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Jorge Adoum (Mago Jefa) GRAU DO APRENDIZ E SEUS MISTERIOS 1° GRAU Fitora Pensamento sions wn eet ed ae Sumario Uma verdade que fere. 11 istoria da maconariz . 15 A iniciagio .. 28 A iniciagaéo egipcia e sua relagdéo com o homem.. : . 32 A iniciacao hebraica e sua relagao com 0 homem... 53 A iniciagao cristae sua relagio comohomem 63 A iniciagdo magénica e sua relagéo com 0 do verbo ou o poder das letras que deve aprender e praticar 0 aprendiz. Os deveres do aprendiz. O que deve aprender o aprendiz.. : O aprendiz deve aprender o mistério da dualidade... , Oaprendiz deve aprender e praticar o mistério da trindade... Bibliografia.. ‘Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrOnico ou mecinico, inclusive fotocdpias, ravages ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissio pot escrito, cexceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas criticas ou artigos de revistas. Capa: Rosana Martinelli Projeto grafico e diagramagio: Verba Editorial Revisio de texto: Gabriela Morandini e Adriana Moretto Dados Internacionais de Catalogagao na publicagao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) [ —Rdoum, Jorge, 1697-1958. Grau do aprendie seus mistrios, 1° grau Jorge Adoum. — Sao Paulo : Pensamento, 2010, — (Colegio Biblioteca Macénica Pensamento) 21% reimp. da 8 ed Bibliografia ISBN 978-85-315 277-4 1, Magonaria 2. Magonaria — Rituais . Titulo. IL Série. 10-06716 DD - 366.12} Indices para catélogo sistematico: 1, Maconaria : Rituais : Sociedades herméticas 366.12 2, Rituais : Magonaria : Sociedades herméticas 366.12 O primeiro niimero a esquerda indica a edigio, ou reediga0, desta obra. A primeira dezena & direita indica 0 ano em que cesta edigio, ou reedicao, foi publicada. Ano Edisio 21-22-23-24-25-26- 10-11-12-13-14-15-16 jem Direitos de tradugio para a lingua portuguesa aadquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA. Rua Dr. Mario Vicente, 368 - 04270-000 - Sao Paulo, SP Fone: 2066-9000 - Fax: 2066-9008 E-mail: pensamento@cultrix.com.br hutpi/wewpensamento-cultrix.com.br : {que se reserva a propriedade literaria da tradugio. Foi feito o depésito legal. EE ee Dedico esta obra & Ben-. Aug-. Resp-. e Sub.. Loj.. Cap-. Antenor Aires Viana Fraternalmente O Autor 1. Uma verdade que fere 1. Leitor: se vocé tem o ardente desejo de ingressar na Augusta Instituigéo Magénica e de converter-se num de seus membros militantes, vocé deve se perguntar: en- trou a Maconaria em mim para que eu possa entrar na Magonaria? . A resposta a esta pergunta sera uma luz que pode lhe esclarecer e conduzi-lo no caminho para a Verdade. Por- que, se nao possui, antes de tudo, o Espirito Magénico, para nada lhe servird o seu ingresso em suas fileiras. 2. A Magonaria era, em tempos passados, uma Ins- tituigéo Hermética, em todo o sentido da palavra; mas, hoje, a Maconaria é revelada para todo o mundo. Em qualquer livraria se encontram folhetos, revistas ¢ livros que falam, interpretam e comentam os ritos e ceriménias da Ordem. Todo o mundo acredita que sabe de Mago- naria como seus préprios adeptos, e ha também muitos macons levianos, inconscientes os perjuros que tém di- vulgado ao ptiblico os chamados segredos magénicos, e assim, segundo os profanos ¢ 0s iniciados, ja nao podem existir mistérios na Magonaria. A esses ineptos vamos desiludir!... iB BIBLIOTECA MAGONICA 3. O Catolicismo Romano se impée 4 multidao por um segredo que o proprio Papa ignora. Este segredo € 0 dos Sacramentos. Quando os Gnésticos, isto é, os Conhecedores do Segredo, os Esotéricos, quiseram vulgarizd-lo ou des- cobrir o Segredo, langaram pérolas aos porcos ¢ estes se voltaram contra eles e os aniquilaram, pois a vulga- rizacio de um mistério 0 converte em doutrina irrele- vante. Mas, desgragadamente, quando os porcos condena- ram os Gnésticos, condenaram também a Porta da Sabe- doria Oculta e perderam suas Chaves. Os Templarios buscaram as Chaves Perdidas, e os Templarios foram queimados vivos. 4, Certa vez um sébio maometano me dizia: “Nunca pertencerei a uma religiao cujos figis comem a seu Deus”; tive que dizer-lhe que tinha razao. O maometano nao me chamou a atengao com suas palavras, porque ele nunca podera sentir o significado do mistério, mas 0 que admira a ignorancia dos proprios magons a respeito das bases fundamentais da Maconaria. 5, A Maconaria é poderosa e prevaleceré no mundo pelo seu terrivel SEGREDO, tao prodigiosamente guarda- do que mesmo seus mais altos iniciados 0 ignoram. 6. Uma vez em Loja disse um adepto: “Somos Ma- cons, mas nao brilhamos’. Os irmios pediram explicagao 12 daquela frase, mas ele sorriu e disse: “Se a Luz em nds outros sao trevas, como seriam as préprias trevas?” Ao dizer, tocou a fronte. Todos os presentes olharam-se ¢ tal- vez por educa¢ao nao o chamaram de louco. 7. Nenhum ser tem o direito de chamar-se de “Ma- com” porque ser magom é ser Super-homem iluminado, que segue o caminho da Verdade e da Virtude, fazendo delas carne de sua carne, sangue de seu sangue, vida de sua vida. 8. O que mais entristece é 0 desejo de passar rapida- mente de um grau a outro, como se 0 desejo de aperfei- goar-se estivesse sujeito a certos graus limitados e outor- gados pelos homens. Ninguém mais quer recordar que os trés anos de “Aprendiz” sio o simbolo do triplice periodo que marca- r4 as etapas dos estudos, do siléncio e do progresso, como veremos depois. 9. O grande objetivo da Magonaria é 0 despertar do poder latente que se acha em cada ser, converter © ho- mem em Deus consciente de sua divindade sem limita- bes e diividas. O Macom tem que trabalhar inteligentemente para © bem dos demais. Seu esforgo tem que ser dedicado ao progresso universal. Deve ajudar 0 Grande Arquiteto do Universo em sua Obra. © Macom deve construir e aprender por suas pro- 13 ‘@ BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO prias experiéncias, sem apoiar-se nos demais; ele tem que dar sempre sem esperar recompensa. 10. O Aprendiz tem o Mestre externo por guia na Senda até encontrar seu proprio Mestre Interno e ver sua propria luz em seu mundo interior. Conhecer a Verdade e praticar a Verdade ¢ 0 caminho do Magom e de todos os homens. 4 2. Histéria da Maconaria 11. Outro problema que ocupa a mente dos Magons € preocupa os historiadores e as religiGes é a origem da Magonaria. Para os Macons, a Historia da Fraternidade se perde na “noite do passado” Outros, com linguagem simbdlica, dizem que Deus ou o Grande Arquiteto do Universo ini- ciou Adio, no Paraiso, na Maconaria. Quando os inimigos da Ordem ouvem estas palavras simbélicas, riem-se a gosto, como se riu Voltaire quando descobriu que a palavra “Querubim” significa “Touro” e que este Querubim ou Touro guardava a Porta do Paraiso com espada de fogo. 12. A Maconaria tem uma historia profana e outra iniciatica, isto é, um aspecto exterior e outro interior, como todas as religides. A parte exterior é para os profanos, enquanto que a interior é para os iniciados que estéo amadurecidos para recebé-la. A parte mistica (de misto, segredo, mudo) € essen- cialmente iniciatica, isto é, quando a consciéncia chega 15 4 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO. ao seu desenvolvimento, pode entao entender o mistério, reconhecé-lo, senti-lo e realizd-lo. Os profanos que esto fora do Templo tém diferentes religides, dogmas e ensinamentos, porém, para os inicia- dos nao pode existir mais do que uma sé e tinica religiao: ARELIGIAO UNIVERSAL DA VERDADE, que abarca em seu seio a Ciéncia e a Filosofia. De maneira que a doutrina interior é diferente da exterior. 