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BOLETIM REPARTIGAO DE AGUAS E ESGOTOS de S. Paulo Diretor: Eng? Oswaldo B. Thompson Publicagdo Periodica NUMERO 5 | Sto Paulo — Marco de 1939 [axon Projéto de uma Barragem de Concreto Armado em Poco Preto - Obras do Rio Claro J. M. de Toledo Matta Eng.-Chefe da 3. Beego Téonica HISTORICO A necessidade de um lago regulador da vasio do Rio Claro foi reconhecida desde que se cogitou do aproveitamento desse manancial no abastecimento de aguas de 8. Paulo. Observada a bacia situada a montante da captagiio projetada, verificou-se logo que em perfodgs de estiagem rigorosa a descarga na- tural ali disponivel poderia descer a um m{inimo da ordem de 100 milhdes de litros didrios. Ora, os projétos de abastecimento baseados na captagio do Rio Claro requeriam volume difrio' trez vezes maior, pelo menos, sem 0 que nao seria compensado o custo de uma adutéra de 85 quilémetros, suposto que se pudesse justificar a preferéncia por esse manancial pelo duplo motive de permitir adugio por gravidade e de fornecer aguas de cabeceira, de bacia deshabitada e protegida. Tratou-se logo, por conseguinte, de observar o regimen natura} do rio para se conhecer qual o regimen continuo equivalente que se poderia obter artificialmonte por meio de um agude regutador. O engenheiro Henrique de Novaes, baseando-se em dados colhi- dos até 1927, avaliou em 260 000 m’. por dia a descarga continua do rio Claro regularisado, concluindo, porém, por estudo eomparativo, que uma descarga didria de 300000 m®. seria possivel e provavel. (Vi- 3 Boletim da_Repartiggo de Aguas e Esgotos do Relatério da Comissio de Obras Novas do Abastecimento de Agua da Capital - paginas 25, 26, 84), O engenheiro Henrique de Novaes localisou o projéto da _barra- gem através do boqueirfo existente nas vizinhangas de Casa Grande, prescindindo de estudos para a localizagio em Péco Preto, os quais 86 muito mais tarde foram retomados pela Comissio de Saneamento e ter- minados pela R, A. E.(*) Estes estudos vieram provar de modo cabal a superioridade indiscutivel da localisagéo em Pégo Preto que foi de- finitivamente adotada. A projetada localisagdo om Casa Grande, apresentava desde a sua origem muitos inconvenientes fundamentais. O primeiro e o maior era a baixa cota de represamento que afetou e onerou todo o tra- gado da adutéra inferior, rebaixando-o obrigatoriamente, donde a necessidade de extensas passagens em tunel. E, apesar desse rebaixa- mento, ainda seria preciso elevar a agua do acude, de 9 a 18 metros de altura, para langal-a na adutéra, porque as condigdes topogra- ficas em Casa Grande nao permitiam levantar a barragem acima do nivel do aqueduto. De fato, reduzida embora a altura mixima da barragem a 29 me- tros no projéto do eng. H. de Novaes, ainda assim precisou o mes- mo ilustre engenheiro projetar tambem dois diques de terra (um de 16,40 ms. outro de 11,20 de altura) sobre o divisor de aguas “sem o que as aguas do Rio Claro transbordariam para a sua contravertente marftima” (Relatério citado pap. 30). As condigdes geolégicas de Casa Grande nfo eram menos desfa- voraveis. A base de rocha extende-se “numa superficie mais ou me- nos horizontal na hombreira esquerda e ligeiramente ascendente na “direita”. Deste modo os flancos da muralha ficariam a toda a altura encravados em terra, condicgio bastante precéria para uma barragem de concreto. Parece fora do divida que tantos defeitos juntos bastariam para condenar a localisagio om Casa Grande, excéto no caso de nfo haver nenhuma outra melhor ou menos m4. E em niio havendo, a possivel vantagem da propria aducéo do Rio Claro, ficaria por isso mesmo muito discutivel, sinfo por outras razdes. Recebendo o espélio da Vomissio de Obras Novas, a Comissio de Saneamento primeiro e depois a R. A. E. procuraram verificar de modo positivo, por observagées hidroldgicas, geolégicas eo topograficas as condicées reais da bacia a montante do Pégo-Preto. J4& no ano de 1935 possuia a R.A. E. todos os elementos necess4- rios para poder afirmar que a construgio do agude nesse local era possivel, satisfazendo a todos os requisitos exigidos. Foi feito um pro- jéto completo de barragem de concreto massigo, Em o n.° 3 do Bole- tim da R.A. E., outubro de 1937, encontra-se uma descrigio desse pro- j6to em artigo dos engenheiros Nassim Nadruz 6 Eurico Cerruti, com os (’) A R.A. E, jé tinha iniciado o levantamento topogrifico da bacia quando todos os servigos do Rio Claro passeram para a Comissio de Obras Novas. 4 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotds resultados dos estudos preliminares da bacia, topogréficos, meteorold- gicos, hidrolégicos e geolégicos, Ficou provado que no boqueirfo situado duzentos metros acima da Cachoeira do Pégo Preto pode-se levantar uma barragem até a al- titude de 864 metros, que 6 a elevagdo minima do divisor de aguas da bacia. Noestas condicdes a barragem ter4 uma altura molhada m4- xima de 28 metros sobre o fundo do rio e 35 sobre o ponto mais profundo da superficie da rocha, desenvolvendo-se numa extensio de 350 metros, Nas hombreiras a altura sobre rocha sera de 8 a 9 metros somente. O lago artificial formado pela barragem teri uma capacidade utilizavel, entre altitudes 864 @ 842, de 17 700 000 metros ciibicos, sufi- eiénte para garantir uma descarga continua de 300000 m’. por 24 hs, Desaparecem, assim, todos os inconvenientes da locagio em Casa Grande excéto o defeito das hombreiras encravadas em terra. Mas esse mesmo fica muitissimo atenuado e perfeitamente toleravel. A tnica vantagem da locagdo em Casa Grande seria a maior ca- pacidade do lago, 75 000 000 m’, segundo afirma o engenheiro H. de Novaes no relatério citado. Tamanho excesso de volume sobre o volume determinado como suficiénte permitiria melhorar a qualidade da agua em consequéncia do aumento consideravel do tempo de sedimentacio. Mas 6 preciso considerar que semelhante vantagem seria certamente anulada durante os primeiros anos de utilisagdo do agude, em consequéncia da decomposigio da matéria organica existente na bacia submersa. Fi sabido que os lagos artificiais precisam de tempo mais ou menos di- latado para “amadurecer”, como se diz, até que sd tornem equivalentes aos lagos naturais quanto 4 qualidade das suas aguas. A este respeito a R.A.E. tem feito observacdes interessantes. A barragem de Pedro Beicht comegou a funcionar em fins de 1932. Deram-se algumas irregularidades na tomada d’agua que, durante certo tempo, se fez pelo tubo de descarga com agua do fundo do agude, Alem disso, a agua do agude mistura-se normalmente com as da bacia inferior que nao sio decantadas. Apezar disso as observacdes revelam que o teor da materia organica subiu desde o inicio do armazenamento e que até hoje nio tornou 4s proporgdes primitivas, O mesmo resultado se observa quanto ao gréu de coloragao. Portanto podemos concluir sem médo de errar que, construido o acude em Casa Grande, o tratamento das aguas ali armazenadas seria indispensavel e, durante varios anos, nio menos rigoroso do que o necessério no caso do armazenamento de menor volume uo Pégo-Preto. Nada se economisaria nas despezas de primeira instalagiio da estagio de tratamento e 86 depois de um longo praso seria lfcito esperar algu- ma economia nas despezas de custeio. devido a um menor consumo de ingrediéntes quimicos e lavagens mais espagadas. E esta vantagem minima estaria longe de compensar os sérios inconvenientes de toda a ordem a que ja nos temos referido. Se 0 projéto da adugio se houvesse baseado desde a sua origom na localisagéo do agude no Pégo-Preto, muito mais felizes sob todos . _ Boletim da Reparticgo de Aguas ¢ Esgotos os pontos de vista teriam sido as condigdes resultantes para a adutéra. Com a mesma declividade da atual, chegaria em Sao Paulo a um re- servatério, 10 a 11 metros mais elevado, permitindo distribuigio mais perfeita e mais econémica. Ou, para chegar ao mesmo reservatério atual, disporiamos de uma declividade 30% maior, permitindo seogSes transversais 15% me- nores. Muitos tuneis seriam reduzidos, ou suprimidos, mais na pri- meira do que na segunda hipstese. Mas em qualquer das duas hipd- teses 6 de vér que a economia realizavel na construgio da adutéra, na distribuigao, ou em ambas, teria sido incomparavelmente mais impor- tante do que a duvidosa redugio nas despezas de tratamento, postos de parte os defeitos intrinsecos da locagio da barragem de Casa Grande. Esses defeitos intrinsecos da locacio em Casa Grande desapareceriio, sendo construida a Barragem no Péco Preto. Os outros, porem, extrinsecos ou indiretos, que se rofletem na adutéra e na distribuicdo, subsistem como realidade, j4 agora inalte- ravel. . A barragem do Pégo-Preto foi estudada em primeiro lugar em 1988 pelo engenheiro Nassim Nadruz que -projetou uma muralha de concreto massigo. Esse projéto, como acima se disse, foi publicado no Boletim n. 3 da R.A.E. de outubro de 1987 com a colaboragdo do eng. Eurico Cerruti. _ Posteriormenle, em 1937, a Companhia Construtéra Nacional, em- preiteira atual das obras do Rio Claro, apresentou 4 R.A.E. a suges- tao de ser preferido o tipo de barragem de concreto armado de ele- mentos miltiplos. Para demonstrar as vantagens do tipo proposto, a Companhia elaborou em seus escritérios um ante-projeto de barragem de arcadas continuas acompanhado de cAlculos e medigdes. Segundo esses estudos preliminares a construgaéo da barragem de concreto ar- mado de elementos multiplos deveria custar 20 a 25% menos do que ada muralha de concreto massigo. Ouvidas sobre a proposta a 8." Secgio Técnica @ a Secgiio do Rio Claro, determinou o Diretor da R.A. E. que o projéto definitivo fosse feito pela propria R.A.E. cometendo sua elaboragio ao engenheiro chefe da 3° 8. T. -Do desempenho dessa incumbéncia resultou o presente trabalho. Iniciado em outubro de 1937 o atual projéto estava praticamente con- cluido, faltando-lhe apénas este relatério, em margo de 1938. Nessa data uma viagem aos Estados Unidos em missio da R.A.E. (*) obri- gou o autor a adiar a conclusio para depois do seu regresso. Por boas razdes, como adeante se vera, tivemos que rejeitar o dispositivo em arcadas continuas adotado no ante-projéto da Cia. Cons- trutéra Nacional. Foi preferido o dispositivo de cortina plana constitu- tivo do tipo Ambursen de barragem de concreto armado o qual, a nosso vér, 6 imposto pelas condigées do local. Em regra geral, quando as () Besa missio nada tiaha que vor com o assunte deste artigo. 6 Boletim da Repartigio de Aguas ¢ Esgotos condigdes locais permitirem optar por um dos dois dispositivos, a cor- tina em arcadas merece preferéncia porque, podendo cobrir maiores vdos com menor espessura ¢ reduzindo o namero de contrafortes, re- aliza uma notavel economia de material que compensa vantajosamente o maior custo das formas e da mio de obra. Mas no caso presente ag arcadas nao poderiam ser empregadas senico 4 custa de complica- gées finais quasi insoluveis. Entretanto o projéto da R. A. E. deu, no resultado das medigdes prévias, quantidades de materia] praticamente equivalentes 4s do ante-projéto da Companhia Construtéra Nacional, satisfeitas todag as condigdes de resisténcia e estabilidade geralmente especificadas para obras congéneres. Ser4 isso, queremos crér, um indice do cuidado com que foram estudados todos os elementos do pro- iéto, do ponto de vista técnico tanto como do econémico. Entretanto prevemos que muitos dofeitos @ até erros poderdo ter escapado ao nosso atento e consciencidso exame da questio. Espera o autor que os competentes lhos apontem, para que os ache, e o favorecam com suas licdes, para que os corrija como fér possivel, e a quantos por esta forma o ajudarem agradece antecipadamente, pois a publicagio deste estudo néo Visa outro fim senfo esse. Entre as obras consultadas para a elaboragdo do nosso projéto, que foram quantas pudemos obter sobre -o assunto, merecem especial mengdo as duas seguintes: Dr. Ing. .N. Kelen — Die Staumauern. Prof. S. Timoshenko — Theory of Elasticity. Recomendamos esses dois tratados, por nos parecerem suficiéntes, ao engenheiro que deseje conhecer o estado atual da questio. PARTE | s Elementes Primordinis 1, Condigdes locais. — O sitio escolhido para a implantagio da barragem 6 0 boqueirio existente logo abaixo da barra do corrego da Rosca, a uns duzentos metros a montante da Cachoeira do Pogo- Preto. A planta da bacia mostra que a maior depressdo da sua linha Givisoria sé encontra nas nescentes do Corrego da Crista. Ahi existe uma garganta, no divisor da vertente maritima, cuja altitude se mede pela cota de 864 ms, Fixou-se nessa céta a elevacio maxima do nivel d’agua do agude. Na garganta do corrego da Crista sera construido um vertedor de concreto pgra servir de sangradauro de emergencia, evitando a submersio da barragem, como oportunamente se veré. O relevo da bacia 6 dos mais irregulares e o rio Claro corre apertado entre encostas abruptas. Dahi resulta que o lago artificial sera estirado © tortuoso. Cobrindo uma drea submersa de 229hectares extender-se-4 o lago por uns sete quilometros desde a barragem ate as nascentes do Ribeiro do Campo, com uma capacidade de 17700000 metros cubicos. 7 Boletim da Reparticgo de Aguas ¢ Esgotos Ao longo do eixo da barragem foram perfurados 22 pogos de sondagem que revelaram a formagio geologica do solo. Verifica-se, observando o desenho, (Prancha I) que a superficie da rocha viva (granito) nfo acompanha a configuragio do terreno. O ponto mais profundo encontra-se 4 margem direita a 75 metros de distanciae 7 a 8 metros mais baixo que 0 fundo do rio. Parece que em epoca remota por ahi se escoava © curso d’agua. Desmoronamentos sucessivos, pro- vocados pela decomposigao do granito primitivo nas encostas, teriam obstruido o antigo leito deslocando-o para a situagdo atual. Esta hi- potese 6 confirmadd pelo fato de se depararem inumeros blocos de rocha decomposta, de mistura com terra, em espessa camada sobre a rocha viva. A camada superior de terra 6 em geral pouco profunda. Nos dois flancos a superficie fo granito vae-se erguendo com muito fraco aclive até atingir a cota de 856 metros, mais ou menos. No flan- co esquerdo mantem-se nessa altitude sem variagdes apreciaveis. No ‘direito descée de novo em declive muito moderado. A distancia de hombreira 4 hombreira 6 de 320 metros aproximadamente, medidos entre os dois extremos sobrelevados da superficie da rocha. Nestas condigées, para se represar a agua até a cota 864, a bar- ragem precisaré elevar-se nas hombreiras cerca de oito metros acima da rocha. Serd necessario, portanto, para se garantir a vedagio, pro- longar-lhe os flancos, numa extengio conveniente, sob forma de cortina encravada nas encostas segundo a tecnica de construgio das barra- gens de terra munidas de muro interior (core wall). Resulta da topografia e da situacio da rocha que grande parte da barragem dever4 ser construida dentro de profundas excavacder, ficando a maior parte da obra abaixo ou emergindo muito pouco da superficie natural do terreno, Esses caracteres naturaes déo-nos a impressio de ser um acude de terra com muro interior de vedacio o tipo de construcio mais adequado 4s condigées do local, visto permitir a restauracdo aproxi- mada da topografia natural, exceto no trecho central em que o agude deveria ficar sobrelevado e aparente. Esta ideia, porem, j4 foi sugeri- da, ponderada e abandonada por diversas razdes. Basta mencionar ape- nas duas que parecem decisivas. Em primeiro logar haveria dificul- dades em obter-se argila para a construgéo do agude de terra, material -indispensavel, pelo menos na metade de montante, e que néio 6 encon- trado no local nem nos arredores. Alem disso 6 preciso nfo esquecer que durante a construccdo da barragem o Rio Claro ja estaré contri- buindo com suas aguas para o abastecimento da Capital. Entio seria inevitavel o arrastamento de grande quantidade de terra e argila no curso d’agua o que iria impossibilitar a, funcionamento regular da estacdo de tratamonto de Casa-Grande. 