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Rio de
Janeiro: Atheneu, 2003, v. 1, p. 825-868.
TRABALHO EM TURNOS
Índice do capítulo
1. Introdução
2. A ocorrência de trabalho em turnos e noturno, terminologia, escalas de trabalho, legislação.
3. Natureza das variações rítmicas
4. Questões relacionadas à higiene ocupacional
4.1. Horários de trabalho
4.2. Trabalho em turnos e riscos ambientais
4.3. Riscos químicos
4.3.1. Variações rítmicas e interação com xenobióticos
4.3.2. Evidências experimentais
4.4. Limites de exposição ocupacional no trabalho em turnos
5. Alterações de saúde decorrentes do trabalho em turnos
5.1. Alterações de ritmos biológicos
5.2. Desempenho e acidentes
5.3. Sono
5.4. Alterações cardiovasculares
5.5. Alterações gastrointestinais
5.6. Perturbações psiconeuróticas
5.7. Efeitos cumulativos
5.8. Mortalidade
5.9. Absentismo
5.10. Trabalho em turnos e gênero
5.11. Fatores sócio-familiares
6. As variáveis que interagem na adaptação ao trabalho em turnos.
Alguns modelos explicativos
7. Instrumentos utilizados na coleta de dados
8. Organização do trabalho em turnos e formas de intervenção
9. Referências bibliográficas
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1. INTRODUÇÃO
A produção de bens e prestação de serviços na sociedade ainda tem como elemento fundamental
dos processos a presença do Homem, a despeito da crescente utilização de sistemas de trabalho
automatizados. Parte de complexos ecossistemas produtivos, os trabalhadores enfrentam
constantes desafios no decorrer de suas vidas de trabalho. Estes são devidos não apenas a
situações de risco ocupacional associados com as características físico –químico- biológicas
presentes nos ambientes de trabalho, mas também por numerosos outros fatores perturbadores
da saúde que trazem desconforto, restringem a participação dos trabalhadores nas atividades
sócio-familiares, são potencializadores de doenças, pioram a qualidade de vida, tanto no
trabalho como fora dele.
Os fatores organizacionais do trabalho reconhecidos como importantes e muitas vezes
também responsáveis pelo desencadeamento das doenças e desconforto no trabalho têm sido
minuciosamente analisados pelos pesquisadores de várias áreas, particularmente em
Ergonomia, como discutidos na primeira parte deste capítulo. Levi (1981), Karasek (1981),
Johansson (1991) citam alguns destes fatores, muitos dos quais indicam a perda, redução, ou
ausência do controle no trabalho: o aumento das responsabilidades individuais com conseqüente
sobrecarga de trabalho, a intensificação nos ritmos de produção, tendo o trabalhador controle ou
não da situação, a constante repetição de ciclos de trabalho, a predeterminação detalhada de
métodos e técnicas levando à baixa utilização de conhecimentos e iniciativas dos trabalhadores,
os locais de trabalho não compatíveis com as necessidades de concentração aumentando as
dificuldades em realizar as tarefas, particularmente as que exigem longos períodos de atenção
sustentada, as más relações de trabalho, a crescente incerteza sobre a permanência no emprego,
as pausas insuficientes para descanso intra e interjornadas, os horários irregulares e em turnos
de trabalho. Mais recentemente durante a última década, teve lugar processos de reestruturação
produtiva, ao surgirem políticas gerenciais que levaram à desregulamentação das relações de
trabalho. Se para as empresas a principal razão alegada foi a manutenção da competitividade, ao
se reduzir os custos de produção ou de prestação de serviços, para muitos trabalhadores isto
representou, entre outros, perdas salariais e de benefícios sociais. Em muitos casos, ao serem
contratados por empresas que prestam serviços a terceiros, a mudança converteu-se na
imposição de maior flexibilidade nos horários de trabalho (inclusive na duração semanal,
mensal das jornadas de trabalho), maior instabilidade no emprego, empregos temporários, ou
simplesmente a impossibilidade de ter um emprego decente.
As questões sobre qualidade de vida no trabalho tomaram então outros caminhos além
daqueles que até então eram conhecidos em décadas passadas e se constituíam no principal
motivo de preocupação dos profissionais de Medicina do Trabalho. Desde o início da década de
70, um grupo de pesquisadores escandinavos na área de Saúde Ocupacional discutiu em
numerosos eventos e publicações haver a necessidade imperiosa de uma visão holística do
Homem no ambiente de trabalho, onde sejam considerados de forma abrangente os vários
elementos constituintes do trabalho e as repercussões destes na saúde. Desta visão global é que
deriva o conceito dos fatores psicossociais no trabalho influenciando no desempenho e na
satisfação do trabalho realizado, além da saúde dos trabalhadores. Os fatores psicossociais
referem-se às interações entre o ambiente de trabalho, o conteúdo das tarefas, as condições
organizacionais, interagindo com as capacidades, expectativas e necessidades dos trabalhadores,
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seus costumes e cultura, como também suas condições de vida fora do trabalho (Levi, 1981;
ILO/WHO, 1984). A avaliação destes fatores e seu impacto sobre o trabalho e a saúde requerem
abordagens que levem em conta os múltiplos aspectos das questões diretas ou indiretamente
envolvidas com trabalho. O trabalho realizado em sistemas de turnos fixos ou rodiziantes,
somente à noite, ou em horários irregulares, faz parte do grupo de fatores psicossociais no
trabalho que interagem nos processos saúde-doença. Serão genericamente citados neste texto
como ‘trabalho em turnos”, embora as diferentes características da organização do trabalho
provoquem distintas repercussões à saúde, às relações sócio-familiares e ao próprio
desenvolvimento do trabalho.
O plano deste capítulo inclui, além das questões de saúde-doença, também a exposição dos
temas mais atuais, como a tolerância ao trabalho e as diferenças individuais, questões ligadas à
higiene ocupacional, à seleção de instrumentos de pesquisa, bem como às principais propostas
para a organização e intervenção em sistemas de turnos. Como esta forma de organização do
trabalho pode interferir sobremaneira na ritmicidade biológica dos trabalhadores envolvidos, o
texto inclui uma fundamentação teórica da natureza dos ritmos biológicos para melhor
orientação dos leitores ainda não versados no assunto.
A história da organização do tempo de trabalho pode ser traçada desde o início da vida. O livro
Eclesiastes já menciona existir um tempo certo para as atividades humanas: tudo tem seu tempo
determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer, e tempo de
morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar, tempo de
curar; tempo de arrancar, tempo de construir; tempo de chorar, tempo de rir.....
Uma interessante descrição da evolução e freqüência da ocorrência de trabalho noturno ao
longo dos séculos foi feita por Scherrer (1981). Este autor relata fatos ocorridos desde o Império
Romano até a época atual. Segundo este autor, havia nas estreitas ruas das cidades romanas um
grande congestionamento durante o dia, de mercadores, camponeses, artesãos, etc. Foi então
proibida pelos imperadores Claudius e Marcus Aurelius tanto na Itália como em todas as outras
cidades do Império, a circulação de veículos durante o dia, exceto de funerais a pé, e a
construção e demolição de edifícios. Assim sendo, os trabalhadores que deviam conduzir
carroças, cavalos, mercadorias, passaram a trabalhar à noite, perturbando o próprio sono assim
como o das pessoas que habitavam em ruas de grande movimento.
Durante a Idade Média, houve diminuição do trabalho noturno por conta das migrações
populacionais das cidades para os campos e da predominância das atividades dos artesãos, que
se dedicavam ao trabalho principalmente durante o dia. Após a Idade Média e antes do início da
Revolução Industrial, o trabalho noturno volta à cena principalmente devido à atividade mineira.
O livro escrito em 1556 pelo médico Georg Bauer, De Re Metallica, relata as dificuldades que
os mineiros enfrentavam no seu cotidiano, incluindo o trabalho noturno (Hunter, 1975).
Também Ramazzini, em sua obra De Morbis Artificum, de 1700, descreveu os padeiros como
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As razões de se estabelecer o trabalho em turnos podem ser de ordem técnica, social, e/ou
econômica. Desde as atividades essenciais do setor público (telecomunicações, serviços de
eletricidade, água, serviços de saúde, segurança pública) àquelas ligadas as atividades do setor
industrial onde a interrupção dos processos de produção só deveria ocorrer durante paradas
programadas para serviços de manutenção. Nestes casos inserem-se quase todas as indústrias
petroquímicas, químicas, de petróleo, siderúrgicas, cimento, vidro, papel, mineração, que são
empresas de processo contínuo. O setor de serviços também apresenta significativo número de
estabelecimentos que mantêm turnos de trabalho. Citam-se como exemplos: transportes urbanos
e interurbanos, rodoviário, aéreo e fluvial, serviços de saúde (hospitais e outros serviços de
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Rodízio inverso: o trabalhador modifica seus horários de trabalho ao contrário dos ponteiros do
relógio. Se está trabalhando no turno matutino e o próximo turno que deve cumprir é o noturno,
seus horários de entrada e saída do trabalho se antecipam, comparados ao do turno anterior.
Sistema de turnos contínuos: o trabalho na empresa é realizado durante 24 horas diárias, 7 dias
por semana, o ano todo. Geralmente há três ou quatro turnos diários, dependendo se as jornadas
são de 8 ou 6 horas respectivamente.
Sistema de turnos semi-contínuos: o trabalho na empresa é realizado durante 24 horas diárias,
mas há uma interrupção semanal de um ou dois dias. Geralmente há três ou quatro turnos
diários.
Sistema de turnos descontínuos: a empresa não mantem trabalhadores 24 horas por dia.
Geralmente, há um ou dois turnos diários.
Através da descrição das características das escalas de turnos pode-se avaliar seus aspectos
positivos e negativos, assim como, propor melhorias na forma de organizar as escalas .
As escalas de trabalho devem ser caracterizadas avaliando-se pelo menos os seguintes
parâmetros:
- Regularidade do sistema de turnos
- Número de equipes (turmas) de trabalho por turno
- Duração do ciclo de turnos
- Duração diária dos turnos
- Horários de início e f im das jornadas de trabalho
- Número de horas de repouso entre dois turnos consecutivos
- Número de noites consecutivas de trabalho
- Número de turnos trabalhados, antes da folga
- Direção do rodízio (direto ou inverso)
- Outras características (número de dias livres por semana, dias livres em cada ciclo de
turnos, dias de férias por ano, possibilidades de trocas entre colegas, etc).
noites do que os outros grupos. Segundo os autores, tal esquema seria adequado em empresas
onde alguns funcionários preferem trabalhar um menor número de noites e outros mais noites de
trabalho. Por razões de saúde ou para cuidar da família, trabalhadores mais velhos ou com filhos
pequenos podem preferir permanecer em casa no período da noite por mais tempo, do que
trabalhadores mais jovens que preferem ganhar mais trabalhando à noite. Os autores citados
consideram que quanto maior for o número de dias de trabalho noturno mais exigente será a
carga de trabalho deste turno.
As escalas de trabalho flexíveis dependem de modificações: na organização do trabalho, nos
tempos de trabalho e esquemas de turnos. Há várias possibilidades dentro da mesma empresa:
grupos que trabalham apenas em jornadas parciais, combinação de jornadas parciais e integrais,
horas de trabalho variáveis segundo o mes, ou período do ano, interrupção temporária do
emprego para reciclagem, ou estudos, por prazos mais longos, reposição de horas durante
períodos de férias, teletrabalho, etc. Os esquemas de trabalho vão depender da forma como as
tarefas e processos de produção estão organizados ou pretendem se re-organizar (Kogi, 2000).
