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c) No dia seguinte, como eu estivesse preparado para descer, entrou no meu quarto
uma borboleta, to negra como a outra, e muito maior do que ela(..) A borboleta, depois
de esvoaar muito em trono de mim, pousou-me na testa. Sacudi-a, ela foi pousar na
vidraa; e, porque eu a sacudisse de novo de novo, saiu dali e veio parar em cima de um
velho retrato de meu pai. Era negra como a noite. O gesto brando com que, uma vez
posta, comeou a mover as asas, tinha um certo ar escarninho, que me aborreceu muito.
Dei de ombros, sai do quarto; mas tornando l, minutos depois, e achando-a ainda no
mesmo lugar, senti um repelo dos nervos, lancei mo de uma toalha, bati-lhe e ela caiu.
d) Decidi abandonar meu marido. No posso mais viver com ele. Talvez ele no se
incomode muito com isso, no creio que ele goste de mim. No somos sequer amigos,
no sentido trivial da palavra. Ele no se interessa pelo meu bem estar, no quer saber se
eu estou feliz ou infeliz e quando estou doente me trata com impacincia, como se eu
tivesse cometido algum crime.
f) Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha me morreu. Dormia no meu
quarto, quando pela manh me acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram
gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava
cheio de pessoas que eu no conhecia. Corri para l, e vi minha me no cho e meu pai
cado em cima dela como um louco. A gente que estava ali, olhava para o quarto como
se estivesse em um espetculo. Vi ento que minha me estava toda banhada em sangue,
e corri para beij-la, quando me pegaram pelo brao com fora. Chorei fiz o possvel
pra livrar-me. Mas no me deixaram fazer nada. Um homem que chegou com uns
soldados mandou ento que todos sassem, que s poderia ficar ali a polcia e mais
ningum.