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DISCIPLINA - DIREITO PENAL


ROTEIRO PARA AS AULAS

1- Noções fundamentais. Finalidade do direito. Valoração jurídica dos bens. Sanção ao


descumprimento de regras sociais.

2 - Conceito - É o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado,


tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os pratica.

ou
É o conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como
conseqüência, e disciplinam também as relações jurídicas daí derivadas, para estabelecer a
aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de liberdade em face do poder
punitivo do Estado.

A ciência do direito classifica-se entre as chamadas ciências culturais, conforme a


classificação que provém da Filosófica dos Valores, segundo a qual cumpre distinguir entre
realidade e valor, entre ser e dever ser, entre natureza e cultura.

A CIÊNCIA DO DIREITO PENAL também chamada de Dogmática Jurídico-Penal, é a


disciplina que estuda o conteúdo daquelas disposições que, na ordem jurídica, constituem o
Direito Penal.
A ciência do direito penal não se distingue das disciplinas jurídicas que estudam os outros
ramos do direito, senão pelas naturezas das normas que lhe constituem o objeto, podendo
afirmar-se que, realmente, existe uma só ciência do direito, bem como um único método de
pesquisa e reconstrução lógica.
A ciência do direito penal é ciência teórica, no sentido de visar a escopo cognoscitivo, mas é
também ciência prática, no sentido de fornecer aos juristas os elementos necessários à
aplicação da lei, atendendo-se aos fins da ordem jurídica.

Política criminal: É a atividade que tem por fim a pesquisa dos meios mais adequados para o
controle da criminalidade, valendo-se dos resultados que proporciona a Criminologia,
inclusive através da análise e crítica do sistema punitivo vigente.
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A política criminal não é ciência, mas apenas técnica, aproximando-se das disciplinas
políticas, que são disciplinas de meios e fins. É no campo da Política Criminal (e não no da
Dogmática Jurídico – Penal) que o jurista discute e critica a oportunidade ou a conveniência
de medidas ou soluções propostas ou existentes no direito vigente, sendo este o terreno em
que se defrontam as diversas correntes de opinião.
Política criminal é hoje a denominação empregada pela ONU para designar o critério
orientador da legislação bem como os projetos e programas tendentes a mais ampla prevenção
do crime e controle da criminalidade. A política criminal é parte da política social, devendo
estar integrada nos planos nacionais de desenvolvimento.
Uma política criminal moderna, em conseqüência, orienta-se no sentido da descriminalização
e da desjudicialização, ou seja, no sentido de contrair ao máximo o sistema punitivo do
Estado, dele retirando todas as condutas anti-sociais que podem ser reprimidas e controladas
sem o emprego de sanções criminais. Trata-se de reduzir ao mínimo a aplicação do
instrumento penal, procurando-se recorrer a outros meios de controle social.

Criminologia: é a ciência que estuda o crime como fato social, o delinqüente e a delinqüência,
bem como, em geral, o surgimento das normas de comportamento social e a conduta que as
viola ou delas se desvia e o processo de reação social. A Criminologia, como se vê, não se
limita ao estudo do crime como realidade fenomênica, cabendo-lhe, de forma mais ampla, o
estudo da conduta desviante que constitui fato anti-social grave (p.ex., prostituição,
homossexualismo, alcoolismo, etc).

3 - Caracteres – a) Direito público, b) Ciência cultural normativa, c) valorativa, d) finalista, e)


sancionador.

4 - Conteúdo - envolve o estudo do crime, da pena e do delinqüente, que são os seus


elementos fundamentais, precedidos de uma parte introdutiva.

5 - Direito penal objetivo e Direito penal subjetivo.


Direito penal comum e Direito penal especial.
Direito penal material e Direito penal formal.

6 - Relações com outros ramos do direito.


Direito Penal e outros ramos do ordenamento jurídico: delimitação.
Direito Constitucional: 1) O Direito Penal funda-se na Constituição; 2) A Constituição
contém disposições de Direito penal que determinam, em parte, o conteúdo das normas
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penais; 3) O sistema de Direito penal deve se harmonizar com as liberdades, as garantias e os
direitos estabelecidos pela lei fundamental; 4) O Direito Constitucional estabelece as
condições sob as quais o Estado assume o papel sancionador. Essas limitações, segundo a
doutrina, são de duas classes: a) formais: referentes aos aspectos exteriores; b) relativas ao seu
conteúdo.
Direito Processual Penal: é através do processo penal que o direito penal se realiza. (Nulla
poena sine judicio).
Direito de Execução Penal: é o conjunto de princípios e de regras que disciplinam a execução
das penas e das medidas de segurança, bem como a situação jurídica dos presos e dos
internados.
Essa nova disciplina mantém uma relação de complementaridade com o Direito Penal na
medida em que este fixa as linhas fundantes da execução e declara a existência de direitos do
preso e do internado (arts. 38 e 99, CPB).
Pode-se afirmar que, em várias formas de relação jurídica entre o presidiário e o Estado, as
normas penais têm uma natureza fundamental, enquanto as normas de execução penal têm um
caráter complementar.
Direito Civil: Determinados conceitos relativos a bens, interesses e situações jurídicas como
posse, propriedade, casamento, família, parentesco são comuns aos dois ramos jurídicos e o
Direito Penal deles se utiliza para a elaboração de suas normas (exs. Art. 155; Art. 166, § 1º,
II; Art. 235; Art. 236 e Art. 244).
Direito Administrativo: Crimes contra a Administração Pública (arts. 312 a 359). Crimes de
responsabilidade (Lei nº 1079/50; dec. Lei nº 201/67; Lei nº 7.106/83); nos crimes de
improbidade (Lei nº 8.429/92); crimes de licitações (Lei nº 8.666/93).
Direito Tributário: Art. 334, CPB. Lei 8.137/90.
Direito do Trabalho: Crimes contra a organização do trabalho (arts. 197/207, CPB).
Direito Internacional Público: A importância da matéria é demonstrada pela existência do
Direito Penal Internacional e pelo Direito Internacional Penal.
Direito Penal Internacional: conjunto de disposições penais de interesse de dois ou mais
países em seus respectivos territórios. Ex. extraterritorialidade da lei penal, eficácia da
sentença estrangeira, extradição.
Direito Internacional Penal: complexo de normas penais visando à repressão das infrações que
constituem violações do Direito Internacional.
A luta contra a criminalidade organizada com ramificações transnacionais (narcotráfico,
terrorismo, tráfico de mulheres, lavagem de dinheiro, etc..), é um dos objetivos do direito
internacional penal, que também cria figuras típicas (genocídio, os crimes de guerra, crimes
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contra a paz, etc.), e cria tribunais internacionais, como ocorreu com o Tribunal Militar
Internacional de Nuremberg.

7 – Síntese histórica do pensamento jurídico-penal.

A história da pena é a história da humanidade: é possível reconhecer a existência da pena


como um fato histórico primitivo.

Origens místicas e religiosas: A visão mágica e contraditória do homem e do mundo era


alimentada pelos totens e tabus que estavam presentes nas mais diversas formas da pena
retributiva. Os totens podem assumir as mais diversas formas de animais, vegetais ou
qualquer objeto considerado como ancestral ou símbolo de uma coletividade (clã, tribo),
sendo, assim, protetor dela e objeto de tabus e deveres particulares.
Nas sociedades primitivas, o tabu era a proibição aos profanos de se relacionar com pessoas,
objetos ou lugares determinados, ou dele se aproximarem, em virtude do caráter sagrado
dessas pessoas, objetos e lugares e cuja violação acarretava ao culpado ou a seu grupo o
castigo da divindade.

A perda da paz e a vingança de sangue: Nas sociedades de estrutura familiar que precederam
a fundação do Estado (comunidades que têm o sangue como base) existiram duas espécies de
pena – a) a punição do membro da tribo que na intimidade se fez culpado para com ela ou os
seus membros individualmente considerados – a pena se caracteriza como perda da paz, sob
as suas mais variadas formas, sendo o condenado exposto a forças hostis da natureza e dos
animais; b) a punição do estranho que invadiu o círculo de poder e da vontade do grupo ou de
algum dos seus integrantes. É a vingança de sangue, exercida de tribo contra tribo até a
destruição de uma das partes envolvidas ou até que a luta cessasse pelo esgotamento das
forças de ambas.
Em um e outro caso a pena revela traços acentuadamente religiosos (caráter sacro) e como a
paz está sob a proteção dos deuses, a vingança tem o seu fundamento no preceito divino.

Um direito penal do terror e do martírio: os homens, piores que as feras, a pretexto de punir os
malefícios, cometeram crimes mais repreensíveis, que os que pretenderam reprimir. Deram o
exemplo de crueldade, da violação dos direitos individuais, e dos de propriedade.
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A evolução das penas primitivas: a idéia da pena como instituição de garantia foi obtendo
disciplina através da evolução política da comunidade (clã, grupo, cidade, Estado) e o
reconhecimento da autoridade de um chefe a quem era deferido o poder de punir em nome
dos súditos. Busca-se a proporcionalidade da pena pelo talião e pela composição.
A expulsão da comunidade é substituída pela morte, mutilação, banimento temporário ou a
perda de bens.
A privação e a restrição da liberdade não existiam nas práticas antigas como expressões
autônomas de sanção, embora o encerro e outras modalidades de isolamento fossem impostas
por diversas razões.
A prisão se aplicava no interesse de assegurar a execução das penas corporais, especialmente
a de morte, além de servir para a colheita de prova mediante tortura.

O talião: A pena de talião consistia em impor ao delinqüente um sofrimento igual ao que


produzira com sua ação.

A composição: consistia em um meio de conciliação entre o ofensor e o ofendido ou seus


familiares, pela prestação pecuniária como forma de reparar o dano (dinheiro da paz).

A pena pública: constitui o último estágio no desenvolvimento da história das sanções


criminais.
A História registra que somente através de um demorado processo de evolução o Estado
consegue acabar com as guerras entre as famílias e para tanto contribuiu o sistema da
composição como força apaziguadora. Porém, o Estado que limita o poder individual ou
familiar de castigar e que restringe a vingança para regular as composições em determinado
período de seu desenvolvimento, acaba substituindo-as por um novo sistema repressivo.
Surge então a pena de natureza aflitiva e com caráter de expiação visando à exemplaridade. É
o tempo em que o Poder Público assume a titularidade exclusiva da reação contra o delito e
passa a exercer o chamado ius puniendi, o direito subjetivo de punir, com as mais variadas
formas de sanção.

AS REFORMAS DO ILUMINISMO

1-Tendências humanitárias: o iluminismo abriu, pela primeira vez na história das ciências
políticas e sociais, um grande e vigoroso debate sobre a pena de morte, largamente utilizada
pelas legislações penais. O pensamento racionalista do Direito Natural fomentou grandes
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discussões a respeito da natureza e dos fins das penas que deveriam ser “estrita e
evidentemente necessárias” (art. 8º Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de
1789).
Obra mais importante desse período histórico foi “Dei delitti e delle pene” (Dos delitos e das
penas), escrito por Cesare Bonesana, o Marques de Beccaria, publicado em 1764.
Beccaria desenvolveu as mais variadas frentes de crítica ao sistema criminal daquele tempo,
como, por exemplo:
a) denuncia o uso da lei em favor de minorias autoritárias;
b) sustenta a idéia da proporcionalidade entre os delitos e as penas;
c) prega a necessidade de clareza das leis e rejeita o pretexto adotado por muitos
magistrados de que era preciso “consultar o espírito da lei”, visando aplicá-la de forma
injusta;
d) analisa as origens das penas e do direito de punir, sustentando que a moral política não
pode proporcionar nenhuma vantagem durável se não estiver baseada sobre sentimentos
indeléveis do coração do homem;
e) advoga a moderação das penas opondo-se vigorosamente à pena de morte e as demais
formas de sanções cruéis;
f) condena a tortura como meio para obter confissões e sustenta a necessidade da lei
estabelecer, com precisão, quais seriam os indícios que poderiam justificar a prisão de uma
pessoas acusada de um delito;
g) reprova o costume de se pôr a cabeça a prêmio, i.e., de oferecer recompensa para a
captura do criminoso;
h) reivindica a necessidade de uma classificação de delitos e a descriminalização de
vários deles.

A obra de Jonh Howard.


Visitou, pesquisou e analisou as prisões de diversos países, divulgando o resultado dessas
suas pesquisas em livro que se tornou um dos clássicos do Direito Penitenciário Mundial:
“The State of the Prisons in England na Walles”.
As infectas prisões européias, sem luz, sem ar, com sua população enferma, mal-alimentada e
despojada de seus direitos naturais, mereceram vigorosa denúncia do filantropo inglês. Após
criticar o mundo condenado dos cárceres de seu tempo, o imortal humanista fixou essas bases
para remediá-los: a) higiene e alimentação; b) disciplina diversificada para os presos
provisórios e os condenados; c) educação moral e religiosa; d) trabalho; e) sistema celular
mais humanizado.
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8 - História do Direito Penal Brasileiro.
I – As Ordenações Afonsinas.
Ao tempo da descoberta do Brasil, o regime jurídico dos portugueses era fundado nas
Ordenações Afonsinas (de D. Afonso V), promulgadas em 1446, além de textos do Direito
Romano, do Direito Canônico e do direito costumeiro.
O livro V daquelas Ordenações tratava do Direito Penal e do Direito Processual Penal
constituindo um vasto acervo de incongruências e maldades. Muitas praticas punitivas já eram
incompatíveis com determinados progressos daquele tempo.

II – As Ordenações Manuelinas.
O Livro V tratava do Direito Penal e Direito Processual Penal.
III – As leis extravagantes.
Depois das ordenações manuelinas foram divulgadas várias leis, decretos, alvarás, cartas-
régias, resoluções, provisões, assentos da Casa de Suplicação, regimentos, estatutos,
instruções, avisos e portarias que foram compilados por determinação de D. Henrique.
Não alteraram fundamentalmente o sistema penal anterior, que mantinha as suas
características opressoras e violentas. A prisão continuava a ser prevista como um meio para
obrigar ao pagamento de dívidas (natureza coercitiva) e também como expressão coercitiva,
com fixação em tempo certo: dez, vinte, trinta dias ou dois meses.
Evoluindo no quadro da execução, as leis extravagantes continham muitas regras sobre o
cumprimento da pena privativa de liberdade.

IV – As Ordenações Filipinas.
Não se distinguiam das Manuelinas.
Foi sob a inspiração e o comando desse direito penal do terror que se processaram e
condenaram os mártires do inesquecível episódio da Inconfidência Mineira.

O PERÍODO IMPERIAL

O Código Criminal do Império. (1830)


Penas: a) morte; b) galés; c) prisão com trabalho; d) prisão simples; e) banimento; f) degredo;
g) desterro; h) multa; i) suspensão do emprego; j) perda do emprego; k) açoites (abolida em
1886).

PERÍODOS REPUBLICANOS
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A primeira república
O Código Penal de 1890. Espécies de penas privativas de liberdade: a) prisão celular; b)
reclusão; c) prisão com trabalho obrigatório; d) prisão disciplinar; e) banimento; f) interdição;
g) suspensão e perda do emprego público, com ou sem inabilitação para o exercício de outro;
h) multa.

A segunda república
A consolidação das leis penais. (Dec. 22.213/32).

A terceira república
O Código Penal de 1940.
O Código Penal de 1969.

A reforma da parte geral


As leis 7.209 e 7.210/84.
A lei 9.714/98.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL


I – Princípio da dignidade da pessoa humana.
Artigo 1º, III, CF.
Dignidade da pessoa humana é a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser
humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da
comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais, que
assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como
venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de
propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e
da vida em comunhão com os demais seres humanos.

II - Principio da legalidade (ou da reserva legal) e da anterioridade.


Art. 5º, XXXIX, CF. Art. 1º, CPB.
A elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei.
A lei deve definir com precisão e de forma cristalina a conduta proibida.

III – Princípio da culpabilidade.


Art. 5º, LVII, CF.
O Direito Penal somente poderá punir aquele que tenha praticado um fato típico e ilícito.
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Culpabilidade como fundamento e limite da pena.
Não se admite a responsabilidade penal objetiva.

IV – Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos.


Não compete ao Direito Penal tutelar valores puramente morais, éticos ou religiosos.
O Direito penal pode e deve ser conceituado como um conjunto normativo destinado a tutela
de bens jurídicos, isto é, de relações sociais conflitivas valoradas positivamente na sociedade
democrática.

V – Princípio da intervenção mínima e da fragmentaridade.


O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o
poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só é
legítima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras
formas de sanção ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela
desse bem, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Se para o restabelecimento
da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que
devem ser empregadas e não as penais.
Antes de se recorrer ao Direito penal deve-se esgotar todos os meios extrapenais de controle
social, e somente quando tais meios se mostrarem insuficientes à tutela de determinado bem
jurídico justificar-se-á a utilização daquele meio repressivo de controle social.
O princípio da fragmentaridade: é conseqüência dos princípios da intervenção mínima e da
reserva legal.
Caráter fragmentário do Direito Penal significa que o Direito penal não deve sancionar todas
as condutas lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais graves e
perigosas praticadas contra bens mais relevantes. O Direito penal deve proteger apenas
valores imprescindíveis para a sociedade.
O Direito Penal limita-se a castigar as ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos
mais importantes, decorrendo daí o seu caráter fragmentário, uma vez que se ocupa somente
de uma parte dos bens jurídicos protegidos pela ordem jurídica.

VI – Princípio da pessoalidade e da individualização da pena.


Princípio da pessoalidade (personalidade da pena): Art. 5º, XLV, CF.
A sanção penal não pode ser aplicada ou executada contra quem não seja o autor ou partícipe
do fato punível.
O princípio constitucional da pessoalidade da pena é um gênero de garantia do qual a
individualização é uma espécie.
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Princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF; Art. 59, CPB).

VII – Princípio da proporcionalidade.


A pena deve ser proporcional ao crime. Quanto mais grave o crime, mais severa deve ser a
reprimenda. Na relação entre crime e pena deve existir um equilíbrio, abstrato (legislador) e
concreto (judicial), entre a gravidade do injusto penal e a pena aplicada.

VIII – Princípio da humanidade.


É inconstitucional a criação de um tipo ou a cominação de alguma pena que atente
desnecessariamente contra a incolumidade física ou moral de alguém.
A vedação constitucional da tortura e de tratamento desumano ou degradante a qualquer
pessoa (art. 5º, III), a proibição da pena de morte, da prisão perpétua, de trabalhos forçados,
de banimento e das penas cruéis (art. 5º, XLVII), o respeito e proteção à figura do preso (art.
5º, XLVIII, XLIX e L) e ainda normas disciplinadoras da prisão processual (art. 5º, LXI,
LXII, LXIII, LXIV, LXV e LXVI), impõem ao legislador e ao intérprete mecanismos de
controle de tipos legais.

IX – Princípio da adequação social.


Todo comportamento que, a despeito de ser considerado criminoso pela lei, não afrontar o
sentimento social de justiça (aquilo que a sociedade tem por justo) não pode ser considerado
criminoso.
Por esta teoria, o Direito penal somente tipifica condutas que tenham certa relevância social.
Críticas: a) costume não revoga lei; b) não pode o juiz substituir-se ao legislador e dar por
revogada uma lei incriminadora em plena vigência, sob pena de afronta ao princípio
constitucional da separação dos poderes, devendo a atividade fiscalizadora do juiz ser
suplementar e, em casos extremos, de clara atuação abusiva do legislador na criação do tipo.

X – Princípio da insignificância (ou bagatela).


O Direito Penal não deve preocupar-se com bagatelas, do mesmo modo que não podem ser
admitidos tipos incriminadores que descrevam condutas incapazes de lesar o bem jurídico.
A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido, pois é
inconcebível que o legislador tenha imaginado inserir em um tipo penal condutas totalmente
inofensivas ou incapazes de lesar o interesse protegido.

XI – Princípio do ne bis in idem.


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Princípio da proibição da dupla valoração. Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo
fato. Implica também a impossibilidade de valorar duas vezes o mesmo fato pra aumentar ou
diminuir a pena.

XII – Princípio da segurança jurídica.

9 - Fontes do Direito Penal.


Fontes de produção ou material e fontes de conhecimento ou formais.

Da lei ou norma penal: fonte formal imediata.


A técnica legislativa do Direito Penal. Binding e a norma penal.
Classificação das normas penais – I) incriminadoras (arts. 121, 129, 171 CPB), II) não
incriminadoras: a) permissivas (arts. 20 a 27, 28 § 1º, 128, 140 § 1º, 142, 150 § 3º, 156 § 2º,
181 etc), b) finais, complementares ou explicativas (arts. 4º, 5º, 7º, 10 a 12, 33, 327 etc.).
Ainda podem ser gerais ou locais, comuns ou especiais, completas e incompletas.

Caracteres das normas penais – a) exclusividade, b) imperatividade, c) generalidade, d)


abstrata e impessoal.

Da norma penal em branco (cega ou aberta). Conceito. Classificação.


Ex. Lei 8137/90 (crimes contra a ordem econômica), arts 268, 269, 237, 178, 184 do CPB e
art. 33 da lei 11.343/06.

A integração da norma penal. As lacunas da lei penal.


Direito Penal e Direito de exceção.
Integração da norma penal: critério de admissão.

Fonte formais mediatas.


I) O costume - conceito (conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de
maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade - art. 139, 140, 217, 219
e 273 do CPB), elementos (objetivo - constância e uniformidade do comportamento e
subjetivo - convencimento geral da necessidade jurídica da conduta repetida), espécies.
II) Os princípios gerais do direito.

Formas de procedimento interpretativo.


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I) A eqüidade (é a perfeita correspondência jurídica e ética das normas às circunstâncias do
caso concreto a que estas se aplicam - arts. 140 § 1º, 176 § único, 180 § 5º, 240 § 4º, 249 §2º
do CPB).
II) A doutrina.
III) A jurisprudência (a repetição constante de decisões no mesmo sentido em casos
idênticos).
IV) Os tratados e Convenções.

10 - Interpretação da lei penal.


Conceito.
Intérprete: é o mediador entre o texto da lei e a realidade.
Necessidade de interpretar as leis.
Natureza da interpretação (vontade da lei ou do legislador?).
Espécies de interpretação –
I) Quanto ao sujeito: a) autêntica (contextual e posterior - a lei posterior é
considerada lei nova?); b) doutrinária ou judicial.
II) Quanto aos meios: a) gramatical, literal ou sintática; b) lógica ou teleológica
(finalidade - consiste na indagação da vontade ou intenção objetivada na lei).
III) Quanto ao resultado: a) Declarativa (art. 141, II CPB); b) Restritiva (art. 28, I, II
CPB e 26 CPB); c) Extensiva (art. 130 CPB, art. 235 CPB).

Critérios de aplicação da interpretação restritiva (lex plus scripsit minus voluit) e extensiva
(lex minus scripsit, plus voluit). O estudo levará ao resultado extensivo ou restritivo.
Na dúvida após todos os meios interpretativos o "in dubio pro reo".

Interpretação progressiva (adaptativa ou evolutiva) arts. 26 e 155 do CPB.

Interpretação analógica - arts. 121, § 2º, V; 28, II; 61, II; 171, caput; 257; 272, 291, 357 etc.
Definição - É permitida toda vez que uma cláusula genérica se segue a uma fórmula
casuística, devendo entender-se que aquela só compreende os casos análogos aos
mencionados por esta.
Trata - se de hipótese de interpretação extensiva, em que a própria lei determina que se
estenda o seu conteúdo.

Interpretações progressiva e analógica - espécies de interpretação extensiva.


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Diferença entre interpretação analógica e analogia.
Reside na vontade da lei. Na interpretação analógica a vontade da norma pretende abranger os
casos semelhantes aos por ela regulados. Na analogia ocorre o inverso: não é pretensão da lei
aplicar o seu conceito aos casos análogos, tanto que silencia a respeito, mas o intérprete assim
o faz suprindo a lacuna.

11 - Analogia (art. 4º LICC). Ubi eadem legis ratio, ib idem legis dispositio.
Conceito e natureza jurídica.
Consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei, a disposição relativa a um caso
semelhante. (ex. art. 128, II, CPB e atentado violento ao pudor).
É forma de auto integração da lei penal.
Fundamento (ratio legis - onde existe a mesma razão de decidir o mesmo deve ser o direito).
Requisitos e operação mental. Analogia, interpretação extensiva e interpretação analógica.
A questão da terminologia. Analogia = integração analógica, suplemento analógico, aplicação
analógica.
Espécies de analogia: analogia legal, analogia jurídica, analogia in bonam partem (art. 128 II
CPB), analogia in malam partem (arts. 155, 198, 293 e 289, § 1º CPB).

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL.

DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

I - Fundamentos.
II - Aspecto político.
III - Histórico.
IV - Exceção e reações ao princípio legalista.
V - Princípio da legalidade e a anterioridade da lei.
Teoria da tipicidade - tipo e fato típico.
Artigo 1º CPB. Contém dois princípios: da legalidade e da anterioridade. Não se estendem às
normas penais não incriminadoras.
Artigo 5º, XXXV, XXXIX, LIV, LXVII, CF.

ÂMBITO DE EFICÁCIA DA LEI PENAL

Noções introdutórias.
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Eficácia da lei penal em relação: a) ao tempo, b) ao espaço e às c) funções exercidas por
certas e determinadas pessoas.

ÂMBITO DE EFICÁCIA TEMPORAL DA LEI PENAL


Da eficácia da lei penal no tempo

I - Nascimento e revogação da lei penal.


Sanção - dá à lei integração formal e substancial.
Promulgação - confere existência à lei e proclama a sua executoriedade.
Publicação - dela deriva a obrigatoriedade (ou eficácia) da lei, entrando em vigência.(art. 1º
LICC)
Revogação - extingue a lei, total (ab - rogação) ou parcialmente (derrogação). Pode ser
expressa ou tácita.
Leis temporárias e excepcionais - trazem no seu próprio texto o término de sua vigência - auto
revogação. (art. 2º LICC).

II - Conflitos de leis penais no tempo : princípios que regem a matéria.


Princípio "tempus regit actum".
Regra geral, decorrente do princípio nullum crimen, nulla poena sine praevia lege:
irretroatividade da lei penal.
Conflitos que regem os conflitos de direito intertemporal :
Irretroatividade da lei mais severa. (Não extra - atividade da lex gravior).
Retroatividade e ultra - atividade da lei mais benigna. (Extra - atividade da lex mitior).
art. 5º, XXXVI e XL, CF.

III - Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo.


a) - a lei nova suprime normas incriminadoras anteriormente existentes (abolitio criminis).
b) - a lei nova incrimina fatos antes considerados lícitos (novatio legis incriminadora)
c) - a lei nova modifica o regime anterior, agravando a situação do sujeito (novatio legis in
pejus)
d) - a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o sujeito (novatio legis in
mellius)
Art. 2º CPB.

IV - Abolitio criminis, novatio legis ou lei supressiva de incriminação : a lei nova


suprime normas incriminadoras.
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a) - conceito. art. 2º CPB e art. 5º, XL, CF.
b) - fundamento.
c )- Natureza jurídica. (art. 107, CPB).
d) - exemplos. (Persecutio criminis = persecução, perseguição criminal)
e) - efeitos e forma de aplicação - exclui todos os efeitos jurídicos penais do
comportamento, antes considerado infração. Há extinção do jus puniendi in concreto e
do jus punitionis.

V - Novatio legis incriminadora : a lei nova incrimina fatos anteriormente


considerados lícitos.
Vigora o princípio Tempus regit actum.
Fundamento - Nullum crimen sine praevia lege.

VI - Novatio legis in pejus : a lei nova modifica o regime anterior, agravando a


situação do sujeito.

VII - Novatio legis in mellius : a lei nova modifica o regime anterior, beneficiando o
sujeito. (art. 2º, § único do CPB).

VIII - Apuração da maior benignidade da lei (penal e extrapenal).


A comparação deve ser realizada em concreto.
Regra geral : toda norma que amplie o âmbito da licitude penal, quer restringindo o
campo do jus puniendi ou dos jus punitionis, quer estendendo o do jus libertatis, de
qualquer forma, pode ser considerado lex mitior.
Norma penal em branco - Para efeito de retroatividade benéfica, podem ser
consideradas leis penais, as disposições complementares da norma penal em branco,
quando elas alteram as características abstratas da norma penal, que modifiquem a
figura típica, e não seus dados secundários. (art. 237 CPB e art. 183, I a VIII do CC)

IX - Competência para aplicação da lei mais benéfica.


arts. 66, I, e 197 da LEP.

X - Lei intermediária.
art. 2º, § 3º, LICC.

XI - Combinação de leis.
16

XII - Eficácia das leis penais temporárias e excepcionais. Ultra - atividade.


a - Conceito.
b - Ultra - atividade das leis temporárias e excepcionais.
A questão deve ser resolvida sob o prisma da tipicidade e não do direito
intertemporal. A referência temporal é elementar da norma ou condição de maior
punibilidade.
art. 3º CPB.
c - Fundamento.
Razão da ultra - atividade.

XIII - Normas penais em branco e direito intertemporal.


Só tem influência a variação da norma complementar na lei penal em branco (carecedora de
complemento) quando importe em real modificação da figura abstrata do Direito Penal, e não
quando importe a mera modificação de circunstância que, na realidade, deixa subsistente a
norma. art. 269 CPB.

DO TEMPO DO CRIME

Conceito - É importante a fixação do momento em que o crime se considera praticado para a


perfeita identificação da lei a ser aplicada ao caso, que irá regular a situação, como também
para fixar a imputabilidade do sujeito, prescrição, anistia etc.
Relevante é a questão que se levanta quando praticada a conduta sob a vigência de uma lei, o
resultado acontece sob a vigência de outra. Aplica - se a lei ao tempo da atividade ou a que
em vigor por ocasião do resultado.

TEORIAS

Principais : teoria da atividade, teoria do resultado e mista.


Teoria da atividade - tempo do crime é o do momento da prática da conduta. Ex. art.
171. Aplica - se a lei vigente quando o agente induz ou mantém alguém em erro, mediante
artifício ou ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
17
Teoria do resultado (do evento ou do efeito) - tempo do crime é o do momento da
produção do resultado. Ex. art. 121. Tempo do crime é o do resultado morte, e não o da
prática dos atos executórios.
Teoria mista (ou da ubiqüidade) - tempo do crime é tanto o da ação quanto o do
resultado. Ex. art. 121. Tempo do crime é tanto o dos atos de execução como o do resultado
morte.

O código penal adotou a teoria da atividade. (art. 4º CPB).

Questões.

Aplicação da teoria da atividade a várias espécies de infrações.


Crime permanente. Crime continuado. Crimes de estado. Concurso de crimes.
Medidas de segurança e direito intertemporal.

CONFLITO APARENTE DE NORMAS.

Conceito - A ordem jurídica é constituída de maneira ordenada e harmônica. Em


algumas hipóteses surge dúvida no intérprete com respeito a qual norma deve ser aplicada ao
caso, encontrando solução aparente em duas ou mais disposições. Em princípio há duas ou
mais normas incriminadoras descrevendo o mesmo fato. Surge o que se denomina conflito
aparente de normas penais, concurso aparente de normas, concurso aparente de normas
coexistentes, conflito aparente de disposições penais, concurso fictício de leis, concorrência
imprópria, concurso ideal impróprio e concurso impróprio de normas.
Na verdade não há conflito ou concurso de disposições penais, mas exclusividade de
aplicação de uma norma, ficando excluída outra em que também se enquadra. Diz - se
aparente porque só seria real se a ordem jurídica não resolvesse a questão.

Concurso (formal e material) de crimes e concorrência de normas.

Pressupostos da concorrência (aparente) de normas:


I) Unidade de fato;
II) Pluralidade de normas identificando o mesmo fato como delituoso.

Princípios para a solução dos conflitos aparentes de normas.


São três :
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Princípio da especialidade.
Princípio da subsidiariedade.
Princípio da consunção.
(Princípio da alternatividade.)

Princípio da especialidade - diz - se que uma norma penal incriminadora é especial em relação
a outra, geral, quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais
alguns, de natureza objetiva ou subjetiva, denominados especializantes, apresentando, por
isso, uma diminuição ou aumento de severidade. No conflito é aplicada a norma especial. A
prevalência da norma especial sobre a geral se estabelece pela comparação das definições
abstratas contidas nas normas. Ex. infanticídio e homicídio. latrocínio e homicídio. Furto
simples e privilegiado.

Princípio da subsidiariedade - há relação de primariedade e subsidiariedade entre normas


quando descrevem graus de violação do mesmo bem jurídico, de forma que a infração
definida pela subsidiária, de menor gravidade que a da principal, é absorvida por esta. A
figura típica subsidiária está contida na principal (ameaça e constrangimento ilegal - arts. 147
e 146). A norma subsidiária é de menor amplitude que a primária. Descreve um grau menor
de violação do bem jurídico, ficando absorvida pela lei primária, que é a que descreve um
grau mais avançado dessa violação. A adequação típica deve ser tentada primeiramente com
respeito á norma primária. Não sendo possível passa - se á subsidiária.
A subsidiariedade pode ser : expressa ou explícita; tácita ou implícita.
Expressa - quando a norma, em seu próprio texto, subordina a sua aplicação à não aplicação
de outra, de maior gravidade punitiva. Exs. arts. 132 com 129 e 121 do CPB. Arts. 129 § 3º e
121 CPB. Arts. 21, 29 e 46 da LCP.
Implícita - quando uma figura típica funciona como elementar ou circunstância legal
específica de outra, de maior gravidade punitiva, de forma que esta exclui a simultânea
punição da primeira. Nesse caso, as elementares de um tipo penal estão contidas em outro,
como elementares mesmo ou circunstâncias qualificadoras. Diz - se implícita porque a norma
subsidiária não determina, expressamente, a sua aplicação à não ocorrência da infração
principal. Exs. arts. 163 e 155, § 4º CPB; arts. 147 e 146 CPB; art. 146 e arts. 126, § único,
150, caput, § 1º, 158, 163, par. único, I, 213; arts. 135 e 121, § 4º CPB.

Princípio da consunção : crime progressivo, crime complexo e progressão criminosa.


19
Princípio da consunção - ocorre a relação consuntiva ou de absorção, quando um fato definido
por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de
outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida
com a mesma finalidade prática atinente àquele crime. Nesses casos, a norma incriminadora
que descreve o meio necessário, a normal fase de preparação ou execução de outro crime, ou
a conduta anterior ou posterior, é excluída pela norma a este relativa.
Crime consuntivo é o que absorve o de menor gravidade (consunto).
O comportamento descrito pela norma consuntiva constitui a fase mais avançada na
concretização da lesão ao bem jurídico, aplicando - se, então, o princípio de que o maior
absorve o menor. Os fatos não se apresentam em relação de espécie e gênero, mas de minus a
plus, de conteúdo a continente, de parte a todo, de meio a fim, de fração a inteiro.

A consunção pode produzir - se :


a) de auxílio a conduta direta (partícipe - autor).
b) de minus a plus (crimes progressivos).
c) de meio a fim (crimes complexos).
d) de parte a todo (consunção de fatos anteriores e posteriores).

Crime progressivo - existe quando o sujeito, para alcançar um resultado, passa por uma
conduta inicial que produz um evento menos grave que aquele. O autor desenvolve fases
sucessivas, cada uma constituindo um tipo de infração. Exs. arts. 129 e 121; 148 e 149.
Nesses casos, não é aplicada a norma que descreve o comportamento menos grave, pela qual
o sujeito passou até lesar o bem jurídico da figura típica de maior punibilidade.
Crime complexo - quando a lei considera como elemento ou circunstância do tipo legal fatos
que, por si mesmos, constituem crimes (art. 101, CPB).

Progressão criminosa - As condutas absorvíveis na relação consuntiva, podem ser


classificadas em três grupos :
Da progressão criminosa em sentido estrito.
Do fato antecedente não punível.
Do fato sucessivo não punível.

Essas são hipóteses de progressão criminosa, que se distingue do crime progressivo.


Há progressão criminosa quando um tipo, já realizado, ainda se concretiza através da prática
sucessiva de outra figura típica em que se encontra implicada.
20
O crime progressivo pressupõe um só fato; a progressão criminosa uma pluralidade de fatos,
cometidos de forma continuada. Sob o aspecto subjetivo do sujeito, existe no crime
progressivo, desde o início, a vontade de cometer a infração de maior gravidade; na
progressão criminosa a intenção inicial é praticar o delito menor, e só depois é que, no mesmo
iter criminis, resolve ele cometer a infração mais grave.
Unidade de fato : simples e complexa.

Ocorre a progressão criminosa em sentido estrito quando a hipótese que seria um crime
progressivo se desvincula no tempo. Ex. homicídio e lesão corporal. Art. 65 LCP e 140 do
CPB.

Antefactum não punível - quando uma conduta menos grave precede a uma mais grave como
meio necessário ou normal fase de realização. Exige - se ofensa ao mesmo bem jurídico do
mesmo sujeito. A primeira é consumida pela segunda. O antefato torna - se um indiferente
penal. Ex. art. 25 LCP e 155 CPB.

Postfactum impunível - quando um fato posterior menos grave é praticado contra o mesmo
bem jurídico e do mesmo sujeito, para utilização de um fato antecedente e mais grave, e disso
para deste tirar proveito, mas sem causar outra ofensa. Ex. subtração e venda do produto do
crime.

Princípio da alternatividade - Só é aplicável uma vez a norma penal que prevê vários fatos
alternativamente, como modalidades de um mesmo crime, ainda que os ditos fatos forem
praticados pelo mesmo sujeito, sucessivamente. Ocorre nos crimes de ação múltipla ou
conteúdo variado. Ex. arts. 122 CPB e 12 da lei 6368/76.

EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO

I - Direito Penal Internacional. Os Princípios.

Questão da delimitação espacial do âmbito de eficácia da legislação penal.


Direito Penal Internacional. É de direito público interno. Diferença com o Direito
Internacional Penal.
Princípios :
I - Princípio da territorialidade; territorial exclusivo ou absoluto.
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II - Princípio da nacionalidade ou da personalidade. Divide - se em :
princípio da nacionalidade ou personalidade ativa e princípio da nacionalidade ou
personalidade passiva.
III - Princípio da defesa; real ou de proteção.
IV- Princípio da justiça penal universal; universal; da universalidade da
justiça cosmopolita; da jurisdição mundial; da repressão universal e da universalidade do
direito de punir.
V - Princípio da representação.

Princípios adotados pelo Código Penal.


1º - Territorialidade - art. 5º - regra.
2º - Real ou de proteção - art. 7º, I, e § 3º.
3º - Justiça universal - art. 7º, II, a.
4º - Nacionalidade ativa - art. 7º, II, b.
5º - Representação - art. 7º, II, c.

Princípio da territorialidade.
Regra geral - a lei brasileira aplica - se no espaço territorial brasileiro.
Exceção - há permissão, em certos casos, da eficácia de normas de outros países.

Conceito de território.
Território material (natural ou geográfico) - espaço delimitado por fronteiras.
Território jurídico - compreende o espaço dentro do qual o Estado exerce a sua
soberania. É o espaço terrestre, marítimo ou aéreo, sujeito á soberania do Estado, quer seja
compreendido entre os limites que o separam dos Estados vizinhos ou do mar livre, quer
esteja destacado do corpo territorial principal, ou não. (inclusive navios e aeronaves públicos
ou em serviço público).

Critérios para definir os limites de dois territórios :


limites fixados por montanhas - cumeada ou divisor das águas.
limites fixados por rios. Rios nacionais e internacionais (simultâneos (contínuos) - são
os que separam os territórios de dois ou mais países; ou sucessivos (interiores) - são os que
passam pelo território de dois ou mais países).
Rio internacional como limite entre países. Se pertence a um dos Estados a fronteira
passará pela margem oposta. Se pertencer aos dois Estados - duas soluções : a) a divisa pode
22
passar por uma linha determinada pela eqüidistância das margens, linha mediana do leito do
rio; b) a divisa pode passar por uma linha que acompanhe a de maior profundidade da
corrente (talvegue).
Se o rio é comum aos dois países, cada qual exercerá a soberania sobre ele.
Se for sucessivo cada Estado exercerá sua soberania sobre o trecho de seu território.
O limite num lago ou numa lagoa, que separa dois ou mais Estados (Canadá e Estados
Unidos), é determinado pela linha da meia distância entre as margens.
O mar territorial, ou marginal, também faz parte do território.
Mar territorial - águas marítimas que, por banharem as costas de um Estado,
constituem fronteiras naturais. É o mar litoral, que deve fazer parte do território dos Estados.
Assim, em regra, os crimes praticados em águas territoriais de um Estado são considerados
cometidos em seu território. Daí a necessidade de sua delimitação.
Lei 8617/93, art. 1º - o mar territorial brasileiro abrange uma faixa de 12 milhas
marítimas de largura, medidas a partir do baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro,
adotada como referência nas cartas náuticas brasileiras.

Navios e aeronaves públicos e privados. art. 5º, § 1º, CPB.


Navios estrangeiros em águas territoriais brasileiras. (art. 5º, § 2º CPB)

Quanto ao domínio aéreo - há três teorias :


a-) da absoluta liberdade do ar;
b-) da absoluta soberania do país subjacente - adotada pela legislação brasileira - art.
2º, lei 8617/93.
c-) da soberania até a altura dos prédios mais elevados do país subjacente.

LUGAR DO CRIME. TEORIAS.


(locus comimissi delicti).

Art. 70 CPP.

Três teorias principais :


a-) Teoria da atividade ou da ação;
b-) Teoria do resultado, do efeito ou do evento ;
c-) Teoria da ubiqüidade, mista ou da unidade.

O nosso código adotou a teoria da ubiqüidade. art. 6º CPB.


23
Crimes a distância. Crimes de espaço mínimo e de espaço máximo.
Sendo o crime um todo indivisível, basta que uma de suas características se tenha realizado
em território nacional para a solução do problema dos crimes à distância. Mesmo que o fato
seja punido no estrangeiro, tocando nosso território, incide a lei penal nacional. Tal rigor é
atenuado pelo disposto no art. 8º CPB.

Competência nos crimes à distância - art. 70, §§ 1º e 2º CPP.

Crime complexo. Concurso de pessoas. Crime permanente. Crime continuado. Crime


habitual. Crime conexo.

EXTRATERRITORIALIDADE.

O CP, no art. 5º, adotou o princípio da territorialidade temperada, permitindo a aplicação da


lei penal estrangeira a delitos total ou parcialmente praticados em nosso território, quando
assim determinarem tratados ou convenções celebrados entre o Brasil e outros Estados.
O art. 7º prevê hipóteses nas quais a lei brasileira tem aplicação a crimes praticados em
território estrangeiro. Crime cometidos no estrangeiro sofrem a eficácia da lei nacional. É a
extraterritorialidade da lei penal brasileira.

A extraterritorialidade excepcional da lei penal brasileira pode ser : condicionada e


incondicionada.
Incondicionada - quando a sua aplicação não se subordinar a qualquer requisito, em
virtude dos crimes ofenderem bens jurídicos de capital importância, afetando interesses
relevantes do Estado. (art. 7º, I, "a" a "d" do CPB).
Condicionada - submetida a condições, estabelecidas nos §§ 2º e 3º : art. 7º, II, "a";
"b", "c" e § 3º.
As condições devem coexistir, incidir todas ao mesmo tempo.
Contravenções. art. 2º da LCP.

A regra "non bis in idem". Art. 8º CPB.


Diversidade qualitativa e quantitativa da pena.

EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA. Art. 9º CPB.

EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO A PESSOAS QUE EXERCEM


24
DETERMINADAS FUNÇÕES PÚBLICAS

Introdução.
Art. 5º, caput, CF.
Art. 5º CPB - ressalva a inaplicabilidade de nossa lei em virtudes de tratados,
convenções e regras de direito internacional.
São privilégios funcionais, não pessoais, por isso não se constituem em exceções ao
princípio da igualdade. Privilégios por força dos quais determinadas pessoas se subtraem à
eficácia da jurisdição criminal do Estado, e outros que as sujeitam a regras particulares nas
ações penais.