Os seres vivos vivem num mundo rodeado por ciclos naturais. Ao longo do processo evolutivo,
criaram-se mecanismos que os permitiram apresentar um comportamento adaptativo frente às
variações ambientais. As funções dos seres vivos obedecem de forma geral a variações rítmicas
endógenas e são influenciadas e modificadas, na presença de certos estímulos ambientais.
Somente alguns fatores ambientais são capazes de arrastar os ritmos, tais como, a duração do
dia e da noite, a intensidade luminosa, a temperatura, a disponibilidade de alimento, os hábitos
alimentares, etc. Os ritmos endógenos dos seres vivos são independentes das variações
ambientais e continuam a se manifestar mesmo na ausência destes estímulos. Ou seja, na
ausência de influências do ciclo de luz/ escuro, ou de pistas temporais sociais, o sistema
temporizador endógeno mantem a ritmicidade das suas funções. O sistema temporizador
humano é composto de estruturas no sistema nervoso central, tais como, o núcleo
supraquiasmático e a glândula pineal, que juntos contribuem para a sincronização de ritmos
fisiológicos e comportamentais. Estas estruturas são conhecidas como osciladores ou relógios
biológicos porque contribuem continuamente para a geração da ritmicidade circadiana. Modelos
foram propostos para explicar o sistema temporizador: seria composto de osciladores múltiplos
acoplados, muitos dos quais ainda desconhecidos (Comperatore e Krueger, 1990). Os ritmos
endógenos não se modificam imeditamente após uma brusca mudança ambiental, ou de hábitos
dos organismos.
As variações fisiológicas e comportamentais apresentadas por todos seres vivos são rítmicas
e seu período (o tempo para completar um ciclo completo) pode ocorrer em frações de
segundos (como por exemplo os ritmos de disparo de neurônios ou de batimento do flagelo de
espermatozóides), segundos (os batimentos rítmicos do coração), uma vez por dia (a nossa
temperatura corporal), uma vez por mês (o ciclo menstrual), uma vez por ano ( o
comportamento de hibernar de alguns animais ou até anos, como o ciclo reprodutivo da cigarra
americana (13 ou 17 anos) ou do bambu chinês (100 anos) . O ciclo claro- escuro é um dos mais
importantes que influencia o comportamento dos ritmos biológicos. Os ritmos biológicos
associados ao ciclo claro-escuro são conhecidos como ritmos circadianos, e o período destes
ritmos pode variar de 20 a 28 horas, de acordo com a espécie. Nos seres humanos, muitas das
variações observadas no funcionamento do nosso organismo apresentam comportamento
rítmico com duração aproximada de 24 horas. Os ritmos que oscilam com períodos menores que
20 horas são chamados de ultradianos (por exemplo, os batimentos cardíacos, a respiração, as
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ritmo (o tempo para completar um ciclo- como no caso dos ritmos circadianos é cerca de 24
horas). Como os valores de um determinado ritmo em cada indivíduo podem se expressar com
muitas variações, estas podem ser ajustadas e quantificadas utilizando-se uma curva senóide. Os
principais parâmetros desta curva ajustada são: o seu valor médio (mesor), a distância entre o
valor máximo e o mesor (amplitude), o momento quando ocorre o valor máximo da curva
ajustada (acrofase). A figura 4 apresenta a representação de uma curva senóide ajustada aos
dados obtidos da temperatura corporal de um indivíduo com vigília diurna e repouso noturno,
no decorrer de 24 horas.
Pode-se avaliar se os ritmos biológicos estão se expressando de maneira usual, ou se estão
alterados. Por exemplo, comparando o comportamento de um determinado ritmo biológico entre
vários indivíduos avaliados num mesmo período de tempo, ou no mesmo indivíduo com dados
coletados em dias ou épocas distintas. Isto tem sido muito útil para avaliar a intensidade e a
gravidade das alterações apresentadas em vários ritmos biológicos, conforme será descrito no
item “alterações dos ritmos biológicos”.
Na figura 4 há uma representação gráfica do ritmo biológico circadiano da temperatura corporal
de um indivíduo com vigília diurna e repouso noturno. Dados ajustados segundo uma curva
senóide.
Na figura 5, extraída de Folkard (1996), são apresentados exemplos de ritmos circadianos da
temperatura oral, níveis urinários de corticosteróides (17-OCHS), adrenalina, noradrenalina,
potássio e sódio, de pessoas vivendo em condições controladas de laboratório, mas com ciclo
vigília-sono normal (ou seja, com vigília diurna e repouso noturno). Segundo o autor, todas as
variáveis foram medidas nos mesmos dias, e nos mesmos indivíduos. Os erros-padrão dão
indicação da variabilidade individual entre as pessoas. Os ritmos apresentados na figura 5 não
estão na mesma fase, embora seus valores máximos ocorram em diferentes momentos durante a
vigília diurna. Exemplos: o valor máximo diário da temperatura corporal ocorre geralmente no
final da tarde, enquanto o dos metabólitos urinários dos corticosteróides, de manhã. A maior
parte dos ritmos comportamentais e fisiológicos que exibem periodicidades circadianas
apresenta suas acrofases durante o dia. Durante o sono noturno são observados os níveis
máximos de melatonina e hormônio de crescimento.
(Inserir figuras 4 e 5)
Há condições de trabalho em que o horário de realização da tarefa acaba por determinar uma
exposição a um risco ambiental específico. Entre os riscos biológicos, é freqüente a maior
ocorrência do agente ou do vetor em determinadas horas do dia. Tal acontece, por exemplo, nas
pneumonites provocadas por fungos (Lacey e Crook, 1988). Em nosso meio, Iversson (1989) e
Romano (1996) constataram por inquérito sorológico, que o risco de encefalite viral predomina
entre lavradores e pescadores, já que estes deslocam-se pelas matas em direção ao trabalho nos
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horários em que os vetores se encontram em maior atividade. Este fato foi também verificado por
Khan et al (1997) para diferentes espécies do gênero Culex no Egito. Relação semelhante foi
sugerida por Favre (1989) para o risco da esquistossomose entre lavradores de culturas alagadas,
pela simultaneidade dos horários de trabalho e de liberação das cercárias.
Em ambiente hospitalar, não só os horários, como também a duração dos turnos, podem
favorecer as contaminações acidentais, conforme Parks et al (2000). Ações de prevenção
generalizada, como o uso de vacinas na população trabalhadora, podem comprometer seriamente
a disponibilidade da mão de obra, particularmente quando não se leva em conta as reações
adversas, cujas manifestações também estão sujeitas a ritmo, conforme constataram Langlois et al
(1995) para a influenza.
Em atividades industriais, mesmo organizadas em regime contínuo, também pode ocorrer a
preferência por determinados horários para execução de algumas tarefas, como manutenções,
inspeções, manobras perigosas ou mesmo descargas de efluentes. Nesse caso, além da falta de
critério relativo aos horários de maior toxicidade para a fauna e flora, as rotinas de
reconhecimento podem ser inadequadas e a avaliação acaba sendo conduzida por procedimentos
que vão levar a falsos resultados. Conseqüentemente, será sempre necessária uma descrição não
apenas das tarefas envolvidas, mas também das rotinas dos processos e operações, dos seus
desajustes, bem como dos procedimentos de correção adotados que podem resultar nas
exposições sob investigação.
No caso do trabalho em turnos, contudo, no qual o próprio horário não-usual de trabalho pode
constituir um dos fatores causais para doenças, Sanchez-Ferrandiz (1988), entre outros, propõe
que os agentes ambientais sejam considerados também como co-fatores etiológicos, capazes de
contribuir para as doenças observadas. Todavia, há evidências mostrando que o nível desta
contribuição deletéria depende também do horário em que a exposição ocorre.
Assim sendo, o problema permitiria duas linhas de abordagem sistemática. Ou as exposições
ambientais agravam uma situação patológica pré-determinada em função da organização do
trabalho em turnos, ou os efeitos da exposição são maiores em decorrência do horário dessa
exposição levando à doença. Na prática, entretanto, não se pode esperar uma separação entre
esses dois fatos. Considerando-se o trabalhador como um sujeito bio-psicossocial, a doença
passa a ser o resultado desfavorável de um dado processo de interação. Nesse sentido, desde os
trabalhos pioneiros nesta área, como de House et al (1979), por exemplo, até os mais recentes,
como o de Parkes (1999), vem sendo demonstrado claramente que a percepção subjetiva dos
riscos ambientais e os efeitos decorrentes das exposições dependem das relações
organizacionais mantidas no trabalho.
Conseqüentemente, a proposta mais atual é abordar o problema sob o ponto de vista de efeitos
combinados, decorrente da exposição aos riscos ambientais e ao trabalho em turnos
simultaneamente, como sugerem Rutenfranz, Knauth e Angersbach (1981); Rutenfranz et al
(1989), Fischer et al (1997b). Essa abordagem complexa, entretanto, como o trabalho de Parkes
(1999) entre petroleiros, tem sido rara. Com maior freqüência, são apresentados estudos
relatando horários de resistência diminuída (HRD), ou seja, demonstrações do agravo dos
efeitos das exposições em função do horário da sua ocorrência. Esses estudos têm mostrado tais
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Os riscos químicos, por sua vez, há muito têm sido estudados sob essa abordagem de HRD,
permitindo algumas discussões das normas de compensação dos agravos, por exemplo, com a
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redução dos limites de exposição ocupacional. As variações circadianas nos efeitos tóxicos
decorrentes da exposição aos riscos químicos despertaram interesse inicial na farmacologia,
possibilitando, já em 1971, uma revisão no assunto por Reinberg e Halberg. As conseqüências
destas variações nas exposições relacionadas ao trabalho motivaram alguns pesquisadores
(Smolensky, 1981; Smolensky et al, 1985; Reinberg e Smolensky, 1985; Gaffuri e Costa, 1986)
a questionar a validade da aplicação dos limites de exposição ocupacional, próprios ao controle
dos riscos de uma forma geral, para determinadas situações específicas, como o trabalho em
turnos. Além disso, outros (Calabrese, 1977; Reinberg et al, 1986; Brief e Scala, 1986) têm
sugerido que tais diferenças circadianas deveriam ser também consideradas ao se estender as
jornadas diárias de trabalho além de oito horas de duração.
Como são ainda poucos os estudos epidemiológicos, a argumentação sustenta-se
principalmente na reinterpretação das relações com os xenobióticos e nas evidências
experimentais, sob o ponto de vista de variações rítmicas.
4.3.2.Evidências experimentais
Pelo menos em nível institucional prevalece em alguns países uma posição contrária ao
reconhecimento das implicações até aqui sugeridas. Tem sido alegado por alguns, conforme
consta nos anais da 76ª Reunião da Conferência Internacional do Trabalho promovida pela OIT
em 1989 (ILO, 1989) que não há evidências suficientes demonstrando as implicações
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particulares do horário de trabalho nos riscos ambientais. Tais alegações, entretanto, não se
sustentam. Extenso trabalho de revisão no assunto, Lieber (1991), mostrou que, ao contrário do
suposto, as evidências disponíveis não só cobrem a maioria dos efeitos à saúde, classificados
pela OSHA (14 dos 19 pertinentes), como também referem-se em grande parte (77%) às
observações com efeitos não letais, de particular interesse ocupacional.
