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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

VIVIAN TONINI DA SILVA

A NOVA PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO – UM


NOVO RECURSO OU UMA NOVA BARREIRA?

São Paulo

2009
2

VIVIAN TONINI DA SILVA

A NOVA PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO – UM


NOVO RECURSO OU UMA NOVA BARREIRA?
Trabalho de Graduação Interdisciplinar
apresentado à Universidade Presbiteriana
Mackenzie co mo requisito parcial a obtenção da
Licenciatura em Letras.

ORIENTADOR: Prof.ª Dr.ª Vera Lúcia Harabagi Hanna

São Paulo

2009
3

VIVIAN TONINI DA SILVA

A NOVA PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO PAULO – UM


NOVO RECURSO OU UMA NOVA BARREIRA?
Trabalho de Graduação Interdisciplinar
apresentado à Universidade Presbiteriana
Mackenzie co mo requisito parcial a obtenção da
Licenciatura em Letras.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Vera Lucia Harabagi Hanna – Orientadora

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Profª Ms Ingrid Vieira Liebold


Universidade Presbiteriana Mackenzie
4

Ao meu marido Rubens, pela paciência e apoio;


a minha mãe Joana e meu irmão Túlio, pela
preocupação, confiança e incentivo na
realização deste trabalho.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela coragem e pela força concedidas durante o decorrer desta caminhada.

À minha família, por todo o apoio e confiança nos momentos que pareciam mais
difíceis.

Ao meu marido, companheiro paciente, que mesmo nos momentos mais tensos,
permaneceu ao meu lado.

À Profª Ms Lilian Cristina Correa, por iniciar comigo esta pesquisa.

À Profª Drª Vera Lúcia Harabagi Hanna, minha gratidão por ter sido minha
orientadora nesta segunda fase de meu trabalho, pela dedicação, incentivo e paciência.

À Claudia Salinas, amiga atenciosa, tanto profissional quanto pessoalmente, que nos
momentos nos quais precisei me afastar, esteve presente.

Aos meus amigos e colegas de turma, pela partilha dos sonhos, do aprendizado, das
alegrias, tristezas e dificuldades.

Aos meus professores da graduação e a todos aqueles que direta ou indiretamente me


ajudaram a concluir esta pesquisa.
6

RESUMO

Este traba lho te m co mo ob jeti vo re a li za r um a bre ve a ná li se da


apli cabi lidad e da No va P ropo sta C urri c ula r do Es tad o de São Pa ulo ,
imp la ntad a no a no de 20 08 , a par ti r do s c o nte úd os ap re se ntad os nos
cade r no s dis trib uído s ao s e d uca do res , q ue co ntê m o s tópic os a se re m
dese nvo lvido s e m sa la de a ula , os e xe rc íci os a s er em ap lic ados , assi m
como s uges tõe s de r ec urso s midiá ticos q ue pos sa m a uxi liar no
proc ess o de e nsi no-a pr e ndi zage m. O m ateria l a nali sado é aq ue le
des ti nado ao E nsi no de L íng ua E stra ngei ra Mode r na ( LEM ) – Ing lês ,
para o E nsi no Médio .

Pala vra s-Cha ve: No va Pro pos ta C urri c ula r. E nsi no Mé dio . Me tod ologia
de E nsi no de L íng ua Es tra ng eir a.
7

ABSTRACT

Thi s p ape r ai ms a t p re se nti ng a brie f a na lysis o f the a pp li cabi li ty of the


Ne w C ur ric ulum P ropo sa l of the State of São Pa ulo , es ta bli s hed i n
2008 , bas ed o n the ob se r va tio n i n ter ms o f the c o nte nt dis trib uted to
ed uca to rs , i nc ludi ng the to pics to b e de veloped i n c las sro om , a s we ll as
e xer cise s to be app lie d a n d a lso s ug ges tio ns o f media re so urce s tha t
ca n as sis t i n the teac hi ng -lea r ni ng p ro cess . The a na lyzed ma te ria l is
the Teac hi ng o f Mo de r n Fo reig n La ng ua ge (EFL ) - E ng lis h fo r Hig h
Sc hoo l (E nsi no d e L íng ua E stra ngei ra Mod er na (LE M) – Ing lês , p ara o
Ensi no M édio ).

Keywords: Ne w Cur ric ulum Pro posa l. Hig h Sc ho o l. Me thod o log y o f


Foreig n La ng uage Te ac hi ng (EFL ) .
8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................ 09
1 A NOVA PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SÃO
PAULO...................................................................................................... 14
2 OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E OS
STANDARDS FOR FOREIGN LANGUAGE LEARNING................... 25
3 ANÁLISE................................................................................................... 35
CONCLUSÃO........................................................................................... 40
ANEXOS.................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 51
9

Introdução

O Es tado de Sã o Pa ulo é o mais pop uloso de nos so pa ís de


acor do co m pesq ui sa re a li zada pe lo IB GE em 200 7 (A ne xo A) 1 e sua
pop ulaç ão es ti mada , s eg undo o SEADE 2, é de 41 .5 36 .994 habi ta nte s às
12 h06 mi n d o dia 20 de Ab ri l d e 20 09 . Es te núme ro é a tua li za do
dinamic am e nte no si te da funda ção , po de nd o e ntão di ver gir e m
co ns ulta s futura s.

Pode- se e ntão veri fica r q ue o E s tado de São Pa ulo , a pesa r de


nã o se r o m aior e m te rri tó rio , e xib e um a c ultura bas ta nte he te rogê nea ,
de vido ao e le va do núm er o de ha bita ntes e a s e spe cifici dade s de ca da
regiã o, o u se ja , e m cada um a de las há uma pop ula ção co m c os tumes ,

1
Tabela 1.1 - População recenseada e estimada, segundo as Grand es Regiões e as Unidades da
Federação – 2007 – IBGE – Anexo I
10

há bitos e r ea lidad es ( li to râ nea , r ura l, urba na, p eri fé rica )


cara c ter ís ti cos .

Aind a assi m , o Es tado a pr ese nta uma ta xa de a te ndime nto


esco la r aci ma da médi a nacio na l (Fig ura 1) , a lé m d e uma m édia de
anos d e es tudo ta mbé m maio r do q ue a ap rese ntada no to ta l do pa ís
(Fig ura 2 ) , amb as ap res e ntada s pe lo IB GE no a no d e 2004 .

Fi gur a 1 Fi g ur a 2

No a no de 2008 , a e ntão S ec re ta ria d e Ed ucaç ão d o Es ta do de


São Pa ulo im pla nto u um no vo ma te ria l d e ap oio q ue fa z pa r te do
pro je to “Sã o Pa ulo fa z esc ola – Uma pr opos ta c ur ric ula r p ara o
Esta do ”. E m to dos os bi me stre s de ste a no de 2008 , fo ra m di strib uíd os
para a s Esc olas Es tad uais de E nsi no F unda me nta l I, II e /o u E nsi no
Médio os c hama dos “Ca de r nos do P r ofess or ” , nos q uais pod em se r
enco ntrado s os co nte údos pr og ra má ticos , a s a ti vid ades a se re m
apli cada s e m sa la de a ula , a lé m de i ndica ção dos re c ur sos a se re m
uti li za dos co mo ma te ria l de apoio e d a p ropo sta de a va lia ção do
proc ess o de e nsi no -ap re ndi zage m do pe r íod o.

2
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEA DE.
11

Seg undo a Se cr etária de Ed uca ção , p ro fes so ra Ma ria He le na


Gui mar ães de Cas tro (20 08 -2009 ) , e sta no va p rop os ta c ur ric ula r não
pre te nde s er mai s uma no vidad e ped agógi ca , m as si m , a tua r com o uma
re to mada do s di ver sos ca mi nhos c urri c ula res . Foi co ns tr uída , e ntão , a
Base C urric ular , p ar a se r vi r de re fe rê nci a co m um pa ra tod as as esco las
da rede e stad ua l. Es ta Base C urri c ula r desc re ve os co nte údos a se re m
dese nvo lvido s e m cad a sé rie , be m co mo o q ue s e esp er a dos aluno s no
que di z r espei to à c apa cidade d e re ali zaçã o dos mes mo s.

À vi sta dos d ados ap rese ntados a nte rior me nte , há, e ntão , um
ques tio na me nto s obr e a ap lic ação de sta no va P ro pos ta c urri c ula r e o
alc a nc e do s ob je ti vos da mes ma , le va ndo em co nsid er ação a
distrib ui ção de um m es mo c o nte úd o p ara rea lida des e nece ssidad es de
apli caçã o tã o difer e nciad as .