Imunidades diplomáticas.
Originam - se do direito internacional, excluindo os Chefes de Estado e representantes
dos governos estrangeiros da jurisdição criminal dos países onde se encontram acreditados.
A não aplicação da sanção decorre da exclusão da jurisdição penal. Os representantes
diplomáticos ficam sujeitos á eficácia da lei penal do Estado a que pertencem.
Os componentes da família do representante e os funcionários do corpo diplomático
também gozam dessa imunidade.
Os lugares em que se exercem os serviços da embaixada são invioláveis, não no
sentido do princípio da extraterritorialidade, mas em função da imunidade dos representantes.

Chefes de governo.
Os soberanos das monarquias constitucionais são invioláveis, dependendo de preceito
constitucional.
Presidente da república - sujeita - se a regime criminal especial. art. 86 CF.

Imunidades parlamentares.
Material - constitui causa funcional de isenção de pena.
Formal - constitui prerrogativa processual.

DISPOSIÇÕES FINAIS DO TÍTULO I DA PARTE GERAL

Contagem de prazo.
Prazo - espaço de tempo, fixo e determinado, entre dois termos: o inicial e o final.
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Termo é o instante (momento) determinado no tempo : fixa o momento da prática de
um ato, designando, também, a ocasião de início do prazo.
O prazo se desenvolve entre dois termos : o termo inicial (termo a quo, dies a quo) e o
termo final (termo ad quem, dies ad quem).
Art. 10 CPB.
Art. 798, § 1º CPPB.

Frações não computáveis da pena.


Art. 11 CPB.
Legislação especial.
Art. 12 CPB.

TEORIA GERAL DO CRIME

CONCEITO DE CRIME

I - Termos.
Infração, que é termo genérico, abrangendo crime, delito e contravenção.
Crime é sinônimo de delito.

II - Conceito de crime.
Forma e material.
Formal - Crime é fato típico e antijurídico.
Formalmente conceitua - se o crime sob o aspecto da técnica jurídica, do
ponto de vista da lei.
Material - Crime é a violação de um bem penalmente protegido.
Materialmente, o conceito de crime visa aos bens protegidos pela lei penal.

III - Crime e contravenção.

ANÁLISE E CARACTERES DO CRIME SOB O ASPECTO FORMAL.

I - Caracteres do crime sob o aspecto formal.


Conduta humana, positiva ou negativa (ação ou omissão).
26
Somente o fato típico (o fato que se amolda ao conjunto de elementos
descritivos do crime contido na lei), é penalmente relevante.
Fato antijurídico (contrário ao direito)

Para a aplicação da pena, não basta a tipicidade e antijuridicidade, exige - se ainda que o
agente seja culpável (culpabilidade é o juízo de reprovação social)

Portanto, são características, requisitos do crime, sob o aspecto formal :


1º) o fato típico.
2º) a antijuridicidade.

II - O fato típico, a antijuridicidade e a culpabilidade.


Fato típico é o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um
resultado (em regra) e é previsto na lei como infração.
Elementos do fato típico :
- Conduta humana dolosa ou culposa.
- Resultado (salvo nos crimes de mera conduta)
- Nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (salvo nos crimes
de mera conduta e formais)
- Enquadramento do fato material (conduta, resultado e nexo) a uma
norma penal incriminadora - tipicidade.

Antijuridicidade - é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. A


conduta descrita em norma penal incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for
expressamente declarada lícita, em virtude da ocorrência de uma causa de exclusão de
antijuridicidade.
Presente a causa de exclusão o fato é típico, mas não antijurídico, portanto não há crime pela
falta de um requisito genérico.

Culpabilidade - é a reprovação da ordem jurídica em face de estar ligado o homem a um fato


típico e antijurídico.
A reprovação recai sobre aquele que poderia e deveria agir conforme a lei e não o fez,
expressando assim uma contradição com a vontade da norma.

A tipicidade e a antijuridicidade dizem respeito ao fato.


27
A culpabilidade ao sujeito que praticou o fato típico e antijurídico. Não é requisito do crime,
funcionando como condição de imposição da pena.

III - Punibilidade.
É a possibilidade jurídica de ser imposta a sanção ao sujeito culpável que
praticou um fato típico e antijurídico.
É uma conseqüência jurídica do crime.
As causas de extinção da punibilidade, salvo a anistia e a abolitio criminis, não
afetam os requisitos do crime, mas somente excluem a possibilidade de aplicação da sanção.

IV - Requisitos, elementares e circunstâncias do crime.


Requisitos genéricos do crime : fato típico e antijuridicidade.
São requisitos porque faltando um deles não há a figura delituosa. São indispensáveis.
Requisitos específicos : são as elementares ou elementos. As várias formas pelas quais
os requisitos genéricos se manifestam nas diversas figuras delituosas.

Ex. Crime de homicídio. Requisitos genéricos - fato típico e a antijuridicidade.


Requisitos específicos : matar alguém.

Circunstâncias - são determinados dados que agregados à figura típica fundamental,


têm a função de aumentar ou diminuir as suas conseqüências jurídicas, em regra, a pena.

Diferença entre circunstância e elementar.

Efeitos da ausência de elementar : atipicidade absoluta e atipicidade relativa.

V - Crime e ilícito civil. Crime e ilícito administrativo.

VI - O crime na teoria geral do direito. Como está situado o crime no sistema geral do
direito ?
Fatos comuns.
Fatos jurídicos - fatos jurídicos naturais e ações humanas.
Ações humanas - de efeitos jurídicos voluntários - são os atos jurídicos.
de efeitos jurídicos involuntários - são os atos ilícitos. (de
natureza administrativa, civil e penal)
Portanto, os atos ilícitos, os crimes, não são atos jurídicos, mas fatos jurídicos.
28

DO SUJEITO ATIVO DO CRIME

I - Conceito.
É quem pratica o fato na norma penal incriminadora.
Homem e pessoa jurídica nos crimes ambientais.

II - Terminologia na lei.
Agente, indiciado, denunciado, acusado, réu, sentenciado, preso, condenado, detento
ou recluso.

Sob o ponto de vista biopsíquico - criminoso ou delinqüente.

III - Direitos e obrigações do sujeito ativo. - obrigação de não impedir a imposição da pena e
direito de não ser punido além dos limites estabelecidos na sanção.

DA CAPACIDADE PENAL.

I - Conceito.
É o conjunto das condições exigidas para que um sujeito possa tornar - se titular de
direitos ou obrigações no campo do Direito Penal.

Capacidade e imputabilidade.

II - Da incapacidade penal.
Ocorre quando não há a qualidade de pessoa humana viva e quando a lei penal não se
aplique a determinada classe de pessoas.
Entes inanimados e animais não possuem capacidade penal.

III - Da capacidade penal das pessoas jurídicas.


Conceituação de pessoa jurídica. Teoria da ficção e da realidade ou organicista.
Arts. 173, § 5º e 225, § 3º CF e Lei de proteção ambiental nº 9605/98, arts. 3º e 21 a
24.

IV - Da capacidade especial do sujeito ativo.


Crime comum. Crime próprio. Crime de mão própria.
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Crime comum - pode ser praticado por qualquer pessoa imputável.


Crime próprio - reclama determinada posição jurídica ou de fato do agente para a sua
configuração. Exige uma especial capacidade penal do sujeito ativo, por isso chamado de
sujeito ativo qualificado, ou pessoa qualificada (intranei).
Concurso de agentes.

Crime de mão própria ou de atuação pessoal - são os que somente podem ser
praticados pelo autor em pessoa.

V - Da capacidade penal especial em face das normas permissivas.


Arts. 128, 142, I, III, 181, I e III.

DO SUJEITO PASSIVO DO CRIME

I - Conceito.
É o titular do interesse cuja ofensa constitui a essência do crime.
Para identifica - lo é preciso indagar qual o interesse protegido pela lei penal
incriminadora.

II - Espécies.
Sujeito passivo genérico, constante, formal, mediato - Estado.
Sujeito passivo particular, eventual, material, imediato - titular do interesse
penalmente tutelado, que pode ser o homem, a pessoa jurídica, a coletividade e o Estado.

Crimes vagos - aqueles nos quais os sujeitos passivos materiais são coletividades destituídas
de personalidade jurídica, como a família, o público ou a sociedade.

III - Estado como sujeito passivo.


- Sujeito passivo genérico, formal, mediato - todo crime.
- Sujeito passivo único - quando há lesão de interesse exclusivo do Estado. Ex. motim
de presos.
- Sujeito passivo junto a outro sujeito passivo que personifica a Autoridade ou a
função do Estado. Ex. crime de resistência.
- Sujeito passivo material junto a outro sujeito passivo material. Ex. crime de moeda
falsa.(art. 289)
30

IV - Incapaz, pessoa jurídica, o morto, o feto, os animais e coisas inanimadas.


Incapaz. Morto (arts. 138, § 2º, 211, 212). Feto (arts. 124 a 126). Animais e coisas inanimadas
(arts. 155, 163 do CPB e 64 da LCP).
Pessoa jurídica - crimes contra a honra. Lei 5250/67, art. 23, I - prevê a pessoa jurídica como
sujeito passivo de crime de calunia, difamação e injúria.

V - Suicídio. Auto lesão. Auto acusação falsa. Danificação de coisa própria.

VI - Sujeito passivo e prejudicado pelo crime.


Prejudicado é qualquer pessoa a quem o crime haja causado um prejuízo, patrimonial
ou não, tendo por conseqüência direito ao ressarcimento, enquanto o sujeito passivo é o titular
do interesse jurídico violado, que também tem esse direito.

DO OBJETO DO DELITO.

I - Conceito.
É aquilo contra que se dirige a conduta humana que o constitui.

II - Espécies.
Objeto jurídico - é o bem ou interesse que a norma penal tutela.
Objeto material - é a pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta do sujeito ativo.

DO TÍTULO DO DELITO

I - Conceito.
É a denominação jurídica do crime, que pressupõe todos os seus elementos.
Encontrado na indicação marginal da figura típica fundamental.

II - Espécies.
Genérico - quando a incriminação se refere a um gênero de fatos, os quais recebem
títulos particulares (título específico). Ex. matar alguém. título genérico - crime contra a vida.
título específico - homicídio.

III - Importância do título do delito.


Art. 30 CPB.
31

CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS.

I - A classificação bipartida.
Infrações - crimes e contravenções.
Diferença entre crime e contravenção.

DA QUALIFICAÇÃO LEGAL E DOUTRINÁRIA DOS CRIMES

I - Qualificação criminal da infração e do fato.


Qualificação do fato - é o nome da infração. Ex. lesão corporal, injúria, moeda falsa.
Qualificação da infração - é o nome que recebe a modalidade a que pertence o fato :
crime ou contravenção.

II - Qualificação doutrinária - é o nome dado ao fato delituoso pela doutrina.

Crimes comuns e próprios. Crimes de mão própria ou de atuação pessoal.


Crimes de dano e de perigo.
Crimes materiais, formais e de mera conduta. Crimes comissivos e omissivos.
Crimes instantâneos, permanentes e instantâneos de efeitos permanentes.
Crime continuado.
Crimes principais e acessórios.
Crimes simples e complexos. Crime progressivo.
Crime falho.
Crimes unissubsistentes e plurissubsistentes.
Crimes de dupla subjetividade passiva.
Crime exaurido.
Crimes de concurso necessário.
Crimes simples, privilegiados e qualificados.
Crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado.
Crimes de forma livre e de forma vinculada.
Crime habitual e profissional.
Crimes hediondos.

DO FATO TÍPICO
32
I - Introdução.
Crime sob o aspecto formal analítico.
Fato típico - definição.

II - Elementos do fato típico.


Conduta (ação ou omissão).
Resultado (crimes materiais).
Nexo de causalidade (crimes materiais).
Tipicidade.

Fato material - conduta +resultado + nexo de causalidade.


Fato atípico.

DA CONDUTA

I - Conceito, características e elementos.


Conduta é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade.
Características :
a) A conduta é comportamento humano.
b) A simples cogitação não interessa ao Direito Penal.
c) A conduta humana deve ser voluntária.
d) Conduta = movimento (ação) ou abstenção de movimento corporal
(omissão).

Elementos da conduta : um ato de vontade dirigido a uma finalidade e atuação positiva


ou negativa dessa vontade por meio de um fazer ou não fazer.
A vontade (dolo) abrange : o objetivo pretendido pelo sujeito; os meios usados na
execução e as conseqüências secundárias da prática.
A conduta é manifestação da vontade e não se confunde com o ato.

II - Ausência de conduta.
Atos reflexos. Atos instintivos. Coação irresistível (moral e física). Caso fortuito.
Força maior. Sonambulismo. Hipnose.

III - Teorias da conduta.


Naturalista. Social e Finalista.
33

Teoria naturalista ou causal da ação.


A ação é considerada um puro fator de causalidade, uma simples produção do
resultado, mediante o emprego de forças físicas.
É conceituada como uma modificação no mundo exterior físico, perceptível do
ponto de vista material, isto é, sensorialmente, desprovida de qualquer finalidade.
Basta a relação natural de causa e efeito entre a conduta e o resultado para a
existência do crime. Dolo e culpa importam apenas para o exame da culpabilidade.

Teoria finalista da ação.


A finalidade é elemento inseparável da conduta.
A ação é uma atividade final humana. É um acontecimento finalista e não
simplesmente causal.
A finalidade (atividade finalista da ação), baseia - se em que o homem,
consciente dos efeitos causais do acontecimento, pode prever as conseqüências de sua
conduta, propondo, dessa forma, objetivos de distinta índole.
O finalismo e o crime culposo.

Teoria social da ação.


O conceito de ação, tratando - se de um comportamento praticado no meio
social, deve ser valorado por padrões sociais. Assim, ação é a realização de um resultado
socialmente relevante, questionado pelos requisitos do Direito e não pelas leis da natureza.
Diante disso, ação nada mais é que a causação de um resultado, não importando qual.

IV - Formas de conduta : ação e omissão.


Ação (comissão). É a que se manifesta por intermédio de um movimento corpóreo
tendente a uma finalidade.

Omissão.
Teorias. Naturalística e normativa.
Naturalística - omissão é uma forma de comportamento que pode ser apreciada
pelos sentidos, sem que seja preciso evocar a norma penal. Essa só teria função de atribuir a
ela relevância em face do direito.
Normativa - a omissão não é um simples não fazer, mas não fazer alguma
coisa. A omissão por si mesma não tem relevância jurídica. O que lhe dá esse atributo é a
norma, que impõe um determinado comportamento. (art. 13, § 2º CP).
34

Formas. A conduta omissiva dá lugar a duas formas de crimes:


Crimes omissivos próprios ou puros
Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão.

DO RESULTADO

I - Conceito.
Resultado é a modificação do mundo exterior provocada pelo comportamento humano
voluntário.

II - Teorias.
Naturalística. Jurídica ou normativa.

III - Há crime sem resultado ?

IV - Em que consiste o resultado. Físico. Fisiológico. Psicológico.

DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

I - Introdução ao tema.
Estabelece quando o resultado é imputável ao sujeito, sem atinência à ilicitude do fato
ou à reprovação social que ele mereça (culpabilidade)

II - Teoria da equivalência dos antecedentes causais (Teoria da "conditio sine qua non"). Art.
13 CPB.
Causa - é o que determina a existência de uma coisa.
Concausa - é a concorrência de mais de uma causa na produção do resultado. É a condição
que concorre para a produção do resultado com preponderância sobre a conduta do sujeito.
Nexo de causalidade objetivo e Nexo de causalidade normativo (dolo ou culpa).

III - Aplicação da teoria da equivalência dos antecedentes.


Nos crimes que exigem resultado.
Estão excluídos os crimes de forma vinculada.

IV - Da causalidade na omissão.
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Não se fala em nexo causal objetivo nos crimes omissivos. A estrutura da conduta
omissiva é essencialmente normativa, não naturalística. A causalidade não é formulada em
face de uma relação entre a omissão e o resultado, mas entre este e a conduta que o sujeito
estava juridicamente obrigado a realizar e se omitiu. Ele responde pelo resultado não porque o
causou com a omissão, mas porque não o impediu realizando a conduta a que estava obrigado.
Art. 13 § 2º CP - regulamenta a relação de causalidade normativa nos delitos
comissivos por omissão (omissivos impróprios) - teoria da omissão normativa.

V - Da superveniência causal.
Espécies de causas.
Causa dependente - é aquela que, originando - se da conduta, insere - se na linha
normal de desdobramento causal da conduta. Não exclui o nexo causal, ao contrário, integra -
o como parte fundamental, de modo que a conduta está indissoluvelmente ligada ao resultado
naturalístico.
Causa independente - é aquela que refoge ao desdobramento causal da conduta,
produzindo, por si só, o resultado. Duas espécies : causa absolutamente independente e causa
relativamente independente.
Causa absolutamente independente - não se origina da conduta e comporta - se
como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e
esperada. Não tem, portanto, nenhuma relação com a conduta. Rompe totalmente o nexo
causal e o agente só responde pelos atos até então praticados.
Espécies: Preexistentes - existem antes de a conduta ser praticada e atuam
independentemente de seu cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado
ocorreria do mesmo jeito.
Concomitantes - não têm qualquer relação com a conduta e produzem o resultado
independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que
a ação é realizada.
Supervenientes - atuam após a conduta.
Causa relativamente independente - origina - se da conduta e comporta - se
como se por si só tivesse produzido o resultado, não sendo uma decorrência normal e
esperada. Tem relação com a conduta apenas porque dela se originou, mas é independente,
uma vez que atua como se por si só tivesse produzido o resultado. Não se situa dentro da linha
de desdobramento causal da conduta.
Espécies: Preexistentes. Concomitantes e Supervenientes. Pela teoria da
equivalência dos antecedentes há manutenção do nexo causal. Na hipótese das causas
supervenientes relativamente independentes, contudo, o legislador adotou outra teoria, como
36
exceção, qual seja, a da condicionalidade adequada, pois o art. 13, § 2º, determina a ruptura
do nexo causal. Nos demais casos de independência relativa (causas anteriores e
concomitantes) fica mantido o nexo causal, aplicando - se a regra geral da equivalência dos
antecedentes.
Conseqüência das causas relativamente independentes : não rompem o nexo
causal. Com exceção das causas supervenientes (quando responderá o agente pela
tentativa), como existe nexo causal, o agente responderá pelo resultado, a menos que não
tenha concorrido para ele com dolo ou culpa.

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETVA

É uma teoria limitadora e complemento do nexo de causalidade objetiva.


Imputação objetiva significa atribuir a alguém a realização de uma conduta criadora de um
risco relevante e juridicamente proibido e a produção de um resultado jurídico.
É uma teoria autônoma, independente da doutrina da causalidade objetiva e material.
Não se encontra no campo dos fatos, mas dos valores que o Direito Penal pretende proteger,
pondo em destaque não o resultado naturalístico, próprio da doutrina causal clássica e do fato
típico, e sim o resultado (ou evento) jurídico, que corresponde à afetação jurídica: lesão ou
perigo de lesão do bem penalmente tutelado, i.e., o objeto jurídico.

Risco permitido e risco proibido.

Risco permitido (pela ordem jurídica): é todo aquele decorrente da utilização de bens, ainda
que de forma normal, cuja regulação e construção é permitida pelo ordenamento jurídico. Exs.
Automóveis, aviões, navios, armas de fogo.
O perigo de um dano é inerente a toda atividade humana.
É possível que o sujeito, realizando uma conduta acobertada pelo risco permitido, venha
objetivamente dar causa a objetivamente dar causa a um resultado naturalístico danoso que
integre a descrição de um crime. Ex. Uma mulher, dirigindo normalmente, envolve-se em
acidente de trânsito com vitima. Nesse caso o comportamento deve ser considerado atípico.
Falta a imputação objetiva da conduta, ainda que o evento jurídico seja relevante.

Quem dirige um automóvel de acordo com as normas legais oferece a si próprio e a terceiros
um risco tolerado, permitido.
Se conduto, desobedecendo às regras, faz manobra irregular, realizando o que a doutrina
denomina “infração do dever objetivo de cuidado”, como uma ultrapassagem perigosa,
37
desrespeito a sinal vermelho de cruzamento, direção em estado de embriaguez, etc.., produz
um risco proibido (desvalor da ação). Esse perigo desaprovado conduz, em linha de princípio,
à tipicidade da conduta, seja a hipótese, em tese, de crime doloso ou culposo. Significa que
não há um risco proibido para os crimes dolosos e outro para os culposos. O perigo é o
mesmo para todos os tipos de infrações penais.
Assim, se o autor, no trânsito, realizando uma conduta produtora de um risco desaprovado,
causa um acidente com morte de terceiro, há imputação objetiva da conduta e do resultado
jurídico.

A imputação objetiva não se relaciona com presunção de dolo e culpa e sim com o nexo
normativo entre a conduta e o resultado jurídico (lesão ou perigo de lesão jurídica).
Trata-se de atribuir juridicamente a alguém a realização de uma conduta criadora de um risco
proibido ou de haver provocado um resultado jurídico.

Âmbito de aplicação.

Duas teorias: a) restritiva; b) extensiva (ou ampliativa).

Imputação objetiva da conduta e do resultado.

A imputação objetiva refere-se à “imputação objetiva da conduta” ou à “imputação objetiva


do resultado” ?
Três orientações:
a) Cuida-se de imputação objetiva da conduta causadora do risco proibido, em que se incluem
os conceitos e critérios do risco tolerado, da criação do risco proibido, o princípio de
confiança e a proibição de regresso.
b) Imputação objetiva significa atribuição de um resultado a quem realizou uma ação.
c) O instituto procura resolver temas referentes à conduta e ao resultado.

A maioria da doutrina emprega a expressão nos dois sentidos, i.e., imputação objetiva da
conduta e do resultado, adotando a terceira corrente.

Assim, diante da adoção da terceira posição, há:


a) imputação objetiva da conduta, concernente a criação de um risco proibido tipicamente
relevante.
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b) imputação objetiva do resultado jurídico (imputação objetiva em sentido estrito), referente
à realização do perigo típico, i.e., transformação do risco em resultado jurídico.

Acatada a tese de que a ausência de imputação objetiva afasta a tipicidade, podemos falar em:
a) atipicidade da conduta (em face da ausência da imputação objetiva); e
b) atipicidade do resultado (diante da inexistência da imputação objetiva).

Natureza jurídica e posição sistemática.

A imputação objetiva constitui elemento normativo do tipo, seja o crime doloso ou culposo.
Os tipos penais incriminadores passam a conter um elemento normativo, qual seja, a
imputação objetiva: sem ela a conduta e o resultado são atípicos.
Em face disso, nos delitos materiais não são suficientes para compor o fato típico, como
entende a doutrina tradicional, a conduta dolosa ou culposa, o resultado, o nexo causal e a
tipicidade. Requer-se, como condição complementar, que o autor tenha realizado uma conduta
criadora de um risco penalmente relevante e juridicamente proibido a um objeto jurídico e,
assim, produzido um resultado (também jurídico) que corresponda à sua realização,
concretização ou materialização. Nos delitos sem resultado (formais e de mera conduta), a
existência do fato típico fica condicionada à imputação objetiva da conduta criadora de risco
juridicamente reprovado e relevante a interesses jurídicos. Daí a importância da conceituação
de risco permitido e proibido. O primeiro conduz à atipicidade, o segundo, quando relevante,
à tipicidade.
A imputação objetiva da conduta e do resultado jurídico deve ser apreciada depois do nexo de
causalidade material. Assim, o fato típico, nos delitos materiais, passa a conter: a) conduta
voluntária ou culposa; b) resultado material; c) nexo de causalidade objetiva; d) imputação
objetiva.
A tipicidade constitui uma qualidade do fato material e não propriamente um elemento do fato
típico.

Requisitos de aplicação da imputação objetiva.

Presente a causalidade material, a imputação objetiva exige verificar se:


a) a conduta criou ao bem (jurídico) um risco juridicamente desaprovado e relevante;
b) o perigo realizou-se no resultado jurídico;
c) o alcance (âmbito) do tipo incriminador abrange o gênero de resultado jurídico produzido;
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Princípios:

a) a imputação objetiva fica excluída em face de ausência de risco juridicamente reprovável e


relevante;
b) não há imputação objetiva do resultado quando o sujeito atua com o fim de diminuir o risco
de maior dano ao bem jurídico: ele causa um dano menor ao objeto jurídico para evitar-lhe
um mal maior. Não cria nem aumenta o perigo juridicamente reprovável à objetividade
protegida. Ao contrário, age para diminuir a intensidade do risco de dano.
c) há imputação objetiva quando a conduta do sujeito aumenta o risco já existente ou
ultrapassa os limites do risco juridicamente tolerado.
d) Não há imputação objetiva quando o resultado se encontra fora do âmbito de proteção da
norma violada pelo sujeito. A imputação objetiva exige um relacionamento direto entre o
dever infringido pelo autor e o resultado produzido.

TEORIA DA TIPICIDADE

I - Noção introdutória.
II - O tipo legal e o fato concreto.
III - O caráter indiciário da antijuridicidade.
IV - Tipicidade e antijuridicidade.

TEORIA DO TIPO

I - Conceito e importância do tipo.


Tipo - é o conjunto dos elementos descritivos do crime contidos na lei penal.

II - Da adequação típica : formas.


Adequação típica de subordinação imediata.
Adequação típica de subordinação mediata (ampliada ou por extensão).

III - Análise e elementos do tipo.


Introdução ao tema.
Parte da doutrina considera :
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Tipo normal - quando a descrição legal só contém elementos objetivos.
(tipicidade normal)
Tipo anormal - quando a definição, além de elementos objetivos, possui
elementos atinentes à antijuridicidade e ao estado anímico do agente. (tipicidade anormal).
Os finalistas não concordam com essa classificação.

Os elementos do tipo podem ser :


Objetivos - referentes ao aspecto material do fato. São também chamados descritivos. (forma
de execução, tempo, lugar, etc.) Arts. 150, § 1º, 155, § 1º, 233.
Subjetivos - concernentes ao estado anímico ou psicológico do agente. arts. 134, 155, 156,
173, 174, 202, 219, 234, 288 etc.
Normativos - referentes em regra à antijuridicidade. São componentes que exigem, para a sua
ocorrência, um juízo de valor dentro do próprio campo da tipicidade. (sem justa causa,
indevidamente, fraudulentamente, função pública, documento, mulher honesta, dignidade,
decoro - noções que só podem ser compreendidas espiritualmente, ao contrário das objetivas
que podem ser compreendidas materialmente). arts. 153, 154, 244, 246, 248, 177, 178, 274,
297, 299.
Podem apresentar - se sob a forma de franca referência ao injusto (indevidamente, sem justa
causa, sem as formalidades legais), sob a forma de termos jurídicos (documento, função
pública, funcionário) ou extrajurídico (mulher honesta, dignidade, decoro, saúde, moléstia).

Tipicidade conglobante
O tipo legal é a manifestação de uma norma que é gerada para tutelar uma relação de um sujeito
com um ente, chamado “bem jurídico”. A norma proibitiva que dá lugar ao tipo (e que permanece
anteposta a ele: “não matarás”, não furtarás”, etc.) não está isolada, mas permanece junto com
outras normas também proibitivas, formando uma ordem normativa, onde não se concebe que uma
norma proíba o que outra ordena ou aquela que outra fomenta. Se isso fosse admitido, não se
poderia falar de “ordem normativa”, e sim de um amontoado caprichoso de normas arbitrariamente
reunidas.
Pois bem: pode ocorrer o fenômeno da fórmula legal aparente abarcar hipóteses que são alcançadas
pela norma proibitiva, considerada isoladamente, mas que, de modo algum, podem incluir-se na sua
proibição, quando considerada conglobadamente, isto é, fazendo parte de um universo ordenado de
normas. Daí que a tipicidade penal não se reduz à tipicidade legal (isto é, à adequação à formulação
legal), e sim que deva evidenciar uma verdadeira proibição com relevância penal, para o que é
necessário que esteja proibida à luz da consideração conglobada da norma. Isto significa que a
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tipicidade penal implica a tipicidade legal corrigida pela tipicidade conglobante, que pode reduzir o
âmbito de proibição aparente, que surge da consideração isolada da tipicidade legal.
A consideração conglobante da norma anteposta ao tipo pode revelar que uma conduta abarcada
pelo tipo legal, na realidade não está proibida.
Devem estar correlacionados o tipo legal (p.ex. o crime de lesão corporal, o crime de furto, etc.), a
norma proibitiva que lhe dá fundamento (não matarás, não furtrás) e o bem jurídico tutelado (vida,
patrimônio). Nessa concepçãp, para existir tipicidade penal é indispensável haver não só a
tipicidade legal (ou seja, a subsunção do fato à fórmula legal), mas também a tipicidade
conglobante (isto é, violação à norma proibitiva que não pode ser vista isoladamente, posto que
inserida em todo um conjunto de normas dos diversos ramos do Direito). Em outras palavras, e
sempre a favor da liberdade em razão da garantia da reserva legal (CP, art. 1º), a análise de todo o
conjunto de normas que venha a tratar de determinado bem jurídico (tipicidade conglobante) pode
reduzir a amplitude do tipo legal, corrigindo-o. De modo que nos jogos oficialmente
regulamentados há atipicidade das lesões culposas desportivas, desde que respeitadas as regras do
jogo (há o art. 129 do CP ao lado de todo o ordenamento desportivo fomentando o esporte);
igualmente, a atipicidade da conduta do médico nas intervenções cirúrgicas com fim terapêutico,
realizadas dentro dos padrões de excelência médica que orientam o exercício da arte médica. Nesses
exemplos as condutas são atípicas, não havendo que se cogitar da incidência da causa de exclusão
da ilicitude do exercício regular de direito (CP art. 23, II) que pressupõe fato típico.
Os principais casos em que, apesar da tipicidade legal, configura-se uma atipicidade conglobante,
ocorrem quando: a) uma norma ordena o que outra parece proibir (cumprimento de dever jurídico),
b)quando uma norma parece proibir o que outra fomenta, c) quando uma norma parece proibir o
que outra norma exclui do âmbito de proibição, por estar fora da ingerência do Estado, e d)quando
uma norma parece proibir condutas cuja realização garantem outras normas, proibindo as condutas
que a perturbam.

O cumprimento do dever jurídico: o “estrito cumprimento de dever legal” é um caso em que “não
há crime”, de acordo com o art. 23, III, primeira parte, do CP; embora um bom número de autores
considere que se trata de uma causa de justificação, assim não é, porque as causas de justificação
são geradas a partir de um preceito permissivo, enquanto no cumprimento de um dever jurídico há
somente uma norma preceptiva (uma ordem). Quem não quer agir justificadamente pode não faze-
lo, porque o direito não lhe ordena que assim o faça, mas simplesmente lhe dá uma permissão. Por
outro lado, quem deixa de cumprir com um dever jurídico é punido, porque o direito lhe ordena que
aja desta forma.
A afirmação de que o cumprimento de um dever jurídico é uma causa de atipicidade penal, por
efeito da correção exercida pela consideração conglobada da norma sobre a tipicidade penal,
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impede a afirmação absurda de concluir que o policial que detém um suspeito, comete uma privação
ilegal de liberdade justificada, ou que o oficial de justiça que seqüestra uma coisa móvel, comete
um furto justificado, ou que o médico que cumpre com o dever de denunciar uma doença infecciosa
comete uma violação de segredo profissional justificada, etc. Essas condutas são diretamente
atípicas.

A afetação do bem jurídico como requisito indispensável da tipicidade


conglobante.
Dano e perigo: A afetação do bem jurídico é um requisito da tipicidade penal, mas não pertence à
tipicidade legal, apenas a limitando. Se a norma tem sua razão de ser na tutela de um bem jurídico,
não pode incluir em seu âmbito de proibição as condutas que não afetam o bem jurídico.
Conseqüentemente, para que uma conduta seja penalmente típica é necessário que tenha afetado o
bem jurídico. Embora se trate de um conceito que nos proporciona um claro instrumento de
interpretação do tipo legal, pode acontecer que o tipo legal tenha se configurado, e, no entanto, o
bem jurídico não tenha sido atingido. Isto só pode ser estabelecido na tipicidade conglobante, ainda
que, é justo reconhecer, se trate de casos excepcionais.
A afetação do bem jurídico pode ocorrer de duas formas: de dano ou lesão e de perigo.

O princípio da insignificância: As afetações de bens jurídicos exigidas pela tipicidade penal


requerem sempre alguma gravidade, posto que nem toda afetação mínima do bem jurídico é capaz
de configurar a afetação requerida pela tipicidade penal. Ex. arrancar um fio de cabelo, por mais
que possa ser considerado uma ofensa à integridade corporal (art. 129, caput, CP), não resulta numa
afetação do bem jurídico típico de lesões; nem a subtração de um palito de fósforo da caixa que
encontramos no escritório vizinho configura um furto, ainda que se trate de uma coisa móvel
totalmente alheia.
A insignificância da afetação exclui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da
consideração conglobada da norma: toda a ordem normativa persegue uma finalidade, tem um
sentido, que é a garantia jurídica para possibilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra
de todos contra todos). A insignificância só pode surgir à luz da finalidade geral que dá sentido à
ordem normativa, e, portanto, à norma em particular, e que nos indica que essas hipóteses estão
excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à simples luz de sua
consideração isolada.

DO TIPO DO CRIME DOLOSO

I - Introdução.
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Dolo - elemento subjetivo do tipo. Integra a conduta.

II - Conceito - é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo.


Natureza - é elemento subjetivo (implícito) do tipo.

III - Teorias do dolo.


Teoria da vontade - é preciso que o agente tenha a representação do fato (consciência do fato)
e a vontade de causar o resultado.
Teoria da representação - dolo é a previsão do resultado. É suficiente que o resultado seja
previsto pelo sujeito.
Teoria do assentimento - requer a previsão ou representação do resultado como certo,
provável ou possível, não exigindo que o sujeito queira produzi - lo.

O CPB adotou a teoria da vontade. art. 18, I.

IV - Dolo natural - pela teoria finalista o dolo (natural) corresponde à simples vontade de
concretizar os elementos objetivos do tipo, não portando a consciência da ilicitude
(normativo) - integrante da culpabilidade, conforme a doutrina clássica.
Art. 21 CPB - subsiste o dolo quando o sujeito atua sem a consciência da ilicitude do fato.

V - Elementos do dolo.
Presentes os requisitos da consciência e da vontade, o dolo possui os seguintes
elementos :
Consciência da conduta e do resultado típico.
Consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado - momento intelectual.
Vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (Nos crimes materiais e formais - nos
crimes de mera conduta é suficiente que o sujeito tenha a representação e a vontade de realizá
- la) - momento volitivo.

O dolo abrange :
o objetivo que o sujeito pretende alcançar.
os meios que emprega para isso.
as conseqüências secundárias que necessariamente estão vinculadas com o emprego dos
meios.

VI - Espécies de dolo. Art. 18, I, CPB.


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dolo direto ou determinado.
dolo indireto ou indeterminado - dolo alternativo e dolo eventual.
Dolo eventual - teoria positiva do consentimento.
Conceito de dolo indireto e eventual do art. 18, I, insuficiente.
dolo de dano e dolo de perigo.
dolo genérico e específico.
dolo normativo e dolo natural.
dolo geral (erro sucessivo).

VII - Dolo e pena.


TEORIA DO CRIME CULPOSO

I - Estrutura do tipo, ilicitude e culpabilidade.


A culpa, na doutrina finalista da ação, constitui elemento do tipo. (art. 121, § 3º, CPB),
pois que normativa e não psicológica.
Inobservância do dever de diligência - cuidado objetivo, como elemento do tipo.
Previsibilidade objetiva - é de se exigir a diligência necessária objetiva quando o
resultado produzido era previsível para um homem comum, nas circunstâncias em que o
sujeito realizou a conduta. O cuidado necessário deve ser objetivamente previsível. É típica a
conduta que deixou de observar o cuidado necessário objetivamente previsível. A
imprevisibilidade objetiva exclui a tipicidade.
A tipicidade constitui indício de antijuridicidade.
Análise da culpabilidade : decorre da previsibilidade subjetiva. Quando o resultado era
previsível para o sujeito, temos a reprovabilidade da conduta, a culpabilidade.
Culpabilidade do crime doloso = crime culposo.

II - Previsibilidade objetiva e subjetiva.


Previsibilidade - é a possibilidade de ser antevisto o resultado, ns condições em que o
sujeito se encontrava.

III - Elementos do fato típico culposo.


Conduta humana voluntária de fazer ou não fazer.
Inobservância do cuidado objetivo manifestada através da imprudência, negligência ou
imperícia.
Previsibilidade objetiva.
Ausência de previsão.
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Resultado involuntário.
Nexo de causalidade.
Tipicidade.

IV - Imprudência - é a prática de um fato perigoso.


Negligência - é a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado.
Imperícia - é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.

V - Espécies de culpa.
Culpa consciente e inconsciente .
Culpa própria e imprópria.

VI - Graus de culpa.
grave, leve e levíssima.

VII - Concorrência e compensação de culpas.

VIII - Excepcionalidade do crime culposo - Art. 18, § único do CPB.

O CRIME PRETERDOLOSO

I - Crimes preterdolosos ou preterintencionais.

II - Nexo subjetivo e normativo.


Art. 19 CPB.

DO CRIME CONSUMADO

I - Conceito.
art. 14, I, CPB.

II - Crime exaurido.
A consumação encerra o processo executivo (iter criminis - caminho do crime)
O exaurimento é acontecimento posterior à consumação. Ex. concussão, corrupção
passiva.
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III - A consumação nas várias espécies de crimes.
Crime material. Crime culposo. Crime de mera conduta. Crime formal. Crime
permanente. Crime omissivo próprio. Crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão.
Crime qualificado pelo resultado.

IV - "Iter criminis".
É o conjunto de fases pelas quais passa o delito. São suas etapas : cogitação, atos
preparatórios, execução, consumação.

V - Atos preparatórios e executórios : distinção baseada em dois critérios :


Critério material - há ato executório quando a conduta do agente ataca o bem jurídico.
Critério formal - existe ato de execução quando o comportamento do agente dá início à
realização do tipo.

Teoria objetiva individual (Damásio) - Necessária a distinção entre começo de


execução do crime e começo de execução da ação típica.

DA TENTATIVA

I - Conceito.
É a execução iniciada de um crime, que não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente.
Art. 14, II, CPB.

II - Natureza jurídica.
Constitui - se em norma de ampliação temporal da figura típica. É um dos casos de
adequação típica de subordinação mediata.
III - Elementos.
Início (típico) de execução do crime. (art. 14, II, CPB) - Teorias : Subjetiva ou
voluntarista; Sintomática; Objetiva

Não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente.


A fase executiva pode ser interrompida : pela vontade do sujeito - desistência
voluntária e arrependimento eficaz (art. 15, CPB); pela interferência de circunstâncias alheias
à vontade do sujeito : tentativa perfeita ou crime falho e tentativa imperfeita.
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IV - Elemento subjetivo.
É o dolo direto ou eventual (o mesmo do crime consumado).
É a vontade do agente que fornece o elemento subjetivo final para a configuração da
tentativa, pois é ela que especifica a figura típica a que se encontram ligados os atos
executórios.

Crime culposo e tentativa.


Culpa imprópria.

V - Infrações que não admitem tentativa.


Crimes : culposos, preterdolosos ou preterintencionais, omissivos próprios,
unissubsistentes, que a lei pune somente quando ocorre o resultado, habituais, permanentes de
forma exclusivamente omissiva, crimes de atentado.

VI - Aplicação da pena.
Teorias : subjetiva e objetiva.

"Salvo disposição em contrário" (art. 14, § único, CPB) = quando à tentativa é


aplicada a mesma pena do crime consumado, sem a diminuição legal. Ex. art. 352 CPB;

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ. (TENTATIVA


QUALIFICADA OU ABANDONADA)

Art. 15 CPB.
Natureza jurídica - causas de exclusão da adequação típica ampliada.
Desistência voluntária : consiste numa abstenção de atividade; só ocorre antes do sujeito
esgotar o processo executivo (tentativa imperfeita ou inacabada); só é possível nos crimes
materiais e formais. Exceção : crime omissivo impróprio.
Arrependimento eficaz : quando o sujeito tendo já ultimado o processo de execução do crime,
desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado.

Tanto uma como outra devem ser voluntárias, não se exigindo a espontaneidade.

Retiram a tipicidade dos atos somente com referência ao crime cuja execução o sujeito
iniciou, respondendo o sujeito pelos atos já praticados se penalmente relevantes - tentativa
qualificada.
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DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR

I - Conceito.
Art. 16 CPB.
II - Requisitos.
III - Natureza jurídica.
Causa obrigatória de diminuição da pena.
IV - Relevância da reparação do dano.
Art. 312, § 3º; art. 65, II, b; art. 78, § 2º, art. 81, II, art. 83, IV, art. 91, I, art. 94, III.

DO CRIME IMPOSSÍVEL.
(QUASE CRIME - TENT. INIDÔNEA-TENT. INADEQUADA)

I - Conceito.
Art. 17 CPB - Não há tentativa por ausência de tipicidade.
Delito impossível por ineficácia absoluta do meio - quando o meio empregado pelo
agente, pela sua própria natureza é absolutamente incapaz de produzir o resultado.
Delito impossível por impropriedade absoluta do objeto - quando inexiste o objeto
material sobre o qual deveria recair a conduta, ou quando pela sua situação ou condição, torna
impossível a produção do resultado visado pelo agente.

A ineficácia do meio e a impropriedade do objeto são desconhecidas do agente.


Ambas precisam ser absolutas. Sendo relativas haverá tentativa. Teoria objetiva
temperada.
Ineficácia relativa do meio - quando, não obstante eficaz à produção do resultado, este
não ocorre por circunstâncias acidentais.

Ineficácia relativa do objeto - quando uma condição acidental do próprio objeto


material neutraliza a eficiência do meio usado pelo agente; quando, presente o objeto material
na fase inicial da conduta, vem a ausentar - se no instante do ataque.

ERRO DE TIPO

I - Conceito.
II - Exemplos.
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III - Erro de tipo e erro de proibição. Relação com o erro de fato e o erro de direito.
IV - Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo.
V - Formas. Essencial e acidental.
VI - Erro de tipo essencial.
Erro invencível (escusável, justificável, inculpável)
Erro vencível (inescusável, injustificável)
VII - Efeitos do erro de tipo essencial.
VIII - Descriminantes putativas.
Conceito - art. 20, § 1º, 1ª parte CPB.
Art. 23, 24 e 25 CPB.
O erro do sujeito pode incidir sobre os pressupostos de fato da causa de justificação
(erro de tipo) ou os limites da excludente da ilicitude, supondo, em face disso, a licitude do
fato (erro de proibição).
Causas de inculpabilidade putativas - causas excludentes da culpabilidade putativas.
Descriminantes putativas derivadas de erro de tipo - plenamente justificáveis
pela circunstâncias - erro vencível ou invencível.
Coação moral irresistível putativa (art. 22, 1ª parte do CPB).
Obediência hierárquica putativa. Ordem manifestamente ilegal. Ordem não
manifestamente ilegal. Ordem ilegal. Ordem ilegal e erro de tipo - estrito cumprimento de
dever legal putativo.

IX - Erro provocado por terceiro. Art. 20, § 2º CPB.


Erro espontâneo. Erro provocado.
Erro provocado - Provocação dolosa e culposa.
Posição do provocador e do provocado.
X - Erro acidental.
Conceito.
Erro sobre o objeto (error in objecto)
Erro sobre a pessoa (error in persona) - art. 20 § 3º CPB.
Erro na execução (aberractio ictus) - art. 73 CPB.
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) - art. 74 CPB.
XI - Diferenças entre erro de tipo e erro de proibição.

ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE OU INJUSTO)

I - Conceito.
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É a contradição do fato, eventualmente adequado ao modelo legal, com
a ordem jurídica, constituindo a lesão de um interesse protegido.

II - Terminologia.
Antijuridicidade, injusto e ilicitude.

III - Antijuridicidade formal (tipo penal) e antijuridicidade material (antijuridicidade).

IV - Caráter objetivo da antijuridicidade.


Antijuridicidade subjetiva. Antijuridicidade objetiva.

V - Causas de exclusão da antijuridicidade.