2, Tipo da Barragem. Dados iniciaes.- A barragem projetada pela 3° 8. T. 6 de elementos multiplos de concreto armado. Para iniciar o projecto de uma barragem desse genero a primei- ra questo que se apresenta 6 decidir entre os dois tipos de cortina. . Adina Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos Arcadas multiplas ou lages planas? No caso em aprego j4 existia um precedente insinuando a preferencia pelas arcadas, pois o ante-projéto da Companhia Construtora Nacional adotou este tipo de cortina. En- tretanto, examinando mais de perto a questio, pareceu-nos féra de duvida que por essa forma no se resolvem todas as dificuldades do projéto, No proprio ante-projeto supradito ficou sem solugio o modo de construir as hombreiras da barragem de forma que pudessom resistir aos empuxos dos arcos extremos, sobre uma altura de 20 metros aproximadamente. E a solugio nao seria facil nem economica, porque o perfil demasiadamente aberto da linha de rocha obrigaria 4 construgio de duas pequenas montauhas de concreto, uma em cada extremo, pro- longando-se om outras tantas pequenas cordilheiras flancos a dentro. A respefto da influencia da forma da secoao transversal do vale so- bre o tipo de cortina preferivel eis como se exprime o Dr. Ing.” N. Ke- len: “ Sob o ponto de vista da possibilidade de emprego das diferentes férmas de muro de arrimo, niio se pode em todas as ciroustancias, dar preferencia a esta ou dquella. Ha, pelo contrario muitas razdes que indicam ser conveniente 0 emprego de um ou outro tipo. Entre todas ha as condigdes geologicas que sic de maxima importancia no estabe- lecimento de um agude. A configuragio superficial do vale tambem desempenha papel muito importante na escolha da férma. Embora, no estado atual da construgaio de agudes, os muros de arrimo em arcadas ainda sejam sempre os mais economicos, néo podem, entretanto, ser construidos em todos os vales. Esses muros de arrimo sao proprios, acima de tudo, para aquelas férmas de vales em que as superficies lateraes siio, positivamente, altas o ingremes, e onde elles nio sao muitos largos e planos. Naturalmente, na construgéo de um muro de arrimo em arcadas, as paredes lateraes devem ser constituidas de rocha muito béa e muito resistente.” (*) Examine-se agéra o perfil revelado pelas sondagens no vale do Pogo-Preto. Seré forgoso reconhecer que ali ndo se encontra satisfeito um unico requisito dentre os diversos exigidos para a forma em arca- dag, verificando-se justamente o contrario. O perfil 6 largo, aberto, as superficies lateraes so baixas e s0- bem com fraquissimo active. Portanto somos de opiniao que, si existe um vale onde a barragem do typo Ambursen (de cortina plana) se impde sem a menor hesitagfio, de preferencia ao tipo em arcadas, esse vale 6 0 do Pogo-Preto. Escolhido o tipo Ambursen, a questio imediata 6 fixar o espa- gamento constanie dos contrafortes. E uma questio muito complexa no caso da cortina em arcadas e bastante simples uo caso da cortina pla- na. No primeiro caso o espagamento pode variar entre limites muito afastados (9 a 15 metros mais ou menos) de modo que o espagamen- to economicante mais favoravel precisa ser determinado com alguma \ (*) Tradugio do eng. Omar de Paula Assis, ~ Boletim da Reparticao de Aguas e Esgotos aproximagéo. FE necessario comparar espacamentos diversos e adotar aquele a que corresponde o volume total minimo de concreto. Natu- ralmente o espacamento optimo depende da forma do vale, Este mo- do de proceder 6 entretanto dispensavel, em geral, quando a cortina 6 plana porque, neste caso, oespacamento praticamente exequivel tem um li- mite maximo bem estabelecido que se pode determinar por compara- go com barragens analogas j4 construidas. Veja-se por exemplo, a ta- bela organizada pelo Dr. A. Schoklitsch segundo dados de N. Kelen o P. Ziegler, onde se verifica que os espagamentos entre contrafortes so de 5,50 m. a 6,10 m, eixo a cixo, para alturas maximas acima de 30 metros. Para o nosso projeto, no qual a maior altura 6 de 85 metros, adotamos @ vio de 5 metros entre contrafortes do espessura constante b. De modo que o espacamento eixo a eixo serd L = 5 metros + 2. Finalmente o outro dado inicial do projeto que ainda falta fixar 6 o talude da superficie de montante. Recorrendo 4 supra-citada tabela de Schoktlisch, verifica-se que o augulo } entre essa superficie e o plano horizontal tem variado em barragens construidas desde 40 até 77 graus, Nota-se que em construgdes mais recentes se tem preferido um. angulo entre 50° e 60°. Em 0 nosso projeto adotamos tp = 50° que 6 um dos valores mais frequentemente encontrados. Parece que, analogamente ao que acon- tece com o espagamento dos contrafortes, seja possivel determinar em cada caso particular um valor 6timo para o talude de montante, Nao encontrémos essa analise nos autores consultados, nem a fizemos nés tampouco e, si o proprio Kelen nao lhe faz referencia alguma em seu minucioso tratado, pode-se presumir que elle a considerou de pouca ou nenhuma importancia pratica. 3. Cortina plana. — A cortina 6 simplesmente apoiada sobre consé- los saliontes das faces lateraes dos contrafortes. A figura 1 representa © dispositivo adotado. O calculo 6 muito simples e segue as normas usuaes referentes a lages de concreto armado. Boletim _da_Repartiggo de Aguas ¢ Esgotos Admite-se que as reagdes dos consdlos se distribuem segundo um diagrama triangular. Desta maneira o vio teorico da cortina seraé l = a — te ou, fazondo-so o= 2 d,l=a—d. Para uma profundidade / o a largura 6 = 1 m, a carga uniformemente distri- buida e normal 4 superficie molhada sera, desprezando-se 0 peso do recobrimento dos ferros: Q = 1000 Al + 24002 d cos » E o momento fletor maximo a meio vao sera Jf = a 8 Fixam-se as tensdes maximas do ferro e do concreto: 6/S¢ = 1000/40 k/cm* A espessura d resultard entio da formula d = 0.390 \ 4 Calculando-se a espessura pelo modo indicado para valo- res de h desde zero até 35 me- tros, desenha-se (figura 2) o diagrama d= f(k). Por con- veniencia da construgiio 6 ne- cessario que as duas faces prin- cipaes da lage sejam planas. Por esse motivo substitue-se a curva do diagrama por uma tangente, de maneira que 0 ex- cesso de area resulte minimo 4 profundidade preponderante. Esta operagdéo pode ser feita a olho com suficiente aproxi- macdo. Dos nossos calculos resul- tou a seguinte expresso linear da espessura em fungdo da profundidade. = 45 4 80h do = 45 + 35 UASRANIIA OA ESPESSURA DA CORTINA ° aorunorosct mts. & e [t Ht ee Terese bbnwee ESPESSURA One Fig. 2 (4 em metros e ¢ em centimetros) E claro que com taes espessuras nao 6 mais possivel manter a re- lagdo fixada o)/6. = 1.000/40 exceto no ponto de tangencia, que corres- ponde & profundidade 4= 15m, aproximadamente. Mantido 9;= 1.000, resultara 6. < 40 para as outras profundidades. Fixa-se, portanto, 6; = 1.000k/cm’, © calculam-se as segdes da armadura pelas formulas conhecidas, obtendo-se o diagrama da fig. 3 com cujo auxilio foi determinada a ferragem do projéto. it Boletim da Reparticjo de Aguas ¢ Esgotos FERRAGEM DA CORTINA Fig. 3 Os esforgos tangenciaes na cortina foram tambem calculados pe- las formulas usuaes. A maxima tensio de cizalhamento a 35m. de pro- fundidade, 6 de 6, 7k/cm*, reduzindo-se a menos de 4,0k/cm’, nas pro- fundidades inferiores a 9 metros. Essas tensdes poderiam ser toleradas, sem o'reforco de armaduras especiaes, no concreto de super-cimento de alta dosagem do qual seré feita a cortina. Todavia no projeto foram dispostas barras curvadas e estribos mais que suficientes para absor- ver a totalidade das tragdes obliquas, em todo o vido. 4. Espordo, — Para se obter uma vedagio perfeita, a extromida- de inferior da cortina assenta sobre uma grande base de concreto pro- fundamente encravada na rocha (vide pranchas II e ITI). Essa base, que se chama o “esporio” serve tambem para transmitir ao solo a componente do peso da cortina paralela ao talude. O dimensionamen- to desta parte da barragem nao depende de calculos de esforgos, que ai sio insignificantes, subordinando-se unicamente a regras de cons- trugdo, estabelecidas pela experiencia em obras semelhantes. Entre- tanto as fungdes do espordo sao muito importantes. & por ele quese comega a construcdo da barragem e da sua execug&o cuidadosa depen- de principalmente a extanqueidade do conjunto. 5. Consolos. — © calculo dos consdélos, de acordo com a hipote- se admitida quanto 4 distribuigéo das reagdes, 6 clementarissimo. A carga normal sobre uma largura de 1 metro de consdlo 6 a soma de tres parcolas: 1.°) componente normal do peso proprio. Aproximadamente pode- se admitir a seguinte igualdade Q, == 2400 de cos » = 1800 d* cos > 2°) componente normal do peso da lage Q, = 1200 ld cos 12 Boletim da Repartiggo de Aguas e Esgotos 8°) Pressio de agua sobre o vio livre a = 5 m a= 4 1000 a & = 2.500% 8 Escrevendo-se d = (40 + 33 eontimotros o somando-s0 as tres parcelas teremos a carga total = @ + Q + @: em fungio da profundidade h. O momento fletor na segio de engastamento sera: 2 1 1 80h M=-7F Qe = — 7 Qd ou = — > QO + 3 Com 9/6. = 1 000/40 caleulam-se os valores da altura do con- s6lo para diferentes profundidades e desenha-se o respetivo diagrama. Em seguida, exatamente como foi feito para a cortina, substitue-se a curva obtida por uma tangente dando area minima. DIABRANKA QA ESPESSURA 005 CONSOLDS osnneowannnm ESPESSURA Gms. Fig. 4 Fig. 5 ae b ‘ me . TO | 4 isha | = . Cc ' sO . | s°rry S . : 5 lg | z 4 4a | | Wo [| ste | Deste modo foi obtida a seguinte formula que dé a altura nor- mal dos consolos para qualquer profundidade: _ Wh Ue = 26 + “GE 13 Boletim da_Reparticdo de Aguas ¢ Esgotos Sendo h em metros e wo em centimetros. As outras dimensdes _ dos consdlos regulam-se pela figura 5. O calculo das armaduras principaes faz-se pelo megmo proceso empregado no ealculo da cortina, com 6/ = 1000 k/cm’ (fig. 6). FERRAGEM 005 CONSOLOS on? pmb. Os esforgos tangenciaes devem ser verificados pela formula AE Q d ge by Os resultados obtidos foram perfeitamente iguaes aos achados para a cortina, cabendo aqui as mesmas observagies, quanto aos es- tribos e barras curvadas do projéto. As armaduras sao dispostas de modo que os consolos engastados de um e dé outro lado do mesmo contraforte equibram-se reciprocamente, (Vide prancha III) E importante recomendar que nfo seja nunca esquecida a seguin- te precaugio. Nas partes baixas da construgio acontece 4s vezes que a cortina, por irregularidade da rocha, comega em niveis diferentes de cada lado de um mesmo contraforte. Em tal caso o trecho de consdlo que ficar de um lado 86 do contraforte e, portanto, nado equilibrado, precisa descer verticalmente até assentar sobre a rocha, a modo de pilastra como indica a figura 7. t= 6. Vedagdo das juntas. Revestimento. — As lages da cortina sao construidas sobre os consolos j4 terminados e sobre eles ficam sim- Plesmente apoiadas. Desta maneira formam-se juntas de apoio en- tre consolos e lages e tambem juntas lateraes entre estas eos bordos dos contrafortes. Entre as superficies de concreto de taes juntas 6 necessario inferpor material adequado para calafetar os intersticios. O material em questéo precisa ser plastico para permitir 08 movimentos de dilatagio e contragao elasticas e termicas das lages, porem bas- , Me Boletim da Repartigto de Aguas e Esgotos ee Fig.7 tante consistente para niio se escoar pelas accdes isoladas ou combi- nadas da gravidade e da pressio que deverd suportar. E necessario alem disso que seja impermeavel, imputrescivel e inalteravel. Uma mistura de asfalto com agregado mineral, como a areia, a fibra de amianto, ou semelhantes, dar4 o resultado desejado. Deixamos aberta @ questéo da escolha definitiva do material de calafetagem para ser resolvida oportunamente pelos construtores e pela fiscalisagio, mediante experiencias convenientemente dirigidas. Nas condigdes em que estao dispostas as lages, trabalhando por flexiio, teriio as suas zonas de compressio na parte molhada, circums- tancia que deveré favorecer a impermeabilidade da cortina. Para maior garantia toda a superficie de concreto em contéto com a agua levaré um revestimento de 4 cm. de espessura de argamassa de cimento impermeabilisada, ou aplicagio a cement gun. Existem, como 6 sabido, muitos produtos industriaes de eficiencia comprovada na impermeabilisagio de argamassas e concretos ou sob forma de ingredientes que se misturam com o cimento, ou de prepa- rados para aplicagdio sobre a superficie do revestimento ordinario. A escolha do processo mais conveniente deve ser deixada ao criterio dos construtores e da fiscalisagao. 7. Passadigo superior ou corcamento.—Os contrafortes triangulares da barragem so ligados por uma ponte de 3 metros de largura. Esta estrutura destina-se, como 6 evidente, a permitir o transito atravez do vale. Calculada para uma sobrecarga de 1000 kg. m’. poder4 sipor- tar o trafego de pedestres e tambem, mas numa 86 via, o de atttomo- veis de passageiros ou de peso equivalente. Mas a barragem nao 80 acha no tracado de nenhuma rodovia, de modo que a passagem de vefeutos pelo coroamento sera casual @ excepcional. Daf ser o nome “passadigo” mais apropriado que “ponte” a esse orgam da barragem, Nao menos importante do que a fungiio que Ihe d4 o nome 6 a que exerce 15 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotds como pega de contraventamento. Por esse motivo a sua estrutura foi pro- jetada segundo o mesmo sistema do contraventamento geral, o qual seré descrito oportunamente. Como se pode ver nos desenhos (pranchas II e II) os vdos sucessivos do passadico sao cobertos por traves cujos dois extremos sio, alternadamente, rigidamente engastados nos contrafortes e simplesmente apoiados. Procurou-se conciliar por esse sistema os dois requisitos contraditorios a que deve satisfazer o contraventamento: rigidez e livre dilatag&o, no sentido do eixo da barragem. O calculo do passadigo 6 elementarissimo e naila apresenta de particular interesse. Portanto pode muito bem ser omitido em favor da brevidade, O revestimento exterior do passadigo e contrafortes bem como a disposigio dos parapeitos e dos acessos so parte do projeto apenas - esbogada no desenho em perspetiva estampado na capa. Essa ultima demao 4 obra espera a oportuna colaboragdo de um arquitéto. 