A esco lha d o e nsi no de L íng ua Ing lesa pa ra a obs er vaç ão q ue


será rea li zada ne s te trab a lho se d á pe lo m oti vo da dis cip li na se r uma
das mai s impo r ta ntes p ara a fo rma ção c ultura l e pr ofi ssio na l dos
ed uca ndos e das q ue maio r difi c uldad e os ed uc ado res e nco ntra m em
tr a ns mi tir e pr omo ve r inte ra ção . O ti po de e nsi no (M édio ) foi
selecio nado por r epr ese ntar a pa rc ela do s ed uca ndo s q ue te ori cam e nte
já pos s ui a lg um co nheci me nto da L íng ua E s tra ngei ra e es tá em via de
ing re sso no me rca do de tr aba lho e no E nsi no S upe rior .
Este traba lho se fi xa rá na o bse r va ção d a ap licabi lid ade do s
co nte úd os de s tes cade r no s , des ti nado a o E nsi no de L íng ua E s tra ngei ra
Mode r na (LE M ) – Ing lês , pa ra o E nsi no Mé dio .
No Cap ítulo I se rá ap res e ntada a No va Pro pos ta C urri c ula r do
Esta do de Sã o Pa ulo volta da pa ra o e nsi no d e L íng ua Es tra ngei ra
Mode r na – Ing lê s, co m s ua de fi niç ão , s ua s a lte raç ões d e m etodo lo gia e
co nte úd o pro gr am áti co .

No C ap ítulo II, se rã o e xpos to s os Pa râ me tros C ur ric ula re s


Naci o nais pa ra o e nsi no de L íng ua Es tr a ngei ra Mo de r na – Ing lê s, s ua
me todo logia e se u c o nte úd o pr ogr am áti co pa ra co mpa ra ção co m a
12

No va Prop os ta Peda gógic a, a lé m dos S tand ar ds for Fo reign L angua ge


Lear ning q ue são os p ar âm etro s par a o e nsi no de líng ua e s tra ngei ra
dos Es tado s Unidos e s ua m etodo lo gia dos 5 C’s .

E no Cap ítulo III, se rá r ea li zad a uma a ná lise da ap li cabi lidad e do


co nte úd o da No va Pr opos ta C ur ric ular do Es tado de S ão Pa ulo , a lé m
dos rec ur sos s uge rido s, i nc lui ndo a lg um as o pi niões de doce ntes q ue
tr aba lham di re ta me nte c om e la nas es co las e stad uai s.
13

Capítulo I
14

I – A Nova Proposta Curricular do Estado


de São Paulo

De aco rd o c om a pr ofesso ra M aria He le na Gui ma rães de Cas tro ,


no a no de 2008 , foi c olocad a “ em p rá tic a um a N o va P rop os ta
Curri c ula r 3, pa ra a te nder à nec essi dade d e o rga ni zaçã o do e nsi no e m
todo o Est ado ” (SEE , 20 08 , p. 05 , Car ta da S ec re tári a, di vulgad a na
Propo s ta C ur ric ula r d o Es tad o de São Pa ulo : Ing lês ), a fi na l, ai nda
seg undo a sec re tá ria :

A criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deu autonomia às


escolas para que definissem seus próprios projetos pedagógicos, foi
um passo importante. Ao longo do tempo, porém, essa tática
descentralizada mostrou-se ineficiente. (ibidem, p.05)
3
A primeira proposta curricular para o Estado de São Paulo foi publicada no ano de 1988, porém, nunca chegou
a ser efetivamente colocada em prática. Esta proposta enfatizava a função comunicat iva, abandonando a ênfase
estruturalista que vigorava até então.
15

Sendo as sim , foi p rop os ta “ um a aç ão i nteg rada e a rti c ulada , c ujo


objeti vo é o rga ni zar m elho r o sis te ma e d uca cio na l de S ão Pa ulo” (SEE ,
2008 , p .05 , Car ta d a S ec re tá ria) .
Em s ua Ap re se ntaç ão a Pr opos ta C ur ric ula r 4 é de fi nida com o:

[...] um projeto que visa propor um currículo para os níveis de ensino


Fundamental – Ciclo II e Médio. Com isso, pretende apoiar o trabalho
realizado nas escolas estaduais e contribuir para a melhoria da
qualidade das aprendizagens de seus alunos. Esse processo partirá
dos conhecimentos e das experiências práticas já acumulados, ou
seja, da sistematização, revisão e recuperação de documentos,
publicações e diagnósticos já existentes e do levantamento e análise
dos resultados de projetos ou iniciativas realizados. ( ib id em , p. 08 ,
Aprese nt açã o)

Esta no va p ropo s ta c ur ric ula r é ac omp a nha da d e um co njunto de


doc ume nto s diri gidos aos p ro fe sso res em fo r ma d e cad er nos , o nde
pode m se r e nco ntrad os , a lé m do co nte údo , e xem plos d e a ti vida des ,
s uges tõ es d e re c urso s a s ere m uti li za dos pa ra a uxili ar no p roc esso de
ensi no -ap re ndi zag em e a té mes mo uma p rop os ta pa ra a va liaçã o:

São os Cadernos do Professor, organizados por bimestre e por


disciplina. Neles, são apresentadas situações de aprendizagem para
orientar o trabalho do professor no ensino dos conteúdos
disciplinares específicos. Esses conteúdos, habilidades e
competências são organizados por série e acompanhados de
orientações para a gestão da sala de aula, para a avaliação e a
recuperação, bem como de sugestões de métodos e estratégias de
trabalho nas aulas, experimentações, projetos coletivos, atividades
extraclasse e estudos interdisciplinares. (ibi dem , p . 09)

Há e ntão um a a lte raç ão na o rie nta ção me to do lógic a de s ta No va


Propo s ta C ur ric ula r , e nfati za nd o o le tr am e nto , – (A ne xo B ) 5 – co nfor me
indi cado no q uad ro ab ai xo :

4
No me dado à publicação da proposta de currículo, metodologia, at ividades e sugestão de recursos, tanto para o
Ensino Fundamental II co mo para o Ensino Médio, abrangendo todas as disciplinas de Educação Básica. Neste
trabalho está sendo utilizada a Proposta Curricu lar – Inglês, voltada para o Ensino Médio.
5
Tabela de Orientações Metodológicas apresentada na Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo,
apresentando e ressaltando a ênfase no letramento.
16

Or ien ta ção de Or ien ta ção de Or ien ta ção de


ênfas e ênfas e ênfas e no
est rut ura lis ta comun ica t iva le tra men to
Saber Fa ze r Fa ze r e re fle tir
sobr e o fa zer
com as
fe rr ame ntas do
pe nsa r
Siste ma L íng ua e m uso Re la ções e ntre
li ng üís ti co fo rm a e uso
Amp liaç ão do Funçõe s Amp liaç ão do
repe r tó rio de com unica ti va s repe r tó rio de
estr utura s prá tica s de
gra ma ticai s lei tura co m
ana lisad as e m base na s
te xto s esc ri tos re laç ões e ntr e
ora lida de e
esc rita
Padrõ es Amp liaç ão do Padrõ es de
pres cri ti vos repe r tó rio de adeq ua ção
com ba se na prá tica s or ais com ba se no
li ng uage m por meio d e co nhe cime nto
verb a l esc ri ta diálo gos das
co nve nçõe s d e
dife re nte s
moda lid ades e
gê ne ros
te xtuais ( or ais
e e sc ritos )
Padrõ es de
com unicabi lid a
-de co m bas e
na o ra lid ade
Fo n t e : Pro p o s t a Cu r r icu la r d o Es t ad o d e São Pau lo : In g lês ( S EE, 2 0 0 8 , p . 4 3 )
Tr ad u zid o e ad ap t ad o d e K ER N ( 2 0 0 0 : 3 0 4 )

Ente nde -se po r le tr ame nto o pro ces so de ap re ndi zad o da


uti li za ção de tod os o s rec ur sos ( tec no logia ) da líng ua e sc rita e ta mbé m
se re fe re aos usos he te rogê neos da Li ng uage m , o nd e for ma s de
“ leitur a” i nte rag em com fo r mas d e “e sc rita” e m p rá tica s c ulturais
socia li za das (MEC , OCN 6, 20 04 , p.106 ) . Um e xe mp lo di sto se ria o uso ,
por uma c ria nç a a ntes de se r a lfabe ti zada , de r ec urso s da líng ua

6
Orientações Curriculares Nacionais, publicadas no ano de 2004 para comp lementar os PCN+.
17

esc rita e m m om e ntos de fa la . So br e es te pr oce sso , a me to do logia da


prop os ta c ur ric ula r p res s upõe :

[...] uma alteração significativa no conceito de conteúdo em LEM.


