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O FUNCIONAMENTO SEMIOLGICO DA LNGUA:

UMA LEITURA DO COURS DE LINGUISTIQUE GNRALE


Jos Simo da Silva Sobrinho (UFU)
jose-simao@uol.com.br

No Cours de Linguistique Gnrale (1916), o campo da lingustica


definido no quadro mais geral da semiologia, proposta por Ferdinand de
Saussure como cincia dos sistemas de signos. Essa delimitao se sus-
tenta na compreenso de que o problema lingustico , antes de tudo, se-
miolgico. Por essa compreenso, na cincia delineada pelo Cours, o es-
tudo lingustico no indiferente aos outros sistemas de signos. Neste tra-
balho, inicialmente, refletimos sobre a relao formulada no Cours entre a
lngua e outros sistemas de signos. Em seguida, analisamos como mile
Benveniste desenvolve a perspectiva saussuriana do funcionamento semi-
olgico da lngua. Por fim, tratamos da relao entre a lngua e outros sis-
temas de signos pelo vis dos deslocamentos que Michel Pcheux e Eni
Orlandi operam na concepo de lngua formulada no Cours. Esses autores
compreendem que a lngua funciona por sua inscrio na histria, enten-
dida como memria discursiva, e, nesse funcionamento, h um real da ln-
gua e um real da histria que deslocam o prprio sentido de lngua como
sistema. Nessa direo, compreendemos que a metfora constitui, fun-
damentalmente, a relao entre os sistemas de signos no funcionamento da
linguagem. Desse modo, a lngua no sobrepe, nem traduz outros siste-
mas de signos. Nos processos de significao, os sentidos deslizam entre
sistemas de signos, na forma de efeitos metafricos, tornando os contornos
semiolgicos opacos, porosos. A perspectiva terica adotada a da hist-
ria das ideias lingusticas, caracterizada pela compreenso de que o conhe-
cimento sobre as lnguas e a linguagem possui historicidade, social,
poltico, constitutivo dos sujeitos e dos imaginrios pelos quais eles (se)
significam na sociedade.

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