8. Paramento teorico de montante do contraforte. — De toda a pressiio de agua aplicada sobre a superficie de montante da barragem o con- traforte triangular recebe dirétamente apenas a parte correspondente 4 sua propria espessura 6, A outra parte, que 6 a maior, correspon- dente ao vio livre de 5m. entre contrafortes, transmite-se a estes por intermedio dos consolos. (fig. 8), Desta maueira as forcas exterio- res aplicadas 4 face de montante do contraforte 36 estéo completas a juzante da base mm dos consolos. A linha OMo 6 portanto a que limita 0 paramento teorico de montante do contraforte. Ao ponto A’ do paramento real, 4 profundidade h, corresponde o ponto M do para- mento teorico, sobre a normal M M’. Elegendo-se os eixos OX, OY, passando pelo vertice do contra- torte teorico seja y a ordenada do ponto M. Ja vimos que MM’ = e = do + to 0.80% = 045 + 2802 a = 0, = 77h ue = 026 + oma 157A e son + et =a + 6 sfo bastante pequenos para se tang. Os angulos 4, 8 6 admitir cos = 1 © gen _ _ oe A Isto posto O'M’ = OM = s= Tab » = 50° sen } = 0.767 cos ) = 0.642 h donde OM = 8 = ~~ Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotds Fig. 8 son a = tga = 80% 0187 p47 0.27 X 0.767 35, sen Y = tg¥ = ier x oer = 0.0844 Conhecido y podemos calcular o angulo ¢ que o paramento teo- rico de montante faz com a vertical. sen i = cos (b+) = 0.642 X 1 — 0.0844X0.767 == 0.642 — 0.026=0.616 cost sen (+ ¥) = 0.767 X 1 + 0.642 X 0.0844 = 0.767-+0.022 = 0.789 sen _t cos i 0.781 Aproximadamente i = 38° A profundidade k e a ordenada y estdo ligadas pela seguinte relagio: th sen B = tgp = 0.0169 wgi= ant son é + y =A + (ot + ALA) oon é yoh+ ae aa = 1.028 A Muito aproximadamente temos: x — % ho 35 relagio simples que serA adotada nos calculos subsequentes. 17 _ Boletim da Reparticgo de Aguas e Esgotos 9. Cargat ow forgas exteriores aplicadas ao contraforte. — Tondo deter- minado tudo o que caracteriza o paramento teorico de montante, pas- semos a calcular as cargas que ahi attam. E preciso distinguir as cargas diretamente aplicadas ao contraforte das que se aplicam por intermedio dos consolos. Como as lages da cortina estio simplesmente apoiadas sobre plano mais inclinado que o angulo de atrito, os consolos nado recebem das cargas provenientes da cortina seniio as suas componentes normaes ao plano de apoio. As componentes obliquas irfio descarregar unicamente na base da cortina por intermedio do esporio. Outra cousa acontece com o res- tante das cargas: pressio de agua sobre a espessura do contraforte @ peso proprio do solido ebmmbe. Estas forgas exteriores attiam direta e integralmente sobre o paramento teorico. No calculo numerico dos esforgos adoptimos como unidade o metro e a tonelada. Foi admitido © peso espocifico 2,3 para o concreto da cortina 6 consolos. Consideraémos primeiramente a hipotese de ser igual a 1 metro a espessura do contraforte @, feitos todos os calculos, que seria fastidio- 80 reproduzir, chegdmos a0 seguinte resultado: . X, = 258 + 467y Y, = 3,70 + 3.98y Taes sio as cargas em toneladas por metro quadrado, segundo os exitos OX e OY, aplicadas ao paramento teorico de montante de um contraforte de 1 metro de espessura, estando o acude cheio até o nivel maximo. Nessas formulas foi introduzida uma simplificagdo, que afeta © peso proprio da cortina e dos consolos. Como as espessuras dessas pegas so da forma a + by os seus pesos por m‘. dariam expressdes da forma ay + + by. O termo em * foi eliminado, satisteitas as condigdes de nao se alterar o volume nem o centro de gravidade 4 profundidade maxima. Para um contraforte de espessura b as cargas unitarias serio deduzidas com 6tima aproximagio das anteriores bastando multiplical- as pelo coeficiente: _ b4+b B= 66 Equivale este processo a admitir que X e Y variam, sendo iden- ticas as demais condicdes, na razdo direta do espacamento contro a centro © na razdo inversa da espessura dos contrafortes. De modo que em definitiva teremos: X=BM y=sy Sendo X, == X + dy Y= Yo + w 18 Boletim da Repartisao de Aguas e Esgotos Onde X. = 2.53 t/m” Yo = 8.70 t/m” o = 467 t/m Y = 3.98 t/m* O passadigo foi disposto no projéto de modo que o seu centro de gravidade c4e sobre o vertice superior do contraforte teorico. O peso do passadigo distribue-se sobre uma base de $ metros, entretanto, no calculo, considera-se como carga concentrada. Esta simplificagio 6 permitida em consequencia do principio de Saint-Venant, isto 6. porque a uma poquena distancia, digamos 2 ou 3 metros, da superfi- eie de distribuigio, as tenses calculadas pela teoria da clasticidade nao serao alteradas pela substituigio de um sistema de forcas exterio- Tres por um outro equivalente, © peso do passadigo, incluidas as pilastras, foi avaliado em 18 ton. por contraforte de 1 m. de espessura. Para um contraforte de espessura 8 o peso por metro linear de espessura serf portanto: P= 188 Outro dado inicial de grande importancia no calculo dos contra- fortes 6 0 seu peso especifico medio no qual deve ser computado o peso do contraventamento. O peso das sapatas de fundacio tambem pode ser computado até certo limite porque, comquanto nfo provoque tensdes no contraforte, influe comtudo sobre a estabilidade do conjunto. Adotémos em nossos calculos 0 peso especifico medio A = 2.3 ton/m*. Admitindo-se que o concreto puro pesa 2.0 a 2.1 ton/m’ o valor ado- tado parece confirmado pelo resultado das modigdes de material. De um modo aproximado, em 17000 m’. de concreto dos contrafortes temos os seguintes pesos: Concreto dos contratortes 17000 X 20 = 34000 ton. » do contraventamento 1000 X 20 = 2000 » > das sapatas 1000 x 2.0 2000 > Ferro dos contrafortes 17000 X 0.03 500 > » do contraventamento 1000 X 0.20 == 200 » 38600 > 38600 Donde o p. esp. medio 17000 = 2.27 resultado muito proximo do valor adotado A = 2.3 t/m’. A distribuigio de cargas sobre um contraforte acha-se figurada no diagrama da fig. 9. Boletim da_Repartigio de Aguas e Esgotos DIAGRAMMA as CARGAS UNITARIAS SOBRE A FACE MONTANTE 20 CONTRAFORTE — RESERVATORIO VAZIO —— a CHEIO “ — PRESSAO 04 AGUA a SR. gs} Ne. i ze 3 Bara st 8 88 8 PARTE II Resistencia ¢ Estabilidade dos Contrafortes Triangulares 1, Especificagdes de Resistencia. — Na construgio da barragem se- r& empregado o concreto de cimento Portland e agredado de areia e pedregulho ou brita. Uma barragem de elementos multiplos 6 uma estrutura composta de partes muito diferenciadas quanto 4s fungdes exercidas e quanto 4s condicdes de trabalho. Nao seria racional, por conseguinte, 6 em- prego de uma unica dosagem em toda a construcio. Convem especiti- car um certo numero de concretos distintos quanto 4 dosagem os quaes se adaptem bem 4s diversas condigdes encontradas. Do ponto de vista pratico nio se deve porem exagerar o numero de dosagens diferentes. Tres tipos de concreto criteriosamente esco- lhidos serao suficientes, sem prejuizo da simplicidade da manipulagao, Cada tipo sera caraterisado pela resistencia R 4 ruptura por com- pressio aos 28 dias de idade @ pela consistencia, segundo es normas. do Instituto de Pesquisas Tecnologicas de Sao Paulo (vide o boletim n? 1 do I. P. T., 3.* Edig&o, 1936). 2 . Boletim da Reparticgo de Aguas ¢ Esgotos Concreto A.R = 150 kg/cm’, Empregado na cortina, consolos e esporéo. Alem de alta resistencia deve ter suficiente impermeabilidade que seré completada pelo revestimento, como foi exposto na primeira parte. Para uma consistencia plastica mediana 6 provavel que a resis- tencia requerida seja alcangada com o fator agua-cimento igual a 0.70 @ o consumo de 280 kg. de cimento por metro cubico de concreto. Conereto B.R = 160 kg/cm*. Emprogado no passadigo e no con- traventamento. A consistencia deste concreto deve ser fortemente plas- tica em consideragaio da abundante ferragem. Prevé-se que seré necessario o fator agua-cimento igual a 0.67 e o consumo de 300 kg. de cimento por metro cubico de concreto. Conereto C.R = 100 kg/em’. Empregado nos contrafortes, Ssapatas de fundagio e massigos das hombreiras da barragem. Este concreto dever& ter consistencia fracamente plastica. Prevé-se o fator agua-cimento igual a 0.81 ¢ o consumo de 240 Kg. de cimento por metro cubico de concreto. Fique bem claro que nas especificagdes acima predomina o valor minimo da resistencia 4 compressio. Os valores previstos do fator agua-cimento e do consumo de cimento por metro cubico de concreto deverdo ser determinados experimentalmente em funcio de R com o cimento e os materiaes agregados que forem realmente empregados na construgio. Os valores acima previstos servem apenas para uma pri- meira aproximagao no calculo dos pregos. No que se refere aos contrafortes teremos pois um concreto com a resistencia 4 compressio do 100 km/em* em corpos de prova cilin- dricos 0.150.830 aos 28 dias de idade. Corpos de prova cubicos de 0.20 de lado, sendo iguaes as outras condigdes, dariam uma resistencia 20 a 30% maior, digamos 120 kg/em’. no minimo, Segundo as normas alemans de 1932 um concreto de cimento normal com essa resistencia pode trabalhar 4 comprosstio simples (colunas com carga centrada) até o maximo de 35 kg./em’. O caso.dos contrafortes da barragem pio se enquadra perfeitamente nessa especie. A compressio af niio 6 simples, a pega nfo 6 prismatica e a porcentagem das armaduras fica em regra geral muito abaixo do minimo regulamentar exigido para colunas. Alem disso os contrafortes estio sujeitos a efeitos de flambagem que nfo podem ser calculados. Por todas essas razdes @ porque nao existe regulamentagdo especial, somos levados a especifi- car uma tensio permissivel francamante mais baixa do que a das normas alemans para colunas com carga centrada sem flambagem. Adotémos Os perm, = 25 kg/cm’. para o dimensionamento apro- ximado dog contrafortes admitindo-se a perm, < 30 kglem*, no cal- culo de verificagio pela teoria da elasticidade. Para as tensdes de tracio adotémos %: perm = 2.0 Kglem'. para o dimensionamento aproximado e %: perm < 2.5 na verificagaio pela teoria da elasticidade. 2 Boletim da Reparticdo de Aguas ¢ Esgotos Esses limites referem-se 4s tensdes principais “maxima maximo- rum”. Verificado, portanta que elles nao sfio atingidos em nenhum ponto do contraforte, torna-se superfluo comprovar o-.valor do ciza- lIhamento. As tenses principaes definem completamente o estado elastico no ponto do solido onde so conhecidas em grandeza e diregio. De um modo mais goral, em um estado elastico plano, basta conhecer as tensdes normaes e tangenciaes segundo duas direcdes arbitrarias pas- sando por um ponto dado para se poderem determinar as tensdes nor- mal e tangencial no mesmo ponto segundo uma outra direcdo qual- quer. Em particular se as duas direcdes dadas sao ortogonaes, sejam Gx, Oy Toy as tensdes dadas. As tensdes ¢ ¢t sobre um plano que forma angulo 4 com o eixo OY serao dadas pelas seguintes formu- las, muito conhecidas por quanto se encontram em todos os tratados elementares de Resistencia: = 6s cos’ @ + % sen’ a + 2 Try sen 3 cos ay t ‘ey (cos’ & — sen® 4) — (dx — oy) sen a cos a Para um augulo © tal que 1 ere (2) On — Sy a tensio tangencial t 6 igual a zero, A condigao 6 satisfeita para dois valores de @ cuja diferenga 6 + @ que correspondem a duas diregdes perpendiculares entre si. Sio as chamadas diregdes principaes e as tensdes normaes respetivas cha- mam-se tensdes principaes. E facil verificar que as tensdes principaes ®, , S7 sio uma maxima e outra minima. Seus valores sao dados pela formula abaixo: o {ato + Vg +e ~ @) on Elegendo-se as diregdes principaes para eixos de referencia, Try =0, @ a8 equagdes supra serfo simplificadas da seguinte forma: 6 =o; cosa + or sen’a r= teen 2a (on — or) 2 Existe uma representag&o grafica muito conhecida destas equagées. E 0 circulo de Mohr que auxilia admiravelmente bem a compreensio perfeita do estado elastico plano. Elegem-se eixos perpendiculares Oo, Or. (fig. 10). Sobre o pri- meiro’ medem-se ordenadas proporcionaes 43 tensdes principaes : OA = 0; e OB = on. Ocirculo de‘diametro AB 6 0 circulo de Mohr. Tragando-se o raio CD, que forma com 06 0 angulo 2a, as coordena- das OF, ED do ponto D dardo as tensdes 52, tay correspondentes 4 (@) 22, Boletim da _Repartigio de Aguas ¢ Esgotos diregio 4 @ as do-ponto D; , diametralmente oposto, as oy, tzy que cor- respondem 4 diregéo perpendicular ac. E claro quo, inversamente, dadas as tensdes em duas diregdes perpendiculares, os pontos D e D, ficam determinados bem com o circulo de diametro DD, e portanto as tensdes principaes e o angulo ¢, Fig. 10 O circulo de Mohr tambem torna patente entre outras cousas, a igualdade bem sabida entre as tensdes tangenciaes em duas diregdes perpendiculares do mesmo elemento, pois DE 6 necessariamente igual a D,E,. Essas tensdes atingem seu valor maximo quando o angulo Qa=>nt + isto 6 nas duas direcdes inclinadas a 45° sobre as diregdes principais. O valor do cizalhamento maximo 6 dado entio pelo raio do circulo de Mohr: Oo; — Ou face = (6) As tensdes normaes nas diregdes de maximo cizalhamento serio ambas iguaes 4 abcissa do centro do circulo, portanto: or + On 2 Essas tensdes normaes serio nulas quando se tenha 67 = — oz, © entio serd tmaz. —= o,. A solicitagfo elastica desta forma caracte- rizada sera o chamado cizalhamento simples. c= 23 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos Pedimos desculpas ao leitor por termos recapitulado essas nogdes tio elementares. Pareceu-nos conveniente fazel-o porque temos notado que elas sao fs vezes esquecidas em tratados bastante divulgados e bem aceitos entre os engenheiros. Assim é que alguns autores reco- mendam que se calculem as tensdes de cizalhamento nfo s6 nas sec- des horizontaes como tambem nas verticaes, quando 6 certo que em cada ponto umas ¢ outras tém identico valor. Outros especificam maxi- mos permissiveis para as tensdes principais de compressiio e extensio outro maximo para o cizalhamento, como si essas tres especiffcagdes nao estivessem ligadas por uma relacdo necessaria, segundo decorre da formula (5). Dizer, por exemplo, que o concreto deve trabalhar s6 4 compres- 840 Com Sperm. < 30 kg/em* @ accrescentar que 0 tym, < 4 kg/cm’. 6 um absurdo da mesma natureza daquele do geometra que pretendesse tracar uma linha réta passando por tres pontos de uma circunferencia. Si temos 4; = 80 kg/em* e ou = 0, segue-se necossariamente tmaz.=15 kg/cm’, E isto o que sucede, por exemplo, no interior de uma coluna quadrada de concreto, de 20 20 em, com uma carga centrada de 12 toneladas. E ninguem se preocupa com aquelle cisalhamento de 15 k/em*, uma vez que todos j4 sabem por experiencia que o concreto resiste bem a uma compressdo simples de 30 k/em*, No caso de uma viga de concreto armado, 6 verdade que se calcula o cisalhamento maximo na linha neutra onde, por outras palavras, as tensées nor- maes siio nulas, Mas entdo o que interessa niio 6 esse cisalhamento simples em si mas a decorrente tensdo principal de extensdo, incli- nada a 45°, que 6 justamente igual ao cisalhamento calculado em valor absoluto, segundo decorre da formula do cisalhamento simples. Concluindo, portanto, nfo ha lugar nas especificagdes de resisten- cia para a maxima tensfo tangencial permissivel, a qual seria redun- dante desde que j4 estdo especificadas as tensdes principaes permissiveis. O cisalhamento interessa, porem, como veremos adeante, 4 veri- ficagio da estabilidade contra o escorregamento nas juntas de servi¢o do contraforte, onde intervem juntamente com a resistencia ao atrito. 