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Volume 19 / Número 2

EDIÇÃO PORTUGUÊS

ATOS
O LÍDER DE
IGREJA EFIC AZ

Adaptado dos ensinos de Frank e Wendy Parrish, e Ralph Mahoney

Primeira Parte:

Deus Molda Seus Líderes!


Segunda Parte:
O Padrão Bíblico Para a
Multiplicação de Liderança
VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 1
O LÍDER DE IGREJA EFICAZ

À medida que você


estiver estudando,

N
o Novo Testamento, a palavra “eficaz” significa “ativo, poderoso, forte”. permita que a
As definições dos dicionários incluem “preparado e disponível para o Palavra de Deus e
serviço”. Assim sendo, o propósito deste ensino é ajudá-lo – através o poder do
de Cristo – a tornar-se o líder de igreja mais ativo, forte e poderoso que você Espírito Santo o
dirija e lhe
possa ser, alguém que esteja pronto para o serviço. ensine...
Liderança santa significa serviço. Liderança santa significa trabalho –
geralmente trabalho árduo, mas um trabalho que é sempre recompensador e duradouro. A liderança
santa, no entanto, não é o nosso objetivo maior, mas é um meio para um fim: a edificação e a
preparação do Corpo de Cristo, a divulgação do Evangelho, e, o que é mais importante, a glória de
Deus.
Para que este ensino seja eficaz em sua vida, você precisa estudá-lo numa atitude de oração e aplicar
o que aprender em sua própria vida. Juntamente com isso, você precisa também estudar a Bíblia. A
Palavra de Deus contém tudo o que você precisa saber sobre uma liderança santa. Portanto, este ensino
o levará, vez após vez, a pesquisar as Escrituras.
À medida que você estiver estudando, permita que a Palavra de Deus e o poder do Espírito Santo o
dirija, o molde e lhe ensine, transformando-o num líder eficaz e santo no Corpo de Cristo.

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Primeira Par te:

Deus Molda Seus Líderes!


I. DEPENDENDO DE DEUS derança. Deus geralmente coloca as pessoas em posição
Mais de 2,5 milhões de israelitas seguiram a Moisés e de responsabilidade antes que elas se sintam prontas ou
saíram do Egito, para entrarem no deserto desconhecido. capazes. Talvez você já tenha sido lançado numa posição
Essa foi uma enorme responsabilidade de liderança – uma de liderança e esteja enfrentando frustrações ou até mes-
responsabilidade que Moisés não buscou (leia Êxodo 3). mo fracassos. Se esse for o seu caso, anime-se!
Moisés começou como um líder relutante. Ele não O fato de recebermos responsabilidades que vão além
acreditava que tivesse capacidade ou habilidade para lide- do nível com o qual nos sentimos confortáveis, freqüente-
rar um grupo de pessoas tão grande assim para uma jorna- mente faz parte do processo de moldagem de Deus. Ele
da tão importante (Êx 3:11-4:16). Deus, no entanto, viu usa épocas de “esticamento” para nos ensinar importan-
algo em Moisés que Ele desejava usar. As limitações hu- tes lições. Essas situações aumentam nossa fé, expandem
manas de Moisés não eram um problema para Deus – nossa capacidade e aumentam nossa confiança em Deus.
como também as suas limitações não o são. Nessas ocasiões, aprendemos a depender mais de Deus
Moisés argumentou com Deus sobre o seu chamado. (Pv 3:5,6).
Ele sabia que não era qualificado para fazer o que Deus O Senhor encorajou Moisés, certificando-lhe que os seus
o estava chamando para fazer (Êx 3:11-4:16). Ele prova- temores e fraquezas poderiam ser vencidos através da aju-
velmente duvidou das próprias habilidades e temeu o que da e do poder de Deus. Moisés – como todos nós – tam-
aquele chamado poderia envolver. Contudo, Deus pro- bém precisava de ensinamentos, de ser moldado, e da aju-
meteu estar com Moisés e fornecer a ajuda de que ele da de outros. Ele precisava desenvolver sua capacitação.
precisava para cumprir a grande incumbência de Deus Mais importante de tudo, ele precisava de uma dependên-
para ele. cia muito maior de Deus, do Seu poder e da Sua sabedoria,
[Estudaremos muito mais sobre o que Deus ensinou a como ele jamais precisou antes.
Moisés a respeito de “liderança” na Segunda Parte: “O
Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança”.] B. Capacitação de Deus – Não Nossa
Deus não escolhe Seus servos com base na inteligên-
A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados cia, talento ou sabedoria deles. Se você está preocupado
Quando Moisés tirou os israelitas do Egito, ele não ti- com o fato de não ter a “capacitação” para cumprir o cha-
nha experiência nos caminhos de Deus com relação à li- mado de Deus para você, isso é na verdade algo bom.

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Na verdade, o Apóstolo Paulo nos ensinou exatamente
EDIÇÃO PORTUGUÊS sobre isto: “...não são muitos os sábios segundo a car-
Volume 19 / Número 2 ne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres
que são chamados. Mas Ele escolheu as coisas loucas
ATOS do mundo para envergonhar as sábias; e Deus esco-
lheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as
coisas que são poderosas; e Deus escolheu as coisas
O LÍDER DE IGREJA EFICAZ vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,
para aniquilar as que são, para que nenhuma carne
se glorie em Sua presença” (1 Co 1:26-29).
Índice Paulo também citou as razões pelas quais ele poderia
ter dependido de si mesmo: a sua vasta instrução acadê-
Primeira Parte:
Deus Molda Seus Líderes! ............................................... 3
mica, o seu zelo, a sua devota linhagem hebraica, a sua
obediência à Lei. Contudo, Paulo passou três anos no De-
Segunda Parte: serto da Arábia, separando-se dos seus próprios ganhos
O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança ...... 17 de acordo com a carne, a fim de verdadeiramente ganhar
a Cristo (Gl 1:17; Fp 3:4-8).
Item Extra: Paulo sabia que em seu próprio poder e sabedoria ele
Esboço de Sermões Para “O Líder de Igreja Eficaz” ........ 38 não poderia realizar nada eterno. Não foi “com palavras
persuasivas de sabedoria humana, mas com a demons-
tração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não
fosse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”
Editores ................................................... Frank & Wendy Parrish
(1 Co 2:4,5). Paulo não estava tentando reunir seguidores
Editor Internacional .................................................. Gayla Dease
para si próprio. Ele queria que todos seguissem a Cristo
Revisor Final ............................................................. Keith Balser
Jesus, o Senhor. Isso somente poderia ser realizado atra-
Fundador da World MAP .................................... Ralph Mahoney
Artes Gráficas ....................................................... Vander Santos
vés do poder e do Espírito de Deus, e não pela sabedoria
Arte da Capa ............................................................. Ben Parrish
humana.
Tradutor .............................................................. Marcos Taveira
O sábio servo de Deus reconhece que é preciso mais
Revisora ................................................................. Nadya Denis que a sua capacitação ou experiência pessoal para
Leitora de Provas .............................................. Maura Ocampos qualificá-lo para a obra do ministério. É somente através
Impressão Gráfica .......................................... Editora Betânia S/C da capacitação de Deus – do chamado, do poder, dos
dons e da unção de Deus – que verdadeiramente seremos
frutíferos no ministério.
VISÃO E MISSÃO Deus procura os que são leais a Ele – e que são com-
DA REVISTA ATOS pletamente d’Ele – e, então, ELE faz obras poderosas atra-
Prover ensino bíblico prático e treinamento ministerial vés deles (2 Cr 16:9). O coração da pessoa, o seu caráter,
grátis a líderes de igreja na Ásia, África e América a sua disposição de depender totalmente de Deus e de
obedecer-Lhe são as características que a tornam um vaso
Latina que pregam ou ensinam a Palavra de Deus a 20 adequado para uso do Mestre.
ou mais pessoas a cada semana, de forma que estejam
equipados para cumprir a Grande Comissão em sua II. CULTIVANDO UM CARÁTER
própria nação e ao redor do mundo. SEMELHANTE AO DE CRISTO
Quando as pessoas respondem obedientemente ao cha-
mado de Deus, Ele assume a responsabilidade de prepará-
ATOS, no original, (ISSN 0744-1789) é publica- las e moldá-las para o Seu uso. Deus usa a Sua Palavra, o
da a cada três meses pelo “World MAP”, 1419 N. Seu Espírito, as circunstâncias, outras pessoas – o que quer
San Fernando Blvd., Burbank, CA 91504, EUA. Toda que Ele escolher – para moldar os Seus servos.
correspondência deve ser dirigida para o endere- Esta é a mensagem principal de Romanos 8:28: “Sa-
ço acima ou para Caixa Postal 5053, 31611-970 bemos que todas as coisas contribuem para o bem da-
queles que amam a Deus, dos que são chamados de
Venda Nova, MG, Brasil ou ainda para o e-mail: acordo com o Seu propósito”.
revista.atos@uol.com.br Quando amamos a Deus, Ele usa todas as coisas que
SR. AGENTE POSTAL: Favor enviar as mudan- acontecem em nossa vida para o nosso bem. Contudo, qual
ças de endereço para “World MAP”, Caixa Postal é o verdadeiro significado bíblico da palavra “bem”?
5053, 31611-970 Venda Nova, MG, Brasil. Talvez pensemos que o “bem” vindo de Deus para nós
consiste em conforto, saúde ou bênçãos materiais; ou um
Visite nosso website:
www.world-map.com
ministério “poderoso e bem-sucedido”; ou circunstâncias
fáceis.

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No entanto, o “bem” de Deus para nós é muito mais No entanto, a prioridade máxima de Paulo não era o
importante para a nossa maturidade do que para os con- seu chamado. Era a sua paixão em conhecer e tornar-se
fortos temporários ou sucesso no mundo. O maior “bem” semelhante a Jesus! Foi Paulo que escreveu: “E, na ver-
de Deus para cada um de nós é explicado exatamente no dade, tenho também por perda todas as coisas pela
próximo versículo – “sermos conformes à imagem de Seu excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Se-
Filho” (Rm 8:29). nhor, pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as
O “bem” de Deus é quando Ele usa tudo o que aconte- considero como esterco, para que possa ganhar a Cris-
ce em nossa vida para nos fazer mais semelhantes a Je- to... para que eu possa conhecê-Lo, e o poder da Sua
sus. Os melhores dos melhores líderes de igrejas são os ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, sendo
que diariamente rendem o coração e a vida para a obra de feito conforme à Sua morte” (Fp 3:8,10; leia também os
Deus. Eles estão se transformando cada vez mais à seme- versículos 12-15).
lhança de Cristo em seu ca- O Novo Testamento
ráter e ministério. Vamos contém muitas referências
examinar a razão pela qual ao nosso destino espiritual.
isso é tão essencial assim: E quase todas elas apontam
para nós a direção de co-
A. O Caráter nhecermos e tornarmo-nos
Semelhante ao de semelhantes a Cristo. Deus
Cristo: não está nada interessa-
O Primeiro Chamado do no que fazemos por
do Líder Ele, e sim no que esta-
Todos nós concordaría- mos nos tornando para
mos que os líderes de igreja Ele.
precisam devotar-se ao es-
tudo diário da Palavra de B. O Que é o Caráter
Deus. Eles precisam traba- Semelhante ao de
lhar no desenvolvimento de Cristo?
seus dons e chamados. Eles O tornarmo-nos seme-
também provavelmente pas- lhantes a Cristo envolve, em
sam muitas horas no serviço O nosso destino espiritual não tem parte, o desenvolvimento do
ministerial. Todas essas coi- a ver somente com o que nós nosso caráter cristão – a nos-
sas são partes essenciais do sa natureza, a nossa consti-
ministério e sempre são pri-
fazemos para Deus. Ele consiste tuição moral. Isso não reve-
oridades importantes. na conformação da nossa vida no la o quão “perfeitamente”
No meio de todas as ati- sentido de sermos semelhantes a podemos nos comportar ex-
vidades, no entanto, os líde- ternamente, mas com o fato
res não podem perder de vis-
Cristo. O nosso destino – em de sermos verdadeiramente
ta a sua busca mais impor- primeiro lugar – é sermos “transformados” de dentro
tante: conhecerem a Cris- semelhantes a Cristo. para fora. Aí então esta mu-
to, terem a Sua semelhança dança interna se reflete ex-
formada neles, e permitirem que o Seu Espírito os capaci- ternamente, através das nossas atitudes e ações.
te.
Muitas pessoas procuram encontrar uma realização es- 1. Reverência Para com Deus
piritual em seu “ministério” ou “chamado”, em vez de bus- O caráter cristão não tem a ver com honrar ou impres-
car um relacionamento com Deus. Elas se tornam muito sionar os homens. Todos nós precisamos responder pri-
mais preocupadas com o que podem fazer ou realizar do meiramente ao Deus Todo-Poderoso. O ponto de partida
que com quem elas estão se tornando em Cristo. para o caráter semelhante ao de Cristo é o “temor do
O nosso destino espiritual não tem a ver somente com Senhor” (Pv 9:10) – o nosso respeito e reverência para
o que nós fazemos para Deus. Ele consiste na conforma- com Ele e por Sua santidade. O processo para nos tornar-
ção da nossa vida no sentido de sermos semelhantes a mos semelhantes a Cristo inicia-se com o nosso viver na
Cristo. O nosso destino – em primeiro lugar – é sermos prática de nossa fé, com reverência e respeito para com
semelhantes a Cristo. Deus, o Qual olha para nosso coração (1 Sm 16:7).
Não há dúvida nenhuma de que o Apóstolo Paulo foi
um homem extraordinário. Deus o usou para levar milha- 2. Coração de Servo
res de pessoas a Cristo, escrever as Escrituras sob a inspi- O caráter cristão envolve o sacrifício. Precisamos es-
ração do Espírito Santo, iniciar igrejas e mover-se nos dons tar dispostos a morrermos para os nossos próprios desejos
espirituais com poder. Certamente diríamos que Paulo cum- e concupiscências. Precisamos deixar de lado nossas agen-
priu tudo o que Deus o chamou para fazer. das ou conveniências pessoais, a fim de nos tornarmos

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O Espírito
opera
através da
Palavra de
Deus.

mais semelhantes a Cristo. Lembre-se: somos chamados à medida que respondemos a essa convicção, nos torna-
para sermos servos do Senhor Altíssimo. mos mais sensíveis à Sua vontade e direcionamentos.
Jesus nos estimulou a termos em mente que a verda- O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo
deira atitude de servo não é simplesmente fazermos o que – ou de sermos santificados – é um processo diário de
é esperado. É sacrificial! Precisamos procurar as oportu- convicção de pecado, arrependimento e transformação. O
nidades para fazermos até mesmo mais do que os nossos Espírito Santo nos ajuda em nossa santificação (2 Co 3:18;
deveres mínimos (Lc 17:10). Tt 3:5). Obviamente, o Espírito também opera através da
Talvez haja ocasiões em que menos atividades minis- Palavra de Deus. A santificação não pode ocorrer sem a
teriais sejam necessárias, se outras prioridades ordenadas Palavra, mas a Palavra precisa vir acompanhada de uma
por Deus estiverem sendo negligenciadas (tais como a fa- dependência do Espírito Santo.
mília ou a oração). Mais importante de tudo, como servos
de Deus, devemos ser obedientes a tudo o que Ele dese- 4. Comportamento Transformado
jar (1 Sm 15:22,23). O fato de nos desvestirmos do velho homem também
envolve em parte uma mudança do nosso comportamento.
3. Arrependimento Paulo foi rápido em salientar que precisamos fazer es-
O desenvolvimento do caráter semelhante ao de Cristo colhas com a nossa vontade para deixarmos para trás
é descrito por Paulo como o revestimento do “novo ho- os caminhos da nossa antiga natureza. Leia cuidadosa-
mem” (Ef 4:24; Cl 3:10). Isso é realizado com um estilo de mente Efésios 4:22-5:21 e Colossenses 3:12-17.
vida de arrependimento.
Precisamos ser rápidos em respondermos às correções Sendo Verdadeiramente Transformados
do Espírito Santo. Ele habita dentro de cada crente em O sermos semelhantes a Cristo não tem a ver somente
Cristo, confirmando-nos à medida que somos obedientes com uma conformidade externa a regras e regulamentos.
aos caminhos de Deus. O Espírito Santo também nos con- Isso é o que faziam os fariseus. Eles tentavam parecer
vence de pecados de momento a momento, se formos sen- bons externamente, sem permitirem que seus corações fos-
síveis aos Seus direcionamentos. A nossa resposta à con- sem transformados. Isso é chamado de “auto-retidão” e
vicção de pecado que o Espírito Santo nos traz é o arre- não realiza nada, a não ser legalismo e morte espiritual.
pendimento – uma mudança de mente ou de direção. (Leia Mateus 23 e Mateus 5:20; 7:21-23.)
Talvez estejamos a ponto de dizer ou fazer algo, mas, se Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” (Mt
formos sensíveis à convicção de pecado que o Espírito 23:27,28). Eles tinham a aparência externa de santidade,
Santo nos traz, devemos parar. mas estavam cheios de impurezas e de hipocrisia.
Se ignorarmos o Espírito Santo, nos tornaremos menos Não podemos nos purificar e nos santificar por nós
sensíveis, e, mais tarde, endurecidos à Sua obra. Contudo, mesmos. Precisamos depender inteiramente da obra de

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Cristo. Ele “pagou o preço” pela nossa santificação. Ela já Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que
foi inteiramente providenciada para nós. Mas não pode- aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu
mos simplesmente tentar “agir” externamente como sen- faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou
do santificados. Precisamos nos render a Deus e cooperar para o Meu Pai” (Jo 14:12). Quando Jesus foi para o Pai,
com Ele, à medida que Ele opera a transformação em nos- Ele nos enviou o Espírito Santo. Uma das razões para isso
sa vida. O Senhor faz isso à proporção que aprendemos a é para que pudéssemos ser capacitados a fazermos as obras
Bíblia, obedecemos a Ele, crescemos na verdade, e somos de Cristo.
instruídos e dirigidos pelo Espírito Santo.
Tenha a certeza de que Jesus já providenciou o que A Vida e o Poder de Cristo
precisamos para nos tornarmos semelhantes a Ele, mas Somente podemos nos tornar verdadeiramente seme-
precisamos também fazer a nossa parte, como fiéis e obe- lhantes a Jesus através da tremenda obra interna do Espí-
dientes discípulos do Mestre. rito Santo (2 Co 3:18), pela vida
de Jesus “enchendo” todas as
C. Mais do que Caráter áreas da nossa vida. Não po-
O processo para nos tor- demos transformar a nossa
narmos semelhantes a Cristo natureza humana por nós mes-
é, em grande parte, a obten- mos. Podemos, no entanto,
ção da beleza e pureza do ca- escolher abrir nosso coração
ráter de Jesus. Isso, no entan- e vida à obra de Deus, atra-
to, é somente uma parte do que vés do poder do Espírito San-
o Novo Testamento ensina so- to.
bre o processo de nos tornar- É o Espírito Santo operan-
mos semelhantes a Jesus. do dentro de nós – e a nossa
Quando recebemos a Cristo resposta em rendição e obedi-
como nosso Salvador, torna- ência – que forma a “plenitu-
mo-nos povo do Reino de de de Cristo” dentro de nós.
Deus. Todos os crentes têm Somente podemos encon-
esse privilégio. Não é algo re- trar a verdadeira “semelhan-
servado somente aos líderes. ça de Cristo”, à medida que
Na qualidade de “embaixa- nos abrimos à “plenitude de
dores do Reino” de Cristo (2 Cristo”. Precisamos estar dis-
Co 5:20), devemos ser expres- postos a morrermos para a nos-
sões vivas da vida de Jesus. sa própria vida e interesses
Devemos fazer o melhor pos- próprios, a fim de ganharmos
sível para representarmos o a Cristo (Gl 2:20). Exatamen-
Senhor e os Seus desejos aqui te como João Batista falou,
na terra. Assim sendo, o obje- “Ele precisa crescer, mas eu
tivo de todos os crentes deve preciso diminuir” (Jo 3:30).
ser o de revelar Cristo viven- Devemos ser expressões vivas Se a nossa vida estiver
do em nós, como também da vida de Jesus. cheia com a presença e o Es-
Cristo ministrando através pírito de Cristo, seremos líde-
de nós. res mais amorosos, sábios e graciosos. Amaremos mais a
Ter a imagem completa de Cristo formada em nós sig- Deus, amaremos mais o Seu Corpo, e alcançaremos os
nifica duas coisas: perdidos como Jesus o faria. Conheceremos a Deus como
· Ser semelhante a Cristo em nosso caráter e santi- nosso Pai Celestial, e estaremos mais preparados para res-
dade pessoal; e pondermos e obedecermos a Ele. Nosso coração estará
· Ser semelhante a Cristo em poder e graça no minis- cheio com os desejos de Deus, no sentido de conhecermos
tério. e fazermos a Sua vontade. Seremos muito mais eficazes
Jesus viveu numa completa santidade, retidão e pureza no que fazemos, por causa da semelhança d’Aquele que
– precisamos desesperadamente dessa parte da Sua ima- estamos revelando – Cristo.
gem formada dentro de nós. Jesus, no entanto, também Até mesmo durante ocasiões de grandes tribulações e
operava como um Servo em todos os dons e poder do Es- adversidades, devemos viver de uma maneira tal “que a
pírito Santo – os quais também precisamos que sejam for- vida de Jesus também possa ser manifesta em nossos
mados em nós e liberados através de nós. corpos” (2 Co 4:10).
À medida que nos tornamos semelhantes a Cristo, nos- Verdadeiramente, o nosso desejo deve ser o de dizer-
sa vida deve manifestar tanto os frutos do Espírito (Gl mos: “Não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em
5:22,23), como também os dons do Espírito Santo (1 Co mim” (Gl 2:20). Aleluia!
12:4-11,27,28). Quão desesperadamente a Igreja precisa levantar-se e