Arts. 23, 24 e 25 do CPB.
Excludentes da antijuridicidade na Parte Especial, exs. arts. 128, I e 142 CPB.
Requisitos objetivos e subjetivos de justificação.
Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade.
Excesso nas justificativas.
Excesso doloso ou consciente.
Excesso não intencional ou inconsciente - derivado de erro.

ESTADO DE NECESSIDADE

I - Considerações gerais.

II - Conceito e natureza jurídica.


Art. 24 CPB.
Exemplos.

III - Requisitos.
O Estado de necessidade pode ser desdobrado em:
- Situação de perigo (situação de necessidade)
- Conduta lesiva (fato necessário).

Requisitos da situação de perigo.


Um perigo atual. Ameaça a direito próprio ou de terceiro. Situação de perigo não provocada
voluntariamente pelo sujeito. Inexistência do dever legal de arrostar o perigo.
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Requisitos do fato necessário.


Inevitabilidade do comportamento lesivo. Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado.
Conhecimento da situação de fato justificante.

IV - Causa de diminuição de pena. art. 24, § 2º do CPB.

V - Formas do Estado de necessidade.


Considerando:
A titularidade do interesse protegido - próprio e de terceiro.
O aspecto subjetivo do agente - real (art. 24) e putativo (arts. 20, § 1º, 1º parte e
21 caput CPB).
O terceiro que sofre a ofensa necessária - agressivo e defensivo.

VI - Excesso - é a desnecessária intensificação da conduta inicialmente justificada.


Excesso doloso e não intencional (erro).

LEGÍTIMA DEFESA

Conceito: Causa de exclusão da ilicitude que consiste em repelir injusta agressão, atual ou
iminente, a direito próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários. Arts. 23,
II e 25 do CPB.

Natureza jurídica: causa de exclusão da ilicitude.

Requisitos: agressão injusta; atual ou iminente; a direito próprio ou de terceiro; repulsa com
os meios necessários; uso moderado de tais meios; conhecimento da situação justificante.

Agressão: é a conduta humana que ataca um bem jurídico.


Injusta: é a contrária ao ordenamento jurídico.
Agressão de inimputáveis: a injustiça da agressão deve ser aferida de forma objetiva,
independentemente da capacidade do agente.
Provocação do agente: Segundo a intensidade e conforme as circunstâncias pode ou não ser
uma agressão. Imprescindível a moderação. O provocador não pode invocar a legítima defesa,
a não ser quanto ao excesso por parte de quem foi provocado.
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"Commodus discessus”: O sacrifício do bem, embora seja a saída mais cômoda para a defesa,
deve ser realizada somente quando inevitável. Não é permitido no Estado de Necessidade. Na
legítima defesa a solução é diversa por se tratar de agressão injusta. O sujeito pode optar entre
o comodismo da fuga ou permanecer e defender - se de acordo com as exigências legais.

Hipóteses de cabimento de legítima defesa real:


Contra a agressão injusta de inimputável.
Contra agressão acobertada por qualquer outra causa de exclusão da culpabilidade.
Contra legítima defesa putativa.
Legítima defesa putativa contra legítima defesa putativa.
Legítima defesa real contra legítima defesa subjetiva.
Legítima defesa putativa contra legítima defesa real (só é possível na legítima defesa
putativa de terceiro).
Legítima defesa real contra legítima defesa culposa (legítima defesa putativa por erro
de tipo evitável).
Hipóteses de não cabimento da legítima defesa, pois que ausente a injustiça da agressão:
legítima defesa real contra legítima defesa real.
legítima defesa real contra estado de necessidade real.
legítima defesa real contra exercício regular de direito.
legítima defesa real contra estrito cumprimento do dever legal.

Agressão atual ou iminente.


Atual.
Iminente.
Agressão futura. Agressão passada.
Agressão a direito próprio ou de terceiro - legítima defesa própria e de terceiro.
Desde que haja proporcionalidade entre a lesão e a repulsa qualquer bem tutelado pelo
ordenamento jurídico admite a legítima defesa. Deve haver a proporcionalidade entre a ofensa
e a intensidade da repulsa.

Meios necessários: são os menos lesivos colocados à disposição do agente no momento em


que sofre a agressão. ex.: uso de arma de fogo ao invés de pedaço de pau. São os eficazes e
suficientes para repelir a agressão.
Desnecessidade do meio : caracteriza o excesso doloso, culposo ou exculpante (sem dolo ou
culpa).
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Moderação : é o emprego dos meios necessários dentro do limite razoável para conter a
agressão.
Imoderação : afastada a moderação, deve - se indagar se houve excesso.

Conhecimento da situação justificante : não caracteriza a legítima defesa se presentes os


requisitos legais (objetivos) o agente desconhecia a situação.

Excesso : é a intensificação desnecessária de uma ação inicialmente justificada. Presente o


excesso, os requisitos das descriminantes deixam de existir, devendo o agente responder pelas
desnecessárias lesões causadas ao bem jurídico ofendido.
Espécies de excesso :
Doloso ou consciente : ocorre quando o agente, ao se defender de uma injusta agressão,
emprega meio que sabe ser desnecessário ou, mesmo tendo consciência de sua
desproporcionalidade, atua com imoderação. Conseqüência - responderá pelo resultado a
título de dolo.
Culposo ou inconsciente : por culpa estrito senso - erro de tipo evitável, inescusável, o sujeito
se desvia da inicial defesa legítima, seja nas escolhas dos meios, seja no modo imoderado de
utilizá - los. Conseqüência : o agente responderá pelo resultado produzido, a título de culpa.
Exculpante : excesso derivado de erro de tipo inevitável-escusável (legítima defesa subjetiva).

Alguns conceitos :
Legítima defesa sucessiva : é a repulsa contra o excesso.
Legítima defesa putativa : é a errônea suposição da existência da legítima defesa por erro de
tipo ou de proibição. O fato é objetivamente ilícito.
Legítima defesa subjetiva : é o excesso derivado de erro de tipo escusável, que exclui dolo e
culpa.

Aberratio ictus e legítima defesa.

Diferenças entre legítima defesa e estado de necessidade.


Neste, há um conflito entre dois bens jurídicos expostos a perigo; naquela, uma repulsa a
ataque.
Neste, o bem jurídico é exposto a perigo; naquela, o direito sofre uma agressão atual ou
iminente.
Neste, o perigo pode ou não advir da conduta humana; naquela, a agressão só pode ser
praticada por pessoa humana.
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Neste, a conduta pode ser dirigida contra terceiro inocente; naquela, somente contra o
agressor.
Neste, a agressão não precisa ser injusta; a legítima defesa, por outro lado, só existe se houver
injusta agressão.

Coexistência entre estado de necessidade e legítima defesa.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

Conceito e natureza jurídica : Causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de um


fato típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei. art. 23, III, 1ª parte
CPB.

Dever legal : compreende toda e qualquer obrigação direta ou indiretamente derivada de lei.
O cumprimento deve ser estritamente dentro da lei. Os excessos cometidos poderão constituir
crime de abuso de autoridade - lei 4898/65 - ou crimes previstos no código penal.
Alcance da excludente : dirige - se aos funcionários ou agentes públicos, que agem por ordem
da lei, sem excluir o particular que exerce função pública (jurado, perito, mesário da justiça
eleitoral etc.)
Conhecimento da situação justificante.

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Conceito e Natureza jurídica - causa de exclusão da ilicitude que consiste no exercício de uma
prerrogativa conferida pelo ordenamento jurídico, caracterizada como fato típico. O exercício
de um direito nunca é antijurídico. art. 23, III, 2ª parte CPB.
Alcance - qualquer pessoa pode exercitar um direito subjetivo ou uma faculdade previstos em
lei (penal ou extra penal).
Art. 5º II CF. Arts. 142, II e 146, § 3º CPB.
Significado da expressão direito : empregada em sentido amplo, abrangendo todas as formas
de direito subjetivo, penal ou extrapenal.
Conhecimento da situação justificante.

Intervenções médicas e cirúrgicas e violência desportiva.


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Ofendículos : são aparatos facilmente perceptíveis destinados à defesa da propriedade e de
qualquer outro bem jurídico.
Defesa mecânica predisposta : aparatos ocultos com a mesma finalidade que os ofendículos.

Consentimento do ofendido : irrelevante penal; causa de exclusão da tipicidade; causa de


exclusão da ilicitude.

DO CONCURSO DE AGENTES – PESSOAS – artigo 29 do Código Penal

Introdução: em regra, uma só pessoa pratica delitos. Mas nada impede que várias se unam para
essa prática. Nessa hipótese, denomina-se concurso de pessoas, concurso de agentes, co-
delinqüência, co-autoria, participação, co-participação, concurso de delinqüentes, etc. P.ex. no
furto um pode ficar vigiando, outro arromba a porta e outro se apodera do bem.

Concurso Necessário e Eventual - Espécies de crimes quanto ao concurso de pessoas:


crimes monossubjetivos (eventual): podem ser praticados por uma única pessoa. Nessa hipótese,
havendo a atuação de mais de uma pessoa, aplica-se a regra do artigo 29 do CP. P. ex. art. 121, 155,
129 etc...

crimes plurissubjetivos (necessário): devem ser praticados por uma pluralidade de agentes. Ex.
quadrilha, rixa, bigamia, adultério, etc. Os crimes plurissubjetivos podem ser:
a-) de condutas paralelas: as condutas se auxiliam mutuamente, visando a produção de um
resultado. Ex. quadrilha.
b-) de condutas convergentes: as condutas tendem a se encontrar e desse encontro, surge o
resultado. As condutas se manifestam na mesma direção e no mesmo plano, encontrando-se no
resultado. Ex. crime de adultério e bigamia.
c-) de condutas contrapostas: as condutas são praticadas uma contra as outras. Ex. crime de rixa.
Nos crimes plurissubjetivos, desnecessária a aplicação do artigo 29, pois
todos praticam condutas típicas e por isso, não há necessidade da norma de extensão do art. 29

Autoria: autor é o sujeito que executa a conduta descrita no tipo penal, isto é, aquele que mata,
subtrai, ofende, etc... . Autor é quem realiza diretamente a ação típica, no todo ou em parte,
colaborando na execução.
Sobre a autoria, existem duas teorias:
restritiva: (critério formal - objetivo / adotada pelo Código Penal) autor é aquele que realiza a
conduta típica;
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extensiva: (critério material-objetivo)autor é também todo aquele que concorre de qualquer modo
para o crime. É quem dá causa ao evento. É aquele que causa modificação no mundo exterior, e não
somente aquele que realiza uma conduta típica, como na restritiva.
domínio do fato : (critério objetivo-subjetivo)autor é todo aquele que detém o controle final da
produção do resultado, possuindo assim, o domínio completo de todas as ações até a eclosão do
evento pretendido. Formas de autoria por esta teoria : autoria propriamente dita. autoria intelectual.
autoria mediata. co - autoria (direta e parcial ou funcional).

Formas de autoria e de concurso de pessoas em face da teoria do domínio do fato: co-autoria e


participação.

Na teoria do domínio do fato, a autoria abrange:


a) autoria propriamente dita (autoria direta individual e imediata);
b) autoria intelectual;
c) autoria mediata;
d) co-autoria (reunião de autorias).

Pela teoria do domínio do fato (critério objetivo-subjetivo), autor é quem tem o controle final do
fato, domina finalisticamente o decurso do crime e decide sobre a sua prática, interrupção e
circunstâncias. É uma teoria que se assenta em princípios relacionados à conduta e não ao resultado.
Agindo no exercício desse controle, distingue-se do partícipe, que não tem o domínio do fato,
apenas cooperando, induzindo, incitando, etc. Constitui tese restritiva, aplicando critério objetivo
subjetivo.
A teoria do domínio do fato só é aplicável aos crimes dolosos, sejam materiais, formais, ou de mera
conduta. Nos culposos, inexiste distinção entre autoria e participação: é autor todo aquele que,
mediante qualquer conduta, produz um resultado típico, deixando de observar o cuidado objetivo
necessário.

Na autoria propriamente dita (autoria direta individual e imediata), o autor ou executor realiza
materialmente a conduta típica (executor material individual), age sozinho, não havendo indutor,
instigador ou auxiliar. Ele tem o domínio da conduta.

Na autoria intelectual o sujeito planeja a ação delituosa, constituindo 0 crime produto de sua
criatividade. (art. 62, I, CPB).
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Na autoria mediata, uma pessoa, o “sujeito de trás”, serve-se de outrem para praticar o fato,
podendo a ele ser atribuída a “propriedade” do crime. Ele possui o domínio da vontade do executor,
chamado de “instrumento”.
Na co-autoria (reunião de autorias), que constitui forma de autoria, o co-autor realiza o verbo típico
ou concretiza parte da descrição do crime, ainda que, no último caso, não seja típica a conduta
perante verbo, desde que esteja abarcada pela vontade comum de cometimento do fato. É a prática
comunitária do crime. Cada um dos integrantes possui o domínio da realização do fato
conjuntamente com outro ou outros autores, com os quais tem plano comum de distribuição de
atividades.
A co-autoria pode ser:
a) direta; e
b) parcial ou funcional.
Na co-autoria direta todos os sujeitos realizam a conduta típica.
Na co-autoria parcial ou funcional há divisão de tarefas executórias do delito. Trata-se do chamado
“domínio funcional do fato”, assim denominado porque alude à repartição de atividades (funções)
entre os sujeitos.

Formas de Concurso de Pessoas


co-autoria: as várias pessoas praticam os atos executórios descritos no tipo. Todos os agentes
realizam a conduta principal. Não há necessidade que todos tenham o mesmo comportamento, pois
no roubo, p.ex., um ameaça e o outro subtrai. Ambos praticaram os atos executórios descritos no
tipo.
Os cooperadores, conscientemente, conjugam esforços no sentido da
produção do mesmo efeito, de modo que o evento se apresenta como produto das várias atividades.
Não é necessário que todos realizem os atos executivos do crime. Assim, no estupro, um pode
ameaçar e segurar a vítima, enquanto outro mantém com a mesma conjunção carnal.
Será co-autor aquele que executa, juntamente com outras pessoas, a ação ou
omissão que configura o delito.

participação: os partícipes apenas concorrem para que o autor, ou os co-autores, realizem a


conduta principal. O sujeito que, não praticando atos executórios do crime, de qualquer modo
concorre para que o autor o realize.
Na participação a pessoa colabora para a conduta do autor com a prática de
uma ação que, em si mesma, não é penalmente relevante. Esta ação (conduta) passa a ser
penalmente relevante quando o autor, ou co-autores, iniciam ao menos a execução do crime.
58
O partícipe não comete a conduta descrita pelo preceito primário da norma,
mas pratica uma atividade que contribui para a realização do delito.
As formas de participação podem ser:
moral: é o induzimento ou a instigação. Induzir é criar a idéia; instigar é reforçar a vontade do
autor. O partícipe age sobre a vontade do autor, fazendo nascer neste a idéia da prática do crime ou
encorajando a idéia já existente, de modo determinante na resolução do autor.
material: é a cumplicidade. Através do auxílio, com o apoio material (emprestar a arma, segurar a
vítima, revelar o segredo do cofre). O cúmplice contribui para o crime prestando auxílio ao autor ou
partícipe.
A participação pode ocorrer em qualquer das fases do “iter criminis”
(cogitação, preparação, execução e consumação). É preciso que o agente contribua para o resultado.
Se a participação for posterior à consumação pode caracterizar crime autônomo, como p. ex. os
artigos 348 e 349 do Código Penal.

Natureza Jurídica do Concurso de Pessoas – Concurso de agentes


Na co-autoria e participação há um ou vários crimes? Existem três teorias a
respeito.
teoria unitária ou monista (monística) adotada pelo CP: todos os que concorrem para um crime
(co-autores ou partícipes), praticam o mesmo crime. Há unidade de crimes e pluralidade de agentes.
O crime, ainda quando tenha sido praticado em concurso de várias pessoas permanece único e
indivisível. Não se distingue entre as várias categorias de pessoas (autor, partícipe, instigador,
cúmplice, etc...), sendo todos autores ou co-autores do crime.
teoria dualista: os autores respondem por um delito e os partícipes por outro. Há um só crime para
os autores e outro para os partícipes. Há um delito único entre os autores e outro delito único entre
os partícipes.
teoria pluralística: cada um dos participantes pratica um delito, de acordo com sua vontade. Cada
agente, pratica uma ação distinta, praticando um crime próprio, autônomo. Ocorre uma pluralidade
de pessoas e de crimes. A cada um dos participantes corresponde uma conduta própria, um
elemento psicológico próprio, um resultado próprio, concluindo-se que cada um responde por delito
próprio.

Exceções à teoria monista: apesar do Código ter adotado a teoria monista, o próprio § 2º do artigo
29, do CP ressalva a divisão de responsabilidades, de acordo com a intenção do sujeito. Assim, há
casos em que o Código Penal adotou a teoria pluralística, em que a conduta do partícipe constitui
outro crime. Há então um crime do autor e outro do partícipe, sendo ambos descritos pelas normas
como delitos autônomos.
59
Além disso, em alguns casos específicos, o Código abandonou a teoria
monista. Ex. arts.124/126 – caso não houvesse o art. 124, 2ª parte, a gestante seria partícipe do 126.
E, caso não houvesse o 126, o agente seria partícipe do 124.
317/333 e 342/343, CP.

Natureza Jurídica da Participação


A participação constitui conduta acessória de outra principal? Temos duas
teorias.
Teoria Causal: não há diferença entre agentes principais e secundários. Todos, praticando ou não
fatos típicos, serão responsabilizados pelo resultado. Tem apoio na “teoria da equivalência dos
antecedentes”. Não se cuida de uma relação pessoal, como ocorre na teoria acessória, mas de uma
relação real, em que o crime, como conseqüência de uma atividade comum, é um fato único e, por
isso, comum a todos e a cada um dos agentes. Todos respondem indistintamente.
Teoria da Acessoriedade (adotada pelo CP): a participação é uma atividade secundária em
relação a uma atividade principal, praticada pelo autor.
Portanto, participação é uma norma de extensão pessoal e espacial da figura
típica. É que, isoladamente, as condutas participativas são atípicas, tornando-se típicas por força da
adequação.
P.ex. Quatro ladrões pretendem praticar um furto. Três entram na residência
escolhida, e de lá, subtraem para si mesmos diversos objetos de valor. O outro fica do lado de fora
cuidando para que ninguém se aproxime. Consumada a subtração, todos conseguem fugir.
Se inexistisse a norma de extensão, a conduta do último que apenas vigiou
seria atípica, já que ele, de fato, nada subtraiu. A única forma de se enquadrar a conduta deste
indivíduo, é através da norma de extensão espacial e pessoal.
A participação é acessória à um fato principal. Os atos de participação não
integram elemento algum de realização da figura típica, não sendo puníveis por si mesmo.
Dependem da realização da figura principal.
Através do art. 29 há ampliação espacial e pessoal da figura típica,
abrangendo ela não somente os fatos definidos no preceito primário da norma, mas também aqueles
que, em qualquer momento concorrerm para a realização do crime.
Obs: Na participação há condutas típicas e condutas inicialmente atípicas que se tornam típicas por
força da regra do artigo 29.
É evidente que existe diferença entre autor e partícipe. A figura do primeiro
existe em razão do tipo a que se amolda a usa conduta. O segundo só enquadra o comportamento no
tipo penal por força da regra de ampliação prevista no artigo 29.
60
A lei não proíbe apenas o homem de matar ou furtar, mas também que se
pratique fatos tendentes a matar ou a furtar. A norma proíbe todos os atos de cooperação na prática
do ilícito penal.

Acessoriedade Limitada: para que o partícipe responda com o autor, é preciso que este pratique
um fato típico e antijurídico (ilícito), sendo desnecessário que ele seja culpável. É a adotada pelo
Código Penal. Assim, para a punibilidade da participação, basta que o fato seja típico e antijurídico,
não havendo a necessidade de ser considerado culpável.
Contudo, não basta que a conduta do partícipe aceda a um comportamento
principal que constitua apenas “fato típico” - acessoriedade mínima -. Isto porque, caso o autor
principal cometa um fato típico, mas não antijurídico (legítima defesa), o partícipe não poderá ser
responsabilizado.
Também, não se pode exigir que o comportamento principal constitua um
fato típico, antijurídico e culpável - acessoriedade extrema -. Isto porque, caso ou autor principal
não seja culpável, o partícipe também não responderia pelo delito, o que não se pode admitir.
Hiperacessoriedade - fato típico, antijurídico, culpável, respondendo o partícipe também pelas
agravantes e atenuantes do autor ou coa autores.

Autoria Mediata (indireta – mediador): não se confunde com participação. Ocorre a autoria
mediata quando alguém, por erro ou inimputabilidade de outrem, utiliza-o para a prática da conduta
típica.
Assim, o autor mediato seria o idealizador do crime, sendo o único
responsável pela prática criminosa.
A autoria mediata exige a existência de uma pluralidade de pessoas, não
havendo a mesma quando o agente se utiliza de um animal ou de um instrumento para a prática do
delito.
Também, não se admite a autoria mediata nos crimes de mão própria (falso
testemunho) e nos crimes culposos.
Na autoria mediata ocorre o abuso do homem não-livre. E, somente quem
possui o domínio do fato pode abusar de alguém para a sua realização. O domínio do fato pertence
exclusivamente ao autor (mediato) e não ao executor (autor imediato). Aquele detém o domínio da
ação e, conseqüentemente do fato.
P.ex. O médico entrega uma injeção com veneno ao invés de medicamento
para que a enfermeira ministre. O dono do armazém entrega veneno no lugar de açúcar para a
empregada. O traficante se utiliza de um menor inimputável para a consumação do delito.
Pode resultar de:
61
a) ausência de capacidade penal da pessoa, da qual o autor mediato se serve. Ex. induzir um doente
mental a praticar um crime;
b) coação moral irresistível, na qual o executor pratica o fato com a vontade submissa à do coato;
c) obediência hierárquica, quando o autor da ordem sabe que esta é ilegal, mas assim age para que o
subordinado pratique os atos típicos;
d) erro de tipo invencível (escusável), quando o agente induz alguém a matar um inocente, fazendo-
o crer que estava em legítima defesa.

Importante: na autoria mediata não há concurso de pessoas, pois o “autor imediato” não tem
consciência da prática delitiva;
Incabível a autoria mediata nos crimes de mão própria e nos crimes culposos.

Requisitos do Concurso de Pessoas


pluralidade de condutas relevantes: é necessário que cada uma das pessoas pratiquem atos
principais (típicos) ou acessórios (não típicos). Assim, cada pessoa contribui com seu tipo de
conduta;
relevância causal das condutas: é o liame objetivo, onde cada uma das condutas dos participantes
deve contribuir para o delito. Se a conduta não tem relevância para o resultado final, o agente não
praticou crime algum. A conduta deve efetivamente contribuir para o resultado;
liame subjetivo (psicológico) entre os agentes: é imprescindível a conjugação de vontades, a
consciência e querer que a sua conduta contribua para o resultado final. Deve haver entre os
participantes a consciência de que cooperam em uma ação comum. Somente a adesão voluntária,
objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), à atividade criminosa de outrem, visando à
realização do fim comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à
responsabilidade pelas conseqüências da ação. Entretanto:
desnecessário o acordo prévio de vontades, bastando que um adira à vontade do outro. Ex.
empregada que para se vingar do patrão deixa a porta aberta, sem que o ladrão saiba de sua conduta,
para que ocorra um furto. Somente em relação ao partícipe é necessário que haja o elemento
subjetivo da participação. Este elemento pode faltar ao autor principal.
desnecessário que o autor saiba da ajuda do partícipe: no exemplo anterior, o ladrão não sabia que
estava sendo ajudado pela empregada;
necessária a homogeneidade de elemento subjetivo-normativo, ou seja, autor e partícipe devem ter o
mesmo elemento subjetivo (dolo) ou normativo (culpa), pois não se admite a participação dolosa
em crime culposo e vice-versa.
62
P. ex. A, deseja matar C. Entrega arma para B, fazendo-o supor que a
mesma estava descarregada. B, por culpa, dispara a arma. A responde por homicídio doloso e B por
homicídio culposo, não havendo participação.
P.ex. O médico, por culpa, entrega veneno para a enfermeira que percebe o
engano e mesmo assim ministra a substância. O médico responde culposamente e a enfermeira
dolosamente.

Autoria colateral - ocorre quando inexistente o vínculo subjetivo entre os participantes. Os


agentes, desconhecendo cada um a conduta do outro, realizam atos convergentes à produção do
resultado, a que todos visam, mas que ocorre em face do comportamento de um só deles. P.ex. A e
B se colocam de emboscada para matarem C. Ambos atiram contra C, vindo este a falecer em
virtude dos disparos de A, o qual responderá por homicídio consumado e B, pela tentativa. Isto
porque, para B ausente era o vínculo subjetivo. Caso houvesse este vínculo, ambos responderiam
pelo crime consumado, em face da co-autoria. Obs: caso não ficasse apurado quem dera causa à
morte de C, e ausente o vínculo subjetivo, ambos responderiam por tentativa de homicídio.

Homogeneidade de infração para todos (identidade de fato): na verdade é conseqüência do


concurso de pessoas, isto é, todos os agentes respondem pelo mesmo tipo de crime. Havendo a
desclassificação do delito para um, haverá para todos. Contudo, há a exceção do § 2º, do art. 29 do
CP.

Punibilidade no Concurso de Pessoas: a regra é que todos respondem pelo mesmo delito (teoria
monista). Entretanto, apesar de todos terem praticado um único crime, as penas podem ser distintas,
havendo distinção entre autor e partícipe.

Participação de menor importância: a parte final do artigo 29 “caput”, diz “na medida de sua
culpabilidade”. Isso significa que o crime é único, mas a culpabilidade é individual, ou seja, cada
um deve ser castigado de acordo com sua culpa. Por isso, o § 1º do citado artigo traz uma causa
obrigatória (apesar da expressão “pode”) de redução de pena, pois o “poder” do juiz fica restrito ao
“quantum” a ser reduzido.

Cooperação dolosamente distinta – art. 29, § 2º: se o partícipe quis praticar um crime menos
grave daquele que o autor praticou, responde pelo crime menos grave. Esse dispositivo consagra o
princípio constitucional da individualização da pena.
Há na hipótese o denominado desvio subjetivo entre os sujeitos. P.ex. o sujeito A determina B a
espancar C. B age com tal violência que produz a morte de C. Entretanto, se o resultado mais grave
63
era previsível ao partícipe, terá a pena do crime menos grave, aumentada até a metade (artigo 29, §
2º, última parte).
Esta solução é estranha, pois o correto seria que o mesmo fosse processado –desde que o resultado
fosse previsível- por lesão corporal seguida de morte e não por lesão corporal leve com a pena
agravada até a metade.
A falta de previsibilidade quanto ao crime mais grave, excluí a responsabilidade do partícipe no
ilícito que resultara exclusivamente da vontade do praticante da ação típica.
Obs: quando o crime mais grave, embora não querido, é previsto e aceito pelo partícipe, responde
por este ilícito a título de dolo eventual.
Obs: o concurso de pessoas pode ser uma qualificadora do delito em virtude da maior facilidade
para a execução do crime e a conseqüente diminuição do risco do agente, a lei reforça a garantia
penal quando, em determinados delitos, há associação de delinqüentes, como por exemplo no caso
do constrangimento ilegal (146, § 1º), violação de domicílio (150, § 1º), furto (155, § 4º, IV) e
roubo (157, § 2º).

Comunicabilidade e Incomunicabilidade de Condições, Elementares e Circunstâncias – art. 30


Código Penal – Concurso e circunstância do crime.
elementar : componente essencial da figura típica, sem o qual esta desaparece ou se transforma em
outra figura típica. Ex. no crime de furto, são elementares: subtrair, para si ou para outrem, coisa,
móvel. Sem uma delas, o crime de furto desaparece.
circunstância: dado acessório, acidental, que agregado à figura típica, tem a função de aumentar ou
diminuir a pena, mas jamais influir na figura típica. São elementos que, embora não essenciais à
infração penal, a ela se integram e funcionam para moderar a qualidade e quantidade da pena. Ex. o
furto praticado durante o repouso noturno. É um dado eventual que pode existir ou não, sem que o
crime seja excluído.
Para distinguirmos as circunstâncias das elementares, temos dois princípios:
1º) quando diante da figura típica, excluindo-se determinado elemento, o crime desaparece ou surge
outro, estamos em face de uma elementar; 2º) quando, excluindo-se certo dado, não desaparece o
crime considerado, não surgindo outro, estamos em face de uma circunstância. P. ex. se retirarmos a
qualidade de funcionário público do artigo 319 (prevaricação), o delito desaparece não surgindo
outra infração penal. Também, se retirarmos a qualidade de funcionário público do autor crime
previsto no artigo 312 (peculato) estaremos diante da figura da apropriação indébita (artigo 168).
Assim, a figura de funcionário público traduz-se em uma elementar dos crimes. De outra sorte se o
homicídio é cometido por motivo de relevante valor social e moral (art. 121, § 1º) e retirarmos esta
circunstância, o crime continua sendo o mesmo, não havendo a desclassificação para outro.
As circunstâncias podem ser:
64
objetivas (reais ou materiais): que se relacionam com os meios e modos de se praticar o crime:
tempo, modo, lugar, qualidade da vítima, modo de execução, etc. Portanto, dizem respeito ao fato e
não ao agente.
subjetivas (pessoais): dizem respeito ao agente e não ao fato. Ex. menoridade, reincidência,
parentesco, profissão, etc. Não se comunicam entre os agentes. Cada sujeito responde de acordo
com as suas condições.

Regras do artigo 30 do CP.


as elementares (objetivas ou pessoal) comunicam-se ao partícipe, exceto se este as desconhecia.
Qualquer elemento que integre o fato típico fundamental comunica-se aos concorrentes. P.ex. A
funcionário público comete o crime de peculato auxiliado por B, que não é funcionário público. A
elementar (funcionário público) comunica-se à B. É imprescindível que o partícipe conheça a
qualidade pessoal do autor.
as circunstâncias objetivas (ligadas ao fato) comunicam-se ao partícipe, exceto se este as
desconhecia. As circunstâncias objetivas só alcançam o partícipe se, sem haver praticado o fato que
as constitui, houverem integrado o dolo ou a culpa. P.ex. A manda B matar C. Para a prática B
emprega asfixia. A não irá responder pela qualificadora, salvo se possuía conhecimento da mesma.
as circunstâncias subjetivas (ligadas ao agente, sem ser elementar), não se comunicam. P.ex. A
(reincidente) induz B (primário) a cometer um furto. A agravante do 61, I não se estende à B.
Outro: A participa de um crime cometido por B, estando este nas condições do artigo 26, § único.
Esta causa de diminuição não se estende à A.
Obs: como a lei determina que não se comunica as circunstâncias de caráter pessoal, a contrario
sensu, determina que são comunicáveis as de caráter objetivo, desde que do conhecimento do
agente. P.ex. se o mandante determina que A seja morto, não responde pela qualificadora da asfixia
se o mandado praticar o crime através deste meio.

Participação Impunível – art. 31 Código Penal- concurso e execução do crime: se o ajuste


(acordo), a determinação ou induzimento (criar a idéia do crime), a instigação (reforço da idéia
criminosa) ou o auxílio (ajuda material) não ingressarem na fase de execução, são impuníveis.
Entretanto, em alguns crimes essas condutas são típicas (art. 288 e 286 do Código Penal) e
portanto, puníveis. Daí a ressalva do artigo 31 do CP.

Participação e Arrependimento: pode ocorrer que iniciado o “iter”, um dos participantes desista
de continuar na conduta delituosa, persistindo os outros.
a) o arrependido é o autor principal ou é o partícipe que impede aquele de iniciar a execução do
crime. O fato é impunível face a regra do art. 15 CP;
65
b) ambos se arrependem e param no meio da execução do crime. Não respondem pelo delito,
podendo entretanto, responder por outro (art. 15 CP).
c) o partícipe se arrepende, mas não consegue evitar a execução do crime pelo autor. Responde pelo
delito, pois contribuiu voluntariamente para o crime. Só seria beneficiado se o arrependimento fosse
eficaz.
Obs: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são circunstâncias comunicáveis.

Participação da participação: é punível desde que possua eficiência causal. São os casos de
induzimento de induzimento, mandado de mandado, etc.. P.ex. A induz B a induzir C a matar D. A
será punível desde que seu induzimento possua eficiência.

Participação sucessiva: ocorre quando presente o induzimento ocorrer outro induzimento para a
prática do mesmo fato. P. ex. A induz B a matar C. Após, o agente D, sem conhecer o induzimento
anterior, também induz B a matar C. Se o induzimento de D foi eficiente, o mesmo responderá pelo
homicídio. Caso B, já estivesse firmemente disposto a cometer o homicídio, pelo induzimento de A,
D, não responderá. Após a conduta assessorando a principal ocorre outra. O partícipe induz o autor
a praticar um crime e depois o auxilia.

Concurso de Pessoas nos Crimes Omissivos


crimes omissivos próprios (puros):
não é possível a participação por omissão: se alguém sabe que um terceiro não paga pensão e nada
faz, não responde pelo delito de abandono material. P. ex. se um médico e um particular não
comunicam a doença, só o médico responde. Se o particular instigar o médico a não comunicar,
também responderá pelo delito, já que haveria participação por ação.
Entretanto, por ação pode ser partícipe, como na hipótese de instigar a não pagar.
não é possível a co-autoria: se duas ou mais pessoas não agem como era devido, cada um responde
pelo crime, isoladamente.
crimes omissivos impróprios: aqueles em que o agente busca um resultado pela omisssão. Admite
a participação por omissão, como no caso da empregada que não fecha a porta para que ocorra o
furto. Para que ocorra a participação por omissão, é preciso:
nexo entre a omissão do partícipe e o delito cometido pelo autor;
dever jurídico do partícipe em opor-se à prática do crime;
vínculo subjetivo.
66
Inexistindo o dever de agir, estará ocorrendo a conivência ou participação negativa, que em regra
não caracteriza qualquer crime, salvo nas hipóteses em que o dever geral obriga a ação (socorro aos
necessitados), como no caso do delito de omissão de socorro.

Autoria Colateral Incerta: ocorre quando inexiste o vínculo subjetivo entre as partes. Duas
pessoas buscam um mesmo resultado, sem conhecer a intenção do outro. Ex. “A” e “B” atiram na
direção de “C” para matá-lo, sem que um saiba da ação do outro.
Descobrindo-se quem matou “C”, temos a chamada autoria colateral certa.
Entretanto, não se descobrindo quem matou “C”, temos a chamada autoria colateral incerta. Na
hipótese, qual é a solução?
a) ambos respondem por homicídio consumado? Não, pois um estará sendo punido além de sua
conduta;
b) ambos serão absolvidos? Não pois houve um evento morte querido;
c) ambos serão condenados por homicídio tentado? É a solução mais razoável, pois abstrai-se do
fato o resultado morte e ambos são punidos pela tentativa.

O Concurso de Pessoas nos Crimes Culposos: é admissível a co-autoria mas não a participação. É
que todos realizam a conduta típica, ou seja, a conduta imprudente. O ato de instigar a não tomar
cuidado, a correr, são condutas típicas dos crimes culposos.
Existente um vínculo psicológico entre duas pessoas na prática da conduta,
ainda que não em relação ao resultado, concorrem elas para o resultado lesivo se obrarem com
culpa em sentido estrito. P.ex. dois empregados que atiram uma tábua de um andaime, atingindo
outra pessoa; Duas pessoas que preparam uma fogueira e causam um incêndio culposamente; O
motorista que dirige em velocidade incompatível, instigado por seu colega ao lado e, desta conduta
resulta um evento danoso.
Não devemos confundir isto com concorrência de culpas, que ocorre quando
o evento é produzido por culpa de duas pessoas, sem que uma possuísse conhecimento da conduta
da outra.
Obs: Não existe participação culposa em crime doloso ou participação dolosa em crime culposo.
Deve haver homogeneidade do elemento subjetivo.

Multidão delinqüente: Afastada a hipótese de quadrilha ou bando é possível o cometimento de um


crime por uma multidão, como nos linchamentos, depredação, saque, etc... . Responderão todos os
agentes por homicídio, dano, roubo, etc.., tendo suas penas atenuadas de conformidade com o artigo
65, III, “e”). Contudo, para os líderes, a pena deverá ser agravada nos termos do artigo 62, inciso I.
67

CULPABILIDADE

A posição da culpabilidade em face da estrutura do crime.

I - O CPB e os requisitos do crime.


Para Damásio a culpabilidade não é requisito do crime, que apresenta duas facetas :
fato típico e ilicitude. Ela funciona como condição da resposta penal.
Três sentidos ao conceito de culpabilidade : fundamento da pena; elemento da
determinação ou medição da pena e conceito contrário à responsabilidade objetiva.
II - A culpabilidade como pressuposto (fundamento) da pena.
III - Responsabilidade penal objetiva - sujeição de alguém á imposição de pena sem que tenha
agido com dolo ou culpa, ou sem que tenha ficado demonstrada sua culpabilidade, com
fundamento no simples nexo de causalidade material.
Casos na legislação penal brasileira : actio libera in causa na embriaguez (art. 28, II,
CPB); Rixa qualificada (art. 137, par. único CPB) - art. 5º, LVII CF.

CONCEITO DE CULPABILIDADE

I - Introdução.
II - Teorias da culpabilidade : teoria psicológica; teoria psicológica - normativa e teoria
normativa
pura.

Teoria psicológica - dolo e culpa como espécies de culpabilidade.


Culpabilidade é a responsabilidade do autor pelo ilícito que realizou, isto é, a relação
subjetiva entre o autor e o fato. É o vínculo psicológico que une o autor ao resultado
produzido.
Críticas : 1 - culpa (inconsciente) não é psicológica, é normativa - infração do dever objetivo
de cuidado. Um conceito normativo e um conceito psíquico (dolo) não podem ser espécies de
um denominador comum.2 - Gradualidade da culpabilidade - ocorrência de causas que
excluem ou diminuem a responsabilidade penal - apesar do nexo psicológico entre o autor e o
resultado, representado pelo dolo, não há culpabilidade.
Imputabilidade, capacidade de ser culpável, é pressuposto da culpabilidade.
68
Teoria psicologico-normativa - dolo normativo e reprovabilidade (exigibilidade de conduta
diversa).
Culpabilidade é reprovabilidade, sem, no entanto, afastar-lhe o dolo e a culpa. A conduta
também precisa ser censurável. É, ao mesmo tempo, uma relação psicológica e um juízo de
reprovação. Circunstâncias anormais afastam a reprovabilidade.
Culpabilidade é tanto um determinado conteúdo quanto também um juízo de valor sobre esse
conteúdo : é, pois, reprovabilidade. É um juízo de valoração a respeito do agente. Há uma
reprovação, uma censura, que recai sobre o sujeito, sobre o agente autor de um fato típico e
ilícito, que se condiciona à existência de certos elementos : imputabilidade (não como
pressuposto, mas como elemento); elemento psicológico normativo - dolo (com consciência
da ilicitude) e culpa; exigibilidade de outra conduta (o poder agir de outro modo).
Dolo e culpa deixam de ser espécies de culpabilidade, passando a constituir seus elementos.
Pode existir dolo sem que haja culpabilidade (causas de exculpação).
Críticas : Real consciência da antijuridicidade. Dolo psicológico (vontade e consciência) e
normativo (consciência da ilicitude). Punição do criminoso habitual ou por tendência.

Teoria normativa pura da culpabilidade (extrema ou estrita). - Relaciona - se com a teoria


finalista da ação.
A culpabilidade é normativa, e nela se concentram somente aquelas circunstâncias que
condicionam a reprovabilidade da conduta contrária ao Direito.
Culpabilidade é a reprovação pessoal que se faz contra o autor pela realização de um fato
contrário ao Direito, embora houvesse podido atuar de modo diferente de como fez.
Culpabilidade é reprovabilidade da configuração da vontade. Toda culpabilidade é
culpabilidade de vontade, ou seja, somente se pode reprovar ao agente, como culpabilidade,
aquilo a respeito do qual pode algo voluntariamente.
Elementos da culpabilidade normativa pura : imputabilidade; possibilidade de conhecimento
da ilicitude do fato; exigibilidade de obediência ao direito.

Teoria limitada da culpabilidade - difere - se da anterior quanto às descriminantes putativas.

III - Características do finalismo.

DA IMPUTABILIDADE

I - Conceito.
69
Imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente
capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível.
Sem a imputabilidade entende - se que o sujeito carece de liberdade e de
faculdade para comportar - se de outro modo, com o que não é capaz de culpabilidade, sendo,
portanto, inculpável.
A capacidade de culpabilidade apresenta dois momentos específicos : um
intelectual e outro de vontade, isto é, a capacidade de compreensão do injusto e a
determinação da vontade conforme essa compreensão, acrescentando que somente os dois
momentos conjuntamente constituem, pois, a capacidade de culpabilidade.
Arts. 26 e 27 do CPB.
Arts. 101, 103 e 112 do ECA.
Art. 228 CF.
II - Imputabilidade e responsabilidade.
III - Fundamento da imputabilidade.
Teoria da imputabilidade moral.
IV - Causas de exclusão da imputabilidade.
Arts. 26, caput e 28, § 1º CPB.
V - Actio libera in causa.
São casos de conduta livremente desejada, mas cometida no instante em que o sujeito
se encontra em estado de inimputabilidade, isto é, no momento da prática do fato o sujeito não
possui capacidade de entender e de querer. Houve liberdade originária mas não liberdade
atual (instante o cometimento do fato).

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

I - Introdução. Teorias.
Para que uma ação contrária ao Direito possa ser reprovada ao autor, será necessário
que conheça ou possa conhecer as circunstâncias que pertencem ao tipo e à ilicitude.
A ausência de conhecimento da proibição exclui a culpabilidade - caso de erro de
proibição invencível.
Teoria extrema do dolo. Teoria limitada do dolo. Teoria extrema da culpabilidade.
Teoria limitada da culpabilidade.

DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA

I - Introdução.
70
É a exigibilidade de obediência ao Direito.
Trata - se da possibilidade concreta do autor, capaz de culpabilidade, de poder adotar
sua decisão de acordo com o conhecimento do injusto.
A inexigibilidade afasta a culpabilidade.
II - Teoria das circunstâncias concomitantes de Frank.
III - Efeito da inexigibilidade de conduta diversa.
Coação moral irresistível.

Conceito atual de culpabilidade : juízo de reprovação dirigido ao autor por não haver obrado
de acordo com o Direito, quando lhe era exigível uma conduta em tal sentido.

DAS PENAS

I - Conceito, fins e caracteres.


Pena é a sanção aflitiva imposta pelo Estado, mediante ação penal, ao autor de uma
infração (penal), como retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem
jurídico, e cujo fim é evitar novos delitos.
Apresenta a característica de retribuição, de ameaça de um mal contra o autor de uma
infração penal.
Finalidade - preventiva. Prevenção : geral e especial.
A pena, na reforma penal de 1984 (lei 7209/84) passou a apresentar natureza mista : é
retributiva e preventiva (art. 59 CP).
Caracteres da pena : personalíssima (art. 5º, XLV, CF); legalidade (art. 5º, XXXIX,
CF); inderrogabilidade, no sentido de certeza de sua aplicação; proporcionalidade;
personalidade (art. 5º, XLV, CF).

II - Classificação.
Doutrinária.
As penas são : corporais, privativas de liberdade, restritivas de liberdade,
pecuniárias e privativas e restritivas de direitos.
Na Constituição Federal.
A lei adotará as seguintes penas (art. 5º, XLVI) : privação ou restrição de
liberdade; perda de bens (art. 5º, XLV CF - exceção ao princípio da personalidade); multa;
prestação social alternativa; suspensão ou interdição de direitos.
De acordo com o CPB as penas classificam - se em : privativas de liberdade;
restritivas de direitos e pecuniárias.
71
As penas privativas de liberdade são : reclusão e detenção.
São penas restritivas de direitos : prestação pecuniária; perda de bens e valores;
prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; interdição temporária de direitos e
limitação de fim de semana.
Penas proibidas pela CF - art. 5º, XLVII.