2. Especificagdes de estabjlidade. — Nao basta que os esforgos in- teriores, isto 6, as tensdes, estejam abaixo dos limites permissiveis em todos os pontos da estrutura. Cumpre ainda que o contraforte nao possa mover-se em hipotese alguma quando solicitado pelas forgas ex- teriores em equilibrio, isto 6, pelas cargas e reagdes do sdélo. Para tanto 6 necessario que se verifiquem tres condigdes de estabilidade. I) O terreno natural precisa resistir 4s cargas unitarias que lhe so transmitidas pelas fundagdes. O solo das fundagdes 6 de granito cuja resistencia 4 ruptura por compressao simples 6 superior a 300 km/cm’ em cubos de 20 x 20 cm. & normal admitir para pedras natu- raes uma compressio simples permissivel igual a um decimo de sua resistencia 4 ruptura o que daria para o granito Operm, < 30 k/em* Entretanto o rochedo natural nunca 6 homogeneo e isento de defeitos, 24 Boletim da Reparticio de Aguas e Esgotos fendas e fraturas. Admite-se portanto sobre o sélo uma pressio maxi- ma % < 15 k/em’* na direg&o principal de compressio. Onde a tensio principal na base de contraforte seja maior do que 15 k/cm'. a base dever4 ter sapatas de largura e resistencia suficientes para reduzir a pressio sobre a rocha ao limite especificado. II) E preciso que o contraforte nio possa escorregar sobre a ba- se, impelido pela componente das cargas paralela ao plano das funda- des. Seja © o angulo do plano da base com o plano horisontal, con- siderado positivo qnando a inclinagao 6 ascendente para juzante (fig. 11), Chamemos f 4 tangente do angulo de atrito. Sejam He Vas componen- tes horizontal e vertical, de todas as cargas aplicadas ao contraforte, peso proprio inclusive. o Fig. A forga que impele o contraforte para juzante, paralelamente 4 base ser& entio: F=Heose — Vsene E a forga que comprime o contraforte normalmente sobre a ba- se serd: . N= Voose + Hsene A resistencia do atrito serd, portanto, igual a f N. Para que nao haja possibilidade de escorregamento é necessario que so tenha FCSN, isto 6 . H cose — Vsene '= Feose + WF sene Ou dividindo numerador e denominador do segundo membro por V cos &: Hig (2 tn 1+ Hise 25 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos Donde se tira #H t+ te VT Fig . @) A tangente do angulo de atrito, ou o chamado coeficiente de atrito, entre concreto e rocha 6 f= 0.65, para superficies planas bem polidas. Mas um dos detalhes de maxima importancia no projeto e, principal- mente na construgéo de uma barragem, vem a ser a disposic¢aéo e a pre- paragdo da base de tal modo que a superficie da fundagdo se apresente rugosa © disposta, em planta e elevagio, de forma a opor a maior resistencia possivel ao escorregamento, empregando-se para esse fim o dispositivo em dentes da serra, como se vé na figura. Realisadas essas. condigses, 6 perfeitamente licito admitir um valor bastante maior para @ Coeficiente de atrito. Adotamos, portanto f= 0,80, Por outro lado a formula (6) poe de manifesto a influencia da inclinagio do terreno sobre o escorregamento. Em terreno horizontal deveriamos ter £ <= 080. Em terreno ascendente com a pequena inclinacio © == 5° teriamos fg © = 0.087 donde f+ tye _ 080+0.087 0.887 1—Ffge 1 — 0.070 ~ 0990 9% portanto pig Vv Ss 095 Para a mesma inclinagéo porem descendente, tg © = — 0.087, achariamos ftige _ 080 —- 0.087 __ 9.743 _ 967 1—fige 140070 — ~" portanto H , a S 067 A comparagio dos resultados mostra o perigo de uma fundagio em terreno em declive aguas a baixo, em contraste com 0 efeito favo- ravel do aclive na mesma direg&io, No caso do Pogo-Preto a rocha s6be sensivelmente desde o local da barragem, ondo 6 profunda, até a cachoeira, onde afléra 4 superficie. A vista de tres linhas de sondagens feitas transversalmente ao eixo e no trecho mais profundo da barragem, 6 licito avaliar em 5°, no minimo, o aclive da rocha vale a baixo. Podemos logo espicificar tg = 0.10. Essa inclinacio foi adotada no projéto para todos os contrafortes. Péde acontecer que as condigdes reaes obriguem o construtor a erguer alguns sobre base em menor aclive. Em nenhum caso, porem, ser4 permitida’ fundacdo alguma em declive aguas a baixo. Boletim da Reparticfo de Aguas e Esgotos Em resume, para nio haver escorregamento, deve-se ter H Ss ¥ 0.80 @ dispor as bases dos contrafortes em plano ascendente de mentante para juzante, com tg © = 0.10. Tid) Em um contraforte de base horizontal, sejam H e V as com- ponentes das cargas, como no item anterior. Sejam » a altura do 1 acima da base e w a distancia horizontal de V ao pé de juzante do eontraforte. Nota-se que, considerado fixo esse pé de juzante, a com- ponente H tende a derrubar o contraforte fazendo-o gitar sobre o ponto fixo, ao passo que V se oppée a tal rotacgio mantendo o contra- forte apoiado ao solo. O momento Ms== Hv chama-se de derrabamen- to e M.= Vu 6 o momento de estabilidade. A relagéio Vu _ M. Hv Me 2 representa a seguranca contra o derrubamento. E costume fazer a verificagéo do derrubamento, exigindo-se para 0 coeficiente de segu- ranca p um valor minimo de 1.5 a 2.0. Fizemos essa verificagdo em nossos calculos porem nao a faremos nesta exposigio porque o resultado invariavel, em todos os casos, foi achar para p valores sempre notavelmente maiores do que 2.0, cada vez que as demais condigdes eram satisfeitas. Demais a vorificagio do derrubamento, tal como a temos descrito, parece-nos um tanto arbitraria e convencional, mais questio de uso inveterado do que verdadeiro requisito de ordem tecnica. 3, Resistencia e estabilidade nas juntas. — As juntas de servico se- Tao feitas com as precaugdes usuaes para ser obtida a melhor liga possivel entre o concreto j& endurecido e o recentemente aplicado. Alem disso ferros especiais, alem dos figurados no projeto, serviriio para reforcar a solidariedade das duas partes. Mais importante ainda do que a observancia dessas normas de construgio 6 a disposigio dos planos das juntas quanto 4 situagio e 4 diregao. As juntas devem ser tragadas de modo tal que mesmo na peior hipotese, a de estarem as partes simplesmente sobropostas, ainda-assim seja minima a tendencia ao escorregamento. Sejam 6; ¢ 57 as tensdes principaes em um ponto qualquer do contraforte. Supomos que as suas diregdes sio conhecidas e deseja- mos saber qual o angulo @ que deve fazer com 57 o plano da junta passando por esse ponto para que seja maximo ou minimo o esforgo que tende a provocar o escorregamento. Por hipotese Sx 6 maior que 6; Nesta analise convencionamos que as compressdes sfo positivas. As formulas (4) dio-nos as tensdes normal 6 e tangencial t no plano da junta. A tensio tangencial menos a resistencia do atrito é uma 27 Boletim da Repartiggo de Aguas ¢ Esgotos tensio tangencial ¢ cuja intensidade representa a tendencia ao escor- regamento. Si p 6 o angulo de atrito temos pois: t= 4 son 2a (on — 61) — tg 9 (61 cos" & + 047 sen’ a) Si for ¢ > 0, havera escorregamento. Si tivermos ¢ =< 0 o escorregamento sera tanto mais impossivel quanto maior o valor absoluto de ¢. Os valores de ¢ que correspondem 20s dois casos extremos so os que tornam ¢ maximo ou minimo. Igualando a zero a derivada da equagiio supra em relagio a a, achamos a condigdo =: Cotg 24 = tg 9 Donde 24 +9 = + 90° 90° — Sejam a, = os dois valores distinctos de 4 6 vejamos qual o que corresponde a tmax. © qual & tmin. A segunda derivada de ¢ om relagio a 2 6 a = — 2 (On — 5) (sen24 + tg @ cos 2a) substituindo os valores achados para @, resulta: at — _ 2 (on = 61) dot ~ cos (a = a) at — , 2(o1—or) da = cos @ (@ = a) Ora, por hipotese, So — co; > 0, portanto 4, dio maximo e 4, o minimo valor de é Com tg 7 = 0.70, 7 = 85°, temos 4, = — 62° 30’. Conhecidas as trajetorias das tensdes principaes sera facil, por- tanto, tragar as Jinhas de maxima resistencia ao escorregamento, segun- do as quaes deverdo ser dispostas as juntas, tanto quanto possivel. As liuhas tragadas com auxilio do angulo ¢ = 27° 30’, normaes 4s precedentes em todas as intersegdes, serdo as de maximo escorrega- mento. Nao se deve admittir junta alguma segundo essas linhas peri- gosas. Alguns autores querem que se calculem os valores maximos de # (com @ = a,) a que dio o nome de “cizalhamento efetivo” e exigem 28 Boletim da Repartigio de Aguas e¢ Esgotos que se verifique si esses valores néo excedem certo limite especificado. Parece-nos que semelhante exigencia nado se baseia em fundamento sério. Aquele esforgo ndo tem outra significagio alem da que lhe have- mos dado, de puro indice da tendencia ao escorregamento ao longo de certo plano de separagéo. Nao se precisa repetir o que ji foi exposto quanto a nenhuma significagao do cizalhamento quando se conhecem as tensdes principaes Basta notar que o chamado “cizalhamento efetivo” depende da resis- tencia ao atrito © que nfo pode haver atrito onde exista coesio e vice- versa. Daf decorre que, a nfo serem um plano de separacao tal como Junta ou fratura, aquelle hipotetico cizalhamento efetivo 6 pura criagio da fantasia e nada representa. Prova material do que afirmamos 6 que no se pode conceber um ensaio qualquer capaz de ostabelecer expe- rimentalmente qual venha a ser a resistencia ao tal cizalhamento efetivo de um concreto, ou de outro material, seja qual fér. 4, Subpressio. — O perigo da subpressio nao existe na barragem projetada. As fundagées dos contrafortes nfo sao continuas porem sepa- radas, de modo que qualquer veio dagua que se infiltre por debaixo delles acharé prompta safda pelos intervalos, sem afetar de nenhum modo a estabilidade da estrutura. 5. Calcuio das tensdes pela Teoria da Elasticidade. — A determinacdo das tensdes provocadas no interior de um solido por forcas exteriores em equilibrio rege-se por uma unica lei, a lei da elasticidade, estabe- lecida por experiencia como todas as leis fisicas, E a lei de Hooke se- ‘segundo a qual as deformacées, até certo limite jamais excedido na pratica, sio proporcionaes aos esforcgos que as provocam. A aplicagio da lei de Hooke e dos principios da mecanica deve- tia ser o metodo racional para a resolugio matematica de todos os problemas sobre tensdes dos solidos. Tal 6 0 objetivo da Teoria da Elasticidade. Teoricamente o objetivo 6 alcangado em toda a sua ge- neralidade. Na pratica,.porém, apresentam-se casos em que o calculo falha, por excessiva complexidade, ou em que metodos mais simples mais expeditos, baseados em hipoteses mais ou menos acertadas, con- duzem a resultados bastante exatos ou suficientemente aproximados para as aplicagdes no campo da engenharia. Para esses casos se des- tina a Resistencia dos Materiaes, corpo de doutrinas semi-empirico, se- mi-sciontifico, por meio do qual se resolve a grande maioria das ques- tes de interesse pratico, no genero. Aquelas questdes, poucas, que a Resistencia dos Materiaes, nao consegue resolver de um modo satisfa- torio pertencem de direito 4 Teoria da Elasticidade, exclusivamente. E entre essas pode-se incluir sem hesitagio a dos contrafortes trian- gulares das barragens de elementos multiplos. A teoria da Etasticidade permite determinar as tensdes no interior do contraforte com perfeito rigor matematico, mediante certas hipoteses referentes 4 constituigdo intima e 4 relagao do solido com o mundo exterior. A concordancia dos resultados com a realidade observavel depende, portanto, da rea- lizagio mais ou menos perfeita das hipoteses admitidas. Boletim da Reparticio de Aguas ¢ Esgotos A Teoria supde que o material 6 homogeneo e isotropo, A ho- mogeneidade, do porto de vista da resistencia, pode ser conseguida de modo praticamente satisfatorio mediante cuidados especiaes no proces- so da construgio. O fato do concreto ser composto de materiaes he- terogeneos néo tem a importancia que aparenta, uma vez que as di- versas particulas heterogeneas misturadas (de cimento, areia e pedre- gulho) séo minusculas em comparagio com qualquer dimens&o do so- lido. A hipotese da isotropia j4 nao se realiza de modo tio aceitavel. Do proprio processo de concretagem por camadas, das juntas de ser- vigo, da disposigio das armaduras, de todas essas circumstancias, re- sultaré que as propriedades elasticas do solido serio modificadas em certas diregdes. Mas a divergencia mais grave entre o real © 0 supos- to ndo est nessa inevitavel alotropia do material, sinio na propria base do contraforte. A teoria supde um solido indefinido isto 6, pro- longando-se som limite dentro de um angulo diedro. Para se realisar esta hipotese seria necessario que o terreno reagisse sobre a base do contraforte exatamente tomo o faria o seu prolongamento até o infi- nito, Compreende-se que semelhante distribuig&éo de reagdes 6 impro- vavel, sindo impossivel, porquanto as propriedades elasticas do terre- no diferem das do contraforte em larga medida. E a divergencia nao pode ser atenuada a nenhuma altura do contraforte, em virtude do principio de Saint-Venant (vide pg. 19), porque a base e a altura de uma barragem sio dimensdes da mesma ordem de grandeza. Apezar de todas essas restrigdes, a opiniéo geral dos mestres 6 que a Teoria da Elasticidade ainda 6 a que forneco resultados mais concordantes com a realidade, em todo caso os mais aproximados que se podem obter no estado dtual da quest&o. A experiencia 6 quem deve dizer sobre o assunto a ultima palavra, que ainda n4o foi dita. Boletim da_Repartiggo de Aguas ¢ Esgotos 6. Coordenadas ortogonaes. — Sejam OM e OJ os paramentos do montante © de juzante do contra forte, formando com a vertical os angulos ¢ @ j (fig 12). Colocamos a origem no vertice O do contrafor- te. Oz © Oy siio os eixos, horizontal @ vertical. O sixo OZ, paralelo ao eixo da barragem 6 perpendicular ao plano da figura. Em tudo que se segue consideramos uma espessura do contraforte igual 4 uni- dade, isto 6, = 1 metro, Supomos que a unica forga de massa 6 0 peso proprio do contraforte expresso pelo seu peso especifico A, po aso, igual a 2,3 toneladas por metro cubico. No ponto ou, mais propriamente, no paralelipipedo elementar de coordenadas 2, y, atuam as tensdes normaes “oz, 6), paralelas aos ei- xos Oz, Oy, e a tensio tangencial tey Quanto aos sinaes, conven- ciona-se que as tragdes so positivas e as compressées, negativas. A tensio tangencial congidera-se positiva quando provoca nas faces ver- ticaes uma rotaco dextrogira (no sentido do movimento dos ponteiros dos relogios). A Teoria da Elasticidade estabelece as seguintes equagses de derivadas parciaes: doe | Dd tey oe oy 0 Poy 4 Bry AK 3y + oat A=0 (7) (+ ye re)nc As duas primeiras sio as equagdes de equilibrio do paralelipipe- do elementar. A ultima exprime a compatibilidade das deformagdes umas com as outras 6 a conformidade de todas com a lei de Hooke. A integragaio das equacdes (7) pode ser obtida por intermedio de uma fungdo auxiliar, chamada funcao das tensdes. f um artificio de caloulo descoberto por G. B. Airy. Seja ® uma fungio qualquer de wey tal que: vo dw oo Ge = “ge = Ber te = — ga At (8) Essas expressées das tensdes satisfazem evidentemente 4s duas primeiras equagdes (8). Substituindo-as na ultima, resulta: oe ot d'o “sat + gb tay = 0 @) Deste modo a solugdo das equacées (7) fica reduzida a encontrar-se uma solugdo qualquer da equagao (9) que admite um numero infinito de solugdes. Pode-se dar a » a forma polinomia de qualquer grau @ ajustar 03 coeficientes constantes de modo que (9) seja satisfeita. En- téo as tensdes sero obtidas por meio das expressdes (8). Verifica-se em seguida qual o sistema de forcas exteriores a que corresponde a solugfio achada, determinando as tensdes na periferia do solido. 