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alcançar este mundo moribundo – tanto com a santidade e possamos servir a nossos próprios interesses egoísticos.
pureza, como também com a vida e poder de Jesus Cris- Deus dá dons para serem usados, para servirmos as nos-
to. O mundo precisa ver a beleza e o caráter de Cristo em sas mais altas prioridades: conhecermos e glorificarmos a
Seus servos, e as pessoas precisam experimentar a vida e Deus; sermos transformados à imagem de Cristo; e capa-
o poder de Deus sendo ministrados através dos Seus ser- citarmos os santos para o ministério semelhante ao de Cristo.
vos.
D. Rendendo-nos a Deus Diariamente
Uma Severa Admoestação As Escrituras se referem a Deus como sendo o “Olei-
Algumas pessoas têm alguns seguidores ou um minis- ro” e aos Seus filhos como sendo o “barro” (Is 29:16; 64:8;
tério “bem-sucedido”. Isso não significa necessariamente Jr 18:1-6; Rm 9:21). Deus está operando para nos moldar
que elas estejam servindo a Deus com os seus dons de e formar de acordo com a Sua vontade. Isso pode ser um
liderança. processo doloroso às vezes, mas precisamos nos lembrar
O simples fato de que os seus “dons” ainda estejam de que o Oleiro Mestre nos ama e sempre tem o melhor e
funcionando não significa que os líderes estejam vivendo os mais elevados propósitos em mente para nós.
de acordo com os padrões das Escrituras. Eles podem es- A transformação é um processo que dura a vida in-
tar vivendo em rebeldia ou numa óbvia desobediência a teira (2 Co 3:18). Até mesmo os líderes de igreja com
Deus. Talvez estejam ensinando enganos, diluindo a ver- maturidade precisam render-se a Deus e aos Seus tra-
dade para atraírem uma multidão de seguidores. No en- tamentos. O Espírito Santo continuamente nos estimula com
tanto, eles estão enganados no sentido de acreditarem que relação à vontade de Deus e aos Seus mais elevados pro-
isso seja aceitável, pelo simples fato de pósitos para nós. No entanto, o nosso
que eles têm aparência de “êxito”. dever é respondermos à convicção de
É um engano terrível acharmos que pecado produzida pelo Espírito e bus-
Deus nos isenta de uma iniqüidade tão carmos os propósitos de Deus – todos
grande assim pelo simples fato de que os dias!
os dons ministeriais ainda estejam fun- Quer ser o servo de Deus mais efi-
cionando. Os líderes que estão vivendo caz que você possa ser? Então com-
neste engano estão prejudicando a si pró- prometa-se a tornar-se mais semelhan-
prios, como também aos seus liderados. te a Cristo. A obra de moldagem de
Eles desonram a Deus e à Sua Palavra, Deus, a Sua Palavra e o Seu poder de
pois estão sendo desviados e estão fa- unção são a chave para um ministério
zendo com que outros percam o melhor verdadeiramente eficaz e santo.
de Deus para si mesmos.
Há sérias conseqüências para este III.O CAMINHO PARA A
tipo de comportamento errado (Mt 18:6). LIDERANÇA
Esse líder está em grande perigo de ele A transformação espiritual de Cris-
próprio ser “desqualificado” (1 Co 9:27). to sendo formado em nós acontece
Deus usa pessoas, e pessoas que são durante toda a nossa vida. Contudo,
pecadoras por natureza, falham (Rm pode haver tempos específicos de uma
3:23). Contudo, um tropeção no pecado, intensa moldagem ou preparo antes de
seguido de um sincero arrependimento, uma nova responsabilidade ministerial.
é muito diferente de uma vida numa cla- Responder à convicção As que mais transformam nossa vida
ra rebeldia e pecado, enquanto a pessoa de pecado produzida dentre estas ocasiões de moldagem
ainda estiver ministrando. ocorrem durante tribulações ou grandes
Não podemos zombar de Deus nem
pelo Espírito. adversidades.
enganá-Lo (Gl 6:7,8). Ainda que alguns José foi um homem que experimen-
ministros estejam aparentemente escapando impunes de tou muitos longos anos de tribulações e de preparo antes
pecados não arrependidos, Deus nunca é enganado. A de ser liberado ao chamado que Deus lhe havia revelado.
Bíblia nos ensina que muitos que “ministram” um dia dirão: Um estudo da vida de José pode nos ajudar a compreen-
“Senhor, Senhor, não profetizamos em Teu nome? E der algumas das adversidades que talvez enfrentemos à
em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome medida que o Senhor nos molda para o Seu uso.
não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7:22.) Eles pare- Vários ministros do Evangelho com muita maturidade
ciam ser líderes dotados. Contudo, eles não se esforçaram têm tido experiências que são bem semelhantes às de José.
em conhecer a Cristo e em ser conformados à Sua ima- Talvez eles não percebam durante uma tribulação ou ad-
gem. No entanto, eles não terão enganado a Cristo. Ele versidade que Deus está usando estas circunstâncias para
falará as seguintes e terríveis palavras: “Eu nunca vos moldá-los ou dirigi-los. No entanto, eles passam a compre-
conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a ini- ender mais tarde o motivo pelo qual Deus escolheu aquele
qüidade” (Mt 7:23). caminho específico para eles.
Nossos dons e chamado não nos são dados para que NOTA: Antes de estudarmos a vida de José, pare agora

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e separe um tempo para ler Gênesis 37-49 em sua Bíblia entregue a Deus, é somente Ele que decide o curso que
(veja também Salmos 105:16-24). ela irá tomar.
Quando as circunstâncias se tornam difíceis talvez ques-
A. Um Chamado Precoce tionemos se a presença de Deus ainda está conosco. Você
José era o filho primogênito de Jacó e sua esposa favo- pode ter a certeza de que as tribulações NÃO significam
rita, Raquel. Jacó teve outros filhos anteriormente, mas que Deus o deixou! Deus prometeu nunca deixá-lo nem
José era mais favorecido que todos os demais. abandoná-lo (Dt 31:8; Js 1:5; Mt 28:20; Hb 13:5). Exata-
Quando José ainda era um jovem, Deus lhe deu uma mente como Ele estava com José, assim também Ele esta-
série de sonhos (Gn 37:5-11). Esses sonhos indicavam que rá com você.
o propósito para a vida de José era que ele tivesse uma
posição de liderança proeminente. Esse papel de impor- C. O Caminho Pode Parecer Estranho
tância fundamental ajudaria muitas pessoas e preservaria Muito embora Deus tivesse poupado a vida de José,
o povo escolhido de Deus, Israel, através do qual o Messi- Ele de fato permitiu que José sofresse traições e adversi-
as, o Cristo, viria (Gn 45:5-7). dades. Apenas podemos concluir que Deus tinha um plano
Talvez José tivesse sido mais sábio se simplesmente muito especial para José que somente Ele comprendia na
ponderasse essas coisas em seu coração. Em seu zelo, no ocasião.
entanto, José compar- Houve uma épo-
tilhou os sonhos com a ca em que as coisas
sua família. Ele chegou começaram a me-
até mesmo a dizer que lhorar para José.
eles um dia se prostra- Permitiram-lhe que
riam diante dele. O seu estivesse a cargo de
pai o repreendeu e os toda a casa e das
seus irmãos ficaram posses de Potifar.
com inveja e o odiaram Essa foi uma
(Gn 37:10,11). grande responsabili-
José acabou sendo dade, e José foi fiel
traído por seus irmãos. (Gn 39:1-6). Mas,
Eles o venderam como exatamente quando
escravo e fizeram com as coisas começa-
que o seu pai cresse que ram a ir bem, uma
ele havia sido morto por tribulação ainda
animais selvagens. maior estava se
Esse período na avultando.
vida de José deve ter A Bíblia nos diz
sido tão confuso como que a esposa de Po-
foi difícil. Deus havia tifar notou José e
lhe dado sonhos de grandes coisas que ele realizaria. José tentou seduzi-lo a um relacionamento imoral. Deus nunca
tinha uma impressão em seu coração sobre o chamado de nos tenta com o mal (Tg 1:12-16). Assim sendo, isso pode
Deus em sua vida. No entanto, as suas experiências até ter sido uma tentativa de Satanás de destruir o plano de
aquele momento haviam sido a rejeição, a decepção, a trai- Deus para José.
ção e a dor. Ele havia se separado da sua família e estava José, no entanto, permaneceu fiel a Deus e recusou a
agora trabalhando como escravo numa terra pagã. Como esposa de Potifar. Amargurada, ela falsamente acusou a
isso poderia fazer parte do grande plano de Deus para a José (Gn 39:6-18). Potifar acreditou no engano de sua es-
sua vida? posa, e, irado, ordenou que José fosse lançado na prisão.
José havia servido diligentemente e resistido às tenta-
B. Deus Nunca nos Deixa ções. Contudo, o resultado da sua fidelidade foram falsas
José foi comprado no Egito como escravo por Potifar, acusações e a prisão! Quão estranho o caminho pelo qual
um oficial de Faraó. Neste ponto da narrativa, a Bíblia Deus pode levar os Seus escolhidos!
revela uma verdade profunda: “O Senhor estava com
José” (Gn 39:2). Se o Senhor estava com José, por que D. Servindo Fielmente
ele havia sido desprezado e traído por seus irmãos? Por A presença do Senhor continuou com José na prisão e
que ele teve de sofrer tamanha adversidade? lhe deu graça (Gn 39:21).
Somente Deus pode verdadeiramente responder a es- Surpreendentemente, não lemos que José ficou amar-
sas perguntas. Deus às vezes nos liberta imediatamente gurado, até mesmo após anos de aprisionamento. Ele ser-
das tribulações e aflições. Às vezes Ele permite que as via diligentemente em quaisquer circunstâncias em que se
experimentemos por algum tempo antes de nos libertar. encontrava. Assim sendo, ele recebia mais responsabilida-
Deus é soberano, amoroso e justo. Quando nossa vida está des de liderança para que nelas pudesse se desenvolver

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 9


Assim sendo, qual foi o resultado dos
Ele vem ao muitos anos de José em que ele passou
nosso encontro. por traições, decepções, adversidades e
aprisionamento? José saiu da prisão
como um homem cheio do Espírito de
Deus e cheio de sabedoria! Ele sabia
que a sua fonte para tudo era Deus so-
mente. O caráter de José havia sido pro-
vado e purificado. Ele havia sido prepa-
rado para receber muita responsabilida-
de e autoridade, como também para ser-
vir com retidão e integridade.

F. O Controle Soberano de Deus


Chegou o tempo em que José foi final-
mente restaurado a seus irmãos e até mes-
mo a seu pai (Gn 42-49). José havia so-
frido muitos anos de adversidades por
causa daquilo que seus irmãos haviam fei-
to com ele.
Contudo, quando José os viu novamen-
te, ele lhes disse: “Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos pese aos vossos
(Gn 39:22,23). O tempo não estava sendo desperdiçado. olhos por me haverdes vendido para cá, porque Deus
O propósito de Deus ainda estava se desvendando para a me enviou, diante da vossa face para conservação da
vida de José. vida” (Gn 45:5). José não guardou nenhum ressentimento
José, no entanto, estava ciente de que havia sido aprisi- contra seus irmãos. Ele de livre e espontânea vontade os
onado injustamente. Ele até mesmo tentou mudar as suas perdoou. Como isso foi possível?
circunstâncias, mas em vão (Gn 40:14,15,23). José disse mais tarde a seus irmãos: “... intentastes
José permaneceu na prisão, enquanto mais anos se mal contra mim, porém Deus o tornou em bem...” (Gn
passavam – mais de dez anos ao todo. Ele deve ter tido 50:20.)
momentos de frustração, desespero e até mesmo de falta José havia aprendido uma lição extremamente impor-
de esperança. O chamado de Deus ao governo deve ter tante: era Deus que estava a cargo das circunstâncias da
parecido impossível. sua vida. Ele disse a seus irmãos: “porque Deus me
enviou...” A Bíblia diz novamente em Salmos 105:17
E. Provado e Purificado que “Ele [Deus] enviou” a José como escravo ao Egito.
Muito embora o oficial de Faraó tivesse se esquecido Deus enviou José? Não foram os irmãos dele que cons-
de José por muitos anos, Deus não Se esqueceu dele. No piraram para matá-lo, e aí então para vendê-lo como es-
momento certo, aquele oficial lembrou-se de José, e ele foi cravo? Sim, eles fizeram isso. Mas foi Deus, o Qual é
tirado da prisão e colocado diante de Faraó (Gn 41:9-15). maior do que qualquer circunstância, que estava em to-
Deus habilitou José para dar a interpretação do signifi- das as situações da vida de José. Deus usou as circuns-
cado de um importante sonho de Faraó. O sonho previa tâncias de José para, de uma maneira singular, preservá-
um tempo de fartura, seguido por um tempo de fome para lo e prepará-lo para um propósito maior. Posteriormen-
todo o Egito. Deus também deu a José a sabedoria para te, Deus transformou as ações malignas feitas contra José
desenvolver um plano de ação que salvaria o Egito – e o em algo bom.
povo de Deus – de muitas perdas e de uma grande devas- Líder de igreja: Fique ciente de que quando as tribula-
tação (Gn 41:28-36). ções, rejeições, mal-entendidos e injustiças vêm a nossa
Faraó reconheceu que José era um homem cheio do vida, Deus está presente conosco! Se estivermos rendidos
Espírito de Deus (Gn 41:38). Ele colocou José numa posi- e formos obedientes a Deus, Ele moverá as circunstâncias
ção de autoridade sobre todos os interesses do Egito. So- a fim de nos transformar para usar-nos até mesmo as pro-
mente o próprio Faraó teria uma autoridade maior (Gn vações de fogo (Dt 4:20; Is 48:10,11).
41:40-44). Deus não provoca calamidades ou aflições para nós,
Quando Faraó elogiou José pela sua capacidade de in- para de alguma maneira “ensinar-nos uma lição”. Em vez
terpretações de sonhos, José conhecia a fonte da sua sa- disso, Ele vem ao nosso encontro – quando as calami-
bedoria: “Isto não está em mim; Deus dará a Faraó dades nos sobrevêm, ou quando estamos nos escuros e
uma resposta” (Gn 41:16). José deu a Deus toda a gló- sombrios vales da vida (Sl 23:4) – para caminhar conosco
ria – um exemplo para todos nós quando Deus nos usa e fazer com que algo útil surja dessas tribulações.
para ministrarmos eficazmente. Talvez tenhamos sofrido terríveis dores, abusos ou re-

10 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


jeições em nossa vida. Somente Deus pode usar tudo o Rm 8:18). Estaremos com o nosso amado Salvador! Do-
que o inimigo pretendeu fazer para nos prejudicar e des- minaremos e reinaremos com Cristo para todo o sempre
truir, e transformar essas coisas em algo bom. O nosso (2 Tm 2:12). Aleluia!
Deus é o Grande Libertador, que cura, redime e restaura.
Deus não Se esqueceu de você! Deus nunca o deixa- IV.COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES
rá! Somente Ele pode fazer com que todas as coisas que Muitos líderes cristãos maduros podem testificar sobre
aparentemente são contrárias a você contribuam para o ocasiões na vida em que aparentemente toda esperança
seu bem e o bem de outros, para a glória e honra d’Ele! O havia se acabado. As circunstâncias e desafios haviam
sangue de Cristo pode purificá-lo, o poder d’Ele pode redimi- sido tão difíceis que eles quase perderam toda a fé em
lo, o amor d’Ele pode curá-lo, a Palavra d’Ele pode libertá- Deus. Talvez eles tenham até mesmo desistido dos sonhos
lo! que Deus lhes havia dado, permitindo que morressem em
Você pode se regozijar! Enquanto você se rende diari- seus corações. Mas do seu desespero e das cinzas surgiu
amente a Deus, Ele o transforma e o prepara – para fazê- o propósito de Deus.
lo mais semelhante a Cristo Jesus! Deus os havia sustentado pela Sua graça e os havia
preservado para o Seu propósito. Por permanecerem fiéis,
G. A Esperança de Glória Deus usou as suas tribulações para fortalecê-los e prepará-
José permaneceu fiel a Deus, los para os usar, exatamente
independentemente das circuns- como Ele fez com José (Gn
tâncias. Ele foi posteriormente 49:24).
fundamental para a preservação Confie Todas as pessoas que Deus
do povo de Deus e para o deseja usar aparentemente en-
favorecimento dos propósitos do
em frentam tribulações e adversida-
Senhor. Deus. des. As Escrituras nos relatam as
Nós também precisamos per- suas histórias. Noé enfrentou
manecer fiéis, agradecendo a muitas zombarias e escárnios.
Deus pelo Seu direcionamento e Abraão enfrentou muitas e mui-
pela Sua presença que preserva tas dificuldades e provas de fé.
nossa vida (Mt 5:11,12; veja tam- Moisés teve de vencer adversi-
bém Provérbios 2:8; João 14:16- dades desde praticamente a épo-
18). Precisamos continuar confi- ca do seu nascimento. Os pro-
ando em Deus, independente- fetas de Deus sofreram grandes
mente das circunstâncias (Pv perseguições e adversidades. Os
3:5,6). Precisamos escolher per- discípulos de Jesus, o Apósto-
doar os que nos maltratam e lo Paulo – nenhum deles esca-
amar os que nos perseguem (Mt pou dos grandes desafios e tri-
5:44-48). Não devemos pagar mal bulações.
por mal (Rm 12:17-21). Essas coi- Contudo, Deus usou a cada um
sas são difíceis de fazermos por deles como participantes do Seu
nós próprios, mas podemos fazer grandioso plano de redenção da
todas as coisas “através de Cris- humanidade. Cada um deles fez
to” e pela grande graça de Deus. parte da preservação do povo de
Podemos viver nossa vida Deus, abrindo o caminho para o
com fé, certos do seguinte: Deus Salvador, proclamando a Sua sal-
está conosco, Ele nos ama, e Ele vação aos confins da terra, fa-
usará tudo em nossa vida para os Seus mais sublimes pro- zendo discípulos, equipando os santos, etc.
pósitos. É bem possível que você tenha as suas próprias expe-
“Mas graças a Deus, que nos dá a vitória através riências do preparo de Deus através de tribulações e ad-
do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados versidades. Ou talvez você esteja no meio de uma grande
irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes tribulação agora mesmo.
na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não
é vão no Senhor” (1 Co 15:57,58). A. Fontes de Tribulações
Lembre-se disto: Temos a honra de servirmos a Deus De onde vêm as tribulações? Algumas tribulações são
e de entregar a Ele nossa vida para o Seu uso e glória. os tratamentos de Deus. Algumas são produzidas por nós
Mas está chegando o dia em que os que abandonaram mesmos através dos nossos próprios pecados e rebeldia.
tudo para seguirem a Cristo nesta vida temporária entra- Algumas são ataques diretos de Satanás.
rão em sua recompensa eterna. Não haverá mais dores, Muitas tribulações são simplesmente o resultado da vida
mais sofrimentos ou lágrimas (Ap 21:4). As leves aflições neste mundo caído. Estas tribulações podem incluir o se-
temporárias desta vida serão coisas do passado (2 Co 4:17; guinte:

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 11


· Opressões ou perseguições civis ou governa-
mentais, pelo simples fato de crermos em Jesus Cris-
Os próprios Apóstolos de Cristo enfrentaram surras,
aprisionamentos, privações e adversidades (2 Co 11:23-
to. 33). Todos eles, exceto um, morreram como mártires para
· Membros de nossa família ou outras pessoas
que nos traem ou nos desprezam por causa da
Jesus Cristo. Muitas pessoas da época do Velho e do Novo
Testamento sofreram nas mãos dos que se opunham a Deus
nossa fé. ou ao Evangelho de Jesus Cristo (por exemplo, João Ba-
· Grandes desafios para o nosso chamado minis-
terial. As coisas podem ser especialmente difíceis,
tista – Mt 14:1-12; leia também Hebreus 11).
A vida, de fato, reserva grandes vitórias e alegrias para
ou talvez nos sintamos isolados ou sozinhos em nos- o crente em Cristo. No entanto, as ocasiões em que nos
sas lutas. Esses ataques podem vir através de ou- encontramos “no topo da montanha” misturam-se com as
tras pessoas, mas são na verdade forças malignas ocasiões em que também precisamos caminhar através
que estão em operação (Ef 6:12). Nada agradaria dos vales das tribulações.
mais ao Diabo do que apagar o fogo da sua paixão
por Cristo ou o seu zelo em servi-Lo. C. Confiando em Deus nas Tribulações
· Grandes tribulações físicas para nós ou para
alguém que amamos. Alguém muito íntimo e que-
Talvez Deus não seja a causa direta dos nossos sofri-
mentos e tribulações, e Ele pode ou não nos libertar imedia-
rido para nós pode até mesmo morrer. A agonia e tamente deles.
a angústia que acompanham esse tipo de sofri- Contudo, realmente sabemos o seguinte com relação
mento ou perda podem às tribulações: Ou Deus nos
ser os opressores mais liberta delas, ou Ele nos dá
sombrios. “Tende a força e a graça para en-
· As circunstâncias na-
turais desta terra caí-
grande
gozo...”
frentá-las. E Deus promete
usar tudo em nossa vida – as
da e repleta de peca- coisas boas e as ruins – para
do podem trazer tremen- nos moldar cada vez mais à
das adversidades. A imagem de Cristo para os Seus
fome, as enfermidades, propósitos (Rm 7:28,29).
as pestilências, graves
desastres climáticos ou D. Qual é o Propósito das
naturais – tudo isso pode Tribulações?
realmente trazer consigo A Bíblia nos ensina que as
grandes tribulações. tribulações são necessárias
para o nosso crescimento es-
B. A Importância da piritual. Tiago faz a seguinte co-
Perseverança locação com relação a isto:
Deus não prometeu que “Meus irmãos, tende grande
nossa vida aqui na terra seria gozo quando cairdes em vá-
vivida com tranqüilidade e con- rias tribulações, sabendo
forto, ou que Ele nos pouparia que a prova da vossa fé pro-
de dores e adversidades. duz a paciência [perseveran-
Esta vida é muito curta em ça]. Tenha, porém, a paciên-
comparação com a eternidade. cia, a sua obra perfeita, para
Ela é temporária, e não devemos fixar as nossas afeições que sejais perfeitos e completos, sem a falta de coisa
neste mundo, nem no que ele pode oferecer (Mt 6:19-21; alguma” (Tg 1:2-4).
Cl 3:2). Este não é o nosso lar permanente. Somos apenas A palavra “perfeito” aqui significa “maturidade, tota-
peregrinos aqui (Fp 3:20; Hb 11:13; 1 Pe 2:11). lidade” (não significa uma impecabilidade perfeita, pois so-
A Palavra nos diz que, como crentes em Jesus Cristo, mente Deus é perfeito). Os crentes são fortalecidos na
enfrentaremos oposições nesta vida (1 Pe 5:8,9). Enfren- perseverança e amadurecidos espiritualmente através das
taremos tribulações, perseguições e adversidades (2 Tm tribulações.
3:12; veja também Marcos 4:17; Romanos 8:35,36) por Há muitas e muitas outras coisas que as tribulações
amor a Jesus. realizam para os crentes. Examinemos agora apenas algu-
As Escrituras ensinam que é necessário muito trabalho mas destas coisas:
e perseverança para “terminarmos a corrida” desta vida
com sucesso (2 Tm 4:7). A Palavra de Deus nos diz que 1. As Tribulações Provam Nossa Fé
precisamos “perseverar” até o fim (Mt 10:22; 24:13; 1 Co A Bíblia descreve o preparo na vida de José como uma
4:12; 2 Ts 1:4; Hb 3:14). Esses versículos subentendem o época em que “a palavra do Senhor o provou [refi-
fato de ficarmos firmes na fé em Cristo, até mesmo no nou]” (Sl 105:19). Pedro nos faz a seguinte exortação:
meio de grandes dificuldades. “Amados, não estranheis a ardente tribulação que vem