Não se trata mais de privilegiar a gramática ou as funções
comunicativas, mas de promover o conhecimento e o
reconhecimento de si e do outro7, traduzido em diferentes formas
de interpretação do mundo, concretizadas nas atividades de
produção oral e escrita, desenvolvidas em cada uma das etapas da
escolarização. (SEE, 2 008 , p .43 )

Sendo a ssi m, a No va P ropo sta C urric ular p re vê um a ab ord age m


dife re nciada de e nsi no de L íng ua , na q ua l não d e ve se r p ri vi legi ada
some nt e a funç ão co m uni ca ti va o u o e nsi no i nte nsi vo da g ra má tica ,
ambo s d es vi nc ulad os um do o utr o; mas sim , a pro mo ção da co nstr ução
do co nheci me nto a pa r tir do r eco nhe ci me nto d o m undo e da s ma nei ras
de ar tic ul á -lo co m o co nheci me nto já adq ui rido a pa r tir de o ut ras á reas .
Sobre a p rá tica do le tra me nto no e nsi no de L íng ua Ing lesa ,
especi fic ame nte, Ge e (19 86 ) s uge re q ue :

[...] o professor de inglês não está apenas ensinando gramática, nem


mesmo letramento, mas sim as práticas discursivas de grupos
dominantes, práticas essa que podem ferir as práticas e valores, e a
identidade [...] de aprendizes que venham de outros grupos
socioculturais. (GEE, 1986, p. 720, Apud OCN, 2004, p.99).

Pode- se ob se r va r , e ntã o, q ue a me to do logia é m odifi cada , se


re lacio nada à ap lic ada a nte rio rme nte, uma ve z q ue já se ha via dei xado
a ê nfase es tr utur a lis ta pa ra a ap lica ção de uma a bor dage m
com unica ti va (P ropo sta C ur ric ula r da SEE , 198 8; C f. SEE, 2 008 , p .41 ) .
Deve- se re ssa lta r q ue a Pr opos ta C ur ric ula r pri vi legia o
reco nhe cime nto de si (o pró prio a luno co mo i ndi víd uo) e do o utr o, já
nã o so me nte p reo c upa da co m a edi ficaç ão do co nhe ci me nto indi vid ua l,
mas sim da desc obe r ta d e q ue se fa z p ar te de um co njunto, da
co ns tr uçã o de um co nheci me nto co leti vo .

7
O grifo é meu.
18

O co nte údo p rog ra má tico da No va Pr opos ta C ur ric ula r ap rese nta


para a s sé ries d o E nsi no Médi o os se g ui ntes te ma s e co nte údos (A ne xo
C 8, A ne xo D 9 e A ne xo E 10):

1ª S ér ie
In for maç ão no mundo g lob aliz ado: re f lexão c r ít ic a
1.º B ime st re 2.º B ime st re
Conte xtos de uso s da líng ua Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
ing le sa Rec o nhe cim e nto da
Mape am e nto dos p a íses estr utura ge ra l de um
que usa m a líng ua ing lesa jo r na l
como líng ua m ater na A p rimei ra p ági na de jo r na l
A influê ncia i nte r na cio na l e s uas ma nc he tes
dos uso s da líng ua ing lesa No tícias (o rga ni zaç ão do
como líng ua es tra ng eira te xto e i nfe rê ncia de
Rec o nhe cim e nto das sig nifi cado )
variá veis li ng üís tica s da Opi niã o do leitor e s eção
líng ua i ng lesa de o uvido ria ( loca li zaçã o
Gê ne ro s par a lei tura e esc ri ta de i nfo r maç ões e xp lícitas
em líng ua i ng lesa e reco nhe cime nto do
Folhetos sob re p rog ra ma s te ma )
de i nte rcâ mbio em pa íse s Seções e se us o bje ti vos
de líng ua i ng le sa ( loca li zaçã o de
( loca li zaçã o de info rm açõ es e xp líci ta s e
info rm açõ es e xp líci ta s e reco nhe cime nto do tem a)
reco nhe cime nto do tem a) Clas sifi cado s (o
E-m ails tr ocad os po r sig nifi cado d e
inte rca mbi stas d e vária s abre viaçõ es )
loc a lidade s do m undo Vo z pas si va
( loca li zaçã o de Pro no me s re la ti vos ( wh o ,
info rm açõ es e xp líci ta s e tha t ,
reco nhe cime nto do tem a) wh ic h, wh ere )
Folhetos tur ís tico s Prod ução : m a nc hetes pa ra
( loca li zaçã o de no tíci as de um jor na l da es co la
info rm açõ es e xp líci ta s e
8
Tabela contendo o Conteúdo Programát ico proposto aos quatro bimestres da 1.ª série do Ensino Médio (2008,
p. 51-52).
9
Tabela contendo o Conteúdo Programát ico proposto aos quatro bimestres da 2.ª série do Ensino Médio (2008,
p. 53-54).
10
Tabela contendo o Conteúdo Programát ico proposto aos quatro bimestres da 3.ª série do Ensino Médio (2008,
p. 55-56).
19

reco nhe cime nto do tem a)


Te xto i nfo r ma ti vo (o us o
de temp os ver bais ,
co njunções e p rep osiç ões )
Prod ução : fo lhe to co m p rog ra ma
de i nter câ mbio p ar a a luno s
estra ngei ros q ue de se ja m
estuda r no Br asi l
3.º B ime st re 4.º B ime st re
Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
Os di ver sos te xto s q ue No tícias : o s l eads
comp õe m o cade r no de Os lea ds ( lo ca li za ção de
entre te ni me nto d e um info rm açõ es e xp líci ta s: o
jo r na l: ho rós copo s , quê, q ue m, q ua nd o, o nde )
cr uzadi nhas e i nfo rm es de No tícias ( reco nheci me nto
la zer e c ultur a do te ma )
( loca li zaçã o de Te mpo s ve rbai s: p ass ado ,
info rm açõ es e xp líci ta s e passa do co ntínuo e
reco nhe cime nto do tem a) pres e nte
No tícias ( loc a li zaç ão de Prod ução : lead s pa ra no tícias e
info rm açõ es e xp líci ta s e mo ntag em d e jo r nal co m os
re laç ão do te ma / a ss unto te xto s pr od uzi dos d ura nte o a no
com e xpe riê nci as
pesso ais )
Vocab ulá rio : de fi niç ões ,
antô nim os e si nô ni mo s
Te mpo s ve rbai s ( futuro e
pres e nte )
Prod ução : ho rós cop os ,
cr uzadi nhas e i nfo rm es de la zer
e c ultura
Fo n t e : Pro p o s t a Cu r r icu la r d o Es t ad o d e São Pau lo : In g l ês ( S EE, 2 0 0 8 , p . 5 1 – 5 2 )

2ª S ér ie
In ter tex tu alida de e c ine ma: re flexão c r ít ic a
1.º B ime st re 2.º B ime st re
Aná li se de filme s e pr og ram as Aná li se de p ropa ga nd as e pe ças
de te le vi são pub lici tári as : ci ne ma e co ns umo
Rec o nhe cim e nto de te mas Rec o nhe cim e nto das
/ ass untos re laç ões e ntre c ultura e
Constr ução de o pi nião co ns umo
20

