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INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FACULDADE DE DIREITO
SERIVALDO CARLOS DE ARAÚJO
PROFISSÃO DO ADVOGADO: ORIGENS, EXERCÍCIO PROFISSIONAL E
PRERROGATIVAS
2
Belém
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FACULDADE DE DIREITO
SERIVALDO CARLOS DE ARAÚJO
PROFISSÃO DO ADVOGADO: ORIGENS, EXERCÍCIO PROFISSIONAL E
PRERROGATIVAS
Belém
2010
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 4
INTRODUÇÃO 5
1. As origens da profissão do advogado 6
2. O Exercício profissional no Brasil 7
3. A fundação da Ordem dos Advogados do Brasil 8
4. Prerrogativas constitucionais 10
5. Prerrogativas determinadas pela Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 12
CONCLUSÃO 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16
4
APRESENTAÇÃO
Este trabalho é fruto do estudo da disciplina de Deontologia Jurídica do Curso de
Direito da Universidade do Pará e tem como objetivo pesquisar as origens da profissão do
advogado, o exercício dessa profissão no Brasil, conhecer sobre a fundação da Ordem dos
Advogados do Brasil, identificar as prerrogativas do advogado constantes na Constituição
Federal, bem como as determinadas pela Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, que dispõe sobre
o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil.
5
INTRODUÇÃO
Ainda como definição, temos no Dicionário Jurídico, organizado por Diniz (1998, p.
59) que: “Deontologia Jurídica: 1. Estudo dos fundamentos do direito; teoria da justiça e dos
valores jurídicos. 2. Conjunto de princípios éticos que norteiam a atuação do advogado”.2
Pretendemos, assim, conhecer um pouco mais sobre essa profissão, como também
verificar o que a lei estabelece na regulamentação dessa honrosa profissão, que acaba dando
origem, de forma direta ou indireta, às diversas profissões ou funções que integram o sistema
jurídico brasileiro, tais como os desembargadores, juízes, promotores, defensores,
procuradores etc.
1. AS ORIGENS DA PROFISSÃO DO ADVOGADO
A profissão do advogado tem suma importância nos dias atuais, pois é ele o
responsável pela defesa dos direitos daqueles que se sentem lesados ou impedidos de gozar
um direito garantido em lei.
Conforme Langaro (1996, p. 39) “advogado é aquele que expõe ante o juiz competente
a sua intenção ou demanda de um amigo, ou para bem combater a pretensão de outro.
Etimologicamente, vem do termo latino advocatus, isto é, aquele que é chamado pelas partes
para auxiliar em suas alegações”.3
Uma definição mais atualizada para o termo advogado seria o de Louis Crémieu apud
Langano (1996, p. 39), que é “toda pessoa, licenciada em Direito e munida do diploma
profissional, regularmente inscrito na ordem, cuja profissão consiste em consultar, conciliar e
pleitear em juízo”.4
Não é possível precisar a data exata que se estabeleceu a profissão do advogado. Na
Grécia antiga os próprios cidadãos defendiam seus direitos perante os magistrados. Apesar de
ter sido o berço da democracia, da filosofia, do teatro e da escrita alfabética fonética, a
civilização grega tinha algumas características bastante particulares. Uma delas era a recusa
do grego em aceitar a profissionalização do direito e da figura do advogado que, quando
3
LANGARO, Luiz Lima. Curso de deontologia jurídica. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1996.
4
Idem.
7
existia, não podia receber pagamento.
De acordo com Volkmer (2006, p. 76) “os gregos antigos não só tiveram um direito
evoluído, como influenciaram o direito romano e alguns de nossos modernos conceitos e práticas
jurídicas: o júri popular, a figura do advogado na forma embrionária do logógrafo, [...] a retórica e
a eloqüência forense”.5
Conforme Langaro (1996, p. 40) “se as origens históricas da advocacia podem ser
situadas em Atenas, Grécia, foi, no entanto, em Roma que a profissão adquiriu
individualidade e autonomia”.6
Em Roma o discurso foi substituído pelo parecer jurídico e a eloquencia verbal pela
forma escrita, em forma de processo.
Foi no processo canônico que o advogado passou a atuar com função própria: até
então o advogado era um conselheiro extra judicial, que não atuava em nome da
parte sob pena de fazer-se cúmplice ou sócio. A partir da revolução do processo
2. O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO BRASIL
6
LANGARO, Luiz Lima. Curso de deontologia jurídica. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1996.
7
VOLKMER, Antonio Carlos. Fundamentos de história do direito. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
8
VIDONHO JÚNIOR, Amadeu dos Anjos. O abuso de poder e as prerrogativas do advogado. Jus Navigandi,
Teresina, ano 6, n. 56, abr. 2002. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2852>. Acesso
em: 19 maio 2010.
8
De acordo com Queiroz (2002), “No Brasil verifica-se que o advogado não adquiriu o
status de indispensável à administração da Justiça, e apenas, tão somente, após a promulgação
da Carta Magna de 1988. Sua participação tornou-se essencial, a partir do momento em que
houve os reclamos das partes, em extrair as pretensões asseguradas pelo ordenamento
jurídico, incumbindo a ele (advogado) a escolha das vias judiciais apropriadas, colaborando,
assim, sobremaneira, com o aprimoramento das instituições.”9
I capacidade civil;
II diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino
oficialmente autorizada e credenciada;
III título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV aprovação em Exame de Ordem;
V não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI idoneidade moral;
VII prestar compromisso perante o conselho.10
3. A FUNDAÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
Atualmente a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 estabelece a finalidade da OAB, sua
organização e a composição de seus órgãos.