13. Todas as religides exotéricas sio imperfeitas e in- completas; por tal motivo existem as lutas religiosas. A religio que luta para subsistir nao pode ter a Verdade, porque a Verdade nao necessita do fanatismo para preva- lecer, Como os homens nio tém todos a mesma evolucao, foi necessario dividir ou estabelecer em cada religiao duas partes: uma externa e outra interna ou secreta. Nao temos que falar sobre as religiGes externas por- que estas esto ao alcance de todos, pois toda pessoa se acredita um tedlogo para defender sua religido, mas, de- vemos levantar o véu das esotéricas e seus mistérios. 14. Os mistérios ou segredos foram instituidos por todos os povos conhecidos na histéria: China, Egito, Cal- deia, India, Arabia etc. Todos os diferentes povos da terra tiveram suas ceri- ménias, seus mistérios religiosos e seus simbolos divinos. Também a religido crista, 4 semelhanga das pagas, teve seus mistérios. Jesus falava por pardbolas ao povo, e dava a seus dis- 16 ® WPLIOTECAMAGONICA PENSAMENTO. cipulos o ensinamento interno ou esotérico. Os Sacra- mentos sao os simbolos daqueles mistérios revelados por Jesus, e eles foram praticados no Oriente e Ocidente pelas religides anteriores 4 do Salvador, que disse: “Eu vim para dar cumprimento a LEI e nao para aboli-la’. Nesta pequena exposicao nao se pode tratar muito da historia profana da Maconaria, porque, além de ser um tema muito vasto, houve milhares de historiadores que tomaram a seu cargo este trabalho. 15. As Instituigdes Secretas existiram em todas as épocas einagées. As mais conhecidas Fraternidades na antiguidade foram os Essénios, entre os hebreus; os Te- rapeutas do Alto Egito; os Yogues, da India. As Escolas Filoséficas foram a Vedanta, na India; a Pitagérica, a Pla- ténica ea Eclética ou Alexandrina, no Ocidente Helénico. Todas elas tiveram seus mistérios e todas elas prestaram algo de seus ensinamentos 4 Maconaria. A Escola Pitagérica tem uma relagao muito acentua- da com a Magonaria. Os discipulos chamados “Ouvintes” eram submetidos a um extenso periodo de noviciado, como no grau de Aprendiz, observando um siléncio ab- soluto e praticas de purificagdo, que os preparavam para a iluminagao, e entao é que se lhes permitia falar. A Escola Platénica também exerceu importante papel na Instituigdo: “Ninguém entra aqui se nao conhece Geo- metria’, alusao ao simbolismo construtor de si mesmo ou ao homem e sua evolugio. 7 a BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO. a 16. A Igreja Gnéstica quis fundir 0 Cristianismo com as tradices antigas, para que a Gnose ou a Compreen- sio substituisse o dogma imposto pela Fé. O Gnosticismo instituido por sao Jodo e seus discipulos representa um. dos pontos de apoio mais diretos da Maconaria. 17. A Cabala ea Alquimia das antigas tradiges orien- tais também tém, como veremos depois, suas intimas re- lagdes com a Maconaria. A Cabala trata do valor mistico dos ntimeros e das letras do Alfabeto que encerram em si muitos significados metafisicos e espirituais. A Alquimia, atribuida a Hermes Trismegisto, trata da “Pedra Filosofal” e tem muita semelhanca com a “Pedra Bruta” que todo Magom deve converter em “Pedra Cubi- ca’, Logo, a Alquimia trata da transmutagdo dos metais inferiores em superiores: 0 chumbo em ouro; da busca do “Blixir de Longa Vida” ou a “Panaceia Universal”, simbo- lismo da realizagio espiritual, que é 0 objeto da Iniciacao Interna, por meio da qual as faculdades inferiores ¢ bai- xas se transformam em superiores. O ouro puro significa a Iluminacao, e o Elixir de Longa Vida significa a Verdade que faz livre. Todos esses simbolos herméticos tém por objeto o aperfeigoamento do individuo e o melhoramento da hu- manidade. 18. Os Templarios durante o século XIII e a Fraterni- dade Rosa-Cruz influenciaram até o século XVII a mente europeia. BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO 4 A Ordem dos Templarios nasceu das Cruzadas e do contacto que tiveram os ocidentais com os misticos do Oriente, depositarios de antigas tradi¢Ges esotéricas. Como Ordem, foi fundada em 1118 por dois Cavaleiros franceses, Hugo de Payens e Godolfroid de St. Omer, com o fim de proteger os peregrinos que iam a Jerusalém de- pois da primeira Cruzada. Os Cavaleiros faziam os trés votos: Pobreza, Casti- dade e Obediéncia. Esta Ordem do Templo tinha seus segredos inicidticos e seus segredos foram o pretexto das acusagées contra eles para despoja-la de suas imensas ri- quezas, embora outros autores afirmem que a degenera- ¢40 ea desmedida ambicao dos Templarios causaram suas desgracas, e pode haver algo de verdade nessa afirmagao. Em 1307, Filipe o Formoso, Rei de Franga, com a ajuda do Papa de Roma, torturam brutalmente os Tem- plarios, depois de anular a Ordem do Templo. Logo em 1314 selaram seus atos barbaros com a mor- te do Grao-Mestre dos Templirios, queimando-o vivo diante da Catedral de Notre-Dame de Paris. 19. Também outro movimento filoséfico e mistico, conhecido com o nome de Fraternitas Rosae Crucis, dei- xou seus sinais bem fortes na Maconaria. De passagem devemos esclarecer que nunca existiu um personagem chamado Cristian Rosenkreutz, a quem se atribui o nome da Fraternidade. Este nome MISTICO é um simbolo que nos revela que a Fraternidade Rosa-Cruz chegou ao Ocidente de Chipre, 19 # BIBLOTECA MAGONICA PENSAMENTO a ArAbia e Egito (lugares onde o suposto fundador da Ordem diz ter recolhido os ensinamentos). Comegou na Alema- nha seu primeiro movimento, segundo a lenda. O simbolo da morte do suposto fundador, dos segredos e maravilhas encontrados em sua tumba nao sao mais do que a tradicdo iniciatica da Sabedoria personificada pelo mesmo Cristian Rosenkreutz, ou Cristéo Rosa-Cruz que veio do Oriente ao Ocidente, e cujo corpo se conserva zelosamente em uma tumba hermética, onde a buscam e encontram os fiéis dis- cipulos e aspirantes buscadores da Verdade. Da reuniao e do conjunto de todas essas Ordens nas- ceu a Instituigéo da Maconaria. 20. Mas, sera esta a historia da Maconaria? Em verdade isto nao é mais do que uma roupagem tosca da Institui¢éo; ¢ apenas o corpo grosseiro de seu Espirito. A Ordem Macénica é depositaria das ciéncias das Idades. E a Arca dos tesouros das antiguidades. Podem desaparecer todos 0s livros sagrados, e sem embargo, um verdadeiro e consciente Macom pode reconstrui-los no- vamente com toda exatidao e verdade, porque os misté- rios estéo em seu SEIO, os tesouros em seu CORAGAO ea sabedoria em sua MENTE. Agora falemos algo sobre a Verdadeira Magonaria Oculta ou Mistica. A Verdadeira Magonaria e sua histéria respondem a pergunta que preocupa a mente de todo o ser que vem ao mundo, e que é a seguinte: “De onde viemos”? 