Sistemas penitenciários.
Há três. O de Filadélfia, o de Alburn e o inglês ou progressivo.
Art. 33, § 2º CPB e art. 112, LEP.
Estágios a serem cumpridos pelo condenado que inicia o cumprimento da pena no
regime fechado : art. 34, §§ 1º a 4º CPB; arts. 33, § 2º e 40; art. 83 CPB.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de
12.11.2003)
Regras também aplicáveis ao regime semi aberto - art. 35 CPB.

Arts. 82/86 LEP e art. 5º, incs. XLVIII, XLIX e L.

Ação Penal - Sentença condenatória com trânsito em julgado - Processo de execução. -


art. 1º LEP.

DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

I - Regimes penitenciários. Reclusão e Detenção.

Art. 33 CPB - três espécies de regimes penitenciários :


Regimes fechado; semi-aberto e aberto.

As penas privativas de liberdade são duas (art. 33, caput).


Reclusão e detenção.
Prisão simples - LCP.
Diferenças entre reclusão e detenção :
Quanto à espécie de regime; estabelecimento penal de execução; à seqüência de
execução no concurso material (art. 69, caput, CPB); à incapacidade para o exercício do pátrio
72
poder (art. 92, II, CPB); à medida de segurança (art. 97, caput); à fiança (art. 323, I, CPP); e à
prisão preventiva (art. 313, I e II CPP).

Arts. 33, 59 do CPB e 110 LEP.

Início do cumprimento da pena (forma progressiva de execução) - arts. 33. § 2º e 112


LEP.
Lei 8072/90, art. 2º, § 1º.
Lei 9455/97, art. 1º, § 7º.
Lei 9034/95, art. 10.

II - Regras de regime fechado.


Arts.8º, 87 e 112 LEP. Art. 34, caput, CPB. (art. 34, § 1º, CPB - ver Celso
Delmanto - pg. 72).
III - Regras do regime semi aberto.
Arts. 91 e 92 da LEP. Arts. 35, caput, CP e 8º LEP.
IV - Regras do regime aberto.
Arts. 93/95 e 113/115 LEP. Art. 36, caput, CPB.
Prisão albergue domiciliar - art. 117 LEP.
Arts. 50/52 LEP.
V - Regime especial.
Art. 37 CPB e art. 82, § 1º e 83, § 2º da LEP.

Efeito da regressão e requisitos - art. 118 LEP.

VI - Direitos e trabalho do preso. Arts. 38 e 39 CPB. Art. 5º, XLIX CF. Arts. 28 a 37 e
40 a 43 da LEP.

VII - Superveniência de doença mental.


Art. 41, CPB; arts. 99/101 e 183 LEP.

VIII - Detração penal.


É o cômputo na pena privativa de liberdade e na medida de segurança
(prestação de serviço à comunidade e limitação de fim de semana) do tempo de prisão
provisória ou administrativa e o de internação em hospital ou manicômio. Art. 42 CPB.
73
Prisão provisória - prisão em flagrante (arts.301/310 CPP); prisão preventiva
(arts. 311 a 316 CPP); prisão determinada por sentença decorrente de pronúncia (art. 408
CPP); prisão decorrente de sentença condenatória recorrível (art. 393, I, CPP); prisão
temporária (Lei 7960/89).

Para aplicação do princípio da detração penal deve existir nexo de causalidade


entre a prisão provisória e a pena privativa de liberdade. Art. 11, LEP, parte final.
Também é possível a detração quando a pena em relação à qual se pretende
seja ela observada advém de crime cometido antes do delito em decorrência do qual o réu
ficou preso provisoriamente
IX - Remição - arts. 126 a 130 LEP.
Remição = resgate, abatimento, desconto.
Remissão - perdão.

DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO

I - Alternativas penais, penas alternativas, substitutivos penais, medidas alternativas e


medidas não privativas de liberdade.

Penas restritivas de direitos (melhor seria "penas alternativas)- art. 43 CPB.

Alternativas penais, substitutivos penais, medidas alternativas, medidas não privativas de


liberdade - são meios de que se vale o legislador visando impedir que ao autor de uma
infração penal venha a ser aplicada medida de segurança ou pena privativa de liberdade. Exs.
fiança, sursis, suspensão condicional do processo, perdão judicial, também é dessa natureza a
conversão disciplinada no art. 180 da LEP.
Penas alternativas - são sanções de natureza criminal diversas da prisão como a multa,
prestação de serviço à comunidade e as interdições temporárias de direitos. Pertencem ao
gênero das alternativas penais.

Das penas previstas no art. 43, as dos incs. IV e V são restritivas da liberdade do condenado.
O CP, com as alterações da lei 9714/98, passou a prever que são penas alternativas, algumas
delas restritivas de direitos : prestação pecuniária (art. 43, I; 45, § 1º, CPB); perda de bens e
valores (art. 43, II; 45, § 3º, CPB); prestação de serviços à comunidade ou a entidades
públicas (arts. 43, IV e 46 CPB); a interdição temporária de direitos (art. 43, V, CPB; 157
LEP), constituída pela - proibição de exercício de cargo, função ou atividade pública, bem
74
como de mandato eletivo (art. 47, I, CPB); proibição de exercício e profissão, atividade ou
ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do Poder Público (art.
47, II, CPB); suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo (art. 47, III,
CPB); proibição de freqüentar determinados lugares (art. 47, IV, CPB); limitação de fim de
semana (arts. 43, VI e 48, CPB; art. 151, LEP); multa (art. 44, § 2º, CPB); prestação
inominada (art. 45, § 2º, CPB).
II - Natureza das penas restritivas de direitos.
São autônomas, substitutivas, obrigatórias e de execução condicional (art. 44, §
2º, CPB).

III - Condições.
Art. 44, I a III do CPB. (Transcrever quadro de requisitos).

Sistema vicariante - é o sistema das penas substitutivas, no qual as penas restritivas de


direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, observado os requisitos do art.
44.

Reincidência - art. 64, I, CPB. Não constitui obstáculo à imposição das penas
alternativas (art., § 3º, CPB).
Reincidência específica.

IV - Multa substitutiva : condenação a pena igual ou inferior a um ano.


Arts. 58, caput; 44, § 2º e 58, § único, CPB.
O § 2º do art. 60 foi tacitamente revogado pelo § 2º do art. 44 ?

V - Conversão da pena alternativa em privativa de liberdade.


Conversão obrigatória - art. 44, §§ 4º e 5º (incompatibilidade entre as duas penas)
CPB.
Conversão facultativa - art. 44, § 5º (compatibilidade entre as duas penas) CPB.
Penas alternativas (restritivas) previstas nos arts. 43 a 48. Não alcança a multa, que é
pena pecuniária (art. 51 CPB).

Arts. 180/184 da LEP.

Só se dá a conversão após sentença condenatória irrecorrível.


75
VI - Prestação pecuniária e prestação inominada.
Prestação pecuniária - arts. 43, I e 45, § 1º do CPB.
Prestação inominada - art. 45, § 2º CPB.

Diferença entre prestação pecuniária e multa : A prestação pecuniária destina - se à


vítima, a seus dependentes, ou a entidades públicas ou privadas com fim social, se
descumprida injustificadamente poderá ser convertida em pena privativa de liberdade (art. 44,
§ 4º CPB). A pena de multa destina - se sempre ao Estado, e se não paga, não poderá ser
convertida em pena privativa de liberdade, em face da atual redação do art. 51 CPB.
VII - Perda de bens e valores.
Art. 45, § 3º CPB. Art. 5º, XLVI, CF.

VIII - Prestação de serviço à comunidade.


Art. 46 CPB. Arts. 149 e 150 da LEP.

IX - Interdições temporárias de direitos.


Art. 47 CPB. Art. 92, I, CPB. Arts. 56 e 57 CPB.
Arts. 154 e 155 LEP.

DA PENA DE MULTA

Natureza - a pena de multa é uma modalidade de pena patrimonial que consiste no pagamento
por parte do sentenciado, a um fundo penitenciário, de um importância correspondente no
mínimo de dez e no máximo de trezentos e sessenta dias-multa, calculado de modo a
corresponder a um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato.

Critérios de cominação.
a) Parte alíquota do patrimônio do agente.
b) renda.
c) dia-multa.
d) cominação abstrata da multa.

Art. 49 CPB.

Fixação da pena de multa.


A fixação dever ser feita pelo juiz.
76
Art. 60 CPB ("principalmente") - situação econômica do réu, dano sofrido pela vítima,
a avidez do infrator, o proveito obtido ou a ser obtido com o crime, etc.
As agravantes e atenuantes não têm aplicação na pena pecuniária.
Depois, duas operações sucessivas, já que a norma incriminadora não fixa a
quantidade e o valor do dia-multa.
Por primeiro, a fixação da quantidade, que deve situar-se entre um mínimo de dez e
um máximo de trezentos e sessenta dias-multa.
Em seguida, o valor, que não pode ser inferior a um trigésimo do maior salário-
mínimo mensal vigente, nem ultrapassar a cinco vezes o mesmo salário (art. 49 § 1º CPB).
Quando a quantidade máxima possível revelar-se ineficaz diante da situação
econômica do réu, a quantidade em questão pode ser aumentada até o triplo. É o que deixa
claro o art. 60 em seu § 1º.

VALOR DO MENOR - 1/30 DO MAIOR SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE AO


TEMPO
DIA MULTA DO FATO.

ART 49 § 1º MAIOR - 5 XS O MAIOR SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE AO TEMPO


DO
FATO.

LIMITES DA I - MÍNIMO - 10 XS O VALOR DO MENOR DIA MULTA (ART. 49).


PENA DE II - MÁXIMO - 360 XS O VALOR DO MAIOR DIA-MULTA (ART.49).
MULTA III - ESPECIAL - 360 XS O VALOR DO MAIOR DIA-MULTA X 3, OU
SEJA,
A MULTA MÁXIMA X 3 (ART. 60, § 1º).
ART. 58 CPB

Pagamento. Conversão. Revogação.


O pagamento da pena de multa obedece a quatro critérios básicos :
I - Deve ser paga no prazo máximo de dez dias após o trânsito em julgado da decisão
condenatória.
II - É admissível o pagamento em parcelas, a pedido do condenado e atendida quando
indicada pelas circunstâncias.
77
III - Pode ser exigida mediante desconto no vencimento ou salário do condenado, desde que
aplicada isoladamente ou então cumulativamente com a restritiva de direito ou ainda se
houver suspensão condicional da pena. (art. 50, § 1º CPB - art. 168 LEP)
IV - O desconto não pode atingir o necessário ao sustento do próprio condenado ou de sua
família. (Art. 50 § 2º CPB).

Art. 51 CPB.
A execução não se procede mais nos termos dos arts. 164 e segs. da LEP.

DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

Introdução.
Sanção penal - penas e medida de segurança.

As medidas de segurança diferem das penas nos seguintes pontos :


I - as penas têm natureza retributiva-preventiva; as medidas de segurança são preventivas.
II - as penas são proporcionais à gravidade da infração; a proporcionalidade das medidas de
segurança fundamenta - se na periculosidade do sujeito.
III - as penas ligam - se ao sujeito pelo juízo da culpabilidade (reprovação social); as medidas
de segurança, pelo juízo da periculosidade.
IV - as penas são fixas; as medidas de segurança são indeterminadas, cessando com o
desaparecimento da periculosidade do sujeito.
V - as penas são aplicáveis aos imputáveis e aos semi-responsáveis; e as medidas de
segurança não podem ser aplicadas aos absolutamente imputáveis.

Conceito de periculosidade - é a potência, a capacidade, a aptidão ou a idoneidade que um


homem tem para converter - se em causa de ações danosas.
A verificação da periculosidade se faz por intermédio de um juízo sobre o futuro, ao
contrário da juízo da culpabilidade, que se projeta sobre o passado.

Pressupostos de aplicação.
A aplicação de medida de segurança pressupõe :
I - a prática de fato descrito como crime.
78
II - a periculosidade do sujeito.

Tratando - se de agente semi responsável (art. 26, § único CPB), é necessário que o fato seja
típico, antijurídico e o sujeito culpado.

Periculosidade real e presumida.


Real - quando ela deve ser verificada pelo juiz.
Presumida - a lei a presume, independentemente da periculosidade real do sujeito.
O CPB presume a periculosidade dos inimputáveis (art. 97 CPB). No caso dos semi-
responsáveis (art. 26, § único) cuida-se de periculosidade real.

Espécies.
Detentiva (art. 96, I, CPB) e restritiva (art. 96, II, CPB).
Execução - arts. 171 e segs. da LEP.

Imposição de medida de segurança ao inimputável.


Arts. 97 caput e 26 caput do CPB.
Art. 97, §§ 1º ao 4º CPB.

Sistema vicariante.
Art. 26, § único do CPB - pena reduzida ou medida de segurança (art. 98 CPB).
Sistema do duplo binário - aplicação cumulativa e sucessiva de pena e medida de
segurança.

Direitos do internado. art. 99 CPB.

Extinção da punibilidade. art. 96, § único CPB. art. 107 CPB.

DAS CIRCUNSTÂNCIAS

I - Circunstâncias e elementares do crime.


Definição e diferença.

II - Posição das circunstâncias na teoria do crime e da sanção penal.


Colocam - se entre o crime e a pena, permitindo a graduação da pena.
79

III - Classificação.
Circunstâncias objetivas ou reais - são as que se relacionam com os modos e meios de
realização da infração penal, tempo, ocasião, lugar, objeto material e qualidades da vítima.
Circunstâncias subjetivas ou pessoais - são as que só dizem respeito à pessoa do agente, sem
qualquer relação com a materialidade do crime, como os motivos determinantes, suas
condições ou qualidades pessoais e relações com o ofendido (vítima).
Sob outro aspecto podem ser classificadas em :
1º) circunstâncias judiciais (art. 59 caput).
2º) legais, que se subdividem em :
gerais comuns ou genéricas, que são : agravantes (circunstâncias qualificativas) - arts.
61 e 62 CPB; atenuantes - art. 65 CPB; causas de aumento e de diminuição da pena - arts. 26,
§ único e 60, § 1º CPB.
especiais ou específicas, que podem ser : qualificadoras; causas de aumento e de
diminuição da pena.
As circunstâncias ainda podem ser : antecedentes; concomitantes e supervenientes.

IV - Circunstâncias judiciais.
Art. 59 CPB - auxiliam o juiz na verificação da culpabilidade do sujeito.
Denominam - se judiciais porque seu reconhecimento é deixado ao poder
discricionário do juiz.
Culpabilidade do agente.
Antecedentes do agente - art. 6º, IX, CPP.
Conduta social.
Personalidade do agente - art. 6º, IX, CPP. Personalidade - conjunto de qualidades morais do
agente.
Motivos determinantes do crime.
Conseqüências do crime.
Circunstâncias do crime - são aquelas que escapam à especificação legal e que servem de
meios diretivos para o juiz aplicar a sanção penal.
Comportamento da vítima.

V - Circunstâncias agravantes.
São de aplicação obrigatória, exceto quando a pena base for fixada no máximo.
Salvo a reincidência, são aplicáveis somente aos delitos dolosos.
Arts. 61 e 62 CPB.
80

Art. 61, caput, CPB - Quando as circunstâncias constituem ou qualificam o crime ou


funcionam como escusa absolutória (art. 181, I e II do CPB).

Para que incidam as circunstâncias agravantes do art. 61, II, é necessário que o agente
conheça os fatos ou elementos que as constituem.

Art. 61, II, CPB.


Motivo fútil. Motivo torpe. (a)
Conexão. Teleológica. Conseqüêncial. Ocasional. (b)
(c) O código permite o emprego de interpretação analógica.
Traição : material ou moral.
Emboscada.
Dissimulação.
(d) meio empregado pelo agente na prática do crime. Interpretação analógica.
Meio insidioso. Meio cruel.
Meio de que podia resultar perigo comum. Acontecendo o perigo comum - concurso formal.
(e) relações entre o agente e a vítima.
(f) abuso de autoridade - indica o exercício ilegítimo da autoridade no campo privado, como
relações de tutela, curatela, de ofício, de hierarquia eclesiástica etc.
Relações domésticas. Relações de coabitação. Hospitalidade.
(g) abuso de poder ou violação de dever.
(h) Criança. Velho. Enfermo. Mulher grávida.

e) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou


de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Incluído
pela Lei nº 11.340, de 2006)
f) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou
profissão;
g) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada
pela Lei nº 10.741, de 2003)

(i) vítima sob a proteção da autoridade.


(j) ausência de solidariedade humana.
(l) embriaguez preordenada.

São objetivas - II, c, d (salvo o meio cruel), h, i e j. Subjetivas as dos incisos I (reincidência) e
II, a, b, l e d (meio cruel), e, f, e g.
81

Circunstâncias agravantes no concurso de pessoas. Art. 62 CPB.


I - autoria intelectual - não caracteriza o simples conselho. Ajuste prévio e submissão de
vontade.
II - Coação resistível (art.65, III, c) ou irresistível (autoria mediata), física ou moral.
Induzimento.
Coação irresistível - o mandante responderá pelo crime praticado pelo coagido e por
constrangimento ilegal.
Induzir.
III - Instigação ou determinação a pessoa subordinada - relação hierárquica. Autoridade
pública ou privada.
IV - Paga ou promessa de recompensa.

REINCIDÊNCIA

I - Conceito. Formas : real e ficta.


Art. 63 CPB.

II - Pressuposto. Prática de infração penal após sentença condenatória com trânsito em


julgado por crime anterior.
Conceito de criminoso primário e de criminoso tecnicamente primário.
Art. 7º LCP.
Art. 120 CPB.
Sursis. Extinção da punibilidade. Perdão judicial. Multa.
A questão da prova.

III - Efeitos : arts. 61, I; 67; 77, I; 83, II; 110, caput; 117, VI; 155, § 2º; 170 e 171, § 1º CPB.

IV - Eficácia temporal da condenação anterior para efeito da reincidência.


Sistemas : da perpetuidade; da temporariedade (reincidência infraqüinqüenal) e misto.
Art. 64, I, CPB - cumprimento da pena; extinção da pena; início do período de prova
do sursis ou do livramento condicional sem revogação.
82
V - Crimes militares e puramente políticos.
Art. 64, II, CPB.

VI - Comunicável ou incomunicável.

CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES

Artigos 65 e 66 do CPB.

I - Menor de 21 anos e maior de 70 anos.


II - Desconhecimento da lei art. 21 CPB. art. 8º LCP.
III - Motivo de relevante valor social ou moral.
Art. 121 § 1º CPB - homicídio privilegiado. Impelido (impulsionado, dominado). O valor
social ou moral exerce papel preponderante na determinação da vontade do sujeito. O impulso
é irresistível.
Para a atenuante basta que tenha praticado o fato inspirado por tal motivo. O grau de
eficiência é menor. O impulso é resistível.
IV - Evitar ou minorar eficientemente as conseqüências do crime. Arrependimento atenuante.
arts. 15 e 16 do CPB.
V - Coação resistível e cumprimento de ordem. Coação = violência - física (vis absoluta ) e
moral (vis compulsiva ).
violência física = força bruta - exclui a tipicidade - autoria mediata.
violência moral = grave ameaça - se irresistível exclui a culpabilidade.
se resistível é circunstância atenuante (desde que capaz
de diminuir a capacidade de resistência).
Ordem de autoridade superior = legal - estrito cumprimento de dever legal.
não manifestamente ilegal = exclui a culpabilidade.
manifestamente ilegal = circunstância atenuante.

Violenta emoção. Art. 121 § 1º CPB. Diferenças. Influência. Domínio. Qualquer ato
injusto. Provocação injusta. Logo após.

VI - Confissão espontânea.
VII - Multidão em tumulto.

Outra circunstância relevante. art. 66 CPB. Circunstância atenuante inominada.


83

Causas de aumento e de diminuição da pena.


As causas de aumento são obrigatórias. Exceção - art. 60, § 1º CPB.
As causas de diminuição são obrigatórias ou facultativas, de acordo com a
determinação do código.

Causas de aumento na parte geral = arts. 14, § único; 24, § 2º; 26, § único; 28, § 2º; 29.
§ 1º; 60, § 1º; 70, caput; 73, 2º parte e 74, parte final.

Causas de aumento de pena na parte especial = arts. 121,§§ 1º e 4º; 122, § único; 127;
129, §§ 4º e 7º; 155, §§ 1º e 2º; 157, § 2º; 295; 342, § 2º, etc..

Circunstâncias qualificadoras.
arts. 121, § 2º; 150, § 1º; 157, § 3º; 163, § único; 262, § 1º etc..

DA COMINAÇÃO E APLICAÇÃO DA PENA

I - Cominação das penas.


Arts. 53 a 58 do CPB.

II - Juízo da culpabilidade como fundamento da imposição da pena.


Culpabilidade e periculosidade.

III - Fixação da pena.


Art. 59, I a III do CPB.

IV - Fases da fixação da pena privativa de liberdade.


Opiniões de Roberto Lyra e de Nelson Hungria. Diferença está na fixação da pena
base.
Art. 68 CPB. Princípio da individualização da pena e motivação obrigatória da
individualização na sentença.
Frações da pena privativa de liberdade - art. 11 do CPB.

V - Mecanismo da imposição das penas.


84
a - crimes dolosos.
Fixação da pena base. art. 59 CPB. Art. 68 CPB.
Pena igual ou inferior a um ano e não superior a quatro anos. art. 44 CPB - Substituição da
pena.
Fixação do regime inicial após a fixação da pena definitiva - art. 33 CPB.
Sursis - art. 77 CPB e no caso de impossibilidade da substituição por prestação de serviço à
comunidade e limitação de fim de semana.
b - crimes culposos.
Qualquer pena pode ser substituída se presentes as condições - art. 44, I a III.

CONCURSO DE CIRCUNSTÃNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES

Art. 67 CPB - Circunstâncias subjetivas.


Predominância - menoridade (18 a 21 anos); motivos determinantes; personalidade do
agente, reincidência; circunstâncias subjetivas e circunstâncias objetivas.
Circunstâncias equivalentes se neutralizam.

CONCURSO DE CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO.

CONCURSO DE QUALIFICADORAS

Art. 68, § único, CPB.


Causas da parte especial. Ex. Crime de incêndio - arts. 250, § 1º e 258, 1ª parte CPB.
Causas da parte geral - devem ser aplicadas.
Causa da parte geral e causa da parte especial - as duas devem ser aplicadas. A da
parte especial primeiro. Ex. furto noturno continuado.
Concurso de qualificadoras - aplica uma e as outras funcionam como circunstância
genérica, se prevista a hipótese ou circunstância judicial.

Exemplos de fixação da pena privativa de liberdade.


1º - Lesão corporal leve por motivo fútil.
2º - Agente, de 19 anos, pratica crime de calúnia, mediante paga.
3º - Tentativa de furto simples, prevalecendo - se de relações domésticas.
4º - Tentativa de homicídio privilegiado contra a esposa.
85
5º - Crime de roubo próprio com emprego de arma em ocasião de incêndio, posteriormente
confessando a autoria.
6º - Tentativa de furto durante o período de repouso noturno.

FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA

Não há mínimo e máximo de pena de multa cominada na parte especial. Em todos os crimes o
mínimo é de 10 e o máximo de 360 (X3) dias multa.
Art. 60 - principalmente a situação econômica. Outros secundários : dano sofrido pela vítima,
a avidez, ganância do infrator, o proveito obtido ou a ser obtido com o crime.
Art. 60 CPB. § 1º.
Na quantidade de dias multa (arts. 49, caput e 59 CPB) leva - se em conta as circunstâncias
judiciais e as causas de aumento e de diminuição e para o valor de cada dia multa verifica- se
a situação econômica do réu ao tempo da sentença. (art. 60 caput).
Fixação do valor do dia multa - arts. 60, caput, e 49, § 1º CPB.

Art. 58 CPB - Limites da pena de multa.


Mínimo da pena de multa - 1/3 do salário mínimo (10 dias multa X 1/30 do salário mínimo)
Máximo da pena de multa - 1800 salários mínimos ( 360 dias multa X 5 salários mínimos )
Máximo especial - 5400 salários mínimos. ( 1800 salários mínimos X 3 )

Substituição da pena privativa de liberdade por multa - pena superior e pena inferior a um ano
- crime doloso. Multa principal e Multa substitutiva ou vicariante. Possibilidade da
cumulação.

Frações de dia multa - art. 11 CPB.

DO CONCURSO DE CRIMES

I - Introdução.
Concurso de agentes. Concurso aparente de normas. Concurso de crimes.

II - Posição da matéria.
No CPB a questão pertence à teoria geral da pena, sendo tratada nos arts. 69 a 72, 75 e
76, no título das penas e no capítulo que se refere à aplicação da pena. Portanto correto seria
dizer concurso de penas e não concurso de crimes.
86

III - Sistemas sobre a graduação da pena.


Sistema do cúmulo material (arts. 69, caput e 70, caput, 2ª parte). Sistema da absorção.
Sistema da acumulação jurídica. Sistema da responsabilidade única e da pena progressiva
única. Sistema da exasperação da pena (arts. 70 e 71).

IV - Espécies de concurso.
O concurso de crimes ou de penas pode ser : material (art. 69); formal (Art. 70) e
crime continuado (art. 71).
Entre crimes - dolosos, culposos, dolosos e culposos, culposos, consumados ou
tentados, comissivos ou omissivos.

V - Concurso material ou real.


Conceito -art. 69 CPB.
Ação/omissão = conduta. Exs. furto e estupro. estupro e homicídio para assegurar
impunidade.

Espécies - Concurso material homogêneo - crimes idênticos.


Concurso material heterogêneo - crimes diversos.
Crimes homogêneos - previstos no mesmo tipo penal. Ex. homicídio
contra A e contra B, a testemunha.
Crimes heterogêneos - previstos em tipos diversos. Ex. furto e estupro.

Aplicação da pena - as penas são cumuladas.


Art. 75 CPB. Art. 69, caput, 2ª parte CPB. Art. 69, § 1º, CPB. Art. 69, § 2º, CPB.

VI - Concurso formal ou ideal.


Conceito - art. 70, caput. Ex. com um tiro duas pessoas são atingidas. acidente de
trânsito com mortes e/ou lesões corporais.

Espécies : concurso formal homogêneo. concurso formal heterogêneo.


concurso formal perfeito - art. 70, caput, 1ª parte.
concurso formal imperfeito - art. 70, caput, 2ª parte.

Requisitos.
87
Teoria subjetiva : unidade de conduta; pluralidade de crimes; unidade de
desígnio.
Teoria objetiva : unidade de conduta; pluralidade de crimes.
O CPB adotou a teoria objetiva, contudo a questão subjetiva deve ser
apreciada na aplicação da pena (art. 70, caput, 2ª parte).
Pode haver concurso formal entre crime doloso e outro culposo. Exs.
arts. 73, 2ª parte, e 74.

Aplicação da pena. Uma só das penas idênticas ou a mais grave, uma ou outra
aumentada de 1/6 até a metade.
Exs. motorista que em um acidente causa a morte de duas pessoas ou morte e lesão
corporal. Contaminado de moléstia venérea o agente pratica um estupro.
O art. 70, caput, prevê uma causa de diminuição e uma causa de aumento de pena.
Aumento variável de acordo com o número de crimes : 02 - 1/6; 03 - 1/5; 04 - 1/4; 05 -
1/3; 06 ou mais - 1/2.
A pena decorrente do concurso formal não pode ser superior a que resultaria do
concurso material. Ex. homicídio e lesão leve. ( Cúmulo material benéfico).

Unidade e autonomia de desígnios.


Art. 70. caput, 2ª parte. Ex. agente que mata dolosamente duas pessoas com
um só tiro. Há unidade de conduta e autonomia de desígnios ( dirigidos à morte das duas
pessoas). É concurso formal, mas a aplicação da pena segue a regra do cúmulo material : as
penas são somadas.
Unidade de desígnio : as diversas ações ou omissões se apresentam à
consciência do sujeito como um fato único, mesmo se fracionando na execução. Á unidade do
comportamento externo deve corresponder a unidade interna da vontade. O agente deve ter
em vista um só fim. Não deve haver para os vários crimes desígnios autônomos. O que resulta
decisivo é realmente o elemento psíquico, o ato de vontade do agente. Se este impulso
volitivo é um só, podem ser muitos os seus efeitos antijurídicos, a ação é única, porque só o
resultado relacionado com o querer criminoso vem integrar a sua conduta.
Desígnio autônomo : os vários eventos não são um só perante a consciência e a
vontade, embora o sejam externamente. Ocorre autonomia de desígnios quando o sujeito
pretende praticar não só um crime, mas vários, tendo consciência e vontade em relação a cada
um deles, considerados isoladamente.Ex. estupro para a satisfação sexual e transmitir doença
venérea.
88
VII - Crime continuado.
Conceito : art. 71, caput.
Duas teorias. Teoria objetivo-subjetiva : requisitos objetivos + requisito
subjetivo - unidade de desígnio.
Teoria puramente objetiva : dispensa a unidade de ideação
( requisito subjetivo) e deduz o conceito de condutas continuadas dos elementos exteriores da
homogeneidade.

O CPB aceitou a teoria puramente objetiva. Para Damásio o que diferencia o


concurso material do crime continuado é a existência do elemento subjetivo do agente.

Requisitos : Pluralidade de condutas. Pluralidade de crimes da mesma espécie.


Continuação, considerando as circunstâncias objetivas. Unidade de desígnio.

Crimes da mesma espécie. Definição.

Homogeneidade das circunstâncias.


Circunstâncias objetivas homogêneas + necessidade dos delitos terem sido
praticados pelo sujeito aproveitando - se das mesmas relações e oportunidades ou com a
utilização de ocasiões nascidas da primitiva situação. É imprescindível que o infrator tenha
agido num único contexto ou em situações que se repetem ao longo de uma relação que se
prolongue no tempo. Ex. funcionário que em várias situações furta o patrão. Numa noite furto
de vários escritório de um mesmo edifício.
Conexão temporal - condição de tempo - crimes cometidos em período inferior
a um mês.
Conexão espacial - crimes cometidos em cidades próximas.

Aplicação da pena.
O crime continuado pode ser : simples (art. 71, caput) e qualificado (§ único).
Tipo simples : penas idênticas, aplica - se uma só, com o aumento de um sexto
a dois terços. penas diversas, aplica - se a mais grave, aumentada de um sexto a dois terços.
Prevê um causa de diminuição e uma de aumento da pena. Aumento de acordo
com o número de crimes.
Tipo qualificado - aumento de um sexto até o triplo. (art. 71, § único)

Bem jurídico pessoal.


89
O CPB adotou a teoria objetiva a respeito do crime continuado. Um dos
requisitos é a identidade do ofendido, cuidando - se de interesses jurídicos pessoais.
Dificilmente o juiz decidirá pelo nexo de continuidade sem verificar o
elemento subjetivo do agente.
A circunstância de os delitos componentes atingirem bens jurídicos pessoais
não impede a continuação.
Art. 71, § único - vítimas diversas, crimes dolosos, com violência ou grave
ameaça à pessoa. Aumento até o triplo. O tempo de cumprimento da pena não pode
ultrapassar 30 anos, e não pode ser superior a que resultaria do concurso material.

VIII - Aplicação da multa.


Art. 72 CPB.

IX - Limite das penas.


Art. 75 CPB.

X - Concurso de crime e contravenção.


Art. 76 CPB.

CONCILIAÇÃO JUDICIAL : TRANSAÇÃO PENAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO.


SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA. LIVRAMENTO
CONDICIONAL.

Conciliação judicial : transação penal.

I - Generalidades.
art. 98, I, CF. Lei 9099/95.
Transação penal - importante forma de despenalizar sem descriminalizar.
Objetiva a reparação dos danos e prejuízos sofridos pela vítima; é mis econômica,
desafoga o Poder Judiciário; evita os efeitos criminógenos da prisão. Art. 62 Lei 9099/95.
Persecutio criminis.

II - Competência dos Juizados Especiais Criminais.


90
Jurisdição. Jurisdição Criminal. Competência. Competência funcional. Competência
em razão da matéria (arts. 60 e 61 Lei 9099/95). Competência em razão do local (art. 63 Lei
9099/95).
Causas modificadoras da competência : Procedimentos especiais; ausência de citação
pessoal - arts. 66, § único e 69, Lei 9099/95; complexidade ou circunstâncias do caso :
avaliação compete ao Ministério Público (arts. 77, §§ 2º e 3º Lei 9099/95).
Competência da Justiça Federal - Lei 10259/01 (Período de vacatio legis).

III - Características da transação penal.


Personalíssima - a autodisciplina e o senso de responsabilidade exigem o
comprometimento moral e emocional do autor. Voluntária. Formal - deve ser formalizada na
presença de defensor. Tecnicamente assistida - a decisão final é personalíssima e voluntária,
conseqüentemente, exclusiva do acusado.

IV - Princípio da presunção da inocência.

V - Requisitos de admissibilidade da transação.


Arts. 61 e 76, § 2º, Lei 9099/95 : Infração de menor potencial ofensivo; ausência de
condenação irrecorrível, por crime, à pena de prisão; não ter sido beneficiado, nos últimos
cinco anos, com a aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos desta lei; prognose
favorável da necessidade e suficiência da transação penal.
Satisfeitas as três condições a transação penal é um direito público subjetivo do autor
do fato. Para o Ministério Público trata - se de disponibilidade temperada ou regrada.
Ministério Público e Juiz devem manifestar - se fundamentadamente para deixar de concedê -
la, quando se tratar de infração de menor potencial ofensivo.

Impossibilidade de transação "ex officio" .

VI - Procedimento da conciliação penal.


Na audiência preliminar : Esclarecimento judicial sobre a possibilidade de composição
dos danos e de transação penal (arts. 72 e 73 da Lei 9099/95); relação dialética entre parte e
mediador; composição somente dos danos civis - conseqüências (art. 74 Lei 9099/95);
inviabilizada a composição dos danos (art. 75 Lei 9099/95); tratando - se de ação pública o
Ministério Público poderá transigir - proposição da aplicação imediata de pena alternativa -
restritiva de direito ou multa - respeitado o princípio da reserva legal (art. 76, caput, Lei
9099/95).
91
Na audiência de instrução e julgamento (art. 79 Lei 9099/95).

VII - Conseqüências do descumprimento de penas alternativas.


Art. 86 Lei 9099/95. A pena restritiva de direito imposta em decorrência da transação
penal poderá ser convertida em privativa de liberdade (art. 44, §§ 4º e 5º CPB e arts. 181 a
184 da LEP).

VIII - Vantagens e desvantagens : transação penal e suspensão condicional do processo.


Os dois institutos objetivam evitar o encarceramento.
Transação penal : o acusado assume a culpa, sofre sanção penal, que poderá ser
convertida em prisão; a sentença não constitui titulo executivo; não há obrigação de reparar o
dano; é mais favorável na aplicação apenas de multa.
Suspensão do processo : não há culpa; não há aplicação da sanção pena; não há
conversão do benefício em pena de prisão; a reparação do dano é requisito indispensável.

Suspensão condicional do processo.

I - Introdução.

II - Requisitos ou pressupostos necessários.


Pressupostos ou requisitos (levando em conta a pessoa do réu, o fato e suas
circunstâncias).
Requisitos especiais - criados pela Lei 9099/95.
Requisitos gerais - comuns ao sursis (art. 89 lei 9099/95).

Requisitos especiais : pena mínima cominada igual ou inferior a um ano -


concessão baseada na necessidade e suficiência e rigor no exame das causas de revogação
para a prevenção geral; que o acusado não esteja sendo processado por crime; que não tenha
sido condenado irrecorrivelmente por outro crime (doloso ou culposo) - art. 64, I e 63.
Exclusão dos crimes de ação de exclusiva iniciativa privada.

Requisitos gerais. São os estabelecidos para o sursis (art. 77 CPB).


Requisitos objetivos : natureza e quantidade da pena (arts. 77 e 80
CPB). Inaplicabilidade de penas restritivas de direitos. (art. 78, § 1º, 89, § 1º e 44 CPB).
Requisitos subjetivos : não reincidência em crime doloso; prognose de
não voltar a delinqüir : benefício destinado àquele de mínima culpabilidade, irretocáveis
92
antecedentes, de boa índole a personalidade, bem como de relevantes motivos e favoráveis
circunstâncias.

Presentes os requisitos a suspensão condicional do processo constitui - se em


direito público subjetivo do acusado. Toda vez que a pena cominada não for superior a um
ano ou se tratar de contravenção penal o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, deverá
fundamentar porque deixou de propô - la. art. 89, § 7º, Lei 9099/95 e art. 157 LEP.

Impossibilidade de suspensão do processo ex officio.


Cabimento do habeas corpus.

III - Condições necessárias para a suspensão do processo.


Condições legais e judiciais.
Condições legais, de imposição obrigatória - art. 89, § 1º, I a IV, lei 9099/95.
Condições judiciais, de imposição facultativa - art. 89, § 2º lei 9099/95.

IV - Período de prova - lapso temporal, entre dois a quatro anos, em que o beneficiário tem o
processo suspenso e durante o qual deverá cumprir as condições que lhe forem impostas.

V - Causas de revogação da suspensão do processo.


Causas de revogação obrigatória - art. 89, § 3º, Lei 9099/95.
Causas de revogação facultativa - art. 89, § 4º, Lei 9099/95.

VI - Extinção da punibilidade.
Arts. 107 CPB e 89, § 5º da Lei 9099/95. Causa interruptiva da prescrição - §
6º.

DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA


SURSIS

I - Introdução.
Arts. 77 a 82 do CPB.
Arts. 156 e segs. da LEP.

II - Sistemas.
93
Sistema anglo-americano - Probation system
Sistema belga-francês - Europeu Continental - Sursis.

III - Formas.
Sursis simples - art. 77 CPB.
Sursis especial - art. 78, § 2º CPB.
Sursis etário - art. 77, § 2º, 1ª parte CPB.
Sursis humanitário - art. 77, § 2ª parte CPB.

IV - Requisitos.
Objetivos - quantidade e qualidade da pena - art. 77, caput, e § 2º, e art. 80 do CPB.
Qualidade da pena. art. 11 da LCP.
Quantidade da pena - Sursis simples, etário e humanitário.
Subjetivos - antecedentes pessoais e qualidades pessoais do réu - Art. 77, I, II e III, do
CPB.
Antecedentes judiciais - não ser reincidente em crime doloso.
Anterior condenação à multa. Art. 77, § 1º CPB.
Art. 64, I, CPB.

Efeitos secundários da condenação. art. 91 CPB. São abrangidos pelo sursis ? Art. 81,
II, CPB.

Extinção da punibilidade em relação ao crime anterior. Antes da sentença condenatória


transitada em julgado. Depois da sentença condenatória transitada em julgado - permanece
para efeito de impedir o sursis. Exceções : abolitio criminis, anistia, art. 64, I do CPB e da
multa antecedente.
A extinção da punibilidade pela prescrição retroativa em relação ao crime anterior
impede o sursis ?
Se foi concedido o perdão judicial ? art. 120 CPB.
Se o condenado cumpriu integralmente as condições do sursis ? Vindo a praticar outro
crime poderá obter a medida penal ?

Durante o sursis permanecem suspensos os direitos políticos - art. 15, III, CF.

Art. 77, II, do CPB.


Art. 77, III e 44 do CPB.
94

Requisitos do sursis especial :


não reincidência em crime doloso; reparação do dano, salvo justa causa;
circunstância judiciais favoráveis (art. 78, § 2º, CPB).

V - Período de prova e condições.


Sursis simples, etário, humanitário e na LCP.
É o lapso temporal no qual o condenado deve cumprir determinadas condições sob
pena de revogação da medida e cumprimento da pena privativa de liberdade. São condições
legais (art. 78, §§ 1º e 2º, 81 e 161 da LEP); judiciais (art. 79 CPB).

A sentença que concede, denega ou revoga o sursis não faz coisa julgada.

VI - Revogação.
Efeito da revogação.
As causas da revogação do sursis são : obrigatórias (art. 81, I a III, CPB e art. 161
LEP); facultativas (art. 81, § 1º, CPB). Na revogação facultativa o juiz tem a opção de revogá
- la ou prorrogar até o máximo o período de prova. (art. 81, § 3º CPB).

VII - Prorrogação e extinção da pena - art. 81, § 2º CPB. art. 82, CPB.

DO LIVRAMENTO CONDICIONAL
I - Introdução.
Arts. 83 a 90 do CPB. Arts. 131 e segs. da LEP.
II - Pressupostos.
Objetivos - art. 83, caput e incisos I, II, IV e V, do CPB.
Subjetivos - inciso III.
Art. 11, da LCP.
Espécies : especial ou simples - cumprimento de um terço da pena.
ordinário ou qualificado - cumprimento de metade da pena.

Requisitos objetivos :
Art. 83, I e II CPB.
Art. 83, § único, CPB.

Remição da pena - art. 128 da LEP.


95

Art. 83, IV e art. 91, I, do CPB.


Art. 83, V, CPB - requisitos : cumprimento de mais de dois terços da pena e não
reincidência específica nos delitos previstos do dispositivo.
Art. 2º, § 1º da lei 8072/90.

Requisitos subjetivos : art. 83, III, do CPB.

Art. 84 CPB.

III - Concessão do livramento condicional e período de prova.


Arts. 131, 132, §§ 1º e 2º, 137 e 139 da LEP.

IV - Revogação.
As causas de revogação do livramento condicional são : judiciais (art. 87, 1ª parte, do
CPB) e legais (arts. 86 e 87, parte final, CPB).
As causas de revogação ainda podem ser : obrigatórias (art. 86, I e II, CPB) e
facultativas (art. 87 CPB).
Os fatos de revogação devem ocorrer durante o período de prova.

V - Causas de revogação obrigatória do livramento condicional.


Art. 86, CPB.
Crime cometido durante a vigência do livramento condicional (Art. 86, I, CPB). Crime
cometido antes do período de prova (art. 86, II, CPB).

VI - Causas de revogação facultativa do livramento condicional.


Art. 87, CPB.

VII - Efeitos da revogação do livramento condicional.


Art. 88, CPB. Arts. 141 e 142 da LEP.
a)Efeitos da revogação do livramento condicional em face de condenação irrecorrível
pela prática de infração penal anterior ao período de prova (crime ou contravenção) - arts. 86,
II, 84 e 88 do CPB e art. 141 da LEP; b)durante a vigência do período de prova - art. 87, parte
final e 88 do CPB e art. 142 da LEP, ou c)em face de descumprimento das condições
impostas na sentença - o sentenciado tem de cumprir a pena que se encontrava com execução
96
suspensa; não é computado na pena o tempo em que esteve solto; não pode mais ser
favorecido por novo livramento condicional em relação a essa pena.

VIII - Extinção da pena.


Art. 90 do CPB.

IX - Prorrogação do período de prova.


Art. 89 do CPB. Arts. 145 e 146 da LEP.
Respondendo o liberado por crime cometido antes da vigência da medida, ao término
do período de prova o juiz pode declarar a extinção da punibilidade ?

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

I - Efeitos penais.
Condenação = ato através do qual o juiz impõe uma sanção penal ao sujeito ativo de
uma infração.
Produz a condenação como efeito principal a imposição de penas para os imputáveis,
ou, eventualmente, medida de segurança para os semi-imputáveis.

Produz a condenação como efeitos secundários conseqüências de natureza penal ou


extrapenal.
Entre as conseqüências de natureza extrapenal há efeitos civis, administrativos,
políticos e trabalhistas.

II - Efeitos penais secundários.


a) revogação facultativa ou obrigatória do sursis anteriormente concedido; b) a
revogação facultativa ou obrigatória do livramento condicional; c) a caracterização da
reincidência pelo crime posterior; d) o aumento do prazo da prescrição da pretensão
executória quando caracteriza a reincidência; e) a interrupção da prescrição da pretensão
executória quando caracterizar a reincidência; a revogação da reabilitação, quando tratar de
reincidente; f) impedimento do reconhecimento de crimes privilegiados; g) a inscrição do
nome do condenado no rol dos culpados.

III - Efeitos extrapenais.