3L Botetim da Reparticao de Aguas e Esgotos Experimentemos por exemplo um polinomio do terceiro grau: weep Se ay tt yt 4ty ve perty ty tepwa toy . Esta equacio satisfaz a equagio (9). Portanto, mediante as rela- bes (8) fornece a seguinte solugdo do problema: Oz = ex + dy t Sy = ax + by (10) ty = — b+ At — ey 3 Para o plano OM, z = — ytgi. Substituindo esta expressio nas eq, (10) verifica-se que a solugdo achada corresponde ao caso de atua- rem sobre a face de montante do contraforte cargas unitarias da for- ma X= dy, ¥ = vy. Resultado semelhante achariamos quanto ao pa- ramento de juzante. Ora, ja vimos na primeira parte que temos cargas desta forma no paramento de montante ¢ justamente as mais impor- tantes porque devidas 4 pressdo hidrostatica em primeiro lugar. Quanto ao peso proprio 6 claro que se inclue na mesma formula com 5==_=0. Concluimos que, no caso da pressdo hidrostatica, ou de qualquer carga unitaria redutivel 4s componentes X — pby, Y= Bry, juntamente com o peso proprio, a distribuigdo das tensdes 6 linear e determinada pelas formulas (10). 7. Condigdes. de equilibrio 4 periferia. — As constantes a, 4, ¢, d das equagées (10) so determinadas pelas condigées de equilibrio entre as tensdes e as forcas exteriores X e Y nas superficies que delimitam. © solido. Seja @ o angulo que faz a normal exterior da superficie limite com o eixo Oz, no ponto considerado. Si as tensdes que ahi atuam sio Oz. Sy, Ten temos as duas equagdes seguintes que exprimem o equilibrio: X = Ge cos @ + Tey sen & ay Y = oy sen @ + try Cos @ Aplicando essas igualdades aos dois paramentos, montante e ju- zante, teremos quatro equagdes para determinar as quatro constantes. Paramento de montante Ponhamos para abreviar cos ¢ —ocsa = i sen é —sene = mi wim Kh As tensdes, segundo (10) sio: Gai (—-Kee+dy Oy (—Kiat dy tei = (Kib—e + AK y a2 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos substituindo essas espressdes nas eq. (11) com X = poy, ¥ = Bry. obtem-se: —& (—Kie + d)— mi (Kib—e + AK) Bo — m(-Kiat )— li (Kibo + ak) py 6 Paramento de juzante Procedendo analogamente, ponhamos: cos j cosa = | senj senna = my wi = K- As tensdes no paramento serio: Oxy (Kio + dy Ors (Kja +t bby 10 bis tay = (~Kib—e—AKi)y Efectuando-se a mesma substituigio do caso anterior com X= Y=0, vira: 4G et ae mb e+ seo | 2b —m (Kat bt)—ly (Kib +e +4K)=0 Resolugao O sistema (12a, 12b) péde ser resolvido pelo metodo que se pre- ferir, eliminagdes sucessivas, redugio dos coeficientes 4 unidade, de- terminantes etc. Em nossos calculos procedemos da seguinte maneira. Primeiro transformémos o sistema em outro equivalente no qual cada equagdo apresenta s6 duas incognitas. Pondo-se, para abreviar: Mm mi Kil) — mi Kel Ny mi ly tome li Ry == mi ms (Ki + Ki) © sistema equivalente 6 o seguinte. D ma-2mb+to+ 4 oBy t+ m,A 1 ID mato+tme+o ms BY \ Il) o—nb+2mc+o = pdo+nA aa) IV) o—mb+0—-mad = mj PdF+ mA | Fazendo-se a operagao (III) — 2 (Ii) vem: VY) — 2ma— mb = BO— 2m Py + mA 33 Boletim da Repartisgo de Aguas e Esgotos Os determinantes de (I) e (V) sao: Do = 2m by Bd — (4m my + mb) BY + mm, 4 De nly BO + 2, — mms) BY + (nf + 2,15) 4 Dy = — ni—4n.m Portanto, os valores de a e b sao: — Pr_ ba ° = Dy =D; Conhecidos a e &, (II) e (IV) darfo os valores de ¢ @ d: o = i BY — ma qa — mh + mb+d) Te nm; 8. Espesswra variavel. — Na solugio do problema pela Teoria da Elasticidade foi considerado um solido indefinido. Num tal corpo, o com- portamento elastico de uma parte limitada por dois planos verticaes 6 perfeifamente igual ao de qualquer outra nas mesmas condigdes, uma vez que todos os esforgos atuam da mesma maneira em todos os pla- nos verticaes. A doformacio 6 plana. Pode-se portanto estudar uma parts do solido de espessura constante, geralmente reduzida 4 unidade metrica para maior faciJidade do calculo. Foi verificado que, nessa hipotese, e para os casos de cargas con- siderados, as tensdes sao fungdes do primeiro grau das coordenadas, isto 6, que a distribuigdo delas é retilinea. A mesma conclusio chega o Dr. Ing. N. Kelon como, alias, j4 ora sabido de todos os mestres que o precederam. Entretanto este ilustre autor germanico vae mais longe porque generalisa a conclusio, ox- tendendo-a ao caso de ser variavel a espessura do contraforte. Como argumento justificativo diz apenas que “todavia, nfio se deve esperar dessa circumstaucia (espessura crescente para baixo) nephuma discre- pancia em relagdo gos resultados supra” (distribuigio retilinea), Pedi- mos licenga para discordar do abalisado mestre. O Dr. Ing. N. Kelen resolve o problema do contraforte de espessura crescente, no plano, quer dizer a duas dimengdes, quando na realidade se trata de um problema de elasticidade no espago ou a tres dimensées. Todavia essa simplificagéo parece ‘admissivel uma vez que'a variagio da espessura seja relativamente pequena, por outras palavras, quando o coseno do angulo diedro que limita lateralmente o contraforte se possa conside- rar igual a 1, Ent&o sera Ifcito admitir que, numa secfio transversal do contraforts por um plano vertical, as tensdes horizontaes, paralelas ao eixo OZ, sejam despreziveis. Comtudo, ainda mesmo neste caso, no se pode afirmar quo a distribuigdo de tensdes no plano XY con- tinue a mesma que era no caso de ser a espessuraconstante. Muito pelo contrario, pude-se fac{lmente provar que, nos casos de carga antes considerados, tal distribuigdo nfo pode ser e néo 6 linear. a4 Boletim da_Repartigfo de Aguas e Esgotos Analisemos, com efeito, o equilibrio do paralelipipedo elementar, (fig. 18) tomando em consideragéo a variagéo da espessura, porem, quanto ao mais, tratando o problema com duas dimensdes apenas, exatamente como procede o autor citado na sua generalisagio. Fig, 13 Supomos que a unica forca de massa 6 0 peso proprio. Sendo 4 © peso especifico do material, o peso do elemento considerado serd, desprezados os infinitamente pequenos de ordem superior: dV = Abdady Ponhamos 4 = bo + sy do db donde dy? portanto » +5, = ht sby As freas das quatro faces (fig. 13) serio: AB = bbz AC = BD = boy + Lady? CD = boat edx dy Forgas verticaes, desprezados os infinitamente pequenos de 3." ordem: Face AB: — Sy b dx » AGr—~ thy a ytd > BD + choy Des by Ep bedy a > OD: + oy bbe + oye de by + Sho dedy 35 Boletim_da_Reparticio de Aguas e Esgotos Peso do elemento: + 4 b dz dy Foreas horizontaes, desprezados os infinitamente pequenos de 3." ordem: Face AB: — 1 6 2% 2 AOr— eed by ~ 4 oe aby" , BD: + 0b by + 4 on 9 by! + bbe by > OD: +t bet tebe dy + FE bdo dy Somando e igualando a zero as forcas verticaes e as horizontaes dividindo por & dz dy e notando que b = be + sy, obteremos as duas equacdes de equilibrio seguintes: don _ Be ay a Bay tbe ty y =o Ey o « 80y By t _ bo ay by +a, t4=o Como se vé estas equagdes diferem das equagdes (7) pela presenca av so, bo +84 e bo + sy solugdo nao pode convir aos dois sistemas de equagdes para um mesmo tipo. de cargas. As equacdes (a) 6 preciso acrescentar a equacio de compatibili- dade relativa 4 lei de Hooke, para o caso de ser 0 peso proprio a unico forga de massa: dos termos + Deduz-se imediatamente que a mesma ot or, aby ® Suponhamos que as equacdes a-b admifam uma solugdo linear e veja- mos a que tipos de carga e de solido corresponderia tal solugio. Seja, pois, a verificar a seguinte solugio, correspondente 4 suposta distribuicio linear das tensdes : Ge = YX + dy + Sux Sy = az + By + Soy () T= Mw + ey tt do. ot way eae do, dr ty kh m=" 36 Boletim da Reparticio de Aguas e Esgotos Substituindo em (a) vem so — — boty +8 htey = xy © donde t = : 8 Dy bo + sy —O + ey =—B—n-A, donde: ¢,= — fe ont) = (Btn+a)y Comparando com a solugao (c) proposta deduzimos que se deve ter: & = ~y—edondee =— J — th v= + a8 Com estes resultados as formulas (c) transformam-se nas seguintes: Ox = Yr + dy + oor } Oy = — 7 lho + sy.) (a) ra Fo lbe + sy) \ i A equagiio de compatibilidade (b) 6 evidevtemente sutisfeita vis- to serem nulas todas as derivadas segundas das tensdes. Vemos que a solucao (d) fornece para oy um valor independente de @ que nio depende de outra carga alem do peso proprio do so- lido. Portanto tal soluc%o apenas poder convir a um muro de altura constante solicitado unicamente pelo seu peso. Entiio teremos oc = 0 donde ¥ = 0, portanto tambem t = 0. Ora num tal muro temos _ Aloe by e, pondo-se b = & + sy: _ Ab. + on) 2(bo + sy) Para que esse resultado concorde com o da solugao (d) 6 neces- sario que se tenha bo = 0. Ent&io ser& Oy == oy. Coneluimos, por- tanto, que, sendo uniformemente variavel a espessura do solido. a dis- tribuigao linear das tensdes, reduzidas ao sistema plano, 86 6 com- pativel com as equagdes da elasticidade no caso unico de um muro de secdo triangular de crista horizontal sem outras cargas alem do peso proprio. sos Esta analise demonstra de modo inequivoco que a hipotese da. distribuicdo linear das tenses nos contrafortes de espessura variavel de uma barragem 6 inconciliavel com a teoria de elasticidade, pelo menos quando se desprezam as tensdes paralolas ao eixo OZ. a Boletim da Repartiggo de Aguas e Esgotos Para se saber qual seria, no caso, a distribuigéo teoricamente cor- reta, Seria necessario integrar as equacdes (a) o que nao parece possi- vel. Entretanto basta comparar aquelas equacdes com:as originaes do sistema plano para se ter a impressaio de que o erro, proveniente da variagdo da espessura, pode tornar-se muito importante para ser desprezado, e tanto maior quanto maior o valor de s, que mede aquela variagio. Pode acontecer, 0 que nao esté provado, que, para valores de s suficientemente reduzidos como se nota em algumas barragens, 0 erro venha a ser desprezivel. Mas nesse caso somos de opinido que, a bem da seguranca, mais vale adotar uma espessura constante. A tambem pequena alteracdo do volume, si alguma houver, sera Jargamente com- pensada pela maior garantia de exatidio dos calculos, permitindo limi- tes de tensio mais elevados. Entretanto acreditamos que o volume do contraforte de espessura constante n&o ser4 maior do que o de outro de ospessura variavel considerado equivalente. Funda-se esta. opinifio no fato de ser justa- mente o volume do contraforte 0 que decide, na maior parte dos ca- sos, sobre o seu dimensionamento, porque entre as condicdes que pre- valecem no calculo est4, em geral, a da seguranca contra o sscorre- gamento, a qual exige certo peso minimo correspondente a um volume pre-determinado e irredutivel. Por todas as razdes acima expostas decidimos projetar os nos- sos contrafortes com espessura constante. Na Obra de A. Schoklitsch “Der Wasser bau” encontra-se um quadro descritivo de barragens de elementos multiplos construidas em todo o mundo, segundos dados de N. Kelen e P. Ziegler. Entre essas contam-se as seguintes, cujos con- trafortes tém espessura constante: CONTRAFORTE BARRAGEM | LOCAL maxima CORTINA ‘mento Uspessura Austin ........--| Texas 25.0 plana 6.10 0.61 Daneville ..- New-York} 3-6 » 3.05 0 25 Stoneyfluss Virginia 15.6 > 4.57 0.46 Ogden. ..-.-. Utah 30.5 | arcadas 14.75 5.00 Aziscohos -......| Maine 23.8 » 6.10 1.22 _ Sélune - Franga 15.0 > 5.0 0.20 Suorva - Suecia 23.0 > 12.0 1.50 Sherman Island.. | Hudson 24.6 » 5.79 1.06, Melby ..--+...--. | Suecia 10.0 > 7.60 1.50 Bolle-Isie-en-Torre Franea 16.5 Boletim da Repartiggo de Aguas e Esgétos 9. Coordenadas polares. — Dada a origem O e o eixo Ox (fig. 14) a posigio de um elemento A qualquer do solido 6 determinada pelo raio vector OA = re pelo angulo ® formado por O. com a diregio po- sitiva de Oz, As tensdes normaes do elemento serao o, paralela @ 08 normal ao raio vetor. A tensio tangencial tre considera-se positiva quando, na face prolongamento de O4, se dirige para a origem. Fig. 4 Supondo-se que nao haja forcas de massa, as equagdes de equi- librio sao: 6, 1 Pt = ot 88 ~ = 0 14) A d%% Ot 9 Qt a rw + —e- +——- = 0 Sendo # qualquer fun¢io de r e 6, essas equagdes sio satisfeitas quando se pée: _ 1 de 1 do o = ey tO BaF ow % = SF (a5) _ o 1 _dn 8 = — Sp (+ se) Para que seja possivel uma distribuicg&éo de tensdes compative! com a lei de Hooke e@ que obedega a lei de continuidade é necessario que a funceaio © satisfaga 4 seguinte equagio: 1 de ~ tae yer] =O (16) Boletim da Reparticdo de Aguas e Esgotos Qualquer solugio da equagio supra fornece uma solucdo para as eq. (14) por intermedio das relagdes (15). A solugdo verdadeira seré aquela que verifique tambem as condigdes de equilibrio 4 periferia. J. H. Michell descobriu a solugéo geral da eq. 16, que ndo trans- creveremos, porque ndo nos interessa sua generalidade sinéo apenas o caso particular em que as cargas 4 periferia de uma cunha sao da forma polinomia », + p,r + pr ete. Neste caso a solugio geral for- nece as seguintes expressdes para as tensdes: 6, = 2b + 2d,0 — 2a, cos 20 — Ze, sen 20 + + 2r(b,cos® + d,son® — $a,cos3® — 3¢,sen38) + eee . — r" [(n' — 2 — 2)(b.cos 29 + da sen n®) + + (x? + 8% + 2)fanzs cos (n + 2) 8 + enze sen (n+ 2)6}) 69 = 260 + 2d,0 + 2a, cos 29 + 2e, son 20 + + 6r (b, cos® + dsen® + a; cos 38 + c, son 38) + -. + (+2) (n+) 7" [b, 008 089-40, sen n9+a042008(n-+2)0 +) 17) “+ eny2 sen (x + 2)8} t% = —d, + 2a,sen 28 — 2c, cos 28 + + r(@6,s0n8 — 21h cos + 6 dyson 30 — 6, 008 39) + Lees eeseteveaes dents aeeteeeeee teens : 1 [n+ 1) nsenn@ — dh cos n8) + (n-+1)(n-+9)f -- seseeeee Janpe son (nm + 2)8 — aye cos (w+ 2)04| Note-se que a cada potencia de r correspondem quatro constantes arbitrarias. Por outro lado, si 8= ¢ e 6=© sfo os angulos que de- limitam a cunha, teremos: Sea po + pir + mar* ote, } oa Ta = 50 + sr + 87° ete. 7 Sqo = Plot mir + pr ete. } eau Tro = slo ter t+ srt ete. Comparando esses valores com os fornecidos pelas eq. (17) ¢ igua- lando os termos de igual expoente teremos para cada expoente quatro equacdes que determinardo as quatro constantes correspondentes. Em particular as constantes },, ds, @:, ¢., correspondentes 20 expoente zero, serio dadas pelos seguintes sistema : 2bo + 2ad, + Qa, cos2a + Ye, sen 2a = po 2bo + 2d, + 2a, cos 2o + 2, sen 20 — do + 2a,sen2e — 2c, cos 2¢ — do + 2a,8en20 — %,¢0820 = 8% l (18) Este caso 6 justamente o que nos interessa porquanto uma par- cela das cargas sobre o paramento de montante é da forma BXo, BYo. 40 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos Para a aplicagdo das equagées (18) falta apenas transformar taes cargas em componentes normal e tangencial ao paramento, oq == po == — BY, seni — B Xo coed : T gq = 8 = + B Yo cost — B Xp sent { (19) Sem = Tri == p’o = sox Colocando-se o eixo de referencia sobre o paramento de juzante serd: e@=i+j e o=0 Substituindo esses valores e os (19) nas equacdes (18) teremos um sistema do qual se deduzem os valores das conetantes 6., do, Gy ¢ Pondo-se, para abreviar . wga-e@=k 2a — sen 2a son ga = Ke os valores achados sao: Seatg% + K: tre by = 4K, Sa + Tre tg et he = SE . ty == — by & = — 2a, substituidas as esprossdes supra nas equacoes (17) reduzidas aos ter- mos em 7", resultam as formulas procuradas das tensdes: Of % = ZF [Mt + cos 26) ya — (20 + son 28) + 7 + Ze [H+ 00926) K, - a (20 + son 28)] S¢a B= cE [1 — cos 29) tga — (28 — sen 26)) + | (20) + 3K [4 — cos 28) K, — tg (28 — sen 28)] to = 2 (41 — cos 28) — ye son 29] + 2K, Tyre + °K [GQ — eos 28) wa — K, sen 26] 10, Carga no vertice do Contraforte..— Este caso representado na fig. 15 tambem se resolve em coordenadas polares, a Boletim da Reparticio de Aguas ¢ Esgotos Fig. 15 As tensdes sdo unicamente radiaes: oo =the = O } oF = + (Z, cos @ + Z, sen 8) @n Verifica-se facilmente que essas expressdes satisfazem ds equa- gdes (14) © (16) com » = — Pr (Z, cos 8 + Z, sen 8). As constantes Z, e Z, determinam-se escrevendo que no sector MJ as componentes verticais de or integram P, e as horizontaes inte- gram zero. Feitas as operagdes acha-se A= 2 Gt) = son @.