20 a BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO @% Nesta pergunta, que deve responder o Aprendiz, se encerra o maior mistério da Tradi¢gdo Universal. DO NADA NAO VEM NADA; e como é que eu existo? Logo EU SOU eterno. “No principio era 0 Verbo, e 0 Verbo era com Deus, e o Verbo era Deus’, diz so Joao. O Magom, o Super-homem, pode dizer: “No princi- pio era Eu, Eu era com Deus, E EU SOU DEUS. Somente com 0 sentir, com a compreensdo e com 0 viver esta LEI 0 aspirante (Aprendiz) se converte em Ma- com. Entao,a historia da Maconaria Mistica esta no que diz sao Pauld: “NELE VIVEMOS, NOS MOVEMOS E TEMOS O. SER’. E no que diz Maomé: “DELE VIEMOS E A ELE TEMOS QUE VOLTAR”. Ou no que diz Jesus: “VOS ESTAIS EM MIM, EU EM VOS E TODOS ESTAMOS NO PAI”. Ou como ensina 0 Colégio dos Magos:“EU SOU ELE, ELE £ EU”. Com esta seguranga podemos responder as pergun- tas, desta maneira, sem nos equivocar: De onde viemos? — De DEUS. Onde estamos? — Em DEUS. Aonde va- mos? — A DEUS. 21. Sem embarago, para se ter a verdadeira com- preensao deste mistério, temos que construir, planificar e executar nossa casa, nosso Templo, nosso Corpo segundo as leis divinas e naturais. Esta casa-corpo é um Templo exterior para a gloria do EU INTERIOR. A Inicia¢do ou ingresso ao mundo in- a1 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO. 4 terno, simbolizada pela Iniciagdo Magénica, tem o tni- co objetivo de depurar e limpar o interior e o exterior deste Corpo-Templo do Deus Vivo, isto é, construir um Templo digno do EU SOU. Por tal motivo a Instituicdo tomou o nome de “Maconaria” — Arte de Construir — e seus adeptos sao chamados “CONSTRUTORES”, 0 que quer dizer, como temos explicado, construtores de Tem- plos para o Espirito. Entio, o selo de sua origem é a construgao em ge- ral: filos6fico, cientifico e moral. A Magonaria quis sem- pre imitar a atividade da Mae Natureza no Universo, e por tal motiyo vemos que seus adeptos se dedicaram 4 construgao de muitos ménumentos, templos e igrejas da antiguidade. Esta obra de construcao se pode observar no mesmo corpo do homem, que é chamado casa, templo, microcos- mo etc, porque sua constitui¢aéo encerra todas as leis divi- nas e naturais. E o pequeno universo, miniatura, levantado a Gloria de EU SOU, o Grande Arquiteto do Universo. 22. Todos os homens possuem esta obra magna na qual todos tomam parte inconscientemente, em sua pr6- pria vida e atividade; enquanto que o Iniciado Magom, que entrou em seu mundo interno, tem o dever de cola- borar conscientemente e converter-se em sabio construtor na Obra do Grande Arquiteto do Universo. Ser Macom ou construtor é possuir a ciéncia ea arte da vida. E ser Iniciado, Super-homem em ciéncias e religiao. 22 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO 23. Para realizar uma obra magna é necessdrio que as sociedades ou corporacées unam seus esforcos. Por tal motivo vemos a diversidade das religides, instituigdes, fraternidades, escolas. Logo, toda ciéncia tem que ser di- vidida em graus para o desenvolvimento paulatino e me- tédico de todo discipulo. A ciéncia da Magonaria foi dividida em trés princi- pais graus, isto é, em Aprendiz, Companheiro e Mestre. Em nosso Corpo-Templo temos 0 EU SUPERIOR como Mestre Arquiteto e dois outros que manejam os dois polos Positivo e negativo, chamados Anjo Intercessor e Anjo da Espada; ambos esto representados pelos dois Vigilantes. Os trés mariejam e dirigem os duzentos quintilhdes de células que estao construindo nosso Templo-Corpo. 24. A Loja é 0 nosso corpo, construido por células construtoras; todo Ma¢gom deve cumprir seu dever no corpo da humanidade, como cumpre cada célula o seu dever no corpo humano. Como a célula, deve 0 Macgom possuir consciente- mente a arte de construir sem equivocos e erros; como a célula, deve o Macom ser disciplinado e obediente as leis naturais e divinas. 25. A Maconaria, como Unidade, encerra em seu seio os poderes da Religiao e da Ciéncia. A Maconaria nao tem uma religiao definida para si; a Maconaria é religido para todos; €é tradi¢ao inicidtica, A Maconaria nao tem ciéncias; ela é a CIENCIA das 23 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO Idades, e sua linguagem simbélica encerra os mistérios, segredos e alegorias que provém de épocas remotas e re- presentam antiguissimas tradi¢Ges revestidas de nomes simbdlicos mais recentes. ‘Todos os mistérios e os segredos residem neste Templo chamado Corpo vivente do homem. Neste Corpo esta es- crita a historia do Universo e seus arquivos sao os étomos. 26. A verdadeira ciéncia da Maconaria é a ciéncia da evolucao e nao da criagao. Todos os seus trabalhos sio dedicados a Gléria do Grande Arquiteto do Universo. O Grande Arquiteto do Universo nao criou o seu Uni- verso do Nada; formulou e expressou SEU TEMPLO-UNI- VERSO de dentro para fora porque tudo est4 NELE. Desta maneira se pode sentir 0 Principio Divino expressando Sua Vontade, e Sua Vontade esta feita em Seu MACRO E MICROCOSMOS, com ONIPRESENGA, ONISCIENCIA E ONI- POTENCIA. 27. A Maconaria é uma OBRA da NATUREZA, € a ma- nifestacao desta Obra a vemos em todas as épocas, desde as pré-historicas até nossos tempos. Entre os primeiros sinais de antiguidade temos a Pi- ramide de Quéops no Egito, que foi considerada com suas outras companheiras como tumbas dos Faraés; porém, estudos mais conscientes descobriram que a Grande Pi- ramide é a miniatura perfeita das leis do Universo, que estao gravadas no corpo humano. 24 ® BUOTECA MAGONICA PENSAMENTO. A Piramide de Quéops tem certas medidas que nos dizem que seus arquitetos sao sdbios versados em Geo- grafia, Astronomia e Matematica, com uma exatidao que supera a dos nossos tempos. Essas medidas foram tiradas da construcao do corpo humano. A Grande Piramide de ha 4.000 anos a.C. é uma prova irrefutavel de que aqueles Iniciados conheciam, com toda a perfei¢ao, o mistério do homem, para se po- der construir aquela gigantesca e perfeita Obra. A Torre de Babel tem o mesmo simbolo. O Templo de Salomao edificado pelos fenicios de- monstra que aquele povo tinha a Inicia¢ao Interna, como serd explicado depois. * 28. Na Grécia, pela influéncia fenicia, se formaram as agrupa¢ées DIONISIACAS, relacionadas com os mistérios de DIONISIO, como seu protetor. Em Roma, Numa Pom- pilio, o Rei Iniciado, instituiu os “Collegia FABRORUM”. A expressao de “TRES FACIUNT COLLEGIUM” comprova a necessidade dos trés graus da Maconaria. 29. Estes Colégios, que se compunham de um Mes- tre e dois discipulos, se estenderam por toda a Europa, substituindo suas tradicdes antigas pelas novas da tradi- 40 crista. Os cristaos substituiram as lendas, trocando os no- mes e pessoas antigos por nomes de santos e personagens cristéos, que, as vezes, foram até inventados. Assim te- mos, em vez de “Bacco”, a séo Bacos ou Bajos; Dionisio 25 ‘BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO se transformou em sao Denis ou sao Dionisio; Jano foi batizado com o nome de sao Joao, e o Génio do Ano por santa Ana etc. 30. Ao decair a moral da Igreja na Idade Média, decaiu também a da sociedade, e entao se levantou a Maconaria no século XVII para evitar a derrocada total da civilizagao. Mas, desgracadamente, os préprios Macons foram tam- bém contaminados, e assim, ao invés de se dedicarem ao estudo dos problemas sociais para melhorar a situacio, abriram as portas do Templo para adquirir maior nimero de adeptos que nunca haviam exercitado uma profissao. Este movimiento deu origem na Inglaterra aos MEMBROS ACEITOS, e desta maneira as Lojas Macénicas se trans- formaram em Lojas Especulativas, origem da Maconaria atual. Porém, felizmente guardaram em seu seio os Mis- térios e a Sabedoria das Idades, embora seus membros sejam hoje quase todos completamente profanos. Muito raros sao os macons de nossa época que desco- briram o verdadeiro mistério da Maconaria; sem divida, algum dia chegara um raio de Luz ao coragio de um ver- dadeiro adepto e este se converter numa Luz que guiara os demais Macons para a superacao. 