Embora não tenham sido localizadas evidências para danos pulmonares do tipo cumulativo
(pneumoconioses) e do tipo agudo/edema, para anemias do tipo meta-hemoglobulina, bem
como para irritação forte e suave, apresentaram-se evidências indiretas que permitem a
generalização da variação analisada. Dados reunidos no trabalho citado mostram que tanto os
eventos cinéticos (absorção, distribuição, biotransformação e eliminação) como os eventos
dinâmicos (cinco fundamentais) estão sujeitos às variações rítmicas, justificando as diferenças
de sensibilidade observadas. Estudos mais recentes mostraram a variação circadiana também
para o efeito de dano pulmonar agudo/edema, expondo-se ratos ao ozônio. Constatou-se que as
exposições durante o período de atividade acarretam maiores lesões nos bronquíolos terminais
em relação ao período de repouso, segundo Witshi et al, 1997, mas nesse mesmo período de
exposição o grau de inflamação broncoalveolar é menor, conforme McKinney e col. 1998.
Muito embora não tenha sido publicado ainda nenhum estudo relativo às variações circadianas
na anemia induzida por produto químico, sabe-se que a reconstituição da hemoglobina está
sujeita à ritmo, conforme observação de Levitt et al, 1994, em estudo conduzido entre 7
voluntários, usando monóxido de carbono.
Variações temporais do efeito tóxico em exposições agudas têm despertado crescente
interesse na prática médica de urgências (Gallerani et al, 1993). A regularidade observada é tal
que, em alguns casos, como nas cardiopatias, já se usa a expressão cronorisco, como propõem
Portaluppi et al, 1999. Na prática ocupacional, por sua vez, o médico do trabalho deve ter em
mente que os novos estudos vêm não só confirmando os achados anteriores de variação, como é
o caso dos solventes (Harabuchi et al, 1993; Kiesswetter et al, 1996), mas também colocando
em questão as práticas de diagnóstico, como por exemplo, as correlações pela creatinina
(Boeninger et al, 1993), e as avaliações de fluxo respiratório (Gannon e Burge, 1997).
Em grande parte devido aos novos movimentos econômicos observados na última década, os
meios de produção vêm sendo submetidos a um crescente esforço de modernização e
automação.Com isto, pode-se esperar mudanças radicais nos perfis de exposição tóxica. As
exposições crônicas tendem a dar lugar às exposições agudas (acidentais) e às exposições sub-
crônicas. Esse novo contexto, longe de trazer tranqüilidade, fomenta a necessidade da
constatação de efeitos sub-clínicos, obrigando o médico do trabalho a questionar cada vez mais
a adequação dos limites de tolerância a serem adotados com segurança na sua prática.
Já de início, os próprios limites de exposição ocupacional (LEO), na sua grande maioria, não
se sustentam em base científica adequada. Lieber (1991), analisando o embasamento filosófico
e as restrições técnico-científicas no estabelecimento de LEO, concluiu que os fatores
intervenientes são muitos, os coeficientes de segurança são discutíveis, e o estabelecimento
decorre de um processo político pouco participativo. Conseqüentemente, os LEOs podem, na
melhor das hipóteses, ser considerados adequados só para algumas circunstâncias. Não é sem
razão, portanto, o constante questionamento da adequação de tais limites. Ensaios experimentais
ou observações epidemiológicas continuam encontrando efeitos nas condições recomendadas,
como é o caso, por exemplo, do tricloetileno (Arito et al,1994), do benzeno (Nilsson et
al,1996), ou ainda para as exposições aos sais de cromo e níquel (Bright et al, 1997).
O ajuste dos LEOs para o trabalho em turnos não poderia ser ainda recomendado por várias
razões. Constatou-se, por exemplo, que o uso de fórmulas ou coeficientes de correção
atualmente disponíveis para obtenção de valores reduzidos, próprios às condições especiais de
exposição, é inadequado sob o ponto de vista conceitual. Em particular ao trabalho em turnos,
os efeitos subjetivos podem ser tão mais importantes que os efeitos objetivos e, portanto, sem
condições de descrição analítica. Entretanto, também não se pode aceitar que a exposição seja a
mesma, independentemente da hora do dia, se for levada em conta a proposta do projeto de
convenção relativo ao trabalho noturno votado na 77ª Conferência da OIT em 1990, onde consta
no item 12 do capítulo IV (Segurança e Saúde): “O empregador deveria adotar as medidas
necessárias para manter, durante o trabalho noturno, o mesmo nível de proteção contra os
riscos ocupacionais que durante o dia...” (Fundacentro, 1990).
Devemos reconhecer que o mesmo nível de proteção pode implicar diferentes condições de
exposição. Portanto, a alternativa mais viável no atual estágio de conhecimento, é estabelecer
horários em que a exposição deva ser evitada. Tais condições devem ser estabelecidas caso a
caso, com base nas variações cinéticas e dinâmicas. Nada indica que a proposição acima não
seja factível. Trata-se antes de mais nada, de uma questão de propósito. Na busca da eficiência e
do menor custo, já foi sugerido, por exemplo, que o horário de aplicação de herbicidas fosse
adequado ao ritmo biológico das plantas (Camparinon e Koukkari, 1976). Nada, porém, tem
sido recomendado quanto à adequação ao ritmo de susceptibilidade do aplicador.
O trabalho em turnos contínuos, fixos ou rodiziantes, tem sido apontado como uma
contínua e múltipla fonte de problemas de saúde e de perturbação socio-familiar. Centenas de
pesquisas realizadas, principalmente nos países europeus, Estados Unidos, Canadá, Australia, e
Japão, mostraram os principais problemas que afetam os trabalhadores, e foram apresentadas em
quatorze simpósios internacionais que vêm sendo organizados regularmente desde o final da
década de 60. A grande maioria dos estudos continua sendo publicada nos anais destes
simpósios, seja em publicações especializadas, ou em periódicos indexados. Como exemplo do
último simpósio ocorrido em Weisensteig, Alemanha, no ano de 1999, há 69 trabalhos
publicados, nas seguintes áreas: alerta, desempenho e acidentes, adaptação biológica, trabalho
em turnos e saúde, trabalho em turnos no setor de serviços, trabalho em turnos e diferenças
individuais, construção de escalas de trabalho com auxílio de programas de computador,
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aspectos psicossociais do trabalho em turnos (Hornberger, Knauth, Costa, Folkard, 2000). Para
obter mais informações sobre os simpósios e outros eventos científicos relacionados à área de
trabalho em turnos e noturno, deve-se consultar o seguinte endereço eletrônico:
http://time.iguw.tuwien.ac.at/scns/index.htm
Este website pertence à Comissão Científica de Trabalho em Turnos e Noturno da ICOH
(International Commission on Occupational Health).
(Colquhoun e Edwards, 1970; Knauth et al, 1978; Chaumont et al, 1979; Foret e Benoit, 1978;
Reinberg et al, 1989) pode-se observar que a variação diária da temperatura sofre consideráveis
desvios de sua normalidade ao serem modificados temporalmente os períodos de vigília e de
sono. A dessincronização interna entre o ritmo da temperatura e do ciclo vigília-sono tem como
conseqüências o desencadeamento e/ou o agravamento dos distúrbios de sono (Akerstedt e
Gillberg, 1981; Akerstedt e Torsvall, 1981; Akerstedt, 1985).
Cipolla-Neto (1988) apresenta uma extensa lista de autores que em suas publicações
relataram as implicações da ritmicidade circadiana em: eventos ligados ao ciclo da vida
humana; ao desempenho físico e mental, à incidência de doenças mentais, às variações na per-
cepção da dor, no aparecimento da cefaléia etc.; na área da hematologia e coagulação sangüínea,
na imunologia e alergia; em doenças infectocontagiosas, doenças cardiovasculares,
endocrinologia e metabolismo, oncologia, gastroenterologia, nefrologia, oftalmologia. O tra-
balho em turnos, sendo um importante perturbador da ritmicidade circadiana, tem certamente
implicações negativas na saúde.
Ao cruzar vários fusos horários em aeronaves, ocorre um desajuste temporal entre nosso
tempo interno e as influências ambientais externas. A velocidade normal de sincronização diária
é de 60 a 90 minutos. Quando as pessoas viajam de navio ou de trem, usualmente cruzam um
fuso horário por dia, e pouco notam a diferença de horário. Entretanto, os aviões a jato podem
cruzar mais de um fuso horário por hora. Ao chegar ao destino, todos os Zeitgebers modificam-
se ao mesmo tempo, facilitando as mudanças de fase de muitos ritmos circadianos ao se
reajustarem em coerência com o novo tempo externo. Entretanto, a incapacidade dos ritmos
endógenos de se ajustarem imediatamente a uma mudança brusca do tempo externo causa o jet-
lag (Wegman e Klein, 1985; Lowden, 1998). Nos primeiros dias quando não há ainda uma
adaptação dos ritmos aos novos horários locais, as pessoas sentem-se fatigadas, mais sonolentas,
com dificuldades para dormir à noite, com atraso ou adiantamento no horário de dormir e
acordar, têm perturbações do apetite, etc. Diferentes ritmos circadianos tem diferentes
velocidades de se ajustar aos novos horários locais. Isto vale tanto para os eventos fisiológicas
como cognitivos. Por exemplo, o ritmo de excreção das catecolaminas urinárias ajusta-se mais
rapidamente do que o da temperatura corporal, enquanto que o ritmo da excreção urinária dos
corticosteróides ressincroniza-se mais lentamente que os dois citados (Wegman e Klein, 1985).
A velocidade de adaptação depende da direção para onde se vai: há adaptação de um fuso
horário cruzado por dia em viagens para oeste, e 0,6 fusos horários por dia em viagem para leste
(Akerstedt, 1996). Voando para oeste, há um atraso de fase dos ritmos biológicos.Isto também
ocorre quando os trabalhadores trocam de horário de trabalho em escalas rodiziantes: no rodízio
direto os atrasos de fases dos ritmos permitem uma adaptação mais rápida, do que no rodízio
inverso.
Como os aeronautas (pilotos e comissários de bordo) não permanecem por muitos dias nos
locais de destino de sua viagem, o processo de adaptação aos novos horários locais não é
completado e persiste um estado de dessincronização temporária dos ritmos biológicos. Este
estado pode afetar não apenas sua saúde, mas também seu desempenho durante o vôo,
particularmente em tarefas complexas (Lowden, 1998).
20
Um dos ritmos afetados nos vôos transmeridianos é o ciclo menstrual, que pode se
prolongar pela repetida exposição ao jet-lag. Queixas de irregularidades menstruais são
freqüentes entre comissárias de bordo destes vôos.
Recomenda-se que em vôos transmeridianos tomem-se medidas para evitar o início de uma
re-sincronização dos ritmos biológicos, se o tempo de permanência no destino for curto, de um a
dois dias, e haja previsão de retorno ao local de origem do vôo. Isto é parcialmente conseguido
mantendo-se o horário de dormir do local de onde viemos
(Lowden e Akerstedt, 1998). Protegendo-se os olhos de serem expostos à luz solar, também se
impede que o ritmo da melatonina seja reajustado ao novo horário. Por outro lado, a ingestão de
melatonina pode acelerar a velocidade de ressincronização do sistema temporizador circadiano,
após uma rápida mudança na fase do ciclo claro-escuro, que é o que ocorre nos vôos
transmeridianos (Comperatore e Krueger, 1990). A melatonina é um poderoso modulador dos
ritmos circadianos. A glândula pineal, onde é sintetizada a maior parte da melatonina, é a
principal interface entre o ciclo claro-escuro ambiental, e os sistemas nervoso e endócrino
(Golombek, Cardinali e Aguilar-Roblero, 1997). A melatonina tem sido utilizada no tratamento
do jet-lag. Entretanto, não são conhecidos os efeitos colaterais, caso seja usada constantemente,
e por longo tempo. A ingestão de pequenas doses de melatonina (até 5 mg) por dia, de 30 a 60
minutos antes de ir dormir, facilita o ajuste do ciclo vigília-sono. A dose mencionada para
tratamento é muito maior que a normalmente secretada pela glândula pineal à noite, que
apresenta valores máximos entre 100 e 200 pg/ml (Smolensky e Lamberg, 2000).