+ ©} cos (a a ©@ + oF — son @ + 0) (22) sen (¢ + ©) sen (2 — ©) Ze — 2 at oy — gon (a + OF o maximo valor absoluto de 6, corresponde a um angulo @ = ®% = = are tg 2. © Of max = —~ 2Va+ Z} contanto que seja — 0, = 0. ‘As tensdes que se calculam em coordenadas polares sio geralmente pequenas, podendo ser desprezadas na maioria dos casos que se apre- sentam na pratica. 11. Sintese dos dois metoedos. — Recapitulemos os dois metodos de calculo pela Teoria da Elasticidade. Vimos na primeira parte que as cargas do contraforte sao: 1°) Peso proprio expresso pelo peso especifico A, e pressdes na face de montante da forma X = Boy e Y= Bry. As tensdes corres- pondentes calculam-se em coordenadas ortogonaes pelas formula (10 bis) depois da determinagio das constantes. a2 Boletim da_Repartiggo de Aguas ¢ Esgotos 2°) Uma carga concentrada no vertice e pressées uniformemente distribuidas no paramento de montante. As tensdes correspondentes obtém-se em coordenadas polares pelas formulas (21) 6 (20). Para se acharem as tensdes totaes 6 necessdrio converter as polares em ortogonaes, Para esse fim comecemos por transportar o sixo polar até sta coincidencia com eixo ortogonal OX. Entdo as tensdes ortogonaes poderdo ser deduzidas das polares pelas seguintes formulas: Se = Sq xen’® + 6, cose — ty sen 28 Sy = 59 cos’® + ¢, sen’® + tre sen 2 8 Toy == tre cos 20 + J (6, — G9 ) son 20 Ox HF Oy = 89 + 4, (23) Entretanto 6 mais expedito efetuar a transformagio com auxilio do circulo de Mohr, conforme se vé na fig. 16 sem necessidade de explicagdes. Fig, 16 12. Tensdes principaes. Linhas isostaticas @ trajetorias. — Conhecidas as tensdes totaes em coordenadas ortogonaes, as tensdes principass e as diregdes principais respetivas podem ser calculadas pelas formulas (2) e (2) ou derminadas grficamente pelo circulo de Mohr. O segundo proceso é preferivel, por ser mais expedito. As tensdes ortogonais sio homotéticas em relagio ao vertice do contraforte, segundo decorre das formulas’ (10). 43 Boletim da Repartiggo de Aguas e Esgotos ;Esta propriedade facilita imensamente os calculos porquanto co- nhecidas as. tensdes 4 profundidade y = 1, em determinado ponto P, as tensdes a qualquer profundidade y sobre a reta OP, deduzem-se imediatamente das supraditas mediante simples multiplicag&o por y. Convem pois calcular tensdes e direcdes para os pontos situados sobré certo ntimero de retas irradiantes do vertice (inclusive os para- mentos). Sobre taes retas tragam-se as sucessivas diregdes principaes. Em seguida, ligando-se esses tracos por curvas a eles tangentes, ob- tém-se o tracado aproximado das “trajetériag das direcdes principaes”. Estas constam de duas series de curvas que se cruzam em angulo réto. As da primeira série partem do paramento de juzante ao qual siio normaes e terminam paralelamente ao paramento de montante. As da segunda serie comportam-se anologamente, invertidos os paramentos. As linhas isostaticas sio as que ligam os pontos cujas tensdes principaes tém uma mesma intensidade. Formam tambem duas séries correspoudentes 4s respetivas trajetérias. No caso da distribuigio li- near das tensdes ortogonaes as linhas isostaticas sio hiperboles. No caso do nosso projéto a distribuicéo nao 6 inteiramente linear, por- quanto as tensdes calculadas om coordenadas polares sao distribuidas segundo lei transcendente, Daf nao serem perfeitamente hiperbolicas as isostaticas obtidas. O conjunto das linhas isostaticas 6 das trajetérias resolve de um modo completo a questo do comportamento elastico do contraforte porquanto determinam em qualquer ponto com suficiente aproximacaio a intensidade e a diregéo de cada uma das tensdes principaes. "13, Tipos de contratortes de espessuras distintas, — Estabelecido foi que cada contraforte deve ter uma espessura constante, porem con- tratortes de alturas diferentes podem ter espessuras distintas e devem tel-as para se conseguir economia de material. Todavia nao seria re- comendavel atribuir a cada altura diferente uma espessura propria ¢ distinta. Para a facilidade da execugéio torna-se necessario reduzir as diversas espessuras a um numero limitado de tipos determinados por outras tantas profundidades carateristicas. A descriminacao dos tipos nao se faz arbitrariamente, mas em fanc&o da férma do perfil longitu- dinal da superfieie da rocha. Medem-se as extensdes cobertas por profundidades crescentes, do 2,m50 em 2,m50 por exemplo, e traga-se o diagrama das frequencias das alturas, levando as extensdes como ordenadas e as profundidades como abscissas. O diagrama 6 uma linha quebrada, como se vé na fig. 17. Os seus vertices salientes indicam claramente as alturas de maxi- ma frequencia: 5, 10, 25 e 33 metros. Considerando-se que a altura efetiva alcangx de 2 a 3 metros a mais por causa do preparo da rocha, que a profundidade maxima precisa ser incluida, forgosa mente, lembrando a relagio —- = 35/36, 0 numero de, tipos de espes- suras distintas foi fixado em cinco, correspondentes 4s alturas y de 8-12-20-28 e 36 metros. O tipo 28 foi excluido posteriormente, como veremos, porque muito pouco diferia do tipo 36, “a Boletim da Repartiggo de Aguas © Esgotos DIAGRAMMA DE FREQUENCIA nas ALTURAS EXTENSOES COBERTAS 50 400 TBD 20 Bo ALTURAS Fig. 17 14, Galculo das dimensdes dos contrafortes. — As dimensdes do con- traforte precisam ser determinadas de modo que fodas as condigdes de resistencia e de éstabilidade sejam satisfeitae, Duas sio as dimen- sdes ainda desconhecidas: a espessura 6 e o comprimento /. da base 4 profundidade y. Portanto as condigées determinantes nfio pédem ser mais que duas, escolhidas entre todas de modo tal que, satisfeitas essas duas estritamente, as demais condigdes sejam satisfcitas com fol- 45 Boletim da_Repartigio de Aguas e Esgotos ga, Nao se pdde saber a priori, de um modo geral, quaes devam ser essas duas condigdes decisivas, que isso depende da disposigio e da intensidade das cargas bem como do talude de montante e da profun- didade considerada. Todavia néo 6 muito dificil discernir quaes se- jam as condigdes procuradas depois de algumas tentativas orientadas Por um conhecimento prévio do assunto. O calculo de verificagdio confirmaré ou nado 0 acerto da escolha mostrando ao mesmo tempo quaes as condigées que devem prevalecer. No caso dos nossos contrafortes as duas condigdes decisivas sao: 1") Tensio principal de tragio no pé de montante reduzida ao limite permissivel: 6; < 20 ton/m'. 2") Seguranga contra o escorregamento sobre a base horizontal expressa pela relacdo Considera-se unicamente 0 caso de estar 0 agude cheio até o ni- vel maximo, Para o calculo das dimensdes podemos admitir a distribuigdo li- near das tensdes ortogonaes provocadas por todas as cargas sem. ex- cegdo, de modo que as reacées verticaes do solo possam ser determina das pela regra do trapézio, como se mostra na fig. 18. Fig. 18 Considera-se uma espessura 4 = 1 metro na analise subsequente. A espessura real seré outra, 0 que nao importa ao equilibrio desde que as cargas unitérias X e Y sejam as mesmas decorrentes da espesaura real. As equacdes de equilibrio do contraforte figurado sao: =P+Q+e Ho + Qu + Cd + Pl = Ae 46 Boleti da Reparticio de Aguas e Esgotos O peso proprio do contraforte 6 0 = ~~ Aly A distancia do seu centroide 4 vertical por Af 6 @ = ‘/, (2 + 4). Ponhamos ';, Ay == K. Com esta notagio achamos: Ho + Qu + ph + Mery Ae a= Pt+@ a Para abreviar podemos por: Hot Qut P= aS P+Q=Ke Donde: ga 3 (He + Qu+ By) 3 He + Qu + Bld Sendo K = + Ay Substituindo essas expressdes vem: — Stith Ble +) 13 Condigéo Sendo ow a reaccio unitaria no pé de montante, temos: V 4 6x) porém V=P+Q+0= Ke+vV Substituindo V ez por seus valores na expressiio de om, resulta a seguinte equagio: %— bh s 2 _ = ree! Tom =0 (a4) Ay Ay Ponhamos ainda para abreviar: 2e—h 4 — oH pe 4 — Ay Ay Entao o valor procurado de /, em funcefio de Sw serd t= pV EG (25) p e q sio negativos, de modo que — p 6 positivo. 47 Boletim da Repartigao de Aguas e Esgotos Para ser satisfeita a 1." condigao seré necessario determinar o valor de 6 correspondente ao limite especificado para a tensio prin- cipal 6, no ponto M. Ora nesse ponto sao conhecidas- as cargas uwi- tarias X e Ye o angulo @ que a normal exterior ao talude forma com a diregio positiva do eixo Oz. As equacdes (11) estabelecem duas relagées entre X, Y, ae as tensdes ortogonaes no ponto Jf. Podemos * pois exprimir 5: © Tzy em funcefio de 5, X, Y e a. Y¥ — 9, sone cosa Toy = cos’ & Por outro lado, como se sabe, a tenséo principal 6; 6 dada pela formula = —S2t 4 Sat 5, 2 v= 8 + EB] ee Substituindo nesta formula Sx e ty pelas expressdes supra, ob- temos a seguinte expresso de oy: ¥* — o'r cos’e — 6; (Ysenc — Xcosa) os; — Ysene — Xcosa Notemos de passagem que sendo X = Y = o esta formula se reduz a 6, = 9, cose donde 5; = 6, (1 + fg'c), Este resultado niio 6 outra cousa sindo a chamada “correcdo de Maurice Levy”. No eaiculo de / podemos desprezar a influencia da carga Pe das eargas uniformemente distribuidas. Tal influencia se reduz muito a grandes profundidades da ordem das que serio consideradas subse- quentemenie, Deste modo torna-se licito escrever simplesmente X = poy, Y = Bry. . O limite superior de o;, nio precisa © nao deve ser o mesmo - para todas as profundidades. As tensdes de tragio precisam ser evita- das o mais possivel e apenas se toleram no limite permissivel em pe- quenas regides 4 profundidade maxima. Chamando, pois, 5, o limite permissivel 4 profundidade y = 1m. 6 razoavel fazer 61 = o,y dando- ge a 5, vator tal que % resulte igual ao limite permissivel quando y é-igual & profundidade maxima. Lembrando as notagées abreviadas sent — — mi, cosa = — i; tga = ki notando-se que 5, = — owe fazendo as substituigdes supra- ditas a formula para oy transforma-se na seguinte: BY — koe O— ky + ioe OM ST eSC<‘ bot me yt Para abreviar fagamos . BY’ — kev boty + & 48 Boletim da Repartipao de Aguas e Esgotos . Entio . Oy = by : (26) As equacdes (25) (26) determinam 2 quando 8 é conhecido, e B 86 depende da espessura do contraforte, pois B = uae 22 Condigéo , Examinemos agora a 2." condigio. A seguranga contra o escorre- gamento exige que se tenha no limite: H = ya (f = 080) Substituindo V por P +.Q + C vem = ArKPTOMLA / C= ; =yAu Donde: l= tO) (27) Porem ' as fxas Q=|ras B= BPo Pondo-se (vide parte I): oe y — Bry. dy X= BNO + by) YS RM + ww) ds =P resulta: Xo + wey uPiy, +1) c= 4 (27 bis) Vir gfha Resumindo os resultados: para dado valor de , isto 6 da espes- sura 6, as formulas (25) 6 (26) dio certo comprimento que satisfaz 4 1! condigao, seja lx Para o mesmo valor de B a formula (27) dé outro comprimento que satisfaz 4 2." condic&o, seja da. Fazendo variar 8 teremos uma serie de pares de valores J, lx. O valor de 6 para o qual dr = li = / dard os. valores procurados de / e 6 que satisfazem a todas as vondicdes. Esta operacdo deve ser feita para cada uma das alturas tipicas. “49 Boletim da Repartigjo de Aguas e Esgotos 15. Calculos numericos. Determinagdo dos tipos. — Os dados funda- montaes sio: A, = 2,3 ton/m* P = 183 ton/m X = B(2,53 + 4,67 y) ton/m* Y¥ = B(G,70 + 3,98y) > Po = 18 tonjfm X. = 2,53 ton/m* 3,70 > 4,67 ton/m* 398 > Com os dados supra achamos a seguinte expressio numerica do coeficiente § da formula (26): = 2,597 — 0,34 ou substituindo B: g > 2 + oo o denominador is g,, merece uma designagiio especial ‘y =1— 26 iu. e 5 1 Ay dy 1 A % = nges — 0888 (@s) As expressées 2c—J, e S das formulas (25) dependem de H, Q, Hv e Qu cujas expressdes numericas vamos determinar. n= [pay a e= [ett it) 6 Hv = (EEO 4 Boe 60 Boletim da Repartisfo de Aguas ¢ Esgotos Substituindo os numeros achamos A:B=320y + 2,96 ° Donde se deduz: TATE cae can caw) K y 1 1 -h=—ky= 5 2 > hY 0,8905 y = 694 y + 428 y' + 36,60) 8 Mediante os resultados supra calculam-30 _6- Fh a a a= lee Donde b=~-p— Vo +¢@ (29) (30) (81) (32) A expressio numerica das formulas (27) ou (27 bis) 6 a seguinte: in = (4,024y — 0,59 — we) B QUADRO I ef es so | 1.988 | — 0917 0.60 60 | 1.553 | — 0604 070 | 1857 | — 0378 oso | 1.207 QUADRO II o:8| ha | $38 23.57 | 312 ; ; az | size] ass | 76346 | 10.98 20 | 48.69 7.79 | 1939.76 19.15 | 85.99 | 3 (88) Boletim da Reparticgo de Aguas e Esgotos O quadro [ da os valores de % & (formula 28) para espessuras varias desde 5 = 0,50 até 6 = 0,80. No quadro II encontram-es og valores numericos dependentes de y calculados pelas ‘formulas (29), * (80), (31) e (88) para todas as alturas tipicas y = 8, 12, 20, 28 © 36 metros. Com auxilio desses dois foi feito o quadro III que d& para cada altura tipica, os valores de ir e in correspondentes a cada valor da espessura. QUADRO IIr Alturas tipicas y = 8 ms. | 12 ms. 20 ms. | 28 ms, h ln | a In | 4 oy | a by | 050 | gaa jioa7f —| -{ -|- | —|—]|— 060 j a5] ssofaar77/iess] — | — | —| — | —] — 070 | — | — [1454] 14.09] 24.45] 95.99/ 34.27] 97.41] 44.95! 48.73 Por interpolagdo verifica-se no quadro III qual o valor de & para o qual 4 = én = (, Os resultados obtidos sio os do quadro IV: QUADRO IV vf ole laws [o5s4{ 984 | 0.450 0.676 | 14.60 | 0.487 8 12 20 | 0.761] 24.04 | 0.498 28 | 0.787 | 93.94] 0.431 0.795 | 43.60 | 0.430 Vemos que o tipo 28 tem praticamente a mesma espessura 6 oO mesmo talude a juzante do tipo 36, Por esse motivo fica eliminado. Quanto aos outros é recomendavel sacrificar alguma cousa do rigor teorico em beneficio da simplicidade. Com este intuito adotimos para todos os tipos o mesmo talude de juzante e espessuras medidas por um numero inteiro de centimetros. A seguranga contra 0 escorregamento sera sempre satisfoita. A tensdo principal da tragéo a montante poderé ser um pouco maior do que 0.555 ¢ para alturas inferiores a 36 m. porque ficaré sempro muito abaixo do limite permissivel. Em suma as dimensdes realmente 52 Boletim da Reparticlo de Aguas € Esgotos adotédas no projeto sio a8 que constam do quadro V, no qual se pode verificar tambem o valor “da relagio H/V sempre igual ou infe- rior a 0.80. QUADRO V 9.36] 5.16! 1452 | 630 | 796] 0.79 20 [0.76 (15.58{ 8.60, 24.18 | 1570 | 1970| 0.80 36 | 0.80 |2812]15.48} 43.60 | 4760 | 5960] 0.80 Em todos os typos o talude de juzante 6 dado por tg 7 = 0.480 correspondente a j= 23°17’. Donde os seguintes dados numericos que serio usados nos calculos subsequentes, 4 = 0919 = cos 7 ms 0.895 = sen j Aj = 0430 = te 7 Temos assim terminado a primeira phase do calculo do contra- forte. A segunda phase, a seguir, 6 a verificagio das tensdes pelas formulas da Teoria da Elasticidade. 