97
Espécies : Civis (art. 91, I e II; 92, II, do CPB). Administrativos ( art. 92, I e III, do
CPB). Político (art. 92, I, CPB). Trabalhista (justa causa para a rescisão do contrato de
trabalho).

IV - Reparação ex delicto. "Actio civilis ex delicto"


Art. 159 CC.
Art. 91, I, CPB. Art. 63 do CPP.
Sentença condenatória = sentença meramente declaratória no tocante à indenização
civil. Tem a natureza de título executório (art. 584, II, CPC).
Art. 1525 CC.
Sentença concessiva do perdão judicial - para o STF é condenatória. Para o STJ
(Súmula 18) é declaratória de extinção da punibilidade.
Art. 26, § único CPB - condenatória a sentença que substitui a pena por medida de
segurança.
A sentença que julga o agente inimputável (art. 26, caput, CPB) é absolutória (art. 386,
V, do CPP).
As sentenças que reconhecem a prescrição da pretensão e as de homologação da
composição e da transação penal (lei 9099/95) também não são condenatórias.
Inexistindo sentença condenatória irrecorrível (arts. 63 e 64 do CPP). Sendo pobre o
titular à reparação do dano (art. 68 CPP).
As indenizações por atos ilícitos estão reguladas no Código civil. Homicídio (art.
1537). Lesão corporal dolosa ou culposa (art.1538). Arts. 1545/1548 CC. Art. 5º, V e X da
CF.

V - Efeitos da sentença absolutória.


Art. 152 CC. Art. 65 CPP. Art. 160 CC.
Art. 386 do CPP. Arts. 66 e 67 CPP.
Art. 386, I, CPP - Absolvição por estar provada a inexistência do fato - arts. 1525 CC
e 66, final do CPP.
Art. 386, II, CPP - Absolvição por não haver prova da existência do fato - "in dubio
pro reo".
Art. 386, III, CPP - Absolvição por não constituir o fato infração penal - fato atípico.
(art. 67, III, CPP).
Art. 386, IV, CPP - Absolvição por inexistir prova de ter o réu concorrido para a
infração penal (arts. 1525 CC e 66 CPP).
98
Art. 386, V, CPP - Absolvição por existir circunstância que exclua o crime ou isente o
réu de pena. (Arts. 23 CPB e Arts. 21, 22, 27 e 28, § 1º CPB. Art. 160, I e II do CC. Art. 65
CPP. Sentença absolutória decorrente do reconhecimento de causa excludente de ilicitude que
não exclui a actio civilis ex delicto : a) arts. 1519 e 1520 do CC; b) art. 1540 CC.
A absolvição criminal com base em excludente da culpabilidade não impede a ação
civil de reparação do dano.

VI - Confisco.
É a perda de bens do particular em favor do Estado após o trânsito em julgado da
sentença condenatória. A CF, no art. 5º, XLVI, b, o prevê como pena. Previsto como pena
restritiva de direito (arts. 43, II e 45 do CPB)
Art. 91, II, do CPB. Não se constitui em pena. É efeito da condenação. Não incide
sobre bens particulares do sujeito, mas sim sobre instrumentos (instrumenta sceleris) e
produtos (producta sceleris) do crime e de qualquer bem ou valor (pretium sceleris) que
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
Art. 34, § 2º, lei 6368/76. Art. 243 da CF. (lei 8257/92) - independe de ação penal,
apenas de ação expropriatória. Também sem caráter penal a perda de bens ou valores no caso
de enriquecimento ilícito dos agentes públicos (lei 8429/92).
A perda dos instrumentos e do produto do crime é automática, decorrendo do trânsito
em julgado da sentença como efeito da condenação. Não é necessário que conste
expressamente da decisão.
É requisito a condenação por crime.
Arts. 122/124 CPP. art. 40, § 2º lei 6368/76.
Art. 125 CPP - seqüestro dos bens imóveis adquiridos pelo indiciado com os proventos
da infração.
Confisco e apreensão (arts. 6º, 118 e 120 CPP).
Só se efetivará o confisco previsto no art. 94, II, CPB na hipótese de permanecer ignorado o
dono (art. 123 CPP) ou não reclamados os bens ou valores e não for aplicada a pena restritiva
de direitos da perda de bens e valores do condenado.

VII - Incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela. (art. 92, II, CPB).
É efeito específico e deve ser declarada motivadamente na sentença. (art. 92, § único,
CPB).
Deve ser reservada para os casos de maior gravidade, em que resulte do crime
incompatibilidade com o exercício do pátrio poder, tutela, curatela ou abuso de autoridade de
seu titular. Pode ser excluída pela reabilitação.
99

VIII - Efeitos administrativos e políticos. Efeitos específicos.


1º efeito administrativo - Art. 92, I, do CPB.
Art. 92, I, a, CPB = arts. 312 a 326 CPB. art. 327 CPB. O juiz deve declará - lo
motivadamente na sentença.
Art. 92, I, b, CPB.
Art. 1º, § 5º, lei 9455/97 - efeito automático da condenação.
Art. 47, I, CPB, diferença.
2º efeito administrativo - Art. 92, III, do CPB. Também deve ser motivada pelo juiz na
sentença. Pode ser atingida pela reabilitação.
Art. 47, IV, CPB diferença.

Efeito político - Art. 92, I, a e b, CPB. Arts. 15, III, 55, IV, VI, § 2º, CF. Art. 92, §
único, CPB.

IX - Efeitos trabalhistas.

REABILITAÇÃO

I - Conceito e efeitos.
É a reintegração do condenado no exercício dos direitos atingidos pela sentença. Trata
- se de causa suspensiva de alguns efeitos secundários, específicos, da condenação (art. 92).
Tem a finalidade de conferir ao reabilitado um boletim de antecedentes criminais sem
anotações. (art. 93, caput, parte final).
Art. 202 LEP. Art. 94, caput, CPB.
Não rescinde a condenação - art. 64, I, CPB.

II - Condições.
Art. 94, caput, CPB.
Negado o requerido - § único.
Revogação da reabilitação - art. 95 CPB.

DA PERSECUÇÃO PENAL

DA AÇÃO PENAL
100

I - Conceito.

II - Classificação.
Considerando o objeto jurídico do delito e o interesse do sujeito passivo em
movimentar a máquina judiciária no sentido de aplicar o Direito Penal objetivo ao fato
cometido pelo agente.
Ação penal pública incondicionada.(arts. 100, caput, 1ª parte do CPB e 24, 1ª parte do
CPP)
Ação penal pública condicionada : representação (art. 154 CPB) e requisição do
ministro da justiça (art. 7º, § 3º, b, 145, § único CPB) - Arts. 100, § 1º, CPB e 24, caput, 2ª
parte, do CPP.
Ação penal privada (arts. 100, caput, 2ª parte, § 2º, 140, 145 e 161, § 3º CPB. Art. 30
CPP). Ação penal privada subsidiária da pública (arts. 100, § 3º CPB, 29 e 46 do CPP. Art. 5º,
LIX CF). Ação penal privada personalíssima.
Como saber qual o tipo de ação penal ? Regra geral - art. 100, caput, CPB.

III - Ação penal pública.


Promovida por denúncia do MP.
Art. 100, § 1º CPB. Art. 24, caput, CPP. Art. 129, I, CF.
O quê a denúncia deve conter : art. 41 CPP.
Prazo para oferecimento : Art. 46, caput, CPP.
O quê é representação ? Quem poderá exercer esse direito ? Arts.24, caput e 39 CPP.
Inexistência de representante legal. Ofendido doente mental ou com interesses
colidentes com o representante legal : Art. 33 CPP.
Ofendido morre ou declarado ausente : Art. 24, § 1º CPP.
Natureza jurídica da representação : É condição de procedibilidade da ação penal
pública.
Retratação da representação : art. 102 CPB.
Prazo para o exercício do direito de representação : art. 103 CPB e 38 CPP. Prazo
decadencial. Prazo decadencial no concurso de crimes. (Art. 119 CPB). Não exercício do
direito de representação no prazo legal : Arts. 103, 107, IV, 2ª figura, CPB e art. 38 CPP).
Contagem do prazo : art. 798, § 1º, CPP e art. 10, CPB.

IV - Ação penal privada.


Art. 100, § 2º, CPB. Art. 30 CPP.
101
Ofendido maior de 18 anos e menor de 21. Art. 34 CPP. (Novo Código Civil).
Ofendido menor de 18 anos. Art. 33 CPP.
Ofendido morre ou é declarado ausente por decisão judicial : Art. 100, § 4º CPB, art.
24, § 1º, CPP. Exceções : crimes de ação privada personalíssima : art. 236, § único e art. 240,
§ 2º CPB.
Inicia - se através de queixa. Diferença : art. 5º, § 5º CPP.
Conteúdo da queixa - art. 41 CPP.
Prazo para oferecimento : Art. 103 CPB. Art. 38 CPP.
A expressão "salvo disposição em contrário" dos arts. 103 do CP e 38 CPP. Art. 240, §
2º do CPB. Art. 236, § único, CPB.
Não exercício do direito de queixa ou de representação no prazo legal : Arts. 103, 107,
IV, 2ª figura, CPB e art. 38 CPP.
Ação penal privada subsidiária da pública : art. 100, § 3º, CPB. Art. 103, caput, final,
CPB e art.38, final, CPP.

V - Ação penal no crime complexo.


Art. 101 CPB.
Crime complexo : Sentido estrito. Sentido amplo. Exemplos.
Arts. 101 e 100, caput, CPB.
Denunciação caluniosa. Art. 339 CPB.

VI - Ação penal no concurso de crimes.


Concursos formal, material e crimes conexos. Obrigatório o litisconsórcio.

VII - Imunidade parlamentar formal ou processual.

A imunidade parlamentar pode ser : Material. Formal ou processual.


A imunidade parlamentar formal ou relativa constitui prerrogativas processuais, por
medida de utilidade pública : Os deputados e senadores : quanto aos delitos aos quais não se
aplica a causa funcional de exclusão de pena não podem ser presos, salvo flagrante de crime
inafiançável, desde a expedição do diploma até a inauguração da legislatura seguinte (art. 53,
§§ 1º, 2º e 3º, CF). Quanto aos referidos crimes, iniciada a ação penal mediante denúncia ou
queixa, a ação penal só pode prosseguir em face de licença da Câmara ou do Senado (§ 1º,
parte final). A licença constitui condição de prosseguibilidade e não procedibilidade.
Deputados estaduais : art. 27, § 1º, CF.
102

DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

I - Conceito de punibilidade.

II - Condições objetivas de punibilidade.


Art.7º, § 2º, b e c, CPB.

III - Causas extintivas da punibilidade.


Art. 107 do CPB. É norma exaustiva ou enumerativa (exemplificativa) ?.
Exemplificativa. Exs. art. 82 CPB. Art. 90 CPB. Art. 240, § 2º, CPB. Art. 7º, § 2º, d, CPB.
Art. 312, § 3º, 1ª parte, CPB.

IV - Escusas absolutórias.
São causas que fazem com que a um fato típico e antijurídico, não obstante a
culpabilidade do sujeito, não se associe pena alguma por razões de utilidade pública. Situam -
se na parte especial do CPB.
Art. 181, I e II, CPB. Art. 348, § 2º, CPB.

V - Momento de ocorrência das causas extintivas da punibilidade.


Relevante para a reincidência e outros efeitos da sentença condenatória irrecorrível.
Regra geral : ocorrendo após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória
haverá a reincidência. Duas exceções : abolitio criminis e anistia.
Hipóteses do art. 107 CPB.

VI - Efeitos da extinção da punibilidade.


Regra geral : só alcançam o direito de punir do Estado. Subsistem o crime com todos
os seu requisitos e a sentença condenatória irrecorrível.
Exceção : abolitio criminis e anistia : apagam o fato praticado pelo agente e rescindem
a sentença condenatória irrecorrível.
As causas extintivas da punibilidade têm efeito ex tunc ou ex nunc.

VII - Análise do art. 108 CPB.

VIII - Imunidade parlamentar material.


103
A imunidade parlamentar pode ser : material; formal ou processual.
Art. 53, caput, CF. Imunidade material. Constitui causa funcional de exclusão ou
isenção de pena.
Inviolabilidade quanto aos delitos de opinião : incitamento a crime; vilipêndio oral a
culto religioso; apologia de crime ou criminoso, calúnia, difamação e injúria.
Deputados estaduais : art. 27, § 1º, CF.
Vereadores : art. 142, III, CPB. Art. 29, VI, CF.

IX - Abolitio Criminis.
Art. 107, III, CPB.

PERDÃO JUDICIAL.

I - Conceito e elenco.
É o instituto pelo qual o juiz não obstante comprovada a prática da infração penal pelo
sujeito culpado, deixa de aplica a pena em face de justificadas circunstâncias. Exs. art. 121, §
5º CPB; Art. 129, § 8º, CPB.; Art. 176, § único, CPB; Art. 180, § 3º, CPB, etc.

II - Natureza jurídica.
Art. 107, IX, CPB.

III - Distinções.
Perdão do ofendido. Arts. 105/107, V, parte final CPB.
Escusas absolutórias.

IV - Extensão.

V - Natureza jurídica da sentença concessiva.


A sentença que concede o perdão judicial é condenatória ou absolutória ?
É condenatória para Damásio. Art. 120 CPB. Art. 59 CPB.
Súmula 18 do STJ : é declaratória da extinção da punibilidade.

DA MORTE DO AGENTE

I - Introdução.
Art. 107, I, CPB.
104
A responsabilidade penal é personalíssima.

II - Prova.
Art. 62 CPP.
Certidão de óbito falsa. Art. 89 CPP.

DA ANISTIA, GRAÇA E INDULTO

I - Introdução.
Art. 107, III, CPB.
Arts. 187 e segs. LEP - execução da indulgência soberana.

II - Anistia.
É o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais. Deve ser concedida em
casos excepcionais, para apaziguar os ânimos, acalmar as paixões sociais, etc.
Anistia comum. Anistia especial. Crimes hediondos.
Art. 5º, XLII e Lei 8072/90.
Quem pode conceder a anistia : arts. 21, XVII e 48, VIII, CF.
A anistia é lei penal e depois de concedida não pode ser revogada. Art. 5º, XXXVI e
XL, CF.
Refere - se a fatos ou pessoas ? Quais os seus efeitos ?
Rescinde a sentença penal condenatória ? Impede a execução da sentença condenatória
para efeito de reparação do dano ?
Formas de anistia : própria; imprópria; geral ou plena; parcial ou restrita;
incondicionada; condicionada.
Pode ser recusada ? Estende - se a pena de multa ?
Diferenças entre anistia (exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a
punibilidade, graça e indulto. Anistia condicionada e Indulto condicionado. Entre anistia e
abolitio criminis.
Art. 96, § único, CPB.

III - Graça e indulto.


Distinção entre graça e indulto. Entre anistia e indulto e graça.
Arts. 188 e 189 LEP. Art. 739 CPP.
Quem concede a graça e o indulto : Art. 84, XII, CF. § único (delegação). A CF não
menciona a graça. Na LEP é tratada como indulto individual.
105
Exemplo de indulto : Dec. 1860 de 13/04/96 - não beneficiou os autores do crime de
roubo - art. 157, § 2º, II e III.
A graça e o indulto pressupõem sentença condenatória irrecorrível ?
Quais os efeitos da graça e do indulto ? Impedem a execução da sentença condenatória
no juízo cível para efeito de reparação do dano ?
O indulto se estende à pena de multa ? Art. 192 LEP.
A graça e o indulto podem ser : plenos; parciais.
Podem ser recusados ?
Graça, indulto e crimes hediondos.

RENÚNCIA E PERDÃO

I - Conceito de renúncia do direito de queixa.


É a abdicação do ofendido ou de seu representante legal do direito de promover a ação
penal.
Art. 107, V, 1ª parte, CPB. Art. 104 CPB.
Arts. 48 e 49 CPP.

II - Oportunidade da renúncia.
Art. 104, caput, CPB. Art. 103 do CPB.
Cabimento na ação penal privada subsidiária da pública.(Art. 29 CPP).

III - Formas de renúncia.


Art. 104, caput, CPB. Renúncia expressa (art. 50 CPP) e tácita (art. 104, § único, 1ª
parte, CPB).
Concurso de pessoas. Exclusão de um dos autores indica renúncia tácita ? Art. 49 CPP.
Indenização do dano causado pelo crime e renúncia tácita ? Art. 104, § único, 2ª parte, CPB e
art. 74, § único, Lei 9099/95.
Dupla subjetividade passiva e renúncia de uma das vítimas.
Morte da vítima. A renúncia do cônjuge importa a renúncia das outras pessoas enumeradas no
art. 31 CPP ?
Art. 34 do CPP e Art. 50, § único, CPP.

IV - Conceito de perdão aceito como causa de extinção da punibilidade.


106
Perdão é o ato pelo qual, iniciada a ação penal privada, o ofendido ou seu
representante legal desiste de seu prosseguimento. Art. 105, caput, CPB. Art. 107, V, 2ª
figura, do CPB.
Diferença : Perdão do ofendido e Perdão judicial.
Não cabe na ação penal privada subsidiária da pública.

V - Oportunidade do perdão.
Art. 106, § 2º, CPB.

VI - Formas do perdão.
Art. 106, caput, e § 1º, do CPB : processual - art.106, caput, 1ª figura, CPB;
extraprocessual - art. 106, caput, 2ª figura, CPB; expresso - arts. 50, 56 e 58 do CPP e art.
106, caput, 3ª figura, CPB; e tácito - art. 106, § 1º, CPB.

VII - Titularidade da concessão do perdão.


Ofendido menor de 18 anos.
Art. 52, CPP. Arts. 50 e 56 CPP.
Art. 106, II, CPB.

VIII - Aceitação do perdão.


Art. 106, III, CPB.
Motivo da exigência da aceitação do perdão.
Aceitação do perdão - querelado menor de 21 anos e maior de 18 anos - Arts. 52 e 54 CPP.
Art. 53 CPP. (Novo Código Civil).
A aceitação pode ser : processual (expressa ou tácita- art. 58, caput, e § único, CPP);
extraprocessual; expressa (art. 59, CPP) e tácita.

IX - Efeitos do perdão aceito no concurso de pessoas.


Art. 51, CPP; art. 106, I e III, CPB.

DECADÊNCIA E PEREMPÇÃO

I - Decadência do direito de queixa e de representação.


Art. 107, IV, 2ª figura, CPB. Art. 103, CPB.
Decadência - é a perda do direito de ação do ofendido em face do decurso do tempo.
Decadência na ação penal privada e na ação penal pública condicionada.
107
Não se aplica à requisição do Ministro da Justiça.
Diferença entre decadência e prescrição. Ex. rapto consensual com restituição da
vítima (15 anos), que conta o crime aos pais quando completa 20 anos. Eles oferecem queixa.
Deve ser rejeitada pela prescrição. Exemplo inverso. Ação penal privada subsidiária da
pública.

II - Titularidade do direito de queixa ou de representação e decadência.


Arts. 34 e 38 CPP. Art. 103 CPB.
Súmula 594 do STF. Novo Código Civil.

III - Perempção da ação penal.


Querelante e querelado.
Art. 107, IV, 3ª figura, CPB.
Perempção deriva de perimir, extinguir, pôr termo a alguma coisa. É a perda do direito
de demandar o querelado pelo mesmo crime em face da inércia do querelante, diante do que o
Estado perde o direito de punir.
Só é possível na ação penal exclusivamente privada. Art. 60, caput, CPP.
Cabe após o início da ação penal privada. Antes, tem incidência a prescrição, a
decadência ou a renúncia.

IV - Casos de perempção da ação penal.


Art. 60, CPP. Arts. 236 e 240 CPB.

RETRATAÇÃO DO AGENTE

I - Conceito.
Art. 107, VI, CPB.

II - Casos.
Art. 143 CPB - somente possível na ação penal privada.
Antes da sentença - antes do juiz proferir sentença, não se tratando de decisão
irrecorrível.
Leva - se em conta a data da publicação da sentença.
Precisa ser cabal.
Art. 26 da Lei 5250/67 - possível em todos os crimes contra a honra.
108
Art. 342, § 3º CPB - Só é possível até a sentença final do procedimento em que foi
praticado o falso testemunho.

CASAMENTO SUBSEQÜENTE

VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

DA PRESCRIÇÃO

I - Conceito e natureza jurídica.


Prescrever - ficar sem efeito um direito por ter decorrido certo prazo legal. Prescrição
é a perda de um direito em face de seu não exercício dentro de certo prazo.
Prescrição penal é a perda da pretensão punitiva ou pretensão executória do Estado
pelo decurso do tempo sem o seu exercício.
Art. 107, IV, 1ª figura, do CPB. Efeitos da incidência anterior ou posterior ao trânsito
em julgado da condenação.

II - Pretensão punitiva e pretensão executória.

III - Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória.


O decurso do tempo incide sobre as duas formas de pretensão. Daí falar-se em :
prescrição da pretensão punitiva (art. 109 CPB) e prescrição da pretensão executória (art. 110
CPB).
Exemplos.

IV - Imprescritibilidade.
Art. 5º, XLII CF e Lei 7716/89.
Art. 5º, XLIV CF.

V - Prescrição da pretensão punitiva.


Art. 109 CPB.
Pena abstrata (cominada) - simples, causa de aumento ou diminuição de pena,
qualificadora.
109
As circunstâncias agravantes e atenuantes não influem no prazo prescricional. Exceção
: art. 115 CPB.
Exemplos.
Desclassificada a infração penal para outra de menor gravidade, a decisão tem efeito
retroativo, alcançando os termos iniciais. Ex. denúncia por tentativa de homicídio em 1973.
Em 1978 na fase da pronúncia o Juiz desclassifica o crime para lesão corporal leve. Essa nova
capitulação deve ser considerada para o fim de ser declarada extinta a punibilidade em face da
pena abstrata (04 anos, contados a partir da data do recebimento da denúncia).
Concurso de crimes - art. 119 CPB.
Reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, deve ser decretada a extinção da
punibilidade nos termos do art. 61 CPP.
Art. 337 CPP.
Art. 110, caput, CPB e art. 67, II, CPP.

VI - Prescrição da pretensão executória.


Art. 110, caput, CPB. Exemplos.
Art. 109, § único, CPB.
Condenado reincidente - art. 110, caput, final, CPB. A sentença condenatória deve
reconhecer a reincidência.
Concurso de crimes : art. 119 CPB.
Redução da pena pela graça e indulto.
Não corre a prescrição da pretensão executória durante o período de prova do sursis e
do livramento condicional. Art. 112, I, CPB.
Efeitos do reconhecimento da prescrição da pretensão executória nos termos do art.
110, caput, CPB. Art. 336 e § do CPP. Art. 91, I, CPB e arts. 63 e 67, II, CPP.

VII - Prescrição superveniente à sentença condenatória.


Art. 109, caput e art. 110, §§ 1º e 2º do CPB.
Regra geral : antes do trânsito em julgado da sentença final o prazo prescricional deve
ser considerado em face da pena máxima cominada.
Primeira exceção : caso em que apesar de tratar - se da prescrição da pretensão
punitiva, não é a pena em abstrato que regula o prazo, mas a pena em concreto, i.e., a imposta
pelo juiz na sentença. Art. 110, § 1º, CPB. A partir da publicação da sentença condenatória
começa a correr o prazo prescricional regulado pela pena concreta. Quando a situação não
mais pode ser alterada em prejuízo da defesa. A pena será mantida ou reduzida.
110
É forma de prescrição da pretensão punitiva que rescinde a própria sentença
condenatória.
É contada da data da publicação da sentença até a data do acórdão do tribunal.
Somente impede a prescrição superveniente ou intercorrente o recurso da acusação
que visa à agravação da pena privativa de liberdade. Mesmo assim apenas quando provido.
Também não impede a aplicação se provido não altere o prazo prescricional.
Art. 336, § único, CPP.

VIII - Prescrição retroativa. (2ª exceção)


Art. 110, §§ 1º e 2º c.c. art. 109, CPB.
A prescrição retroativa está discriminada no § 2º.
Natureza jurídica.
Constitui forma de prescrição da pretensão punitiva.
Tem por fundamento o princípio da pena justa.
Contagem do prazo prescricional.
Arts. 109 e 111 CPB.
Ex. Condenado por três meses de detenção. Sentença transita em julgado para a
acusação. Denúncia recebida em 04/04/80, 03 meses após a data do fato. Sentença publicada
em 10/05/82, dois anos após o recebimento da denúncia.
Princípios.

IX - Espécies de penas e prescrição. (pretensão punitiva ou executória)


Art. 118 CPB. Multa e penas restritivas de direitos.
Multa - quando é a única cominada, aplicada ou que resta a cumprir - art. 114 CPB.
É inaplicável ao concurso de crimes, disciplinado pelo art. 119 CPB.

X - Termos iniciais da prescrição da pretensão punitiva.


Art. 111 CPB.
I - Exceção ao princípio do tempo do crime. Na prescrição adota - se a teoria do resultado.
Consumação nos crimes materiais, formais, de mera conduta, omissivos,
preterdolosos, culposos.
II - Tentativa.
III - Crime permanente. Ex. art. 148 CPB.
Crime habitual - a prescrição tem início na data da prática do último ato delituoso.
Crime continuado - art. 119 CPB.
111
IV - Crimes de bigamia e de falsificação ou de alteração de assentamento de registro civil
(arts. 235 e 299, § único).
Arts. 241 e 242 CPB.
Contagem do prazo : art. 10 CPB.
XI - Termos iniciais da prescrição da prescrição da pretensão executória.
Art. 112 CPB.
II - Arts. 41 e 42 CPB.
Contagem do prazo - art. 10 CPB.
XII - Prescrição no caso de evasão do condenado ou de revogação do livramento condicional.
Art. 113 CPB.
Ex. preso foge. seis meses de pena para cumprir. Art. 112, II, 1ª parte e art. 109, VI
CPB.
Revogação do livramento condicional por em virtude de sentença irrecorrível pela
prática de crime anterior à sua vigência, faltando um ano para o término do período de prova.
Arts. 86, II e 88, CPB. Art. 112, I, última figura e art. 109, V, CPB.

XIII - Multa.
Art. 114 CPB : Cinco casos de prescrição da pretensão punitiva e executória da multa.
I - Arts. 110, § único e 117, IV, CPB
Inexiste prescrição da pretensão executória penal da multa. Art. 144 CTN.
II - Art. 118 CPB.
Art. 115 CPB.
O aumento da reincidência não se aplica à multa. O art. 110, caput, final, diz respeito apenas
ao art. 109 CPB.

XIV - Redução dos prazos de prescrição em face da idade do sujeito.


Art. 115 CPB. Aplicável aos prazos prescricionais dos arts. 109, 110 e 113 CPB.

XV - Causas suspensivas ou impeditivas da prescrição.


Art. 116 CPB.
Diferença entre causa suspensiva e interruptiva.
I - Questão prejudicial - arts. 92 a 94 CPP. Ex. art. 235, § 2º, CPB.
II - Cumprimento de pena no estrangeiro - porque não pode ser extraditado.
§ único - Cumprimento de pena no Brasil.
CF - mais dois casos : Art. 53, § 2º.
112
Mais três causas suspensivas da prescrição : Art. 89, § 6º, Lei 9099/95. Art. 366 CPP. Art.
368 CPP.

XVI - Causas interruptivas da prescrição.


Art. 117 CPB.

Causas interruptivas da prescrição

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

IV - pela sentença condenatória recorrível; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de


11.7.1984)

IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; (Redação


dada pela Lei nº 11.596, de 2007).

V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação dada pela Lei nº


9.268, de 1º.4.1996)

VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996)

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da


prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos,
que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a
qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
113
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o
prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

II - Art. 408, caput, CPP.


IV - Sentença que concede o perdão judicial.
Acórdão condenatório : réu absolvido em 1º grau e condenado pelo tribunal, em decisão não
unânime e por isso sujeita a embargos infringentes.
No caso de sentença condenatório e acórdão confirmatório.
Só interrompe o prazo prescricional a condenação recorrível.
V - início do cumprimento da pena e fuga do condenado.
Multa paga em prestações.
VI - Reincidência - prescrição interrompida pela prática de novo crime. Interrupção
condicionada a efetiva condenação do réu. É inaplicável à prescrição da pretensão punitiva -
Súmula 120 do STJ.

Parte Geral e Parte Especial do Código Penal.

Parte Geral - explicação. Normas penais incriminadoras e nâo incriminadoras


(permissivas, complementares ou explicativas).

Parte Especial - explicação. Normas penais em sentido amplo e em sentido estrito.

Classificação legal dos crimes em espécie. Leva em conta a natureza e a importância


do objeto jurídico. Títulos (explicar a diferença entre título genérico- se refere a um gênero de
fatos, os quais recebem títulos particulares e título específico - é a denominação jurídica do
crime - nomen juris - que pressupõe todos os seus elementos).Capítulos e Seções.

Crimes contra a vida.


Proteção penal da pessoa humana e jurídica - art. 5º, caput r inciso XXXVIII, "d" da
CF) .
Consentimento do ofendido. Efeitos (causa excludente da tipicidade e causa
excludente da ilicitude da conduta). Requisitos.
114

Classificação dos crimes contra a vida. Homicídio. Participação em suicídio.


Infanticídio. Aborto.
Quanto ao elemento subjetivo - dolosos e culposos.

3 - Homicídio.
Conceito. Morte. Lei 9434/97.
Formas típicas (quanto ao aspecto objetivo - simples ou fundamentais, qualificadas e
privilegiadas; quanto ao aspecto subjetivo/normativo - doloso e culposo; norma penal
permissiva - § 5º) e objetividade jurídica. (diferença entre objeto jurídico e objeto material)
Sujeitos (ativo e passivo-genocídio e crime contra a segurança nacional. Homicídio
qualificado pela idade da vítima) do delito e qualificação doutrinária (crime comum, material,
simples, de dano, instantâneo e de forma livre)
Elementos objetivos do tipo (são os que se referem á materialidade da infração penal,
no que concerne á forma de execução, tempo, lugar etc. São também chamados descritivos.
Crime de forma livre. Admite qualquer forma de execução. Pode ser cometido por omissão ou
comissão, material ou moralmente, direta ou indiretamente.
Relevância causal da omissão.
Homicídio e nexo de causalidade.

Elemento subjetivo e normativo do tipo (dolo e culpa). O tipo do homicídio doloso : conceito
e elementos.
Espécies de dolo no homicídio : direto ou determinado, indireto ou indeterminado (alternativo
e eventual).

Consumação e tentativa (perfeita-crime falho e imperfeita; tentativa qualificada). Morte.

Homicídio privilegiado. Art. 65, III, "a" e "c", CPB. Homicídio qualificado-privilegiado.

Homicídio qualificado.( que resultam dos motivos determinantes, dos meios, da forma e da
conexão com outro crime ).
Homicídio e crime hediondo (lei 8072/90). Duas ou mais qualificadoras.
Tortura - lei 9455/97.

Causa de aumento da pena em face da idade da vítima.


115
Homicídio culposo (art. 121, § 3º CPB). Tipos de culpa : própria e imprópria; consciente e
inconsciente. Homicídio culposo qualificado( § 4º, 1ª parte).

Aumento de pena

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de


inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº
10.741, de 2003)

Homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 CTB).

Perdão judicial (art. 107, IX, CPB). - art. 121, § 5º CPB.


Para Damásio e o STF é condenatória a sentença que concede o perdão judicial, que apenas
exclui a aplicação de seus efeitos principais (aplicação das penas e medidas de segurança),
subsistindo suas conseqüências reflexas ou secundárias, entre as quais se incluem a
responsabilidade pelas custas, o lançamento do nome do réu no rol dos culpados etc.
Prevalece hoje a orientação de que a sentença é declaratória da extinção da punibilidade, não
gerando efeito condenatório (súmula 18 do STJ).

Pena e ação penal.

PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO.

1. Introdução.
Suicídio - Não constitui ilícito penal, mas é ato que contraria o ordenamento jurídico. (art.146,
§3º, II, do CPB)
Criminosa é a conduta de participar em suicídio (art. 122 CPB)
2. Objetividade jurídica.
Direito à vida. Exige o tipo a morte ou lesão corporal de natureza grave.
3. Natureza jurídica da morte e das lesões corporais de natureza grave.
Constituem elementares do tipo.
4. Conduta da própria vítima.
O legislador leva em conta o ato da vítima que destrói a própria vida ou cause lesão corporal
de natureza grave.
116
Vítima de resistência nula será homicídio (autoria mediata). Necessidade de a vítima ter
capacidade de resistência.
Vítima forçada à conduta através de violência ou grave ameaça - homicídio (autoria mediata).
Ato material praticado pela própria vítima.
5. Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - qualquer pessoa, salvo a de resistência nula. É necessário que seja
determinada.
6. Elementos objetivos do tipo.
Participação moral - induzimento e instigação.
Participação material - auxílio.
Crime de conduta múltipla e de conteúdo variado.
7. Elemento subjetivo do tipo.
É o dolo, vontade livre e consciente de induzir, instigar ou auxiliar a vítima a suicidar - se.
Exige - se ainda, o elemento subjetivo do injusto, contido no cunho de seriedade que o sujeito
imprime ao seu comportamento, no sentido de que a vítima venha a destruir a própria vida.
8. Qualificação doutrinária.
Delito material, de dano, instantâneo, comissivo, de ação livre, de conteúdo variado ou
alternativo, comum, principal, simples e plurisubsistente.
9. Consumação e tentativa.
Consumação - com a morte ou lesão corporal de natureza grave.
Não há tentativa.
10. Figuras típicas qualificadas.
Motivo egoístico.
Menoridade da vítima.
Redução de capacidade de resistência da vítima.
11. Hipóteses várias.
a) Pacto de morte.
b) Roleta russa.
c) Resultado diverso do pretendido.
12. Pena e ação penal.

INFANTICÍDIO

I - Introdução.
117
Artigo 123 do CPB. Não constitui forma típica privilegiada de homicídio, mas delito
autônomo com denominação jurídica própria.

II - Critérios de conceituação legal do infanticídio.


- Psicológico - motivo de honra.
- Fisiopsicológico - estado puerperal.
- misto - honra e estado puerperal.

III - Objetividade jurídica.


Direito à vida do neonato e do nascente.

IV - Sujeitos do crime.
Sujeito ativo - só a mãe. Crime próprio.
Sujeito passivo - neonato ou nascente.

V - Infanticídio e aborto.
O fato para ser qualificado como infanticídio deve ser praticado durante o parto ou logo após.
Fases do parto - dilatação, expulsão do nascente, expulsão da placenta. ( antes é aborto).

VI - Influência do estado puerperal.


É perturbação da saúde mental. conjunto das perturbações psicológicas e físicas sofridas pela
mulher em face do fenômeno do parto.
Deve existir nexo causal entre o estado puerperal e a morte do nascente ou neonato.
Estado puerperal como doença mental - art. 26, caput, CPB. - Exclusão da culpabilidade.
Estado puerperal e perturbação da saúde mental - art. 26, § único do CPB.- Infanticídio com a
pena atenuada.
Estado puerperal como simples influência psíquica fora dos casos do art. 26 e seu parágrafo -
Infanticídio.
Estado puerperal que não causa perturbação psicológica alguma na mulher - homicídio.

VII - Elemento típico temporal.


Tempo como elementar ou circunstância.
"Logo após" - enquanto perdura o estado puerperal.

VIII - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
118

IX - Meios de execução.
Qualquer meio de execução - delito de forma livre. Meios diretos e indiretos, comissivos e
omissivos.

X - Qualificação doutrinária.
Delito próprio, de dano, material, instantâneo, comissivo ou omissivo impróprio, principal,
simples, de forma livre e plurisubsistente.

XI - Consumação e tentativa.
Consumação - com a morte do nascente ou neonato. É crime material, sendo possível a
tentativa.

XII - concurso de pessoas.


É possível o concurso de pessoas.
Influência do estado puerperal e parentesco são elementares do tipo, portanto, comunicam - se
entre os fatos dos participantes. (art. 30 CPB).
A matéria deve ser analisada diante das determinações dos artigos 29, caput, e 30 do CPB.
Podem ocorrer três hipóteses :
a - a mãe e o terceiro matam.
b - a mãe mata a criança com a participação acessória do terceiro.
c - o terceiro mata a criança, com a participação acessória da mãe.

XIII - Questões várias.


artigos 61, II, e. ; 61, II, h.

XIV - Pena e ação penal.

ABORTO

I - Conceito.
É a interrupção da gravidez com a conseqüente morte do feto (produto da concepção).
O correto seria abortamento, que indica a conduta de abortar e não aborto que significa o
produto da concepção cuja gravidez foi interrompida.
Formas de aborto - natural, acidental, criminoso, legal ou permitido.
Natural - interrupção espontânea da gravidez.
119
Acidental - geralmente em conseqüência de traumatismo.
Legal ou consentido - aborto terapêutico; aborto eugenésico ou eugênico; aborto social ou
econômico.
CPB - duas formas de aborto legal : aborto necessário ou terapêutico e aborto sentimental ou
humanitário (artigo 128)
Criminoso - artigos 124 a 127.

II - Objetividade jurídica e qualificação doutrinária.


Objeto da tutela penal é a vida do feto.
Auto aborto - direito à vida, cujo titular é o feto.
Aborto provocado por terceiro - vida do feto; vida e incolumidade física e psíquica da
gestante.
Crime material, instantâneo, de dano, de forma livre (qualquer meio, ação ou omissão, físico,
químico, mecânico, material ou moral)
O auto aborto é delito próprio.

III - Figuras típicas.


- aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento (art.124).
- aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (art. 125).
- aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (art. 126).
- aborto qualificado (art. 127).
- aborto legal (art. 128).

IV - Sujeitos do delito e objetos materiais.


Auto aborto.
Sujeito ativo - gestante.
Sujeito passivo - produto da concepção. (óvulo fecundado, embrião ou feto).
Aborto provocado por terceiro.
Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - dupla subjetividade passiva - feto e gestante.
Os objetos materiais confundem - se com os sujeitos passivos.
Exige - se prova de vida do sujeito passivo imediato. A sua morte como decorrência da
interrupção da gravidez, deve ser resultado direto dos meios abortivos.

V - Elementos objetivos do tipo.


O crime é de forma livre.
120
Núcleo dos tipos é o verbo provocar. Qualquer meio idôneo.
Meios : químicos (fósforo, mercúrio); físicos, que podem ser mecânicos, térmicos, elétricos.
Os mecânicos podem ser diretos e indiretos; e psíquicos.

VI - elemento subjetivo do tipo.


Dolo. direto e eventual.
Aborto qualificado pelo resultado (art. 127 CP).

VII - Consumação e tentativa.


Crime material, o aborto atinge o momento consumativo com a produção do resultado morte
do feto, em conseqüência da interrupção da gravidez.
Tentativa.

VIII - Auto - aborto.


Artigo 124 do CPB.
Concurso de pessoas. Participação 1ª e 2ª partes.
Auto aborto terapêutico ou sentimental. (art. 24 CPB).

IX - Aborto provocado sem o consentimento da gestante.


Artigo 125 do CPB.
Dissentimento real ou presumido. (art. 126, par. único, CPB).

X - Aborto consensual.
Artigo 126 do CPB.
obs. artigos 124, 2ª parte e 126 - exceção pluralísitca da teoria unitária ou monística.
Consenso irrelevante - trata - se de bens jurídicos indisponíveis.
É exigida a capacidade da gestante para consentir. (art. 126, par. único; 26, caput - caso em
que o fato desloca - se para o tipo do art. 125).
O consentimento deve perdurar durante toda a conduta.
Formas típica : simples e qualificada.
Sujeito ativo - o terceiro (qualquer pessoa).
Sujeitos passivos - gestante e feto.

XI - Aborto qualificado.
Artigo 127 CPB. Resultado qualificador, de natureza preterdolosa ou preterintencional,
proveniente do aborto e dos meios empregados na provocação do aborto.
121
Formas qualificadas aplicadas apenas aos artigos 125 e 126.

XII - Aborto legal.


Artigo 128, I (aborto necessário) e II (aborto sentimental ou humanitário). Figuras típicas
permissivas. Causas de exclusão da antijuridicidade.

XIII - Pena e ação penal.

LESÕES CORPORAIS

I - Conceito - É a ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem, descrita no art. 129 e


parágrafos do CPB.
Objetividade jurídica - com a incriminação o estatuto penal visa proteger a integridade
física e fisiopsíquica de pessoa humana.

II - Sujeitos do crime.
Qualquer pessoa. Crime comum.
Art. 129, §§ 1º, IV e 2º, V - mulher grávida.
Art. 129, § 7º - menor de 14 anos de idade.

III - Qualificação doutrinária.


Crime de forma livre. Com relação a certos crimes, constitui delito consunto (lesão
corporal e homicídio - crime progressivo) ou subsidiário, naqueles onde a violência física é
meio de execução (constrangimento ilegal, roubo, extorsão, estupro, atentado violento ao
pudor) ou qualificadora (dano com violência à pessoa, mediação para servir à lascívia de
outrem com violência real, favorecimento da prostituição com violência física contra a vítima
etc.). É crime material, de dano, instantâneo, unisubjetivo, plurisubsistente.

IV - Figuras típicas.
lesão corporal simples - art. 129, caput.
lesão corporal qualificada - §§ 1º, 2º e 3º.
lesão corporal privilegiada - §§ 4º e 5º.
lesão corporal culposa :
simples - § 6º.
qualificada - § 7º.
Perdão judicial - § 8 º.
122

Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,


ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §
9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for
cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

V - Auto lesão.
Impunível.
Art. 171, § 2º, V CPB.

VI - Elementos objetivos do tipo.


Consiste em constranger a integridade corporal ou a saúde física ou mental de outrem.

VII - Elemento subjetivo e normativo do tipo.


Dolo (caput), culpa ( §§ 6º e 7º) e preterdolo(§§ 1º, 2º e 3º).

VIII - Momento consumativo e tentativa.

IX - Questões várias.
Lesão corporal e estrito cumprimento do dever legal.
Lesão corporal e exercício regular de direito.
Lesão corporal e coação para impedir o suicídio (art. 146, § 3º, II, CPB).
Lesão corporal e vias de fato (art. 21, LCP).
Lesão corporal e dor.
Lesão corporal e omissão.
Tentativa de lesão corporal como crime autônomo - arts. 130, § 1º e 131 CPB.
Lesão corporal e perigo para a vida ou a saúde de outrem (art. 132 CPB).

X - Lesão corporal de natureza leve.


123
XI - Lesões corporais de natureza grave.
Sentido lato - art. 129, §§ 1ºe 2º.
Sentido estrito - art. 129, § 2º (gravíssima - qualificação doutrinária).

XII - Lesões corporais graves em sentido estrito.


Art. 129, § 1º CPB.
Circunstâncias qualificadoras.
Figuras típicas :
incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias
(31 dias ou mais).
perigo de vida.
debilidade permanente de membro sentido ou função.
aceleração de parto.

Em regra são crimes qualificados pelo resultado de natureza preterdolosa ou


preterintencional. O disposto nos incisos I, III e IV permitem também a punição a título de
dolo.
São circunstâncias de natureza subjetiva.

Inciso I - Ocupações habituais por mais de trinta dias - qualquer ocupação lícita.
Exame de corpo de delito.
Inciso II - Perigo de vida. É perigo concreto. Necessita ser investigado e comprovado
por perícia. O êxito letal deve ser provável e não simplesmente possível.
Se houver dolo quanto ao resultado - tentativa de homicídio.
Preterdolo e morte da vítima - art. 129, § 3º CPB.
Inciso III - debilidade permanente de membro, sentido ou função.
Membros superiores - braço, antebraço e mão.
Membros inferiores - coxa, perna e pé.
Sentidos - visão, olfato, paladar, tato e audição.
Função - é a atividade de um órgão.
Debilidade - é a diminuição da capacidade funcional. ( a perda de um órgão duplo).
Permanência - não é perpetuidade. Basta ser duradoura.
Inciso IV - aceleração (antecipação) de parto. Ocorre quando o feto, em virtude da
lesão corporal produzida na vítima, vem a ser expulso antes do período determinado para o
nascimento.
124
XIII - Lesões corporais gravíssimas.
Inciso I - Incapacidade permanente para o trabalho - Permanência = duradoura. Sempre que
não se possa fixar o limite temporal da incapacidade, deve ser considerada permanente.
Considera - se o trabalho genérico, qualquer espécie de trabalho.
Inciso II - Enfermidade incurável - Incurabilidade absoluta e relativa.
Inciso III - Perda ou inutilização de membro, sentido ou função - Perda é a ablação do
membro ou órgão. Inutilização é a inaptidão do órgão à sua função específica.
Inciso IV - Deformidade permanente - é o dano estético de certa monta, permanente, visível,
irreparável e capaz de causar impressão vexatória. Refere - se a tudo que desfigure uma
pessoa, de forma permanente e grave. É deformidade irreparável em si mesma ou incurável
por meios comuns.
Inciso V - Aborto - resultado preterdoloso.
Diferença - art. 129, § 2º, V e art. 127 CPB.