Há similaridades entre as conseqüências do jet-lag e do trabalho em turnos: em ambas as
situações há uma ruptura da sincronia habitual entre os sistemas temporizadores internos e
externos. Entretanto, os passageiros e parcialmente também os aeronautas, após cruzarem vários
fusos horários, têm a seu favor que todos os sincronizadores externos do ambiente (físicos e
sociais) modificam-se ao mesmo tempo. Para os trabalhadores em turnos, especialmente aqueles
que trabalham várias noites consecutivas, as mudanças do ciclo de vigília-sono resultam num
estado quase permanente de conflitos dos indicadores de tempo, e o arrastamento é mais lento e
menos completo do que a ressincronização após vôos transmeridianos.
Um outro fator de risco para a ocorrência de acidentes diz respeito ao momento que os
turnos matutinos se iniciam. Quando o trabalho começa muito cedo, às 05:00- 06:00 horas da
manhã, os trabalhadores podem apresentar uma sonolência excessiva no trabalho em
decorrência de uma redução no seu período de sono noturno. Isto pode levar a maior número de
erros e ou acidentes do trabalho neste turno (Pokorny, Blom e Van Leeuwen, 1987; Fischer et
al, 1997a).
Existem controvérsias se a maior duração da jornada de trabalho está ou não associada a um
aumento do número de acidentes do trabalho. Nos Estados Unidos e em vários países europeus
tem havido preferência na adoção de turnos de 12 horas diárias. Estes turnos mostram-se
atraentes ao proporcionar um maior número de dias de folga aos trabalhadores, e ou permitir
aos administradores a possibilidade de ter maior flexibilidade no planejamento de horas extras, e
ou de poder ter um gerenciamento mais flexível na produção. A maioria dos estudos revela que
o risco de acidentes aumenta com a duração da jornada, particularmente se associada às más
condições de trabalho. Em estudo realizado em indústria petroquímica na Região Metropolitana
de São Paulo, Fischer et al, 1998, e em empresa do ramo gráfico (Fischer et al, 1997b), foi
observado que os trabalhadores em turnos tem piores condições de trabalho, sujeitos a doenças
mais sérias decorrentes dos vários estressores combinados, quando comparados a seus colegas
diurnos, especialmente os que trabalhavam nas áreas administrativas. Assim sendo, um maior
risco de acidentes e de problemas de saúde está associado com o trabalho em turnos e com
condições de trabalho inadequadas. Em outro estudo conduzido por Fischer et al (2000),
também realizado em indústria petroquímica que tinha implantado turnos de 12 horas de
trabalho diárias, foi observado durante o período de trabalho noturno uma significativa
diminuição na percepção do alerta, e esta redução se fez sentir mais pronunciadamente na
décima hora do turno noturno (às 05:00 horas da manhã), comparado a outros períodos de
trabalho, tanto diurnos quanto noturnos. Os administradores desta empresa resolveram, em
comum acordo com os trabalhadores em turnos, manter turnos de 8 horas diárias, em função dos
maiores riscos à segurança do trabalho que as jornadas prolongadas poderiam trazer.
Em recente artigo Nachreiner et al, (2000) mostram que o risco relativo de sofrer acidentes
de trabalho fatais aumenta significativamente após a nona hora de trabalho. Os dados desta
pesquisa compreendem todos os acidentes fatais ocorridos na Alemanha, entre 1994 e 1997, e as
fontes foram as principais agências governamentais na área de prevenção de acidentes, e
federação de trabalhadores alemães. Os resultados não aconselham que se deva adotar jornadas
diárias mais longas, com o acúmulo de mais horas trabalhadas num determinado período do ano
ou mes, conforme permite a Diretiva Européia das horas de trabalho.
Costa (1996) chama a atenção para várias questões importantes relacionadas ao trabalho em
turnos e a ocorrência de acidentes ou erros no trabalho. Segundo ele, as pesquisas publicadas
revelam principalmente dados de acidentes mais graves, não sendo avaliados os incidentes e
acidentes de menor gravidade. O real efeito do trabalho em turnos nos acidentes poderia estar
subestimado. Este autor comenta também que, possivelmente haja hoje maior vulnerabilidade a
erros no trabalho, do que no passado, devido ao uso intensivo de tecnologias que requerem
longos períodos de monitoramento, e conseqüentemente, maior alerta e vigilância dos
trabalhadores, quando comparadas às antigas atividades manuais.
23
5.3. Sono
A estrutura do sono diurno é distinta daquela apresentada pelo sono noturno: os episódios
do sono paradoxal e do estágio 2 são mais curtos, a latência do sono pode ser maior e a
distribuição do sono paradoxal é diferente nos períodos de sono diurnos (Akerstedt, 1985;
Torsvall, Akerstedt e Gillberg, 1981; Foret e Benoit, 1974, 1978; Knauth e Rutenfranz, 1975).
Estas diferenças traduzem-se em percepção de uma qualidade usualmente pior quando o sono é
diurno.
Na figura 6 estão representadas as auto-avaliações da qualidade de sono de trabalhadores
em turnos rodiziantes e diurnos, de uma indústria petroquímica. Os dados referem-se à
publicação de Fischer (1990). Há diferenças significativas (p < 0,05) entre os turnos de trabalho
matutino (manhã) e vespertino (tarde) com o noturno (1n=1ª noite, Noite=2ª à 6ª noites, e 7n =7ª
noite). As piores auto-avaliações (menores escores) da qualidade do sono coincidem com os
dias de trabalho noturno. Quando comparados os dias de trabalho diurno (ADM) dos
empregados administrativos e operacionais diurnos (7h30 min. Às 16h30 min, segunda a sexta-
feira) com os seus dias de folga (sábado-sáb. e domingo—dom.) não são observadas diferenças
significativas. Entretanto, diferenças significativas (p < 0,05) são notadas entre os dias de
trabalho noturno, dos trabalhadores em turnos e os respectivos dias de folga após trabalho
noturno. Ou seja, os trabalhadores em turnos qualificam seu sono como pior do que seus colegas
diurnos, e há diferenças entre os dias de trabalho e de folga. Isto justifica por que eles precisam
ter um maior número de dias livres de folga, do que seus colegas diurnos.
A variação circadiana da sonolência nos faz sentir mais sono em determinadas horas do dia e da
noite. Os períodos de maior sonolência diurna e noturna são respectivamente, os próximos à
hora do almoço, e durante a madrugada. Assim sendo, é mais difícil para quem trabalha à noite
iniciar o sono de manhã, do que no início da tarde. De forma similar, é mais árduo ficar
acordado à noite quando a sonolência é maior, do que em outros períodos. Também pode ser
24
observada maior sonolência no início da tarde, e às vezes luta-se contra o sono para se manter
alerta no trabalho. Isto é mais difícil se foi preciso acordar de madrugada para entrar no trabalho
às 06:00, 07:00 h da manhã. Em alguns países da América Latina, a siesta ainda é um costume
(Taub, 1971), mas são poucos os que podem interromper o trabalho e voltar para casa para uma
soneca. Geralmente, os locais de trabalho não têm locais para repouso.
Entre os numerosos trabalhos publicados sobre sono, cita-se o de Lavie et al (1989) com
trabalhadores de refinarias e de indústria de alumínio. Os resultados refletem as repercussões do
sono em outras esferas. Foi observado que os trabalhadores que apresentavam distúrbios de
sono (15% a 18% da população estudada) também estavam menos satisfeitos com o trabalho,
tinham mais problemas domésticos, maior morbidade (por problemas cardíacos, enxaquecas,
diarréias e dores nas costas), pressão sangüínea diastólica mais elevada, mais queixas e
utilizavam mais medicamentos. Daí a expressão que estes autores usaram: “um marcador de
uma síndrome de má adaptação”.
Em recente e elegante revisão feita por Akerstedt (1998), sobre os padrões de atividade e
repouso utilizados pelos trabalhadores em turnos, uma das conclusões é: “o trabalho em turnos
claramente afeta o sono e a vigília, de uma forma predizível”. O autor também comenta
resultados de estudos que avaliam a extensão do sono matutino após o trabalho noturno, o sono
fragmentado, a freqüência e duração de cochilos, o atraso no sono principal após trabalho
noturno, as estratégias utilizadas pelos trabalhadores noturnos para dormirem melhor segundo a
escala de turnos em vigor.
Com o passar da idade, muitas pessoas percebem que seu sono deteriorou. Para os
trabalhadores em turnos foram observados que os principais efeitos do envelhecimento no sono
são: uma diminuição geral no estágio do sono onde predominam o sono de ondas lentas, maior
duração do estágio 1 de sono, um aumento no número e na duração de despertares, maiores
mudanças nos estágios de sono (Härmä, 1993).
São razoavelmente bem conhecidas muitas das variáveis que interferem no sono, mas ainda
estão sendo avaliadas quais são as melhores estratégias para obter um ótimo sono e reduzir os
efeitos negativos do trabalho em turnos. Para alcançar esta meta, modelos preditivos estão sendo
desenvolvidos, baseados em dados coletados em campo. Os seguintes parâmetros são utilizados
nos atuais modelos: a duração e período do sono principal, os cochilos anteriores ao início do
trabalho (sua duração, freqüência e momento quando ocorrem). Através destes modelos pode-se
também prever o nível de alerta (ou o grau de sonolência) ao longo das horas do dia e da noite,
inclusive durante o trabalho, as possibilidades de haver episódios involuntários de sono durante
o trabalho (micro-sonos), e o tempo necessário para recuperação (Akerstedt, 1996; Folkard e
Akerstedt, 1987). Estes modelos têm sido testados utilizando-se questionários, diários de sono,
escalas de avaliação subjetiva, e medidas objetivas padronizadas.