31. Chama-se “Loja de so Joao” porque os antigos Ma- cons eram Gnésticos e foi séo Jodo tomado como o Chefe do Gnosticismo, e logo, o Patrono dos Construtores. Outro motivo ha: Jano, o deus de duas caras, regia as festas dos dois solsticios. O Deus Jano tinha uma cara 26 a BIBLIOTECA MAGONICAPENSAMENTO voltada para 0 passado e a outra para o futuro, isto 6, que preside o ingresso do Sol nos dois hemisférios. A Igreja trocou o nome de Jano pelo de Joao (Johanes) e colocou a Joao, o Apéstolo e discipulo, na porta de “JANUARIUS”, Janeiro, ou porta do ano, e a Joao o Batista no dia 24 de junho, e assim a substituico foi muito genial. Dai a “Loja de sao Joao’, de Jeho-Hannan, nome que significa “Graga de Deus’, “Homem Iluminado’, desig- nando ainda 0 conjunto de Iniciados nos Mistérios, Agora, ao terminar esta pequena resenha histérica da Maconaria, j4 podemos entrar na Iniciacao Interna; porém, antes devemos estudar a origem da INICIACAO e de seus objetivos, que serao explicados nos Capitulos se- guintes extraidos da nossa obra As Chaves do Reino Inter- no ou O Conhecimento de Si Mesmo. 27 3. A iniciacao 32. Em todas as escolas herméticas hé uma ceriménia com a qual se recebe 0 candidato, chamada ceriménia da Iniciacao. Esta ceriménia, longe de ser compreendida pela maioria dos ¢andidatos, é um ato muito significativo, cuja verdadeira importancia est4 oculta sob a verdadeira apa- réncia do véu exterior. 33. A palavra Iniciacao derivada da latina “Initiare” de initium, inicio ou comego, deriva-se de duas: in, para dentro, e ire, ir, isto é, ir para dentro ou penetrar no inte- rior e comecar novo estado de coisas. 34, Mas, quem entra e como se pode entrar no mun- do interno? Da etimologia da palavra depreende-se que o signi- ficado da Iniciagao é 0 ingresso no mundo interno para comegar uma nova vida. A Iniciagdo Magénica é joia inestimavel na coroa do simbolismo. Na Loja hé um quarto de reflexdo, simbolo do interior do homem. Todo homem, ao cerrar os senti- 28 @& BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO dos ao mundo externo, acha-se em seu quarto de refle- x4o, isolado na obscuridade que representa as trevas da matéria fisica, que rodeiam a alma até a completa ma- turacdo. Este interior obscuro é 0 estado de consciéncia do profano que vive sempre fora do templo e no meio das trevas. Desde o momento em que 0 praticante comega a diri- gir a luz do pensamento concentrado para seu mundo in- terior, a uminagao principia a invadir seu templo, pouco a pouco, e o dominio de sua mente equivale ao azeite que alimenta a lamparina acesa. 35. Entad, 0 Iniciado é aquele ser que dirige seu pen- samento ao mundo interno, mundo do espirito, que 0 conduz ao conhecimento préprio e ao do Universo, do Corpo e dos Deuses que nele habitam. O Espirito nico e Universal se diversifica em todos Os seres que se acham no COSMOS. ESTES DEUSES DO UNI- VERSO TEM SEUS REPRESENTANTES NO CORPO DO HO- MEM E ESTES REPRESENTANTES CHAMAM-SE ATOMOS. Por isso disse Hermes, e com razao: “O que esta em cima é como 0 que esta embaixo”; e por isso disse Jesus: “O reino de Deus esta dentro de vés”. A PORTA DA INICIACAO 36. A porta da Iniciacdo verdadeira, que conduz ao Reino de Deus, no mundo Interno, é 0 CORACAO. 29 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO. A Igreja Catdlica tem dedicado grande parte de seu culto ao Coragao de Jesus e a0 Coragao de Maria, obje- tivando, talvez, essa pratica para que o homem, com 0 tempo, tenha a felicidade de subjetiva-la. 37. Ha uma lei ignorada por muitos, e é a seguinte: Para onde se dirige 0 pensamento, dentro do Corpo, para | aflui maior quantidade de sangue. Ultimamente essa lei foi provada cientificamente. 38. Desde que o homem, filho prédigo do Pai Celes- tial, vagueia no deserto da matéria, alimentando-se dos prazeres que flebilitam a alma e 0 corpo, tem havido, den- tro de seu coracio, uma voz silenciosa que o tem cha- mado, com insisténcia, para que volte ao seu lar; porém o homem, embebido em seus prazeres materiais, nao a ouve, O aspirante a ouve e responde a sua chamada quan- do retorna a seu coracao. Em sua busca interna, encontra oito guias em dife- rentes etapas do caminho, cuja misséo é conduzir 0 Ini- ciado, se os segue até o fim, 4 presenga do Pai, 4 Unido com 0 Infinito. 39. O Homem, nesta natureza emigratéria, acende em seu centro-coracao a estrela de Belém do Cristo nas- cido; entio os trés Reis Magos (corpo vital, corpo de de- sejos e corpo mental) devem seguir a estrela de Cristo em direco do coracao até chegar ao Pai. & wiptr0TecAmagontca PeNsAMENTO 40. O Taberndculo no deserto é 0 corpo humano no mundo; é o homem peregrino até a Eternidade. Este Mi- crocosmo move-se ciclicamente num circulo ao redor do Deus intimo que reside em seu interior e que € origem ¢ meta de tudo. Dentro do Taberndculo-corpo acha-se desenhada a representa¢ao de coisas celestiais e espirituais. Este corpo humano deve ser venerado em todas as suas partes € de- vem ser compreendidas todas as suas sublimes € gloriosas realidades. 4. A iniciacao egipcia e sua relacao com o homem 41. Todo aspirante deve compreender os mistérios da Iniciacio antiga para poder compreender e praticar, em consciéncia, a verdadeira Iniciagaéo moderna. Todos 08 Mistérios Antigos eram simbolos de coisas futuras que devem suceder. Para poder compreender a verdade, deve- mos estudar os simbolos antigos, que sao 0 caminho mais reto para a sabedoria. 42. Os egipcios praticavam a Iniciagao na Grande Pi- ramide. Este monumento maravilhoso jamais foi tumba de Faraés, como pretendem demonstrar alguns sabios. A Grande Piramide ¢ fidelissima cépia do corpo humano e podemos dizer simbolicamente que é a tumba do Deus Intimo que se acha dentro do homem. Para que o homem volte 4 Unidade com o Deus inti- mo, deve procurar sua propria iniciagéo em seu mundo Interno, assim como nos tempos antigos o aspirante devia penetrar no Interior da Grande Piramide, em busca da Grande Iniciacao. Todas as religides e escolas materializavam e continuam materializando os mistérios por dois motivos: 1°) para ve- 32 4 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO 1a-los aos olhos do profano; e 2°) para facilitar sua com- preensao ao candidato. 43. Amedes diz a Shethos, quando chegam ao pé do misterioso Santudrio da Iniciagao: —Seus caminhos secretos conduzem os homens ama- dos dos deuses a um fim que nem sequer posso nomear. £ indispensavel que eles fagam nascer em si o ardente desejo de alcangé-lo. A entrada da Piramide esté aber- ta a todo mundo; porém, compadego-me daqueles que tém de procurar a saida pela mesma porta cujos limiares franquearam, nao havendo conseguido outra coisa senao satisfazer spa curiosidade muito imperfeitamente e ver 0 pouco que lhes é dado referir. Porém, 0 aspirante insiste no propésito de receber a Iniciagio e escala atras de seu Mestre o lado norte da Pira- mide até chegar a uma portinha quadrada, sempre aberta, de reduzidas dimensées (trés pés de largura e outros trés de altura), que da acesso a um passadigo apertado. O discipulo e seu guia percorrem-no, arrastando-se com dificuldade. O guia vai adiante com uma lampada do saber humano, que apenas ilumina seu caminho. A palavra Piramide vem de “PYR” equivalente a fogo, ou seja, espirito. A Iniciagao na Piramide equivale 4 comunicagdo com os grandes mistérios do Espirito, “& Unido no Reino de Deus Interno com 0 Pai’. Este fogo no é 0 fogo material, nem tampouco o fogo ou luz dos s6is, porém o outro fogo, mil vezes mais excelso, é 0 do PENSAMENTO. 33 # pinuOTECAMAgONICA PENSAMENTO 44, A Grande Piramide Inicidtica, dentro da qual pe- netrava 0 candidato, é o simbolo de nosso proprio Corpo. Onde, com efeito, sendo nele, nos iniciamos, mais ou me- nos, ao longo da vida e das vidas? Nessa Grande Piramide-Corpo estamos iniciados evo- lutivamente, até chegar 4 condic4o dos Adeptos Divinos, iniciadores, por nossa vez, dos seres inferiores a nés. A porta estreita da Piramide é a mesma porta estreita do Evangelho, que conduz a salvagao. Esté sempre aberta; porém, para poder entrar nela, o homem deve inclinar-se ou dobrar-se a si mesmo, conduzindo-se ao mundo Inter- no com o pensamento. O passadico apertado é o caminho abrupto e pgnoso que conduz ao Reino de Deus dentro do corpo; porque o caminho da perdigao é amplo, disse Jesus: O Guia é 0 bom desejo ou aspiracao ¢ 0 candidato éo0 proprio homem. 