Loca li za ção de Rec o nhe cim e nto de


info rm açõ es e xp líci ta s me ns age ns imp líci ta s em
Infe rê ncia do po nto d e anúncio s o u p ropa ga nd as
vi sta e das i nte nçõe s do ( li ng ua ge m ve rba l e não
auto r verb a l)
O uso d e difere ntes Ide nti fica ção de
te mpos ve rbais prop aga ndas de p ro d utos
O uso d as co njunç ões imp lícitas e m fi lmes
(co ntras te, a dição , Infe rê ncia de i nfor ma çõe s,
co nc lusão e co nce ssão ) e po nto de vis ta e i nte nçõe s
dos ma r cado res do a utor
seq üe nciais Rec o nhe cim e nto de te ma
Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta Constr ução de re la ções
Trec hos de fi lm es e entre o te xto o bse r va do e
prog ra ma s de TV em ati tude s pes soais
ing lê s o u lege ndad os e m O uso d os g ra us d os
ing lê s adjeti vos
Res e nha s c r ític as de O uso d o i mpe ra ti vo
fi lme s (o rg a ni za ção Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
te xtua l) , no tícia s e jo r na l, Propa ga nd as p ub li citá ria s,
entre vi s tas co m di re to res tr ec ho s de filme s em
e a to re s dess es filme s ing lê s o u lege ndad os e m
( loca li zaçã o de ing lê s , e ntr e vis tas com
info rm açõ es , dire to res e a to re s
reco nhe cime nto de tem as , ( loca li zaçã o de
infe rê ncia de po nto de info rm açõ es ,
vi sta, c o ns tr uç ão de reco nhe cime nto de tem as ,
opi nião ) infe rê ncia de po nto de
Prod ução : re se nha so br e um vi sta, c o ns tr uç ão de
fi lme opi nião )
Prod ução : r oteiro d e a núncio
pub lici tári o e peça p ub lici tá ria
( vide og ra va da o u im pr essa )
3.º B ime st re 4.º B ime st re
Cine ma e p rec o ncei to Cine ma e li ter atur a
Rec o nhe cim e nto do te ma Cine ma , litera tura e
Rec o nhe cim e nto de ide nti dade c ultura l
estere ó tipos s ociais e O e nredo no te xto li te rá rio
prec o nc eito s e s ua ada ptação p ar a o
Infe rê ncia de i nfor ma çõe s cinem a
Constr ução de o pi nião Ide nti fica ção e de sc riçã o
de p er so na ge ns
21

Constr ução de re la ções O uso d e difere ntes


entre o te xto o bse r va do e te mpos ve rbais
ati tude s pes soais Disc ur so di re to e i ndir e to
O uso d os ve rbo s mo dais : Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
should , m us t, m igh t Trec hos de ro ma nces e /o u
O uso d e or açõe s co ntos q ue fo ra m
co ndicio nais : ti po 1 e ti po adap tado s pa ra o ci ne ma ,
2 tr ec ho s de filme s em
Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta ing lê s o u lege ndad os e m
Trec hos de fi lm es e m ing lê s , re se nha cr ítica d e
ing lê s o u lege ndad os e m li vros e fi lm es , tre c hos d e
ing lê s , e ntr e vis tas com ro teir os
dire to res e a to re s, Prod ução : r oteiro e
rese nha s, s eção d e a juda dra ma ti za ção de e sq ue te
em r e vis ta pa ra basea da em um filme o u li vro
ado les ce ntes
Prod ução : ca r ta pa ra s eção d e
re vis ta juve ni l i ntitulada
“pe rg unte ao esp ecia lis ta ”
Fo n t e : Pro p o s t a Cu r r icu la r d o Es t ad o d e São Pau lo : In g l ês ( S EE, 2 0 0 8 , p . 5 3 – 5 4 )

3ª S ér ie
O mund o d o t raba lho: re f lex ão cr ít ica
1.º B ime st re 2.º B ime st re
M und o do traba lho Primei ro e mp reg o
volunta riado As car ac te r ís ticas e a
Loca li za ção e i nfer ê ncia de orga ni zaç ão de um
info rm açõ es anúncio
Rec o nhe cim e nto do Ide nti fica ção das
ass unto / tem a dife re nte s nec essid ades
Re la ção das i nfo rm açõ es veic ulad as e m um a núncio
com e xpe riê nci as pes soai s de e mp re go
Infe rê ncia do po nto de Loca li za ção de
vi sta do a uto r info rm açõ es e spe c ífic as e
Constr ução de o pi nião reco nhe cime nto da idéia
O uso do s te mpo s ver bais : pri ncip a l
pres e nte e p res e nte Infe rê ncia d o si g nifi cado
per fei to de p a la vras d esc o nhe cidas
Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta O uso e o sig ni fica do das
Anúncio s e fo lhe tos abre viaçõ es
info rm ati vos de ONGs O us o de ve rbo s q ue
22

rec r uta ndo volunt á rios , indi cam di fe re ntes


depoi me ntos de pe sso as ha bili dade s
que a tua ra m co mo Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
voluntá rios Anúncio s de em pr egos e
Prod ução : r elato de te xto s i nfor ma ti vo s
e xpe riê nci a de vo luntaria do Prod ução : a núnci o pe ssoa l
(fi ctíci o ou re a l) pa ra
ca ndida ta r -se a um e mp rego
3.º B ime st re 4.º B ime st re
Pro fissõ es do s éc ulo XX I Constr ução do c ur r íc ulo
As ca rac te r ís ticas e a As ca rac te r ís tic as e
orga ni zaç ão de um a rti go orga ni zaç ão de um
(dep oime nto) c ur r íc ulo
Loca li za ção de Loca li za ção de
info rm açõ es e p o ntos de info rm açõ es
vi sta Edição de c ur r íc ulos
Re la ção do te ma co m (i nfor ma çõe s pe ssoai s,
e xpe riê nci as pess oais e fo rm ação , habi lidad es e
pers pec ti vas futur as objeti vos )
O uso do s te mpo s ver bais : O uso e sig ni fi cado das
futuro ( will , going to ) abre viaçõ es
O us o dos ve rbos mo dais : O uso da s le tras
m ay, m igh t mai ús c ulas e da
O uso dos ma rcad or es po ntuaç ão
te xtuais q ue i ndica m Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
opçõe s: ei the r ...o r , Curr íc ulos e te xtos
neith er ...no r info rm ati vos
O uso de or açõ es Prod ução : mi ni c urr íc ulo
co ndicio nais ( tipo 1),
passa do e p res e nte
per fei to (re to ma da)
Gê ne ro s pa ra leitur a e esc ri ta
Arti gos de re vis ta ,
depoi me ntos de jo ve ns s ob re
esco lha de pro fis são e i ng res so
no me rc ado de trab a lho ,
broc hur as so br e c ur sos (li vr es e
uni ve rsi tá rios )
Prod ução : de poim e nto
pesso a l sob re p la no s
pro fissi o nais p ara o futuro
Fo n t e : Pro p o s t a Cu r r icu la r d o Es t ad o d e São Pau lo : In g l ês (S EE, 2 0 0 8 , p . 5 5 – 5 6 )
23

Outr a ca rac te r ís tica ma rca nte q ue pod e se r obse r vada ne s ta


apre se nta ção da No va P rop os ta C ur ric ular do Es ta do de São Pa ulo :
Ing lê s – E nsi no Médio , espe cia lm e nte nos q uad ros aci ma , é a
inc li naçã o pa ra o des e nvo lvime nto de um a r efle xão cr ítica do
ed uca ndo , re la cio na da não so me nte ao co nte údo pr opos to , mas
ta mbé m a te mas re lacio nados à s ua vida co tidia na e si tua çõe s de
reso lução p rá tic a, tais com o a e labo ra ção de c ur r íc ulo pro fis sio na l,
cinem a e o re co nheci me nto do m und o g loba li zado .
Serão ap rese ntados no p ró xi mo cap ítulo os Pa râm etro s
Curri c ula res Na cio nais , s uas s uge stões e /o u de te rmi naçõe s a nte rio res ,
te nd o co mo ob je ti vo com pa rá -las c om co nte údo da P ro pos ta C ur ric ula r
do Estado de São Pa ulo , além d os Standa rd s fo r Fo reign L angua ge
Lear ning ; d oc ume nto p ubli cado no s Es ta dos Unido s pa r a o rie nta r s e u
ensi no de líng ua es tra ng eira .
24

Capítulo II
25

II – Os Parâmetros Curriculares Nacionais e


Standards for Foreign Language Learning

Os P arâ me tros C ur ric ular es Na cio nais (PC Ns ) 11 fo ra m c riad os


pelo Go ver no Fe der a l, d ura nte a a dmi ni s tra ção do pre side nte Fe r na ndo
He nriq ue Card oso (199 4- 1998 ) , te ndo co mo Mi nis tro da Ed ucaçã o e do
Despo rto nes te ma nda to eleti vo , Pa ulo Re na to So uza e co mo
Secre tária E xec uti va do Mi ni stéri o da E d uca ção Ma ria He le na
Gui mar ães de Cas tr o . Os PC Ns tê m c om o ob jeti vo p ri ncipa l s ubsi diar a
ela bo raçã o do c ur r íc ulo , vis a ndo uma esc ola o nde o ap re ndi zado é
maio r e me lhor e m funç ão d e um p ro je to peda gógic o vo lta do p ara o
aluno e o se u de se nvo lvim e nto e re co nheci me nto co mo cid adão . Os
Parâ me tros C urri c ula res na cio nai s e xp res sa m a idéia de co mo e pa ra
que se de se ja e nsi na r , tra ns fo rm a ndo -s e numa p rop os ta i no vado ra ,
26