16, Calculo numerico das tensdes em coordenadas ortogonaes. — Resol- vido o sistema de equagées (18) pelo metodo exposto no § 7 foram achadas as seguintes expressdes*numericas para as constantes a, b, Ga: a = — 0.785781 8 — 0.550719 & = — 2.291412 B — 1.246657 © = + 2.054823 B + 0.184876 d@ = — 1.355826 B — 0.353602 Chamemos Nz Ny Tzy &8 tensdes correspondentes a y = 1 m. sobre uma radial (linha passando pelo vertice) que forma o angulo ® com o eixo Oy, Substituindo-se « = y tg® e pondo-se y = 1 nas equagées tundamentaes (10) obteremos, Ne = ctg@ +a N =atgo +o (84) Vey = — (b + A) tg® —e E as tensdes 4 profuudidade y sobre a mesma radial serio: Se = yNr Sy = yNy toy = y Try (85) Nas verificagées das tensdes foram consideradas as quatro radi- aes da fig. 19: OM e OJ que sao os paramentos de montante e do ju- zante © alem dessas as duas intermediarias 01 © 02. A radial 02 6 ver- Boletim da _Reparticio de Aguas e Esgotos tical e 01 6 a mediana do triangulo retangulo MO 2, de modo que as tensdes nos pontos 1 sio a media aritmetica das tensdes em M o em 2. Os valores de fg 6 para as quatro radiaes sfo as seguintes. Para OM: > Oh: > 02: > Od: wy®=— Ki =— 07810 0=-4 m= — 030905 ig®9= 0 = 0.0000 w9= K& = 04301 Substituindo estes valores e os das constantes nas equagdes (84) obtivemos os resultados do quadro VI para as tensdes Nx, Ny @ toy correspondentes 4s quatro espessuras tipicas e respectivos valores de f. QUADRO VI «| — 4.788) — 3.558) — ~ 3.147|— 3.807 ~ —— 4,854! — 4.607|— 2.318 4.467 3.161 i— 0.95: — 5.194 — 2.282 - 4,516] — 3,354|— — 2.999] — 3.631/— — 4.505] — 3.740|— — 4.238] — 3.152| 451 — 3.465|— 2.193 2.975 2.066 | — 054 | — 2.781 |— — o.ang — 4.956} = 2.483] 17. Calculo numerico das gas: BXo, BYo, — $.987| — 3.305|— Substituindo-se os valores conhecidos de x, cosi = i nas formulas (19) achamos: Para o =i + j ¥ 61°17" — 4275 B + 1.3618 ge ra K,= tga — 4 = 0762 k= 20 _— sen 20 gen da HOT te resulta: 2.673 |— 1.966] tensdes em coordenadas potares, — 1,°) Car- Yo, sené = me a = 1.069 tga 1.831 2a 2.138 sen2a== 0.843 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos Fig. 19 Introduzindo og numeros supra nas formulas (20) obtivémos o seguinte resultado: Oo, = — 2,818 (1,881 0, — s,) + 0,894 (1,537 ¢, — 1,831 5) — 2,818 (1,881 e, — s,) + 0,894 8 (4,587 c. — 1,831 s,) tre = — 2,818 (c, — 1,881 s,) + 0,8943 (1,831 c¢, — 1,537 s,) As letras ¢ @ s sao notagdes abreviadas que significam e = 1 + cos 20 8, = 28 + sen 28 e, = 1 — cos 26 8, 28 — sen 20 $= sen 20 Desta maneira as formulas supra reduzem-se 4s seguintes: o& = (— 377 q + 118 s) B 39 = (— 377 e +148 s) B (86) be = (— 118 & + 3,77 8) B 35 Boletim da Repartiggo de Aguas e Esgotos ‘o quadro VII d& os valores de 6;: f, 69: B @ ta: B para as qua- tro radiaes consideradas. Note-se que essas tensdes saio independentes de r e, portanto, constantes ao longo de uma mesma radial. QUADRO VII M 161°17'| 0.464 | 1.586 | 2.981 | 1.295 | 0.843 | +1.77| —4.27] +1.36 44°87’) 1.004 | 0.996 | 2.556 } 0.556 | 1.000 | —0.77] - 3.10] +2.59 23°17°| 1.684 | 0.816 | 1.539 | 0.091 | 0.785 | —5.98| —1.09] +2.36} 0° | 2000! 0 0 0 0 Dando-se agora a B os valores correspondentes 4s quatro espes- suras tipicas obtém-se os resultados constantes do quadro VIII. QUADRO VIII 22 Carga P = 18 8 no vertice Esta carga provoca somente tensdes radiacs dadas pelas formulas (21). Os angulos a e w so: a= i= 38° 0 = 0663 w = 7 = 280 17 = 0.406 oO + w = 61 17 = 1.069 a — w = 14° 53’ = 0,287 Boletim da Reparticgo de Aguas ¢ Esgotos Donde sen (¢ + 2) = 0.876 cos (a + w) = 0,965 Desses dados deduzimos os constantes Z, ¢ Z, pelas formulas (22), achando Z, = 119 Z, = — 119, A igualdade dos numeros 6 ca- sual. Temos portanto, para P = 188: or = — 2h (og 6 — sen 8} Substituindo-se r = mes vem: o = 58 cos ® (cos 8 — sen 9) (37) Os valores de y 6: B sio dados no quadro IX. QUADRO IX 38°0/ 21020" 00’ Destes resultados deduzem-se os do quadros X, que d& os valores de y% para as quatro espessuras tipicas. QUADRO X (Valores de ¢;) 3.°} Soma das tenses polares Os numeros do quadro X divididos por y e somados aos do qua- dro VIII darfo as tensdes totaes em coordenadas polares. 87 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos 18. Tensdes principaes. — As tonsdes polares em cada ponto consi- derado foram convertidas em ortogonaes pelo método exposto no § 11. Essas transformagées so facilitadas por duas particularidades: 1.4) na radial vertical O2 temos 0, = 0, 9 = Ge trp == — Tre, 2.*) na radial OF (paramento de juzante): 6) = trp = 0 © o tem a direcedo principal da serie o1 , sendo 6; = 0. Nesta radial dispensa-se a transformagio bastando somar 5, a0 67 obtido 86 com as tensées Oz, Sy, Tey calculadas segundo o quadro VI. Salvo esta excegio, as tensdes polares transfor- madas 6 somadas 48 obtidas com auxilio do quadro VI, deram as ton- © sdes totaes em coordenadas ortogonaes que se encontram no quadro XI. As tensdes principaes 41 oy, resultam destas ultimas e foram obtidas pela construcio do circulo de Mohr. A mesma construgio, como j4 vimos no § 1, dé a medida do angulo © que a diregao de or faz com o eixo horizontal. O quadro XI di os valores finaes de Gx, Oy Try © de Sr, Ou, & sobre as quatro radiaes consideradas, para profundidades crescentes de quatro em quatro metros e para as espessuras constantes dos qua- tro tipos de contrafortes. Esse quadro contem, portanto, o resultado completo do calculo de verificagéo pela Teoria de Elasticidade. Os li- mites especificados nfo sao atingidos em parte alguma, O ponto mais solicitado 6 0 pé de montante 4 profundidado maxima. Temos af 6; = + 22,7, 62 = — 271,7 ton/m’. Calculando-se a tenséo de com- pressio reduzida com 0 coeficiente de Poisson m = 4 achamos: on = — o7,7 + 222 = o77,4 tonim" Digamos ox = 28 k/cm.’ tensio mixima de compressio simples equivalente 4 solicitagéo composta no ponto mais sobrecarregado do contraforte. Com auxflio dos elementos do quadro XI foram tragadas as linhas isostéticas e as trajetérias das tensdes principaes. Os desenhos respetivos fazem parte do projeto. (Vide pranchas VII, VIII e IX). Foram desenhadas tambem as linhas de maxima e minima resistencia ao escorregamento, (Prancha X). O construtor aproveitard as indi- cages desse grafico para a melhor disposigéo das juntas de servico. As bases dos contrafortes foram projetédas segundo planos ligeira- mente inclinados, subindo na direcio de montante para juzante. Todavia, si for possivel dispdr alguma segundo a linha de m4xima resistencia 20 escorregamento (ou proximamente) tanto melhor, rois 6 essa a disposigio ideal para todas as bases. 19. Armaduras dos contrafortes. — Tooricamente, consideradas as tensdes obtidas pelo calculo, os contrafortes nfo necessitam de arma- duras. Na realidade um leve reforco é aconselhavel e até necessario para compensar nio sémente as restrigdes da teoria como tambem as inevitaveis imperfeigdes da construgdo. Alem dos efeitos da flambagem, 38 Dorragen do fico Prelo =) Trofeclories dos Teneo princijpoes foso Pre Linhoo tostoticos _ Dannten do 2 ® Tenses principoes — ©; (lorelodes por 1’) a 43 fd AN La < 7 Ds mo ae boméen cofaio Po @ ® Linhos Gostalices Tenses principaes A Ox ‘oct por vr’) A\ a TT | | Za fa || — a | Z | yn a ee SS een ae — ee Rorragen do fico Preto linhos de nexina ¢ Ninna resiolencia eo escomeppnento A BEPERTI {AGUES. € ESGOTOS be 3 ee aru PROTOS QUADRO XI [eswessuee| 2807] rewses RADIAES = = epee Gy Paes 974 TRO. al 1-55 7g 080 | 28 mat 2128 Te70_| = Fos — = 2 (ed Fa S 306 {moa —F87 m9 |: iga eas 080 | 32 Ss + MOT +4: = 42 S. “B27 | “287 |e = wi, fas boa L787 : &. bios Enso tia |G 77 | $89" 0.80 | 36 7 egg | eos Ls 288 z © HESTA RAGAL ©, 0, G £FARTE OF 6, i, NAO SE COMPOEM COM O, Boletim da Repartiggo de Aguas ¢ Esgotos que nfo podem ser calculados, alem da discordancia entre as hipd- teses @ a realidade, 6 preciso contar com a possibilidade de pequenos desvios do prumo, ligeiras curvaturas das superticies lateraes, defeitos eventuaes do concreto e da concretagem, etc. Deve-se portanto recor- rer ao reforgo por armadura de ferro como medida preventiva de modo que, alem de melhor amarragio geral, se proporcione aos con- trafortes consideravel resis-tencia 4 flexio lateral. As armaduras do projéto sio duplas rédes colocadas junto 4s duas faces lateraes dos contrafortes. As duas series de barras que for- mam as malhas sao paralelas aos dois taludes de modo que se ajustam quanto possivel 4s diregdes principaes predominantes. Nos dois sen- tidos o espacamento das barras 6 o mesmo, de 25 cm. aproximada- mente. Os diamotros foram calculados para as barras resistirem aos esforgos totaes de tragdo, onde existam. Variam desde 3/4” junto ao pé de montante 4 profundidade maxima até 1/4” suficiente na maior parte da estructura, As barras solicitadas 4 tragdo, onde o mostram as linhas isostati- as, deverio ser ancorados na rocha. Alem das malhas que acabamos de descrever os contrafortes terdo armaduras de maior diametro, nas mesmas direcgdes das malhas, destinadas a transmitir 43 traves do contraventamento as flexdes lateraes em qualquer plano ou, vice-versa, a recebel-as. A quantidade total de ferro empregado nos contrafortes dé uma media de apenas 28 kilos por metro cubico de concreto. 20. Contraventamento. — Todos o8 autores que tratam do assunto recomendam emfaticamente que os contrafortes sejam reforcados por um robusto contraventamento. Estamos de acordo. Nao ha quem nao esteja. Todavia, quando queremos saber 0 como e 0 quanto do trave- jamento lateral, nenhum deles nos favorece com um parecer mais pre- ciso. Ladeiam a quostio e citam exemplos ilustrados por desenhos de Projetos construidos com pleno sucesso. Mas, si observamos e compa- ramos esses desenhos, a nossa perplexidade aumenta em vez de dimi- nuir porque os sistemas empregados variam de uns para outros sem conta nem medida e de tal forma que nos sentimos incapazes de dis- cornir um criterio dominante qualquer que tenha orientado os diver- 808 projetos ilustrativos. . . E melhor ser franco e confessar lisamente que nfio sabemos nada sobre 0 caso, pelo menos até esta data. Eo caso 6 desses que se resolvem, sem sombra de falsa ciencia, pelo mais grosseiro empirismo. O sistema por nés adotddo, sem a pretensdo de termos feito melhor nem peior do que os outros, 6 bastante simples. (Vide pranchas II e IV) Os contrafortes de igual espessura sucedem-se aos pares. Os dois con- trafortes de cada par so rigidamente amarrados um ao outro por traves engastadas nas extremidades, as quaes atravessam os contra- fortes prolongando-se do lado oposto em consolos. Entre dois pares rigidamente ligados, as traves engastadas sic substituidas por arcos cujas extremidades se apoiam sobre esses consolos por articulagdes. . - < = = > s = 9 = . * PEQFIL ea fea Pur cf (Beraden). sus : —mss ct LAGE IAMLANICO an we “Saaspye ele —-. tw —| 4; it / 4 + Possad {Go Rae Mn ¥ Ome re i on dean. TT aH iss ecm apap a aes ae a a = Ny 2 " VIGNE AIOIADAS >. VIGAR tMOAaT ADAG Sa 30 09 C . ORs tee LONGITUDINAL ! ‘el wpe BE $$, Fart)4 6 2¥¢ ka» 596 q = \ ya . (a:9)4 0) nfs fre) apt ke B- 86 BVA BIE Te Go eg a eee 75H eS x2) tia ce md Dorroe Zn ao Dew) Prelo Detcthe deo omociros x Conlraforte Boletim da Repartigio de Aguas ¢ Esgotos ‘Traves e arcos acham-se dispostos em linhas paralelas aos taludes, sobre os nés de uma dupla rede de grandes malhas que 6, por assim dizer, o suporte das descritas no paragrafo precedente. | ‘As linhas horizontaes de contraventamento distam 7.20 mts uma da outra. Traves e arcos foram calculados para resistir a uma carga distribuida de 60 ton. em cada clemento. Poder&o portanto ser utiliza- dos, depois do sazonamento regulamentar, como suportes dos andaimes e formas necessarios para a construcao da cortina. Alem da carga supra-dita, foi considerado no caloulo dos arcos de duas articulagdes o efeito de uma variagdo de temperatura de + 15°C. _ As armaduras das traves engastadas foram dispostas de modo que se obteve uma grande resistencia 4 flexio nio s6 no plano ver- tical como no horizontal tambem e, portanto, em todas as diregdes. 21. Sapatas de Fundago. — Nas espocificagdes de estabilidade ficou determinado que onde se tenha 67 > 15 k/om’, os contrafortes terdo sapatas de largura suficiente para reduzir a pressio sobre o solo ao limite permissivel. Nos desenhos do projéto vemos o modo pratico pelo qual foi sa- tisteita essa norma. (Vide prancha III) O alargamento das sapatas dé-se por degraus de 0.10 de largura por 0.50 m. de altura. Desta maneira a flexio da parte em balango provoca tensdes do concreto sempre abaixo de 2 k/em’., tragéio ou compressio, 0 que permite dispensar-se qualquer reforgo de ferro. Até uma profundidade de 17.50 m. nenhum alargamento da base 6 neces- sfrio, Daf para baixo, conforme as indicagdes do desenho, vace-se acrescentando um ou mais degraus de sapata de cada lado até o me- ximo‘de quatro degraus 4 profundidade maxima y = 86m, h = 35 m. PARTE III Orgaos Complementares 1. Flancos da Barragem.—Como foi exposto na Parte I, a superficie da rocha ndo se levanta nas hombreiras até o nivel maximo de repre- samento. Em ambas fica 8 a 9 metros mais baixo. Para se obter a perfeita vedacio dos flancos, os contrafortes extremos prolongam-se 20 2 30 metros dentro das encostas sob forma de massigos cuja seccio transversal, comegando igual ao perfil dos contrafortes, passa grada- tivamente 4 forma retangular das pilastras que suportam 0 coroamento. Desta maneira os contrafortes extremos se transformam em muros de vedagao (core walls) de pequenas represas de terra que, encravando-se nas encostas, prolongam a barragem de concreto armado sem solugio de continuidade. Os massigos dos flancos, tambem chamados “alas”, recebem as Jages extremas da cortina diretamente e néo mais por intermédio de « 6 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos consolos. Esses massigos devem ficar completamente enterrados. O re- enchimento das cavas deve obedecer 4 técnica da construgdo de re- Presas de terra, no que se aplique a0 caso. Especial cuidado 6 necess4- rio na escolha ¢ manipulagaio do material empregado no reenchimento da parte de montante que deve ser composto de argila impermeavel e colocado em camadas muito bem comprimidas. 2. Tomada d'agua. — Entre dois contrafortes, mais ou menos na situacdo do letto atual do Rio Claro, a parte inferior da cortina e con- solos 6 substituida por um bloco de concreto que serve ao mesmo tempo de suporte e de protegdo ao tubo de ferro fundido da tomada dagua, de 1,25 de diamentro. (Vide prancha V). A entrada, na céta 842 aproximadamente sera protegida por um aparelho de crivo e grade. E’ digno de consideragao o dispositive articulado oe flutuante, 0 qual poder4 ser facilmente adatSdo ao projéto com a vantagem do se re- colher a agua sempre a pouca distancia da superficie. Sobre 0 bloco da tomada, logo a saida da barragem, o tubo de 1.25 tem um registro geral. Féra do intervalo entre contrafortes 0 tubo de tomada ramifi- ca-se em tres, de 0.80 de diametro, que serao postos em funcionamento sucessivo até se completarem as tres etapas previstas no projeto de adugdo do Rio Claro, Em consequencia da forte oscilagio do nivel d’agua do agude, o escoamento pelos tubos de tomada se faré com grande excesso de pres- sao quando o Jago estiver cheio. Por esse motivo, entre os tubos de tomada e o aqueduto sera interealada uma caixa de testa destinada a quebrar 0 excesso de carga e, ao mesmo tempo, dar saida 4s sobras atravez de um vertedor, donde seréio encaminhadas por canal empe- drado até 0 leito do rio, Os tubos de 0.80 terdo cada um sua entrada independente na caixa. Cada uma das tres ontradas sera munida de seu registro (ou comporta) e seu competente regulador de vasio. E” preferivel que os reguladores sejam de agio diréta, isto 6, acionados automaticamonte pela propria pressio hidrostética disponivel no acude. 