45. Depois de muitas angustias, de poucos momentos, que ao aspirante parecem séculos, chega a uma habitacao de regulares dimensdes (dentro da caixa tordxica). Ali o recebem dois iniciados (dois intercessores: 0 EU SUPE- RIOR € 0 ANJO DA GUARDA). Ambos sao criados pelo pr6- prio homem, com a melhor de suas aspiragGes presentes e passadas, mas nao lhes deve fazer qualquer pergunta. Po- rém, 0 aspirante ignora esta proibigao, trata de pedir-lhes explicagdes, mas é informado de que nao deve esbanjar © tempo, jé que nao obtera resposta alguma, porque os intercessores nao s4o mais que suas proprias criaturas (e s6 0 Deus intimo pode dar respostas verdadeiras). 34 @ pynLi0TECA MaGONICA PENSAMENTO. Esses dois intercessores conduzem 0 pensamento ao mundo interno e entram num extenso corredor que con- duz e por fim termina a beira de um precipicio profundo e insondavel (0 precipicio das tentagées dos desejos, que conduz a parte inferior do corpo fisico; 0 aspirante deve ser tentado com esta prova e deve baixar ao poco obscuro de seu proprio corpo). 46. Uma luz (emanada do intelecto), posta a beira, permite-lhe apreciar 0 perigo de espantosa caida (quando © pensamento se dirige a este mundo inferior e nele se de- leita). Olhando com atengao, o aspirante distingue umas barras assentadas num lado da negra gruta que, embora nao sem risco, fazem possivel a descida (do pensamento) por elas a homens de cabega firme ¢ animo imperturbavel. O aspirante prefere baixar para nao sofrer as dificul- dades do regresso. A bastante profundidade terminam os degraus das costelas, sem, contudo, chegar ao fundo. No ultimo degrau (0 do ventre) busca a solucio ao terrivel problema e entao encontra na parede uma abertura ou estreita janela e por ai poderia entrar em outro corredor, descendente sempre, mas em forma de estreita espiral. Ao fim do passadico pendente, tropeca 0 ne6fito com uma for- te vara flexivel. Empurra-a; ela cede; mas, ao cerrar-se por tras dele, bate nos gonzos e produz infernal estrondo. 47, Segue avante, mas outra grade lhe corta 0 passo. Ao aproximar-se, vé continuar um corredor baixo e es- treito, sobre cuja entrada brilha este letreiro: “Todos os 35 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO que percorrem esta senda, sés e sem mirar atras, serao purificados pelo fogo, pela agua e pelo ar. Se conseguirem vencer o medo (da mente) A morte, sairao do seio da terra (da profundeza do corpo humano), volverao a ver a luz (do Sol, no coragao) e terao o direito de preparar a alma para receber a revelacio dos mistérios da grande Deusa Isis (os mistérios da natureza humana). (Até aqui teve o aspirante, desde sua entrada pela porta da Piramide, ou por seu proprio coragao, de cami- nhar por quatro corredores e esses corredores comuni- cam-se por estancias ou gradis). O pensamento, durante sua penetragao, tem de percorrer os quatro corredores que unem e comunicam os quatro poderosos centros magicos dentro do corpo do homem, que levam as quatro etapas inferiores do mundo interno seguindo as leis césmicas da involucao; porém, uma vez chegado a ultima etapa, co- mega novamente sua ascensao depois de ser provado em sua evolucio pelo fogo, pela agua e pelo ar. 48. O aspirante segue o caminho da Iniciacao. Embora ninguém 0 veja, esta sempre vigiado por seus intercessores; a menor debilidade, acudirio zelosos e, por outros corredores, o conduzirao a porta de entrada para que se reintegre na luz e na vida exterior, nao sem haver jurado que a ninguém referira o ocorrido. O perjuro sera terrivelmente castigado, porque essa descida as infimas etapas confere ao aspirante os poderes das trevas e ai de quem se atreve a comunicar aos demais esses poderes ou os utiliza para fins pessoais! 36 a BIBLIOTECA MAcONICA PENSAMENTO. Ao extremo do escuro corredor encontra 0 aspirante trés iniciados que cobrem cabega e rosto com a mascara de Andbis (HA trés iniciadores dos trés corpos, que nos guiam nessas etapas antes de chegarmos ao altar dos Mis- térios Maiores). 49. Aquela porta é, na Iniciagao, a porta da morte. Um dos mascarados diz ao aspirante: “Nao estamos aqui para impedir-Ihe 0 passo. Pode prosseguir se os deuses The concedem o valor de que vocé precisa; saiba, porém, que, transposto este lugar, se vocé chegar ao fogo sagra- do de sua Divindade e em qualquer momento retroceder, aqui estamos para impedir que fuja. Até agora, vocé é li- vre para rettoceder; mas, se for adiante, perdera a espe- ranca de sair destes lugares sem obter a vit6ria definitiva. Ainda é tempo; decida-se! Se renunciar, ainda pode sair por este corredor (que di para o mundo exterior) sem voltar a vista para tras; se avancar, segue o caminho em frente (que 0 conduz ao centro da medula espinhal), pelo qual deve escalar 0 céu. Vocé deve palmilhar esse cami- nho sem vacilagao (se nao quer ser retido em seu prdprio inferno). Escolha” 50. Respondendo o aspirante que nada o fard retroce- der, os trés guardides deixam-no passar, fechando a porta (a quarta). Outra vez fica sozinho num largo passadi¢o, em cujo extremo adverte um resplendor. A medida que se adianta, torna-se mais intensa a luz, chegando a ser des- lumbrante. Logo chega a uma sala abobadada onde, a um 37 @ DIMIOTECA MAGONICA PENSAMENTO a lado e outro, ardem piras enormes cujas chamas se entre- cruzam no centro (da base da coluna vertebral). Essa parte esté coberta por um gradeado incandes- cente. Os cravos mal lhe permitem pér o pé em lugar se- guro de queimaduras e, a0 transp6-lo, nao ha somente 0 perigo de padecer abrasado, senao 0 de morrer asfixiado naquele irrespirével ambiente. Fechando os olhos, penetra o aspirante na ignea habi- tagio; mas, 6 incrivel encanto! Ao tocarem os pésogradea- do fino (quando o pensamento puro penetra sem temor no fogo sagrado), as chamas desaparecem, apagam-se as fogueiras insfantaneamente e a passagem por elas se faz possivel sem’ temor de niero simile, sendo de realidade tangivel. Nas entranhas misteriosissimas de nosso corpo, como nas de nosso planeta, arde, segundo a fisica, um grande fogo, e dorme, segundo a metafisica, um fogo ain- da mais intenso, 0 fogo do pensamento Césmico. Esses fogos, ocultos a vista do profano, que vive fora do Templo, sio vistos e sentidos s6 pelo Iniciado. 51. Joao dizia a seus discipulos: “Eu os batizo verda- deiramente com Agua; porém, aquele que vird depois de mim 0s batizar4 com fogo e com 0 Espirito Santo”. Joao, 0 asceta, a mente carnal, nao pode comunicar a seus discipu- los maior sabedoria que a dos mistérios relacionados com plano da matéria, cujo simbolo ¢ a Agua, ao passo que a sabedoria que comunicaria Jesus, como Iniciado nos Mis- térios superiores, era o proprio Fogo de Sabedoria, nascido da verdadeira Gnose ou real Iluminago Espiritual. 