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Um dia na Educolândia

Em um país muito, muito distante, moravam dois irmãos.


Moravam também um peixinho dourado, um gato, um pato e uma aranha.
E moravam os pais dos dois irmãos. Eram bons pais, de verdade. Faziam de
tudo para que os irmãos sempre tivessem o que comer, pudessem se educar e
viver felizes para sempre.
Lucas – o irmão mais novo – gostava de aventuras e mistério. Jair – o mais
velho – gostava de passear pelo campo, cantar e descobrir coisas. Todos os
dias, os dois irmãos passeavam pelas redondezas da pequena fazenda onde
moravam. Brincavam com o gato, corriam atrás do pato e olhavam se a teia da
aranha havia aumentado ou pego alguma mosca. E davam comida para o
peixinho dourado, que chamavam de ‘Peixe’.
Um dia, quando estavam correndo atrás do pato, Lucas viu um brilho prá lá de
esquisito em uma árvore.
- Olha, Jair, o que será aquilo?
- Não sei não, mas parece mais divertido do que correr atrás desse pato
velho...
- Olha, Jair, está ficando colorido!
- Não sei não, mas parece estar ficando mais vermelho mesmo...
- Olha Jair, está se mexendo!
- Não sei não... Ué, mexeu mesmo!
E vapt! Os dois irmãos sumiram, deixando o pato a correr desembestado sem
perceber que corria a toa!
Mas os irmãos logo logo apareceram de novo – mas não estavam na mesma
fazenda que moravam.
- Olha, Jair, o sol está vermelho!
- Não sei não, mas está mais quente...
- Olha, Jair, o pato parou de fugir!
- Não sei não, mas parece que está maior...
- Olha, Jair, ele está vindo pra cá!
- Não sei não, mas acho melhor a gente ir...
E foi nessa hora que o pato falou. É, falou mesmo, igualzinho gente. E falou
com erudição, boa vontade e afinação:
- Olá! O que duas criaturas como vocês estão fazendo nestas redondezas?
- Jair, o pato fala!
- Fala mesmo! E que educado!
- Sim, sou mesmo educado – fiz curso superior e tudo, tenho já meu
bacharelado. E vocês, quem são?
- Eu sou Lucas.
- E eu sou Jair. Somos irmãos e não sabemos como viemos para cá. Aliás,
onde estamos?
- Ora – disse o pato educado -, vocês estão no Reino da Educolândia, é claro.
- Como é? – disseram os irmãos ao mesmo tempo.
- É isso mesmo, no reino da Educolândia, onde todos os bichos são educados
e honestos.
- Mas como é isso? – disse Lucas.
- É, como é isso? – repetiu Jair.
- É muito simples, na verdade. Todos dizemos sempre a verdade, e não somos
nunca caras-metade. Não mentimos, tentamos falar corretamente, e vivemos
honestamente.
- É, e falam em rimas também... – disse Lucas.
- Nem sempre as rimas usamos, somente quando felizes estamos.
Os dois irmãos riram encantados! Que curioso, esse reinado! E, como ambos
eram bastante alvoroçados, começaram logo a dançar bastante animados.
E dançaram o dia inteiro. Conheceram outros bichos, também. Havia um gato
com um sorriso maroto, uma aranha com uma teia tão intrincada e tão grande
que os irmãos quase não acreditaram (e só acreditaram porque ali todos diziam
somente a verdade), e conversaram até com um peixinho dourado.
- Blurp, blurp, blurp bluuurp! – disse o peixinho, em sua língua das águas, e o
pato foi logo traduzindo:
- Ele disse que vocês são muito engraçados.
- Blurpp, blurpr, blurrrp rblurb...
- Mas que vocês gostam de correr atrás de patos... O que! De patos! Ora, mas
que falta de vergonha! Coloquem-se para fora daqui! Xô!
E os irmãos saíram correndo, muito assustados e envergonhados... Afinal, era
verdade – eles corriam atrás do pato todos os dias quando estavam na
fazenda.
E correram e correram e correram... Até que ficaram cansados e acabaram
dormindo no pé de uma velha árvore. Quando acordaram, levaram um baita
susto!
- Muito bonito! O que vocês estão fazendo debaixo dessa árvore velha? – disse
o pai de Lucas e Jair, que havia passado o dia inteiro procurando os irmãos.
E os dois tagarelaram sem parar!
- Tinha um pato! – disse Lucas.
- E uma aranha! – completou Jair.
- E um peixinho que falava peixonês e sabia de tudo!
- E uma aranha!
- E um gato com um sorriso esquisito!
- E uma aranha!
- É, e uma aranha!
O pai dos irmãos, que estava muito bravo, mas também estava aliviado por ter
encontrado os filhos, foi logo acalmando os dois...
- Calma, calma, muita calma nessa hora! Eu acho que vocês sonharam. E, pelo
jeito, foi um sonho muito estranho! Vamos para a casa, amanhã é um novo dia
e temos muito o que fazer. Venha, Lucas. Vamos, Jair. Afinal, o velho pato já
está de volta e amanhã vocês podem brincar com ele novamente.
- Ah! Não, não! – gritaram os dois irmãos, assustados. E pobre pai ficou sem
entender nada...
E, a partir desse dia, nunca mais o pato foi perseguido. E o peixinho dourado?
Ora, os irmãos ficaram tão impressionados com a sua sapiência que
resolveram soltar o bichinho no lago.
E viveram todos felizes para sempre.

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