3. Descarga ¢ ladrao. —- O dispositivo acima descrito permite desear- regar parte do volume do agude pelo aqueduto e pelo vertedor da caixa de testa. Todavia sua capacidade 6 limitada. Para esvasiar gran- des caudaes funcionaré o tunel lateral de descarga, projetédo pela 8. R. C. Esse tunel, de 2.50 de diametro, todo excavado na rocha, seré concluido antes do inicio das obras da barragem, para se obter o des. vio das aguas do Rio Claro que para af serio encaminhadas por meio de duas pequenas represas de terra provisérias. Um pogo aparelhado com comporta, emergindo féra da area inundavel, permitiré regular a descarga de modo conveniente, podendo-se por esse meio impedir a sobrelevagio do nivel d’agua acima do maximo prefixado. Embora. seja minima ou nenhuma a probabilidade de que tal suceda, haverd todavia outro orgam para impedir com absoluta seguranga a submersao da barragem, em caso de emergencia. Esse orgdo 6 0 ladrao ou san- gradouro, instalado sob a forma de vertedor de concreto na garganta ° 62 meee ent 2» aanoant os Roun viva 2 CONTRNONE 3 PLR TN Rebs C&(ALA 1:25 foroda, PORNO REPARTIGIO TALS ESBOTOS 0€ 1 SO PAULO pou Boletim da Repartipio de Aguas e Esgotos do c6rrego da Crista. Por af serd langado na vertente marftima qual- quer excesso do volume que por outro modo nfo encontre saida para fora do agude. Pode-se afirmar entretanto que esse caso sera raris- gimo e excepcional. PARTE IV Medigses — Conclusio ® — Qs quadros anexos demonstram as quantidades de material me- didas sogundo os desenhos do projéto. Natural serf que as medigées finaes da construgio acusem resultados um tanto diverso porquanto © conhecimento compieto da superficie da rocha, do qual tudo depen- de, s6 se obteré depois de abertas as excavagdes. Todavia uma ava- liagio prévia tio aproximada quanto possivel 6 de grande utilidade para a organisagio antecipada da construcio e, principalmente, para 88 poderem comparar as diversas solucdes estudadas, quanto ao custo final da obra. ‘Tres sdo 03 projétos ou ante-projétos até agora estudados: Bar- ragem massi¢a de concreto simples, pelos engenheiros Nadruz e Cer- ruti — Barragem de poncreto armado em arcadas, pela Companhia Construtora Nacional — ¢ Barragem tipo Ambursen, que 6 0 presente. O quadro seguinte resume os resultados das medigdes dos tres projétos. Bxeavagio Tipos da mo Barragem Gonereto | Ferro Rocha m ton. Rocha Terra {Decomposta| Viva Massign | 78195 25766 | s7600 | - Ambursen Aroadas | ane | 52687 err | 31881 | so meatao 160.258 6150 | so7ao | 1516 Antes de comparar esses resultados 6 indispensavel fazermos al- guns comentarios e observacdes porque as tres medicdes no obede- ceram a um 86 criterio e no foram feitas em igualdade de condigées. Assim, quanto 4s excavagées, nota-se que a barragem massiga e a do tipo Ambursen dao totais aproximadamente iguais: a primeira 247000 e a segunda 250580 m*. Entretanto variam muito de uma para outra as parcelas referentes 4 qualidade do material, terra, rocha de- composta, rocha viva. A divergencia 6 devida aos diferentes modos de interpetrar 03 resultados das sondagens por criterios pessoais diferentes. A barragem em arcadas da entretanto um total muito diverso ¢ muito menor, 99300 m’. para as excavagées. A razio 6 que a Com- 63 Boletim da Reparticfo de Aguas e Esgotos panhbia autora do ante projéto considerou desnecess4ria uma excava- ga0 completa nos vaos entre contrafortes. Admitiu que o espacamento de 15 metros era bastante grande para permitir a permanencia daro- cha decomposta e terra em blocos de 10 metros de largura, nos inter- valos. As paredes lateraes de taes blocos seriam verticaes. Somos de opinido que esse sistema de excavacao se baseia numa confianca exa- gerada na consisténcia e na continuidade da rocha decomposta. Este material, a nosso vér, encontra-se em fragmentos, de mistu- ra com terra, ¢ dificilmente poderé manter-se estavel em cortes verticaes. Portanto, feitos os taludes necessdérios nas paredes lateraes, os bl6écos entre cantrafortes teriéo que desaparecer praticamente por com- pleto. Ent&o o volume total excavado nfo sera inferior ao dos outros dois projetos. Em igualdade de condigdes 0 volume de excavagdes ger4 quasi 0 mesmo nos tres casos em aprego, variando pouco em tor- no de 250000 m*, um pouco menos para a barragem massica, um pouco mais para a barragem em arcadas, na razio dos comprimentos das bases. . Quanto ao volume de concreto, cumpre observar que os projétos da barragem massica e Ambursen abrangem a mesma extensio do vile, 350 metros, mais uns 60 m. de alas, ao passo que o projéto em arca- das s6 considera 300 mts. de barragem sem alas. Alem disso o pro- jéto do tipo Ambursen prevé uma altura maxima de 35 metros da rocha ao nivel d’agua, quando os dois outros admitem 86 33.50 m. No projéto massico primitivo a altura maxima estudada nfo ia alem de 28 metros. Na medigao, o perfil foi prolongado verticalmente até 33.50, quando o prolongamento deveria seguir a inclinagio do ta- lude de juzante. Superpondo-se os perfis longitudinaes dos tipos em arcadas e Ambursen nota-se que as alturas do primeiro sio em regra geral um a dois metros menores do que no segundo. Corrigindo-se essas dis- crepancias e reduzindo-se as medigdes a condigdcs iguaes, a compara- go dos tres projetos dé resultado francamente favoravel ao tipo Am- bursen. Comparando-se primeiramente os dois projétos de barragem de elementos miltiplos, consideraémos para ambos a mesma extensio do tipo em arcadas com as alturas do tipo Ambursen. Nestas condigdes o volume total de concreto sera nos dois casos: Arcadas -..---.- 83400 metros cibicos, Ambursen -- 32900 > > A quantidade de ferro nfo foi medida no projeto em arcadas. Entretanto nao ser4 inferior 4 do tipo Ambursen. De fato os contrafor- tes do primeiro acusam tensdes de tragdo de 6,6 k/em’. ao passo que as de nosso projeto no vao alem de 2,2. Resulta que as armaduras no projeto em arcadas (que nao foram determinadas) deveriam ser em cada contraforte o triplo das correspondentes no tipo Ambursen, por. tanto cerca de 500 ton, s6 nestas pecas de estrutura, levando-se em 64 © TERRA excavagio aanbaaen 20 [mac BRCORPALTA| ROCK VIVA voLuwe DE CoMeRETO BARRAGEM Bo Poco PRerTo v BARRAGEM DO POCO PRETO © QUADRO DA FERRAGEM ORTINAS. ONSOLOS ONTRAVE! TOS ‘T-ESPOn NAT 967" TOTAL aT TT 34 | | ST r Tee DE TONLE Det Se TOM ee neal cos 2739) 070265 | 2884 ozato| ze] wane [ene | 7a) wna] Hayat 712 | roe] werna|netag jean e| rae] ees] zese|yaGA| os anue| ern 7 | 1908 [7726] waKe [ome [en] o> [ss sma] HD] 7 o| 70. [e730 SA Boletim da Repartigfo de Aguas e Esgotos conta o maior espagamento. Vemos, portanto, que, em igualdade de condigdes, os dois projetos em elementos miltiplos seriam praticamen- te equivalentes, quanto 4s quantidades de material, com a vantagem das formas planas a favor do tipo Ambursen. Entretanto as razdes decisivas da preferencia por este tipo sao as que j4 foram expostas na Parte I. Comparemos agora o projeto do tipo adotado com o da barragem massiga. Em condigdes iguaes os volumes de concreto seriam: Barragem massica 94000 metros ctibicos Barragem Ambursen 40000» > A barragem de nosso projéto emprega portanto 43,5%, menos da me- tade, do volume de concreto que seria necessério para a do tipo massigo ‘A diferenga de 54000 metros cfbicos 6 bastante eloquente para dis- penger comentério mais extenso. Vejamos todavia, grosso modo, qual a economia que representa a preferencia pela barragem de concreto armado. © total de ferro de nosso projeto 6 de 1516 toneladas. Em 40000 metros cubicos, isto equivale a 38 kilos de ferro por metro ciibico de conereto. Pelos pregos atuais um tal concreto armado custard, inclusi- ve formas. com as dosagens previstas, cerca de $20$000 o metro cibi- co. Na barragem massiga 0 concrete mais pobre, inclusive formas mais simples, ficaré aproximadamente em 180$000 por metro cubico, Donde 180$000 % 94000 = 16.920 contos de réis 320$000 X 40000 = Diferenga > >? Este resultado, conquanto apenas grosseiramente aproximado, vem confirmar a previsio da Secgio do Rio Claro da qual se originou este projéto que, de outro modo, jamais teria sido ordenado pela Diretoria da R.A.E. Nao abordaremos com mais detalhes a questdo dos precos unité- rios que pertence de direito 4 Seceiio de Construgio, bem como outros assuntos de sua exclusiva competencia. Todavia, para finalizar e por- que para isso dispomos de dados seguros, nao deixa de ter algum inte- rease avaliar com alguma aproximagio quanto custou ao governo do Estado a elaboragio deste projéto que yealisaré, segundo a previsio que o determinou, uma economia de 4000 contos ou mais numa obra de 14 a 15 mil contos. Para um particular que o contratasse com en- gdbheiro capés de faze-lo com a devida competencia, um trabalho da mesma importancia, custaria 2 a 8% do valor da obra, isto 6, no mi- nimo trezentos contos. Nao faz muito tempo a Prefeitura da Capital despendeu 75 contos de premios num concurso de ante-projétos para o novo Viaduto do Ch4, cujo valor 6 de 5 mil contos mais ou menos. O proprio Governo Botetim da Repartigfo de Aguas e Esgotos do Estado j& tem pago a particulares importancias de mais de 100 contos por projétos de ediffcios pdblicos de nao maior valor. Tratando-se, porem, de projéto élaborado por engenheiros fin- sionfrios do Estado, como 6 o da Barragem do Pogo-Preto, verifica- se que a importancia realmente gasta pelo Governo com o projéto 6 impressionantemente menor. Somando-se os salirios do engenheiro che- fe, de tres engenheiros ajudantes e os dos desenhistas, durante todo o tempo que durou a elaboracao deste projéto, obtem-se um total de 36:800$000 que fica reduzido a 29:8508000 considerando-se que esses funcionarios trabalharam nos seus servigos ordinarios, dedicando ape- nas 75 % do tempo aos trabalhos do projéto. Somem-se ainda 1:0008000 de sobretempo pago ao eng.” chefe e, digamos, 1:1508000 de materiaes e acharemos o total de 32 contos de réis, isto 6, um décimo do que receberia um particular por um projéto de importancia equivalente. Deante desse resultado torna-se dificil acreditar que o Estado consiga ter a seu servico ongenheiros realmente capazes de produzir trabalho aproveitavel. Eis porque encerramos esta exposigéo reite- rando o mesmo apelo com que a comegamos. Desejavel 6 que os com- Ppetentes nos favoregam com suas doutas ligdes, remediando-nos desse modo a not6ria insuficiencia, numericamente comprovada, e habilitan- do-se ao mesmo tempo 4 piblica benemerencia. RESUMO GERAL DO CONCRETO ARMADO R= 1WOKG/ | R= 150K) R= 160 KH MATERIAL | contrafortes | cortina ~—_|eontravent.tr.| TOTAL fundagdes | consdlos |“ pasaadigos massicos esporiio Jcono, simp, 8278| ‘cone. simp, 8278 CONCRETO |", ‘arm. 17053) 19251 41198 | > arm, 31503) Mts.t 25331 FERRO Tons, 875 212 RELAGAO apna 2 aePer? I econ, 2 , APENDICE Deformacées do Cortraforte Triangular 1. — A Teoria da Elasticidade ensina o método geral do célculo das deformagdes, aplicavel a todoe os casos. Vejamos resumidamente o modo de aplical-o no caso de um estado elastico plano, ou a duas dimensées. Sejam ue v os deslocamentos ortogonaes do ponto de coordenadas 2, y. Supdese que u, © », bem como suas derivadas pri- 68 Botetim da Repartigio de Aguas e Esgotos meira © segunda, sio fungdes continuas de z, y. Entio as deformagdes proporcionaes nas diregdes dos eixos Oz, Oy, serio &< = ze bi ° ey &y = ey e a distoroio do elemento drdy ser Yey = 3 So es Em virtude da lei de Hooke temos, porém: Ht, = 62 — v0, Ee, Oy — V6 Erey = 2(1 + 0) tey sendo ¥ o coeficiente de Poisson. Para o concreto v = 1/4. No caso dos contrafortes, desprezadas as pequenas cargas P, Xo 0 Yo, aa tensdes sio dadas pelas equacdes (10). Substituindo aquelas ex- Dressdes de dz Sy @ ty obtemos: Eee = § PH = — va) 2 +d — wy Be = BE = 24 Ody EYzy (Bu do\ (2 + 2) =- 26490 42-204 9e Ponhamos, para abreviar: eo ta =u a—w=a d—vwb=d, b~ vd=b, —244+96+N=h 24+ 07e=6, As equagdes precedentes escrever-se-Ao: Ee ont dy or Boy = aet by @ a a(R + 3) =— be ay Integrando as duas primeiras temos: Bua fet ae + Aw 4 (6) Ev = aay + z y+ f (2) sendo f, e f, fangdes arbitrérias determinadas pelo processo seguinte. Derivemos a primeira (6) em relagio y, a segunda em relagio a 2, somemos os resultados e igualemol-o ao 2° membro da ultima (a), Obteremes entio: 67 Boletim da Reparticéo de Aguas ¢ Esgotos 3 by dye + 26D + ay + RO = — ne — ow Separando as variaveis e integrando, resulta: fy) = — ES yt + Hue fl) = — Eat + Boe onde to e % sio constentes, Substituindo essas expresses nas eq. (b) chegamos a0 resultado procurado: Eu = Sat + doy SES yt Bue Boa Ft et asy + By + Bo & Eta = — bat oy Vemos que toe ¥ so os deslocamentos do ponto O (2 = 0, 4 = 0) iato 6, do vertice superior do contraforte, Tomemos como ponto de referencia das deformagées 0 pé da vertical passando pelo ponto 0, 4 profundidade maxima y = yo. Para t= 0 y = Yo deve- remos ter, entio, w = v = 0. Substituindo esses valores nas eq. @ tiramos: @ 2, — Propomo-nos representar num desenho as deformagées do contraforte ampliadas m vezes, de modo que si , y 8i0 a8 coordena- das do certo ponto antes da deformagio, suas coordenadas depois da deformac&éo ampliada sejam: =a2+ nw n=y + nv Consideremos, por exemplo, uma radial fazendo o angulo 8 com a vertical. Sua equacio 6 z = ytg9. Substituindo-se esta expresso nas eq. (c) resulta, para o ponto de ordenada y da radial considerada: Eu=%(0)y* + Buo | © (e) Ev = 9.@)y° + Evo 68 Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos onde 9,(8) e 9; (8) si0 notagdes abreviadas: (0) = 2 ug'8 + dytg9 —uge “ 9,0) = — ath 19° + atg® + & As coordenadas da radial deformada 7 vezes serdo, portanto: B= yg + a 20) af + tio @ Eliminando-se y entre as equagdes supra obteriamos a equagio da radial deformada, que 6 do quarto grau. Esta operacaio, porém, né&o nos interessa porque é mais facil construir a curva por pontos por meio das 6q., (¢) dirétamente. 8. — Vamos aplicar o método acima exposto 4 representagiio das deformagdes do contraforte tipo 36, com a espessura 5 = 0.80. Os dados numéricos iniciaes sio os seguintes: B = 1,207 A= 238 v = 0,25 a = — 0,785781B — 0,550719 = — 1,499 b 2,2214128 — 1,246657 — 3,928 e + 2,054823 8 + 0,184876 = + 2,665 d@ = — 1,3558268 — 0,353602 = — 1,190 Donde se deduz: & =e — va = + 3,040 a= — 2,165 d, — 1,008 b = b — vd = — 3,430 b = 24 + )G + A) = — 4070 c = 2(1 + ») 6 = 6,662 Com os dados supra calculémos os valores de 9,(8) e 9.(8) refe- rentes 4s quatro radiaes. anteriormente consideradas no cflculo das tensdes. Os resultados constam do quadro seguinte: tg6 — 0.781 | — 0.3905) — 0.000 | — 0.430 9.(8) | — 0.582 | — 1,623 | — 2.248 |} — 2.401 (8) | — 1151 | — 0483 | — 1.715 | — 2178 Roletim da Repartiggo de Aguas ¢ Esgotes ‘Vamos calcular agora os deslocamentos nw, nv dos pontos sobre as quatro radiais a profundidades 0, 4, 8... . 36 me. Ponhamos 2 = 2000000 ton/m* n = 100 E:n = 20000 ton/m* Com x = 36 m. Euto= ute vi = 2248 X 96 = 2913,408 | Ew = — ae = L715 X 86% = 2.222,640 Temos portanto, para os valores de nu e nv em centimetros: : 8) = vue + 146 = ¥%@) nv = ~o09 + 11. Por estas f6rmulas, com auxilio do quadro anterior, calcularam- se og valores constantes da tabela seguinte, os quais serviram para se tragarem as radiais ¢ horizontais deformadas 1000 vezes na figura 20, onde og nu e mv foram medidos em verdadeira grandeza. (*) (*) Essas medidas réferem-se a0 desenho original. A figura 20 6 uma redugio. Boletim da Repartigio de Aguas e Esgotos n= 100 E = 2000000 tim’ 0 4 8 12 16 20 py 28 32 36 O calculo nfo d& as deformagdes absolutas, isto 6, referidas a um ponto fixo do mundo exterior, sinfio apenas as relativas a um ponto do préprio sélido, no caso o pé da vertical que passa pelo vér- tice superior do contraforte tedrico. Essas deformagdes relativas podem portanto ser medidas sem maior dificuldade © seré interessanto fazel-o para se verificar até que ponto a teoria concorda com a realidade, a

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