(inserir figura 6)
nas populações estudadas, e os possíveis efeitos destas exposições. Como um dos exemplos, cita
que algumas pesquisas podem ter incluído num mesmo grupo exposto ao trabalho em turnos
pessoas que presentemente ou no passado estiveram expostas a este tipo de trabalho, mas que
trabalharam poucas noites por semana ou por mês, e juntas estavam pessoas que trabalharam em
escalas com grande número de noites de trabalho por mês, tendo portanto estas últimas maiores
riscos que as primeiras. Esta tese discute as características de variáveis confundidoras e
mediadoras entre o trabalho em turnos e os efeitos observados, no caso, as doenças
cardiovasculares. Em pesquisas conduzidas para apresentação deste trabalho de doutorado, dois
trabalhos de Boggild e Jeppesen (2000a, 2000b) realizaram avaliações de vários parâmetros
marcadores de stress e de risco de doença cardiovascular, entre enfermeiras e auxiliares de
enfermagem em vários hospitais da Dinamarca. Um dos estudos (2000a) foi realizado o que se
chama de estudo de intervenção, ou seja, foram realizadas modificações nas escalas de trabalho
para avaliar se as mudanças (turnos mais regulares, diminuição do número de noites de trabalho,
aumento dos dias de folga, e estas mais coincidentes com fins de semana, rodízio direto nas
escalas), produziriam modificações nos biomarcadores para doença cardíaca e stress. Os grupos
controles mantiveram seus horários e escalas de trabalho, que apresentavam maiores
irregularidades, assim como maior número de noites de trabalho. Realizadas avaliações dos
níveis de prolactina, colesterol de alta e baixa densidade, triglicérides, fibrinogênio, e
hemoglobina glicosada, antes e após modificação de escalas de trabalho em turnos, foram
observadas mundanças favoráveis na maioria dos parâmetros analisados, no grupo que teve
melhorias nas escalas de trabalho. Em outro estudo (Boggild, 2000b), foram também
comparados os biomarcadores de stress e doença cardíaca em vários grupos de enfermeiras e
auxiliares, associados com as condições de trabalho, características individuais, estilos de vida,
e escalas de trabalho. Os resultados mostraram que o número de horas noturnas trabalhadas
(entre 22:00 e 6:00 horas da manhã) estava associado com maiores níveis de biomarcadores
aterogênicos. Já em 1983, Orth-Gomer havia mostrado que a modificação do sentido do rodízio
inverso (noite-tarde-manhã- noite) para manhã-tarde- noite-manhã (rodízio direto) tinha efeitos
positivos, com redução da pressão sistólica e da excreção urinária de catecolaminas entre
policiais que trabalham em turnos. Segundo esta e outras pesquisas citadas no trabalho de
Boggild (Boggild e Knutsson,1999; Boggild et al, 1999) o trabalho em turnos traz de fato
modificações no metabolismo lipídico, e que se traduzem por maiores riscos à saúde. A tese
mencionada concluiu que “…o trabalho em turnos é provavelmente um fator de risco causal
aumentando o risco entre 30 a 40 % (no desenvolvimento das doenças cardiovasculares), mas
há a possibilidade de que o trabalho em turnos esteja interagindo com fatores desconhecidos, e
não haja aumento de risco em alguns casos”( p.61). Boggild salienta que é absolutamente
importante a implantação de escalas de trabalho que sigam critérios que apresentem menor
perfil de risco, utilizando-se o conhecimento da ritmicidade circadiana e as preferências sociais,
como forma de prevenir os possíveis efeitos do trabalho em turnos, particularmente associado às
doenças cardiovasculares. Conforme as publicações sugerem, a regularidade do trabalho em
turnos e a redução do trabalho noturno são relevantes para a prevenção das doenças.
Importantes revisões da literatura publicadas por Costa (1996) e Vener, Szabo e Moore
(1989) relativa aos efeitos do trabalho em turnos sobre a função gastrointestinal, reveloram que
os distúrbios gastrointestinais são mais prevalentes entre os trabalhadores em turnos,
particularmente naqueles que também trabalham à noite. Este autores comentam que embora
tenham sido utilizadas diferentes metodologias nas dezenas de trabalhos publicados, na grande
maioria das pesquisas foi claramente demonstrado que há um maior risco no desenvolvimento
de manifestações do apetite, dispepsia, flatulência, azia, dores abdominais, constipação e úlcera
péptica, entre os trabalhadores em turnos.
As maiores dificuldades para associar os problemas gastrointestinais com o trabalho em
turnos advém dos desenhos de estudos realizados. A grande maioria das pesquisas é
transversal e retrospectiva, produzindo uma seleção entre os trabalhadores que estão sendo
investigados e levando ao que conhece como “o efeito do trabalhador sadio”. Outro fator que
poderia confundir os achados diz respeito a trabalhadores em turnos que são transferidos para
outros horários de trabalho, desta forma reduzindo o risco dos que permaneceram no trabalho
noturno. Um trabalho de Segawa e colaboradores, publicado em 1987, e citado por Vener, relata
um inquérito realizado com 11 657 trabalhadores japoneses. Os autores constataram que a
úlcera gástrica era duas vezes mais freqüente entre os trabalhadores em turnos do que entre
diurnos; este estudo também revelou que parece haver uma maior capacidade ulcerogênica
residual entre os ex-trabalhadores em turnos. Em pesquisa de Tarquini, Cecchetin e Cariddi
(1986) foi observado que o trabalho em turnos pode provocar uma mudança importante no
sistema de secreção da gastrina e acidopepsina, causando dificuldades na digestão de certos
alimentos ingeridos em determinados períodos do dia.
Tepas (1990), em uma revisão crítica sobre o assunto, levantou uma série de questões quanto a
considerar-se piores os hábitos de refeições, nutrientes ingeridos em cada refeição e consumo de
cafeína e álcool entre trabalhadores em turnos e diurnos. Lançando mão de estudos por ele
conduzidos entre 1810 trabalhadores dos setores de plástico e borracha, não encontrou
diferenças estatisticamente significantes no tocante a consumo de café e álcool entre
trabalhadores cm turnos e diurnos. Acredita Tepas que efetivamente possa haver diferenças nos
hábitos alimentares de trabalhadores diurnos e em turnos, mas que influências nos padrões
sociais e culturais dos trabalhadores sejam mais importantes para explicar estas diferenças no
que diz respeito aos distúrbios nutricionais e nas conseqüentes queixas e sintomas de problemas
gastrointestinais, que o fato de isoladamente a pessoa trabalhar em turnos. Lennermäs et al
(1993), realizando uma avaliação nutricional (quantidade de gordura, sacarose, fibras, ácido
ascórbico e energia) de cada refeição de trabalhadores em turnos rodiziantes, também não
encontrou diferenças na qualidade nutricional da dieta, nem na freqüência de refeições e
lanches.
Estudos realizados no Brasil, com petroquímicos (Fischer, 1990; Fischer e Paraguay, 1991),
também não evidenciaram maior consumo de álcool e café entre os trabalhadores em turnos
comparados com trabalhadores diurnos da mesma empresa, faixa etária e tempo no emprego.
Entretanto, um maior consumo de café e bebidas foi observado entre pessoas que exerciam fun-
ções gerenciais, independentemente de se trabalhavam de dia ou à noite. Em estudo anterior
28
com carreteiros (Fischer et al, 1988) observaram um acentuado consumo de café (um litro em
média) durante trabalho noturno, para manter a vigília na direção do veículo.
Para manter bons hábitos nutricionais não são importantes apenas os fatores culturais, mas
também as facilidades de alimentação que as empresas ofereçam aos trabalhadores, em todos os
turnos de trabalho. São recomendados cardápios diferenciados entre os turnos; particularmente
para as refeições noturnas, devem predominar sucos naturais, saladas frescas, alimentos com
baixo teor de gorduras e alto teor de fibras.
Segundo Rutenfranz et al, (1985), o trabalho em turnos deve ser incluído como fator de
risco no surgimento da úlcera duodenal, aumentando as possibilidades de surgimento de
doenças, mas nunca como a única causa. A influência de fatores ambientais, as características
individuais, inclusive personalidade, estilos de vida, condições sociais, certamente interferem no
desenvolvimento dos problemas gastrointestinais, e também em manifestações de caráter psico-
emocional. Os conflitos temporais entre os ritmos biológicos e os sincronizadores externos,
favorecem o comprometimento do sono, dificuldades na vida social e familiar, e podem ser
fatores agravantes nos quadros de doença gastrointestinal observados. Um famoso grupo de
cronobiologistas liderados por Halberg descrevem pormenorizadamente como as alterações
biológicas causadas pelas modificações dos padrões de sono podem provocar mudanças na
alimentação, na motilidade intestinal e na patogênese da ulceração gástrica e duodenal.
Reproduzimos aqui um trecho final do artigo mencionado: “...O trabalho em turnos pode
aumentar a freqüência da úlcera (gástrica ou duodenal) da seguinte maneira: os padrões de
sono alterados produzem marcadas mudanças nos padrões secretórios da adrenal, ritmicidade
pineal, secreções de enzimas digestivas, alterações na alimentação e motilidade
gastrointestinal... E possível pensar-se que o trabalho em turnos é capaz de induzir a um estado
de estresse devido ao contínuo processo de dessincronização interna que freqüentemente existe
nos trabalhadores em turnos. Naqueles indivíduos que são mais suscetíveis, a úlcera ocorre. Há
necessidade de ser determinado quantos outros fatores (ambientais e genéticos) contribuem
para a expressão desta doença.”
Estudos de morbidade realizados revelam que os trabalhadores em turnos sentem com certa
freqüência fadiga crônica, nervosismo, mal humor, e às vezes também síndromes
psiconeuróticas, como ansiedade crônica, depressão (Koller, 1979, Gordon, 1986, entre muitos
outros). Existem controvérsias que o trabalhador em turnos estaria mais propenso ao comsumo
de álcool e drogas, mas isto até hoje não foi claramente definido (Cole et al,1990). Foi relatado
por vários autores um aumento do consumo de medicamentos para dormir, tranquilizantes,
associados com o aparecimento dos sintomas acima descritos, entre trabalhadores em turnos.
Um estudo de Lund (1974), sugere uma possível base fisiológica para um aumento de
neuroticismo naqueles que trabalham em turnos. Em pesquisa realizada com 34 pessoas que se
submeteram a um isolamento temporal em laboratório, e desta forma ficaram sem contato com
os Zeitgebers externos, em 7 delas foi observado dessincronização de seus ritmos biológicos
circadianos da temperatura com o ciclo vigília-sono. Comparando estas pessoas com as demais
que não sofreram esta dessincronização interna, verificou-se que estas tinham maior
neuroticismo que os demais. O autor deste estudo concluiu que as pessoas com maior
29
neuroticismo também possuem menor estabilidade de seus ritmos circadianos. Também foi
sugerido que o trabalho em turnos possa causar neuroticismo.
Costa (1996) afirma que há suficiente evidência de trabalhos já publicados sugerindo que há
uma associação entre o trabalho em turnos e o desencademento de problemas psíquicos, sendo
mediados em maior e menor extensão por fatores individuais e sociais.
Dadas as complexas interações entre as condições sociais e as perturbações dos ritmos psico-
fiológicos, as manifestações psíquicas tenderiam a ocorrer com os trabalhadores em turnos. E
mais, poderiam ser um fator agravante no risco do desenvolvimento de sintomas e doenças,
como as perturbações gastrointestinais e cardiovasculares.
Assim como Cole e colabores, Costa salienta que os limites que definem manifestações normais
de anormais não são sempre claramente definidos.É necessário padronizar métodos e
procedimentos para melhor definir as relações entre o trabalho em turnos e as manifestações
psiconeuróticas.
mudanças de hábitos de sono, vigília, alimentação, vida sócio familiar, etc. Neste período, uma
parte dos trabalhadores ainda tolera bem os esquemas de trabalho, enquanto outra não o suporta
e deixa o trabalho em turnos. A fase seguinte seria fase de sensibilização. Neste período com
cerca de 5 a 20 anos de duração, o trabalhador assiste a seu desenvolvimento profissional, galga
postos mais elevados, adquire uma situação financeira mais estável. Na terceira fase, chamada
de fase de acumulação, os estressores ambientais e organizacionais, particularmente as
estratégias utilizadas para melhor tolerar o trabalho em turnos começam a não dar muito bons
resultados, em parte decorrente do processo de envelhecimento biológico. Nesta fase, haverá
trabalhadores aposentando-se precocemente por doença. A quarta fase, chamada de fase de
manifestação, seria caracterizada pelo aparecimento de doenças, que agravadas levariam o
trabalhador à aposentadoria. Em cada fase, haverá sempre aqueles que não tolerarão o trabalho
em turnos por várias razões e vão deixá-lo, assim como uma parcela que vai continuar a
trabalhar sem sentir os sintomas e desenvolver doenças. Cada vez será mais difícil podermos
presenciar estas fases e realizarmos estudos longitudinais com trabalhadores que tenham mais
de 20 anos de trabalho na mesma empresa, ou com longo tempo de exposição ao trabalho em
turnos. Como comenta Boggild em seu trabalho com doenças cardiovasculares, é difícil avaliar
corretamente o tempo de exposição ao trabalho em turnos, que tenha exposto o trabalhador a
riscos similares ao longo da vida de trabalho.