38 ‘BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO 52. Devemos compreender, aqui, a natureza desse fogo. Nao se trata de fogo fisico, sendo de aspecto supe- rior desse elemento. A prova do Fogo Superior, a que esta submetido o aspirante na Iniciagao Interna, 0 colocara em frente a si mesmo, isto é, a natureza divina em frente a natureza terrena. £ a viagem de regresso, é a viagem men- tal para sua propria Divindade. Deve atravessar as esferas dos Senhores de chama, assim como as atravessou em sua viagem de involugdo ou descenso. O Poder igneo do homem € 0 que leva a Humanidade 4 sua prosperidade espiritual e material, e é 0 que gera os Mestres e Guias das Nagées. Nessas ¢sferas residem os Senhores de chama e, quan- do o aspirante a vida superior os evoca pela Iniciagao In- terna, dentro dessa parte inferior do corpo, Suas chamas consomem 0 inferior, o mesquinho, o denso € 0 grosseiro, e convertem-no em Deus Onipotente. Essas chamas, no corpo Humane, constituem o Fogo Criador e sio as emanac6es do Espirito Santo, Terceiro aspecto do Intimo Deus, e por elas 0 homem se avizinha de sua Divindade. Para poder atravessar 0 mundo das chamas divinas, faz-se necessdrio um pensamento e corpo puros, castos e fortes. O Mundo dos Senhores de chama tem sete divisdes como todos os demais mundos; mas, também essas eta- pas ou divisdes se interpenetram. Na parte superior go- verna 0 Deus [gneo da Luz e, na parte inferior, domina 0 deménio do fumo. 39 BIBLIOTECA MAQONICAPENSAMENTO | Na Humanidade atual predomina o elemento igneo com fumo e, por isso, fazem-se guerras de destrui¢ao, so- bretudo com fogo e incéndios, ao passo que os Iniciados tratam de dominar o mundo por meio da Luz pura e no por meio do Fogo destruidor. O fogo do Sol Central e seu representante arde na cabeca, mas nao queima, 4 maneira da sarca de Horeb, ao passo que 0 fogo do sol fisico queima arde por sua rebelido contra o Sol Central, como sucede no corpo fisico. 53. O pensamento é um poder que possui som, calor e forma. Uina vez dirigido para a parte inferior do corpo, acende o fogo sagrado, mas a Pureza do pensamento e sua castidade eliminam do fogo seu fumo e calor destrutivo, e deixam somente Sua Luz, e Deus é Luz. Entao 0 Iniciado é erguido pelos Anjos da Luz ao Trono da Luz. Todo homem deve passar por essas etapas; mas os que tomam o caminho do regresso, ascendendo, sao os magos brancos, ou filhos da luz, ao passo que os que s¢ detém nessas esferas se convertem em magos negros, ou filhos das trevas. Pensador, nessa viagem mental, inicia seus 4tomos; s6 a pureza e a castidade podem livrar esses atomos do Inferno do Fogo e trevas para conduzi-los ao Céu da Luz pura, livre de todo fumo e ardor. O homem que domina seus instintos faz-se servir por esses deuses Elementais do Fogo. 40 a NIBLIOTECAMAGONICA PENSAMENTO 54. Seguindo depois por outras galerias, dentro do seu organismo, ia o aspirante desembocar na liquida ex- tensao que invadia toda a amplidao de um subterraneo. No outro extremo distinguia-se, ao fim, uma escadaria. Era preciso vencer o perigoso obstaculo e, consequente- mente, o aspirante se desnudava, rapido, e, sustentando as roupas, enroladas no alto da mao com que segurava a lampada, valia-se da outra para nadar e vencer a corrente das Aguas agitadas (dos desejos). Antes de lhe ser facultado o ingresso para levar a ter- mo seus deveres de sacerdécio no proprio santuario, de- via 0 aspirante ser submetido a prova da 4gua. O divino Jesus cumpriu essa lei fio Jordao, onde passou pelo rito mistico do batismo da agua. Ao sair da agua, diz-se que o Espirito Santo desceu sobre Ele. Quando o aspirante se submete a prova da dgua, sente que se desprendeu do seu corpo fisico e de seus cinco sen- tidos; esta separagao é parcial, como quando se encontra durante os momentos da entrada-sonho. O homem pas- sando primeiro pela prova do fogo e depois pela da 4gua, segue a mesma evolucio do planeta Terra, que um dia foi igneo e que, ao esfriar-se pelo contato no espago, gerou umidade que, evaporada, se levantava e novamente caia até que chegou a ser 4gua. De modo que, pela agao do ca- lor e do frio, foram formados os espiritos da terra, da 4gua e do ar e que até hoje continuam formando 0 corpo hu- mano. De maneira que estes elementos nos acompanham desde a remota idade de nossa formagao fisica. Uma vez descritos os elementos do fogo, temos que dizer algo so- 41 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO 4 bre os da agua, ou anjos da agua, e sempre devemos dis- tinguir entre dgua fisica e seus elementos. 55. Na Iniciacao interna, depois de vencer os ele- mentos do fogo, dominando o instinto, o Iniciado deve dominar os elementos da 4gua ou dos desejos. Sempre devemos distinguir qual a diferenga entre 0 instinto € 0 desejo. A prova da agua € 0 simbolo do vencimento do corpo de desejos; deve-se advertir 0 candidato de que para re- gressar ao Céu do Pai, 4 Uniao com Ele, deve desfazer-se dos grosseiros gozos da carne, sem desprezar sua inclina- ¢ao aos godos espirituais. O fogo que radica na parte inferior do corpo é 0 ins- tinto; o de desejos radica no figado e ambos influem na e pela mente. O Aprendiz, depois de seguir outras galerias em seu corpo, chega ao figado, morada do corpo de desejos. Nessa viscera reside o Rei elemental da agua que diri- ge seus exércitos no corpo, por meio dos desejos. Outra vez devemos insistir em nao confundir-se a gua com seu elemento superior, que é o Desejo, assim como nao se deve confundir 0 corpo com o Espirito. O mundo dos elementos da 4gua ¢ como um vapor etérico; seus habitantes so seres vivos e inteligentes que intensifi- cam nossos desejos e impressées. Os elementos da agua apoderam-se da substancia mental para tomar a forma desejada; porém, ao vé-los interiormente, parecem-se com uma constela¢ao de es- 42 4 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO trelas e por isso os ocultistas chamam ao mundo dos elementos da agua: mundo austral, pela sua semelhanga com os astros. 56. Quando 0 Iniciado vence este mundo e este corpo astral de desejos em seu figado, pode penetrar na inteli- géncia da natureza e levantar 0 véu de Isis. O homem que se entrega 4 satisfacao de seus dese- jos grosseiros, encontra-se agarrado por esses Elementais como por um polvo; eles se apoderam dos 4tomos men- tais para criar formas com as quais encadeiam o homem. Esses Flementais tém suas escolas internas dentro do homem, porém, s6 dao seus ensinamentos as pessoas que os dominam, e esse dominio deve ter base no amor. Os Elementais da agua tem muita admiracdo e res- peito aos seres que se sacrificam pelos demais ¢ pelos que afrontam o perigo para salvar ndufragos. ‘As sete divisdes deste mundo estéo povoadas por Ele- mentais de desenvolvimento diferente. Os inferiores inci- tam-nos aos desejos baixos, ao passo que os superiores nos ensinam a sabedoria das idades passadas, quando a chispa Divina do homem penetrava na densidade da matéria. Quando um homem domina seus desejos, os ele- mentais da agua acodem a servi-lo com toda obediéncia, buscando desse modo chegar 4 imortalidade por meio da energia que recebem do Intimo no homem. 57. Chegando a outra margem, vestia-se 0 nedfito e, apés breve descanso, comeava a subir a escadaria em 43 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO 4 cujo topo havia uma plataforma fronteira e uma larga porta a que estavam fixas duas argolas a maneira de cha- madores. Ao puxé-las, arriava 0 patamar e ficava 0 nedfito no ar, pendurado pelas mos, acoitado por furioso vendaval e sem luz, por haver deixado cair a que levava para agar- rar-se bem as argolas. Apés alguns momentos de angustia e terror, que deviam parecer séculos, 0 vento cessava. Ele tornava a sentir, sob seus pés, 0 terreno firme do patamar e, ante seus olhos aténitos, abria-se a porta para depa- rar-Ihe um magnifico templo intensamente iluminado. A prova do Ar pertence ao mundo mental. 