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Os novos cidados da era global esto agora imersos num universo de produtos
culturais cada vez mais vasto e provenientes de diversas partes do mundo. A forte
referncia e influncia do nacional, do tpico, vo se enfraquecendo. H agora
uma mudana nos termos e nos referenciais. A universalizao das coisas,
digamos assim, acarreta mudanas no s na forma de consumir cultura, mas
tambm, e principalmente, no imaginrio dos cidados, na forma como eles se
reconhecem enquanto pertencentes a uma nao, a uma cultura, a uma dada
realidade, uma vez que os contedos miditicos influem na construo da
identidade. Esse um dado importante, pois se percebe a que a forma de
exerccio da cidadania perpassa por essas transformaes e construes
simblicas.
As referncias se tornam cada vez menos ligadas Nao e mais pensadas pela
perspectiva da cidade, do espao urbano. Essa reorganizao da vida urbana
propicia um reordenamento dos atores polticos tradicionais. Canclini destaca que
por meio do consumo que se cria um sentimento de pertencimento. Fica visvel,
ento, como o consumo, influindo sobre nossas referncias de pertencimento,
afeta no somente a nossa identificao com determinados hbitos culturais. Mas
ele vai alm e influi tambm como atuamos enquanto cidados no(s) local(is) de
que os indivduos sentem-se parte.
Por isso, o pesquisador prope algumas polticas culturais possveis que deveriam
ser ponderadas nesse novo contexto: a) pensar a heterogeneidade das cidades
(adaptadas a cada zona, estrato econmico, grau de escolaridade, faixa etria)
como algo democrtico; b) levar em conta a variedade de necessidades da
populao j que a mesma cidade que massifica os comportamentos, oferece uma
variada oferta de bens simblicos; e c) promover a cultura tradicional vinculada s
novas condies de internacionalizao.
Canclini finaliza essa obra perpassando por todos os conceitos que trabalhou
durante os captulos anteriores, sempre atentando para as necessidades locais em
meio a uma globalizao que vem se mostrando cada vez mais heterognea, ao
ponto que so revitalizados nacionalismos, regionalismos e etnicismos.
O autor ainda admite uma modernidade que se pauta em tradies, ainda que
essas tradies tambm se mostrem mais flexveis ao configurar-se numa vida
cotidiana que regida por princpios capitalistas, num ordenamento negociado de
estrutura de sociedade.