que te nta vi nc ula r a so ciedad e ao pr oce sso de e nsi no -ap re ndi zag em .
Eles nã o de ve m s er e nc ar ados co mo um co njunto de reg ra s, m as sim ,
como um ap oio , co mo r eferê ncia de co nte úd o e me to do logia pa ra es ta
no va visão de e nsi no di recio nada a os E nsi no s F unda me nta l e Médio no
Brasi l. Os pri meir os PCNs – Ensi no F undam e nta l – fo ra m e labo rad os
em 199 5, co nc luíd os e m 1997 e p ub lica dos e m 199 8.
Os p ro fes so res res po ns á veis pe lo PC NE M (1 999 ) 12 – Ling uag e ns ,
Códigos e s uas Te c no logi as sã o: Zuleika Fe lic e M ur rie (P ós -g rad ua da
da Fa c uldad e d e Ed ucaç ão da USP e me mb ro da eq uip e téc ni ca de
líng ua p or tug uesa da CE NP -SP ) – Coo rd e nado ra da á rea ; Is abe l Gre te l
M. E re s Fe r ná nde z (Do uto ra e m Ed ucaçã o pe la Fa c ulda de de Ed ucaç ão
da Uni ve rsidad e de São Pa ulo) ; Mari a Fe lis mi nda de Re se nd e e F usa ri
(Do uto ra e m Ed uc ação p e la Fac uldade d e Ed uc ação d a Uni ve rsida de
de São Paulo) ; Ma ria He lo ísa Co rr êa de To ledo Fe rr a z (Do utor a em
Artes pe la Uni ve rsida de de Sã o Pa ulo ) ; Ma uro Go me s de Ma ttos
(Do uto r e m Ed uc ação pe la Fa c uldad e de Ed ucaç ão da USP ) ; Ma rc os
Ga rcia Neir a (Do uto r em Ed uc açã o e Pós -do utor e m C ur r íc ulo e
Educaç ão F ísi ca pe la F ac uld ade de Ed uca ção da USP ) ; Ma rco s A lbe r to
Bussab (Do uto r em E ng e nha ria E lé tri ca - Ár ea de Co nce ntra ção :
Siste ma s Digitais - pe la Es co la Po li téc nica da Uni ver sidad e de S ão
Paulo) – Co ns ulto res .
A LDB 13 confe re , e m s ua p ub lica ção , um a no va ide ntidad e
ao E nsi no Médi o e o d efi ne com o o s úl ti mos a no s da Ed ucaçã o Bá sica .
Este ca rá te r é co nferid o ao E nsi no Médio , po r meio d o Ar t. 21 ,
estabe le ce :

“Art. 21. A educação escolar compõe-se de:


I – Educação básica, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio;
II – Educação superior” ( MEC, 19 99 , p. 09 – Bases Le ga is)
11
Os Parâmet ros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental foram publicados no ano de 1998 e os
voltados para o Ensino Médio foram publicados no ano 2000 e atualizados (PCN+) no ano de 2002.
12
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (2000), criados em 1999 e publicados no ano 2000.
Publicados para subsidiar a reforma do Ensino Médio.
13
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.º 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
diretrizes e bases da Educação Nacional.
27

Sendo assi m , p ar a a deq uar os PC Ns – E nsi no Mé dio q ue já


esta va m vigo ra nd o a es te a r tigo da LDB , sã o c riad os e ntão os PC Ns
Plus ( 2002 ) . E stas no va s o rie nta ções co mp le me nta re s rec ebe m o no me
Plus ( + ) po r ser em uma a t ua li zaçã o do s PC NEM (1 999 ) , o u se ja , s ão
orie nta ções co mp le me nta re s p ubli cada s pa ra a uxi lia r ao s ed ucad or es
na adap ta ção do s co nte údo s e ap lica çõe s de r ec urso s a uxi lia re s do
proc ess o de e nsi no -a pre ndi za gem , se m q ua lq ue r pre te nsão no r ma ti va ,
na :

[...] implementação das reformas educacionais definidas pela nova


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, 1996) e
regulamentadas por Diretrizes do Conselho Nacional de Educação.
( MEC, 2 00 2, p. 04 )

Após a p ub lica ção da LDB , e m 19 96 , as L íng ua s Es tra ng e ira s


Mode r nas , ne ste cas o es peci fica -s e a L íng ua Ing le sa , pa ssa ra m a
rece be r a m es ma i mpo r tâ ncia d e q ua lq ue r o utr a no c ur r íc ulo , um a ve z
que des de o i nício do s éc ulo XX , a legis lação p re vê o e nsi no de líng uas
estra ngei ras , me sm o q ue iss o nem s em pre te nha a co ntecido (MEC ,
2000 , p .25 ).
Por e sta r a zã o, pe rceb e u-se a nec essid ade de ta mbé m c ria r um
s ubsidio dirigid o ao e nsi no d e líng uas es tr a ngei ras , p ara no rtear os
ed uca dor es na mi ssão de le var um a líng ua di ve rsa da ma te r na a os
ed uca ndos . Ao e nsi no de líng ua s e stra ngei ras é di re cio nad o o PC NEM ,
PCNs + e as OCNs de li ng ua ge ns código s e s ua s tec no lo gias .
No ca so da L íng ua Ing les a, po de mos e nc o ntr ar e ntre os ob je ti vo s
pri ncip ais a faci litação d o traba lho esc olar , e xpli cita ndo a a r tic ulaç ão
das com pe tê nci as 14. Ta mb ém ap res e nta s uge stões de pr áti cas
ed uca ti vas e org a ni za ção de c ur r íc ulo , ab ri ndo a ssi m um diá log o sob re
o pr o je to p edag ógico , o ap oio a o p ro fes so r e m se u traba lho e à
co nti nuida de de s ua fo r maç ão p ro fissio na l ( MEC, 2 002 , p .04 ) .

14
Habilidades a serem desenvolvidas pelo educando ao longo do processo escolar.
28

Como m etodo lo gia de e nsi no - ap re ndi zage m , as OC Ns 15 indica m o


proc ess o de letra me nto co mo mais i ndica do , dei xa ndo a ab or dage m
com unica ti va q ue a nteri or me nte er a s ugeri do pe los e specia li stas e m
ensi no de líng ua es tra ng eira . Os PC Ns s uger em :

[...] que o professor trabalhe a partir de três frentes:


A estrutura lingüística;
A aquisição de repertório vocabular;
A leitura e a interpretação de textos. ( MEC, 2 00 2, p . 1 04 ).

Esta be lec e ta mb ém q ue os e xer c ícios d e gr amá ti ca es te ja m “ a


ser vi ço da fi xa ção de a spec to s re le va nte s da es tr utur a li ng üí s tica ”
(ibide m , p. 1 04) , co mo p or e xem p lo , os temp os e for ma s ve rbais , a
orde m das pa la vra s , p re fi xa ção e s ufi xaç ão , ver bos i r reg ulare s e e tc .
(ibide m , p. 1 04 ).
Como co nte údo p ro gr amá tic o a se r dis trib uído a o lo ngo d os trê s
anos do E nsi no Mé dio , pe lo s PC Ns Plus – L íng ua Estra ngei ra Mo der na
– Ing lê s , são p rop os tos o s seg ui ntes ite ns :

Pronomes pessoais (sujeito e objeto);


Adjetivos e pronomes possessivos;
Artigos;
Preposições;
Adjetivos, advérbios e suas posições na frase (word order);
Caso genitivo (’s);
Plurais regulares e irregulares;
Substantivos contáveis e incontáveis (mass and count nouns);
quantifiers: much, many, few, little, a lot of, lots of, a few, a little;
Conjunções (linkers);
Falsos cognatos;
Principais prefixos e sufixos;
Verbos regulares e irregulares;
Graus dos adjetivos;
Pronomes indefinidos e seus compostos;
Pronomes reflexivos;
Pronomes relativos;
Pronomes interrogativos;
Uso enfático de do;
Orações condicionais;
tag questions;
15
Apresentadas no capítulo anterior.
29

additions to remarks;
Discurso direto e indireto;
Verbos seguidos de infinitivo e gerúndio;
Verbos seguidos de preposição;
Voz passiva simples e dupla;
Orações temporais com o verbo to take;
Forma causativa de have and get;
Also, too, either, or, neither, nor;
Phrasal verbs. ( MEC, 2 00 2, p . 1 04 ).