XIV - Lesão corporal seguida de morte.

XV - Lesões corporais privilegiadas. ( §§ 4º e 5º)


Só aplicável aos §§ 1º, 2º e 3º .
Ao caput aplica - se o disposto no § 5º, I.
Reciprocidade de lesões leves - § 5º, II.

XVI - Causa de aumento de pena em face da idade da vítima.

XVII - Lesão corporal culposa.


Art. 303 CTB.

XVIII - Perdão judicial.

XIX - Pena e ação penal.


Lesão leve e culposa - art. 88, Lei 9099/95.
CRIMES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA

Generalidades.
Estão descritos nos arts. 130 a 136 do CP. São crimes subsidiários.
Princípio da especialidade - arts. 130, § 1º e 131 CPB ( constituem tentativa de lesão
corporal)
125
Elemento subjetivo dos crimes de periclitação da vida e da saúde - dolo de perigo,
direto ou eventual.

Diferença entre dolo de perigo e dolo de dano.

Crimes formais com dolo de dano - arts. 130, § 1º e 131 CPB.

Formas de perigo : abstrato, concreto, individual e comum (ou coletivo).


Perigo abstrato é o presumido, advindo da simples prática da conduta positiva ou
negativa. Há presunção do perigo.
Perigo concreto é o que deve ser provado caso por caso. Há demonstração do perigo.
Perigo individual é o que atinge pessoa determinada.
Perigo comum ou coletivo é o que atinge número indeterminado de pessoas.

Quanto a quantidade do perigo - deve haver probabilidade de dano e não simples


possibilidade.

PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO.

Conceito e objetividade jurídica.

Art. 130, "caput", CPB.


É delito de perigo.

Art. 130, § 1º - crime formal com dolo de dano.

Saúde física da pessoa humana.

Figuras típicas.
três figuras típicas.

Exposição ao contágio.
Pode ocorrer através de relações sexuais ou qualquer ato de libidinagem.
Contágio venéreo = lesão corporal.
Doença venérea produzindo perigo de vida = sujeito sabia que estava contaminado e
assumiu o risco da contaminação - lesão corporal seguida de perigo de vida.
126

Consentimento do ofendido.

Sujeitos do crime.

Elementos objetivos do tipo.


Expor - colocar em perigo.
Ato libidinoso é qualquer um que sirva para satisfazer o instinto da libido.

O tipo penal exige o contato corpóreo entre o sujeito ativo e passivo.


Expor alguém = homens e mulheres.

Norma penal em branco - doenças venéreas definidas em portaria médica.

Elemento subjetivo do tipo.


Sabe - o agente tem plena consciência do seu estado (dolo direto e eventual)
Deve saber - o agente percebe alguns sinais de doença venérea, mas não tem certeza de sua
infecção e, quiçá, contaminação, e , no entanto, mantém relação sexual sem tomar qualquer
precaução, expondo alguém a perigo. Na dúvida, não deveria agir.
A dúvida pode ser quanto a estar contaminado (deve saber) ou natureza a natureza contagiosa
da doença (sabe que está contaminado). O dolo eventual pode configurar-se no sabe e no deve
saber.
"Caput" - dolo de perigo direto ou eventual.
§ 1º - dolo direto de dano.

Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, simples, comum, instantâneo, comissivo e de forma
vinculada.
§ 1º descreve um crime formal.

Consumação e tentativa.
Com a prática das relações sexuais ou dos atos de libidinagem.
É possível a tentativa.

Figura típica qualificada.


art. 130, § 1º CPB.
127
Art. 129, §§ 1º, 2º e 3º CPB. AIDS.

PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 131 CPB.

O legislador protege a vida e a saúde da pessoa humana.


É delito formal com dolo de dano (crime de consumação antecipada).

Sujeitos do crime.
Sujeito ativo - qualquer pessoa contaminada de moléstia grave.
Sujeito passivo - qualquer pessoa.

Elementos objetivos do tipo.


Moléstia grave e contagiosa.(febre amarela, varíola, difteria, tuberculose,
poliomielite...)
É norma penal em branco.
Os meios para o contágio podem ser diretos e indiretos.

Elementos subjetivos do tipo.


Dois elementos - dolo e o fim especial de agir - com o fim de...
só é admissível o dolo direto de dano.

Contágio venéreo - lesão corporal leve e grave.


lesão corporal seguida de morte.
homicídio consumado ou tentado.
homicídio culposo.
de que resulta epidemia (arts. 131, 267, 268 CPB).

Qualificação doutrinária.
Crime formal, com dolo de dano, comum, simples, comissivo, plurissubsistente, de
forma livre e instantâneo.

Consumação e tentativa.
Consuma - se com a prática do ato capaz de produzir o contágio.
128
Se o ato tendente ao contágio for único não é admissível a tentativa. Se, porém, são
exigidos vários atos, é admissível.

Pena e ação penal.

PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 132 CPB. Crime subsidiário (expresso) de outras infrações de perigo e de dano.
O legislador protege o direito à vida e à saúde da pessoa humana.

Sujeitos do crime.
Sujeitos ativo e passivo - qualquer pessoa.
É necessário que o perigo iminente atinja pessoa certa e determinada.

Elementos objetivos do tipo.


Expor = colocar a vítima em perigo de dano.
Exposição - ação ou omissão.
Perigo direto é o que ocorre em relação a pessoa certa e determinada.
Perigo iminente é o presente, imediato.
Perigo concreto - deve ser demonstrado.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo de perigo - direto ou eventual.

Lesão corporal leve.


Tentativa de homicídio.
Homicídio culposo.

Qualificação doutrinária.
Crime de perigo concreto, comissivo ou omissivo, simples, instantâneo, de forma livre
e subsidiário.

Consumação e tentativa.
Consumação - com a produção do perigo concreto.
Na forma comissiva é possível a tentativa, embora de difícil ocorrência.
129
Na modalidade omissiva é impossível.

Causa de aumento de pena.


Art. 132, § único CPB.
Pena e ação penal.

ABANDONO DE INCAPAZ

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 133 CPB.
Objeto jurídico é o interesse do Estado tutelar a segurança da pessoa humana, que,
diante de determinadas circunstâncias, não pode por si mesma defender - se, protegendo a sua
incolumidade física.
No conflito aparente de normas representa o tipo fundamental com relação ao art. 134,
especial, que define o crime de exposição ou abandono de recém nascido.

Qualificação doutrinária e sujeitos do delito


Crime próprio, de perigo, plurissubsistente, uniofensivo ou simples, unisubjetivo.
Incapacidade = corporal ou mental; durável ou temporária.

Especial relação de assistência.


Como crime próprio, exige especial vinculação entre os sujeitos ativo e passivo, que
pode advir de lei ( de direito público ou privado), contrato ou de certos fatos lícitos ou ilícitos.
O tipo penal prevê o vínculo sob a forma de cuidado, guarda, vigilância e autoridade.
Cuidado é a assistência eventual.
Guarda é a assistência duradoura.
Vigilância é a assistência acauteladora.
Autoridade é o poder de uma pessoa sobre outra, podendo ser de direito público ou de
direito privado.

Inexistindo a vinculação - art. 135 CPB.

Elementos objetivos do tipo.


Abandonar e expor (art. 134)
Abandonar = o sujeito deixa a vítima sem assistência no lugar de costume.
Exposição = a vítima é levada para lugar diferente em que lhe é prestada assistência.
130
Art. 133 - o abandono abrange a exposição.
Imprescindível a separação física entre os sujeitos do crime e a ocorrência de perigo
( concreto, que portanto deve ser provado) para o sujeito passivo.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo de perigo, direto ou eventual.

Consumação e tentativa.
Consuma - se com o abandono, desde que resulte o perigo concreto.
É admissível a tentativa.

Figuras típicas qualificadas.


Arts. 133, §§ 1º, 2º e 3º CPB. - art. 19 CPB.
Lugar ermo - local solitário.
Para a qualificadora o local precisa ser habitualmente e relativamente solitário.
Local absolutamente solitário = meio de execução de homicídio.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

Pena e ação penal.

EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM NASCIDO

Introdução.
tipo privilegiado em relação ao crime do art. 133.

Conceito, objetividade jurídica e qualificação doutrinária.


Art. 134 CPB.
Objetividade jurídica - vida e saúde da pessoa humana.
É crime de perigo concreto.

Sujeitos do delito.
Sujeito ativo só pode ser a mãe que concebeu extra matrimonium e o pai adulterino ou
incestuoso.
Sujeito passivo do delito é o recém nascido, assim considerado até o momento da
queda do cordão umbilical.
131

Elementos objetivos do tipo.


Expor - significa remover a vítima para local diverso daquele em que lhe é prestada
assistência.
Abandonar - quer dizer omitir à vítima a assistência devida.

"Honoris causa".
- reprovação social sofrida pela mulher que concebe foram do casamento.
- conflito psíquico entre a honra objetiva (reputação - intolerância social) e honra
subjetiva ( dignidade).
- Preservação da dignidade X pretensão de preservação da vida do produto da
concepção.
- Aborto ou abandono do recém nascido (para a preservação da honra)

Privilégio - de natureza psicológica e restritiva.

Honra - é a de natureza sexual, a boa fama e a reputação que goza o autor ou a autora pela sua
conduta de decência e bons costumes.

A elementar desonra se refere à situação sexual do sujeito ativo.


A elementar ocultação à publicidade que o produto da concepção produziria.
A concepção ilegítima pode representar desonra tanto para a mulher casada quanto para a
viúva.

Momento consumativo e tentativa.


Consuma - se o delito com a criação do perigo concreto causado pela exposição ou
abandono.
Tentativa - possível na hipótese de exposição.

Elementos objetivos do tipo.


são dois : dolo de perigo e o fim ulterior, "para ocultar desonra própria".

Figuras típicas qualificadas.


Art. 134, §§ 1º e 2º CPB. - art. 19 CPB.
Concurso de pessoas.
Ocultação da desonra é elementar do tipo. Art. 30 CPB.
132
Pena e ação penal.

OMISSÃO DE SOCORRO

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 135 CPB. Por meio da imposição penal do dever de solidariedade (obrigação
jurídica genérica) o legislador protege a vida e a incolumidade da pessoa.
II - Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - qualquer pessoa. - Dever genérico de solidariedade.
Dever específico de solidariedade - exige vinculação jurídica especial entre os sujeitos.
Sujeito passivo - criança abandonada; criança extraviada; pessoa inválida; pessoa
ferida; pessoa em grave e iminente perigo.
III - Elementos objetivos do tipo.
Assistência genérica imediata - existente no dever de prestação imediata de socorro.
Assistência genérica mediata - dever de pedir ajuda à autoridade.
Possibilidade de escolha entre uma e outra.
Sem risco pessoal.
Arts. 302 e 303 do CTB.
IV - Qualificação doutrinária.
Delito omissivo próprio; de perigo abstrato ou concreto; subsidiário (arts. 121 § 4º e
129 § 7º); instantâneo, e eventualmente permanente.
V - Elemento subjetivo do tipo.
É o dolo de perigo, direto e eventual.
VI - consumação e tentativa.
Consuma - se no momento da omissão, em que ocorre o perigo concreto ou
presumido, conforme o caso.
Tentativa - impossível.
VII - Figuras típicas qualificadas pelo resultado.
Art. 135, § único CPB.
VIII - Pena e ação penal.

MAUS - TRATOS.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 136 CPB. A norma penal protege a incolumidade pessoal.
133
II - Figuras típicas.
art. 136 §§ 1º e 2º.
III - Sujeitos do delito.
Crime próprio.
Sujeito ativo - somente as pessoas legalmente qualificadas.
Sujeito passivo - somente aquelas pessoas que se encontram sob a autoridade, guarda
ou vigilância de outra, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia.
IV - Elementos objetivos do tipo.
Formas de execução do crime.
Privação relativa de alimentos - crime permanente.
Privação de cuidados indispensáveis - crime permanente
Trabalho excessivo ou inadequado.
Abuso de meios de correção e disciplina.
Arts. 232 e 233 do ECA. (Lei 8069/90)
V - Elemento subjetivo do tipo.
Dolo de perigo.
VI - Qualificação doutrinária.
Crime próprio; de ação múltipla ou de conteúdo variado; simples; plurissubsistente,
comissivo ou omissivo; permanente na privação de alimentos ou cuidados, instantâneo nas
outras hipóteses; e de perigo concreto.
VII - Consumação e tentativa.
Consumação - com a exposição do sujeito passivo ao perigo de dano, em conseqüência
das condutas descritas no tipo. Tentativa - admissível nas modalidades comissivas.
VIII - Figuras típicas qualificadas.
Art. 136 §§ 1º e 2º.
IX - Pena e ação penal.

DA RIXA

I - Conceito.
Art. 137 CPB.
Três sistemas a respeito da punição da rixa quando resulta morte ou lesão corporal :
da solidariedade absoluta - todos os participantes respondem pela morte ou
lesão corporal.
da cumplicidade correspectiva - os participantes sofrem pena que constitui a
média entre a pena do autor e a sanção imposta ao partícipe.
134
da autonomia - a rixa é punida por si mesma, independentemente da morte ou
da lesão corporal produzida em algum dos participantes ou em terceiro. - é o critério adotado
pelo CPB.
NO caso de morte com autoria definida o homicida responderá pelo crime de
homicídio em concurso material com a rixa qualificada, enquanto os demais rixosos pelo
crime de rixa qualificada.

II - Objetividade jurídica.
Vida e a saúde física e mental da pessoa humana. Por via indireta a ordem pública.

III - Sujeitos do delito.


Sujeitos ativo e passivo - qualquer pessoa.
No mínimo três.

IV - Elementos objetivos do tipo.


Participar - tomar parte, contribuir, colaborar.
A participação pode iniciar durante a rixa e cessar antes do seu término. Efeitos na
hipótese de lesão grave ou morte.
Participação - material e moral.

Motivo - irrelevante.
Meios - vias de fato, violências materiais (arremesso de objetos).
Rixa de improviso e proposital.

Situação de quem intervém para separar os contendores.

Participação na rixa e participação no crime de rixa.

Lesão leve e tentativa de homicídio não qualificam a rixa.


V - Qualificação doutrinária.
Crime de concurso necessário (plurissubjetivo ou coletivo) de condutas contrapostas,
de perigo abstrato, instantâneo, simples, de forma típica livre, comissivo e plurissubsistente.

VI - Momento consumativo e tentativa.


Consuma - se com a prática de vias de fato ou violências recíprocas, instante em que
há a produção do resultado, que é o perigo abstrato de dano.
135
Tentativa - possível na rixa proposital.

VII - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo de perigo.

VIII - Rixa e legítima defesa.


É possível.
Só alcança os resultados produzidos durante a rixa, não impedindo que o sujeito
responda por rixa qualificada.

IX - Figuras típicas qualificadas.


Art. 137 § único.
Responsabilidade penal objetiva.

X - Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA A HONRA

I - Objetividade jurídica.
Arts. 138 a 141 CPB - honra - conjunto de atributos morais, físicos, intelectuais e
demais dotes do cidadão, que o fazem merecedor de apreço no convívio social.
Honra - objetiva - é a reputação, aquilo que os outros pensam a respeito do cidadão, no
tocante a seus atributos físicos, intelectuais, morais, etc.
subjetiva - é o sentimento de cada um a respeito de seus atributos físicos,
intelectuais, morais da pessoa humana.
honra dignidade - conjunto de atributos morais do cidadão.
honra decoro - é o conjunto de atributos físicos e intelectuais da
pessoa.

II - Elenco dos crimes contra a honra.


Calúnia, difamação e injúria. Semelhanças e diferenças.

III - Honra - interesse jurídico disponível.

IV - Qualificação doutrinária.
Crimes formais.
136
V - Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - desonrados, doentes mentais, menores de 18 anos, pessoa jurídica
( lei de imprensa - 5250/67, art. 23, III; lei de proteção ambiental - 9605/98), Presidentes da
República, do Senado, da Câmara dos Deputados; morto (art. 138, § 2º CP).
A ofensa deve ser dirigida a pessoa certa e determinada.

VI - Meios de execução - palavras escrita, verbal, gestos e símbolos.

VII - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo de dano, direto ou eventual e o elemento subjetivo do injusto, que se expressa na
direção, no cunho de seriedade que imprime à conduta.
Narrar, criticar, defender, retorsão, gracejar e corrigir.

VIII - Consentimento do ofendido.

IX - Imunidade parlamentar.
Imunidade diplomática e parlamentar.
Arts. 53, 53 § 1º, 27, § 1º e 29 VI CF.

CALÚNIA

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 138 CP.
honra objetiva (reputação).

II - Núcleos do tipo.
Imputar, propalar ( relato verbal) e divulgar (narrar algum fato por qualquer meio).
III - Elemento normativo do tipo - falsamente.
Falsidade - sobre o fato e autoria.

Crime de calúnia com imputação verdadeira - art. 138, § 3º CP.

IV - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo de dano e o cunho de seriedade que se imprime á conduta.
No § 1º - dolo direto apenas.
137
V - Fato definido como crime.
imputação de contravenção - difamação.

VI - Qualificação doutrinária.
Crime formal, instantâneo, simples, comum, comissivo, unissubsistente ou plurissubsistente.

VII - Formas de calúnia.


inequívoca ou explícita; equívoca ou explícita e reflexa.

VIII - Momento consumativo e tentativa.


Quando terceiro toma conhecimento da calúnia.

Admite a tentativa a calúnia por escrito.

IX - Propalação e divulgação - art. 138, § 1º CP.

X - art. 138, § 2º CP.

XI - Liberdade de censura e exceção da verdade.


Calúnia - regra geral é admitida. Exceção - art. 138, § 3º CP.
Difamação - regra geral - não admite. Exceção - art.139, § único CP.
Injúria - não admite.

Onde o CP admite a prova da verdade (exceção da verdade) permite a liberdade de


censura.

Definição de exceção da verdade.

XII - Pena.

DIFAMAÇÃO

I - Conceito e objetividade jurídica.


art. 139.
Honra objetiva - reputação.
138
II - Sujeitos do delito.
Sujeitos ativo e passivo - qualquer pessoa.

III - Conduta típica - imputar = atribuir.


O fato ofensivo à reputação pode ser falso ou verdadeiro, exceto na hipótese de
funcionário público ofendido no exercício de suas funções.

IV - Elementos subjetivos do tipo.

V - Qualificação doutrinária.
Crime formal, simples, instantâneo, comum, comissivo, plurissubsistente ou
unissubsistente.

VI - Momento consumativo e tentativa.


Quando um terceiro toma conhecimento da imputação ofensiva á reputação da vítima.

VII - Exceção da verdade.


art. 139, § único CP.

VIII - Pena.

INJÚRIA

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 140.
Honra subjetiva - dignidade e decoro - sentimento próprio a respeito dos atributos
físicos, morais e intelectuais de cada um.
Dignidade é o juízo que a pessoa tem da própria honra - formas de ofensa - ladrão,
estelionatário, pederasta, cafajeste.
Decoro é decência, respeitabilidade e consideração que merecemos e que é lesado -
formas de ofensa - estúpido, ignorante, analfabeto.
Não é admitida a prova da verdade.
Diferencia - se do desacato (arts. 331 e 141, II CP)
II - elementos subjetivos do tipo.

III - Qualificação doutrinária.


139
Crime formal, simples, comum, de forma livre, instantâneo, comissivo,
plurissubsistente ou unissubsistente.
IV - Momento consumativo e tentativa.
Consuma - se quando o ofendido toma conhecimento da imputação de qualidade
negativa.

Tentativa - possível na forma escrita.

V - Perdão judicial. art. 140 § 1º CP.

VI - Injúria real.

VII - Injúria qualificada.


§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº
10.741, de 2003)

VIII - Pena.

DISPOSIÇÕES COMUNS DOS CRIMES CONTRA A HONRA

I - Figuras típicas qualificadas. art. 141 CPB.


arts. 1º, 2º e 26 da Lei 7170/83
Lei de imprensa - 5250/67.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de
injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

II - Causas especiais de exclusão de antijuridicidade. Art. 142 CP.

III - Retratação. arts 143 e 107 VI CP.


Querelado - apenas na ação penal privada.

IV - Pedido de explicação em juízo. art. 144 CP.

V - Ação penal.
Art. 145. CPB.
140
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I
do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II
do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei
nº 12.033. de 2009)
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO VI - DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL


ARTS. 146/154

Considerações sobre a expressão liberdade em seus diversos aspectos.


Art. 5º, II, CF - Princípio da legalidade " Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei".
Incisos IV, VI,IX, XI, XII, XIII, XV, XVI, XVII.

Objetividade jurídica dos crimes contra a liberdade individual - liberdade jurídica = faculdade
de realizar condutas de acordo com a própria vontade do sujeito.

São crimes subsidiários - arts. 157, 158, 159, 213, 214 CPB.

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL

Constrangimento ilegal.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 146 CPB.
Liberdade de autodeterminação - liberdade física e psíquica.
Crime subsidiário - arts. 213, 214, 157, 158, 159, 161, II e 219 CPB.

II - Figuras típicas.

III - Sujeitos do delito.


Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - com capacidade de autodeterminação = liberdade de vontade, no
sentido de o cidadão fazer o que bem entenda, desde que não infrinja disposição legal.
É crime contra a Segurança Nacional (art. 28, Lei 7170/83) atentar contra a liberdade
individual dos Presidentes da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados.
141

III - Elementos objetivos do tipo.


Pretensão (imposição) ilegítima do sujeito ativo = não tenha direito de exigir da
vítima o comportamento almejado.
Pretensão legítima - art. 345 CPB.
Ilegitimidade = absoluta ( o sujeito não tem faculdade alguma de impor à vítima o
comportamento ativo ou passivo. ex. deixar de passar numa determinada rua, exigir que beba
aguardente), relativa ( não é proibida a pretensão do comportamento ativo ou passivo da
vítima, porém não tem o sujeito direito de empregar violência ou grave ameaça para consegui
- lo. ex. pagamento de dívida proveniente de jogo).
Possibilidade de o comportamento ser exigido judicialmente - art. 345 CPB.
Constranger = compelir, coagir, obrigar.
Violência - própria = força física. imprópria = emprego de qualquer outro
meio. física = força bruta. moral = grave ameaça. direta ou imediata = contra a vítima. indireta
ou mediata = empregada sobre ou terceira pessoa vinculada ao ofendido.
Ameaça - prenunciação da prática de um mal dirigido a alguém. Não precisa ser
injusta, mas deve ser grave (morte, lesão, prejuízo financeiro etc.), certo, verossímil, iminente
e inevitável. ex. art. 66 LCP.
Interpretação analógica.
Ato imoral e ato ilegal.

V - Qualificação doutrinária. Crime material, instantâneo, subsidiário.

VI - Elementos subjetivos do tipo.


Dolo. Abrange a ciência da ilegitimidade da pretensão e o nexo de causalidade entre o
constrangimento e a conduta do sujeito passivo. Elemento subjetivo do tipo = conduta
realizada pelo agente com o fim de que a vítima não faça o que a lei permite ou faça o que ela
não determina.

VII - Momento consumativo e tentativa.

VIII - Figuras típicas qualificadas.

IX - Norma penal explicativa.

X - Causas especiais de exclusão da tipicidade.


142

XI - Pena e ação penal.

Ameaça.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 147 CPB.
Paz de espírito, a tranqüilidade espiritual.
Crime subsidiário.

II - Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - com capacidade de entendimento.
Ameaçar Presidentes da República, Senado Federal, Câmara dos Deputados e do STF
- Crime contra a Segurança Nacional.

III - Elementos objetivos do tipo.


Ameaçar - prenunciar. Mal injusto e grave, consistente num dano físico, econômico
ou moral. Mal justo (protestar título ou demitir empregado relapso) - não há delito.
Exigência de prenúncio de mal a ser executado no futuro - entendimento atual dos
Tribunais. Ameaça em ato e ameaça de mal futuro.
Meios de execução - palavra, escrito, gesto ou qualquer outro meio simbólico.
Ameaça : direta, indireta, explícita, implícita, condicional.

IV - Qualificação doutrinária.
Crime formal, subsidiário.

V - Momento consumativo e tentativa.

VI - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
Tribunais - exigência de ânimo calmo e refletido.
Estado de embriaguez - Tribunais - não há crime.
143
VII - Pena e ação penal.

Seqüestro ou Cárcere privado.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 148 CPB.
Liberdade de ir e vir.

I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60


(sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;

III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de
2005)

V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)

II - Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - qualquer pessoa.
Crime contra a Segurança Nacional.
Consentimento do sujeito passivo.

III - Elementos objetivos do tipo.


Seqüestro ou Cárcere privado.
Duas formas de execução : detenção e retenção.
omissão.

IV - Elemento subjetivo do tipo. Dolo - vontade de privar a vítima de sua liberdade de


locomoção.
Crime contra a Segurança Nacional.

V - Qualificação doutrinária. (Seqüestro e Cárcere privado)


São crimes materiais e permanentes.
Crime subsidiário - arts. 149 e 159 CPB.

VI - Consumação e tentativa.
144

VII - Figuras típicas qualificadas.

VIII - Pena e ação penal.

Redução a condição análoga a de escravo.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 149 CPB.
Plágio é a sujeição de uma pessoa ao domínio de outra.

Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo,
por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo
no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos


pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
11.12.2003)

§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de


11.12.2003)

I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003)

Sujeitos do delito.
Ativo e passivo - qualquer pessoa.

Elemento subjetivo do tipo.


145
Dolo.

Qualificação doutrinária.
Crime comum, simples, comissivo, permanente, material e de forma livre.

Consumação e tentativa.

Pena e ação penal.

Violação de domicílio.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 150 CPB.
O objeto jurídico é a tranqüilidade doméstica.

Conceito de domicílio.
Tem maior amplitude que o conceito de direito civil.
É a casa, o barraco, o lugar onde alguém mora. Tutela - se o direito ao sossego, no
local de habitação, seja permanente, transitório ou eventual.

Sujeitos do delito.
Ativo e passivo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - regime de igualdade e de subordinação.

Conceito de casa.
Art. 150, § 4º CPB.

Elementos objetivos do tipo.


Núcleos - entrar e permanecer.
Entrada e permanência com dissentimento do dono.
Podem ser - francas, astuciosas ou clandestinas.
Entrada ou permanência franca - dissentimento pode ser expresso ou tácito.
O dissentimento tácito resulta de fatos anteriores, que demonstram claramente a intenção de o
titular não admitir a entrada do sujeito.
Entrada ou permanência astuciosa ou clandestina - dissentimento é presumido.
146
No dissentimento presumido, a falta de vontade anuente do titular é deduzida daquilo
que normalmente acontece, enquanto o dissentimento tácito é demonstrado por intermédio de
fatos concretos.

Qualificação doutrinária.
Crime de mera conduta, pode ser permanente e instantâneo, de formulação típica
alternativa (de ação múltipla ou de conteúdo variado).
Crime consunto - no conflito aparente de normas fica absorvido por outro, de maior
gravidade objetiva, ao qual serve como meio de execução ou normal fase de realização.

Momento consumativo e tentativa.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo, que deve abranger o elemento normativo.

Figuras típicas qualificadas.


Art. 150, §§ 1º e 2º, CPB.

Causas especiais de exclusão da antijuridicidade.


Art. 150, § 3º CPB.

Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA

I – Generalidades.
Art. 5º, XII, CF.
Garantia da liberdade individual de manifestação do pensamento através da
correspondência.
Arts. 153 e 154 CPB: São figuras típicas anormais e subsidiárias.

Violação de correspondência.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 40, caput, lei n.º 6.538/78.
Está protegida a liberdade de comunicação do pensamento.
147
Espionagem – arts. 13 e 14 da lei 7.170/83.

II – Correspondência.
Conceito - Art. 47, lei n.º 6.538/78.
Deve ser fechada. É protegida a correspondência independentemente da violação do
segredo.
Pode ser particular ou oficial.
Deve ser atual e Ter destinatário específico.

III – Sujeitos do delito.


Sujeito ativo – qualquer pessoa com exceção do destinatário e do remetente.
Sujeito passivo – dupla subjetividade passiva – destinatário e remetente.
IV – Elementos objetivos do tipo.
Devassar.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo. Erro de tipo.

VI – Elemento normativo do tipo.


Indevidamente.
A devassa é devida nos casos de estado de necessidade e exercício regular de direito.
Art. 10, lei n.º 6.538/78.
O marido pode ler a carta dirigida à mulher? Art. 231, II, CC.

VII – Qualificação doutrinária.


Crime comum, simples, de dupla subjetividade passiva, instantâneo, comissivo e de mera
conduta.

VIII – Momento consumativo e tentativa.

IX – Pena e ação penal.


Arts. 40, 43 e 48 da lei 6.538/78.

Sonegação ou destruição de correspondência.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 40, § 1º, lei n.º 6.538/78.
148
É crime autônomo.
O CP protege a manifestação de pensamento transmitida por intermédio de correspondência.
II – Sujeitos do delito.
III – Conduto típica.
Apossar – se. Sonegar. Destruir.
Correspondência alheia aberta ou fechada.
IV – Elementos subjetivos do tipo.
Dolo + elemento subjetivo do tipo = para sonega – la ou destruí – la.
V – Momento consumativo e tentativa.
Crime formal.

VI – Pena e ação penal.


Arts. 40, 43 e 48 da lei 6.538/78.

Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 151, § 1º, II, CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Conduta.
Divulgar. Transmitir. Utilizar.

IV – Elementos subjetivo e normativo do tipo.


Dolo.
Utilização abusiva de comunicação telegráfica ou telefônica.
Transmissão ou divulgação indevida do conteúdo da correspondência.

V – Momento consumativo e tentativa.


Com a divulgação, transmissão ou utilização abusiva.
Crime material.

VI – Interceptação de conversação telefônica.


Art. 1º, lei n.º 9.296/96 – autorização judicial como causa de exclusão da tipicidade.
149
Art. 10, lei n.º 9.296/96 – tipo legal com elementos normativos. Revogou a parte final do art. 151, §
1º, II, CPB.
O crime consuma – se com a simples interceptação. Não é necessária a divulgação.

Objetividade jurídica.
Liberdade da comunicação telefônica.
Sujeito ativo.
Primeira parte do tipo – qualquer pessoa.
Segunda parte – Juiz, Promotor, Delegado e agente da concessionária de serviço
público (art. 7º, lei 9.296/96).
Sujeitos passivos.
Interlocutores. Crime de dupla subjetividade passiva. Havendo consentimento de um
dos sujeitos passivos, subsiste o delito.
Condutas típicas.
Interceptar = ouvir a conversação ou gravá – la.
Mensagem transmitida via modem ou internet = tomar conhecimento, lê – la, vê – la
ou captá – la.
Elemento normativo do tipo.
Ausência de autorização judicial. Havendo exclui a tipicidade.
É um tipo aberto. Complemento está no art. 5º, XII, da CF e arts. 1º e segs. Da lei
9.296/96.
Elementos subjetivos do tipo.
Dolo + fim diverso do estabelecido pela lei (investigação criminal ou prova em
processo penal).
Momento consumativo.
No instante em que o sujeito está iniciando a gravação da conversação ou começa a
ouvi – la.
Tratando – se de mensagem ou documento transmitidos via modem ou internet,
quando principia capta – los ou deles toma conhecimento.
Qualificação doutrinária.
Crime de mera conduta.
Tentativa. É possível.
Ação penal – é pública incondicionada.

VII – Pena e ação penal.


Exceto interceptação de comunicação telefônica.
150

Impedimento de comunicação, instalação ou utilização de estação de aparelho radioelétrico.


Disposições comuns.
I – Impedimento de comunicação.
Art. 151, § 1º, III, CPB.
Impedir – interromper por qualquer meio a comunicação. A conduta deve ser indevida ou
abusiva.

II – Instalação ou utilização de estação de aparelho radioelétrico.


Art. 70, lei n.º 4.117/62.
Elemento normativo – sem observância do disposto nesta lei e nos regulamentos.

III – Disposições comuns.


Art. 40, § 2º, da lei n.º 6.538/78.
Dano – econômico ou moral. Pode ser causado ao destinatário, ao emitente ou a um terceiro.

Art. 151, § 3º, CPB (revogado) = art. 43, lei 6.538/78.


É necessário que o sujeito cometa o fato abusando da função específica que exerce.

Art. 151, § 4º, CPB..

Correspondência comercial.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 152, CPB.
Está protegida a liberdade de comunicação de pensamento transmitida por intermédio de
correspondência comercial.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – crime próprio.
Sujeito passivo – é a pessoa jurídica (estabelecimento comercial).

III – Conduta.
Desviar. Sonegar. Subtrair. Suprimir. Revelar.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + abusar.
151

V – Momento consumativo e tentativa.

VI – Pena e ação penal.

Crimes contra a inviolabilidade dos segredos.

Divulgação de segredo.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 153 CPB.
A objetividade jurídica é o resguardo de fatos da vida cujo conhecimento pode causar dano a
terceiro.
Proteção do segredo de forma secundária – arts. 325 e 326 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Ativo – crime próprio (detentor ou destinatário do segredo). Não é protegida a confidência
oral e não necessária.
Sujeito passivo – outrem – é quem pode sofrer dano em conseqüência da conduta do sujeito.
Pode ser o remetente, o destinatário ou terceiro qualquer.

III – Elementos objetivos e normativos do tipo.


Divulgar.
Documento particular. Correspondência confidencial. ( é a que contém um segredo,
consistente no fato que, pela sua natureza, deve ficar coberto do conhecimento de terceiro).
Documento público – art. 325 CPB.
Sem justa causa. Exemplos de justa causa: consentimento do interessado, comunicação ao
judiciário de crime de ação pública, dever de testemunhar em juízo, defesa de direito ou interesse
legítimo, comprovação de crime ou sua autoria, etc. Conduzem à atipicidade da conduta.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Qualificação doutrinária.
Crime formal.

VI – Momento consumativo e tentativa.


152

VII – Violação de sigilo funcional de sistemas de informações.


§ 1º - A. Visa a proteção do segredo em relação à Administração Pública, e, particularmente,
no tocante às informações sigilosas da Previdência Social.
Norma penal em branco.
Sujeito ativo. Sujeito passivo.
Elemento normativo – sem justa causa.
Elemento subjetivo – dolo.
Momento consumativo – quando o sujeito narra o segredo a um número indeterminado de
pessoas, independentemente de produção de dano.

VIII – Pena e ação penal.


§ 1º e § 1º A.. § 2º.

Violação de segredo profissional.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 154 CPB.
II – Sujeitos do delito.
Sujeitos ativos são os confidentes necessários.
Função. Ministério. Ofício. Profissão.
O crime de violação de segredo profissional diz respeito à atividade privada. Tratando – se de
atividade pública (crime cometido por funcionário público), poderão ocorrer três hipóteses: arts.
325, 326, CPB ou fato atípico.
Sujeito passivo – é quem pode sofrer prejuízo em razão da revelação.

III – Elementos objetivos do tipo.


Revelar.
Exige – se o nexo de causalidade entre a ciência do segredo e o exercício das atividades
enumeradas.

IV – Qualificação doutrinária.
Crime próprio, formal.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
153

VI – Elemento normativo do tipo.


Sem justa causa. Não há tipicidade: consentimento do ofendido, art. 269 CPB, estado de
necessidade e exercício regular de direito.

VII – Dano.
Deve ser injusto.

VIII – Momento consumativo e tentativa.


Quando o segredo é revelado a terceiro.

IX – Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Furto.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 155 CPB - É a subtração de coisa alheia móvel com o fim de assenhoreamento
definitivo.
Proteção imediata da posse(legítima), abrangendo a detenção, e mediata da
propriedade.
Propriedade - conjunto dos direitos inerentes ao uso, gozo e disposição dos bens.
Posse - é a exteriorização desses direitos.

II - Figuras típicas.
Caput - furto simples.
§ 2º - furto privilegiado, mínimo, de coisa de pequeno valor.
§§ 1º, 4º e 5º - furto qualificado.

III - Sujeitos do delito.


Art. 168 CPB. Art. 346 CPB.

IV - Objeto material.
154
É a coisa móvel com valor econômico. (valor de afeição)
Arts. 148, 211 e 249 CPB.
Res nullius. Res derelicta. Res desperdita (art. 169, § único, II, CPB).

V - Elemento normativo do tipo.


Coisa alheia. Art. 345 CPB.

VI - Conduta.
Subtrair - tirar, retirar.
Apossamento direto e indireto.

VII - Elementos subjetivos do tipo.


Dolo - consistente na vontade de subtrair coisa móvel alheia - mais o especial fim de
agir - "para si ou para outrem" - que indica o fim de assenhoreamento definitivo.

VIII - Qualificação doutrinária.


Crime material, instantâneo.

IX - Momento consumativo e tentativa.


O furto atinge a consumação no momento em que o objeto material é retirado da
esfera de posse e disponibilidade do sujeito passivo, ingressando na livre disponibilidade do
autor, ainda que este não obtenha a posse tranqüila.
Não é imprescindível o deslocamento do objeto material.
É possível a tentativa.

X - Furto de uso.
É a subtração de coisa infungível para fim de uso momentâneo (elemento subjetivo) e
pronta restituição (elemento objetivo).
É atípico em face do CP vigente.

XI - Furto noturno.
Art. 155 § 1º CPB.
Repouso noturno - é o período em que, à noite, as pessoas se recolhem para descansar.
Parte da jurisprudência exige dois requisitos : que o fato da subtração seja praticado
em casa habitada; que seus habitantes estejam repousando no momento da subtração.
155
Outra corrente : é suficiente que a subtração ocorra durante o período noturno, em casa
habitada ou não, durante o repouso dos moradores ou não.
Só é aplicável ao furto simples.

XII - Furto privilegiado ou mínimo.


Art. 155, § 2º CPB.
A multa - art. 60 CPB.
Furto consumado ou tentado.
Dois requisitos : criminoso primário; coisa de pequeno valor.
Pequeno valor - inferior ao salário mínimo vigente ao tempo da prática do fato.

XIII - Furto de energia.


Art. 155, § 3º CPB.

XIV - Furto qualificado.


Art. 155, § 4º, CPB.

XV - Furto qualificado de veículo automotor.


Art. 155, § 5º, CPB.

XVI - Pena e ação penal. Arts. 181 e 182 CPB.

Furto de coisa comum.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 156 CPB.
O bem jurídico é o patrimônio.
Condomínio - é a propriedade comum, exercida por dois ou mais indivíduos
simultaneamente.
Herança - é a universalidade de bens como objeto de sucessão universal.
Sociedade - é a reunião de duas ou mais pessoas que, mediante contrato, se obrigam a
combinar seus esforços ou bens para a consecução de fim comum.

II - Sujeitos do delito.
Crime próprio.
Sujeito passivo - que detém legitimamente a coisa.
156

III - Elementos subjetivos do tipo.

IV - Qualificação doutrinária.
Crime próprio, simples, plurissubsistente, de forma livre, comissivo e instantâneo.

V - Momento consumativo e tentativa.

VI - Causa especial de exclusão da antijuridicidade.


Art. 156, § 2º CPB.
Dois requisitos : que a coisa comum seja fungível; que seu valor não exceda a quota a
que tem direito o sujeito.

VII - Pena e ação penal.

Roubo.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 157, caput, e § 1º - roubo próprio e impróprio.
Crime complexo = furto + ameaça + constrangimento ilegal + lesão corporal (leve e
grave) - O CP protege a posse, a propriedade, integridade física, saúde e liberdade individual.
Roubo próprio e impróprio - diferença.
Roubo e furto qualificado - diferença.

II - Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - qualquer pessoa.
Sujeito passivo - pode ser mais de um.

III - Meios de execução.


A violência pode ser : própria; imprópria; imediata; mediata; física; moral.
"Trombada".

IV - Objetos materiais.
Pessoa humana e coisa móvel.
157

V - Elementos subjetivos do tipo.


Roubo próprio - Dolo + elemento subjetivo "para si ou para outrem" (=exigência de
intenção de posse definitiva).
Roubo impróprio - exige outro elemento subjetivo previsto na expressão "a fim de
assegurar..."

VI - Qualificação doutrinária.
Crime material, instantâneo, complexo, de forma livre, de dano, plurissubsistente.

VII - Consumação e tentativa.


Roubo próprio - quando o sujeito consegue retirar o objeto material da esfera de
disponibilidade da vítima, ainda que não haja posse tranqüila. Admite a tentativa
Roubo impróprio - instante em que o sujeito emprega violência contra pessoa ou grave
ameaça. Não admite a tentativa - STF (há entendimento do TACrimSP no sentido contrário).
Roubo impróprio - violência ou grave ameaça - logo depois de subtraída a coisa.

VIII - Roubo circunstanciado (próprio e impróprio).


Art. 157, § 2º CPB
Arma - uso efetivo e idoneidade ofensiva.
Arma de brinquedo - divergência jurisprudencial a respeito da tipicidade.
- Princípio da tipicidade - arma de brinquedo não é arma.
- A circunstância tem conteúdo subjetivo - meio especial capaz de causar temor que
impede a vítima de opor reação à conduta do sujeito (STF e STJ).
- Art. 10, § 1º, II, Lei 9437/97. Arma de brinquedo para roubo e outro crime.

Concurso de duas ou mais pessoas.

Vítima em serviço de transportes de valores conhecendo o sujeito tal circunstância.

Roubo de veículo automotor.


Concurso de causas de aumento de pena : o juiz aplica uma, funcionando as demais
como circunstâncias agravantes genéricas ou judiciais.

Restrição de liberdade do sujeito passivo - seqüestro como meio de execução do roubo ou


contra a ação policial.
158
Privação da liberdade após a subtração - dois crimes - concurso formal ou material.

§ 2º não é aplicado ao § 3º.

IX - Concurso de crimes.
Subtração de bens de uma pessoa e violência ou grave ameaça contra várias - um
roubo.
Subtração de bens de várias pessoas e violência ou grave ameaça contra uma - um
roubo
Roubo de bens, no mesmo contexto, de componentes de uma só família.
Violência ou grave ameaça, num só contexto, contra várias pessoas, com
multiplicidade de violações possessórias concurso formal - art. 70 CPB.
Continuação nos crimes de roubo - art. 71, § único CPB.

X - Roubo- próprio e impróprio - qualificado pelo resultado. (art. 157, § 3º, CPB)
Lesão corporal de natureza grave - roubo doloso e lesão dolosa ou culposa
(preterdolo).

Morte - latrocínio ( Crime hediondo - pena agravada de metade quando a vítima se encontra
nas condições do art. 224 do CPB ).
Latrocínio - morte (dolosa ou culposa) para subtrair bens da vítima.
Hipóteses - homicídio consumado e subtração consumada - latrocínio consumado (STF e
TJSP).
homicídio tentado e subtração tentada - latrocínio tentado (STF e TJSP).
homicídio tentado e subtração consumada - latrocínio tentado (RTJ 61/321).
homicídio consumado e subtração tentada - latrocínio consumado(STF e TJSP).
Súmula 610 do STF.

XI - Pena e ação penal (arts. 181 e 182).

Extorsão.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 158, CPB.
Objetividade jurídica principal - inviolabilidade do patrimônio.
159
Objetividade jurídica secundária (crime complexo) - vida, integridade física,
tranqüilidade de espírito e liberdade pessoal.
Diferença com o roubo - comportamento da vítima.
Diferença com o constrangimento ilegal - obtenção de indevida vantagem econômica.
Devida vantagem econômica - art. 345 CPB.

