculismos, sem pensar demasiado,
com alegria.
Quem é chamado – seja qual for a sua situação pessoal – deve entregar ao
Senhor tudo o que Ele lhe pede: com frequência, tudo o que estiver em
condições de dar-lhe. As circunstâncias, no entanto, são diferentes e, portanto,
dar tudo nem sempre irá significar materialmente a mesma coisa: uma pessoa
casada, por exemplo, não pode nem deve abandonar o que, por vontade de
Deus, pertence aos seus: o amor à mulher ou ao marido, a dedicação à família,
a educação dos filhos... Para essa pessoa, dar tudo significa viver a vida de um
modo novo, cumprindo melhor os seus deveres; significa viver heroicamente as
suas obrigações familiares; desposar-se de si própria no esforço por educar
cristã e humanamente os filhos; preocupar-se pelas outras famílias amigas;
falar-lhes de Deus com a conduta e com a palavra; encontrar tempo para
colaborar em tarefas de apostolado...: “Na vida real de um homem ou de uma
mulher casados, que depois descobrem o significado vocacional do seu
matrimónio, a «descoberta» aparece sempre como uma dimensão concreta da
sua vocação cristã, que é o que há de mais radical”9.
Seguir assim os passos de Cristo, numa entrega plena, nunca é fácil. Quem
se encontra instalado numa posição mais ou menos estável, quem se
considera com a vida já realizada, pode ver que essa tranquilidade conquistada
– à qual considera ter pleno direito – corre perigo. E é com isso precisamente
que Cristo pede que rompamos: com a rotina, com a mediocridade, com a
vulgaridade cómoda.
São José, nosso Pai e Senhor, encontrou o tesouro da sua vida e a pérola
preciosa na missão de cuidar de Jesus e de Maria aqui na terra. Peçamos-lhe
hoje que nos ajude sempre a viver com plenitude e alegria o que Deus quer de
cada um de nós, e que entendamos em todo o momento que nada vale tanto a
pena como o cumprimento fiel dos compromissos da nossa vocação.
(1) Mt 13, 44-45; (2) cfr. F. M. Moschner, Las parábolas del Reino de los Cielos, Rialp, Madrid,
1957, pág. 11; (3) Mt 19, 20; (4) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 18; (5) ib., n. 993; (6) cfr. Mt
20, 1 e segs.; (7) Apoc 2, 2-6; (8) cfr. São Gregório Magno, Homilias sobre os Evangelhos, 11;
(9) P. Rodriguez, Vocación, trabajo, contemplación, EUNSA, Pamplona, 1986, pág. 31; (10) Jo
15, 16.