12 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


sobre vós para vos provar [testar]” (1 Pe 4:12a). Deus (1 Jo 1:9), purificando-nos e preparando-nos para fazer-
geralmente permite que a nossa fé seja provada e testada mos Sua vontade (1 Pe 4:1-3).
com o fogo das dificuldades.
Davi escreveu: “Pois o justo Deus prova os cora- 3. As Tribulações nos Ensinam Sobre
ções e as mentes [o homem interior]” (Sl 7:9). Deus sabe Dependência e Humildade
de tudo. Assim sendo, Ele já sabe o que está em nosso A humanidade não segue automaticamente o caminho
coração. No entanto, as Suas provas nos revelam o que de Deus. Geralmente é bem o oposto (Is 55:8).
está em nosso próprio coração. Precisamos conhecer a Contudo, as tribulações geralmente revelam os erros
força (ou a fraqueza) da nossa fé em Deus. dos nossos próprios caminhos e nos levam a um lugar de
Por exemplo: Durante as tribulações você fica ansio- uma maior dependência de Deus.
so? Com medo? Com raiva? Impaciente? Em caso afir- Quando somos humilhados, temos a tendência de bus-
mativo, isso revela áreas de fraqueza em sua fé, áreas em carmos o caminho do Senhor mais diligentemente. Fica-
que você não está confiando em Deus. Essas coisas po- mos mais dispostos a cooperarmos com Ele e a nos ren-
dem se tornar uma grande barreira dermos a Ele. Reconhecemos quão
à obra de Deus através de você no desesperadamente precisamos de-
futuro. O reconhecimento de onde pender d’Ele – da Sua força, sabe-
a nossa fé é fraca nos ajuda a en- doria, direcionamento e poder.
frentarmos o problema, nos arre- Deus nos prova e nos humilha
pendermos dele, e nos voltarmos a através das tribulações (Dt 8:16).
Deus para recebermos a Sua for- No entanto, Ele também usa os
ça e ajuda. tempos difíceis para nos lembrar de
O Senhor também prova as nos- que todas as coisas boas, todo o
sas motivações. Será que amamos sucesso, toda a frutificação somen-
e servimos a Deus egoisticamente, te são possíveis por causa da gra-
somente para obtermos as Suas ça, amor e poder de Deus (Dt
bênçãos? Satanás acusou Jó desse 8:17,18; Tg 1:17). Vamos nos lem-
tipo de coisa. Jó provou que Sata- brar dessas coisas, para que o nos-
nás estava errado e permaneceu so próprio orgulho jamais faça com
fiel a Deus, apesar de perder tudo. que pensemos que o nosso êxito no
(Leia o Livro de Jó.) ministério é devido às nossas pró-
O Senhor nos prova para nos prias ações. Paulo foi poderosa-
ajudar a vermos a quem realmente mente usado por Deus, mas ele re-
amamos (Dt 13:3). Será que ama- cebeu uma tribulação física como
mos a Deus mais do que qualquer uma garantia para que ele não se
outra coisa ou qualquer outra pes- ensoberbecesse, ou se “exaltasse
soa, independentemente das cir- além da medida” (2 Co 12:7-10).
cunstâncias? Será que o seguir a À medida que Deus opera gran-
Deus é mais importante para nós des obras através de nós, as tribu-
do que qualquer outra coisa? (Leia lações nos relembram que não te-
Lucas 14:26-33.) mos nenhuma força espiritual ver-
“O Senhor prova os justos” dadeira independentemente da
(Sl 11:5). As tribulações são uma grande graça e capacitação de
prova em que podemos ser apro- Ele nos purificará. Deus.
vados ou reprovados. Se formos
aprovados, seguimos adiante para uma força maior em 4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus
Deus. Se formos reprovados, verificamos onde precisa- Durante as ocasiões de grandes tribulações, nossas fra-
mos crescer ainda e aprendemos com o nosso fracasso. quezas são reveladas. Isso não acontece para nos desani-
mar. É para nos ensinar a dependermos de Deus e rece-
2. As Tribulações nos Purificam bermos d’Ele. Pois Deus “dá poder aos fracos, e aos
Quando purificamos o ouro, é necessário que ele seja que não têm nenhum vigor Ele aumenta a força” (Is
aquecido a temperaturas muito altas. Somente desta ma- 40:29).
neira as impurezas do ouro podem subir à superfície, a fim Quando Paulo estava fraco, Jesus lhe disse: “A Minha
de que elas possam ser removidas. Às vezes precisamos graça é suficiente para ti, pois a Minha força é aper-
de muito calor e pressões em nossa vida para que motiva- feiçoada na fraqueza” (2 Co 12:9).
ções, ações e pensamentos impuros sejam revelados. À Deus não Se limita às nossas fraquezas, pois Ele vê o
medida que essas coisas sobem à superfície, podemos en- que podemos fazer e ser, através da Sua ajuda e poder.
tão ter a oportunidade de confessá-las e nos arrepender Deus chamou Gideão de um “homem poderoso e valo-
diante de Deus. Ele nos purificará das nossas iniqüidades roso” (Jz 6:12). Naquela ocasião, no entanto, Gideão es-

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 13


tava aterrorizado e estava escondido dos midianitas (Jz fidelidade do Senhor, ele decidiu: “Bom é ter esperança e
6:11). No entanto, Deus chamou Gideão assim mesmo, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor” (Lm 3:26;
mais tarde o capacitou a cumprir um grande propósito. leia Lamentações 3).
(Leia Juízes 6-8.) Isaías também nos ensinou que Deus dá vigor aos fra-
“Temos este tesouro em vasos de barro [fracos, frá- cos e renova as forças dos que esperam n’Ele (Is 40:28-
geis], para que a excelência do poder possa ser de 31).
Deus, e não nossa” (2 Co 4:7). Esperar em Deus significa entrar em Sua presença com
Podemos agradecer a Deus pelas tribulações que re- adoração e oração. Significa humilharmo-nos diante d’Ele
velam a nossa fraqueza e inadequabilidade. Muito embora e tomarmos o tempo para recebermos d’Ele o que neces-
as tribulações sejam difíceis para a nossa carne (a nature- sitamos.
za humana pecaminosa), elas fortalecem o nosso espírito A Bíblia ensina que há tempos e ocasiões para tudo
– pressionando-nos a uma maior dependência de Cristo e (Ec 3:1-8; At 1:7). Talvez Deus tenha nos chamado, mas
da Sua força. “De boa vontade pois me gloriarei nas talvez ainda não seja o tempo d’Ele para nos enviar à
minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de próxima fase ministerial. Talvez precisemos primeiramen-
Cristo... pois quando sou fraco então sou forte” (2 Co te esperar e enfrentar um tempo de moldagem e cresci-
12:9,10b). mento. Enquanto entregamos nossa vida a Deus, precisa-
mos esperar n’Ele, para o Seu tempo perfeito, até mesmo
5. As Tribulações nos Fortalecem durante as tribulações. Ao fazermos isso, Ele nos salva,
É impossível haver vitóri- nos fortalece, nos direciona
as sem batalhas. As tribula- e nos ajuda a perseverar-
ções nos ensinam a usarmos mos.
a nossa armadura espiritual;
elas nos fortalecem em nos- 7. As Tribulações nos
sas “habilidades de comba- Preparam
te” espiritual (Ef 6:11-18). Os sofrimentos podem na
Aprendemos sobre batalha verdade acelerar o cresci-
espiritual e intercessão, e mento espiritual e promover
crescemos na fé triunfante (2 o nosso preparo: “Que o
Co 10:3-6; 1 Jo 5:4). Deus de toda a graça, o
À medida que passamos Qual nos chamou à Sua
por tribulações, os nossos eterna glória por Cristo
“músculos espirituais” são Jesus, depois de haverdes
exercitados. Tornamo-nos sofrido um pouco, vos
mais fortes para a próxima aperfeiçoe, estabeleça, for-
tribulação. Podemos assim taleça e confirme” (1 Pe
enfrentar um inimigo ainda 5:10). Deus usa as tribula-
maior. Aí então, tornamo-nos Espere n’Ele. ções e sofrimentos para nos
ainda mais fortes. À medida aperfeiçoar [preparar, com-
que fazemos isso tornamo- pletar], e para nos estabele-
nos mais úteis e desenvolve- cer fortemente em Seus ca-
mos a perseverança (Rm minhos.
5:3,4; Tg 1:3). Deus poderá então nos usar de maneiras José era um jovem quando Deus lhe deu os sonhos do
ainda maiores. Passamos de “força em força” (Sl 84:7) e seu futuro. Para poder cumprir um chamado tão grande
de “glória em glória” (2 Co 3:18). assim, José precisava de tempo para desenvolver sabedo-
No meio de batalhas assim, talvez sejamos tentados a ria, maturidade e caráter santo.
sentirmos dó de nós mesmos ou a temermos. Contudo,
precisamos resistir a esses pensamentos, e, em vez dis- 8. As Tribulações Mudam Nossa Perspectiva
so, nos lançarmos na misericórdia de Deus em oração. Durante as tribulações talvez recorramos aos valores
Podemos admitir diante de Deus que somos apenas car- temporários do mundo, procurando alívio, como por exem-
ne – e, aí então, em nossa fraqueza, podemos clamar plo posses, dinheiro, viagens, álcool ou outras coisas. Logo,
pela ajuda e força de Deus. Quando oramos “Preciso de no entanto, percebemos que esses bens terrenos não for-
Ti, Deus! Não consigo fazer isto sem Ti!”, Deus respon- necem nenhuma ajuda, alívio ou consolo duradouro.
de, pois verdadeiramente não conseguimos fazer nada As tribulações revelam o que se tornou a nossa fonte
sem Ele (Mt 19:26). de ajuda e força em tempos de necessidade. Será que re-
corremos a Deus ou a alguma outra fonte?
6. As Tribulações nos Ensinam a Esperarmos As tribulações também elevam os nossos olhos em di-
Jeremias lamentou-se pelas suas tribulações e aflições. reção ao Céu. Quando perdemos um ente querido, ou en-
No entanto, quando ele se lembrou das misericórdias e da frentamos grandes desafios, nosso coração se volta para

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nossa esperança eterna. O Céu parece tão mais doce quan- coisa que sofrermos em Cristo. Não haverá nenhum
do temos um ente querido lá. As tribulações nos ajudam a galardão para o tipo de sofrimento que trazemos sobre nós
perceber que este mundo, juntamente com tudo o que há mesmos através de escolhas ou ações pecaminosas.
nele, está passando. Os valores eternos e a vontade de Quando Miriã falou contra Moisés e foi acometida de
Deus tornam-se muito mais reais e importantes para nós lepra, aquele não foi um caso de sofrimento por Deus (Nm
(2 Co 4 e 5; 1 Jo 2:15-17). 12). Quando Jonas passou alguns dias na barriga de um
As tribulações nos mostram a futilidade dos recursos grande peixe, aquilo foi devido à sua própria rebeldia (Jn
humanos. Enquanto sofremos, as tribulações avivam em 1). Quando Ananias e Safira foram mortos, aquilo foi um
nós uma fome pela glória de Deus. “... se de fato sofre- resultado direto das suas ações enganosas (At 5:1-11).
mos com Ele [Cristo], é para que também possamos ser Se formos impetuosos ou desobedientes, ou se tentar-
glorificados juntamente com Ele, pois considero que mos nos apossar de posições ou de poder, para os quais
os sofrimentos deste tempo presente não são dignos de Deus não nos chamou, sofreremos por causa das nossas
ser comparados com a glória que há de ser revelada próprias ações. Se nossas concupiscências ou paixões pas-
em nós” (Rm 8:17,18). sam por cima do nosso bom senso, ou se tentarmos exaltar
Muito embora Deus faça com que todas as coisas co- a nossa vontade própria acima da verdade das Escrituras,
operem para o bem – a imagem de Cristo moldada dentro talvez nos encontremos em apuros terríveis.
de nós – Ele também está nos preparando para o dia em As Escrituras nos admoestam a sermos cuidadosos,
que revelará a Sua glória através de nós, e seremos glori- para que não soframos pelas nossas próprias transgres-
ficados com Cristo! Aleluia! sões: “Que nenhum de vós sofra como homicida, la-
drão, malfeitor, ou como o que se entremete em negó-
E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no cios alheios” (1 Pe 4:15).
Meio das Tribulações Contudo, até mesmo quando pecamos voluntariamente
Deus usa as tribulações e provações para nos prepa- contra Deus, nem tudo está perdido. Deus ainda pode nos
rar, e não para salientar nossos fracassos, ou nos conde- libertar quando nos arrependemos com sinceridade [re-
nar (Rm 8:1). Lembre-se: Deus quer que sejamos bem- nunciamos aos nossos pecados e nos afastamos deles].
sucedidos no cumprimento do Seu chamado. Ele quer Nossos fracassos podem trazer sofrimentos desnecessá-
nos purificar, para que o nosso futuro seja frutífero. Deus rios sobre nossa própria vida ou sobre as pessoas que es-
está a nosso favor, e não contra nós (Rm 8:31). Deus é tão perto de nós. Deus, no entanto, pode usar até mesmo
imenso e grandioso, e a Sua perspectiva é eterna. Ele vê e os piores fracassos de nossa vida para ajudar a nos moldar
compreende tudo – muito mais do que jamais poderíamos e nos transformar. Sua correção e disciplina, e nossa res-
ver e compreender! Ele tem um eterno propósito do Reino posta a elas, também nos moldam (Dt 8:5; Pv 3:12; Hb
para cumprir. Podemos escolher ser parceiros com Ele no 12:7,8).
cumprimento deste propósito. Devemos, no entanto, con- Deus pode redimir e usar até mesmo os nossos fracas-
fiar no Senhor com relação a qualquer que seja o papel sos. Ele é digno de todo louvor, pelo Seu grande perdão e
que Ele nos der para cumprirmos. graça redentora!
Deus também promete nunca nos deixar ou nos aban-
donar, e que Ele será o nosso Ajudador. Assim sendo, não G. Como Devemos Responder às Tribulações?
há necessidade de ficarmos com medo (Hb 13:5,6). Exa- As tribulações vêm a todos nós. Jesus disse: “No mun-
tamente como Ele estava com José no meio das suas tri- do tereis tribulações...” (Jo 16:33.) O significado da pa-
bulações, Deus também está conosco, independentemen- lavra “tribulação” inclui o seguinte: “pressão, opressão,
te das circunstâncias. Nunca poderemos ser separados do tensão, angústia, compressão, adversidade, aflição, sofri-
Seu grande amor (Rm 8:38,39). mento”. Ela representa o que é livre e desacorrentado,
Talvez você tenha sofrido por causa do seu compro- sendo colocado sob muita pressão.
misso com Cristo, mas ouça as palavras encorajadoras de Somos livres em Cristo. Este mundo, no entanto, traz
Pedro: “... alegrai-vos pelo fato de serdes participan- as pressões das tribulações e provações. Como podemos
tes dos sofrimentos de Cristo, para que, quando a Sua ser bem-sucedidos através das tribulações e crescer com
glória for revelada, possais também vos alegrar com elas? Eis aqui algumas diretrizes.
uma alegria excessivamente grande. Se sois vitupera-
dos pelo nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, 1. Ore!
pois o Espírito de glória e de Deus repousa sobre vós” A oração é essencial para sermos perseverantes e
(1 Pe 4:13,14). bem-sucedidos nas tribulações. Precisamos estar em ora-
ção continuamente, pedindo que Deus nos dê força, graça,
F. A Disciplina de Deus nos Molda e sabedoria. Precisamos pedir que Ele santifique as tribu-
É importante lembrar que José não havia feito nada lações para nós, usando-as para a Sua glória e para o nos-
que trouxesse adversidades à sua vida. A Bíblia não nos so bem. Precisamos sondar nosso coração e permitir que
diz que José se rebelou ou pecou contra Deus. Às vezes, Deus nos purifique das impurezas. Precisamos renunciar
nosso próprio egoísmo ou pecado pode trazer tribulações ao nosso orgulho e esforços próprios, clamando a Deus
ou dificuldades para nossa vida. Isso NÃO é a mesma em humildade e pedindo a Sua ajuda e poder.

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 15


Precisamos ter um coração que crê. Precisamos crer 3. Não Fuja
que Deus tem um propósito nas tribulações e que Ele Quando você estiver sendo severamente provado, tal-
suprirá tudo de que precisamos para sermos perseve- vez queira fugir de Deus, do ministério ou da própria situ-
rantes. Ele nos dará sabedoria quando Lhe pedirmos ação. Isso é um erro grave! (Obviamente, presumindo-se
(leia Tiago 1:2-8), para que saibamos o que fazer em que você esteja enfrentando tribulações pelo fato de estar
resposta às tribulações. Deus CERTAMENTE Se en- obedecendo ao chamado de Cristo!).
contrará conosco, nos ensinará, nos consolará e nos aju- Talvez você diga em seu coração: “Deus, se Tu não
dará. fizeres algo com relação a isso, eu vou embora!” Uma
oração muito melhor, no entanto, seria: “Deus, até que Tu
a. Ore no Espírito me liberes ou me envies a uma outra tarefa, vou ficar exa-
As tribulações podem ser algo desanimador ou até tamente onde estou. Ajuda-me a perseverar, a ser fiel ao
mesmo esmagador. Às vezes nem mesmo conseguimos Teu chamado!” Somente quando for provado que você foi
encontrar as palavras para orarmos. É nessas ocasiões fiel numa dada situação é que você estará preparado para
que podemos – e devemos – orar no Espírito. Ao fazer- uma tarefa maior (Lc 16:10; 19:17). Geralmente Deus não
mos isso, o Espírito Santo nos ajuda, orando de acordo nos orienta a deixarmos uma tarefa, a menos que Ele es-
com a vontade de Deus (Rm 8:26,27). A oração no Espíri- teja claramente nos direcionando à nossa próxima tarefa.
to também é uma maneira poderosa e eficaz de se edificar Se formos adiante prematuramente, provavelmente per-
a nossa fé (Jd 20). deremos o propósito que Deus tinha para nós. Ou Deus
Algumas vezes as tribulações podem ser ataques dire- talvez tenha que intervir a fim de chamar nossa atenção.
tos de Satanás ou de demônios. Nesses casos, precisamos (Leia os dois primeiros capítulos de Jonas, por exemplo.)
nos submeter a Deus e resistir ao Diabo (Tg 4:7), e
contender com orações e súplicas (Ef 6:10-18). 4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser
Nas tribulações é importante que ouçamos a Deus – e
b. Ore com Jejuns aí então que Lhe obedeçamos! O caminho de Deus para
O jejum nos ajuda a aquietar nossos impulsos carnais e moldá-lo é singular. Você não pode imitar o que vê os ou-
a nos tornar mais sensíveis à voz do Espírito Santo. Quan- tros fazendo. Você precisa descobrir o que Deus quer que
do você estiver jejuando, não deixe de orar freqüentemen- você faça.
te. Da mesma forma, tome tempo para silenciosamente É necessário que em seu coração você esteja submis-
esperar em Deus. Permita que Ele ministre a você e fale so a Deus. Precisamos permitir que a tribulação seja usa-
ao seu coração. da por Deus para realizar o seu propósito (Tg 1:2-4). Se
precisarmos de sabedoria podemos pedi-la a Deus. Ele
2. “Tende Grande Gozo!” deseja nos dar sabedoria com liberalidade (Tg 1:5).
Paulo e Silas haviam acabado de ser severamente sur- A obediência requer muita oração; talvez arrependi-
rados e lançados na prisão por terem pregado o Evange- mento, uma busca nas Escrituras – e uma espera, espera,
lho. Contudo, naquela mesma noite eles estavam orando e espera no Senhor! Seja rápido em responder a Deus e em
cantando hinos ao Senhor (At 16:22-25). obedecer-Lhe.
O Senhor, em Sua fidelidade, havia colocado em seus
corações “cânticos de livramento” (Sl 32:7). Enquanto 5. Mantenha seu Coração em Retidão
cantavam, um terremoto os libertou, juntamente com to- Somente você pode escolher a sua resposta a uma tri-
dos os outros prisioneiros. Até mesmo o carcereiro se con- bulação. Você pode permitir que seu coração fique irado,
verteu. Uma forte igreja foi estabelecida em Filipos como temeroso ou amargurado. Ou você pode escolher receber
resultado disso. Como Paulo pôde cantar durante uma tri- o perdão, a paz, a graça e a força de Deus. Essas nem
bulação como aquela? Porque Paulo era humilde e rendia- sempre são escolhas fáceis de fazermos. A nossa angústia
se a Deus. Ele tinha a confiança de que Deus estava a ou decepção pode ser grande. Os ataques contra nós po-
cargo de sua vida. Paulo reconhecia a mão de Deus ope- dem ser muitos. Talvez temamos colocar toda a nossa con-
rando em todas as tribulações e desafios. Que fé e graça fiança em Deus. Pode levar algum tempo para conquistar-
que Deus nos dá! mos os obstáculos ou desafios à nossa fé que surgem du-
Deus é sempre digno do nosso louvor. Enquanto O rante as tribulações.
adoramos, nossos olhos se levantam e nosso espírito se Precisamos continuar achegando-nos a Deus com as
eleva. A esperança e a alegria de Deus enchem nosso nossas ansiedades, temores e preocupações. Podemos ser
coração, fortalecendo-nos para as tribulações. honestos com Ele, pois Ele já conhece nosso coração. Pre-
Nós podemos ter alegria e ações de graça no meio das cisamos entregar as nossas preocupações a Ele, pedindo a
tribulações (Jo 16:33; Tg 1:2). Sabemos que Deus as usa- Sua ajuda e graça.
rá para o nosso bem e para a Sua glória (Hb 12:3-11). Somente nós podemos decidir continuar recorrendo a
Podemos até mesmo triunfar sobre as tribulações se Ele e escolhendo os Seus caminhos – pois somente Ele
voltarmos nosso coração a Deus num humilde louvor: “E pode nos tornar líderes eficazes em Seu Reino. Na Segun-
graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cris- da Parte, estudaremos mais detalhadamente algumas das
to” (2 Co 2:14). maneiras pelas quais Deus realiza isso. n

16 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


Segunda Par te:

O Padrão Bíblico Para a


Multiplicação de Liderança
Frank e Wendy Parrish

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, com relação à maneira pela qual os problemas poderiam
servindo como supervisores, não por compulsão, mas ser solucionados. Leiamos agora algumas passagens
voluntariamente; não para ganhos desonestos, mas de bíblicas que contam essa história:
bom ânimo; não como senhores sobre aqueles que vos “E aconteceu que, ao outro dia, Moisés assentou-
foram confiados, mas sendo exemplos ao rebanho; e se para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de
quando o Sumo-Pastor aparecer, recebereis a incor- Moisés desde a manhã até à tarde. Vendo pois o sogro
ruptível coroa de glória.” (1 Pe 5:2-4.) de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: ‘Que é
Nessa eloqüente passagem, a Bíblia descreve princípios isto que tu fazes ao povo? Por que te assentas só, e
eternos de uma liderança bíblica santa. Mas como pode- todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até
mos colocar em prática estes princípios da forma mais efi- à tarde?’ ... Então o sogro de Moisés lhe disse: ‘Não é
caz possível? Como sempre, as próprias Escrituras nos bom o que fazes. Totalmente desfalecerás, assim tu e o
fornecem instruções claras, específicas e práticas. povo que está contigo, porque este negócio é muito
Êxodo 18:13-22 ressalta alguns problemas comuns na difícil para ti; tu só não o podes fazê-lo... Ouve agora
liderança e oferece soluções altamente eficazes e que hon- a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo...
ram a Deus. Procura dentre o povo homens capazes... pois eles
carregarão o fardo contigo’.” (Êx 18:13-22.)
Dependendo de Deus Jetro salientou uma falha grave na liderança de Moisés:
Quando Moisés começou a liderar e tirar o povo do ele estava tentando fazer a obra que Deus o havia chama-
Egito, não demorou muito tempo até que ele caísse numa do a realizar por si só, sem a ajuda de outros. O líder que
armadilha de liderança comum: ele tentou ser o único líder é pego na armadilha de ser um líder independente se limi-
de um grupo de pessoas. Moisés talvez tenha presumido tará e nunca cumprirá o seu propósito completo como
que, uma vez que Deus o havia chamado para fazer uma líder de igreja.
tarefa, então ele deveria cumprir essa tarefa sozinho. Jetro deu a Moisés um conselho sábio sobre como so-
Felizmente para Moisés e os filhos de Israel, Deus en- lucionar os desafios de liderança que ele estava enfren-
viou um servo sábio – Jetro, o sogro de Moisés – para tando. Jetro entregou o seu conselho a Moisés e sabia-
aconselhá-lo. Jetro reconheceu os problemas que estavam mente o dirigiu a Deus para uma confirmação do seu con-
sendo criados pelo estilo de liderança independente de selho (Êx 18:23). Moisés foi humilde e sábio por receber e
Moisés. agir em obediência ao conselho de Jetro (Êx 18:24). Eles
Quando Moisés começou a enfrentar desafios em seu tinham um bom relacionamento, um relacionamento de
chamado, Deus usou Jetro para sabiamente instruir Moisés confiança e respeito mútuo (Êx 4:18; 18:7).