II - Sujeitos do delito.

III - Conduta.
Verbo constranger - compelir, coagir, forçar.
Fazer algo - ex. o sujeito, mediante ameaça de morte, faz com que a vítima deixe certa
importância em determinado local; entregar ao agente certa quantia.
Tolerar que faça algo - ex. permitir que o credor rasgue o título de crédito.
Deixar de fazer alguma coisa - ex. deixar de cobrar uma dívida.

IV - Meios de execução.
Violência física e moral.

V - Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + elemento subjetivo do tipo (finalidade de obtenção de vantagem econômica-
"com o intuito de"), sem o qual o fato constitui o crime de constrangimento ilegal.

VI - Elemento normativo do tipo.


Indevida. Se devida o crime será art. 345 CPB.
Vantagem moral - Art. 146 CPB.

VII - Qualificação doutrinária.


Crime formal.

VIII - Consumação e tentativa.


Consuma - se com a conduta típica imediatamente anterior à produção do resultado
visado pelo sujeito, ou seja, com o comportamento da vítima.
Súmula 96 do STJ.
É admissível a tentativa.

IX - Figuras típicas qualificadas.


160
Art. 158 §§ 1º e 2º, CPB.
Resultado morte - crime hediondo.

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição


é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis)
a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de
2009)

X - Pena e ação penal.

EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 159 CPB.
Objetividade jurídica imediata - inviolabilidade do patrimônio. mediata - liberdade de
locomoção

II - Sujeitos do delito.
III - Conduta.
Seqüestro ou cárcere privado.
IV - Elementos subjetivos do tipo.
Dolo + elemento subjetivo no tipo ( "com o fim de obter para si ou para outrem")
art. 148 CPB.
V - Resultado.
"Qualquer vantagem" - vantagem devida/indevida e econômica/não econômica.
"Condição ou preço do resgate" . Condição : fato que o sujeito pretende que a vítima
pratique a fim de libertar o sujeito passivo. Preço : é o valor dado pelo autor a fim de que
libere o ofendido.

VI - Qualificação doutrinária.
Crime permanente, complexo, formal e hediondo.
VII - Consumação e tentativa.
VIII - Tipos circunstanciados.
161
§ 1º - mais de 24 horas; seqüestrado menor de 18 anos (maior de 14 anos); bando ou
quadrilha (art. 288 CPB).
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18
(dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 4º - Delação premiada - art. 29 CPB : co-autores e partícipes. Requisito : efetiva
libertação da vítima.
IX - Figuras típicas qualificadas pelo resultado.
§ 2º - se do fato resulta lesão corporal de natureza grave - art. 129, §§ 1º e 2º CPB.
§ 3º - se do fato resulta morte.
Resultados dolosos ou culposos. (no seqüestrado).

X - Pena e ação penal.


art. 9º da lei 8072/90.

EXTORSÃO INDIRETA.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 160 CPB – tipo especial de extorsão.
Objetividade jurídica - propriedade e a liberdade de autodeterminação.
Art. 4º, “a”, lei 1.521/51.

II - Sujeitos do delito.

III - Elementos objetivos do tipo.


Exigir - impor, obrigar, forçar; e receber (aceitar) - a vítima entrega o documento.
Situação angustiosa do ofendido da qual o sujeito ativo abusa.
Documento (arts. 232 e segs. CPP) potencialmente capaz de dar causa a procedimento
criminal.

IV - Qualificação doutrinária.
Formal e material.

V - Consumação e tentativa.
162
VI - Elementos subjetivos do tipo.
dolo + elemento subjetivo do tipo ( abusando da situação de alguém ).
Concurso – a denunciação caluniosa é post factum não punível.

VII - Pena e ação penal.

DA USURPAÇÃO.

Alteração de limites.

I – Generalidades.
Capítulo III – o legislador protege a posse e propriedade das coisas imóveis.

II – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 161 CPB.
Proteção imediata à posse e indireta à propriedade.

III – Sujeitos do delito.


Sujeito ativo – é crime próprio. Pratica o crime apenas o vizinho contíguo da vítima
(proprietária ou possuidora).
Sujeito passivo – proprietário ou legítimo possuidor.

IV – Elementos objetivos do tipo.


Suprimir – destruir, arrancar, queimar.
Deslocar – mudar, transferir de lugar.
Tapume – cerca de arame, muro, vala.
Marco – sinal de pedra, cimento, ferro, madeira.
Limite – linha que separa os imóveis.
A supressão ou deslocamento deve causar confusão e dificuldade de monta para a
restauração da linha de divisa.
Apor novo marco – fato atípico.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + vontade de assumir a posse do imóvel lindeiro, total ou parcialmente.
Inexistente o elemento subjetivo – dano, furto, exercício arbitrário das próprias razões,
ou fraude processual (art. 347 CPB).
163

VI – Consumação e tentativa.
Com a supressão ou deslocamento. Crime formal.
É possível a tentativa.

VII – Concurso.
Havendo violência – concurso material.
O esbulho possessório absorve este crime.

VIII – Pena e ação penal.


Art. 161, § 3º, CPB.

Usurpação de águas.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 161, § 1º, I, CPB.
Posse e propriedade sobre águas particulares ou comuns.
São consideradas imóveis quando parte líquida do solo (art. 43, I, CC).

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Desviar ( mudar o leito da água fluente ou estagnada); Represar (conter, acumular
ou reter com obstáculos), as águas para que não sigam seu curso natural.
O bem imóvel protegido é a massa líquida (águas em estado natural).
Águas alheias – são as que não pertencem ao agente e também as águas comuns.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + o fim de obter benefício próprio ou alheio.
Sem o elemento objetivo poderá ocorrer dano, alteração de limites ou exercício
arbitrário das próprias razões.

V – Consumação e tentativa.
Com o desvio ou represamento.

VI – Concurso e distinção.
164
Havendo violência há concurso material – Art. 161, § 2º, CPB.

VII – Penas e ação penal.


Art. 161, § 3º, CPB.

Esbulho possessório.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 502 CC – turbação e esbulho – autorizam a reação imediata.
Art. 161, § 1º, II, CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Invadir – entrar, penetrar, ingressar.
Conduta com violência – vias de fato, lesão corporal ou homicídio.
Conduta com grave ameaça.
Conduta em concurso com mais três pessoas – o invasor e mais três no mínimo.
Objeto material – terreno, edifício (particulares ou públicos, rurais ou urbanos).

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + fim de esbulho possessório (vontade do agente de assumir a posse, ainda que
parcial, com a exclusão do sujeito passivo).
Inexistente o elemento subjetivo – violação de domicílio ou mero ilícito civil.
Invasão considerada turbação não caracteriza crime de esbulho.

V – Consumação e tentativa.
Com a invasão com o fim de esbulho possessório. Crime formal.

VI – Distinção.
Esbulho possessório e exercício arbitrário das próprias razões.
Imóvel objeto de financiamento do SFH – art. 1º, lei 5.741/71.

VII – Concurso.
Com violência – art. 161, § 2º, CPB.
165
VIII – Ação penal.
Art. 161, § 3º, CPB.

Supressão ou alteração de marcas em animais.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 162 CPB – é espécie de usurpação.
Protege –se a propriedade dos semoventes, considerados às vezes como imóveis por
acepção intelectual no Direito Civil (art. 43, III, CC), e como móveis para o direito penal.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Suprimir. Alterar.
Marcar animal desmarcado – fato atípico.
Objeto material – marca (letras, desenhos); sinal (argolas na orelha, focinho).
Gado – animal de grande porte. Rebanho – animal de pequeno porte.
O animal deve estar em gado ou rebanho e não isolado.

IV – Elemento normativo do tipo.


Alheio. Indevidamente.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + vontade de estabelecer dúvida a respeito da propriedade dos animais a fim de
facilitar a apropriação.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Concurso.
Furto e apropriação indébita – absorvem o crime do art. 162 CPB.

DANO

I - Conceito e objetividade jurídica.


art. 163 CPB.
É delito subsidiário - art. 161; art. 155, § 4º, I, CPB.
166
O CP tutela a propriedade de coisas móveis e imóveis.

II - Sujeitos do delito.

III - Elementos objetivos do tipo.


Destruir - desfazer, demolir. O objeto material deixa de existir em sua individualidade.
Inutilização - a coisa perde a finalidade a que se destinava.
Deterioração - o objeto material perde parte de sua utilidade específica.

Pode ser cometido por meio de ação ou omissão; por meios mediatos ou imediatos.

Lei 9605/98 - arts. 50, 63 e 65.


Art. 346 CPB.

IV - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo. Dano culposo é atípico (art. 18, § único, CPB).
É preciso a finalidade de causar prejuízo à vítima (animus nocendi)?

V - Qualificação doutrinária.
Crime material, simples, subsidiário, instantâneo, comissivo/omissivo e de forma livre.

VI - Consumação e tentativa.

VII - Figuras típicas qualificadas.


Art. 163, § único, CPB.
Pelo modo de execução - I e II. (arts. 129, 250 e 251 CPB)
Pela qualidade da coisa - III. (art. 38, lei 9605/98).
Pelos motivos - IV, 1ª parte.
Pela gravidade objetiva do prejuízo da vítima - IV, 2ª parte.

VIII - Pena e ação penal.

Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 164 CPB.
167

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Introduzir. Deixar.
Animais – expressão empregada como gênero. Basta um animal.

IV – Elemento normativo do tipo.


Sem consentimento de quem de direito.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
Com a finalidade de causar dano – art. 163 CPB.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime material, de dano, simples, comum, instantâneo, comissivo ou omissivo.

VII – Consumação e tentativa.


Com a danificação total ou parcial da propriedade alheia, com prejuízo patrimonial.
Não é possível a tentativa.

VIII – Pena e ação penal.


Art. 167 CPB.

Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 165 CPB.
Art. 216 CF.
Art. 62, lei 9.605/98.
Competente para determinar o tombamento – Diretor do Serviço e do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional.
Processo de registro – regulado pelo Dec. Lei 25/37.
Objetividade jurídica – inviolabilidade do patrimônio histórico, arqueológico ou
histórico nacional.
168

II – Sujeitos do delito.
Sujeito passivo – O Estado, titular do tombamento. Em segundo lugar o proprietário,
se particular a coisa.

III – Elementos objetivos do tipo.


Destruir, Inutilizar. Deteriorar.
Coisa tombada.
Tombar – inventariar, arrolar. Art. 163, § único, III, CPB.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Qualificação doutrinária.
Crime comum, simples, de dano, material, comissivo ou omissivo, de forma livre e
instantâneo.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Pena e ação penal.


Art. 167 CPB.

Alteração de local especialmente protegido.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Revogado pelo artigo 63 da lei 9.605/98.
Há proteção dos sítios e paisagens que mereçam proteção legal.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive o proprietário.
Sujeito passivo – O Estado e o proprietário tratando – se de coisa particular.

III – Elementos objetivos do tipo.


Alterar.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


169
A proteção é dada por intermédio de tombamento pelo Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional, ou por classificação feita pelo Ministério da Agricultura.

V – Elemento normativo do tipo.


Sem licença da autoridade competente.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime simples, comum, comissivo e instantâneo.

VII – Consumação e tentativa.

VIII – Pena e ação penal.


Art. 167 CPB.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 168, caput, CPB.
Característica fundamental - abuso de confiança.
O CP protege o direito patrimonial.

II - Sujeitos do delito.
Funcionário público - peculato (art. 312 CPB).
Em todas as hipóteses de apropriação indébita existe relação obrigacional entre duas
pessoas, de modo que sujeito ativo é quem tinha a posse ou detenção. Sujeito passivo é a
outra pessoa da relação obrigacional que sofre o prejuízo.

III - Elementos objetivos do tipo.


Apropriar - se : fazer sua a coisa alheia.
Classificação : apropriação indébita propriamente dita e negativa de restituição.

É necessário que o sujeito ativo esteja na posse ou detenção da coisa alheia móvel.
Arts. 1196, 1197 CC - posse direta e posse indireta.
Art. 1198 CC - detenção.

Posse direta - sempre desvigiada : interessada e não interessada.


170
Detenção : vigiada e desvigiada.

Posse ou detenção lícitas.

Objeto material : coisa móvel - art. 82 CC.

Arts. 85, 586, 592 e 645 CC : há transferência de domínio e por isso inexiste crime de
apropriação indébita. (a não ser que seja entregue ao sujeito para transferir a coisa a terceiro).

Arts. 644 e 664, 681, 708 CC - a negativa de restituição não constitui crime de
apropriação indébita, mas exercício regular de direito. (direito de retenção).
Art. 368 CC - direito de compensação.

IV - Elemento normativo do tipo.


coisa móvel alheia.

V - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo - deve ser contemporâneo com a conduta da apropriação.
Dolo ab initio - estelionato.

VI - Qualificação doutrinária.
Crime comum, simples, instantâneo, material e comissivo.

VII - Momento consumativo e tentativa.


Consuma - se com o ato de disposição ou negativa de restituição.
VIII - Figuras típicas qualificadas.
art. 168, § único, CPB.
I - depósito necessário - abrange exclusivamente o depósito necessário miserável.
O depósito pode ser : voluntário - art. 627 CC.
necessário - arts. 647/650 CC.
O depósito necessário classifica - se em : legal (art. 647, I, CC), miserável (art. 647, II
CC), e por equiparação (art. 649 CC).

Tratando - se de depósito necessário legal, duas hipóteses podem ocorrer : sujeito ativo
funcionário público : art. 312 CPB. Sujeito ativo particular : art. 168, § único, II, última figura
(depósito judicial). Portanto, não se aplica o inciso I.
171
Tratando - se de depósito necessário por equiparação - inciso III (coisa recebida em
razão de profissão).

IX - Figura típica privilegiada.


art. 170, CPB.

X - Pena e ação penal.


arts. 181 e 182 CPB.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

I - Constituição Federal de 1988 e Leis 7492/86; 8212/91; 9249/95 e 9983/00.

II - Bem jurídico tutelado.


O objeto jurídico tem natureza patrimonial. Tutela - se o patrimônio do Poder Público
(Fazenda Pública) que é o titular do crédito (contribuição ) ou do ato de reembolso
(benefício).

III - Crime comissivo de conduta mista.


(tipo de conduta mista).
Comportamento ativo (comissivo) :
1 - recolher as contribuições dos contribuintes.
2 - descontar a contribuição do pagamento efetuado.
3 - inseri - las (contribuições) nas despesas contábeis ou custos.
4 - receber o reembolso da previdência social.

Comportamento omissivo :
1 - deixar de repassar.
2 - deixar de recolher.
3 - deixar de pagar.

Finalidade da lei : proibir as atividades de apropriar - se de valores que devem ser transferidos
para a Previdência Social ou para o segurado.
172
O não repasse/recolhimento (contribuição) e o não pagamento (benefício) são meios de
realização da conduta típica descrita na lei penal.

IV - "Animus rem sibi habendi".


Apropriar - se - tomar como próprio; tornar seu, apoderar - se. Assenhorear - se de
coisa alheia móvel de que tem a posse ou a detenção.
Não recolhimento + anterior arrecadação.

V - Repassar - diretamente à Previdência. Recolher - pagar no banco (o banco arrecada e


recolhe).

VI - Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - É crime próprio.
Sujeito passivo - Seguridade Social.

VII - Objeto material.


1 - Art. 168 - A, caput : omitir repasse de contribuição já retida (contribuição recolhida
de contribuinte).

Estabelecimentos bancários.
art. 60, lei 8212/91 - prazo convencional.
Secretaria da Receita Federal.
arts. 19 e 33, lei 8212/91 - prazo legal. Os valores devem ser repassados mensalmente
pelo Tesouro Nacional.

2 - Art. 168 - A, § 1º, I : Deixar de recolher no prazo legal (art. 30, I, b e III, lei
8212/91 - estatui prazos para arrecadação e recolhimento das contribuições ).

3 - Art. 168 - A, § 1º, II : Leva - se em conta o acréscimo do preço (quando da venda


de algum produto ou serviço ) de valor a título de contribuição previdenciária e o não
recolhimento desse valor à Previdência Social.
O valor da contribuição é descontado de terceiro.

4 - Art. 168 - A, § 1º, III : Benefício pago pela empresa com ressarcimento futuro do
INSS.
benefícios = salário família, salário maternidade.
173
Ocorre a dedução da contribuição do salário sem o pagamento do respectivo
benefício.
Só pode haver reembolso do desembolsado.

VIII - Elemento subjetivo.


Duas posições :
a - dolo + animus rem sibi habendi (embutido no verbo apropriar - se ).
Consuma - se o crime quando se dá a apropriação daquilo que é devido à
Previdência ou daquilo que a Previdência reembolsou e não foi pago a quem de direito.

b - Inexiste a ato apropriatório. O valor da contribuição sempre permaneceu em poder


da empresa; e portanto não foi objeto de apropriação.
É crime omissivo puro. Consuma - se a infração ao final do prazo no qual existia o
dever de entregar ao Fisco o tributo contabilizado.

Necessário, para a tipicidade, o exame da existência do dolo.


Inexistência do dolo - ilícito civil. A C.F. proíbe a prisão por dívida.

IX - Extinção da punibilidade.
Art. 168 - A, § 2º , CPB.
Declaração = art. 337 - A, CPB.
Contribuições = certa importância ou valor em dinheiro.
A confissão é do débito não do crime.
Ação fiscal = procedimento administrativo fiscal.
Art. 34, lei 9249/95 - não tem aplicação.
Art. 337 - A, § 1º, CPB - não é necessário o pagamento.

X - Perdão judicial ou multa.


Art. 168 - A, § 3º, I e II, CPB.
Direito subjetivo do réu primário e de bons antecedentes. (art. 63 CPB).
Perdão ou multa - para a opção o juiz leva em conta as circunstâncias do art. 59 do
CPB.

II - Princípio da insignificância (conceito material de crime) - violação ínfima do bem


tutelado.
a - necessidade de ação penal - 02 posições :
174
atipicidade - rejeição da denúncia.
valor insignificante reconhecido na sentença.

b - não há lesão jurídico penal à Previdência Social.

c - valor = inferior a R$ 5.000, 00. (Memo/INSS/PG/N.36/1998 e Portaria


289/97 do Ministério da Fazenda).

TIPOS ASSEMELHADOS À APROPRIAÇÃO INDÉBITA

I - Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.


Conceito e objetividade jurídica : Art. 169 CPB. O CP protege o direito patrimonial.

Elementos objetivos do tipo : Erro (sem qualquer participação dolosa do sujeito ativo) : sobre
a pessoa - ocorre quando uma pessoa é tomada por outra. Sobre a coisa.
Caso fortuito e força da natureza : causas estranhas à vontade do proprietário.

Elemento subjetivo do tipo : dolo deve coexistir com a conduta de apropriação. Dolo
ab initio = estelionato. O erro, caso fortuito ou força da natureza por si só não constitui o
crime. A conduta ilícita é a posterior apropriação.

Sujeitos ativo e passivo.

Classificação : apropriação indébita propriamente dita e negativa de restituição.

Forma privilegiada : art. 170 CPB.

Pena e ação penal.

II - Apropriação de tesouro.
Conceito e objetividade jurídica : art. 169, § único, I, CPB.
Tesouro : arts. 1264 e 1265 CC. (encontro casual, caso contrário será furto)
Art. 1266 CC - Enfiteuse/aforamento (Art. 678, do antigo CC: “Dá-se a enfiteuse,
aforamento ou emprazamento, quando por ato entre vivos, ou de última vontade, o
proprietário atribui a outrem o domínio útil do imóvel, pagando a pessoa, que o adquire, e
175
assim se constitui enfiteuta, ao senhorio direto uma pensão, ou foro, anual, certo e
invariável”).
Art. 610, antigo CC: “Deixa de considerar-se tesoiro o depósito achado, se alguém
mostrar que lhe pertence”.
O CP protege a inviolabilidade do patrimônio.

Sujeitos ativo e passivo.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo. Não basta o encontro. A conduta ilícita é a posterior apropriação, no todo ou em
parte, da quota pertencente ao dono do terreno.

Figura privilegiada. Art. 170 CPB.

Pena e ação penal.

III - Apropriação de coisa achada.


Conceito e objetividade jurídica.
Art. 169, § único, II, CPB.
Coisa perdida (res derelicta) e coisa abandonada (res nullius).
Autoridade competente - art. 1170 CPC.
Figura privilegiada - art. 170 CPB.
Pena e ação penal.

ESTELIONATO

Estelionato e outras fraudes.

Estelionato.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 171, caput.

II - Sujeitos do delito.
Possibilidade de dupla subjetividade passiva e ativa.
Sujeito passivo determinado. Se indeterminado será crime contra a economia popular.
176

III - Qualificação doutrinária.


É crime material.

IV - Elementos objetivos do tipo.


Característica essencial é a fraude: engodo empregado pelo sujeito para induzir ou
manter a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial.
Artifício - é a fraude no sentido material. Encenação. ex. conto do bilhete premiado.
Carro zero km vendido através de anúncio em jornal por preço abaixo da tabela.
Ardil - é a fraude no sentido imaterial, intelectualizada, dirigindo - se à inteligência da
vítima e objetivando excitar nela uma paixão, emoção ou convicção, pela criação de uma
motivação ilusória. Ex. Aplicação em negócio que proporcione grande lucro.
Qualquer outro meio fraudulento - silêncio, reticência maliciosa, mentira.

Meio executivo apto a enganar. No caso concreto deve ser levado em consideração o
grau de cultura da vítima.

Erro - é a falsa percepção da realidade.

Resultado duplo : vantagem ilícita (patrimonial) e prejuízo alheio.


Vantagem lícita - art. 345 CPB.

Reparação do dano : a) antes do recebimento da denúncia : causa geral de diminuição


de pena (art. 16 CPB); b) depois do recebimento da denúncia e antes da sentença : (art. 65, III,
d, CPB). c) pode funcionar também como circunstância judicial.

V - Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + "para si ou para outrem".

VI - Momento consumativo e tentativa.


Com a obtenção da vontade ilícita em prejuízo alheio.
Tentativa : quando o sujeito, enganando a vítima, não obtém a vantagem ilícita, ou,
obtendo - a, não causa prejuízo a ela ou a terceiro.

VII - Figura típica privilegiada.


Art. 171, § 1º, CPB.
177
Criminoso primário - art. 63 CPB.
Pequeno valor do prejuízo - inferior a um salário mínimo.
Momento da aferição do prejuízo - consumação do crime. Tratando - se de tentativa
deve ser levado em conta o prejuízo que o sujeito pretendia causar à vítima.

VIII - Figura típica qualificada.


Art. 171, § 3º, CPB.

IX - Pena e ação penal.


Arts. 181 e 182 do CPB.

X - Disposição de coisa alheia como própria.


Coisa - móvel ou imóvel. Não é necessária a tradição ou matrícula.
Consumação : com o recebimento do preço; recebimento do objeto permutado;
recebimento do primeiro aluguel; quando a coisa ou ato que assegura o pagamento de uma
dívida é dada em penhor, hipoteca ou anticrese.

XI - Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria.


Inalienabilidade - legal, convencional e testamentária.
ônus - é toda obrigação ou dever pessoal imposto por cláusula contratual ou por
disposição legal.
Coisa litigiosa - objeto de ação judicial.

XII - Defraudação de penhor.


Quando a coisa empenhada fica em poder do devedor - penhor agrícola, industrial, e
mercantil.
Defraudar - espoliar com fraude, privar com dolo.
Dissentimento - elemento do tipo.

XIII - Fraude na entrega de coisa.


Elemento normativo - deve = indica relação jurídica obrigacional entre os sujeitos do
delito.
XIV - Fraude para o recebimento de indenização ou valor de seguro.
Crime formal - com o intuito de.. .

XV - Fraude no pagamento por meio de cheque.


178
Efeitos do pagamento do cheque sem fundos.
Arts. 16 e 65, III, b, CPB.
Súmula 554 do STF.

DUPLICATA SIMULADA

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 172 CPB.
Fatura e duplicata.

II - Sujeitos do delito.

III - Elementos objetivos do tipo.


Emitir - colocar em circulação.

IV - Elemento subjetivo do tipo.

V - Qualificação doutrinária.
crime formal e unissubsistente.

VI - Momento consumativo e tentativa.

VII - Falsidade de livro de registro de duplicatas.

VIII - Pena e ação penal.

ABUSO DE INCAPAZES

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 173 CPB.

II - Sujeitos do delito.
Sujeito passivo - menor de 18 anos. Não compreende o menor emancipado.
alienado ou débil mental.
Alienado mental - é o louco, privado da capacidade de compreensão e
autodeterminação.
179
Débil mental - é o portador de deficiência psíquica, também privado de capacidade
intelectiva e volitiva. Incluem - se os imbecis e idiotas.
Art. 26, caput, CPB.

III - Elementos objetivos do tipo.


Abuso. Ato juridicamente relevante.
Proveito - dinheiro, objetos de valor (coisas com valor econômico).
Proveito indevido, se devido será art. 345 CPB.
IV - Qualificação doutrinária.
Crime formal.

V - Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + abusar + finalidade de obtenção do proveito próprio ou alheio.

VI - Momento consumativo e tentativa.


Consuma - se com a prática do ato pela vítima, desde que capaz de produzir efeitos
jurídicos.
VII - Pena e ação penal.

INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 174 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


06 figuras típicas.
O elemento subjetivo do tipo sabendo ou devendo saber só se refere ao induzimento à
especulação com títulos ou mercadorias.
Jogo. Aposta. Art. 814 CC – obrigação natural.
Art. 816 CC – equipara os contratos sobre títulos da bolsa, mercadorias e valores.

IV – Qualificação doutrinária.
Crime formal.
180
V – Elementos subjetivos do tipo.
Dolo. Consciência de que está abusando do sujeito passivo. Conduta realizada com a
intenção de obter indevido proveito. Saiba ou deva saber que a operação é ruinosa. Dolo
direto e eventual.

VI – Momento consumativo e tentativa.


Sujeito passivo ganha no jogo ou especulação.
É possível a tentativa.

VII – Pena e ação penal.

FRAUDE NO COMÉRCIO

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 175 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Crime próprio. Sendo particular art. 171, § 2º, IV, CPB.

III – Elementos objetivos do tipo.


Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor (conduta
típica genérica).
Inciso I – Não pode ser mercadoria alimentícia ou medicinal – arts. 272 e 273 CPB.
Lei 8.137/90, art. 7º, III e IX.
Inciso II – palha de café no lugar de café, vinho de segundo em lugar de vinho de
primeira, ou quantidade (medida, peso ou número).
§ 1º - fraude no comércio de metais ou pedras preciosas.

IV – Qualificação doutrinária.
Crime material.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
VI – Momento consumativo e tentativa.
Quando o objeto material é entregue ao adquirente ou consumidor que o aceita.
181
VII – Figura típica qualificada.
Art. 175, § 2º, CPB.

VIII – Pena e ação penal.

OUTRAS FRAUDES

I - Conceito e objetividade jurídica.

II - Sujeitos do delito.

III - Elementos subjetivos do tipo.

IV - Qualificação doutrinária.
Crime material.

V - Elemento subjetivo do tipo.

VI - Momento consumativo e tentativa.

VII - Pena e ação penal.

VIII - Perdão judicial.


Art. 176, § único, 2ª parte, do CPB.

FRAUDE NA FUNDAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 177 CPB.
Caput e § 1º - Crimes expressamente subsidiários.
Se o dano ou perigo de dano atingir um número extenso, indefinido de pessoas,
normalmente pequenos investidores, será crime contra a economia popular – art. 3º, incisos VI a IX,
da lei 1.521/51.

Art. 177, caput.


II – Sujeitos do delito.
182
Sujeito ativo – fundador. Crime próprio.
Sujeito passivo – acionistas.

III – Elementos objetivos do tipo.


Sociedade por ações: sociedades anônimas e sociedade em comandita por ações (lei
6.404/76).

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.
Crime formal.

Fraude e abusos na administração de sociedade por ações - § 1º e incisos.

§ 1º - Crime subsidiário. Todos os crimes são próprios. Objetividade jurídica – o patrimônio.


Sujeito passivo são os acionistas.

Inciso I: Fraude sobre as condições econômicas.


Crime cometido após a constituição da sociedade. Crime formal.
Inciso II: Falsa cotação de ações ou títulos.
Expediente utilizado para atrair capitais, por meio de subscrição, ou de obter empréstimos.
Pode ser que se pretenda a depreciação do valor das ações.

Inciso III: Empréstimo ou uso indevido de bens ou haveres.


Elemento subjetivo do tipo: em proveito próprio ou de terceiro. Crime formal.

Inciso IV: Compra e venda ilegais de ações.


Art. 30 lei 6404/76: “A companhia não poderá negociar com as próprias ações. Crime
formal.

Inciso V: Caução e penhor ilegais.


Impede que a sociedade se torne credora e fiadora simultaneamente.

Inciso VI: Distribuição de lucros ou dividendos fictícios.


Crime formal.
183

Inciso VII: Aprovação fraudulenta de conta ou parecer.

Inciso VIII: Crimes do liqüidante.

Inciso IX: Crime de representante de sociedade estrangeira.

§ 2º: Negociação de voto por acionista.

EMISSÃO IRREGULAR DE CONHECIMENTO DE DEPÓSITO OU WARRANT

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 178 CPB.
Patrimônio e fé pública.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, em regra o depositário da mercadoria.
Sujeito passivo: portador ou endossatário dos títulos.

III – Elementos objetivos do tipo.


Decreto nº 1.102/03: disciplina os títulos de crédito conhecimento de depósito ou
warrant.
Empresas de armazéns gerais: as que têm por fim a guarda e a conservação de
mercadorias e a emissão de títulos que as representam – conhecimento de depósito e warrant.
São os depositários das mercadorias que podem ser negociadas.
O conhecimento de depósito incorpora o direito de propriedade sobre a mercadoria
que representa.
O warrant refere – se a posse, a título de penhor, sobre a mesma mercadoria.
São títulos que podem ser negociados unidos (conferem a plena propriedade) ou
separadamente.
Emitir: colocar em circulação em desacordo com a disposição legal – arts. 1º, 2º, 4º e
20º, Dec. 1.102/03: a) a empresa que os emitir não estiver legalmente constituída; b) não
houver autorização do governo federal nos casos em que ela é exigida; c) não existirem em
depósito as mercadorias ou gêneros especificados nos títulos; d) mais de um título for emitido
para a mesma mercadoria, exceto quando a lei o permite.
184
IV – Elemento subjetivo do tipo: dolo.

V – Consumação e tentativa.
Crime formal. Consuma –se com a circulação dos títulos, não se exigindo prejuízo
efetivo.
É impossível a tentativa.

FRAUDE À EXECUÇÃO

I - Conceito.
Art. 179 CPB.

II - Objetividade jurídica.

III - Sujeito ativo. Sujeito Passivo.

IV - Elementos objetivos do tipo.


Pressuposto indeclinável - ação civil em fase de execução ou ação executiva.
Alienar. Desviar. Destruir. Danificar. Simular dívidas.

V - Elemento subjetivo do tipo.


Dolo - vontade de realizar uma das condutas taxativamente descritas no tipo, ciente da
execução pendente furtando - se ao pagamento da obrigação.

VI - Consumação e tentativa.

VII - Distinção.
Crime falimentar. Lei 11.101/05.
Estelionato - art. 171, § 2º, II, CPB.

VIII - Ação penal.


Art. 179, § único.
Art. 24 CPP.

RECEPTAÇÃO
185
I - Conceito.
Art. 180, caput, CPB.
Receptação - dar abrigo, esconderijo.
II - Objetividade jurídica.

III - Sujeito ativo. Sujeito passivo.

IV - Elementos objetivos do tipo.


É crime acessório. Pressuposto - objeto produto de crime anterior.
Art. 180 § 4º CPB.
Receptação própria - adquirir, receber, transportar, conduzir e ocultar.
Crime permanente - transportar, conduzir e ocultar.
Receptação imprópria - influir. Basta que a influência seja idônea e inequívoca.
Objeto material - coisa produto de crime(direto ou indireto ). STF - coisa móvel.
Não caracteriza - instrumento do crime, paga ou recompensa pela prática (arts. 348 e 349).

V - Elemento subjetivo do tipo.


Prática das condutas com a certeza de que a coisa provém de crime + intuito de obter
proveito próprio ou em favor de terceiro (não pode ser o autor do crime pressuposto/anterior).
Dúvida - receptação culposa.
Dolo contemporâneo com a conduta. Pode existir o crime se o agente descobrindo
posteriormente a origem ilícita da coisa a oculta ou influencia para que terceiro a adquira.

VI - Consumação e tentativa.
Receptação própria - Com a aquisição (transferência da propriedade); recebimento
(transferência da posse ou detenção); transporte (transferência da coisa de um lugar para
outro); condução (o ato de dirigir um veículo); ocultação (o ato de esconder que,
normalmente, pressupõe o recebimento).
Receptação imprópria - com a influência, ainda que sem efeito, desde que idônea e
inequívoca para alcançar o objetivo. É crime formal.

VII - Distinção.
Art. 334, § 1º. d, CPB.
Art. 349 CPB.
VIII - Receptação qualificada pelo objeto material.
Art. 180, § 6º, CPB.
186

IX - Receptação qualificada na atividade comercial ou industrial.


Visa coibir a comercialização ilícita de veículos e peças.
Art. 180, §§ 1º e 2º, CPB.
Crime próprio.
Atividade comercial ou industrial - habitualidade.
Condutas acrescidas - ter em depósito - guardar em lugar seguro, ter em estoque ou
reter em nome próprio ou de outra pessoa; desmontar - desencaixar, separar peças de um todo;
montar - armar, encaixar peças, aprontar para funcionar; remontar - montar o que foi
desmontado, acrescentar ou substituir peças; vender - ato de transferir a propriedade da coisa
tendo como contraprestação o preço; expor a venda - exibir, mostrar para venda; de qualquer
forma utilizar - fazer uso, empregar com utilidade, aproveitar, lucrar.
Elemento subjetivo - dolo + deve saber ser produto de crime + proveito próprio ou
alheio.
O § 6º aplica - se exclusivamente ao caput.

X - Receptação dolosa privilegiada.


Art. 180, § 5º, 2ª parte, CPB.

XI - Receptação culposa.
Art. 180, § 3º, CPB.
Quando há dúvida quanto à origem da coisa, mas mesmo assim a adquire ou recebe.
Condutas - adquirir e receber.
Ocultação - conduta de quem sabe da origem criminosa. (dolo).
São três os indícios objetivos que vinculam a presunção da culpa : natureza da coisa
(objeto com o nome do proprietário); desproporção entre o valor e o preço; condição de quem
oferece a coisa.
Esses indícios têm valor relativo.
Consuma - se com a aquisição ou recebimento. Não admite tentativa.

XII - Perdão judicial.


Art. 180, § 5º, 1ª parte, CPB.
Basta a primariedade do agente e a existência de circunstâncias que indiquem a pouca
gravidade do fato.
XIII - Ação penal.
187
IMUNIDADES NOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

I – Escusas absolutórias - Imunidades absolutas ou materiais: art. 181 CPB. Natureza idêntica
a das causas extintivas da punibilidade.

II – Imunidades relativas ou processuais: art. 182 CPB.

III – Hipóteses em que não há isenção: art. 183 CPB.


III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
(Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)

TÍTULO III

DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL

Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695,
de 1º.7.2003)

§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou


indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma,
sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o
caso, ou de quem os represente: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)

§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui,
vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia
de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista
intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia
de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem
os represente. (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite,


ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para
recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com
intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista
intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: (Redação dada pela
Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)
188
o o o o
§ 4 O disposto nos §§ 1 , 2 e 3 não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao
direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19
de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso
privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto. (Incluído pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)

Usurpação de nome ou pseudônimo alheio

Art. 185 - (Revogado pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Art. 186. Procede-se mediante: (Redação dada pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

I – queixa, nos crimes previstos no caput do art. 184; (Incluído pela Lei nº 10.695, de
1º.7.2003)

II – ação penal pública incondicionada, nos crimes previstos nos §§ 1 o e 2o do art. 184;
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

III – ação penal pública incondicionada, nos crimes cometidos em desfavor de entidades de
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída
pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

IV – ação penal pública condicionada à representação, nos crimes previstos no § 3 o do art. 184.
(Incluído pela Lei nº 10.695, de 1º.7.2003)

Generalidades.

A propriedade imaterial possui dois aspectos: o real consistente no domínio do sujeito


sobre o objeto, e o pessoal inerente à personalidade humana.
Art. 5º, XXVII, CF.
Como forma de propriedade possui valor econômico e é suscetível de alienação por
seu titular.
Capítulo I – Crimes contra a propriedade intelectual.
Capítulos II a IV – revogados. A matéria está atualmente regulada pela lei 9.279 de
14/05/96.
Arts. 12 e 16, §§ 1º e 2º, da lei 9.609 de 19/02/98 – Crimes de violação de direito de
autor de programa de computador.. ( § 3º - ação penal privada).
Lei 9.610 de 19/02/98 (Lei de direitos autorais) – Consolidou a legislação sobre
direitos autorais e os que lhe são conexos.

CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL


189

Generalidades.

Propriedade intelectual – é a propriedade sobre tudo aquilo que corporificando – se no


mundo exterior, tem sua origem no pensamento humano.
Obra intelectual – é a criação do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em
qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro. Ex. livros,
coreografias, composições musicais, desenhos, pinturas, etc. (art. 7º, lei 9.610/98).
Os crimes contra a propriedade intelectual definidos no CPB são dois:
- Art. 184: violação de direito autoral.
- Art. 185: Usurpação de nome ou pseudônimo alheio.(Revogado)

Objeto jurídico são os direitos autorais.


Art. 1º, lei 9.610/98: são os direitos do autor e os direitos que lhe são conexos.
Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou (art. 22, lei
9.610/98).
Direitos morais – arts. 24/27 (não se transmitem (art. 49, I). Direitos patrimoniais – arts.
28/45. Direitos conexos – arts. 90/96.

VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 184 CPB.
Direito autoral: art. 1º, lei 9.610/98. São os direitos (morais e materiais) do autor e os
direitos que lhe são conexos.
Objeto jurídico é o direito autoral que alguém exerça em relação a obras intelectuais.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Violar – infringir, transgredir.
Direitos autorais – arts. 24 a 45 e 89 a 96 da Lei dos Direitos autorais.
Arts. 46/48 - limitações aos direitos autorais.
§ 1º - Crime qualificado pelo meio de execução utilizado pelo agente. O sujeito ativo
lesa direito autoral reproduzindo obra intelectual, fonograma ou vídeofonograma.
Obra intelectual: é qualquer criação do espírito, de qualquer exteriorizada.
190
Fonograma: suporte material de sons (discos, cassetes).
Videofonograma: suporte material de imagens e sons (filmes cinematográficos).
Conduta realizada para fim de comércio.
§ 2º - Vender, expor a venda, introduzir no país, adquirir, ocultar, ter em depósito,
trocar, alugar, emprestar. Condutas que devem ter por objeto material original ou cópia de
obra intelectual, fonograma ou videofonograma produzidos com violação de direito autoral.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo. §§ 1º e 2º + com violação de direito autoral.
V – Elemento normativo do tipo.
§ 1º - sem autorização expressa e sem autorização.
VI – Consumação e tentativa.
Caput: com a efetiva violação.
§ 1º: com a reprodução da obra intelectual (no todo ou em parte), ou de fonograma ou
vídeofonograma.
§ 2º: com a realização das condutas descritas.

Admite – se a tentativa.

VII – Qualificação doutrinária.


Crime de mera conduta (caput). Formal (§§ 1º e 2º). Comum, simples e instantâneo.
VIII – Efeito da condenação.
Art. 184, § 3º, CPB.
IX – Pena.

Ação penal nos crimes contra a propriedade intelectual.


I – Ação penal.
Art. 186 CPB.
I – Procedimento.
Arts. 524/530 CPP.

DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Generalidades.
Título IV CPB.
191
Arts. 5º, XIII, CF.
Capítulo “Dos Direitos Sociais” – CF.
O CPB buscando tutelar a liberdade de trabalho, definiu crimes que atentam contra a
sua organização.
A Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83) pune crimes contra a organização do
trabalho que tenham objetivo político social.
Lei 7.783 de 28 de junho de 1.989 – dispõe sobre o exercício de greve, define as
atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis à comunidade.
Lei 9.029 de 13 de abril de 1.995 – prevê crimes relacionados com práticas
discriminatórias para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo
de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.

Atentado contra a liberdade de trabalho.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 197 CPB.
É uma forma de constrangimento ilegal.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


O tipo penal prevê quatro modalidades de conduta.
Constranger – compelir, coagir, obrigar.
Arte – ocupação econômica que exige habilidade manual.
Ofício – ocupação econômica sem especialização.
Profissão – atividade econômica que exige conhecimento especializado.
Indústria – atividade econômica que visa a transformar matéria-prima em bens de
capital ou de consumo.
A segunda parte do inciso II, que se refere a greve ou lockout, foi revogada pela lei de
greve.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.
192
VI – Qualificação doutrinária.
Crime material, comum e instantâneo.
VII – Pena e ação penal.

Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 198 CPB. Duas figuras típicas.

II – Sujeitos do delito.
III – Elementos objetivos do tipo.
Coação para exercer contrato de trabalho.
Coação para não exercer – art. 146 CPB.
Meios de execução – violência e greve ameaça.
Matéria prima – é a substância principal e essencial com que se faz alguma coisa.
Produto industrial – resultante de transformação por intermédio da indústria.
Produto agrícola – resultante da agricultura.
Figura típica mista cumulativa – duas condutas, concurso de crimes.

IV – Elemento subjetivo do tipo. Dolo.


V – Consumação e tentativa.

VI – Qualificação doutrinária.
Crimes comuns, materiais e instantâneos.

VII – Pena e ação penal.

Atentado contra a liberdade de associação.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 199 CPB.
Art. 8º CF.
193
II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Constranger. Violência e grave ameaça.
Certo e determinado sindicato ou associação.

IV – Elemento subjetivo do tipo. Dolo.


V – Consumação e tentativa.
VI – Qualificação doutrinária.
Crime comum, instantâneo, simples e material.

VII – Pena e ação penal.

Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 200 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – empregado, empregador ou terceira pessoa.
No caso de a paralisação do trabalho ser causada pelos empregados (abandono
coletivo de trabalho), exige-se o concurso de, pelo menos, três empregados. Na hipótese de
ser causada pelos empregadores (suspensão coletiva de trabalho), exige – se o concurso de
mais de uma pessoa.

III – Elementos objetivos do tipo.


Participar – tomar parte, contribuir.
A participação pode ser: a) suspensão coletiva de trabalho (lockout); b) abandono
coletivo de trabalho (greve).
Greve – praticada pelos empregados.
Lockout – praticado pelos empregadores.
Violência – física, contra a pessoa ou contra a coisa.
IV – Elemento subjetivo do tipo. Dolo.
V – Consumação e tentativa.
Com a prática da violência no transcurso da greve ou lockout.
VI – Qualificação doutrinária.
194
Crime material, comum, de concurso necessário, instantâneo e plurissubsistente.
VII – Pena e ação penal.

Paralisação de trabalho de interesse coletivo.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 201 CPB.
Art. 9º, caput e § 1º CF.
Art. 10, lei 7.783/89 (Lei de greve) – identifica os serviços essenciais.
O dispositivo tutela o princípio da continuidade do serviço público.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – empregador ou empregado.
Sujeito passivo – coletividade.

III – Elementos objetivos do tipo.


Suspensão coletiva de trabalho - Lockout – greve dos empregadores. Greve patronal.
Abandono coletivo de trabalho – greve dos empregados.
Greve pacífica.
Crime plurissubjetivo.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo – participar e provocar.

V – Consumação e tentativa.
Com a interrupção.
É possível a tentativa.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime simples, comum, material, de concurso necessário e instantâneo.

VII – Pena e ação penal.


Invasão de estabelecimento industrial, comercial e agrícola. Sabotagem.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 202 CPB. Dois crimes: invasão e sabotagem.
195
Objeto jurídico – organização do trabalho.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa. (- empregador).
Sujeito passivo – empregador e coletividade.

III – Elementos objetivos do tipo.