No Brasil, particularmente nas empresas estatais, era freqüente que o emprego durasse toda
a vida ativa do trabalhador. Com as privatizações esta situação permanece em apenas algumas
empresas, pois muitos trabalhadores foram demitidos e terceirizados, trabalhando em empresas
de porte muito menor, e que provavelmente não mantem bons registros de saúde. Será cada vez
mais difícil realizar estudos longitudinais com estes trabalhadores, avaliando seu estado de
saúde e tolerância ao trabalho, ao longo de 2 ou mais décadas de vida ativa.
Pode acontecer que seja necessário ao médico recomendar ao setor de Recursos Humanos
que encontre uma vaga durante o dia para um empregado que necessite deixar o trabalho em
turnos. Freqüentemente, o trabalhador enfrenta o dilema da redução de seu salário ao passar a
trabalhar somente durante o dia. Costuma ocorrer que não haja um outro lugar na empresa
durante o dia, compatível com o preparo e/ou os vencimentos do trabalhador cm turnos. É
importante lembrar que nem sempre as funções dos trabalhadores em turnos têm similar no
serviço diurno, especialmente as da área técnica e operacional (que usualmente apresentam
maiores riscos de exposição ocupacional a variados estressores), o que por vezes torna difícil
uma transferência dentro da mesma empresa.
Importantes estudos longitudinais realizados mostram que os problemas de saúde
relacionados com distúrbios gastrointestinais foram mais significativos entre ex-trabalhadores
em turnos, que se transferiram para o trabalho diurno por razões médicas, do que com traba-
lhadores em turnos que continuavam trabalhando em turnos. Também foi observado que, entre
os ex-trabalhadores em turnos, as queixas e dificuldades de adaptação por razões sociais e de
saúde foram maiores que entre os demais trabalhadores diurnos e em turnos (Angersbach et al,
1980; Dirkx, 1987; Koller, Kundi e Cervinka, 1978; Cervinka, Kundi, Koller e Haider, 1986;
Frese e Semmer, 1986). Pode-se deduzir que, em levantamentos realizados com trabalhadores
em turnos, experimentados, que continuaram por longos anos nestes sistemas de trabalho,
poderemos encontrar o chamado efeito do trabalhador sadio (the healthy worker effect) nas
populações que permanecem ativas no trabalho em turnos. Talvez venha daí a descrença de que
31
trabalhadores em turnos que já estão nestes sistemas há muitos anos (geralmente mais de 15),
sentem-se ainda bastante dispostos, e muitas vezes mais adaptados à situação de trabalho em
turnos que aqueles mais jovens. Estratégias mais eficientes, ou melhores situações no emprego,
e na vida em geral, podem fazer uma significativa diferença no resultado final de manter-se
ativo e bem, mesmo trabalhando em turnos.
Nesta última década, cresceu muito o interesse no envelhecimento precoce funcional, seja por
alijar do trabalho ativo as pessoas que ainda são relativamente jovens, seja pelo custo aos
sistemas de previdência social. Particularmente na Finlândia, um grupo de pesquisadores ligado
ao Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional conduziu importantes estudos com funcionários
públicos, por mais de uma década, para avaliar quais são os profissionais que estão mais
expostos ao risco de envelhecer precocemente, as prováveis causas, e formas de prevenção. O
tema envelhecimento e trabalho faz parte dos congressos de ergonomia, e trabalho em turnos,
entre outros. Entre os numerosos artigos publicados sobre este tema, cita-se um estudo
conduzido no Canadá, entre trabalhadores em turnos de 12 horas, que durante 20 anos
trabalharam em um refinaria de petróleo. Os pesquisadores (Bourdouxhe et al, 1999),
observaram que tanto ex-trabalhadores em turnos, como os atuais, queixavam-se de sintomas de
fadiga, problemas de sono, problemas familiares,etc. Os autores fazem uma importante
observação, de uma situação que infelizmente tem se repetido em outros países: concomitante
com o envelhecimento dos trabalhadores, e seu aumento de experiência no trabalho, tem havido,
sistematicamente, uma redução do número de pessoas trabalhando em cada turno e que
frequentemente leva à necessidade de maior número de horas-extras. Esta situação ocorre
justamente entre uma população que necessita de maior tempo para repouso. Assim sendo, tanto
lá no Canadá, quanto aqui no Brasil, as mudanças que se deram na idade da aposentadoria,
poderão ter sérios efeitos para os trabalhadores em turnos, principalmente numa população já
com maiores riscos de desenvolvimento de doenças.
5.8. Mortalidade
trabalhador em turnos, que pode potencialmente afetar sua eficiência no trabalho, sua saúde
física e psicológica, seu bem-estar, sua família e vida social.”
5.9. Absenteísmo
Uma revisão das causas de ausências ao serviço entre trabalhadores em turnos foi realizada
por Fischer (1986) mostrou haver um grande número de fatores envolvidos nesta questão. Os
resultados divergem de um estudo para outro: em alguns trabalhos encontrou-se menor numero
de ausências entre os trabalhadores em turnos, em outros, ocorreu o inverso. Na mesma
publicação citada (Fischer, 1986), são relatados resultados encontrados em estudos conduzidos
entre trabalhadores em turnos de indústrias automobilísticas da Grande São Paulo. Na época,
quando foram coletados os dados (de 1973 a 1975), a rotatividade no setor era imensa, acima de
90% ao ano. A pesquisa evidenciou que o tempo de empresa é uma importante variável na
explicação das ausências: quanto menor o tempo no emprego, maior o número de ausências. As
ausências injustificadas representaram um problema mais sério que as ocorridas devido aos
problemas de saúde, nesta população estudada. Em estudo realizado por Fischer (1990), os
trabalhadores diurnos relataram mais ausências ao trabalho que seus colegas em turnos. Uma
das causas apontadas seria que há uma maior disponibilidade de tempo para quem não trabalha
apenas de dia, para ir ao médico, não havendo necessidade de faltar ao trabalho.
É bem conhecida a solidariedade entre colegas que trabalham em turnos: a ausência de um
pode representar uma dobra no horário de trabalho ou um significativo aumento da carga de
trabalho individual de outro. Por outro lado, esta mesma razão pode esconder o real estado de
saúde dos trabalhadores: pequeno número de ausências não significa necessariamente bom
estado de saúde, pois em tempos de elevado desemprego, as ausências diminuem sensivelmente.
As mulheres são diferentes dos homens de muitas maneiras: as diferenças biológicas e seu papel
na família as fazem ter e sentir dificuldades distintas dos homens. Na crescente luta por direitos
iguais aos dos homens, desde a equivalência salarial a obter melhores postos de trabalho, muitas
décadas se passaram. Em alguns países foi completamente banido qualquer tipo de restrição ao
trabalho noturno, em qualquer tipo de local, serviços, sejam eles insalubres, perigosos, difíceis,
tisicamente pesados. Os países do chamado Leste Europeu (transition countries) e a China, que
faziam parte das economias socialistas foram os primeiros a permitir a eqüidade entre os sexos.
Havia no Brasil antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, um impedimento
legal das mulheres ocuparem cargos onde havia insalubridade, assim como a proibição, com
algumas exceções, de poderem trabalhar à noite. Estas questões foram revistas após a
Constituição Federal de 1988 que garante a proteção do mercado de trabalho da mulher
mediante incentivos específicos nos termos da Lei (art. 7o, parágrafo XX). Locais que
tradicionalmente não tinham mulheres em seus quadros as admitiram nos últimos anos. Um
exemplo: era proibido o trabalho de mulheres frentistas em postos de gasolina devido à
exposição a agentes insalubres. Após a promulgação da Constituição, já é observado que há
contratação de mulheres para estas funções.
33
Mesmo na ausência de fatores insalubres, mulheres não eram admitidas para certas funções. Na
Companhia do Metrô de São Paulo, por ex. o ingresso das mulheres como operadoras de trens
se deu apenas em 1986, trabalhando em turnos rodiziantes, inclusive à noite. Na época, isto foi
um marco que mereceu festa e discursos por parte de diretores da Companhia, políticos e
membros da Secretaria Estadual dos Transportes. Assim que parece que gradualmente a mulher
vai ganhando espaços de trabalho onde antigamente somente homens trabalhavam. Mas, em
vista desta abertura, fica a dúvida: podem as mulheres trabalhar em qualquer local, em qualquer
horário, sem que isto dificulte suas vidas e prejudique sua saúde? A preocupação inicial em
proteger a mulher em idade fértil do trabalho em locais insalubres foi ligada à gestação, à
proteção fetal e à integridade das células reprodutoras. Pesquisas recentes têm sido realizadas
associando os locais de trabalho dos homens, com malformações congênitas e exposições
ocupacionais paternas a chumbo, solventes, solda e radiações ionizantes.
Os especialistas são unânimes em declarar que, sem dúvida, as mulheres são mais atingidas pela
dupla carga de trabalho (doméstica e no trabalho profissional fora de casa) que os homens
(Presser, 1986; Walker, 1985). Isto lhes traz uma séria desvantagem, especialmente àquelas que
necessitam de descanso diurno, após trabalho noturno (Gadbois, l981; Wedderburn, 1990;
Rotenberg, 1997). Trabalho de Rotenberg (1997) entre trabalhadoras de turnos noturnos fixos de
empresa metalúrgica de São Paulo, concluiu que embora a duração do sono não tenha
apresentado diferenças significativas comparando operárias com filhos e sem filhos, as
primeiras tendem a apresentar maior fragmentação do sono, quando comparadas às demais
trabalhadoras. Segundo Rotenberg, “..as pressões sociais associadas à dupla jornada de
trabalho, em especial as atividades relacionadas com os filhos, interferem diretamente na
alocação temporal do sono diurno”...
Outras perturbações à saúde, particularmente na função reprodutiva, como as perturbações
no ciclo menstrual, dismenorréia, tem sido observado em vários estudos
(Pátkai, 1985). O estudo de McDonald e colaboradores (1988) relata um aumento de risco de
aborto no início de gestação, particularmente antes de décima semana (RR 1,29) e após a 16a.
semana (RR=1,26). Quanto ao desenvolvimento fetal, vários autores publicaram trabalhos que
associaram o trabalho noturno e em turnos com o baixo peso ao nascer e prematuridade.
Outros agentes podem ser fatores de risco às gestantes, como indica o trabalho de
Nurminen (1989): elevada indicência de abortos, e hipertensão durante a gestação, entre
trabalhadoras expostas ao ruído acima de 80dBA(Leq). Estudo realizado por Fischer e Bellusci
(2000), entre 509 enfermeiras (os) e auxiliares de enfermagem de um hospital filantrópico de
São Paulo, que trabalhavam 12 horas diárias, seguidas por 36 horas de descanso, em turnos
fixos, revelou um processo de envelhecimento funcional precoce nesta população.
