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Revista Sociedade e Estado Volume 28 Nmero 3 Setembro/Dezembro 2013 (pp.

609 - 633).
ORTIZ, Renato. Imagens do Brasil.
O pensamento brasileiro encontra assim um suporte material para se realizar. Esta tradio,
constituda de autores com pontos de vista distintos e conflitantes, antecede qualquer debate sobre
cultura e identidade nacional, ela baliza nossa compreenso sobre as questes relevantes a serem
discutidas: modernidade inacabada, mestiagem, imitao do estrangeiro, atraso etc (p.609)

A pergunta quem somos ns recebe respostas diferentes em funo da inclinao terica dos
autores, do contexto histrico, dos interesses polticos, mas permanece ao longo do tempo como
inquietao insacivel. (p. 609)

Todo debate sobre identidade nacional pressupe algumas categorias de anlise. Sublinho duas
delas: nao e cultura. A primeira remete-nos a certos aspectos que no so apenas de ordem
conceitual, esto vinculados emergncia de um tipo de formao histrica determinada. (p.610)

[...]Marcel Mauss a considera como um tipo de sociedade diferente das tribos, das cidades-estado e
dos imprios. A nao remete-nos consolidao e expanso da modernidade industrial. (p. 610)

A esfera poltica essencial, o Estado-nao configura um tipo de organizao no interior do qual se


exprime uma comunidade de cidados, a ideia de cidadania um dos elementos chaves na sua
definio. Sublinho, entretanto, a dimenso integradora, a nao um todo integrado, totalidade
capaz de vincular as pessoas no interior de um mesmo territrio, de um mesmo mercado (o mercado
nacional emerge apenas com a Revoluo Industrial), de um Estado cujas normas so legtimas para
todos. (p. 610)

Em termos durkheimianos diramos: ela consiste numa conscincia coletiva que aproxima os
indivduos de uma coletividade, cria vnculos sociais, soldando-os entre si. (p. 610)

[... Para] Herder, um dos precursores do movimento, considerava que cada um deles constitua uma
civilizao-organismo, uma unidade singular. Os habitantes de determinada sociedade estariam
vinculados pela histria, lngua, religio, pelas disposies espirituais. Para que as naes sejam
idnticas si mesmas e diferentes umas das outras necessrio que o ideal de integrao se realize,
ele agrega aquilo que se encontraria disperso. O esprito nacional um ndice, um emblema de algo
que o transcende. (p. 611)

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