58. Na’parte abstrata do mundo da mente habitam os elementos do ar, que tém papel importante na evolu- ¢40 do homem. Também nessa parte se acha nossa mente propria, que herdamos de remoto passado. Os Elementais superiores do ar possuem a inspiracdo em qualquer ciéncia ou arte; os inferiores interessam-se muito pelos fenédmenos espiritas. Na iniciacao interna deve o nedfito dominar os ele- mentos inferiores para ser servido pelos superiores. Uma vez dominados uns e servido pelos outros, chega 0 ho- mem 4 onisciéncia, podendo, desse modo, conhecer, ou melhor, reconhecer as historias do passado e ver o futuro. Podera conhecer exatamente a hora de sua morte e li- vrar-se dos tormentos ilusdrios, e das alucinantes regides do Inferno e Purgatorio. Os elementos do Ar estimulam e guiam nossa mente 44 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO. aos pensamentos altruistas e elevados por meio da visua- lizacao interna. Com essa visualizagao, podemos concentrar, e apren- der todas as ciéncias e religiées do passado e, ao mesmo tempo, criar novas ciéncias e religides mais perfeitas. 59. Quando um homem domina o fogo sexual na prova do fogo, impregna a regiao de sua mente com seus Atomos luminosos, solares, cujo brilho infunde aos ele- mentos do ar profundo respeito. Por sua onisciéncia chega 0 Iniciado a saber 0 porqué das coisas sem necessidade de pensar nelas, porque esse saber esta flentro de nds mesmos e, para compreendé-lo, nao devemos vacilar. Entao, o homem nao foge do perigo porque sabe de antemao o que vai acontecer e como se afastara dele. Os elementos do ar sao os depositarios dos arquivos da natureza; tudo quanto deseja o homem conhecer en- contra nos arquivos, em maos desses elementos que den- tro de nds habitam. Os elementos do ar séo os que leem os pensamentos alheios e comunicam essa leitura ao homem a quem res- peitam e servem. Nunca se manifestam a gente orgulhosa ou vaidosa. S40 muito amigos dos simples e humildes e, por isso, vemos que muitas verdades saem das bocas das criangas e dos pobres de Espirito, como diz o Evangelho. Dizem-nos que, depois da tentacao de Jesus no deser- to, ele foi servido por anjos que nao eram outros que os elementos superiores do ar. Nenhum orgulhoso de sua 45 @ BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO. mente e saber humano alcanca dominar as Potestades do Ar, como lhes chama sao Paulo; porém, sao elas muito obedientes aos homens que alcangarem o dominio men- tal pela concentracao, sempre que tal concentra¢io tenha fim construtivo. 60. O orgulho e a magia negra pertencem a divisio inferior desses Elementais. Muitas vezes enlouquecem e adoecem seus médiuns e produzem neles perturbacdes mentais. A Legiao que foi dominada por Jesus e arran- cada dos dois sensitivos loucos que viviam nos cemité- rios, era a diviso inferior dos elementos do Ar, porque ha pessoas que se dedicam a necromancia e outros ramos da adivinhagio, seja por lucro pessoal, seja por vaidade, e caem nas redes dos Elementais inferiores com 0 exercicio de tais dons de maneira inadequada. O mundo mental inferior é dominado pelo Inimigo oculto em nés. Ele tem as suas ordens as hostes infe- riores do ar, ao passo que os Elementais superiores sao hostes do Pensador Pai da criacdo, que os envia ao ho- mem em forma de intui¢éo ou de inspiracéo superior por meio do coragao. Os superiores sao defensores dos érgios delicados do corpo astral, ao passo que os inferiores os rompem para deixar passar, pelas rupturas, certos conhecimentos do mais além. 61. Pode-se comparar a concentragio do Adepto ou Santo a uma evaporacao da Inteligéncia para chegar ao 46 4 siouioTecaMagonica PeNSAMENTO conhecimento dos mistérios ocultos; mas as provocacoes dos espiritas e hipnotizadores etc. tém por objetivo a ma- terializaco do sutil e didfano para poder julgar através dos sentidos fisicos. O primeiro método espiritualiza a matéria; o segundo materializa espiritual crendo poder assim conhecé-lo. Todo discipulo que se vangloria de seus poderes afu- genta de si os elementos superiores do ar. 62. A mente humana tem analogia, em seus movi- mentos com 0 ar; assim como nao se pode reter nem do- minar o ar, assim também s6 consegue dominar 0 pen- samento aquele que atingiu, em sua iniciagao, os graus superiores. O objetivo da iniciagao externa é dar ao aspirante um simbolo de como dominar seus pensamentos depois de haver dominado seus instintos e emogées. Essa é a tinica senda que leva 4 Unidade. Uma vez terminadas suas provas ¢ triunfante em to- das, o aspirante entra em seu magnifico templo interior, jluminado pela luz divina. 63. Procedia do Altar o Sacerdote, felicitava-o por sua firmeza e valor, oferecia-lhe um copo de agua pura, simbolo de sua iniciagao e aperfeigoamento moral, Em seguida, ajoelhava-se em frente a tripla imagem de Osiris, {sis e Horus, a Trindade Sagrada. Seguindo esse maravilhoso relato no mundo interno, podemos chegar a surpreendentes significados. 47 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO Quando o aspirante triunfa sobre suas provas inter- nas dentro do seu proprio Templo-Corpo iluminado, chega até seu coracao, o Altar do Deus Intimo; entao, adianta-se a recebé-la o Grande Sacerdote, o simbolo do Homem Perfeito, que é 0 Atomo Nus que vive sempre perto do Altar Divino no homem e esta esperando o dis- cipulo de sua viagem mental para guia-lo até sua propria Divindade. O Atomo Nus depois de felicita-lo, dé-lhe de beber a Agua da Vida Eterna, como recompensa a sua chegada ao Reino do seu Pai Interno. Em seguida, ajoelha-se em frente ao Altar, ante os trés aspectos do Deus intimo que sao: 0 Poder, o Saber e a manifestacao, a Trindade Sagrada. 64. Ainda nao est4 unido com seu intimo; acha-se apenas ante seus atributos. Com essa ceriménia findava a primeira parte mate- rial da Iniciagao. Teve o aspirante valor e forga necessdrios para o adiantamento; mas isso nao é tudo; falta ainda saber se, nao o havendo vencido 0 terror, nao o administrariam as sedugdes do bem-estar, da paixao e do prazer. Para demonstra-lo e sem que o aspirante perceba, du- rante o transcurso de sua educacio iniciatica, tem de ser tentado como Jesus no deserto, a fim de se apurar se que- braria suas obrigacées de vida pura e dominio dos apeti- tes e sensacGes. Se vencesse, seria um discipulo da iniciagao; se, ao contrario, 0 vencessem seus apetites e paixdes, seria sen- 48 4 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO # tenciado a permanecer em categoria inferior até aprender a vencer-se a si mesmo. 65. Durante as provas morais e a meditacao, apren- de o aspirante, nas escolas internas, toda a sabedoria: o significado das ceriménias religiosas, a simbologia, a consciéncia e magia dos ntimeros e letras, a relagio da astronomia com seu préprio corpo, que leva 4 astrologia hermética, Aprende o poder da palavra, do pensamento e seus efeitos, manejando o poder magnético e hipndtico; recebe pouco a pouco a ciéncia da Magia e o modo de utiliza-la. 66. Mas, para chegar ao dpice do poder, deve preparar seus trés corpos, dos quais saiu vencedor nas provas: 0 corpo fisico, o corpo de desejos ¢ 0 corpo mental. Domina o corpo fisico por meio do jejum e do asce- tismo. O jejum purifica e 0 ascetismo domina suas sensa- oes triunfando sobre a sede, 0 frio, 0 calor, 0 cansago, 0 sofrimento e todas as moléstias materiais. Tem de manter o corpo limpo, dormir pouco, traba- Thar muito; seu alimento deve ser bom ¢ natural e nado deve beber senado agua. 67. Domina a alma ou corpo de desejos matando as paixdes, a ambic¢ao, o desejo de possuir, o bem-estar pessoal, 0 egoismo etc. Deve chegar a ser indiferente as alegrias e as dores, aos prazeres € sofrimentos, de modo que nada altere jamais sua tranquilidade de pensamento. 