9
QUEIROZ, Ricardo Canguçu Barroso de Queiroz. Natureza da atividade de advocacia. Disponível em <
http://www.advogado.adv.br/artigos/2000/barroso/advdirdev.htm > Acesso em 18 maio 2010.
10
Art. 8º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994.
9
I defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os
direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela
rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas;
II promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.11
As origens da OAB remontam ao início do século XIX. “A instituição da Ordem dos
Advogados do Brasil ocorreu um século após a fundação do Instituto dos Advogados, por
força do art. 17 do Decreto nº 19.408, de 18 de novembro de 1930, assinado por Getúlio
Vargas, chefe do Governo Provisório, e referendado pelo ministro da Justiça Osvaldo
Aranha.”12:
Art. 17. Fica criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão de disciplina e
seleção da classe dos advogados, que se regerá pelos estatutos que forem votados
pelo Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, com a colaboração dos
Institutos dos Estados, e aprovados pelo Governo.13
A Ordem iniciou sua trajetória na defesa das liberdades democráticas e dos direitos
humanos com os acontecimentos políticos de 1935, marcados pelas primeiras medidas da
execução do estado de sítio e da Lei de Segurança Nacional, que desembocariam no
autoritário Estado Novo, em 1937.
12
História da OAB: O início da caminhada. Disponível em <
http://www.oab.org.br/hist_oab/inicio.htm#criacaoordem > Acesso em 18 mai 2010.
13
Decreto nº 19.408, de 18 de novembro de 1930.
SCALABRINI, Jairo Henrique. Cartilha de prerrogativas e direitos do advogado. Jus Navigandi, Teresina, ano
14
4. PRERROGATIVAS CONSTITUCIONAIS
Ao longo de toda a Constituição, alguns artigos definem o advogado como profissional
que deverá, obrigatoriamente, ocupar determinados cargos da Justiça, em diversos tribunais
ou conselhos.
15
Disponível em http://www.oab.org.br/relatorioAdvOAB.asp <acesso em 20 maio 2010>.
16
inciso LXIII, do Art. 5º da CF.
17
Art. 133 da CF.
11
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais
dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório
saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
respectivas classes.18
No inciso XII do Art. 103-B da CF verificamos que dois advogados fazem parte do
Conselho Nacional de Justiça:
Art. 103B. O Conselho Nacional de Justiça compõese de 15 (quinze) membros
com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: [...] XII
dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;19
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo, trinta e três
Ministros. Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça
serão nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
Federal, sendo: [...] II - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros
do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios,
alternadamente, indicados na forma do art. 94.20
Art. 235. Nos dez primeiros anos da criação de Estado, serão observadas as
seguintes normas básicas: [...] V - os primeiros Desembargadores serão
nomeados pelo Governador eleito, escolhidos da seguinte forma: [...] b) dois
dentre promotores, nas mesmas condições, e advogados de comprovada
idoneidade e saber jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício profissional,
obedecido o procedimento fixado na Constituição;26
5. PRERROGATIVAS DETERMINADAS PELA LEI Nº 8.906, DE 4 DE JULHO DE
22
Inciso I do Art. 111-A da CF.
23
Inciso II do Art. 119 da CF.
24
Inciso I do Art. 123 da CF.
25
Inciso V do Art. 130-A da CF.
26
Alínea b) do inciso V do Art. 235 da CF.
13
1994
De acordo com Scalabrini (2006), “as prerrogativas do advogado são delineadas nos
arts. 6º e 7º, do EAOAB. A ofensa a estes direitos por qualquer autoridade é passível de
correção via do mandado de segurança e do desagravo público, além de eventual reparação de
danos, responsabilização criminal e processo disciplinar.”27
No Art. 7º, da Lei nº 8.906/94 são enumerados os direitos do advogado, entre os quais
podem se destacar aqueles que delineiam sua liberdade de trabalho e expressão. Abaixo estão
transcritos todos os vinte incisos que estabelecem seus direitos e prerrogativas:
28
Art 7º da Lei 8.906, de 4 de julho de 1994.
15
CONCLUSÃO
Podemos perceber que o advogado é, e sempre foi, personagem de grande importância
na história do Direito e da própria humanidade. Foi a partir de homens com conhecimentos
jurídicos, que se forjaram as leis, as garantias, os direitos. Não somente fazer leis, mas
defendêlas é a missão mais nobre e difícil, e essa é a função principal do advogado, defender
os indivíduos, as instituições, a democracia, a sociedade em seus interesses mais variados,
com sabedoria, honestidade, ética e comprometimento.
E, ainda, para congregar os direitos dos próprios advogados, foi criada no Brasil a
Ordem dos Advogados do Brasil, instituição respeitada, que controla, coordena e disciplina a
atividade da advocacia no Brasil, assim como resguarda as prerrogativas de seus membros.
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO JÚNIOR, Paulo Rangel de. Deontologia jurídica. Disponível em: <
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/5230/Deontologia-juridica >. Acesso em 17 mai
2010.
LANGARO, Luiz Lima. Curso de deontologia jurídica. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1996.
17
VOLKMER, Antonio Carlos. Fundamentos de história do direito. 3. ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2006.