Com b ase nes te co nte údo p rog ra má tico e me to do logia s uge rida ,
alg uns te ma s sã o p rop os tos pa ra faci li ta r o pr oce sso de e nsi no -
apre ndi za gem de L íng ua Inglesa , co nside ra ndo as s unto s q ue po ssa m
inte res sa r ao s ado le sce ntes , es ti m ula ndo a c uri osidad e, pe rmi ti nd o a
amp liaç ão do vo cab ulá rio , a pa rti r do co nheci me nto p ré vi o dos
ed uca ndos ne sse s te mas , p ropo rci o na ndo ta mb ém “ m últip la s inte r fac es
com o utra s discip li na s” ( MEC, 2 002 , p . 106 ) . Os te mas pro pos ta s são :

Dinheiro e compras (moedas internacionais);


A casa e o espaço em que vivemos;
Gostos pessoais (sentimentos, sensações, desejos,
preferências e aptidões);
Família e amigos;
O corpo, roupas e acessórios;
Problemas da vida cotidiana (tráfego, saúde, tarefas e
atividades da vida social);
Viagens e férias;
Interesses e uso do tempo livre;
Lugares (a cidade, a praia, o campo);
Comida e bebida;
Trabalho e estudo;
O ambiente natural (ecologia e preservação);
Máquinas, equipamentos, ferramentas e tecnologia;
Objetos de uso diário;
Profissões, educação e trabalho;
Povos (usos e costumes);
Atividades de lazer;
Notícias (a mídia em geral);
A propaganda;
O mundo dos negócios;
Relacionamentos pessoais e sociais;
Problemas sociais;
Artes e entretenimento;
Problemas mundiais;
A informação no mundo moderno;
30

Governo e sociedade;
Política internacional;
Ciência e tecnologia;
Saúde, dieta e exercícios físicos. ( MEC, 2 00 2, p. 1 06) .

Aind a de aco rdo com o s Par âme tro s Cur ric ula re s Na cio nai s Plus
(PCN+ ) 16 Ling uage ns, Có digos e s uas Te c no logi as - Orie ntaç ões
Educaci o nais Co mp le me nta re s aos Pa râ me tr os C urr ic ula res Nacio nais ,

[...] a influência das tecnologias de informação e do desenvolvimento


tecnológico, a hegemonia da língua inglesa, o papel da mídia são
fatores que influem sobre a língua no mundo globalizado (MEC,
2002, p. 101).

Pode- se e ntão pe rc ebe r o gra nde ape lo à i ntro d uç ão de no va s


tec no logia s pa ra o e nsi no de líng ua . Le va ndo em co nside ra ção as
pala vras d e Patric k Me nde ls o hn, “ as c ria nç as na sce m e m um a c ultura
em q ue se c lica 17, e o de ver do s pr ofess or es é i nse ri r- se no uni ve rso
de se us a lunos ” (C f. MEC , 2 002 , p . 132 ) , os PCNs de fi nem co mo
comp etê ncia do p ro fes sor a utili zaçã o d e no vas tec nologias e a s ua
ins tr ume nta li zação (ibide m , p . 132 ) :

...no sentido de:


Utilizar editores de texto e outras ferramentas da informática;
Explorar as potencialidades didáticas dos programas em
relação aos objetivos do ensino;
Comunicar-se a distância por meio da telemática;
Utilizar ferramentas multimídia no ensino. (i bi dem , p . 1 32 ).

Os pa râ me tros ta mbé m de fi ne m q ue :

...a informática e outras mídias eletrônicas constituem ferramentas


auxiliares especialmente úteis quanto ao ensino de língua
estrangeira e devem ser utilizadas como mais um recurso auxiliar ao
aprendizado. ( ib id em , p. 1 32) .

16
Parâmet ros Curriculares Nacionais Plus – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – Orientações
Educacionais Co mp lementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio, 2002.
17
O grifo é meu.
31

Os Pa râ me tr os C ur ric ular es Nacio nais p ropõ em uma g ra nd e


ino vaç ão na ma nei ra de se tra ta r o e nsi no . Co m a g ra nd e re vo luç ão
tec no lógic a q ue ve m ac o ntece ndo na s ú lti mas d écad as , há a
ne ces sidad e d e q ue o ed ucad or se a tua li ze e s e a pro xim e d a rea lida de
dos ed uca nd os e a pr ese nte a e les uma fo rm a de uni r o a pr e ndi za do
esco la r àq ui lo q ue e les vi vem , e xpe rime ntam e pa r ticipa m fo ra do
espaç o esc olar .
Da mes ma for ma q ue o B rasi l, o s Es tado s Uni dos ta mbé m
poss uem um do c um e nto q ue o rie nta o e nsi no de líng ua es tr a ngei ra no
pa ís. Sã o os c ham ados STANDARDS F OR FORE IGN LANGUA GE
LEARNIN G: P re pari ng fo r the 2 1 s t Cen tu ry , d ese nvo lvido s d ura nte o
go ve r no do p re side nte Wi llia n J effe rs o n C li nto n a pa r tir do a no de 19 96
e p ub licad o no a no d e 1999 .
Poré m , me sm o ap rese nta ndo o s PCNs br asi lei ros e o s Ame rica n
Sta ndar ds fi na lid ades coi ncide nte s, o funda me n to da me todo logia d os
parâ me tros a me rica nos ai nda é o Com m unica tive Ap pro ach 18, co m
ênfa se no s 5 C’s (C om m uni ca tio n, C ultur es , Co nne cti o ns ,
Compa riso ns , Co m m uni ties ) , di spos to s g ra fica me nte na s fig ura s 03 19 e
04 20, di spos ta s abai xo (S TA NDA RDS , 1999 , p .01 ) :

Figura 3 - 5 C’s – STANDARDS FOR FOREIGN LANGUAGE LEARNING

18
Abordagem para o ensino de língua estrangeira que enfatiza a co municação. De staca-se também nela a
mudança do papel do professor, visto que o aprendizado passa a ser centrado n o aluno e o professor torna-se um
facilitador da co municação e do processo de aprendizagem, tornando -o cooperativo, interativo, significativo e
não-frag mentado.
19
Representação dos 5 C’s apresentada na capa dos STANDARDS FOR FOREIGN LANGUA GE LEA RNING:
Preparing for the 21st Century, 1999. The Five Cs standards.
32

Figura 4 - Gráfico demonstrati vo dos 5 C's (traduzi do e adaptado)

Os 5 C’s , a pre se ntad os no s S tanda rd s for F orei gn Lan guag e


Lear ning pod em s er d esc ri tos da seg ui nte ma neira 21:

Com uni caçã o: e nfa ti za a uti li za ção da li ng ua ge m par a a


22
com unica ção e m situaç ões da “ vida rea l ” ;

Culturas : a co mp ree nsão da c ultura é uma p ar te i mpo r ta nte


do ap re ndi zado de uma líng ua es tr a ngei ra , p orq ue e sta
e xpe riê nci a cap aci ta os a lunos a ap recia r a s re la çõe s e ntr e
23
a li ng uage m e as o utra s c ultur as ;

Cone xõe s : o co nte údo de o utras á re as dis cip li na res de ve


estar i nteg rado ao m undo a tra vé s da li ng ua ge m e o utro s
te mas c om uns ; 24

20
Adaptação minha da figura anterior, traduzindo-a para a Língua Portuguesa.
21
Tradução e adaptação minhas.
22
What students can do with language” rather than “what they know about language” (HANNA, Vera. Anotação
de aula da disciplina de Metodologia de Ensino de Língua Inglesa II – UPM – 1.° semestre – 2009).
“Communication is at the heart of second language study, whether the communication takes place face -to-face,
in writ ing, or across centuries through the reading of literature (Standards, 1999, p.03).”
23
“Through the study of other languages, students gain a knowledge and understanding of the cultures that use
that language and, in fact, cannot truly master the language until they have also mastered the cultural contexts in
which the language occurs (Standards, 1999, p.03).”
24
“Learning languages provides connections to additional bodies of knowledge that may be unavailable to the
monolingual English speaker (Standards, 1999, p.03).”
33

Compa ra ções : os es tuda ntes sã o i nce nti va dos a co mpa ra r e


co nfro ntar as líng ua s e c ultura s, de for ma q ue a na lise m
simi la ridade s e di fe re nç as , o q ue p ode p rop or cio na r um
me lho r e nte ndime nto da s ua pró pri a líng ua ; 25

Com unid ades : e nfa ti za q ue o s ed uc a ndo s vi ve m em uma


socied ade globa li za da , o nde e les p ode m e ste nde r o se u
co nhe cime nto m ultic ultura l e m ultilíng üe da e sco la par a
casa atra vés de ati vi dade s c omo i nte rcâ mbio s, web mai l,
uso da Wo r ld Wi de W eb , co nta to co m fa la nte s de o utra s
líng uas e m cas a o u na es co la , e tc . 26

Sinte ti za ndo , os S tan da rds for Fo reign L an guage Le arni ng , tê m


como p ri ncipa l ob je ti vo , o “ sabe r c omo , qu ando , e po r qu e di zer algo
27
para a lg uém ” (S TA NDA RDS , 199 9, p .0 3) .