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 17


Vamos estudar agora as instruções de Jetro mais Ir a Deus primeiramente com as necessidades do
detalhadamente: povo:

I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS


· aliviava Moisés do tremendo fardo de tentar resol-
ver tantas necessidades (leia Salmos 37:5-7; 55:22;
A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:19) Provérbios 3:5,6; 16:3; 1 Pedro 5:7);
“Fique diante de Deus pelo povo, para que você
possa trazer as dificuldades a Deus.” (Êx 18:19.)
· convidava Deus a mover-Se a favor do Seu povo e
de suas necessidades;
Moisés estava passando a maior parte do seu tempo “as-
sentado diante do povo” (Êx 18:13-16), tentando resolver
· proporcionava a Moisés o tempo para ouvir de Deus
com relação ao que ele deveria fazer para conduzir
os problemas deles. Isso representa uma tentação que to- o povo apropriadamente.
dos os líderes enfrentam. É lisonjeador quando as pessoas o A primeira responsabilidade do líder de igreja é orar
respeitam como líder e pedem a sua ajuda. Talvez você te- pelas pessoas que Deus lhe dá (1 Sm 12:23; Rm 1:9; Cl
nha algum entendimento da Palavra e dos caminhos de Deus. 1:9). Depois, ele precisa tomar o tempo para ouvir o que
Assim sendo, as pessoas querem a sua opinião ou conselho. Deus lhe disser para fazer – e aí então fazê-lo!
Isso é aceitável, mas somente de uma forma limitada. Moisés aprendeu essa lição, e as suas intercessões pelo
Isso NÃO é aceitável quando você, como líder, se povo tornaram-se muito importantes (Êx 32:30-34).
encontra sentindo-se responsável – até mesmo obri-
gado – a resolver os problemas de todos. Esse erro Discipulado, e Não Solução de Problemas
grave pode fazer com que as pessoas dependam de você, No Velho Testamento, os líderes designados por Deus
em vez de amadurecerem e aprenderem a ir a Deus por si agiam como mediadores entre Deus e as pessoas, dizen-
próprias. Moisés estava se- do-lhes o que o Senhor es-
guindo o costume oriental perava delas. O líder fica-
dos governantes, os quais se va diante de Deus a favor
assentavam nos portões (lu- Equipando-os e do povo.
gares de autoridade) para ensinando-lhes. Contudo, Jesus é o Me-
administrarem justiça a seus diador final entre Deus e a
vassalos. Moisés tinha boas humanidade (1 Tm 2:5,6).
intenções, mas ele nunca O Seu sacrifício e perdão
poderia suprir as exigênci- pelos pecados da humani-
as nem resolver os proble- dade possibilitam que todo
mas de milhões de pessoas indivíduo arrependido seja
sozinho. restaurado a Deus. Todo
Jetro reconheceu que crente em Jesus Cristo
Moisés estava passando pode ter agora um relacio-
tempo demasiado tentando namento direto com Deus!
resolver os problemas das Deus também forneceu
pessoas, e não passando à Igreja a Sua Palavra – a
tempo suficiente indo a Bíblia – para que soubés-
Deus pelas pessoas. Ele semos o que Deus espera
disse a Moisés: “Não é de nós. Jesus também nos
bom o que fazes. Total- deu o Espírito Santo. Ago-
mente desfalecerás, as- ra todos os crentes em Je-
sim tu e o povo que está sus Cristo podem e devem
contigo, porque este ne- orar diretamente a Deus.
gócio é muito difícil para Todos os crentes podem
ti; tu só não podes fazê- ser dirigidos por Deus, ou-
lo” (Êx 18:17,18). vir respostas de Deus, e re-
Jetro ofereceu várias ceber poder do Espírito
soluções para aquele desa- Santo para o serviço cris-
fio. Contudo, elas exigiam tão.
que Moisés mudasse a maneira pela qual ele estava pas- Contudo, pode levar um tempo para os novos crentes
sando o seu tempo. amadurecerem a ponto de poder receber o que necessi-
Jetro primeiramente instruiu a Moisés a “ficar diante tam de Deus por sí próprios. É por isso que Deus le-
de Deus pelo povo” (Êx 18:19). Moisés não precisava vanta e designa a liderança na Igreja (Ef 4:11-16).
ouvir e resolver os problemas de todos. A responsabilidade Os líderes precisam discipular os crentes jovens, equi-
primordial de Moisés era orar pelo povo. Moisés deveria pando-os e ensinando-lhes nas Escrituras e nos cami-
chegar perante Deus e colocar as dificuldades do povo nhos do Senhor. Os crentes imaturos precisam de ajuda,
diante do Senhor em oração. para saberem como obedecer a Deus, caminhar com Ele,

18 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


e ser dirigidos por Ele. É necessário que você, na quali- lhes deu através da Sua Palavra (Sl 119). Assim sendo, as
dade de líder de igreja, fique diante de Deus e ore pela pessoas precisam ser ensinadas com relação ao que se
sua congregação. Você precisa orar por ela a fim de mi- encontra na Palavra de Deus e como estudarem a Pala-
nistrar-lhe eficientemente! Mas, você também tem de vra de Deus por si próprias.
ensinar às pessoas como elas podem ir a Deus em ora- Em Atos 17:11, o povo de Beréia, ao ouvir o Evangelho,
ção por si próprias, como ouvir a Sua voz, e como buscar “examinou cada dia nas Escrituras se estas coisas eram
em Sua Palavra as respostas que elas precisam receber assim.” Conseqüentemente, “muitos deles creram...” (At
d’Ele. 17:12.) O povo de Beréia sabia como examinar a verdade
É errado, como líder de igreja, achar que só você preci- e confirmá-la na Palavra de Deus. Isso era uma prote-
sa ter todas as respostas e resolver todos os problemas ção para eles no sentido de não serem desviados por fal-
para as pessoas. Se você agir assim, as necessidades das sos ensinamentos. Quando o líder de igreja ensina ao seu
pessoas começarão a ocupar a maior parte do seu tempo. rebanho a Palavra de Deus com precisão, ela o ajudará a
Esse grave erro pode rapidamente desequilibrar suas prio- proteger os membros da congregação contra enganos, fal-
ridades ministeriais – e levá-lo à comum armadilha de lide- sas religiões e mentiras do Diabo.
rança do orgulho e da autoconfiança.
Ensino Bíblico:
B. Ensine ao Povo (Êx 18:20) Prioridade Máxima Para Todo Líder de Igreja
Jetro, em seguida, deu a Moisés um outro ponto de O líder de igreja diligente ensina ao seu rebanho os es-
instrução para o povo – “ensina-lhes!” Moisés era res- tatutos, leis e doutrinas encontrados na Palavra de Deus.
ponsável por dirigir uma grande multidão de pessoas. O líder dedicado:
Aqueles indivíduos haviam sido escravos na cultura pe-
caminosa do Egito por toda a sua vida. Eles eram pagãos
· estuda a Palavra de Deus da melhor maneira possí-
vel (2 Tm 2:15);
e supersticiosos, ignorantes com relação a Deus e Seus
caminhos.
· passa tempo orando e meditando na Palavra de Deus,
permitindo que Deus lhe dê revelações e entendi-
Ao saírem do Egito, aquelas pessoas trouxeram ídolos mento;
com elas (Ez 23:7,8). Elas caíram em idolatrias gravíssimas
ao longo do caminho (Êx 32), de forma que Deus as julgou
· usa quaisquer ferramentas de pesquisa confiáveis
que lhe estiverem disponíveis para ajudá-lo a estu-
severamente. Deus é um Deus zeloso (Êx 20:5; 34:14; Tg dar (tais como a Revista ATOS);
4:4,5) e Ele não tolera por muito tempo as afeições do Seu
povo sendo direcionadas a ídolos inúteis ou a outros deu-
· faz todo o possível para ter a certeza de que o seu
rebanho seja instruído com a sabedoria e a verdade
ses. Devemos adorar e servir a Deus somente (Êx 20:2,3; da Palavra de Deus (1 Tm 4:13,16).
1 Sm 7:3). Deus valoriza muito o estudo e o ensino da Sua eterna
Deus disse aos israelitas como eles deveriam viver quan- e imutável Palavra. Ele até mesmo designou um dos cinco
do Ele lhes deu mandamentos para guiá-los (Êx 20:1-17). dons principais de treinamento ministerial como “mestre”
Contudo, o povo precisava de instruções adicionais que o (Ef 4:11). Deus instruiu que os presbíteros e líderes sábios,
ajudasse a aplicar aqueles mandamentos em sua vida diá- “que governam bem, sejam considerados dignos de
ria. Assim sendo, Moisés deveria “ensinar-lhes” (Êx uma duplicada honra, especialmente os que trabalham
18:20), tantos os mandamentos, como também a maneira na Palavra e na doutrina” (1 Tm 5:17). É por isso que
de caminhar em obediência a esses mandamentos. Deus faz um juízo mais severo sobre os que ensinam a
Essa mesma situação existe em muitos países e cultu- Palavra de Deus (Tg 3:1).
ras ainda hoje. Quando as pessoas são salvas e saem de Ensinar a Palavra de Deus ao seu rebanho é a pri-
uma cultura religiosa pagã, elas não sabem como viver de oridade máxima do líder. Paulo ensinou a Timóteo a
uma forma que seja obediente e agradável a Deus. “persistir em ler, exortar e ensinar” e a “meditar nes-
tas coisas, dedicando-se inteiramente a elas” (1 Tm
Buscando a Verdade 4:13,15; veja também 2 Timóteo 2:15).
Através de Jetro, Deus deu a Moisés três áreas gené-
ricas para o ensino, a fim de ajudar o povo a viver num fiel 2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar (Êx
relacionamento de aliança com um Deus santo. 18:20)
As pessoas precisam fazer mais do que simplesmente
1. Ensine ao Povo os Estatutos e as Leis de Deus memorizarem estatutos e leis. Elas também precisam apren-
(Êx 18:20) der como aplicar as Escrituras na própria vida, vivendo
Moisés já estava usando os estatutos e as leis de Deus em obediência a Deus, o Qual lhes deu esses estatutos e
para decretar decisões justas (Êx 18:16). leis. Deus nos dá a Sua Palavra para nos ensinar quem Ele
Contudo, Moisés estava apenas resolvendo disputas e é e o que é exigido para andarmos em retidão diante d’Ele.
problemas individuais. Ele não havia reunido o povo para Precisamos aprender como caminhar com Deus diaria-
instruir a todos eles nos caminhos de Deus. mente, amando-O, assim como Ele nos ama (Dt 6:5; 7:6-
O desejo de Deus é que o Seu povo O conheça. Eles 9). O desejo de Deus – desde a época da Sua Criação
também precisam conhecer as leis e princípios que Ele original, desde a Sua aliança com Abraão, desde o envio

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 19


do Seu Filho por nós, e até mesmo agora – é o de ter um Vamos examinar agora um exemplo de como isso pode
relacionamento pessoal e de amor com toda a huma- ser feito.
nidade (Gn 1:26-28; 12:1-3; Jo 3:16; 1 Tm 2:4).
Uma Amostra de um Ensino Bíblico
Uma Vida Agradável a Deus Mateus 5:48 diz: “Sede vós pois perfeitos, como é
Moisés estava liderando um grupo pagão de ex-escra- perfeito o vosso Pai que está nos Céus”. À primeira
vos, e eles não sabiam nada sobre Deus. Não sabiam o vista, esse versículo citado por Jesus parece impossível de
que significava amar a Deus, obedecer-Lhe, ou servir a se cumprir, e, portanto, pode parecer condenatório.
Ele e a outros com a própria vida. Era preciso mostrar- Deus sabe que nós, como seres humanos, não somos
lhes como caminhar nas leis de Deus e aplicá-las na vida capazes de uma impecabilidade absolutamente per-
prática diária. Esse tipo de discipulado realiza várias coi- feita nesta vida.
sas importantes: O que significa então a palavra “perfeitos” neste
· À medida que as pessoas vivem em caminhos que versículo bíblico?
agradam a Deus, a obediência delas as ajuda a se A palavra grega original traduzida por “perfeitos” neste
aproximarem do Senhor. texto é a palavra “teleios”. Essa
Deus, por outro lado, Se palavra significa “ter sido com-
aproxima delas e Se agra- pletado ou totalmente amadu-
da de suas ações (veja recido”, como uma pessoa to-
Tiago 4:8). talmente adulta em comparação
· À medida que as pesso-
as aprendem a viver pe-
com uma criança. No entanto,
ela também tem um significado
los princípios da Palavra derivado da sua raiz “telos”, que
de Deus, elas são poupa- significa “um fim, propósito, alvo,
das do pecado e da de- ou objetivo”. O ideal grego com
sobediência. Elas não relação a perfeição também en-
participam mais de com- volvia a função, ou a maneira
portamentos que sejam pela qual alguma coisa poderia
destrutivos para elas ou ser útil. É como uma ferramen-
para outros. A vida des- ta que se encaixa perfeitamen-
sas pessoas melhoram e te em nossas mãos e é perfei-
elas ficam mais sábias. tamente útil para cumprir o pro-
Elas não precisam con- pósito para o qual ela foi plane-
versar com um líder com jada.
relação a todas as peque- Assim sendo, podemos en-
nas disputas ou questões tender que Mateus 5:48 signifi-
que surgem. ca que devemos nos esforçar em
· À medida que as pessoas
começam a ser pratican-
direção ao objetivo de sermos
plenamente maduros em Cristo
tes da Palavra e não so- e úteis nas mãos de Deus para
mente ouvintes (Tg 1:22), cumprirmos o propósito para o
elas vivem uma vida mais Deus nos dá a Sua Palavra para qual Ele nos criou.
frutífera. Elas começam a nos ensinar quem Ele é e o que é O nosso Pai Celestial é to-
se alinhar com o propósi- exigido para andarmos em retidão talmente completo. Vemos em
to de Deus para elas e outras referências bíblicas que
para a Sua Igreja. Elas diante d’Ele. Precisamos Deus tem o compromisso de nos
aprendem a evangelizar, aprender como caminhar com ajudar a sermos mais completos
ministrar e a servir outros, Deus diariamente, amando-O, – mais semelhantes a Cristo – e
através de atos de mise- de nos ajudar a cumprir o nosso
ricórdia e de bondade. assim como Ele nos ama. propósito n’Ele (Hb 12:3-11; Fp
1:6; 2 Co 3:8; Rm 8:27-30).
Como Ensinar a Palavra de Deus Para mais revelações com relação a Mateus 5:48, po-
Há dois aspectos com relação ao ensino apropriado da demos examinar os outros versículos do contexto de
Palavra de Deus: Mateus 5 também. Jesus nos lembra que devemos ser to-
· O primeiro deles é ensinar exatamente o que se en- talmente maduros e funcionar em nosso propósito com
contra na Palavra de Deus. relação a amar os outros, até mesmo os que são cruéis, ou
· O segundo é ajudar as pessoas a compreenderem vingativos, ou que nos maltratam (Mt 5:38-48). O nosso
como a Palavra de Deus deve ser aplicada na vida Pai Celestial sempre é completamente amoroso. Ele é to-
diária. talmente amadurecido – perfeito – em amor. O nosso Pai

20 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


Celestial sempre escolhe o que há de melhor para nós, até “cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm
mesmo quando O rejeitamos, ou O maltratamos. “Deus é pastor” (Mt 9:36).
amor” (1 Jo 4:8) e “Deus demonstra o Seu próprio amor Foi com esse grupo desesperado, egoísta, e pecamino-
para conosco em que enquanto éramos ainda pecado- so que Deus queria formar um povo de aliança. Aquelas
res Cristo morreu por nós” (Rm 5:8). pessoas deveriam se tornar um povo especial, o qual ca-
Há muitos outros versículos na Bíblia que confirmam o minharia com Deus como nação, e seria o instrumento atra-
fiel e imutável amor e bondade de Deus para conosco. vés do qual Ele traria o Messias.
Jesus nos ordena a sermos “perfeitos” no sentido de Aqueles indivíduos eram antigos escravos. A maioria
amarmos os nossos inimigos, exatamente como Deus é deles não sabia como trabalhar sem um áspero feitor or-
perfeito em amar os Seus inimigos. Em Mateus 5, Jesus denando todo e qualquer movimento deles. Contudo, havia
até mesmo nos dá situações da vida real de como esta muito trabalho a ser feito, se mais de dois milhões de pes-
verdade pode ser aplicada diariamente em nossa vida: soas tivessem de sair do Egito e entrar em sua Terra Pro-
· Não se vingue nem faça retaliações às pessoas que
o maltratam (Mt 5:38,39). Isso pode ser confirmado
metida! Seria necessário que todos contribuíssem com seus
talentos e força. Muitos teriam de aprender novas habili-
em Romanos 12:19, onde está claro que o juízo é dades e desenvolver capacidades que não sabiam que pos-
responsabilidade de Deus. suíam.
· Vá além do que as pessoas possam exigir de você,
e faça ainda mais por elas (Mt 5:40-42). Deus pro-
Deus, através de Jetro, disse a Moisés como organizar
as pessoas para o trabalho, a fim de que elas pudessem
mete que ao darmos Ele nos retribuirá ainda mais ajudar a carregar o fardo da chegada deles à Terra Prome-
(Lc 6:38). tida. Essa é uma poderosa prefiguração para o seguidor de
· Devemos amar todas as pessoas, até mesmo os
nossos inimigos. Fazemos isso orando por elas, per-
Cristo do Novo Testamento envolvido na vida atual da Igre-
ja! Vamos agora examinar isso mais detalhadamente:
doando-lhes, e abençoando-as, até mesmo quando
forem cruéis (Mt 5:43-47). Esse tipo de amor radi- Alimentando os Novos Crentes
cal, inspirado por Deus, faz com que o mundo todo Exatamente como os israelitas que estavam saindo da
saiba que somos verdadeiros seguidores de Cristo escravidão, assim também éramos nós quando primeira-
(Jo 13:35). mente nos achegamos a Cristo. Éramos “escravos do pe-
cado” (Rm 6:17), vivendo egoisticamente e em desobedi-
Um Obreiro Diligente ência. Toda a nossa perspectiva da vida era terrena e
Escolhemos aqui uma passagem difícil das Escrituras e egoística (Ef 2:1-3).
abrimos o seu verdadeiro significado de uma maneira mais Na qualidade de líderes de igreja, não devemos nos sur-
clara. Examinamos também os versículos do seu contexto preender nem ficar desanimados com a imaturidade espi-
e confirmamos a verdade com outros versículos da Bíblia. ritual dos “bebês recém-nascidos” em Cristo. Eles podem
Sim, foi necessário um tempo para estudarmos as Escritu- ser egoístas e até mesmo agirem de formas tolas às vezes.
ras, pesquisarmos e prepararmos. É necessário um obrei- No entanto, é nosso privilégio e responsabilidade dar-
ro diligente para o ensino correto da verdade de Deus (2 lhes o “leite puro da Palavra” (1 Pe 2:2). Este “leite
Tm 2:15). puro” são as verdades bíblicas básicas necessárias
Isso também demonstra como você pode tanto ensinar para um crescimento e maturidade espiritual saudá-
as verdades da Palavra de Deus, como também ajudar as vel.
pessoas a saberem o que é esperado delas como resposta. Alguns exemplos de “leite puro” ou de temas básicos a
Portanto, elas podem ser mais do que meros ouvintes da ser ensinados aos novos crentes incluem:
Palavra de Deus; elas podem ser praticantes também (Tg
1:22-25).
·· Conhecendo a Deus, a Jesus e ao Espírito Santo
Batismos – nas águas e no Espírito Santo
A Palavra de Deus é “viva e poderosa, e mais afia-
da do que qualquer espada de dois gumes, penetran-
·· Lendo, compreendendo e obedecendo a Bíblia
Orando todos os dias e ouvindo a Deus
do até mesmo à divisão da alma e do espírito, e das
juntas e medulas, e ela discerne os pensamentos e in-
· Arrependimento e perdão (dizendo “não” ao peca-
do em nossa vida)
tenções do coração” (Hb 4:12). A Palavra de Deus traz
convicção de pecado. O conhecimento da Palavra de Deus
··Salvação pela fé, e não por obras
Comunhão com outros seguidores de Cristo
e o entendimento de como aplicá-la nos ajuda a vivermos
em obediência a Deus. Ela também nos dá um conheci-
··
Generosidade
Adoração
mento utilizável da verdade (1 Tm 2:4). ·
Serviço

3. Ensine ao Povo o Trabalho a Ser Feito (Êx 18:20) Dons de Todos os Crentes
A maioria das pessoas que saíram do Egito com Moi- Ensinar aos novos “bebês” é importante. Mas também
sés eram judeus por natureza. Contudo, elas não forma- é importante dar-lhes tarefas para eles fazerem como par-
vam uma nação unificada ou um grupo de pessoas. Elas te do Corpo de Cristo. Todas as pessoas têm um papel
eram mais semelhantes aos judeus da época de Jesus, importante a cumprir para que o Corpo cresça e funcione