Particularmente entre as mulheres, o risco relativo de desenvolvimento de doenças neurológicas
e problemas emocionais de menor gravidade era duas vezes maior que entre os colegas do sexo
masculino.
Comentário de Rotenberg et al (2000) ilustra a necessidade de busca de caminhos para
solucionar as questões de gênero e trabalho em turnos: “…A análise do impacto do trabalho
noturno sob a perspectiva do gênero, não deve ser vista como argumento para restringir a
participação das mulheres no trabalho noturno, mas antes, deve ser usada para elaborar
medidas e tomar ações no sentido de reduzir as dificuldades para conciliar o trabalho
34
A mensuração da utilidade do tempo livre dos trabalhadores em turnos torna-se ainda mais
relevante em função das observações de que apenas a quantidade de tempo livre não garante que
este possa ser bem aproveitado pelos trabalhadores (Thierry e Jansen, 1981; Jansen, Van Hirtum
e Thierry, 1984).
Em pesquisas efetuadas por Ernst et al (1984), Knauth (1987), Nachreiner et al (1984) e
Wedderburn (1981) sobre o valor do tempo livre, foram constatadas valorizações diferenciadas
no tempo de folga dos períodos da manhã, tarde e noite e entre os dias livres que coincidem com
os dias úteis (segunda a sexta-feira) e o fim de semana. Estes últimos são mais valorizados que
os primeiros. Segundo Wedderburn (1981) “os resultados confirmam a hipótese de que nós
somos uma sociedade vespertina e que o valor de um fim de semana livre é maior para a
maioria das pessoas do que dias de folga durante a semana”. Para Ernst et al (1984), as ativi-
dades de lazer são dependentes de outras atividades, por exemplo, do período de sono; os
esquemas de turnos e os períodos de sono interagem, afetando a utilidade do tempo livre que
resta aos trabalhadores. Segundo Walker (1985), as características individuais e as
circunstâncias que cercam a vida dos trabalhadores são muito diversas para serem feitas
generalizações, mas...” pode-se concluir, no momento, que as desvantagens do trabalho em
turnos na esfera social são maiores que as vantagens”.
Uma grande parcela dos trabalhadores em turnos sofre com o desconforto e mal-estar
causados pelas jornadas de trabalho não-diurnas. Estas provocam, principalmente, a
dessincronizaçâo interna dos ritmos biológicos e os conflitos nas áreas social e doméstica
(Folkard, Minors e Waterhouse, 1985).
Foram desenvolvidos questionários baseados nas diferenças individuais observadas em
hábitos e preferências dos horários de acordar e dormir, da capacidade maior ou menor de
dormir em diferentes períodos do dia e da noite, da disposição em manter-se acordado
superando a sonolência (Horne e Östberg, 1976; Folkard e Monk, 1979; Torsvall e Akerstedt,
1980; Smith, Rally e Midkiff, l989; Brown, 1993). Os trabalhadores com características mais
marcantes de matutinidade parecem enfrentar mais problemas que seus colegas vespertinos na
adaptação ao trabalho noturno (Moog, 1987). Entretanto, a tolerância a estes tipos de
organização de trabalho pode ser influenciada por muitos outros fatores, conforme analisado
por Hildebrandt (1986).
As diferenças individuais na suscetibilidade e tolerância ao trabalho em turnos e noturno são
influenciadas por fatores externos e internos dos indivíduos. Os fatores externos que poderiam
influenciar seriam, entre outros, as condições da habitação, os problemas sociais, condições
ambientais e organizacionais em que se desenvolvem as tarefas, a satisfação com o trabalho, as
características do sistema de turnos, a conciliação entre as varias atividades no tempo de folga;
e os fatores internos, seriam a idade, o gênero, o estado de saúde do trabalhador, algumas
características da personalidade (neuroticismo, introversão/extroversão) e dos ritmos biológicos
(amplitude rítmica, habilidade à dessincronização interna, propriedades do ciclo do sono,
posição da fase circadiana - matutinidade/vespertinidade — reatividade psicofisiológica
magnitude diferencial de resposta aos estímulos externos e zeitgtbers). Alguns destes fatores
interagem entre si. Por exemplo, a idade com a posição de fase circadiana (matutinidade), a
36
diminuição da amplitude rítmica e os distúrbios de sono que tendem a se acentuar com a idade;
as condições de moradia (ruído e calor interferindo no sono diurno ou noturno) com as
influências sazonais, as características dos ritmos biológicos e as perturbações no sono
(Akerstedt e Torsvall, 1981; Monk e Folkard, 1985).
Entretanto, como a tolerância ao trabalho em turnos é sujeita a significativo número de
variáveis, são muitas as diferenças individuais influenciadas tanto pelas características dos
ritmos circadianos, como pelos fatores situacionais e organizacionais relativos à vida e as
condições de trabalho (Costa et al, 1989; Fischer et al, 1989; Foret e Benoit, 1986; Monk e
Folkard, 1985; Gillberg e Akerstedt, 1986). Härma (1993) em revisão sobre o tema enfatiza a
questão das diferenças individuais que podem modificar a resposta à tolerância ao trabalho em
turnos. Entre as já citadas, também discute: a capacidade de superar a sonolência, a melhor
aptidão física, a flexibilidade nos hábitos de sono, a idade. Estes seriam fatores importantes para
um melhor repouso, e maior vigília em horários não diurnos.
As repercussões do apoio familiar e comunitário para superar os desencontros dos horários
de folga do trabalhador com sua família e amigos também são parte do problema, mas também
de suas soluções. A questão da tolerância ao trabalho em turnos deve ser vista de uma maneira
integrada, isto é, dando atenção aos fatores biológico-comportamentais interagindo de forma
contínua com os fatores do trabalho e com os fatores psicossociais. Assim como um estado de
saúde não é algo fixo e imutável, da mesma forma são dinâmicas as diferentes adaptações que
se consegue frente a uma situação de trabalho. Exemplos: trabalhadores submetidos a árduas
condições de trabalho, ambientes insalubres com riscos de acidentes de trabalho, baixa
motivação no trabalho terão possivelmente pior desempenho e satisfação no trabalho. A
exposição a fatores nocivos em ambientes perigosos e desconfortáveis levará a maiores riscos
de desenvolvimento de doenças, ou de ocorrência de acidentes de trabalho. Condições
organizacionais desfavoráveis tornarão mais difíceis o ajuste dos tempos de sono e lazer,
coincidentes com as aspirações individuais e familiares assim como trarão maiores perturbações
de sono. Dada ao número de variáveis que interferem no processo de tolerância, isto nos impede
de dar uma receita sobre quais são os indivíduos que melhor se adaptariam ao trabalho em
turnos ou quais são aqueles que conseguem lançar mão de estratégias mais eficientes para fazer
frente aos múltiplos agravos à saúde e à vida privada, causados pela organização do trabalho.
Por exemplo, em determinadas épocas do ano quando as crianças estão na escola, as mães que
trabalham em turnos podem ser mais bem-sucedidas em conseguir ajustar seus horários de
trabalho e o cuidado com os filhos, do que em períodos de férias escolares (Wedderburn, 1990).
Um outro exemplo poderia ser o de um trabalhador em turnos que, além das usuais perturbações
dos ritmos biológicos causadas principalmente pelas alterações do ciclo de vigília-sono, tem o
agravante do ruído doméstico diurno devido à presença de crianças pequenas em sua casa que
provocam os ruídos típicos que todos nós conhecemos: as brincadeiras infantis, choro, gritos,
brigas entre irmãos etc. Anos mais tarde, quando todas as suas crianças estiverem na escola du-
rante o dia, o ruído doméstico poderá não mais se consitutuir mais um problema. Com o passar
da idade, embora o trabalhador tenha mais experiência, e saiba e/ou possa controlar melhor sua
vida em função do trabalho, a crônica dessincronização dos seus ritmos biológicos poderá lhe
afetar mais seriamente a duração e qualidade do sono, assim como levar ao desenvolvimento de
várias doenças (conforme foi descrito anteriormente no modelo de Haider et al 1981). Este
fenômeno tende a piorar com o passar da idade e o maior número de anos no trabalho em turnos
37
(Kundi, Koller, Cervinka e Haider, 1986). Froberg (1981), ao discutir questões metodológicas
que envolvem o estudo do trabalho em turnos e de horários irregulares de trabalho na Suécia,
chama a atenção para o efeito do trabalhador sadio nos resultados das investigações. Este efeito
traria dificuldades na interpretação dos resultados pelo fato de os trabalhadores representarem
(eventualmente) um grupo selecionado de pessoas, que foram capazes de se adaptar aos
esquemas de trabalho em turnos. Aqueles indivíduos com problemas de saúde ou questões de
cunho sócio-familiar mais graves e difíceis de serem contornados teriam deixado o trabalho e,
nestes casos, as comparações entre trabalhadores em turnos e diurnos podem ser enganosas. É
muito difícil, quase impossível, avaliar-se de forma correta os problemas enfrentados pelos
trabalhadores, assim como estudar os efeitos que são causados pelo trabalho em turnos naquelas
empresas com grande rotatividade de sua força de trabalho. Em empresas que adotam estas
políticas de elevada rotatividade, os sobreviventes das demissões certamente representarão urna
parcela de pessoas que está longe de ser considerada padrão. Estes fatos podem contribuir para
reforçar os efeitos do trabalhador sadio.
variável do sistema, é possível mensurar os fatores críticos que em cada caso influenciam no
bem-estar geral do trabalhador.
Na grande maioria das publicações já citadas em itens anteriores, os dados foram obtidos
através de auto-avaliações realizadas ocasionalmente ou periodicamente para observação dos
efeitos à saúde ao longo de meses ou anos.
Como exemplo, cita-se dois estudos concluídos em empresas petroquímicas (Fischer, 1990;
Fischer e Paraguay, 1991). Na coleta de dados foram utilizadas coleta de informações a partir da
percepção dos trabalhadores. Foram investigados os aspectos relativos a:
— condições de vida;
— duração de seis atividades diárias (tempos de trabalho, transporte, descanso durante o
trabalho, outras atividades não relacionadas com o trabalho, lazer e sono durante várias
semanas, em dias de trabalho e de folga);
— diários de sono indicaram a qualidade do sono, de todos 05 episódios, assim como
intercorrências antes, durante e após o período de repouso. A qualidade dos diversos
episódios de sono foi avaliada através de escalas contínuas de 10cm chamadas Escalas
Visuais Analógicas (Monk, 1989).
— alterações do estado emocional (seis estados apresentados, sendo que três são negativos
e três positivos: sonolento, irritado, tenso, motivado, satisfeito e fisicamente disposto para
o trabalho);
— os efeitos do trabalho na saúde, na vida e as dificuldades enfrentadas diariamente no
trabalho, assim chamado perfil de carga de trabalho diário;
— avaliação da percepção dos trabalhadores após uma semana de trabalho (diurno, e em
turnos matutino, vespertino e noturno). Os 16 quesitos perguntados relacionavam-se com:
fadiga, irritação, dores de cabeça, dificuldades de sono, disposição para o trabalho,
relações sócio-familiares, lazer, problemas digestivos;
— auto-avaliação de ritmos biológicos. Protocolos foram preenchidos a cada quatro horas,
enquanto em vigília, durante cinco semanas consecutivas por oito indivíduos que
trabalhavam em turnos. Foram avaliadas as seguintes variáveis psicofisiológicas: alerta,
nervosismo, humor, disposição, através de escalas analógicas contínuas de 10 cm. A
medida da temperatura oral, através de termômetro com discriminação de 0,050C) foi
também obtida durante as auto-avaliações. Os dados individuais da temperatura oral e das
variáveis psicofisiológicas foram preenchidos a cada quatro horas enquanto em vigília,
durante cinco semanas consecutivas. Foram analisados através do método Cosinor
(Halberg et al, 1972), utilizando-se o programa Cosana (Benedito-Silva, 1988).