49 @ bipLioTEcA MaGONICA PENSAMENTO Neste periodo deve aprender certas obrigagées misticas, rituais e costumes, praticas e oraces. Para dominar seu terceiro corpo, que é o mental, deve dedicar todos os seus pensamentos ao mundo interno, si- lencioso em suas meditagées, enviando sua poderosa von- tade a distancia para cumprir certos deveres. Dessa forma pode atingir os planos superiores da Vida Espiritual, onde se alcanga a iluminacao e 0 conhecimento da verdade. O dominio dos trés corpos é necessario para a tiltima Prova que equivalia ao coroamento de toda a iniciagao. Significava a completa rentincia a todo o vulgar e terreno para alcangar a suprema luz, a qual sé brilha ante os olhos cerrados pela morte fisica. 1 5 68. Esta ultima prova consistia em colocar o discipulo dentro de um sarcéfago. Metido dentro dele, tinha de passar, imével, toda a noite, entregue a profunda meditacdo e rezas especiais. Nessas condi¢Ges, realizava a projecao do corpo Astral se- gundo os métodos que lhe haviam ensinado, e seu corpo invisivel, arrastado pelas correntes dos mundos superio- res, ascendia as alturas onde lhe era dita a ultima palavra, onde conhecia 0 tiltimo segredo da absoluta verdade. Ao raiar do outro dia, levantava-se do sarcéfago outro ho- mem: um Adepto, pertencente a suprema hierarquia da Iniciagao. Seus poderes eram indescritiveis; suas obriga- Ges e responsabilidades eram espantosas. S6 um mestre da Sabedoria Secreta seria capaz de afronté-los. RIBLIOTECA MACONICA PENSAMENTO a 69. A entrada no mundo astral necessita do domi- nio dos trés corpos acima indicados: 0 aspirante deve ser Puro no corpo fisico, no corpo de desejos e no corpo de pensamentos, ou em outros termos, em pensamentos, de- sejos e obras. A verdade é interna e, para chegar a ela, devemos en- trar em nosso mundo interno e fazer de nosso corpo fisico um sarc6fago. Por meio da profunda meditacao e da ora- ¢40 mental, 0 espirito penetra nas correntes divinas, ascen- de até o Pai que: “dard ao vencedor o mand escondido, e lhe dara uma pedrinha branca e, nesta, um novo nome escrito, que ningugm sabe, senao aquele que o recebe” No fith daremos os exercicios adequados a esses en- saios. 70. Ha pessoas crentes de que os templos da inicia- ¢4o se extinguiram antes da era crista. Talvez seja certo; porém, nunca deve ser esquecido que, se a iniciacdo egip- cia desapareceu, outras mais importantes e mais praticas surgiram no judaismo e a mais perfeita nos trouxe o Cris- tianismo. Diz-se hoje que cumpre ir buscar no Tibete a palavra perdida; que nos cumes inacessiveis do Himalaia esta 0 misterioso retiro dos Mestres. Nao negamos a existéncia de sublimes seres naquela regio; mas, devemos com- preender sempre que o Himalaia é também simbolo igual ao das Piramides do Egito, que permanecem no mundo interior do homem. A entrada invisivel permanece aberta; a senda, hoje 51 SIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO como entao, existe. Sé podem palmilhar a estrada aque- les que poem em pratica os quatro conselhos da esfinge, guiados por um propésito decidido e isentos de curio- sidade insana. Onde quer que estejam, podem achar o caminho Porque os Mestres Internos Velam e sua atengao atinge todas as partes. Falamos sobre a Iniciagio Egipcia que se efetuava na Piramide e de sua relagao intima com o corpo humano; agora falaremos da Iniciagao Hebraica que, embora difi- ra nos seus simbolos, tem 0 mesmo objetivo e fins que a primeira. 5. A iniciacdo hebraica e sua relacao com 0 homem 71. O Tabernaculo no deserto é 0 simbolo do cor- po fisico no deserto da matéria. Desde que 0 homem foi dotado de mente, perdeu a vista espiritual porque dedicou/todos os seus pensamentos ao mundo exter- no. Entdo o Senhor revelou aos guias da humanidade (os mestres internos) como voltar ao mundo espiritual pelo caminho da mente ou do pensamento. Assim, o Tabernaculo ou 0 corpo foi dado ao homem para achar seu Deus. 72. A Piramide do Egito assemelha-se ao Taberndcu- lo desenhado por Jeova; ambos eram a representagio do Corpo Humano, ambos eram a incorporacao de grandio- sas verdades césmicas ocultas sob o véu do simbolismo, cujos objetivos sao a uniao do homem com o intimo por meio do pensamento. Essa idealizagao divina é dada ao homem que fez alianga com Deus, pela qual se compromete a servi-lo e oferecer o sangue de seu corago, vivendo uma vida de servico, sem buscar proveito préprio. BIBLIOTECA MACONICA PENSAMENTO 73. O Taberndculo estava orientado de Leste para Ocs- te; o Leste do homem € sua frente ou anterior; seu Oeste € a parte inferior. O aspirante entrava pela porta orien- tal, caminho do astro do dia, e continuava andando para frente, para o Ocidente, tocava o Altar das oferendas, o Altar dos sacrificios (que estao no baixo-ventre), onde se queimavam aquelas oferendas; depois, chegava ao Lava- bo de Bronze (0 figado, a purificagao pelo servigo, prova da agua) para penetrar em seguida no vestibulo, quarto oriental chamado Lugar Santo, e, por fim, na parte oci- dental, o Sancto Santorum, onde se acha a arca da Alian- ¢a, 0 simbolo mais grandioso de todos. { 74, Assim, também, andaram os trés magos do Orien- te (os trés corpos do homem) com o pensamento, a Estre- la do Cristo Interno, até chegar a Behetleem-Belém, casa de carne, onde reside o ponto central da Divindade nasci- da em forma humana. 75. A porta do Tabernaculo achava-se colocada na fa- chada oriental. Estava coberta com uma cortina de linho de trés cores: azul, escarlate e purpura, cores que repre- sentam os trés aspectos ou Pessoas da Divindade. “Deus é Luz”, disse sao Joao, porém a luz branca refrata-se em trés cores primarias na natureza e no homem. O vermelho esta no sangue, quando este se pe em contato com 0 ar; essa cor pertence ao Espirito Santo no mesmo homem; o amarelo éa cor do Filho que fulgura no Cora¢o, ao passo que o azul é a cor do Pai, a qual flutua, como bruma, nos 54 BIBLIOTECA MAGONICA PENSAMENTO ermos das montanhas longinquas. O amarelo do Filho misturado ao azul do Pai proporciona a cor verde vegetal da natureza; é a cor da vida e da energia. O Amarelo com o Vermelho produz o purptreo sangue das veias como consequéncia do erro e do pecado. Naqueles tempos nao aparecia o amarelo puro no véu do Taberndculo porque Cristo nao se havia manifestado no Homem para tecer 0 “traje dourado da boda” da alma hu- mana, que foi a noiva de Cristo, em linguagem mistica. Também significavam essas trés cores as trés religiGes consecutivas do homem: o vermelho, religiao do Espirito Santo em,épocas passadas; 0 amarelo, a do Filho, na atual, eaazul, A do Pai, na cabeca, no futuro. Vira o dia em que as trés cores do homem, emancipa- do das restrigées da lei, se misturarao e, girando em redor do {ntimo, formarao, com a Unio, a luz Branca, sintese de todas as cores. 76. O ALTAR DE BRONZE esta colocado A entrada de Leste do Tabernaculo no ventre do Homem. Naquele Al- tar sacrificava-se algo da propriedade material que possui o homem, para ser consumido pelo Fogo; assim como sentia o sacrificador a perda do animal de sua proprie- dade, assim também, com a mesma dor e a mesma pena, sentimos hoje o sacrificio de um habito ou vicio animal querido a nossos sentidos. (E a prova do fogo). A primeira licao dada ao candidato é 0 sacrificio dos seus prdprios instintos animais. O animal era sacrifica- do por seu amor, por seu préprio bem no Altar de Bron-

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