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 21


de maneira saudável (Ef 4:16). Esses papéis podem co- trabalham para se sustentar e assumir as suas responsa-
meçar com coisas pequenas e aumentar, à medida que os bilidades.
novos crentes amadurecem e provam ser fiéis nestas coi- Há épocas e lugares em que bons empregos são difí-
sas pequenas (Lc 19:17). ceis de se encontrar. No entanto, trabalho produtivo de
O Apóstolo Paulo deixa claro que o “trabalho do mi- algum tipo geralmente pode ser encontrado em toda parte.
nistério” deve ser feito por TODOS os que fazem parte O trabalho é sempre útil (Pv 14:23). Os líderes de igreja
da Igreja, e não somente por alguns escolhidos (Ef 4:12). precisam encorajar os seus membros a serem produtivos.
Todos os seguidores de Cristo têm dons dados por Deus O fruto do seu trabalho, não importa quão pequeno seja,
(Rm 12:4-8; 1 Co 12). Deus deseja que estes dons sejam ajudará a suprir as suas necessidades. Eles também serão
usados para a edificação da Sua Igreja (1 Co 14:12). abençoados por Deus ao darem um décimo (o dízimo) à
Um papel muito importante do líder de igreja, pastor Igreja (Ml 3:8-11), e terão recursos extras para outras boas
ou presbítero é ajudar a todos os crentes a identifica- obras (Ef 4:28).
rem os seus dons e a encontrarem um lugar para Uma Palavra Especial a Pastores, Evangelistas, Após-
usá-los no ministério. Nem todos os crentes são cha- tolos e Outros Líderes de Igreja:
mados a tarefas ministeriais em tempo integral. Contudo, Em 1 Coríntios 9, Paulo esclarece que os que traba-
todos os discípulos de Cristo têm o propósito de ser pes- lham espiritualmente têm a liberdade dada por Deus de
soas que ministrem. Eles podem e devem servir em receberem sustento financeiro enquanto trabalham no mi-
algum tipo de ministério ao Corpo de Cristo e à socieda- nistério (1 Co 9:1-11,14; veja também Romanos 15:27).
de ao seu redor. No entanto, Paulo também diz rapidamente o seguinte:
“No entanto não temos usado deste direito, mas su-
Preparando as Pessoas Para o Trabalho portamos tudo, para não pormos impedimento algum
Moisés trouxe um grupo de indivíduos que havia sido ao Evangelho de Cristo... Eu, no entanto, não tenho
escravo por toda a vida e o colocou numa posição de súbi- usado nenhuma destas coisas [o direito de receber sus-
ta liberdade. Aqueles indivíduos não estavam acostuma- tento financeiro das pessoas a quem Paulo pregava e mi-
dos a tomar iniciativas nem a trabalhar além dos requisitos nistrava]” (1 Co 9:12,15).
mínimos. Muitos nunca tiveram oportunidade de desenvol- Paulo trabalhava como fabricante de tendas para sus-
ver uma habilidade ou profissão. tentar-se, a fim de que ele não fosse um peso às igre-
No deserto, Deus lhes fornecia comida do céu diaria- jas (At 18:3; 20:33-35; 2 Ts 3:8,9). Ele não recebia susten-
mente (Êx 16). Mas este nem sempre seria o caso. Deus to financeiro dos membros de uma igreja local. Paulo nos
sabia que, no futuro, aqueles escravos teriam de lutar em dá três razões pelas quais ele trabalhava com as suas pró-
batalhas, produzir o próprio alimento, e desenvolver prias mãos para se sustentar no ministério:
capacitações para sobreviverem por si próprios.
Deus também compreende a natureza humana e a im-
· Para que o Evangelho não fosse impedido de ne-
nhuma forma (1 Co 9:12).
portância de termos trabalho para fazer (Pv 10:16; 22:19;
27:23; Ec 9:10a). O trabalho faz parte do plano de Deus
· Paulo trabalhava por uma recompensa eterna, e não
por uma recompensa terrena. Paulo era extrema-
para a humanidade. Isto é verdade e aplicável desde o mente cuidadoso para não abusar nem usar errada-
início (Gn 2:15,20). Assim sendo, Deus ordenou que Moisés mente da sua “autoridade no Evangelho” por
desse ao povo um trabalho que eles tivessem de fazer, a razões egoísticas (1 Co 9:18).
fim de que eles mais tarde vivessem e prosperassem na
Terra Prometida.
· Ao sustentar a si próprio Paulo estava isento dos
julgamentos e opiniões dos homens. Isso o fazia um
O Apóstolo Paulo deparou-se com um problema seme- servo mais eficaz a todos, para que ele pudesse ga-
lhante com a Igreja de Tessalônica. As pessoas estavam nhar mais pessoas para Cristo (1 Co 9:19-22).
sendo salvas e libertas da escravidão do pecado. No en- Qual é o equilíbrio correto entre receber sustento fi-
tanto, elas ficaram tão entusiasmadas com a sua recém- nanceiro para o ministério e pagar pelas nossas próprias
encontrada liberdade que pararam de trabalhar. Elas co- necessidades através de um outro emprego?
meçaram a simplesmente ficar sentadas, esperando a Se- Em alguns casos, o líder de igreja não tem escolha na
gunda Vinda de Cristo! Elas ficaram preocupadas que, questão, pois ele precisa trabalhar para sustentar a si mes-
caso não estivessem vigiando, talvez pudessem perder a mo; ou as responsabilidades da igreja talvez não exijam a
Jesus quando Ele voltasse novamente. Paulo, no entanto, sua atenção em tempo integral. Nesse caso, ele pode dar
tranqüilizou-as de que seria impossível perder a volta de o seu tempo extra para um trabalho num emprego a fim de
Cristo à Terra (1 Ts 4:16-5:6; 2 Ts 2:1-5). não ser um peso para a igreja, devido ao seu sustento fi-
Paulo também repreendeu esses indivíduos, salientan- nanceiro. Essa é uma maneira, semelhante ao caso de Pau-
do que cada um deveria estar trabalhando e vivendo a lo, de demonstrarmos amor e um compromisso de servir-
sua vida de uma maneira ordenada (2 Ts 3:6-12; veja mos aos outros. Isso também é um poderoso testemunho à
também 1 Ts 4:11). Caso contrário, em sua ociosidade, comunidade de que você está presente para dar e servir, e
eles poderiam ficar desregrados e intrometidos. Paulo cita não para tirar algo das pessoas.
a sua própria vida e conduta, e a vida e conduta da sua Em outros casos, a igreja é grande o suficiente para
equipe de liderança, como um exemplo de pessoas que sustentar o pastor financeiramente. Mas será que é erra-

22 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


do ou menos “espiritual” receber salário de uma igreja? e aprovação de Deus em seus ministérios. Isso não é ver-
Não, não é. É aceitável recebermos um salário como dade (Lc 12:15; Tg 2:5) – e nos leva a colocarmos nossas
pastor de tempo integral ou líder de igreja. afeições nas coisas materiais e terrenas, em vez das coi-
Todo líder de igreja precisa examinar freqüente- sas espirituais incorruptíveis (Mt 6:19,20; 1 Pe 1:4).
mente o próprio coração para ter a certeza de que ele Se as riquezas fossem um sinal da aprovação e bênção
está estabelecido nas prioridades corretas (Cl 3:1-7). Por de Deus, aí então tanto Jesus como Paulo teriam de ser
exemplo, será que você continuaria servindo como considerados como horríveis fracassos! Da mesma forma
presbítero ou pastor, se não estivesse recebendo absolu- seriam considerados a maioria dos profetas do Velho Tes-
tamente nenhum sustento financeiro da igreja? Ou será tamento e os apóstolos do Novo Testamento.
que você tem tempo extra para trabalhar num outro em- Contudo, a pobreza tampouco é um sinal de espirituali-
prego, de maneira a não ser um peso para a igreja com o dade. Nem a abundância, nem a escassez é necessa-
seu sustento integral? riamente um sinal da nossa obediência a Deus, do
Paulo declarava veementemente e aplicava a autodisci- nosso estado espiritual, ou da nossa aprovação dian-
plina a fim de obter a “coroa incorruptível” da aprovação te de Deus.
de Deus, em vez de ser desqualificado (1 Co 9:24-27). Ao contrário, Deus nos chamou para obedecermos a
Na Primeira Carta de Pedro às Igrejas, ele também Sua Palavra e para confiarmos n’Ele em todo o tempo e
abordou a atitude do líder no para todas as nossas necessi-
serviço à igreja: dades. Há ocasiões em que
“Aos presbíteros que es- Deus pode fornecer muito mais
tão entre vós, admoesto eu, do que necessitamos. Assim
que sou também presbítero sendo, teremos uma abundân-
com eles e testemunha dos cia para darmos à obra do Seu
sofrimentos de Cristo, e tam- Reino. Em outras ocasiões tal-
bém participante da glória vez pareça que mal temos o
que há de ser revelada: suficiente. Essa é a nossa
Apascentai o rebanho de oportunidade de crescermos
Deus, que está entre vós, na fé e confiarmos que Deus
servindo como supervisores, suprirá as nossas necessida-
não por compulsão, mas des (Fp 4:19).
voluntariamente, não por O Espírito Santo, através
ganhos desonestos, mas de de Paulo, nos ensina o equi-
ânimo pronto; não vos as- líbrio exatamente correto:
senhoreando dos que vos “Aprendi a contentar-me
foram confiados, mas sen- em qualquer estado que eu
do exemplos do rebanho; e esteja. Sei como estar aba-
quando o Sumo Pastor, apa- tido [viver humildemente] e
recer recebereis a incorrup- sei como ter em abundância
tível coroa de glória.” (1 Pe [viver com prosperidade]. Em
5:1-4.) toda parte e em todas as coi-
O papel de todos os líderes sas aprendi tanto a estar sa-
de igreja é servir o rebanho tisfeito, como a estar com
que Deus lhes deu. O rebanho fome, tanto a ter em abun-
não existe para servir ao líder. dância, como a sofrer ne-
Os seus liderados NÃO exis- Deus nos chamou para cessidades” (Fp 4:11,12).
tem para suprir as suas neces- Como Paulo podia viver
sidades ou para ajudá-lo a ser
obedecermos a Sua Palavra. num estado assim de tanta paz
bem-sucedido no ministério. e contentamento? Ele nos diz
Eles existem para que você possa amá-los, servi-los, pas- o seguinte no próximo versículo: “Posso fazer todas as
toreá-los na Palavra e nos caminhos de Deus – e ver estes coisas através de Cristo que me fortalece” (Fp 4:13).
seus liderados amadurecidos e treinados para fazerem a Paulo compreendia que colocar a nossa confiança em
obra do ministério (Ef 4:12). coisas materiais ou no trabalho somente para ganhos ter-
renos é uma tolice. (Veja 1 João 2:15-17; veja também 1
A Atitude do Líder com Relação às Riquezas Timóteo 6:3-10; Hebreus 13:5.)
Alguns na Igreja de hoje em dia usam o ministério para Cristo nos ajudará e nos dará o que necessitarmos para
ganhos materiais. Jesus revelou que estes “pastores” não realizarmos os Seus propósitos com ou sem riquezas! As-
têm um compromisso com o bem estar do rebanho (Jo sim sendo, quer seja na riqueza ou na pobreza, a nossa
10:12,13). confiança deve estar em Deus e em Sua provisão para
Outros acham que as riquezas são um sinal da bênção nós – olhando para Ele, para que Ele supra TUDO o

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 23


que necessitarmos – para a vida e a santidade (2 Pe “Ora, naqueles dias, quando o número dos discí-
1:3). pulos estava se multiplicando, surgiu uma reclamação
contra os hebreus pelos gregos, porque as suas viúvas
C. Treine Outros Para Ajudarem a Liderar eram negligenciadas na distribuição diária.
(Êx 18:21) “Aí então os Doze convocaram a multidão dos dis-
Deus deu muitos conselhos sábios a Moisés através do cípulos e disseram: ‘Não é desejável deixarmos a Pa-
seu sogro, Jetro. Uma instrução muito importante encon- lavra de Deus e servirmos as mesas. Portanto, irmãos,
tra-se em Êxodo 18:21. Neste versículo, Moisés foi esti- escolhei dentre vós sete homens de boa reputação,
mulado a formar uma equipe de líderes que o ajudas- cheios do Espírito Santo e de sabedoria, a quem pos-
se a liderar o povo. Esses líderes deveriam ajudar a car- samos designar para este negócio; mas nós nos devo-
regar a responsabilidade do ministério com Moisés (Êx taremos continuamente à oração e ao ministério da
18:22). Palavra.’... Aí então a Palavra de Deus espalhou-se, e
Moisés era um conselheiro sábio e talentoso, familiari- o número dos discípulos multiplicou-se grandemente
zado com as leis de Deus. Antes de receber o conselho de em Jerusalém, e um grande número de sacerdotes eram
Jetro, Moisés administrava justiça ao povo e resolvia as obedientes à fé” (At 6:1-7).
suas disputas, como era o costume dos governantes da Há vários pontos principais a serem considerados nes-
sua época. Moisés era bem-intencionado. No entanto, ele sa passagem:
jamais poderia satisfazer as necessidades de milhões de
pessoas liderando desta maneira. 1. As Prioridades dos Apóstolos
Como líderes, talvez também sejamos bem-intenciona- Os Apóstolos haviam caminhado com Jesus por mais
dos em nossos esforços ministeriais. Contudo, talvez nos de três anos, e, desde a Sua morte e ressurreição, eles
encontremos exaustos, ou não muito saudáveis; ou talvez haviam estado trabalhando muitíssimo. Eles estavam ensi-
o nosso cônjuge, ou a nossa família, não esteja recebendo nando e pregando, servindo mesas, alimentando os famin-
a atenção necessária. É possível “exagerarmos em nossas tos, ajudando os necessitados, etc. Agora, no entanto, o
boas ações”. número de discípulos estava se multiplicando rapidamente
Como líderes devemos estar dispostos a trabalhar duro, – rápido demais para os Apóstolos servirem a todos eles
e não sermos preguiçosos. Contudo, tampouco devemos adequadamente. Quando os problemas começaram a sur-
ser exageradamente zelosos com o que está além das nos- gir, isto fez com que os Apóstolos avaliassem as suas prio-
sas forças, capacidade ou chamado. ridades.
Os líderes independentes – os que tentam fazer a obra Os Apóstolos não estavam tentando evitar o trabalho.
do ministério sozinhos – são mais suscetíveis ao engano, No entanto, eles perceberam que precisavam da maior
orgulho, erros ou à exaustão. Eles não aprenderam a asso- parte do tempo que tinham para o chamado principal:
ciar-se apropriadamente com os outros. Eles também têm
dificuldades de manter suas prioridades ministeriais em
·· oração;
ensino da Palavra de Deus; e
ordem. Eles podem ser tentados a abandonarem o minis-
tério ou a ficarem irados com Deus por tê-los chamado. O
· dirigir o povo.
Essas eram as mesmas tarefas principais que Moisés
seu casamento ou a família deles pode sofrer os resulta- deveria cumprir (Êx 18:19,20).
dos da negligência. A liderança não é fácil. Até mesmo
Moisés sentiu-se “esmagado” algumas vezes com o peso 2. A Liderança Envolve Parceria Santa
das muitas responsabilidades da liderança (leia Números O Espírito Santo confirmou uma vez mais o padrão
11:14,15). bíblico, assim como Ele o fez com Moisés. Os Apósto-
Uma salvaguarda para não nos tornarmos líderes inde- los deveriam envolver outras pessoas nas responsabili-
pendentes é prepararmos líderes consagrados a Deus que dades diárias de liderança. É vital compreendermos que
sirvam ao nosso lado. Todo líder de igreja precisa de ajuda, os que oravam e ensinavam as Escrituras (os Apósto-
e todo crente precisa da oportunidade para usar os seus los) não eram mais importantes ou espirituais do que os
dons e servir a Igreja de Jesus Cristo. que deviam “servir as mesas” (At 6:2). As qualifica-
Treinando líderes que sirvam com ele, o líder de igreja ções para os que ajudariam os Apóstolos através do
também pode cumprir uma de suas responsabilidades prin- serviço eram: “homens de boa reputação, cheios do
cipais: treinar e equipar outros para serem ministros. Espírito Santo e de sabedoria” (At 6:3). Eles até
Em sua Segunda Carta ao jovem Timóteo, Paulo o instrui: mesmo impuseram as mãos sobre os discípulos em ora-
“E o que de mim entre muitas testemunhas ouviste, con- ção antes de começarem o serviço (At 6:6) – da mes-
fia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar a ma maneira que impuseram as mãos sobre os que esta-
outros também” (2 Tm 2:2). vam saindo para ensinar (At 13:3).
Duas coisas chamam a nossa atenção:
Alinhando Nossas Prioridades
A importância de uma liderança em equipe e também
· Aqueles sete homens com maturidade não acha-
ram que servir as mesas fosse algo “indigno” para
de se manter as prioridades corretas no ministério é vista eles. Eles reconheciam que o ministério aos ou-
na Igreja Neo-Testamentária do Primeiro Século. tros sempre envolve o servir aos outros.

24 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


· Os Apóstolos designaram pessoas que os ajudas-
sem quando ficou óbvio que eles não mais conse-
bem-preparadas para papéis ministeriais adicionais,
servindo aos outros na prática.
guiriam dar conta de todas as suas crescentes res-
ponsabilidades.
· As pessoas têm a tendência de assumirem mais res-
ponsabilidades para a assistência social e ministerial
– e de sustentá-la – se estiverem pessoalmente en-
3. A Parceria Multiplica o Ministério volvidas.
O resultado de se dividir a obra com outros líderes
designados foi o seguinte: “Aí então a Palavra de Deus
· Os que são mais jovens, ou menos amadurecidos
espiritualmente, têm uma meta a atingirem.
espalhou-se, e o número dos discípulos multiplicou-se
grandemente...” (At 6:7.)
· A multiplicação da liderança permite que Deus mul-
tiplique a frutificação em áreas como: almas salvas;
Antes deste mover dirigido pelo Espírito de multipli- a igreja desenvolvida e amadurecida; novas igrejas
cação de líderes, a Palavra de Deus estava se espa- iniciadas; boas obras como um testemunho à socie-
lhando – mas não tão rapidamente como ela poderia ter dade; um testemunho à glória de Deus; e a validade
se espalhado. Uma vez da salvação através de
que os líderes principais Jesus Cristo e do Seu
se devotaram à ora- poder de transformar
ção, ao ensino e à lide- vidas humanas.
rança, muito mais pes- Ele, com
soas foram alcançadas certeza, Vida Gera Vida
e salvas. Enquanto ou- tem O padrão para a lide-
tros líderes ajudavam a potencial! rança eficaz em todas
servir as pessoas, mui- as Escrituras é “repro-
tas outras necessida- duzir espiritualmente”
des estavam sendo su- mais liderança. Os lí-
pridas. deres precisam passar
Ambas as áreas adiante o que Deus lhes
de ministério preci- ensinou. Dentre as suas
savam de uma aten- outras responsabilida-
ção apropriada: o en- des, os líderes precisam
sino da Palavra e o cui- sempre investir tempo,
dado prático das neces- oração, dons e recursos
sidades das pessoas para o treinamento de
(Mc 16:15; Tg 1:27). uma outra geração de
Nenhuma destas duas líderes fiéis.
áreas eram mais, ou O treinamento de
menos importante do uma outra geração de
que a outra. Quando líderes inclui o ganhar
qualquer uma destas novos convertidos para
áreas era negligencia- Cristo, discipular pes-
da, o ministério era pre- soas, liderar e ensinar,
judicado. Investir tempo nos que demonstram tanto por palavras,
um potencial de liderança. como pelo exemplo.
4. Frutificação Contudo, o bom líder
Multiplicada também deve fazer esforços específicos no sentido
O conselho de Deus a Moisés, dado através de Jetro, de investir tempo nos que demonstram um potencial de
não foi dado a fim de que Moisés tivesse menos tra- liderança.
balho a fazer. Era para ajudar Moisés trabalhar mais sa-
biamente – a ter prioridades corretas com relação ao seu TREINANDO LÍDERES DE IGREJA
tempo e esforços ministeriais. Moisés precisava dar uma A parceria na liderança envolve o princípio bíblico da
atenção apropriada em ouvir de Deus e comunicar a Pala- semeadura e da colheita (2 Co 9:6). Quando semeamos
vra de Deus ao Seu povo, exatamente como fizeram os abundantemente do nosso tempo para treinarmos outros
Apóstolos. (Estudaremos isso mais tarde, neste artigo.) líderes, também colhemos abundantemente dos frutos do
O compartilhamento das responsabilidades de lideran- ministério (que são mais pessoas salvas, igrejas iniciadas,
ça também produz outros benefícios: discípulos amadurecidos, necessidades supridas, etc.).
· Permite que muitas outras pessoas usem e desen- Paulo explicou isto ao jovem Timóteo: “E o que de
volvam os seus dons, dando-lhes ao mesmo tempo mim entre muitas testemunhas ouviste, confia-o a ho-
uma oportunidade de servirem. mens fiéis, que sejam capazes de ensinar a outros tam-
· Mais pessoas aprendem sobre liderança e são mais bém” (2 Tm 2:2).

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 25


O princípio de Paulo de treinar outros faz com que o
Evangelho se espalhe muito mais rapidamente. Paulo abor- Comece
dou quatro grupos de pessoas – em primeiro lugar, o pró- pedindo
prio Paulo; em segundo lugar, Timóteo, discípulo de Paulo;
em terceiro lugar, os “homens fiéis”; e em quarto lugar,
ao Senhor
os “outros”, os quais seriam ensinados pelos homens fi- que Ele
éis. O investimento de Paulo do seu tempo e ensinos a lhe dê um
uma única vida, Timóteo, teria um impacto muito mais
abrangente sobre muitas e muitas pessoas!
“Timóteo”.
O diagrama abaixo mostra a grande multiplicação que
pode acontecer se um líder de igreja escolher apenas UMA
pessoa fiel e passar UM ano treinando essa pessoa para o
ministério. Aí então, no segundo ano, cada uma delas trei-
nar uma outra pessoa para o ministério, e assim por diante.
Alguns chamam isto de princípio do “cada um ensina um”.

CADA UM ENSINA UM

NO FINAL DO NÚMERO DE PESSOAS


TREINADAS

Ano 1 2
Ano 2 4 cisa incluir o treinamento “com experiência prática”, o que
Ano 3 8 permite que os alunos façam de fato a obra do ministério
Ano 4 16 enquanto estiverem aprendendo sobre o ministério.
Ano 5 32 No entanto, qualquer que seja o método, é evidente que
Ano 6 64 o padrão bíblico para um ministério eficaz e duradou-
Ano 7 128 ro precisa incluir o treinamento de novas lideranças.
Ano 8 256
Ano 9 512 O que eu Tenho a Dizer?
Ano 10 1.024 Talvez você ache que não tem nada de significativo
Ano 11 2.048 para ensinar a outros líderes em potencial. De uma certa
Ano 12 4.096 maneira, isso é verdade com relação a todo líder. Os ho-
Ano 13 8.192 mens não têm nada de valor eterno em sua própria sabe-
Ano 14 16.384 doria para ensinar aos outros. Contudo, Deus ainda quer
Ano 15 32.768 nos usar para ensinar os outros, a partir das Suas profun-
Ano 16 65.536 das fontes de sabedoria.
Ano 17 131.072 Deus lhe dará revelação e compreensão à medida que
Ano 18 262.144 você O buscar e estudar a Sua Palavra. Ele o ajudará a
Ano 19 524.288 saber o que você deve ensinar aos outros. Deus derrama-
Ano 20 1.048.576 rá a Sua sabedoria e vida sobre você, para que você, por
sua vez, faça o mesmo na vida de outros.
Deus também usará o seu conhecimento d’Ele, a sua
Há também outros métodos de treinamento de líderes. experiência ministerial, a sua instrução e o seu conheci-
Jesus escolheu doze homens e passou mais de três anos mento da Bíblia – tudo isso o ajudará a treinar os que Deus
ensinando-lhes e trabalhando com eles. Eles O observa- lhe der. Talvez você tenha acesso a bons materiais de trei-
ram orando, ministrando e ensinando quase que diariamente. namento, como por exemplo a Revista ATOS ou “O Ca-
Ele lhes ensinou princípios, e, aí então, os enviou para co- jado do Pastor”.
locarem aqueles princípios em prática. Se eles falhassem, Talvez Deus lhe traga pessoas que já são capacitadas
Ele os instruiria (leia Lucas 10). Esses doze discípulos fo- ou que tenham conhecimentos em certas áreas. Pode ser
ram bem treinados. Aí então, através do poder do Espírito que elas não precisem de muito treinamento. Talvez você
Santo, eles mudaram o seu mundo e todo o curso da histó- deva simplesmente reconhecer os dons que elas possuem,
ria! e o que podem oferecer para servirem aos propósitos de
Outros líderes têm sido muito bem-sucedidos na for- Deus, e, aí então, estimulá-las e liberá-las.
mação de institutos de treinamento bíblico, onde muitos
alunos podem aprender de uma só vez, através de vários Onde Devo Começar?
instrutores. Para ser eficaz, esse método precisa usar a Deus quer usar todos os líderes de igreja para treinar
Bíblia como seu principal livro de estudo. Ele também pre- mais líderes ainda. Mas como isso é realizado?