Estas análises dos ciclos de vigília-sono de alguns trabalhadores em turnos, conjuntamente
com resultados de medidas periódicas da temperatura oral, da percepção das variações de
alerta e humor, e estado de calma, além de entrevistas que investigaram as principais
dificuldades que enfrentavam no seu dia-a-dia, permitiram quantificar e distinguir alguns
pontos críticos que interferem no seu bem estar, e certamente influenciam a chamada
adaptação ao trabalho”;
— atividades realizadas durante o tempo livre: protocolo respondido diariamente, em dias
de trabalho e de folga, durante três semanas; os trabalhadores preenchiam num espaço
destinado à atividade o que haviam feito nas horas de folga, e quanto valorizavam a
atividade em questão. A valorização era indicada marcando-se com um traço horizontal
em escalas contínuas de auto-avaliação de 10cm (modelo baseado em Baer et al, 1985).
41
As atividades anotadas pelos trabalhadores foram classificadas e foi feita uma análise
percentual baseada nos turnos e horários diurnos de trabalho e de folga.
—entrevistas individuais com os trabalhadores, segundo o seguinte roteiro: idade, estado
civil, número e idade dos filhos, tipo de empresa, função, qualidade de sono diurno e
noturno, condições de moradia (especialmente do quarto de dormir), atividades nas
horas de folga, queixas de saúde, atitude da família e pessoal quanto ao trabalho em
turnos, auto-avaliação de adaptação ao trabalho em turnos. As esposas dos
trabalhadores também foram entrevistadas em suas residências. O roteiro da entrevista
explorou a atividade da família em relação ao trabalho do marido, as atividades rea-
lizadas por ela em suas horas de folga e por ambos, quando o marido sai de folga.
Com relação aos problemas de sono, e a necessidade de ficar atento nas horas mais críticas
da madrugada (entre 2:00h e 5:00h da manhã), já foi sugerido, por inúmeros autores, que sejam
estabelecidos formalmente os cochilos noturnos (Matsumoto et al, 1982; Naitoh et al, 1982;
Gillberg, 1985; Thierry e Jansen, 1981). Estes poderiam ser implantados em comum acordo com
os empregados e a administração, formalizados, e não como ocorre atualmente: geralmente todo
mundo sabe que os trabalhadores em turnos tiram seus cochilos de madrugada (ou, pelo menos,
43
“descansam os olhos”, se assim podem fazê-lo), mas todos evitam falar sobre o assunto, com
um receio de quebrar normas estabelecidas (lembra-nos aquele dito “eu finjo que estou
acordado, e você finge que não nota que estou dormindo”). A sonolência tem sérias
repercussões na segurança do trabalho. Os cochilos podem facilitar a transição do turno diurno
para o noturno, especialmente nos primeiros dias de trabalho noturno, mantendo o alerta em
níveis aceitáveis e diminuindo a fadiga durante o trabalho.
Um dos conselhos usualmente dados pelos neurologistas para os indivíduos que têm
dificuldades em dormir: mantenha hábitos regulares de sono, vá dormir sempre na mesma hora,
arranje um bom local para dormir, confortável do ponto de vista térmico, acústico e que seja
escuro. Mantenha uma rotina de sono.
Para trabalhadores em turnos rodiziantes, o conselho que diz respeito a fixar horários mais
regulares de sono tem sentido, pois mesmo estes trabalhadores podem estabelecer distintas
rotinas que funcionem sempre durante os dias de trabalho diurno e noturno. O aumento da
sonolência e, consequentemente, a menor latência do sono ocorre concomitantemente com a
queda da temperatura corporal (durante o dia entre
11:00h e l5:00h, e à noite após às 22:00- 23:00h, com mínimo valor próximo das 3:00h da
manhã). Portanto, é mais fácil adormecer quando a pessoa se deita após o almoço do que no
período da manhã (Monk, 1987). Como muitos ritmos biológicos ficam alterados quando ocorre
o deslocamento do ciclo vigília-sono, é possível que a queda da temperatura durante o dia não
seja da mesma magnitude que aquela que geralmente ocorre quando o indivíduo tem sempre
vigília diurna e repouso noturno (Monk et al, 1983). Entretanto, a latência do sono neste período
do dia tende a ser mais curta, o que facilita o sono diurno. Há ainda certas dúvidas se os
cochilos diurnos dificultariam a inversão de ritmos biológicos, e uma possível parcial adaptação
do trabalhador para o trabalho noturno (especialmente aquele que trabalha sempre à noite).
Parece que o indivíduo que cochila muito durante o dia, em vez de dormir por períodos mais
prolongados tem mais dificuldades em manter a vigília noturna, e sente-se mais sonolento nos
períodos em que está acordado. Portanto, uma recomendação para evitar cochilos curtos durante
o dia é apropriada (Tepas e Mahan, 1988).
Outra recomendação é a de que não sejam ingeridas bebidas com cafeína (café, chás não
herbáceos, refrigerantes) algumas horas antes da hora de ir dormir, pois poderiam prejudicar o
sono diurno. As bebidas gaseificadas e com cafeína poderiam ser substituídas por sucos
naturais. Não se deve fazer refeições pesadas próximas da hora de ir para cama, e devem ser
evitadas bebidas alcoólicas, pois elas podem facilitar o adormecimento, mas interferem na sua
continuidade. Exercícios leves, freqüentes são recomendados, e melhoram a qualidade do sono.
turnos, não são perguntados, como eles gostariam que fosse organizado. Exceções existem. No
Brasil houve ocasiões onde foram realizadas pesquisas para avaliar quais seriam os melhores
turnos de trabalho. Por exemplo, na reorganização dos turnos de trabalho da Companhia do
Metrô de São Paulo, em 1986, realizou-se uma investigação com os trabalhadores em turnos
(operadores, supervisores e inspetores de trens). Levantados os principais pontos críticos do
esquema de turnos através de estudo das condições de trabalho e de vida, inclusive das
perturbações de alguns ritmos biológicos, foi possível sugerir um esquema que atendesse às
reivindicações dos trabalhadores (Fischer et al, 1987). Um outro bom exemplo ocorreu
recentemente, uma empresa petroquímica que havia adotado turnos de 12 horas diárias, e
retornou a 8 horas diárias, de comum acordo com seus funcionários, após resultados de uma
investigação sobre os turnos de trabalho e a saúde (Fischer et al, 2000).
Temos visto isto ao longo de duas décadas de trabalho e pesquisa na área, que as tradições
das empresas, as necessidades da produção e as idéias dos administradores muitas vezes
prevalecem sobre o senso comum dos trabalhadores em turnos. Um exemplo disso ocorreu
numa petroquímica da região metropolitana de São Paulo. Quando houve a redução da jornada
de trabalho garantida pela Constituição de 1988, os gerentes de produção manifestaram-se
formalmente contrários às propostas dos trabalhadores: estes preferiram turnos de oito horas
diárias, com folgas de cinco dias consecutivos após os turnos noturnos de trabalho, e aqueles
temiam que cinco dias fora da fábrica era um tempo demasiadamente longo e poderia prejudicar
as comunicações entre os trabalhadores operacionais e suas referências. O sistema foi
implantado conforme a vontade da maioria dos trabalhadores em turnos, com dois períodos de
folga de cinco dias, num ciclo de 35 dias de trabalho. O que era temido parece não ter pro-
vocado maiores dificuldades para o susten1a de produção.
Na última década houve um tremendo desenvolvimento de programas para uso em
computadores, que permitem a implantação de escalas de turnos segundo as necessidades das
empresas, as épocas do ano, as características das tarefas etc, utilizando critérios adequados para
preservar da melhor forma possível, a qualidade de vida e a saúde dos trabalhadores. Hoje já é
uma realidade a implantação de escalas segundo as necessidades do cliente (empresa) e de seus
funcionários. Escalas de turnos individualizadas estão sendo cada vez mais organizadas, com
claros benefícios para todas as partes envolvidas. O processo de computer aided shift scheduling
já faz parte dos programas de competitividade e de qualidade de vida em muitas empresas
européias (Gärtner, Hörwein e Wahl, 1998).
2. A duração da jornada diária deve estar em função das cargas físicas e mentais das
tarefas.
3. As folgas devem prever dias de recuperação e dias de lazer. Folgas de um ou dois dias
somente proporcionam uma curta e parcial recuperação, prejudicando o lazer. Prover
folgas intercalares maiores após os dias de trabalho noturno. Deve haver pelo menos 48
horas de folga para os trabalhadores, entre a saída do turno da noite, e a entrada no
turno da manhã.
4. Horários de entrada e saída dos turnos devem ser compatíveis com a existência
de transporte e segurança para os empregados. Os horários de entrada dos
turnos matutinos não devem se iniciar muito cedo pela manhã, pois podem
provocar redução do sono noturno. O turno vespertino não deve terminar muito
tarde à noite, pois, da mesma forma, prejudicará o sono noturno.
7. Os turnos devem ser preferencialmente regulares, permitir certa flexibilidade nas trocas
de horários de trabalho, e a duração do ciclo de turnos não deve ser muito longa.
Dietas especiais, atividade física, manipulação pela luz dos ritmos biológicos
Recomenda-se que as dietas servidas aos trabalhadores sejam pobres em lipídios e ricas em
fibras. Normalmente o serviço de alimentação das empresas, prepara, congela ou resfria as
refeições que são servidas em todos os turnos. O cardápio diurno geralmente é o mesmo que o
noturno o que o torna não-recomendável. A digestão de alguns tipos de alimentos é mais difícil
46
Contraindicar a alguém para trabalhar em turnos pode ser urna tarefa delicada, se a pessoa
depende do emprego para viver e não tem perspectivas de arrumar outra ocupação durante o dia.
Entretanto, há determinados estados patológicos que contra-indicam seriamente a permanência
da pessoa no trabalho em turnos, especialmente se há necessidade de trabalhar à noite. Scott e
Ladou (1990) elaboraram a lista a seguir, baseada em 174 trabalhos publicados por muitos
autores. Uma lista semelhante já havia sido publicada por Rutenfranz (1982).
1) Epilepsia - o paciente utilizou-se de medicação durante o ano anterior até o presente.
2) Doença coronariana, especialmente se o paciente tem historia de infarto de miocárdio ou
angina instável.
3) Asma necessitando medicação regular, especialmente se o paciente é esteróide-
dependente.
4) Diabetes mellitus dependentes de insulina. O trabalhador poderá ser capaz de
tolerar turnos fixos noturnos se houver regularidade de refeições, atividades e
medicação, em dias de trabalho e de folga.
5) Hipertensão requerendo uso de múltiplos medicamentos.
47
Agradecimentos: À Dra. Claudia Roberta de Castro Moreno, pelas sugestões apresentadas; aos
pós-graduandos, Flavio Notarnicola da Silva Borges e Liliane Reis Teixeira, pelo auxílio na
preparação da edição do texto.
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