É impor ta nte obse r var q ue amb os os pa râ me tros , ape sa r da


dife re nça da me tod o logia , e nfa ti za m a im po rtâ ncia de se ap ro xi ma r as
rea lida des (c ulturais , so ciais , li ng üís tic as ) e tamb ém e nfoca m a
uti li za ção de rec urs os midiá tic os , co m a fi na lid ade de p rop or cio na r ao
ed uca ndo não s om e nte um me lho r a pre ndi za do de líng ua es tr a ngei ra ,
mas o c o nhe cime nto da e xi stê ncia d e uma di ve rsida de c ultura l.

Perce be -se , e ntão , q ue a p reo c upa ção co m o e nsi no d e líng ua


estra ngei ra po r meio de um ap re ndi zado si g nifi ca ti vo é de i nte res se de
outros pa íse s, com o os Es ta dos Unid os , po r e xe mp lo , q ue pos s ue m a
líng ua fra nca da g loba li za ção e es tã o p reo c upad os com o e nsi no de
pelo me nos uma líng ua e s tra ngei ra ao s se us es tuda ntes .

25
“Through comparisons and contrasts with the language being studied, students develop insight into the nature
of language and the concept of culture and realize that there are mu ltip le ways of viewing the world (Standards,
1999, p.03).”
26
“Together, these elements enable the student of languages to participate in mult ilingual communities at home
and around the world in a variety of contexts and in culturally appropriate ways (Standards, 1999, p.03).”
27
“Knowing how, when, and why to say what to whom” (Standards, 1999, p.03).
34

Capítulo III
35

III – Análise

Obs er va nd o a te nta me nte a No va P rop os ta C ur ric ula r d o Es tad o


de São Pa ulo , pode -s e per cebe r q ue a mes ma po ss ui s e u co nte údo
adeq ua da me nte ada ptado ao q ue é prop os to nos PC Ns e a tua li za do
rece ntem e nte pe las OCNs. É poss íve l c o ns ta ta r es ta adap ta ção ta nto
no co nte údo q ua nto na me todo logia ap licad os , o q ue a tor na um
ma te ria l de a poio (ape sa r de s er de us o ob riga tó rio ) q ue pos sibi lita ao
pro fissi o na l da e d uc ação a ap lica ção , e m sa la de a ula , d e c o nte úd os
que es tão ade q uad am e nte adap ta dos ao q ue é i ndic ado pa ra se r
apli cado nacio na lme nte.

To da via , ao a na lisa r a ap lica ção da s pr opos ta s do ma teri al d e


apoio d e ac or do c om o c ro nog ra ma d e a ti vida des pr e vis to na No va
Propo s ta C urri c ula r , e nte nde -se q ue s ua ap lica ção fi ca , e m pa r te ,
invi abi li zad a. Vis to q ue e xi ste um núm er o e le va do de a l unos e m ca da
36

sala d e a ula, o q ue pre judica a fluid e z d a a ti vid ade a s er de se nvolvida ,


o ed uc ado r nec essi ta ria de mai or d e tem po pa ra a te nde r a todo s e
esc la rec er s uas d úvidas .

Embo ra o ma te ria l não dê a be rtur a pa ra a i nc lus ão de o utra s


ati vid ades ( ta nto pe lo te mpo , q ua nto pe la q ua ntid ade d e co nte údo ), de
re vis ão , po r e xe mp lo , o pr ofess or não de ve sim p les me nte se a te r a is to
e se a com oda r , m as si m , uti li za r es te s ca der nos co mo ap oio c ur ric ula r
e m etodo lógi co pa ra as ati vi dade s q ue são p ropo stas pa ra a s érie , o
que não d e ve i nter fe ri r e m se u trab a lho didá tico ne m na s ua a uto no mia
doce nte , um a ve z q ue cada ed ucad or tem a s ua pr ópri a ma nei ra de
dese nvo lve r as a ti vi dade s em s ala de a ula .

Pode- se co mp ree nde r, d e aco rdo c om ob se r va ções fei tas d ura nte
o per íod o de e stágio e e m e ntre vis ta s co m ed ucado re s da es co la o nde
esta pesq uisad or a trab alha co mo s ec re tári a desd e 2004 , um
desp repa ro por pa rte dos ed uc ado res ao ap lic ar a No va P ropo s ta . Não
ape na s por não ter em rec ebido um tr ei na me nto e xte nso e a deq uado po r
par te da S ec re tari a da Ed uc açã o, mas ta mbé m po r uma ce r ta
resis tê ncia na rec epç ão da no va m etodo logi a.

Outr o asp ec to de sig ni fica ti va re le vâ nci a, e nco ntrad o na No va


Propo s ta C urric ular , é o gr a nde ape lo à uti li zação de rec urs os
midiá tico s no e nsi no d e L íng ua Ing le sa . São pr opos to s fi lmes , co ns ulta
a sites e m úsi cas , todos c om i ndi caçõ es do q ue de ve s er e vi de ncia do
para me lho r uti li za ção do ma te ria l, tai s co mo es pec íficas ce na s de
fi lme s , tre c ho s de m úsicas e links pa ra o s si tes . V eri fica -s e, no
enta nto , q ue a m aior difi c uldad e e nco ntrada par a a a pli caçã o de stes
rec urs os é a a us ê ncia e /o u i ndisp o nibi lidade do s ma te riais físic os
(te le vis ão , ap ar elho de DVD , c omp utado res , Data Sh o w, e ntr e o utro s) ,
ou a té me smo d os filme s e m úsicas p ro pos to s no ma teria l.

A Secre ta ria de Ed ucaçã o do Estado de São Pa ulo, ci e nte des ta s


dific uldade s, ve m te nta nd o ade q ua r as esc olas a es ta no va rea lida de , e
37

desde o a no de 20 08 , desde o a no de 2008 , vê m se ndo i mp la ntad as


na s E sco la s Es ta d uais de Ed ucaçã o Bá sica do E s tado de São Pa ulo ,
lab or at ório s de i nfor má tica , de sti nado s ao uso do s ed uc ado res e m
ati vid ades co m os ed uca nd os e de a mbo s m es mo fo ra do ho rá rio le ti vo ,
com o ob je ti vo pri ncipa l de pr opo rcio nar ao s e d uca dor es e a os
ed uca ndos o a ces so à i nter ne t pa ra a re a li zaç ão de pe sq uis as
re lacio nada s a o c o nte úd o de se nvo lvido e m s a la d e a ula. M uitas
esco la s ta mb ém já r eceb er am no teboo ks e da ta sh o ws pa ra
tr aba lhare m co m ap re se nta ções di gita li zada s , ta nto par a os ed ucad or es
com os e d uca ndos q ua nto pa ra os c oor de na do res tra ba lha re m co m os
doce nte s em s e us horá rio s de tra ba lho pe dagó gico co le ti vo .

No q ue se re la cio na a o co nte údo pr opos to p ara o E nsi no M édio ,


especi alme nte e m s ua últi ma séri e, ve rifi ca - se uma te ndê ncia tem áti ca
ao m er cado de trab alho e a ap licaç ão di re ta do q ue é p ropo s to e m sa la
de a ula na vid a do ed uca nd o. De sta fo r ma , a Pro pos ta C urri c ula r da
SEE/SP , ate nde ndo ao q ue é de fi ni do pe los o rga ni sm os i nte r nacio nais ,
tais co mo o Ba nco M undia l e o utra s a gê nci as , a lé m da re fo r ma
ed uca cio na l do s a no s 90 do sé c ulo pa ssa do ( M OURA , 20 08 , p .13 )