26 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


Comece pedindo ao Senhor que Ele lhe dê um “Timó- presbíteros e líderes, citadas no Novo Testamento (1 Tm
teo”. Pode ser um amigo, um membro da sua igreja, ou até 3:1-13; 4:12-16; 2 Tm 2:15-26; Tt 1:5-9; 2:7,8,11-13; 1 Pe
mesmo um membro da sua própria família. Tenha cuidado 5:1-4). Tome algum tempo para ler e estudar esses
para não olhar somente para a aparência externa, ou para versículos bíblicos. É óbvio que os requisitos bíblicos
os dons óbvios. Peça para Deus ajudá-lo a ver o seu “Ti- para o caráter do líder de igreja são de fato desafiadores!
móteo” da maneira que Ele o vê. Lembre-se: “Porque o Muitos jovens líderes em potencial precisam de tempo
Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê a para amadurecer e desenvolver-se em seu caráter antes
aparência externa, mas o Senhor olha para o cora- que eles possam satisfazer estas qualificações. Aprender
ção” (1 Sm 16:7). o que Deus espera deles como líderes deve fazer parte de
O seu “Timóteo” talvez seja alguém com um passado seu treinamento.
bem arruinado e que precisa muito da ajuda de Deus. Isso, As características bíblicas da personalidade de uma li-
porém, não é um problema para Deus. A Bíblia nos ensina derança santa devem ser:
que os que muito são perdoados também amam muito (Lc
7:47). Uma pessoa com um coração que é leal a Deus,
· ensinadas e vividas como exemplo aos jovens líde-
res em potencial; e
que O ama, e quer serví-Lo é uma escolha melhor do que
alguém que simplesmente tenha uma aparência externa
· vividas como um estilo de vida diário por líderes mais
amadurecidos.
aceitável. É importante lembrarmos que o caráter semelhante ao
Jesus escolheu a Sua equipe de liderança, orando pri- de Cristo pode levar anos para se desenvolver. As seguin-
meiramente: “E aconteceu naqueles dias que Ele su- tes qualificações de liderança são metas que devemos tra-
biu ao monte para orar, e continuou a noite inteira em balhar para alcançá-las. Haverá enganos e falhas ao lon-
oração, e, quando já era dia, chamou a Si os Seus go do caminho, exatamente como foi no caso dos discípu-
discípulos, e escolheu doze deles, a quem deu também los de Jesus (Mt 14:22-33; 16:21-23; Mc 10:35-45; Lc 22:49-
o nome de Apóstolos” (Lc 6:12-14). 51). O importante a procurar é um coração que deseje
Após um prolongado tempo de oração, Jesus escolheu servir ao Senhor e que rapidamente se arrependa pelos
doze dentre os mais íntimos d’Ele para que se tornassem fracassos, seguindo firme adiante para ser tudo o que Deus
os Seus Apóstolos. Durante o restante do Seu tempo nesta deseja.
terra, Jesus treinou, discipulou, ensinou, e enviou em mi-
nistério estes doze. Eles não eram “líderes natos”. Eles 5. Características de Personalidade Necessárias
eram apenas homens comuns, de níveis sociais diferentes, Para os Líderes de Igreja
incluindo-se pescadores e cobradores de impostos. Alguns Vamos examinar agora as instruções que Deus deu a
eram bem instruídos, outros não. No entanto, todos tinham Moisés com relação ao tipo de pessoa que devemos esco-
em comum um profundo desejo de servirem ao Senhor e lher para responsabilidades de liderança de igreja: “E tu
de fazerem a Sua verdade e salvação conhecida a todos dentre o povo procura homens capazes, tementes a
os homens. Assim sendo, ore para que Deus lhe dê os que Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza”
Ele quer que você treine; e ore para que Deus o ajude a (Êx 18:21).
vê-los como Ele os vê.
a. “Homens Capazes” (Êx 18:21)
Qualificações Para a Liderança Os significados bíblicos para a palavra “capaz” inclui
Deus pode usar qualquer um que Ele escolher para os seguintes: “forte, virtuoso, força moral, bom senso, au-
fazer a Sua vontade, até mesmo um asno (Nm 22:20-35). daz, que não agrada os homens, verdadeiro, que discerne,
Contudo, Deus pode ser mais eficaz através de pessoas não egoísta, sábio, do melhor caráter”. Essas são algumas
que Lhe obedeçam e façam as coisas à maneira d’Ele. das características que os bons líderes devem possuir. Elas
Assim sendo, a Bíblia nos dá chaves que nos ajudam a também devem ser as metas para os novos líderes em
reconhecer bons líderes em potencial. Essas chaves in- treinamento.
cluem as características que devem ser uma parte do Vale a pena tomarmos um tempo para estudarmos a
desenvolvimento da vida de todos os líderes de igreja lista acima minuciosamente. Como líder, será que essas
em potencial. coisas podem ser ditas sobre você? Você está se esfor-
Moisés precisava de homens que estivessem prontos a çando para viver como um exemplo de verdade, sabedoria
assumir responsabilidade de liderança imediatamente. As- e virtude? Será que as pessoas que você está treinando
sim sendo, o padrão de requisitos era mais elevado do que para a liderança estão aprendendo a viver na prática essas
talvez pudesse ser para os que ainda estavam em treina- importantes questões de caráter também?
mento para a liderança. Além das características mencionadas acima, há tam-
Provavelmente Moisés não conhecia pessoalmente a bém três coisas adicionais a ser reconhecidas nos que são
maioria das pessoas que ele liderava. Portanto, ele deixou “homens capazes”, com potencial de liderança santa:
a seleção dos líderes a critério dos que os conheciam me-
lhor: as pessoas com as quais eles conviviam em comuni- 1) Os que Servem os Outros com um Coração
dade (Dt 1:13). Esse exemplo também foi seguido pelos Disposto
Apóstolos (At 6:3). Há qualificações adicionais para os Procure pessoas que façam qualquer coisa que preci-

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se ser feita com uma boa atitude. Essas pessoas são hu- Eles buscam conhecer e compreender a Palavra de Deus
mildes e dispostas a fazerem tarefas modestas (Jo 13:3- e obedecê-la. Talvez eles falhem ocasionalmente ou ce-
17). Elas também entram ousadamente numa situação dam a tentações, como todas as pessoas o fazem. Contu-
quando é necessária uma liderança (2 Tm 1:7). Os líde- do, o seu temor a Deus rapidamente os leva ao arrependi-
res capazes não estão interessados em ser servidos ou mento e à confissão, e também a assumir a responsabili-
“estar a cargo”. Eles querem servir os outros e ver uma dade diante dos outros.
tarefa realizada. O bom líder pensa nas necessidades dos Os que temem a Deus O reverenciam, O honram, e O
outros antes das suas próprias necessidades. Essa é a adoram em espírito e em verdade. Eles agem e falam de
liderança santa em ação – serviço humilde (leia Mateus maneiras que reflitam a sua profunda reverência e respei-
20:25-28). to pelo Santo e Supremo Deus de toda a Criação.
Há três importantes características a considerar quan-
2) Aqueles que os Outros Seguirão do estivermos buscando um líder que “tema a Deus”:
Isto pode parecer óbvio, mas os líderes em potencial
devem ser o tipo de pessoa que os outros seguirão. Eles 1) Um Coração de Humildade
devem ser capazes de inspirar e motivar os outros, e de se Em Miquéias 6:8 a Bíblia instrui: “O que o SENHOR
dar bem com as outras pessoas. No entanto, eles preci- requer de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a
sam ser ensinados a misericórdia, e que
liderar as pessoas na andes humildemen-
direção certa – em te com o teu Deus?”
direção ao Senhor e Os que temem o
Seus caminhos. Senhor desejam obe-
decer-Lhe. Eles fa-
3) Os que Estão zem o que é justo e
Dispostos a são misericordiosos
Trabalhar Duro Seja diligente com os outros. Eles
Servir os outros no estudo da também caminham
na liderança requer Bíblia. humildemente com
muito trabalho duro. Deus.
O líder em potencial “Humildade” po-
precisa estar dispos- de ser definida como:
to a trabalhar com as modéstia, ausência
suas mãos, como de orgulho e arro-
também ser tão dili- gância, e um interes-
gente assim no estu- se não-egoístico pe-
do da Bíblia. Ele pre- las necessidades dos
cisa ser fiel na obra outros. A humildade
da oração, e também é o oposto da arro-
estar disposto a aju- gância, do orgulho,
dar a suprir as neces- ou do egoísmo. A
sidades práticas do pessoa humilde não
seu rebanho. Procu- procura o que ela
re os que trabalham pode ganhar, mas o
de boa vontade com que ela pode dar. A
as próprias mãos, mas que também buscam as coisas de pessoa humilde não usa as pessoas para os seus próprios
Deus com a mesma diligência. ganhos, mas deseja servir os outros por amor a Jesus. A
humildade é a chave para a manutenção do amor e da
b. “Tementes a Deus” (Êx 18:21) unidade no Corpo de Cristo (Ef 4:1-3). Os que são verda-
A segunda qualificação que Moisés deveria procurar deiramente humildes podem se dar bem com as outras
nos líderes era um saudável temor a Deus. Mas o que pessoas, encontrando coisas em comum para a comunhão
significa “temer a Deus”? e a unidade.
Os que temem o Senhor crêem plenamente que há um A humildade não é um ódio a si próprio, ou quando
Deus sobre eles. Eles sabem que todas as ações são vis- alguém finge ser manso. Não é um “falso martírio”, ou
tas por Deus, e que eles são responsáveis diante d’Ele. agir de uma forma que pareça ser “espiritual”. A verda-
Eles compreendem que o Senhor é reto e justo, e que eles deira humildade é um reconhecimento sadio de que so-
estarão diante d’Ele em juízo algum dia (Gn 18:25; 1 Sm mente Deus tem toda sabedoria, poder, glória e honra.
2:10; 1 Pe 4:5; Ap 20:11-15). A humildade se expressa em obediência a Deus, confi-
Os líderes santos e que temem a Deus são conscienci- ando n’Ele para tudo o que é necessário na vida e no
osos, e não pecam voluntariamente, mesmo em segredo. ministério.

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A humildade é vista numa disposição de sermos ser- “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento,
vos, de tomarmos as posições inferiores (Lc 14:7-11). Os mas os tolos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv
que são verdadeiramente humildes têm um amor genuíno 1:7).
pelos outros e um coração de servo para com eles. Eles A marca da verdadeira maturidade espiritual é um re-
não julgam os outros nem se consideram superiores. Eles conhecimento crescente do quão pouco sabemos e do
não são ríspidos ou censuradores; não são orgulhosos ou quanto ainda precisamos do Senhor. Os bons discípulos
arrogantes. são os que estão dispostos a aprender e a continuar apren-
O nosso padrão de verdadeira humildade é o Próprio dendo em toda a sua vida. Eles reconhecem as insondá-
Cristo. “Que nada seja feito por ambições egoísticas ou veis riquezas de Deus e dos Seus caminhos (Rm 11:33-
por vaidade, mas, por humildade; que cada um consi- 35). Eles se devotam continuamente a conhecerem mais
dere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada de Deus (Fp 3:7-14).
um somente para os seus próprios interesses, mas tam- A pessoa ensinável está disposta a ser ensinada e mol-
bém para os interesses dos outros. Que este sentimento dada pela mão de Deus, independentemente da sua idade
esteja em vós, como também estava em Cristo Jesus, o ou experiência. Deus não exige que os líderes sejam bri-
Qual, estando na forma de Deus, não teve por usurpa- lhantes, mas eles realmente precisam estar dispostos a
ção ser igual a Deus, mas aniquilou a Sua Própria re- aprenderem e a obedecerem o que quer que Deus os ins-
putação, assumindo a forma de um escravo, vindo na trua a fazer.
semelhança dos homens. E, encontrando-se na forma Ao considerar líderes em potencial, observe como eles
de homem, humilhou-Se a Si Mesmo e tornou-Se obedi- respondem a instruções e a correções feitas num espírito
ente até a morte, até mesmo a morte da Cruz” (Fp 2:3-8). de amor. Será que eles reconhecem a necessidade deles
de aprender? Será que são humildes o suficiente para ad-
O “Líder-Obreiro” mitirem os seus erros? Será que eles recebem instruções
A humildade semelhante à de Cristo é vista nos que bíblicas e agem de acordo com elas?
estão dispostos a servirem, com fidelidade e diligência, em Como líderes que disciplinam outros, precisamos ter cui-
qualquer tarefa designada a eles. Eles fazem uma peque- dado com o que estamos ensinando (Tg 3:1). Não pode-
na tarefa com o mesmo esmero com que fariam uma tare- mos tirar proveito das pessoas a quem servimos (1 Pe
fa maior. 5:2,3). O melhor professor lidera seus alunos através de
No Reino de Deus, Ele geralmente nos dá inicialmente um exemplo amoroso e paciente – esforçando-se para vi-
pequenas responsabilidades para ajudar a fortalecer o nosso ver na prática, a cada dia, os princípios que ele está ensi-
caráter e nos ensinar a fidelidade. À medida que somos nando!
diligentes e fiéis no pouco, aí então Deus libera mais para
nós (Mt 25:21). 3. Um Elevado Caráter Moral
Jesus disse: “A colheita verdadeiramente é grande, Paulo enfatizou a importância da pureza e da integrida-
mas os obreiros são poucos; portanto, orai ao Senhor de moral ao escrever a sua Primeira Carta a Timóteo. “Que
da colheita para que Ele envie obreiros para a Sua ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo
colheita” (Lc 10:2). O Senhor está procurando por aque- aos crentes na Palavra, na conduta, no amor, no espí-
les que trabalhem em Sua colheita. Ele precisa de “líde- rito, na fé, na pureza” (1 Tm 4:12). Esse versículo nos
res-obreiros”, pessoas que estejam dispostas a fazer mais diz que devemos nos esforçar e ensinar os jovens discípu-
do que o mínimo. los, com relação a um estilo de vida de pureza em nossas
O Senhor deseja aqueles que: esperam e oram quando palavras, ações, relacionamentos, atitudes, em nosso ca-
os outros não estão dispostos (Êx 33:11; Mt 26:40,41); es- minhar com Cristo, e em nosso coração para com Deus e
tudam diligentemente a Palavra de Deus como obreiros (2 os outros.
Tm 2:15); são tão diligentes no ensino de uma lição às Portanto, o exemplo de pureza que damos como líderes
crianças na Escola Dominical como seriam diligentes no dá muita glória a Deus e ajuda os outros a saberem como
ensino diante de uma grande multidão (Lc 19:17); colocam eles devem caminhar como seguidores de Cristo.
toda a sua confiança em Deus, enquanto são ousadamente Nesta mesma Carta, Paulo também cita as qualifica-
obedientes ao direcionamento do Espírito Santo (Rm 8:14; ções para os presbíteros e diáconos da Igreja. (Leia 1 Ti-
2 Tm 1:7). móteo 3:1-13.)
O líder-obreiro frutífero tira o lixo ou arruma as cadei- É evidente que a liderança bíblica no Corpo de Cristo
ras com o mesmo louvor e adoração ao seu Senhor, como exige um elevado caráter moral.
se milagres estivessem sendo realizados através das suas Nenhum de nós será perfeito ou imaculado quanto ao
mãos. Isso é possível porque o líder-obreiro santo sabe pecado nesta vida (Rm 3:23). Contudo, nós, especialmen-
que TUDO o que ele faz é para a glória de Deus, e, por- te em posições de liderança – somos chamados para bus-
tanto, é digno dos seus maiores esforços (Cl 3:17,23). carmos a retidão (Mt 5:20; 1 Tm 6:11; 2 Tm 2:22). Preci-
samos viver uma vida de pureza da melhor maneira pos-
2) Uma Atitude Ensinável sível. Devemos ser exemplos do caráter de Cristo para o
“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o rebanho.
conhecimento do Santo é o entendimento” (Pv 9:10). Como líderes, se falharmos ou tropeçarmos, preci-

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samos ser rápidos para nos arrepender e confessar treinamento ministerial também precisam ser baseados nas
nossas falhas a um outro líder de confiança. Precisa- verdades das Escrituras.
mos ser humildes o suficiente para admitir nossas fra-
quezas, pedir oração, receber o perdão e sermos res- 1) Um Livro Vivo!
taurados. A Bíblia não é um livro de “informações religiosas”.
Os líderes precisam se esforçar pela integridade, até Ela é a Palavra viva de Deus (Jo 6:63; Hb 4:12). Ela é
mesmo nas coisas mínimas que talvez nenhuma outra pes- capaz de trazer convicção de pecado, discernir os nos-
soa veja. Deus nos vê o tempo todo. Deus está esperando sos pensamentos e expor as intenções do nosso cora-
para liberar para nós mais do Seu propósito à medida que ção. Ela nos ensina quem Deus é, e qual é o nosso lugar
somos fiéis e retos com o que Ele já colocou em nossas em Seus eternos propósitos. Paulo nos ensinou que “o
mãos para fazermos. conhecimento incha [nos deixa arrogantes] mas o amor
Os filhos de Eli, o Sumo-Sacerdote, fizeram muitos edifica” (1 Co 8:1). Sim, precisamos conhecer as Es-
males e usaram a sua posição de liderança para ganhos crituras, mas precisamos fazer mais do que meramente
egoísticos. Deus trouxe um juízo sobre eles e sobre toda a conhecer em nossa mente o que a Bíblia diz. Precisa-
casa de Eli (leia 1 Samuel 2-4). Ananias e Safira agiram mos também permitir que a Palavra de Deus penetre
de uma forma hipócrita e mentiram a Deus, e o juízo do em nosso coração e mude quem nós somos e como vi-
Senhor caiu sobre eles (At 5:1-11). vemos.
Através desses exemplos de liderança fracassada, Jesus teve os piores problemas com os que tinham o
aprendemos que Satanás busca tentar os líderes a esmo- maior conhecimento das Escrituras – os fariseus e
recerem em seus padrões morais e em sua integridade. saduceus. Qual era o problema?
Não podemos ceder nenhum lugar ao Diabo (Ef 4:27). Nós Jesus disse o seguinte sobre eles: “Examinai as Escri-
também devemos: turas, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são
· ter uma vida aberta e responsável diante dos outros
(Ef 5:21);
elas que de Mim testificam. E não quereis vir a Mim
para terdes vida” (Jo 5:39,40). Não era suficiente so-
· renovar nossa mente na Palavra de Deus diaria-
mente;
mente conhecer as Escrituras. As Escrituras têm como
propósito revelar a Deus-Pai e ao Deus-Filho. Os fariseus
· dar as boas-vindas continuamente à convicção de
pecado trazida pelo Espírito Santo e ao Seu poder
sabiam sobre Deus, mas não conheciam a Deus! E eles
se recusaram a aceitar ao Deus-Filho e a conhecê-Lo.
em nossa vida (Rm 12:1,2; 2 Co 10:4,5; Ef 5:17-20); Se os fariseus tivessem permitido que a Palavra de Deus
· temer a Deus, a Quem um dia prestaremos contas
(Hb 4:13); e
os conduzisse a Deus – a um relacionamento íntimo e pes-
soal com Ele – aí então eles certamente teriam aceitado a
· ensinar aos jovens líderes a importância da pureza e
da integridade diante de Deus, vivendo como um
Jesus, o Amado Filho de Deus (Jo 8:19).

exemplo de retidão para eles. 2) Questões do Coração


O problema com os fariseus não era o conhecimento
c. “Homens de Verdade” (Êx 18:21) das Escrituras. A falha deles foi em permitir que tal conhe-
A palavra “verdade” neste versículo significa: “verda- cimento fosse apenas “conhecimento mental”, que aquele
deiro, fiel, digno de confiança”. Isso se refere a homens conhecimento não os tocasse profundamente no coração.
que são honestos e verdadeiros, que falam a verdade, e O conhecimento que tinham das Escrituras tocava apenas
que julgam as questões de acordo com ela. o seu “homem exterior”, mas não transformava o seu “ho-
Para sabermos o que é verdadeiro, precisamos de uma mem interior” (Mt 23:27,28; Rm 12:1,2). Eles não busca-
fonte para a verdade. Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a vam conhecer a Deus e receber uma revelação do cora-
Verdade, e a Vida...” (Jo 14:6.) Quando conhecemos A ção d’Ele. (Veja também 2 Timóteo 3:1-9.)
Verdade – Jesus Cristo – conhecemos melhor a verdade. Jesus não é contra a instrução ou o conhecimento. Lucas
Quanto mais conhecermos a Jesus – que é A Verdade – era um médico altamente instruído, como também o eram
tanto melhor compreenderemos o que é correto e verda- alguns dos outros discípulos. O Apóstolo Paulo era um
deiro. homem extremamente instruído. Contudo, Jesus também
Também já recebemos a Palavra de Deus, a Bíblia, escolheu alguns discípulos que eram homens de pouca ins-
para nos ensinar o que é verdadeiro e correto (Jo 8:31,32). trução.
Assim sendo, o mais importante treinamento ministe- O que todos eles tinham em comum, no entanto, era a
rial que podemos dar a líderes em potencial é ensi- entrega. Eles entregaram incondicionalmente os seus ta-
nar-lhes o que está na Bíblia. lentos, capacidades, dons, formação, instrução – TUDO o
Há muitos, muitos livros em nosso mundo, mas somen- que eram – ao Rei dos reis. Assim sendo, Ele os capacitou
te UM contém as palavras eternas de Deus que são vivas com o Seu Espírito e os usou para a glória de Deus. Você
e poderosas – a Bíblia! As Sagradas Escrituras precisam pode ler sobre a declaração pessoal de Paulo com relação
ser a nossa primeira fonte para o discipulado de pessoas e a essa atitude de coração em Filipenses 3:3-16.
para o treinamento de novos líderes que sejam pessoas de Esses homens não retiveram nada, mas entregaram
verdade. Quaisquer outros recursos que usarmos para o tudo a Jesus para o Seu uso. O que podemos aprender

