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seja, sem se deixar levar por seus prprios valores, j que o que
deve ser registrado na traduo o ponto de vista do autor e no o
do tradutor (NIDA; REYBURN, 1981, p. 19).
Deve-se acrescentar que a possibilidade de resgatar, por meio
da leitura e da traduo, o sentido nico do texto est presente em
muito da pesquisa feita em traduo, o que demonstra a fora de
idias como as defendidas por Catford e Nida. Um bom exemplo
o trabalho de Marianne Garre (1999), que, ao longo de discusso
sobre os direitos humanos e a traduo de documentos a eles refe-
rentes, levanta a questo dos conceitos controversos (contested
concepts). Esses seriam conceitos que podem ser compreendidos
de forma distinta por pessoas ou povos de culturas distintas, como
democracia ou liberdade de expresso. Como Nida, a autora
parte do princpio de que haveria um sentido nico para o conceito,
que no pode ser capturado pela traduo por ser diferente na outra
lngua. Ao discutir a diversidade de tradues, em dinamarqus,
para criminal offence, afirma que
pelo tradutor. Parece bvio que alguns fatores devem ser levados
em conta, como a funo do texto de partida e especialmente do
texto de chegada e os universos culturais e lingsticos envolvidos.
Nesse sentido, Azenha resume bem o papel da equivalncia ao
afirmar que falar de equivalncia em traduo, inclusive em tra-
duo tcnica, implica falar tambm em acomodao a um outro
espao lingstico-cultural, um outro universo de valores (1999, p.
126). Note-se que acomodao requer respeito a regras da cultu-
ra de chegada, a normas discursivas e textuais aceitas pelo grupo a
que o texto se dirige. Um processo que ocorre tambm com algum
desconforto, uma vez que esse universo de valores tem de abrir
espao para o novo, o estranho, e adot-lo como algo seu.
Notas
1. Este artigo foi escrito com base em captulo da minha dissertao de mestrado,
intitulada A equivalncia ilusria: reflexes sobre o ensino de traduo jurdica,
defendida em agosto de 2002, no Departamento de Lnguas Estrangeiras e Traduo,
da Universidade de Braslia.
Bibliografia