É precis o des ta car o utr o elem e nto tam bé m impo r ta nte no q ue s e


re fe re à ap lic açã o da s a ti vi dade s p rop os tas pe lo no vo c ur r íc ulo: a
ques tão da pad ro ni zação . C omo já foi citado a o lo ngo d es te traba lho, o
Esta do de São Pa ulo é he te rogê neo , o u se ja, p oss ui uma g ra nde
diver sidad e de c ulturas e rea lida des (q ue p ode m s er e nc o ntr adas numa
mes ma tur ma ) , o q ue difi c ulta o traba lho do pr ofi ssio nal da e d uca ção ,
pri ncip a lm e nte em r egiõe s me nos fa vo recid as fi na nc eira me nte , uma
ve z q ue o ace sso ao s ma te riais fi ca i nibido pe la dis tâ ncia e pe la
ausê ncia de rec ur sos c omo si na l de te le visão , te le fo ne e /o u a ces so à
inte r ne t. Mais uma ve z, é nec ess ário , po r par te do ed uca dor , a
adap taç ão do ma te ria l e do co nte údo a se r dese nvo lvid o, d e fo rm a q ue
seja poss íve l a co ns tr uçã o do co nhe cim e nto , sem p re judi ca r a auto -
esti ma ne m o p roc ess o de ap re ndi zage m do e d uca ndo .
38

É poss íve l o bse r va r q ue a SEE tam bé m se p reo c upa co m a


cor reç ão dos c ade r no s do no vo ma te ria l pr opos to p elo Estado ,
distrib uíd os pa ra p ro fe sso res e a luno s. Nos a nos de 2 008 e 2 009 ,
fo ra m e nc o ntr ados er ro s de digitação e g ra ma ticais em vá rios d e les .
Por se tra tar de um m ateri al e xtre ma me nte i mpo r ta nte pa ra a ed ucaç ão
estad ua l, de vem -se o bse r va r es tes d etalhes co m m aior a te nção e
c uidado , uma ve z q ue a fi xaçã o do ap re ndi za do , po r pa rte do
ed uca ndo , fa r- se -á p or m eio da s i nfo r maçõ es co ntida s ne stes
cade r no s.

Desta ca -se ai nda q ue , a pesa r d e ter mo s e nfa ti zado o s a spec to s


positi vos de sta p rop os ta , os rep re se nta nte s dos si ndic a tos 28
apre se nta m uma visã o bas ta nte cr ítica co m re la ção à a pli caçã o da
No va P rop os ta C ur ric ula r . E stes a c o nside ra m a uto ritária e
desr esp eito sa co m re laç ão “à s di fer e nç as i ndi vid uais do s a luno s , às
c ultura s das es co las , às di fe re ntes regiõe s do Es tado ” ( APASE;
APEOESP; CPP, 2009, p.10 ) . A leg am ta mbé m , q ue o p ro fes sor se
tr a ns fo r mo u e m um simp les “ rep eti dor d e co nte údo e lab or ado po r
outre m , des vi nc ulad o da re ali dade na q ua l atua, s em ne nhum a
possibi lida de de fle xi bili zar o fa ze r p edag ógico ” ( ibide m , p.08) , e q ue
“os a va nç os e re tro ces sos d a nos sa es co la es tã o atre la dos a o jo go
político ” (ibide m, p .0 4) .

Enfi m, co nside ra m a p ro pos ta “a lta me nte re stri ti va e r eti ra a


auto ria do tra ba lho didá tic o e a a uto no mia do doc e nte” ( ibide m , p .0 8) ,
tr a ns fo r ma nd o o p ro fes so r e m um p ro fissio na l s up ér fluo e s ubs tituíve l
(ibide m , p .09 ) . Os si ndica tos de fe ndem q ue o ed ucado r d e ve te r
auto no mia so bre o co nte údo p ro gra má tic o e so bre a m etodo logi a a se r
apli cada c om s e us e d uca ndos e m sa la de a ula .

28
“Proposta Curricu lar do Estado de São Paulo: Uma Análise Crítica” - 2008, publicação realizada pelos
representantes da APEOESP (Sindicato Estadual dos Professores); APASE (Sindicato dos Supervisores do
Magistério do Estado de São Paulo) e CPP (Centro do Professorado Paulista).
39

De to do modo , deba te s e cr ítica s s obr e a uti li zação de no vo s


mé todo s , téc nic as e fe r ram e ntas , q ue te nham com o ob je ti vo a m e lho ra
do pro ces so de e nsi no -a pre ndi za ge m são b em vi ndos , d esde q ue
acom pa nhadas de dis c us sões amp las e ba sea das na uti li zaçã o de
no vas p ro pos tas .
40

Conclusão

A No va P ro pos ta C ur ric ular do E s tado de S ão Pa ulo , ap re se ntad a


ne s te tr aba lho , apes ar de te r e nfre ntad o uma a mp la re sis tê ncia po r
par te dos ed ucad ore s (i nc lui ndo nes ta de nomi nação p ro fes so res ,
coor de na do res peda gógic os e di re to res de esc ola) no mo me nto e m q ue
entro u e m vig or , a tua lme nte te m sid o me lho r co mp ree ndida e ap lic ada .
Is to se d e ve ao fa to de , na q ue le m om e nto e cir c unstâ ncia s, s ua
imp la nta ção te r -se ap rese ntado co mo mais uma i mposi ção da
Secre taria d a E d uca ção .

Contudo , o ma te ria l da No va P ro pos ta te m sido dis tri b uído a


todo s os e d uca do res e e d uca ndos da Rede Es ta d ua l, des de a zo na
urba na a té a zo na r ura l. Te m re ve lado q ues tio name ntos e opi niõe s, às
ve zes fa vor á veis , o utras nã o, de a co rdo co m as pos sibi lidad es de
adap taç ão ta nto do c o nte úd o ( po r pa r te d o p ro fes sor ) q ua nto do
41

ed uca dor e do s rec urs os (mi diáti cos , ma te riais ) dis po nívei s, co nfo r me
foi disc uti do .

Seg undo o s Par âm etro s Cur ric ula re s Nacio nai s, e nfre ntar o s
de ve res e os di lem as d e ve se r i ntr íns ec o ao pro fis sio na l da e d uca ção .
Alé m de toda s as a ti vida des e co nheci me nto re la cio nad os à dis cip li na
mi nis tr ada , req uer -se ta mb ém do pr ofess or as co mpe tê ncia s de
aná lise , d e de sce ntra li zação (o ed ucad or não de ve se r o ce ntro do
proc ess o de e nsi no -ap re ndi zag em ) , de co m unica ção e de ne gocia ção .
É so me nte co m a aq uisi ção e a ceitação de stas co mp e tê ncias pe lo
ed uca dor q ue pod er emo s mi nimi za r as co ntradi çõe s da nos sa
socied ade e a m a nei ra co mo e sta e nca ra o si stem a ed uc acio na l.

O p ro fes so r não de ve ass umi r as re spo nsabi lida des p er te nce nte s
a outros p ro fis sio nai s (c oor de na dor , di re to r , psicó lo go , c o nse lhei ro
tute la r , e ntre o utro s) , ma s a ss umir a s ua , to ma nd o co nsci ê ncia da
situa ção ad ver sa na q ual se e nc o ntr a a e d uc ação no B ra sil a tua lme nte ,
le mb ra nd o q ue “ oti mis mo e boa vo ntade sã o pr é - req ui sitos pa ra a
soluçã o de todos o s pr ob le mas e d uca cio nais ” ( MEC , 200 2, p .134 ).

Enfi m, po de- se co ncluir q ue , pos s ui r um ma te ria l de a poio é d e


gra nde a ux ílio a o p ro fissio na l d a ed ucaç ão , uma ve z q ue e xis te a
ne ces sidad e de s eg ui r um me sm o co nte údo p rog ra má tic o e uma m es ma
me todo logia de e nsi no p ar a to do o Es ta do . To da via , po r e xis ti r no
Esta do de São Pa ulo ta ma nha di ve rsid ade , é nece ssá ri a , por pa r te de
ed uca dor , uma adap ta ção de ste ma te ria l pa ra q ue pos sa a ti ngi r aos
se us ed uca ndo s , e m vári os a spe ctos de s ua fo r maçã o (pes soa l,
inte le ctua l, socia l) . Do co ntrá rio , a N o va Pr opo sta Cur ric ula r se rá
some nte mais um ob je to de co ntr o le s ob re a s a ti vid ades r ea li zad as
de ntro d os es tab e leci me nto s de e nsi no es tad uais e não pa ssa rá de um
no vo i ns tr ume nto de p ad ro ni za ção e o pre ssã o na Ed uc açã o E stad ua l.
42

Anexos
43

Ane xo A :
44

Ane xo B :
45

Ane xo C :
46
47

Ane xo D :
48
49

Ane xo E :
50
51

Referências Bibliográficas

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<http://apeoespsub.org.br/especiais/revista_planejamento_2009.pdf>. Acesso em:
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CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO: Língua Estrangeira.
Secretaria de Educação Fundamental. Brasília. MEC/SEF. 2000.
52

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STANDARDS FOR FOREIGN LANGUAGE LEARNING: Preparing for the 21 st


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