30 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


com eles é que Deus quer que o nosso coração esteja Nas Escrituras, a raiz da palavra “cobiçar” é “desejar
totalmente rendido a Ele. ou ter prazer em”. “Desejo” não é errado em si próprio.
“Pois os olhos do Senhor passam por toda a terra, Tampouco é errado sentimos prazer pelas coisas boas que
para mostrar-Se forte para com aqueles cujo coração Deus supre.
é leal a Ele” (2 Cr 16:9). No entanto, o pecado da cobiça vai muito além dos
Uma vez que Deus tenha nosso coração, Ele pode desejos simples. No Novo Testamento, as palavras refe-
moldar-nos, usar-nos e mostrar-Se forte através de nós. rentes a “cobiçar” e “cobiça” revelam a constante
Quando dependemos do Senhor Deus Todo-Poderoso e progressão de uma atitude cobiçosa:
confiamos n’Ele, os recursos, o tremendo poder celestial e
o nosso Senhor ressurreto farão o impossível (Mt 19:26).
· pleon – “desejar mais, quer seja em quantidade, qua-
lidade, ou número”;
Ele nos dará muitos frutos que permanecem (Jo 15:16).
O Profeta Daniel revelou: “Mas o povo que conhece
· pleonekto – “tentar agarrar mais, fracassar por ten-
tar alcançar em demasia”;
o seu Deus será forte e fará grandes proezas” (Dn
11:32b). Quando conhecemos a Deus, Ele acrescenta algo
·· pleonexia – “avareza ou ganância”;
pleonektes – “um desejo tão ganancioso por ga-
a nossa vida que não podemos obter de nenhuma outra nhos que chega a usar enganos, extorsões, manipu-
fonte: “Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, lações ou roubos, a fim de se ganhar o objeto do seu
perceberam que eram homens sem letras e indoutos, se desejo ardente”.
maravilharam; e perceberam que eles haviam estado O Décimo Mandamento de Êxodo 20:17 revela clara-
com Jesus” (At 4:13). mente que desejar a coisa errada é pecado. Quando agi-
Não era importante quanta instrução ou conhecimento mos com base em nossos desejos cobiçosos, não estamos
os Apóstolos tinham ou não tinham. O que fez a diferença mais submissos a Deus nem ao Senhorio de Jesus Cristo
foi o fato de que eles haviam estado com Jesus, conheciam em nossa vida. Ao contrário, somos dirigidos – e até mes-
a Deus, foram capacitados pelo Espírito Santo, e estavam mo controlados – pelos nossos desejos ímpios. Mais tarde,
totalmente entregues ao Senhorio de Cristo – e eles viraram os nossos desejos cobiçosos começarão a dominar o nos-
o mundo de cabeça para baixo (At 17:1-6). so comportamento e a nos seduzir ao pecado.
Assim sendo, quando estamos ensinando e discipulando “Mas cada um é tentado quando é atraído pelos seus
os “Timóteos” que Deus nos dá, precisamos ter o cuidado próprios desejos e seduzido. Aí então, quando o desejo
de não somente darmos a eles fatos sobre Deus e a Sua é concebido dá à luz o pecado; e o pecado, havendo se
Palavra. Precisamos instilar a Palavra de Deus de manei- desenvolvido totalmente, gera a morte.” (Tg 1:14,15.)
ra que os dirija, os incite e os estimule a uma mais profun- A Bíblia descreve o que pode ocorrer quando busca-
da fome e relacionamento com o Deus que os formou e mos a cobiça – “contendas, ciúmes, acessos de raiva,
que deseja conhecê-los. ambições egoísticas, dissensões, invejas” (Gl 5:19-21).
Vemos também as mesmas características da cobiça sen-
d. “Que Aborreçam a Cobiça” (Êx 18:21) do descritas quando a sabedoria humana e terrena é con-
Dentre as qualificações para a liderança que Jetro deu trastada com a sabedoria de Deus (Tg 3:13-18). Somos
a Moisés, “aborrecer a cobiça” é algo vital que os líderes até mesmo admoestados pelo Espírito de Deus que um
de igreja e pastores compreendam. A cobiça pode destruir coração voltado a alvos egoísticos no fim se tornará um
ministérios, famílias, até mesmo igrejas. Ela pode fazer com inimigo de Deus (Tg 4:1-4). Líder de Igreja: Cuidado! A
que pessoas santas, numa outra situação, se tornem dese- escravidão da cobiça pode surpreender e vencer a qual-
quilibradas, ou até mesmo enganadas, desviando muitos quer um. Ela sempre começa gradativamente, com sim-
outros com elas. ples desejos pelo que os outros possuem (Êx 20:17). No
A cobiça é uma “arena” ampla com relação ao fracas- entanto, esses desejos podem tornar-se rapidamente uma
so humano, e é algo que é amplamente abordado nas Es- sedução ao pecado, o que mais tarde causa a morte.
crituras. Deus odeia a cobiça e Ele pronunciou severos
juízos sobre ela e sobre os que são consumidos por ela (1 2) Cuidado com a Idolatria
Tm 6:3-10; 2 Pe 2). Os líderes de igreja podem facilmente ser vitimados
Deus não Se opõe às riquezas nem às posses materi- por um tipo específico de comportamento cobiçoso. Isto
ais. Ele, porém, Se opõe veementemente ao desejo de ganho geralmente se manifesta em arrogância, ou no desejo de
tornando-se a nossa prioridade. Deus nos deu muitas bên- se obter uma posição ou o louvor dos homens. Jesus re-
çãos nesta vida para que delas desfrutássemos (1 Tm 6:17). preendeu veementemente esta atitude nos fariseus (Mt 6:1-
Contudo, Deus Se entristece quando a Sua provisão e bên- 6, 16,17; 23:5-12; Jo 5:44;12:42,43). Quando cobiçamos ou
çãos se tornam mais importantes para nós do que Ele ou a desejamos ardentemente uma posição, um título, um mi-
Sua obra. nistério maior, ou uma atenção indevida de pessoas ou de
outros líderes, essas coisas são desejos pecaminosos. Nós
1) Definição de Cobiça as transformamos num alvo que é colocado diante dos
O pecado da cobiça envolve muito mais do que um nossos olhos, em vez de olharmos para o Senhor e para os
mero desejo ímpio de riquezas materiais. Podemos cobi- Seus desejos para nós. Começamos a servir os nossos pró-
çar qualquer meta, objeto ou posição. prios desejos, no lugar dos propósitos de Deus.

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Qualquer coisa que erguemos e servimos como jos para nós. Quando fazemos isso, Ele realiza a Sua von-
sendo mais importante do que Deus ou do que aqui- tade para nós.
lo que Ele deseja para nós é uma forma de idolatria. Deus pode verdadeiramente conceder “os desejos do
Deus nos ordenou que não colocássemos NENHUMA coração” ao servo rendido e devotado. Se nosso coração
imagem falsa ou ídolo diante d’Ele (Êx 20:3,4). Caso con- estiver voltado para Deus e o nosso deleite for fazermos a
trário, é um esmorecimento nos absolutos de Deus e é um Sua vontade, nosso coração desejará mais plenamente o
pecado. Enquanto os nossos olhos estão cheios das nossas que Ele quer para nós.
próprias metas e “ídolos”, como pode ser possível olhar- Jesus também nos ensina esse princípio ao dizer: “Se
mos para Deus e ver o que Ele deseja para nós? Como permanecerdes em Mim, e as Minhas palavras perma-
podemos servir a Deus plenamente, quando estamos na necerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será
verdade servindo os nossos próprios desejos ou cobiças? feito” (Jo 15:7). À medida que permanecermos na pre-
Será que verdadeiramente podemos agradar a Deus quan- sença do Senhor e meditarmos diariamente em Sua Pala-
do estamos mais preocupados em agradar ou impressio- vra, os desejos d’Ele começarão a encher nosso coração.
nar outras pessoas? Precisamos estar cientes de que a Aí então poderemos orar e pedir que o Senhor cumpra
cobiça é uma forma de idolatria inspirada por demônios esses desejos, e Ele o fará – porque o nosso coração está
(Cl 3:5). Nós podemos de acordo com o que
– e devemos – prote- Ele deseja para nós.
ger o nosso coração de “Entrega o teu Deus quer a nossa
desejos errados que le- total e completa leal-
vam à cobiça. Os nos- caminho ao dade a Ele (2 Cr 16:9),
sos desejos precisam SENHOR...” para mostrar-Se forte
começar e sempre per- através dos Seus ser-
manecer aos pés de vos devotos. O nosso
Jesus. Devemos ter um coração é perverso e
coração singelo, que se pode tentar nos enga-
satisfaz com a adora- nar (Jr 17:9). Contudo,
ção e a obediência ao podemos, semelhante-
nosso Senhor e Mes- mente a Davi, convi-
tre, Jesus. dar o Senhor a sondar
Numa atitude de o nosso coração e nos
oração, precisamos convencer de motiva-
perguntar em todas as ções e desejos ímpios
situações: “Senhor, (Sl 139:23,24). Aí en-
Tu me deste este tão podemos entregar
desejo do meu cora- os desejos errados a
ção? Se Tu me conce- Deus, com uma atitu-
deste este desejo, será de de arrependimento.
que ele aumentará o
meu amor por Ti e me 3) A Cobiça
ajudará a servi-Lo? Destrói!
Ou será que ele me le- A Bíblia nos dá
vará a outros desejos muitas admoestações
e buscas que enfraque- com relação ao peca-
ceriam os Teus propó- do da cobiça. Ela é
sitos para mim?” uma força traiçoeira e destrutiva para homens e mulhe-
Em Salmos 37:4,5 recebemos uma revelação maior: res de Deus. Tome um tempo para ler e estudar as se-
“Deleita-te também no Senhor, e Ele te dará os dese- guintes passagens bíblicas. Ore com base nelas e peça
jos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, que o Espírito Santo traga uma convicção de pecado e
confia n’Ele, e Ele realizará isto.” resplandeça a luz da verdade de Deus em quaisquer áre-
“Deleitar no Senhor” significa encontrar a nossa ver- as obscuras de cobiça que talvez estejam escondidas em
dadeira alegria e satisfação em nosso relacionamento com seu coração: Êxodo 20:3-6,17; Números 22-24; 31:8,18;
Ele – em Suas Palavras, ações e presença. Se Ele for o Deuteronômio 8:1-20; 23:4,5; Jeremias 6:13; 8:10;
nosso deleite, aí então os desejos que se formam em nosso Miquéias 3:5-12; Mateus 6:19-34; Marcos 4:19; Lucas
coração mais verdadeiramente se alinharão com os dese- 12:15-21; João 10:10; Atos 5:1-5; 1 Coríntios 6:9,10;
jos d’Ele para nós. Efésios 5:5; Colossenses 3:5; 1 Timóteo 3:3,8; 6:3,5,9,10;
“Entregar os nossos caminhos a Deus” significa entre- Tito 1:11; Tiago 5:1-6; 1 Pedro 5:2; 2 Pedro 2; 1 João
garmos totalmente todas as coisas a Deus e à Sua vontade 2:15-17; Judas 11; e Apocalipse 2:14; 22:14,15.
para nós; significa confiar que Ele cumprirá os Seus dese- A Bíblia revela o engano das posses ou das riquezas. O

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desejo de termos “mais” pode encher nosso coração e Paulo sabia, por revelação, que até mesmo quando
abafar a chama do nosso amor e zelo por Deus. ele estava destituído das posses deste mundo, ainda as-
Deus conhece nossas necessidades e promete ser o sim ele era rico além dos mais fantásticos sonhos de qual-
nosso Supridor. No entanto, o Seu juízo cairá sobre os que quer um. “Porque conheceis a graça de nosso Senhor
usam Seu nome ou a pregação do Evangelho para os pró- Jesus Cristo, o Qual, muito embora fosse rico [na gló-
prios ganhos egoísticos. ria do Céu], no entanto, por amor de vós, tornou-Se
pobre, para que pela Sua pobreza enriquecêsseis.”
4) A Cura Para a Cobiça (2 Co 8:9.)
Podemos aprender com o Apóstolo Paulo como guar- Os que conhecem a Jesus Cristo como seu Senhor e
dar nosso coração contra o mal destrutivo da cobiça: “Não Salvador e O segue fielmente são ricos ilimitadamente!
digo isto como por necessidade, porque já aprendi a Eles são ricos em amor, graça, perdão, liberdade, paz, gló-
contentar-me em qualquer situação em que eu me en- ria e força. Essa é a verdadeira prosperidade, a qual é
contre. Sei estar abatido, e sei também ter em abun- eterna e não pode ser tirada de nós. Nenhuma riqueza ou
dância. Em todas as maneiras e em todas as coisas, título pode nos dar isso. É somente através de Cristo que
aprendi tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter temos o suficiente para todos os momentos da vida.
abundância, como também padecer necessidades. Pos- A superabundância de vida que Cristo nos dá e que é
so todas as coisas através de Cristo que me fortalece” derramada em nós é a fonte do nosso contentamento.
(Fp 4:11-13). Precisamos nos ater bem frouxamente às posses ou po-
Paulo combatia a armadilha pecaminosa da cobiça com sições terrenas, pois elas não podem suprir o que verda-
o contentamento (Fp 4:11-13). A palavra grega equivalen- deiramente necessitamos. Esta lição vital de contenta-
te a “contentamento” significa “suficiente em todas as situ- mento santo e de evitarmos a cobiça é uma lição funda-
ações”. Paulo sabia que ele não era suficiente em si mesmo mental, que precisa ser ensinada a todos os líderes em
para suprir suas necessidades e ministério. Ele compreen- formação.
dia que a sua verdadeira suficiência vinha somente de Deus.
“Não que sejamos suficientes, ou capazes por nós mes- D. Dê a Cada Líder Tarefas Específicas (Êx 18:21)
mos, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos, mas Vamos examinar agora a próxima instrução dada a
a nossa suficiência vem de Deus.” (2 Co 3:5.) Moisés por Deus, através de Jetro, em Êxodo 18:21: “e os
Na extrema fraqueza de Paulo, através do seu “espi- coloque sobre eles [o povo] por líderes de mil, líderes
nho na carne”, Jesus lhe ensinou o seguinte: “A Minha de cem, líderes de cinqüenta, e líderes de dez”.
graça é suficiente para ti, pois a Minha força se aper- Não é suficiente o simples fato de se escolher líderes,
feiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9). de dar-lhes títulos, ou até mesmo de treiná-los. O próxi-
Paulo nos revela uma verdade que pode nos liberar para mo passo vital no treinamento de líderes de igreja é liberá-
vivermos todos os dias, independentemente das circuns- los, para eles próprios fazerem a obra do ministério. To-
tâncias, com alegria, paz, fé e esperança. Paulo não foca- dos os líderes (e os líderes em potencial) precisam co-
lizava as suas necessidades, a sua carência ou a sua fra- meçar a “exercitar” as suas habilidades. Eles precisam
queza. Ele não confiava que as riquezas ou as provisões receber tarefas e trabalhos específicos a serem
deste mundo suprissem as suas necessidades. Ele não se cumpridos.
esforçava para obter posições nem atenções. Ele não fi- Aprender teorias sobre um assunto é útil, mas os ver-
xava o seu coração em coisas passageiras e temporárias. dadeiros alunos nunca crescerão em suas habilidades até
Ele não buscava egoisticamente as suas próprias concu- que comecem a fazer de fato as coisas para as quais eles
piscências ou desejos. Ao contrário, Paulo colocava a sua foram treinados!
confiança e fé em Cristo, Que era suficiente para tudo
o que ele necessitava! 1. Ore Para Discernimento de Dons,
Paulo colocava as posses e metas deste mundo numa Habilidades e Potencial
perspectiva apropriada e em contraposição ao chamado Algumas pessoas talvez queiram ser líderes, mas elas
da eternidade. Ele ensinou o seguinte a Timóteo: “Mas é talvez não tenham os dons, o chamado, ou a capacidade
grande ganho a piedade com contentamento. Porque de liderar outras pessoas. Seria melhor para essas pesso-
nada trouxemos para este mundo, e é certo que nada as servirem numa função de assistência, outros supervisi-
podemos levar dele. Tendo, porém, comida e roupas, onando-as e dirigindo-as em seu serviço.
estejamos contentes com estas coisas” (1 Tm 6:6-8). Há muitos diferentes tipos de líderes. A Bíblia revela
A vida, a mente e o coração de Paulo eram consumi- que há uma grande variedade de dons, habilidades, cha-
dos com um ardente desejo e uma paixão de conhecer mados e ministérios para os líderes (Rm 12:3-8; 1 Co 12:12-
plenamente a Cristo Jesus, o seu Senhor (Fp 3:10-14), e de 31; Ef 4:11). Nenhum dom ou chamado é mais importante
fazer Cristo conhecido de todos (Cl 1:25-29). Paulo confi- do que qualquer outro dom ou chamado. A Bíblia iguala a
ava em Cristo e na Sua suficiência para o suprimento de Igreja – todos os crentes em Jesus Cristo – a um “Corpo”
todas as necessidades e desafios da vida. Por causa disso, (1 Co 12:12-31). Cada parte individual do corpo é impor-
Paulo pôde ousadamente declarar que ele podia “fazer tante para a saúde e função de todo o corpo. Se uma parte
todas as coisas através de Cristo”. do corpo estiver fraca ou ferida, todo o corpo sofre. Se

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uma outra parte do corpo não cumprir a sua função, todo o Deus. Isso também estimulará a completa dependência
restante é prejudicado. deles em Deus para tudo o que Ele os está chamando
Precisamos uns dos outros. Precisamos que os dons e para fazerem.
chamados de todos os crentes sejam ativados, para que o
Corpo funcione apropriadamente. 3. Mantenha o Treinamento Equilibrado
É por isso que é tão importante que os líderes de igre- É importante equilibrar sempre o conhecimento das Es-
ja ajudem as pessoas a identificarem seus dons e chamado crituras com aplicações práticas. Não há nenhuma dúvida
e a treiná-las para fazerem sua parte no Corpo de Cristo. de que um conhecimento minucioso da Bíblia é vital para
Na qualidade de líder de igreja, ore para que Deus o ajude todos os crentes. Isso é especialmente aplicável aos que
a discernir as capacidades e dons das pessoas que você querem ser líderes de igreja. A Bíblia é importante para a
serve. vida diária deles, e ela é uma pedra fundamental para um
Também ore e peça que Deus reúna e levante uma ministério eficaz. Portanto, devemos ensinar aos líderes
variedade de dons, chamados e ministérios dentro da sua em potencial, usando principalmente a Bíblia.
igreja. Comece a orar com (e pelos) crentes que Deus lhe No entanto, o conhecimento das Escrituras e da doutri-
der para discipular e treinar. Ore para que os seus dons na deve ser equilibrado com treinamento e experiência na
lhes sejam revelados pelo Espírito Santo. Aí então treine- prática. O objetivo é treinarmos tanto a cabeça quanto as
os e estimule-os a usarem os seus dons. Abra espaço para mãos! Estimule-os também a permitirem que o Espírito
eles fazerem a sua parte no funcionamento apropriado do Santo lide diariamente com o que está no coração deles
Corpo. (questões de caráter).
Ajude-os a amadurecer nos dons e a crescer no cará- Este equilíbrio de se treinar a “cabeça, as mãos e o
ter cristão. Estimule-os no estudo da Bíblia e na participa- coração” ajuda o líder em potencial a ser frutífero e pro-
ção da igreja. Quando eles se tornarem crentes fortes e dutivo, por amor a Jesus.
estáveis, reúna os presbíteros e imponha as mãos sobre
eles e confirme os seus dons e chamados, da maneira como 4. Quanto Treinamento é Suficiente?
o Espírito Santo dirigir (1 Tm 4:14). O programa de treinamento não precisa ser excessiva-
mente longo. Jesus ensinou, treinou e deu exemplo da ver-
2. Envolva Novos Líderes em Tarefas Ministeriais dade por mais de três anos a Seus discípulos. Muitos de-
O ensino e o treinamento são importantes para o aluno. les, porém, não compreendiam de fato o que Jesus estava
No entanto, não há melhor “professor” do que a experi- lhes ensinando até que fossem cheios com o Espírito San-
ência! Você precisa dar a seus novos líderes tarefas mi- to (Jo 16:12-15).
nisteriais. Felizmente, já temos o Espírito Santo para nos liderar,
Por exemplo, se você estiver treinando os líderes sobre guiar e ensinar, à medida que amadurecemos em Cristo. E
como evangelizar, certifique-se em enviá-los logo para o treinamento ministerial não se completa em apenas um
compartilharem e pregarem o Evangelho aos não-salvos. período de tempo. Os discípulos de Jesus Cristo e os mi-
Ou talvez você esteja ensinando a seus discípulos como nistros devem estar aprendendo, crescendo e sendo trans-
estudar e se preparar para um sermão. Logo em seguida, formados durante toda a sua vida. João nos exorta nes-
permita que eles ensinem numa sala de aula, ou a um outro te processo de crescimento espiritual que dura toda a nos-
grupo de pessoas, a fim de praticarem o que estão apren- sa vida (1 Jo 2:12-14).
dendo. Você pode até mesmo desejar que eles preguem Contudo, também é sábio termos um período especí-
um sermão para a igreja. fico de treinamento para todos os ministros em po-
Após as experiências ministeriais, permita que seus tencial. Bom senso deve ser usado na determinação da
discípulos lhe façam perguntas e falem sobre os êxitos e extensão do treinamento. Alguns crentes talvez já tenham
falhas deles. Instrua-os e estimule-os, e envie-os nova- uma formação cristã ou um conhecimento bíblico ao qual
mente. Esse foi um método de ensino que Jesus usou possam recorrer. Pode ser que eles se desenvolvam mais
com Seus discípulos por mais de três anos. Jesus ensina- rapidamente e estejam prontos para responsabilidades de
va os discípulos através das Escrituras, demonstrava o liderança antes que outros. Outras pessoas, no entanto,
que deveriam fazer, e, aí então, os enviava para fazerem talvez precisem de muito mais tempo para amadurecerem
as mesmas coisas que Ele fazia. Depois Ele conversava em seu caráter e para crescerem no conhecimento e ex-
com eles e lhes dava mais instruções. (Veja Marcos 9:14- periência com as coisas de Deus.
29; Lucas 9:1-62; 10:1-24.) Independentemente da extensão do treinamento, ele
Esse processo de aprender e depois fazer reforça as deve ser basicamente alicerçado na Bíblia. Todos os pro-
lições no coração e na mente dos seus alunos. Isso tam- gramas de treinamento também devem enfatizar o seguin-
bém os ajuda a perceberem o quanto eles ainda precisam te:
aprender!
Na verdade, fazer a obra do ministério levará os dis-
·· Dedicação e compromisso com Cristo (Gl 2:20);
Pureza de caráter, vida e relacionamentos (1 Co 9:24-
cípulos à sua profunda necessidade de receber o poder 27);
do Espírito Santo. Eles logo perceberão o quanto preci-
sam ser ungidos, capacitados e dirigidos pelo Espírito de
· Fidelidade no estudo da Palavra e na oração (2 Tm
2:15; Ef 6:18);

34 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


· Uma forte dependência no poder do Espírito Santo
(1 Co 4:20; Cl 1:28,29);
sempre consegue dar conta de todos os detalhes sozinho.
Entre outras coisas, pode-se incluir o seguinte: a coorde-
· Treinamento prático e “experimental” [fazendo ime-
diatamente o que é ensinado] (Lc 10:1-17).
nação da equipe de louvor e adoração; a contagem e o
registro das ofertas; o cuidado com os pobres e enfermos;
Enquanto treinamos novos líderes de igreja, podemos o ensino das crianças; a colocação das cadeiras ou de equi-
ficar confiantes na promessa de Cristo: “Na verdade, na pamentos; a limpeza da igreja; o preparo de boletins ou de
verdade vos digo que aquele que crê em Mim também folhas avulsas; e muitos e muitos outros detalhes práticos.
fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que Procure por aqueles que estão dispostos a assumirem
estas, porque Eu vou para o Meu Pai” (Jo 14:12). A esses tipos de responsabilidades. Dê-lhes o treinamento
Sua Palavra é verdadeira! Nós podemos, pela Sua graça, necessário para fazerem o trabalho, e, aí então, libere-os
ser abundantemente frutíferos no ministério – e os nossos para fazê-lo.
frutos permanecerão (João 15:16).
b. O compartilhamento do fardo das responsabilidades
E. Deixe que os Líderes Liderem! (Êx 18:22) espirituais (Nm 11:14-17)
A instrução de Jetro a Moisés continua: “E permita O fardo espiritual para se liderar o povo também era
que eles julguem o povo em todo o tempo. E será que demasiado para Moisés carregar sozinho. Portanto, Deus
todo negócio grave eles trarão a ti, mas toda questão fez com que Moisés selecionasse 70 homens maduros es-
pequena eles próprios julgarão. Assim será mais fácil piritualmente dentre o grupo de liderança total, para que
para ti, pois eles carregarão o fardo contigo” (Êx eles fossem anciãos. O ministério deles era ajudar a car-
18:22). regar o fardo espiritual da liderança dos israelitas (Nm
Os líderes de igreja fiéis precisam seguir o padrão bíbli- 11:17).
co de treinamento de outros para a liderança. “E o que de Os pastores precisam da ajuda de líderes maduros para
mim, entre muitas testemu- compartilharem o fardo da
nhas, ouvistes, confia-o a oração, a visão, e o ministé-
homens fiéis, que sejam rio à igreja. As suas respon-
capazes de ensinar a ou- sabilidades podem incluir:
tros também” (2 Tm 2:2). oração e visão; o ensino de
Devemos ensinar aos lidera- aulas; pregações; a direção
dos com base na Bíblia, como do louvor; a liderança de
liderar pelo exemplo de vida, equipes de evangelização; a
e dar-lhes oportunidades para oração pelos enfermos;
um treinamento na prática. aconselhamento; o discipu-
O passo final, no entanto, lado de novos crentes; e
é o mais importante do pro- muitas outras responsabilida-
cesso: deixe que eles lide- des espirituais.
rem! Devemos identificar os O pastor sábio também
líderes em potencial, equipá- forma uma equipe de inter-
los para o ministério, e, aí cessão, dirigida por ele ou
então, liberá-los para que Os pastores precisam da ajuda de por uma outra pessoa. O
eles façam a obra do minis- líderes maduros para foco principal desta equipe
tério. Se não liberarmos e não compartilharem o fardo da oração, é orar pela liderança e pela
confiarmos que os outros as- igreja. Os presbíteros desig-
sumam responsabilidades a visão e o ministério à igreja. nados de qualquer igreja de-
ministeriais, impediremos o vem participar de alguma
crescimento deles e roubaremos do Corpo de Cristo a con- forma deste fardo espiritual de intercessão.
tribuição dessas pessoas. Algumas pessoas podem carregar ambos os tipos de
fardos – tanto tarefas práticas quanto questões espirituais.
1. Transfira o Fardo Ou talvez funcionem melhor somente numa área. Mas
Ao liberarmos outras pessoas para a liderança, estamos ambos os tipos de “carregadores de fardos” são necessá-
transferindo o fardo do ministério. Aprendemos com a rios à vida saudável e ao desenvolvimento da igreja.
experiência de Moisés que há duas áreas distintas de far-
dos a ser compartilhados com outros líderes: 2. O Papel do Líder Principal
A maior responsabilidade do líder principal é treinar
a. O compartilhamento do fardo das tarefas outros para a obra do ministério, e aí então liberá-los
ministeriais (Êx 18:22) para fazê-la. Assim como Jetro disse a Moisés, “permita
Há muitos detalhes e tarefas práticas que precisam de que eles julguem o povo...” (Êx 18:22.)
atenção para que uma igreja ou ministério funcione apro- Algumas pessoas mal-orientadas acham que um gran-
priadamente. O pastor ou o principal líder de igreja nem de líder é alguém que faz tudo sozinho. Isso talvez seja

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 35


verdade na maneira de se pensar do mundo. Mas, no Rei- 3. Lidando com o Fracasso
no de Deus, exatamente o oposto é verdadeiro. Nenhum de nós é perfeito. Essa não é uma nova reve-
O líder verdadeiramente grande e consagrado a Deus lação! Contudo, precisamos nos lembrar disto ao liberar-
treina, equipa e libera outros para fazerem a obra do mi- mos novos líderes para posições ministeriais. Eles terão
nistério. Ele cumpre a diretriz bíblica: “... equipando os pontos de dificuldades, até mesmo de fracassos. Talvez
santos para a obra do ministério, para a edificação eles não executem apropriadamente suas tarefas ministe-
do Corpo de Cristo” (Ef 4:12). riais. Eles podem até mesmo cair em tentações e pecados.
Isso significa que o treinador que libera também deve Isso não tem que acontecer, mas pode acontecer em al-
confiar naqueles que treinou – confiar que Deus os ajuda- guns casos.
rá e confiar que o Espírito Santo os ungirá e os capacitará. Os fracassos no Reino de Deus podem ser de grande
Os novos líderes provavelmente não farão tudo de forma utilidade no processo de crescimento e moldagem. Jesus
correta, especialmente no início, mas à medida que se apli- enviou Seus discípulos em várias ocasiões, ciente de que
carem, eles se desenvolverão em suas capacidades e em eles poderiam falhar.
sua fidelidade. Certa vez, eles não conseguiram expulsar um demônio
(Mc 9:14-29). Jesus não rejeitava Seus discípulos devido
Seja um Exemplo de Humildade às suas incapacidades ou falhas. Ao contrário, Ele usava
Alguns dos que treinamos talvez se saiam melhor do aquelas ocasiões como oportunidades de ensino. “... Seus
que nós em algumas coisas. discípulos perguntaram-
Isso nunca deve ser um pro- Lhe à parte: ‘Por que não
blema para nós. Libere e esti- pudemos nós expulsá-lo?’
mule seus alunos a serem o Siga a Assim sendo, Ele lhes dis-
melhor que puderem, para a se: ‘Esta casta não pode
glória de Deus!
maneira sair com coisa alguma, a
As únicas razões que po- bíblica. não ser com oração e je-
deríamos ter para não liberar- jum’”. (Mc 9:28,29.)
mos totalmente aqueles que Os discípulos fizeram uma
treinamos são o nosso próprio pergunta a Jesus. A Sua res-
orgulho, insegurança ou temor. posta lhes trouxe correção e
Nenhuma dessas razões tem instrução. Ele lhes ensinou
motivações santas. É muito que eles precisavam estar es-
melhor para nós crucificarmos piritualmente preparados para
essas motivações carnais de encontros com o mundo de-
qualquer forma (Rm 13:14). A moníaco. Como alguém que
nossa meta deve ser a de trei- treina outras pessoas, lembre-
narmos líderes que possam fir- se do seguinte: No Reino de
mar-se com o nosso apoio e ir Deus, a correção NÃO sig-
além em Deus do que jamais nifica rejeição! Deus nos
poderíamos ter ido. Isso re- corrige porque somos Seus
quer humildade, e Deus Se filhos (Hb 12:3-11). Precisa-
agrada dos humildes e prome- mos demonstrar amor e pa-
te abençoá-los. ciência para com os que es-
Também precisamos nos tamos treinando. Podemos
lembrar que a igreja ou o mi- usar as suas falhas como uma
nistério que lideramos não pertence a nós. Somos sim- oportunidade para estimulá-los e instruí-los ainda mais.
plesmente administradores de uma parte do Corpo de
Cristo, a Igreja que Ele está edificando. Se acreditarmos O Líder que Cai
em algo diferente disso seremos levados a um sentimen- Há, infelizmente, alguns fracassos que exigem a remo-
to de importância própria e ao desejo de controlarmos o ção do ministério por algum tempo, ou até mesmo perma-
“nosso” ministério. Isso se tornará um lugar em que o nentemente. Isso não se aplica no caso de uma falha numa
pecado mortal do orgulho tentará entrar. Humilhe-se di- responsabilidade ou do cumprimento inadequado de uma ta-
ante de Deus e resista à armadilha do Diabo com relação refa ministerial. Esses tipos de falhas envolvem a correção,
ao orgulho! o ensino e o encorajamento. O tipo de fracasso que
Como líderes de igreja, precisamos treinar adequada- desqualifica alguém para o ministério envolve o pecado e o
mente os outros e liderá-los pelo nosso exemplo. Aí então envolvimento direto nas “obras da carne” (Gl 5:16-23).
precisamos dar-lhes tarefas específicas a ser realizadas Essas obras incluem o adultério, a fornicação, o roubo, a
ou funções a ser desempenhadas. Precisamos estar dis- mentira, a facciosidade e outros pecados lamentáveis.
poníveis para ajudá-los enquanto estiverem aprendendo. E Se esse tipo de comportamento ocorrer em alguém que
precisamos liberá-los para fazerem a obra do ministério! esteja no ministério (ou que esteja sendo treinado para o

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ministério), essa pessoa precisa ser confrontada. Pre- cação do ministério. Mais pessoas serão eficazmente
cisa ser removida das responsabilidades ministeriais por alcançadas com o Evangelho e mais frutos serão ganhos
um período considerável (pode ser por alguns anos) para para a glória de Deus. As pessoas que você lidera encon-
permitirmos um tempo para libertação, cura e restauração trarão os seus dons e chamados, e começarão a contribuir
dos relacionamentos prejudicados. para a saúde e o crescimento do Corpo de Cristo. Deus
Esse líder também precisa produzir frutos de um arre- deu a Moisés a promessa de três benefícios com a multi-
pendimento santo (2 Co 7:9,10). Ele precisa fazer uma con- plicação de líderes e com o compartilhamento com eles do
fissão sincera e aceitar a responsabilidade pelo seu fra- fardo do ministério (Êx 18:22,23).
casso. Ele deve se abdicar voluntariamente de suas res-
ponsabilidades ministeriais. Ele também deve estar disposto A. Será Mais Fácil Para Você
a submeter-se à liderança da igreja (ou a um grupo de Em primeiro lugar, “... será mais fácil para você”
pastores amigos, diante dos quais ele tenha responsabili- (Êx 18:22). As responsabilidades compartilhadas, o estí-
dades) durante um tempo de restauração e cura. mulo mútuo e o fato de não estarmos sozinhos na lideran-
Essa pessoa precisa demonstrar um registro consisten- ça tornam o fardo mais leve. Podemos viver de acordo
te, num determinado período, de um comportamento san- com a promessa de Cristo: “O Meu jugo é suave e o
to, sem um fracasso semelhante, antes de poder ser consi- Meu fardo é leve” (Mt 11:30).
derada a possibilidade de ela assumir responsabilidades de
liderança. Isso é feito para a proteção do rebanho e para a B. Você Poderá Subsistir
libertação verdadeira e completa da pessoa que fracas- Em segundo lugar, foi dito a Moisés que o fato de
sou. Se ocorrerem em outras ocasiões pecados semelhan- ele treinar líderes-obreiros faria com que ele “pudesse
tes, aí então talvez sejam necessárias uma correção e uma subsistir” (Êx 18:23). Muitas vezes, os líderes de igrejas
disciplina num prazo ainda maior. (Veja Mateus 18:15-17; ficam cansados no meio de uma tarefa. Talvez eles se
1 Coríntios 5:1-8; 2 Coríntios 2:5-11; Gálatas 6:1; 1 Timó- sintam sobrecarregados, esgotados ou desanimados. Eles
teo 5:1,2.) Talvez seja até mesmo o caso de uma remoção podem ficar doentes ou ser vencidos pelas tentações. Eles
permanente do ministério, se nenhum arrependimento ver- podem até mesmo ser tentados a abandonarem o minis-
dadeiro ou nenhuma mudança for evidente, ou se os fra- tério. Para resistir até o fim, os líderes de igreja precisam
cassos continuarem a se repetir. de ajuda. Moisés tinha Arão e Hur (Êx 17:8-13), e ele
O líder de igreja precisa usar discernimento e sabedoria ouviu o conselho de Jetro de treinar até mesmo mais lí-
do Espírito Santo para aplicar uma correção apropriada e deres.
amorosa em cada situação. Alguns fracassos são pecados
lamentáveis e precisam ser abordados veementemente. C. Todo o Povo Será Beneficiado
Talvez sejam necessários vários anos para que ocorra uma Em terceiro lugar, todo o povo será beneficiado e
total restauração e cura. Outros fracassos podem ser me- “... irá ao seu lugar em paz” (Êx 18:23). As ovelhas do
nos graves, e a restauração pode ocorrer mais rapidamente, Corpo de Cristo precisam receber ensino, cuidado e
mas, ainda assim, eles exigem confronto e correção. ministração. Se forem negligenciadas, talvez elas se des-
Toda correção e disciplina deve seguir a instrução bí- viem. Elas podem desenvolver problemas que o Diabo usará
blica de “falarmos a verdade em amor” (Ef 4:15). para levá-las a enganos ou ao pecado.
Deus compreende a nossa fragilidade e fraqueza hu- Ninguém consegue cuidar de todas as necessidades
mana. Todos nós pecamos e estamos destituídos do mais existentes numa igreja local – e nem deveríamos mesmo!
sublime bem de Deus para nós (Rm 3:23). No entanto, a Deus criou o Seu Corpo de forma a sermos mutuamente
vontade de Deus sempre é redimir o nosso propósi- dependentes (1 Co 12:12-27). A participação de cada mem-
to e restaurar o nosso relacionamento com Ele e com bro é necessária para que todos possamos “chegar à
os outros. Deus faz isso em resposta ao nosso arrependi- unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a
mento verdadeiro e à nossa total submissão ao Seu Senho- varão perfeito, à medida da estatura completa de Cris-
rio em nossa vida (2 Co 7:1-10). to” (Ef 4:12-16).
Portanto, como líderes de igreja, permitamos que a Podemos evitar os problemas que surgem com o fato
verdade frutifique em nossa própria vida primeira- de sermos “líderes independentes”, treinando e liberando
mente. Sejamos exemplos vivos dos que são humildes, os santos para fazerem a obra conosco (Ef 4:12). À medi-
devotados a Cristo e obedientes à Palavra de Deus. Aí da que seguirmos a maneira bíblica de multiplicação de
então poderemos direcionar a vida das pessoas que liderança, também veremos uma frutificação multiplicada.
discipulamos. Com essa forma de confrontos dóceis e hu- Uma nova geração de líderes será treinada para levar adi-
mildes (Gl 6:1; 2 Tm 2:24-26), continuamos a dar o exem- ante a obra do Senhor!
plo do caráter de Cristo aos que estamos treinando. Podemos ser exemplos dos princípios bíblicos de lide-
rança aos que estamos treinando, a fim de que eles tam-
II. BENEFÍCIOS DE UMA LIDERANÇA bém possam fazer o mesmo. Assim, Deus nunca terá
MULTIPLICADA falta de alguém que Ele possa usar (1 Rs 19:18; 2 Cr
À medida que treinamos líderes e transferimos o fardo 16:9) e o Corpo de Cristo será eficazmente dirigido e
do ministério, haverá muitos frutos. Haverá uma multipli- pastoreado! n

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 37


ESBOÇO DE SERMÕES PARA “O LÍDER DE IGREJA EFICAZ”

Primeira Parte: Segunda Parte:


Deus Molda Seus Líderes O Padrão Bíblico Para a Multiplicação de Liderança

I. DEPENDENDO DE DEUS I. CINCO INSTRUÇÕES DADAS A MOISÉS


A. Todos Nós Precisamos Ser Moldados A. Fique Diante de Deus Pelo Povo (Êx 18:19)
B. Capacitação de Deus – Não Nossa B. Ensine ao Povo (Êx 18:20)
1. Ensine ao Povo os Estatutos e as
Leis de Deus (Êx 18:20)
II. CULTIVANDO UM CARÁTER SEMELHANTE 2. Ensine ao Povo a Maneira de Caminhar
AO DE CRISTO (Êx 18:20)
A. O Caráter Semelhante ao de Cristo: 3. Ensine ao Povo o Trabalho a Ser Feito
O Primeiro Chamado do Líder (Êx 18:20)
B. O Que é o Caráter Semelhante ao de Cristo? C. Treine Outros Para Ajudarem a Liderar
1. Reverência Para com Deus (Êx 18:21)
2. Coração de Servo 1. As Prioridades dos Apóstolos
3. Arrependimento 2. A Liderança Envolve Parceria Santa
4. Comportamento Transformado 3. A Parceria Multiplica o Ministério
C. Mais do que Caráter 4. Frutificação Multiplicada
D. Rendendo-nos a Deus Diariamente 5. Características de Personalidade
Necessárias Para os Líderes de Igreja
a. “Homens Capazes” (Êx 18:21)
III. O CAMINHO PARA A LIDERANÇA 1) Os que Servem os Outros com um
A. Um Chamado Precoce Coração Disposto
B. Deus Nunca nos Deixa 2) Aqueles que os Outros Seguirão
C. O Caminho Pode Parecer Estranho 3) Os que Estão Dispostos a
D. Servindo Fielmente Trabalhar Duro
E. Provado e Purificado b. “Tementes a Deus” (Êx 18:21)
F. O Controle Soberano de Deus 1) Um Coração de Humildade
G. A Esperança de Glória 2) Uma Atitude Ensinável
3) Um Elevado Caráter Moral
c. “Homens de Verdade” (Êx 18:21)
IV. COMO DEUS USA AS TRIBULAÇÕES 1) Um Livro Vivo!
A. Fontes de Tribulações 2) Questões do Coração
B. A Importância da Perseverança d. “Que Aborreçam a Cobiça” (Êx 18:21)
C. Confiando em Deus nas Tribulações 1) Definição de Cobiça
D. Qual é o Propósito das Tribulações? 2) Cuidado com a Idolatria
1. As Tribulações Provam Nossa Fé 3) A Cobiça Destrói
2. As Tribulações nos Purificam 4) A Cura Para a Cobiça
3. As Tribulações nos Ensinam Sobre D. Dê a Cada Líder Tarefas Específicas
Dependência e Humildade (Êx 18:21)
4. As Tribulações Liberam o Poder de Deus 1. Ore Para Discernimento de Dons,
5. As Tribulações nos Fortalecem Habilidades e Potencial
6. As Tribulações nos Ensinam a 2. Envolva Novos Líderes em Tarefas
Esperarmos Ministeriais
7. As Tribulações nos Preparam 3. Mantenha o Treinamento Equilibrado
8. As Tribulações Mudam Nossa 4. Quanto Treinamento é Suficiente?
Perspectiva E. Deixe que os Líderes Liderem (Êx 18:22)
E. Seguros no Amor de Deus – Até Mesmo no 1. Transfira o Fardo:
Meio das Tribulações a. Tarefas Ministeriais (Êx 18:22)
F. A Disciplina de Deus nos Molda b. Responsabilidades Espirituais
G. Como Devemos Responder às (Nm 11:14-17)
Tribulações? 2. O Papel do Líder Principal
1. Ore! 3. Lidando com o Fracasso
a. Ore no Espírito
b. Ore com Jejuns II. BENEFÍCIOS DE UMA LIDERANÇA
2. “Tende Grande Gozo!” MULTIPLICADA
3. Não Fuja A. Será Mais Fácil Para Você
4. Obedeça a TUDO que Deus lhe Disser B. Você Poderá Subsistir
5. Mantenha seu Coração em Retidão C. Todo o Povo Será Beneficiado

38 / ATOS VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005


URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! • URGENTE! •

Você Precisa Renovar Sua Assinatura de ATOS?


Veja aqui como saber disso:
Verifique sua etiqueta de endereço no envelope da Revista ATOS. No topo direito da etiqueta há uma DATA
(month/year) depois da palavra “EXPIR”;
Se a data está a MENOS DE SEIS MESES da data atual, então está na hora de renovar!
Você não precisa renovar sua assinatura a cada edição da Revista ATOS; você só precisa renovar SE sua
assinatura de dois anos estiver vencendo nos próximos seis meses.
Veja aqui como renovar sua assinatura de dois anos da Revista ATOS:
Destaque o Formulário de Renovação da Revista ATOS desta revista;
Siga TODAS as instruções do Formulário de Renovação;
Responda a TODAS as perguntas do Formulário de Renovação – escreva claramente em letra de fôrma; e,
Remeta o Formulário de Renovação, sem demora, para o escritório do World MAP mais próximo de você!

NOTA: A Revista ATOS não é um “curso por correspondência”.


Você não receberá um “certificado” ou “diploma” depois que ler
a Revista ATOS. Nossa esperança e oração é que você receba
Não se esqueça de renovar sua algo mais valioso: Ensinamento bíblico e treinamento para o
assinatura a cada dois anos e ministério prático! Isso o ajudará a tornar-se mais eficaz no
assim você não ficará
desalentado, desejando saber por ensino, no serviço e no testemunho a outros.
onde andará sua Revista ATOS.
A Revista ATOS é enviada, gratuitamente, aos líderes de igreja
que a solicitem na Ásia, África e América Latina. Esses líderes
receberão a Revista ATOS durante dois anos, e após esse
período eles deverão renovar sua assinatura para que continuem
a recebê-la por mais dois anos.

FORMULÁRIO DE RENOVAÇÃO DE ASSINATURA e/ou SOLICITAÇÃO DE O CAJADO DO PASTOR


Marque SIM ou Não conforme seu interesse:
1. Como minha assinatura da Revista ATOS expirará nos próximos seis meses, preciso renová-la: SIM NÃO
2. O número de minha etiqueta é: Data de vencimento é: _____________/_____________
3. Eu sou líder de igreja na Ásia, África ou América Latina e ensino ou prego a Palavra de Deus a um grupo de 20 ou mais pessoas, pelo menos
uma vez por semana. (Isso DEVE ser verdade para você receber a Revista ATOS ou O Cajado do Pastor.) SIM NÃO
4. Você tem uma cópia de O Cajado do Pastor em qualquer idioma? SIM NÃO
5. Estou solicitando uma cópia de O Cajado do Pastor. SIM NÃO
6. POR FAVOR, COLOQUE SEU NOME E ENDEREÇO COMPLETOS ABAIXO EM LETRAS GRANDES.
Sobrenome(s): Primeiro(s) Nome(s):

Endereço (rua, número): Bairro:

Cidade: Estado:

Código Postal País CPF


- -

Cargo (ou responsabilidade) na igreja: ____________________________________________________________


Minha assinatura: _____________________________________________ Data: _____/_____/______________
7. Esta edição de ATOS foi: fácil de entender difícil de entender de grande ajuda desnecessária
Escreva e compartilhe conosco sobre como a Revista ATOS ou o livro O Cajado do Pastor têm ajudado em seu ministério.
Apreciaríamos receber fotos sua usando a Revista ATOS ou O Cajado do Pastor em seu trabalho de pregação ou ensino.
REMETA ESTE FORMULÁRIO COMPLETO PARA A REVISTA ATOS. VEJA O ENDEREÇO NA PÁGINA 4.

VOLUME 19 – NÚMERO 2 – 2005 ATOS / 39


Solicite sua cópia deste
poderoso equipamento
literário de World MAP!
O Cajado do Pastor
conhecido por alguns como “Uma
Escola Bíblica em Livro” – é uma obra
de 1000 páginas projetada para treinar
e equipar líderes de igreja. Contém
escritos, com base bíblica, de muitos
autores cheios do Espírito. Esse livro
foi compilado para satisfazer as
necessidades especiais
de líderes de igreja que trabalham na
Ásia, África e América Latina.
Neste livro, O Cajado do Pastor, você achará:
[1] Um Manual de Treinamento Para Novos Crentes que cobre todos os assuntos que
você precisa ensinar a novos convertidos.
[2] Uma Concordância Tópica com milhares de referências bíblicas, que cobrem
200 principais tópicos da Bíblia. Essa seção de referência de O Cajado do
Pastor o ajudará a ensinar a Bíblia a outros.
[3] Um Guia Para Treinamento de Líderes, contendo o melhor material de
treinamento de liderança de igreja reunido por World MAP durante os
últimos trinta anos.
Tudo isso e muito mais está contido em um único volume chamado O Cajado do
Pastor!
Para receber sua cópia deste poderoso Livro Para Treinamento de Líderes, O
Cajado do Pastor, leia e preencha cuidadosamente o Formulário de Solicitação
anexo a esta revista.
Após responder todas as perguntas, e escrever suas respostas tão claramente quanto
possível, remeta o formulário para o endereço de World MAP mais próximo de
você. Você receberá sua cópia do livro O Cajado do Pastor o mais rápido possível
(mas devido aos embaraços que ocorrem às vezes no correio, por favor, dê um prazo
de 6 meses, pelo menos, para O Cajado do Pastor chegar até você).

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