Invasão: duas modalidades de conduta.
Invadir: entrar à força, sem autorização. Ocupar: apossar – se indevidamente, agindo
como o senhor do estabelecimento.
Objeto material: estabelecimento industrial, comercial ou agrícola.
Sabotagem: duas modalidades de conduta.
Danificar: destruir, deteriorar. Dispor: aliena como se fosse dono.
Dissenso do empregador.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + com o fim de impedir, obstar: não permitir, tornar impraticável.
Embaraçar: criar dificuldade.

V – Consumação e tentativa.
Com a invasão e ocupação. Com o dano ou disposição.
Crime formal.

VI – Qualificação doutrinária.
Crimes comuns pluriofensivos (organização do trabalho e tranqüilidade pessoal;
organização do trabalho e patrimônio).
Invasão é crime permanente. Sabotagem é crime instantâneo.

VII – Pena e ação penal.

Frustração de direito assegurado por lei trabalhista.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 203 CPB.
Norma penal em branco.
Objetividade jurídica – legislação trabalhista.
196

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Frustrar – inutilizar, privar, impedir.
Fraude. Violência.
Direito trabalhista renunciável ou irrenunciável.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime comum, simples e material.

VII – Figuras assemelhadas.


§ 1º, I e II.

VIII – Causa de aumento de pena = § 2º.

IX – Pena e ação penal.

Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 204 do CPB. Art. 178 § 2º CF.
Norma penal em branco.
Protege – se a mão de obra nacional.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa. Em regra o empregador.
Sujeito passivo – Estado, titular do interesse coletivo na nacionalização do trabalho.

III – Elementos objetivos do tipo.


Frustrar – impedir, privar, obstar.
197
Fraude. Violência.
Obrigações relativas à nacionalização do trabalho são as constantes de leis trabalhistas.

IV – Elemento subjetivo do tipo. Dolo.

V – Consumação e tentativa.
VI – Qualificação doutrinária. Crime comum, simples e material.
VII – Pena e ação penal.
Exercício de atividade com infração de decisão administrativa.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 205 CPB.
Interesse do Estado no cumprimento de decisões administrativas relativas às atividades
por ele fiscalizadas.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – a pessoa impedida.
Sujeito passivo – o Estado.

III – Elementos objetivos do tipo.


Exercício (reiteração) de atividade (trabalho, profissão) – exige –se habitualidade.
Decisão administrativa – órgão competente.
Decisão judicial – art. 359 CPB

IV – Elemento subjetivo do tipo. Dolo.

V – Consumação e tentativa.
Habitualidade. Não é possível a tentativa.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime habitual e próprio.
VII – pena e ação penal.

Aliciamento para o fim de emigração.

I – Conceito e objetividade jurídica.


198
Art. 206 CPB.
Objeto jurídico – interesse do Estado na permanência de trabalhadores dentro do país.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Recrutar – atrair, aliciar, seduzir.
Fraude. Emigração.
Art. 231 CPB.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + com o fim de.

V – Consumação e tentativa.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime comum, simples, formal e de tendência (o crime condiciona a sua existência à
intenção do sujeito).

VII – Pena e ação penal.

Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 207 CPB.
Objeto jurídico – interesse do Estado na não-migração dos trabalhadores.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Aliciamento – sedução de trabalhadores.
Localidade.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + com o fim de
199
V – Consumação e tentativa.
No momento em que o sujeito atrai, convence o sujeito passivo.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime formal, comum, simples, instantâneo e de tendência.

VII – Condutas equiparadas.


§ 1º.

VIII – Causa de aumento de pena. § 2º.

IX – Pena e ação penal.

TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E
CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS.

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO

Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 208 CPB. Art. 5º, VI, CF.
Protege – se o sentimento religioso, independentemente da religião escolhida. De forma
secundária assegura – se a liberdade de culto.

II – Figuras típicas.
Três figuras típicas.

III – Escárnio por motivo de religião.


Escarnecer – zombar, ridicularizar, de tal forma que se ofenda a uma pessoa.
Zombaria motivada por crença ou pelo exercício de função religiosa.
Crença religiosa – é a fé, a convicção que a pessoa tem a respeito de uma doutrina religiosa,
acreditando em seus mistérios e aceitando os seus ensinamentos
200
Função religiosa – é a exercida por quem celebra cultos ou participa de organizações
religiosas. É a atividade de padres, freiras, rabinos, pastores.
O escárnio deve ser público: a zombaria deve ser praticada na presença de várias pessoas ou
com a utilização de meios que a divulguem. Exige – se, pois, a publicidade do ato, prescindindo –
se da presença do ofendido.
A ofensa deve ser dirigida a pessoa determinada e não a grupos religiosos. É preciso que
seja formulada contra crente ou ministro em particular.

IV – Impedimento ou perturbação de culto religioso.


Impedir. Perturbar.
Cerimônia – ato solene e regular do culto religioso, realizado com certo aparato, como a
missa, a procissão, etc.
Prática de culto religioso – exercício de qualquer outro ato ou atividade religiosa, diversa da
cerimônia, praticado sem o aparato desta. Ex. a sessão espírita, a oração coletiva.
Culto religioso – é aquele protegido pela tutela estatal, ou seja, o que não atenta contra a
moral e os bons costumes (art. 5º, VI, CF) e conte com número razoável de adeptos.

V – Vilipêndio público de ato ou objeto de culto.


Vilipendiar – desprezar, tratar como vil, menoscabar. A ação pode consistir em palavras,
atos ou escritos. Exige – se, todavia, a publicidade do vilipêndio, isto é, que seja praticado na
presença de várias pessoas.
Ato religioso – abrange a cerimônia e a prática religiosas.
Objeto de culto religioso – são todos os consagrados ao culto.

VI – Sujeitos do crime.

VII – Elementos objetivos do tipo.

VIII – Elementos subjetivos do tipo.


1ª figura – dolo + fim especial de agir.
2ª figura – dolo.
3ª figura – dolo + fim especial de agir.

IX – Qualificação doutrinária.
Escarnecer – crime formal.
Impedir, perturbar – crime material e eventualmente permanente.
201
Vilipêndio – formal ou material.

X – Consumação e tentativa.

XI – Forma qualificada.
Art. 208, § único, CPB.

Capítulo II.
Dos crimes contra o respeito aos mortos.

Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 209 CPB.
Tutela – se o sentimento de respeito pelos mortos.

II – Sujeitos do crime.

III – Elementos objetivos do tipo.


Impedir. Perturbar.
Enterro – é o transporte do cadáver (no todo ou em parte) para o lugar onde deva ser
enterrado, haja ou não acompanhamento ou cortejo. Abrange a transferência de uma sepultura para
outra.
Cerimônia funerária – é o ato de homenagem ou assistência ao falecido. Envolve o velório, a
cremação etc.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + finalidade de transgredir o sentimento de respeito devidos aos mortos.

V – Qualificação doutrinária.
Crime material.

VI – Consumação e tentativa.
Com o efetivo impedimento ou perturbação de enterro ou cerimônia fúnebre.
202
VII – Forma qualificada.
Art. 209, § único, CPB.
Violência contra o cadáver – arts. 211 ou 212 CPB.

VIII – Pena e ação penal.

Violação de sepultura.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 210 CPB.
Protege – se o sentimento de respeito aos mortos.
II – Sujeitos do crime.

III – Elementos objetivos do tipo.


Violar – devassar, abrir arbitrariamente.
Profanar – ultrajar, macular, aviltar.
Objeto material: sepultura ou urna funerária.
Sepultura – abrange não apenas a cova, mas todo lugar onde o cadáver está enterrado.
Compreende o túmulo, os ornamentos, inscrições e objetos ligados permanentemente ligados ao
local onde se encontra o cadáver. É preciso, no entanto, que efetivamente estejam presentes os
restos mortais de uma pessoa.
Urna funerária – é a que guarda partes de um cadáver, seus ossos ou suas cinzas.
Para a caracterização do crime não há necessidade de que os restos mortais sejam removidos
do local onde se encontram. Basta que, na violação, seja o cadáver exposto ao tempo, alterando – se
a sepultura ou urna, de forma a modificar a sua destinação.
A profanação compreende qualquer ato de vandalismo contra a sepultura ou urna funerária,
com o intuito de zombaria.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Violação – dolo.
Profanação – dolo + especial finalidade.

V – Qualificação doutrinária.
Crime material.

VI – Consumação e tentativa.
Tentativa de violação = profanação consumada.
203

VII – Concurso de crimes.


Arts. 211 e 212 CPB.
Art. 210 e 155 em concurso material.

VIII – Pena e ação penal.

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 211 CPB.
Tutela – se o sentimento de respeito dedicado aos mortos.

II – Sujeitos do crime.

III – Elementos objetivos do tipo.


Destruir – é fazer com que o cadáver deixe de existir como tal.
Subtrair – é tirar o cadáver do local onde se encontra sob a esfera de proteção e vigilância de
outrem.
Ocultar – é fazer desaparecer, esconder temporariamente um cadáver, sem destruí – lo.
Somente pode ocorrer antes do sepultamento.
Cadáver – é o corpo humano morto, sem vida, enquanto conservar a aparência humana. O
natimorto está abrangido pelo conceito legal de cadáver.
As partes de um cadáver também são protegidos pela lei.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
Art. 67 LCP.

V – Qualificação doutrinária.
Crime material.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Retirada e transplante de partes de cadáver.


Lei 9.434/97 (arts. 3º, 4º, 14 a 20).
204
VIII – Pena e ação penal.

Vilipêndio a cadáver.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 212 CPB.
Sentimento de respeito pelos mortos.

II – Sujeitos do crime.

III – Elementos objetivos do crime.


Vilipendiar – tratar como vil, menoscabar, desprezar, ultrajar, por meio de atos, palavras ou
escritos.
Exige – se que a ação seja realizada sobre ou junto ao cadáver ou suas cinzas.
Cadáver. Cinzas de cadáver. Partes do cadáver também são tuteladas. Também o cadáver
exposto para fins de estudos científicos estão abrangidos pela tutela penal.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + especial finalidade.

V – Qualificação doutrinária.
O crime pode ser material ou formal de acordo com a maneira de execução.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Pena e ação penal.

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Considerações gerais.
O título VI do Código penal tutela a dignidade sexual, expressão umbilicalmente
ligada à liberdade e ao desenvolvimento sexual da pessoa humana.
Trata da proteção ao direito individual de qualquer pessoa, da liberdade de escolha do
parceiro (a) e do consentimento na prática do ato sexual.
A violência nos crimes sexuais atinge a personalidade humana correspondendo a uma
invasão da privacidade da vítima, que teve violada sua liberdade sexual.
205

I - Objetividade jurídica em geral.


A liberdade sexual como emanação de uma das vertentes da dignidade da pessoa
humana.

II - Classificação dos crimes contra a dignidade sexual.


Capítulo I - Dos crimes contra a liberdade sexual.
Capítulo II – Dos crimes sexuais contra vulnerável.
Capítulo III - Do rapto (revogado).
Capítulo IV – Disposições gerais.
Capítulo V - Do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra
forma de
exploração sexual.
Capítulo VI – Do ultraje público ao pudor.
Capítulo VII – Disposições gerais.

A modificação operada pela lei 12.015 de 2009.

TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor


de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de


2009)
206
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém,
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica,


aplica-se também multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento


sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função." (Incluído pela Lei nº
10.224, de 15 de 2001)

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de


2001)

Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)

§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos.


(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO II
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Sedução

Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Estupro de vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de


2009)

§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)


207
o
§ 3 Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de


2009)

Corrupção de menores

Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de


outrem: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Incluído


pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-


lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia
própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” (Incluído pela Lei nº 12.015, de


2009)

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de


vulnerável (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração


sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental,
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar
que a abandone: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de


2009)

§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as


práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
208
o o
§ 3 Na hipótese do inciso II do § 2 , constitui efeito obrigatório da condenação a
cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.(Incluído pela
Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO III
DO RAPTO

Rapto violento ou mediante fraude

Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Rapto consensual

Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Diminuição de pena

Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Concurso de rapto e outro crime

Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 224 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Ação penal

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se
mediante ação penal pública condicionada à representação. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)

Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública


incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)

Aumento de pena

Art. 226. A pena é aumentada:(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais


pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,


companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro
título tem autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
209
III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

CAPÍTULO V
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE
EXPLORAÇÃO SEXUAL
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Mediação para servir a lascívia de outrem

Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o


agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador
ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda:
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)

Pena - reclusão, de dois a cinco anos.

§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (Redação


dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração


sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)

§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,


companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei
ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência.

§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.


210
Casa de prostituição

Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou
gerente: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.

Rufianismo

Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus


lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime


é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro,
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou
outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
12.015, de 2009)

§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio


que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada pela Lei
nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à


violência.(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual (Redação dada


pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele
venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém
que vá exercê-la no estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa


traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou
alojá-la. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o A pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de


2009)

I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário


discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
211
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei
ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)

IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (Incluído pela Lei nº 12.015,


de 2009)

§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual (Redação dada pela
Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território


nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: (Redação
dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
2009)

§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a


pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la,
transferi-la ou alojá-la. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o A pena é aumentada da metade se: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário


discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge,


companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei
ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)

IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (Incluído pela Lei nº 12.015,


de 2009)

§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se


também multa.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES GERAIS
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: (Incluído pela Lei nº
12.015, de 2009)
212
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente


transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009)

Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em
segredo de justiça.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

ESTUPRO.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Artigo 213, CPB.
Nova acepção ao vocábulo estupro, hoje significando não apenas a conjunção carnal contra a
mulher, mas também contra o homem, e ainda a prática ou permissão da prática de outro ato
libidinoso, nos dois modos com violência ou grave ameaça.
Conseqüências imediatas:
a) a prática de conjunção carnal seguida de atos libidinosos (sexo anal, por exemplo) gerava
concurso material dos crimes de estupro e atentado violento ao pudor (JSTF 301/461 e RSTJ
93/384).
Com a lei 12.015/09º crime de estupro passou a ser de conduta múltipla ou de conteúdo
variado (há entendimento no sentido de que a única conduta é constranger).
A mudança é benéfica para o acusado devendo retroagir.
b) a gravidez resultante de atos libidinosos diversos da conjunção carnal, agora, também será,
expressamente, alcançada pela permissão do aborto sentimental – art. 128, II, CPB.

Protege-se a liberdade sexual do homem e da mulher.

2. Elementos do tipo.
Constranger – forçar, compelir, coagir.
213
Conjunção carnal – é a relação sexual normal. A introdução do pênis na vagina da mulher.
Ato libidinoso – é gênero do qual é espécie a conjunção carnal. Por isso o tipo penal assinala
“outro” ato libidinoso. Assim, pode ser definido como aquele comportamento sexual,
diferente da conjunção carnal,, destinado a satisfazer a lascívia, o apetite sexual. Qualquer
atitude com conteúdo sexual que tenha por finalidade a satisfação da libido.

O meio de execução é a violência ou grave ameaça.


Violência física: é a violência material, ou seja, o emprego de força física capaz de vencer a
resistência da vítima. É a violência real (vis absoluta).
Violência moral: é a grave ameaça (vis compulsiva): age no psíquico da vítima, com força
intimidatória suficiente para anular a capacidade de querer.
Grave ameaça significa um mal superior à própria conjunção carnal ou ato libidinoso diverso,
não tendo a vítima outra alternativa que não ceder ao ato sexual.
Este mal prometido pode ser direto (contra a vítima), indireto (contra terceira pessoa), justo
(denunciar crime praticado pela vítima, execução de dívida vencida), ou injusto (dizer que irá
matá-la, anunciar um segredo íntimo).
A grave ameaça deve ser analisada em cada caso, tendo em conta as condições físicas e
psíquicas de cada vítima.
Dissenso da vítima – a vítima não quer e não concorda com a realização do ato libidinoso, e
somente cede em virtude da violência física ou da grave ameaça.
Veremos que no estupro de vulnerável até pode ter o consentimento que não deixará de existir
o crime (art. 217-A, CPB).

Contato físico entre os envolvidos: conforme a maioria da doutrina não há necessidade do


contato físico entre autor e vítima, cometendo o crime o agente que para satisfazer a sua
lascívia ordena que a vítima explore seu próprio corpo (masturbando-se), somente para
contemplação.

3. Sujeitos do crime.
Ativo – qualquer pessoa.
Agente ascendente, padrasto, madrasta, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador,
preceptor ou empregador da vítima ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância, a pena será majorada de metade (art. 226, II).
Passivo – qualquer pessoa (inclusive a prostituta)
214
Tratando-se de vítima menor de 18 anos e maior de 14 anos o crime será qualificado(§ 1º). Se
menor de 14 anos o delito será o do art. 217-A do CP (estupro de vulnerável), abolindo-se a
presunção de violência trazida pelo art. 224 do CP.
Se no dia do seu aniversário a vítima estiver completando 14 anos e o ato sexual for praticado
com violência ou grave ameaça haverá estupro simples; se o ato foi consentido, o fato é
atípico. Nesse caso, a alteração legislativa é benéfica devendo retroagir para alcançar os fatos
pretéritos.

4. Elemento subjetivo.
Dolo. A simples vontade de submeter a vítima à prática de relações sexuais completas.

5. Consumação e tentativa.
O crime consuma-se com a prática do ato de libidinagem (gênero que abrange a conjunção
carnal e inúmeros atos libidinosos).
É possível a tentativa.

6. Resultados qualificadores.
Os §§ 1º e 2º trazem qualificadoras preterdolosas.
Revogação do artigo 223, CPB.

7. Ação penal.
Artigo 225, CPB.

Violação sexual mediante fraude.

Envolve os antigos crimes de posse sexual mediante fraude e atentado ao pudor mediante
fraude.
A pena do tipo básico foi majorada, não retroagindo para alcançar os fatos passados.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Artigo 215, CPB.
Liberdade sexual do homem e da mulher.

2. Elementos do tipo.
Fraude: artifício, ardil.
É o estelionato sexual. Há o emprego de meio enganoso para a obtenção da prestação sexual.
215
A vítima tem a sua vontade iludida e externa o consentimento.
É necessário que a fraude seja capaz de iludir alguém, analisando-se, para tanto, não só o
meio empregado, como também as condições do ofendido, que poderão variar conforme o
caso concreto.
A fraude utilizada na execução do crime não pode anular a capacidade de resistência da
vítima, caso em que estará configurado o delito de estupro de vulnerável (art. 217-A). P. ex.
uso de psicotrópicos para vencer a resistência da vítima e com ela manter a conjunção carnal.

3. Elemento subjetivo do tipo.


É o dolo.
Se presente o fim de obter vantagem econômica: § único – pena cumulativa com multa.

4. Consumação e tentativa.
Consuma-se com a prática do ato de libidinagem.
Sendo delito plurissubsistente admite a tentativa.
5. Ação penal.
Art. 225, CPB.

ASSÉDIO SEXUAL

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 216-A, CPB.
É crime pluriofensivo. Tutela-se, principalmente, a liberdade sexual da pessoa humana, mas
também a liberdade de exercício do trabalho e o direito de não ser discriminada.

2. Sujeitos do crime.
Sujeito ativo: superior hierárquico ou ascendente em relação de emprego, cargo ou função.
Artigo 226, II, CPB.
Crime próprio.
Sujeito passivo: pessoa subalterna do autor.
Inexistindo a relação entre os sujeitos: art. 146, CPB, ou art. 61, LCP.
Menor de 18 anos: § 2º - pena aumentada até um terço.

3. Elementos objetivos do tipo.


Constrangimento: não pode ser por violência física ou grave ameaça, pois poderia configurar
o crime de estupro (art. 213, CPB).
216
É a insistência inoportuna de alguém em posição privilegiada, que usa dessa vantagem para
obter favores sexuais de um subalterno.
Superioridade hierárquica: retrata uma relação laboral no âmbito público. Ascendência:
relação laboral no campo privado. Nos dois casos há um vínculo de trabalho.

4. Elemento subjetivo do tipo.


É o dolo, com a finalidade especial de obter vantagem ou favorecimento sexual.

5. Consumação e tentativa.
Quanto a consumação há duas correntes: a) com o constrangimento, pois é crime formal; b) o
crime é habitual, sendo necessária a prática de reiterados atos constrangedores.
Dependendo do posicionamento adotado será ou não possível a tentativa.

6. Ação penal.
Art. 225, CPB.

Capítulo II.
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL.

Estupro de vulnerável.

Está revogado o artigo 224, CPB, e o artigo 9º, da lei 8072/90.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 217-A, CPB.
Liberdade sexual da pessoa humana menor de 14 anos.

2. Sujeitos do crime.
Sujeito ativo: qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Art. 226, II, CPB.
Sujeito passivo: pessoa com menos de 14 anos ou portadora de enfermidade ou deficiência
mental ou incapaz de discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
sem condições de oferecer resistência.

3. Elementos objetivos do tipo.


217
Conjunção carnal.
Outro ato libidinoso.
Menor de 14 anos.
Enfermidade mental: doença mental.
Deficiência mental: capacidade intelecto volitiva diminuída (oligofrenia).
Incapaz de discernimento para a prática do ato: qualquer outra causa mental que impeça a
vítima de entender o significado da prática sexual.
Qualquer outra causa, sem condições de oferecer resistência: embriaguez, narcotização,
inconsciência por doença, acidente, pouco importando se a incapacidade foi ou não provocada
pelo autor.

4. Resultados preterdolosos: §§ 3º e 4º.

5. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo. O agente deve ter consciência de que age em face de uma pessoa vulnerável.
Artigo 20, CPB.

6. Consumação e tentativa.
Consuma-se com a prática do ato de libidinagem.
É possível a tentativa.

7. Ação penal.
Art. 225, CPB.

Mediação para servir a lascívia de outrem com pessoa vulnerável.


Antes da lei 12.15 de 2009 o lenocínio típico (alcovitaria) estava previsto somente no artigo
227, CPB, punido com reclusão de 1 a 3 anos em se tratando de vítima adulta (art. 227,
caput), reclusão de 2 a 5 anos, quando a vítima era adolescente maior de 14 anos (art. 227, §
1º); se não maior de 14 anos, reclusão de 2 a 8 anos, presumindo-se a violência (art. 224, a).
Esta última hipótese, com o advento da lei 12015/09 passou a configurar crime autônomo (art.
218, CPB), punido com reclusão de 2 a 5 anos.
A mudança é benéfica devendo retroagir para alcançar os fatos pretéritos.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Artigo 218, CPB.
A liberdade sexual da pessoa menor de 14 anos.
218

2. Sujeitos do crime.
Sujeito ativo: crime comum.
A mediação pressupõe um triângulo constituído pelo sujeito ativo (mediador ou lenão), a
vítima (pessoa menor de 14 anos induzida a satisfazer a lascívia de outrem) e o “destinatário”
da atividade criminosa do primeiro. Este (consumidor) não pode ser considerado co-autor do
crime, ainda que haja instigado o mediador, pois a norma exige o fim de satisfazer a lascívia
de outrem (e não própria).
Sujeito passivo: a pessoa menor de 14 anos, não corrompida, não afeita à vida sexual
promíscua.
Deve ser pessoa determinada. Tratando-se de um número indeterminado de pessoas: art. 218-
B, CPB.

Observação importante: tratando-se de vítima menor de 14 anos, não pode a satisfação da


lascívia consistir em conjunção carnal ou atos libidinosos diversos da cópula normal, pois,
nesses casos, haverá o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A). Limita-se, portanto, às
práticas sexuais meramente contemplativas, como por exemplo, induzir alguém menor de 14
anos a vestir-se com determinada fantasia para satisfazer a luxúria de alguém.
Induzir menor de 14 anos a vê presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem, configura o delito do art. 218-A.

3. Elementos objetivos do tipo.


Induzir: convencer, aliciar, persuadir.
Lascívia: sensualidade, libidinagem, luxúria.

4. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5. Consumação e tentativa.
Consuma-se o delito com a prática do ato que importa na satisfação da lascívia de outrem,
independentemente deste considerar-se satisfeito.
É possível a tentativa.

6. Ação penal.
Art. 225, CPB.
219
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 218-A, CPB.
A liberdade sexual da criança ou adolescente menor de 14 anos.

Interpretando o artigo 218 do CPB, antes da alteração realizada pela lei 12.015/09 a doutrina
observava que induzir vítima não maio de 14 anos a presenciar ato de libidinagem sem deles
participar, ativa ou passivamente, era, em regra, um indiferente penal (fato atípico).
A lei 12.015/09 integrou a lacuna, criando o art. 218-A.

2. Sujeitos do delito.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Art. 226, II, CPB.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que menor de 14 anos.

3. Elementos objetivos do tipo.


Duas condutas típicas (dois modos de execução):
a) praticar, na presença da vítima, conjunção carnal ou outro ato libidinoso (querendo ou
aceitando ser observado).
Nesta hipótese o agente não interfere na vontade do menor, mas aproveita-se da sua presença
para realizar o ato sexual, visando, desse modo, satisfazer lascívia própria ou de outrem.
b) induzindo a vítima a presenciar conjunção carnal ou outro ato libidinoso (hipótese em que
o agente faz nascer na criança ou no adolescente (menor de 14 anos) a idéia de presenciar ato
de libidinagem.

Observação importante: em nenhum das duas situações a vítima participa do ato sexual,
limitando-se a observar, pois, caso contrário, haverá estupro de vulnerável (art. 217-A).

4. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + finalidade especial de satisfazer a lascívia própria ou de outrem.

5. Consumação e tentativa.
Na primeira modalidade típica com a efetiva realização do ato sexual.
Na segunda modalidade típica com a ação de induzir a presenciar, independentemente da
concretização do ato de libidinagem.
220
É possível a tentativa nas duas formas.

6. Ação penal.
Artigo 225, CPB.

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 218-B, CPB.
A liberdade sexual de vulnerável.

Observação: este crime não se confunde com o definido no art. 218 (mediação para servir a
lascívia de outrem). No art. 218, o agente induz a vítima a satisfazer a lascívia de pessoa (s)
certa (s) e determinada (s). Já no crime em análise o agente leva, atrai, propicia ou retém a
vítima, visando desta o exercício da prostituição, consistente em satisfazer a lascívia de
pessoa indeterminada.

Examinar o art. 244-A, da lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA).


A lei 12.015 de 2009, reunindo no art. 218-B os artigos 244-A do ECA e 228, § 1º, do Código
Penal, criou o delito de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de
vulnerável.
A exploração da prostituição de crianças e adolescentes está prevista como crime no art. 218-
B, do CPB (revogando o art. 244-A do ECA).
A exploração da prostituição de adultos está tipificada no art. 228 do CP. No art. 231 pune-se
a exploração sexual da espécie tráfico internacional de pessoas (criança, adolescente, ou
adulto). No art. 231-A, o tráfico interno. A pornografia envolvendo crianças e adolescentes
foi incriminada no ECA nos arts. 240, 241, 241-A a 241-D; a de adultos, em regra, não
configura crime.

2. Sujeitos do crime.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Art. 226, II, CPB.
Sujeito passivo: qualquer pessoa nas condições descritas no tipo (homem ou mulher).
A lei não diferencia o já corrompido daquele que conta com sua moral intacta.
221
A prostituta pode ser vítima deste crime? Quando impedida de deixar a prostituição sim.
Entretanto, por já se dedicar ao comércio carnal, não será possível, obviamente, induzir, atrai
ou facilitar o seu ingresso.

3. Elementos objetivos do tipo.


Seis são as ações nucleares típicas: submeter (sujeitar), induzir (inspirar, instigar), atrair
(aliciar) a vítima à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la (proporcionar
meios, afastar dificuldades), impedir (opor-se, não permitir), dificultar (criar obstáculos,
tornar mais difícil) que alguém a abandone.

Exploração sexual: pode ser definida como uma dominação e abuso do corpo de crianças,
adolescentes e adultos (oferta), por exploradores sexuais (mercadores), organizados, muitas
vezes, em rede de comercialização local e global (mercado), ou por pais ou responsáveis, e
por consumidores de serviços sexuais pagos (demanda), admitindo quatro modalidades:
a) prostituição: atividade na qual atos sexuais são negociados em troca de pagamento, não
apenas monetário.
b) turismo sexual: é o comércio sexual, bem articulado, em cidades turísticas, envolvendo
turistas nacionais e estrangeiros e principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de
países de terceiro mundo.
c) pornografia: produção, exibição, distribuição, venda, compra, posse e utilização de material
pornográfico, presente também na literatura, cinema, propaganda, etc...
d) tráfico para fins sexuais: movimento clandestino e ilícito de pessoas através de fronteiras
nacionais, com o objetivo de forçar mulheres e adolescentes a entrar em situações
sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos aliciadores, traficantes.

O favorecimento pode ocorrer por ação ou omissão, esta na hipótese em que o agente,
revestido do dever jurídico de impedir que a vítima ingresse na prostituição, nada fez,
aderindo subjetivamente à sua conduta.

Condutas equiparadas: § 2º, I, II, CPB.


Na hipótese do inciso I se menor de 14 anos ou portadora de enfermidade ou deficiência
mental o crime será do art. 217-A do CP, podendo, conforme o caso, figurar como partícipe o
proprietário, o gerente ou o responsável pelo local.

4. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
222
§ 1º - intuito de lucro.

5. Consumação e tentativa.
Nas modalidades submeter, induzir, atrair e facilitar consuma-se o delito no momento em que
a vítima passa à prostituição, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes,
ainda que não tenha atendido nenhum.
Já na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da prostituição, o crime consuma-se no
momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse intento,
protraindo a consumação durante todo o período de embaraço (crime permanente).

É possível a tentativa.

6. Ação penal.
Art. 225, CPB.

Capítulo III
(Revogado)

Capítulo IV.
Disposições gerais.

Ação penal.
Artigo 225, CPB.

Considerações gerais.
Antes da lei 12.015/09 a ação penal nos crimes sexuais era de iniciativa privada, de acordo
com o que estabelecia o caput do art. 225. Agora, com a reforma, a regra estabelece que a
ação penal é pública condicionada, transformando-se em pública incondicionada quando a
vítima é:
I – menor de 18 anos;
II – pessoa vulnerável.

Observação: a ação penal, para os casos praticados antes da vigência da nova lei, deve
continuar sendo privada (queixa crime), vez que, do contrário, estar-se-ia subtraindo inúmeros
institutos extintivos da punibilidade ao acusado. A mudança da titularidade da ação penal é
223
matéria de processo penal, mas conta com reflexos penais imediatos. Daí a imperiosa
necessidade de tais normas (processuais, mas com reflexos penais diretos) seguirem a mesma
orientação jurídica das normas penais. Quando a inovação é desfavora´vel ao réu não
retroage.

CAPÍTULO V
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU
OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL

Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual.

A exemplo do art. 218-B, pune-se o favorecimento da prostituição ou tra forma de exploração


sexual, porém, agora, a vítima já não é criança ou adolescente.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Artigo 228, CPB.
A liberdade sexual de pessoa com idade igual ou superior a 18 anos, capaz mentalmente, possuindo,
no momento do crime, o necessário discernimento para a prática do ato.

2. Sujeitos do crime.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Artigo 228, § 1º, CPB.

Sujeito passivo: qualquer pessoa com idade igual ou superior a 18 anos, seja homem ou mulher,
capaz mentalmente, possuindo, no momento do crime, o necessário discernimento para a prática do
ato.
A lei não diferencia o já corrompido daquele que conta com sua moral intacta.
A prostituta pode ser vítima do crime quando impedida de deixar a prostituição.

3. Figuras típicas qualificadas.


Art. 228, §§ 1º, 2º, 3º, CPB.

4. Elementos objetivos do tipo.


Induzir: inspirar, instigar.
224
Atrair: aliciar.
Prostituição: atividade na qual atos sexuais são negociados em troca de pagamento, não apenas
monetário. É o comercio sexual.
Exploração sexual: dominação e abuso do corpo de crianças, adolescentes e adultos (oferta), por
exploradores sexuais (mercadores), organizados, muitas vezes, em rede de comercialização local e
global (mercado), ou por pais ou responsáveis, e por consumidores de serviços sexuais pagos
(demanda), admitindo quatro modalidades: prostituição, turismo sexual (comércio sexual, bem
articulado, em cidades turísticas nacionais, envolvendo turistas nacionais e estrangeiros e
principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de países de terceiro mundo, pornografia
(produção, exibição, distribuição, venda, compra e utilização de material pornográfico, presente
também na literatura, cinema, propaganda, etc, e tráfico para fins sexuais (movimento clandestino e
ilícito de pessoas através de fronteiras nacionais, com o objetivo de forçar mulheres e adolescentes a
entrar em situações sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos aliciadores, traficantes.).
Facilitar: proporcionar meios, afastar dificuldades.
Impedir: opor-se.
Dificultar: criar obstáculos.

O favorecimento pode acontecer por ação ou omissão, esta na hipótese em que o agente, revestido
do dever jurídico de impedir que a vítima ingresse na prostituição, nada faz, aderindo
subjetivamente à sua conduta.

5. Confronto.
a) A exploração da prostituição de crianças e adolescentes está prevista como crime no art. 218-B,
do CP (revogando o art. 244-A, do ECA).
b) A exploração da prostituição de adultos está tipificada no art. 228 do CP.
c) No art. 231 pune-se a exploração sexual da espécie tráfico internacional de pessoas (criança,
adolescente ou adulto).
d) No art. 231-A, o tráfico interno.
e) A pornografia envolvendo crianças e adolescentes foi incriminada no ECA nos arts. 240, 241,
241-A a 241-D.
f) a pornografia envolvendo adultos, em regra, não é crime.

6. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
Fim de lucro - § 3º.
225
7. Consumação e tentativa.
Na modalidade induzir, atrair e facilitar consuma-se o delito no momento em que a vítima passa a
se dedicar à prostituição ou outra forma de exploração sexual, colocando-se, de forma constante, à
disposição dos clientes, ainda que não tenha atendido nenhum.
Na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da exploração sexual, o crime consuma-se no
momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse intento, protraindo a
consumação durante todo o período de embaraço (crime permanente).
A tentativa parece perfeitamente possível em todas as modalidades.

8. Ação penal.
Pública incondicionada.

Casa de prostituição.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 229, CPB.
A liberdade sexual da pessoa humana.

2. Sujeitos do delito.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: a pessoa explorada sexualmente.

3. Elementos objetivos do tipo.


Manter: sustentar, conservar, prover o necessário para que permaneça a atividade. Trata-se de crime
habitual.
Exploração sexual: dominação e abuso do corpo de crianças, adolescentes e adultos (oferta), por
exploradores sexuais (mercadores), organizados, muitas vezes, em rede de comercialização local e
global (mercado), ou por pais ou responsáveis, e por consumidores de serviços sexuais pagos
(demanda), admitindo quatro modalidades: prostituição, turismo sexual (comércio sexual, bem
articulado, em cidades turísticas nacionais, envolvendo turistas nacionais e estrangeiros e
principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de países de terceiro mundo, pornografia
(produção, exibição, distribuição, venda, compra e utilização de material pornográfico, presente
também na literatura, cinema, propaganda, etc, e tráfico para fins sexuais (movimento clandestino e
ilícito de pessoas através de fronteiras nacionais, com o objetivo de forçar mulheres e adolescentes a
entrar em situações sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos aliciadores, traficantes.).
226
O que está reprovado agora é a exploração.
A profunda inovação introduzida pela lei 12015/09 foi substituir “casa de prostituição ou lugar
destinado a encontro para fins libidinosos” por “estabelecimento em que ocorra a exploração
sexual”, expressão muito mais pertinente (para o fim da incriminação da conduta), permitindo
abranger não só os prostíbulos, mas qualquer espaço que venha a servir de abrigo habitual para a
prática de comportamentos contra a dignidade sexual, ou seja, comportamentos que denotem
exploração sexual.

A intenção do legislador parece ser punir também hotéis, hospedarias e até restaurantes, desde que
destinados, habitualmente, à exploração sexual.

4. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5. Consumação e tentativa.
Consuma-se no momento em que fica caracterizada a manutenção do estabelecimento.
Por ser crime habitual não admite a tentativa.

6. Ação penal.
Ação penal pública incondicionada.

Rufianismo.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 230, CPB.
A liberdade sexual da pessoa humana.

2. Sujeitos do crime.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Rufião: pessoa que vive às custas de prostitutas. Espécies:
a) cafetão: utiliza a coação, força terror.
b) cafinflero: atuam pelo poder de sedução ou do amor.
c) comerciante: faz da atividade apenas um comércio.
227
d) gigolô: se serve gratuitamente da meretriz, ou dela recebe presentes. Não praticam o crime.
§ 1º.
Sujeito passivo: a coletividade, como também quem, se dedicando à prostituição, tem sua atividade
explorada pelo rufião (ou rufia).
§ 2º.

3. Elementos objetivos do tipo.


Duas ações nucleares típicas: a) tirar proveito da prostituição: é o rufianismo ativo. O rufião obtém
vantagem proveniente diretamente dos lucros auferidos pela prostituta, embora deles não necessite
para seu sustento;
b) fazer-se sustentar, no todo, ou em parte, por quem a exerça: é o rufianismo passivo. O agente
participa indiretamente do proveito da prostituição, vivendo às custas da meretriz, recebendo
dinheiro, alimentação, vestuário, moradia e outros benefícios de que necessita para sua manutenção.

Emprego de violência, grave ameaça, fraude ou outro meio....: § 2º.

É crime habitual.

4. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5. Consumação e tentativa.
A consumação ocorrerá com a prática de atos reiterados de obtenção de proveito ou de sustento por
parte do rufião.
Não é possível a tentativa.

6. Ação penal.
Ação penal pública incondicionada.

TRAFICO INTERNACIONAL DE PESSOA PARA FIM DE EXPLORAÇÃO SEXUAL

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 231, CPB.
Liberdade sexual da pessoa humana.

2. Elementos objetivos do tipo.


228

Duas são as ações nucleares descritas no caput:


a) Promover: executar, efetuar diretamete.
b) Facilitar: ajudar, auxiliar, tomas as medidas necessárias para prover a entrada ou a ou a
saída.

No § 1º:
a) agenciar: intermediar, servir de agente;
b) aliciar: atrair;
c) comprar: obter mediante pagamento;
d) transportar: conduzir a determinado lugar;
e) transferir: mudar de um lugar para outro;
f) alojar: por ou guardar;

A dignidade sexual, é bem jurídico indisponível, sendo irrelevante o consentimento por parte
daquele que se submete à ação delituosa.

Segundo o “Protocolo adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial de
mulheres e crianças (2000), instrumento já ratificado pelo Estado brasileiro, tráfico de pessoas
significa: “o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas,
recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao
abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou
benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre oura para fins de
exploração”.
Nesse mesmo Protocolo encontramos a definição de exploração, como sendo “no mínimo, a
exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços
forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos”.
A lei 12015/09, adaptando nossa legislação aos documentos internacionais, alterou a finalidade do
crime, não mais restringindo à prostituição, abrangendo toda espécie de exploração sexual.

Exploração sexual: dominação e abuso do corpo de crianças, adolescentes e adultos (oferta), por
exploradores sexuais (mercadores), organizados, muitas vezes, em rede de comercialização local e
global (mercado), ou por pais ou responsáveis, e por consumidores de serviços sexuais pagos
(demanda), admitindo quatro modalidades: prostituição, turismo sexual (comércio sexual, bem
articulado, em cidades turísticas nacionais, envolvendo turistas nacionais e estrangeiros e
229
principalmente mulheres jovens, de setores excluídos de países de terceiro mundo, pornografia
(produção, exibição, distribuição, venda, compra e utilização de material pornográfico, presente
também na literatura, cinema, propaganda, etc, e tráfico para fins sexuais (movimento clandestino e
ilícito de pessoas através de fronteiras nacionais, com o objetivo de forçar mulheres e adolescentes a
entrar em situações sexualmente opressoras e exploradoras, para lucro dos aliciadores, traficantes.).

Obs. A exploração da prostituição de crianças e adolescentes está prevista como crime no art.
218-B do CP (revogando o art. 244-A do ECA).
A exploração da prostituição de adultos está tipificado no art. 228 do CP.
No art. 231 pune-se a exploração sexual da espécie tráfico internacional de pessoas (criança,
adolescente ou adulto).
No art. 231-A pune-se o tráfico interno.
A pornografia envolvendo crianças e adolescentes foi incriminada no ECA, mais
precisamente nos arts. 240, 241, 241-A a 241-D.
A pornografia de adultos, em regra, não configura crime.

3. Sujeitos do delito.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.

4. Causas de aumento de pena.


a) vítima menor de 18 anos;
b) a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a
prática do ato;
c) se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de
cuidado, proteção ou vigilância;
d) há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.

5. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + a finalidade especial relacionada à exploração sexual.
§ 3º: + finalidade de obtenção de vantagem econômica.

6. Consumação e tentativa.
230
Consumação: para a maior parte da doutrina a consumação se dá com a entrada ou a saída da pessoa
do território nacional, dispensando-se que pratique, efetivamente, algum ato fruto da exploração
sexual.
Para alguns doutrinadores deve haver o efetivo exercício da prostituição.
Modalidades equiparadas do § 1º: o crime se consuma com o agenciamento, aliciamento ou compra
da pessoa traficada, ou com seu transporte, transferência ou alojamento, sendo estas três últimas
modalidades formas permanentes do crime, admitindo flagrante a qualquer tempo.

É possível a tentativa.

7. Ação penal.
A ação penal é pública incondicionada.

Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual.

1. Conceito e objetividade jurídica.


Art. 231-A.
A liberdade sexual da pessoa humana.

2. Sujeitos do delito.
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.

3. Causas de aumento de pena.


Incisos I a IV: idênticas ao do artigo anterior.
4. Elementos objetivos do tipo.
Promover. Facilitar. Prostituição.
Território: art. 5º, §§ 1º e 2º, do CP.

§ 1º - condutas equiparadas: agenciar, aliciar, vender, comprar, transportar, transferir, alojar.

5. Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + fim de exploração sexual.
Fim de obter vantagem econômica: § 3º.

6. Consumação e tentativa.
231
Consumação: depende do entendimento que se tenha a respeito do dolo.(caput).
§ 1º: com o agenciamento, aliciamento, compra, transporte, transferência ou alojamento (três
últimas modalidades crime permanente).

É possível a tentativa.

7. Ação penal: pública incondicionada.

Art. 232 - Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos arts. 223
e 224. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Do ultraje público ao pudor.

Generalidades.
Arts. 233 e 234. O legislador tem por fim proteger o sentimento de moralidade
sexual vigente numa sociedade em determinado momento (pudor público).
Conceito variável no tempo e no espaço.

Ato obsceno.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 233 CPB.

II - Sujeitos do delito.

III - Elementos objetivos do tipo.


Praticar. Ato obsceno. Art. 61 da LCP.
Ato obsceno real - servindo de desafogo da luxúria do agente.
Ato obsceno simulado - praticado com espírito de emulação, por gracejo.
Lugar público. Lugar aberto ao público. Lugar exposto ao público.
IV - Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.

V - Consumação e tentativa.
232
Com a prática do ato que ofende a moralidade pública. Não é necessário que o
ato obsceno seja presenciado por outrem, nem que tenha ofendido o pudor dos assistentes.
Tentativa é inadmissível.

VI - Qualificação doutrinária.
Crime comum, de perigo abstrato e instantâneo.

VII - Pena e ação penal.

Escrito ou objeto obsceno.

I - Conceito e objetividade jurídica.


Art. 234 CPB.
Protege - se a moralidade pública sexual.

II - Sujeitos do delito.

III - Elementos objetivos do tipo.


Fazer. Importar. Exportar. Adquirir. ter sob sua guarda.
O objeto material pode ser : escrito obsceno, desenho obsceno, pintura
obscena, estampa obscena, qualquer objeto obsceno.
Basta a possibilidade da ofensa ao pudor público.
Arts. 240 e 241 do ECA.

IV - Figuras típicas equiparadas.


Art. 234, § único, CPB.

V - Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + elemento subjetivo - fim de comercializar, distribuir, expor ao público.

VI - Consumação e tentativa.
Não é necessário, para a consumação, que alguém tenha acesso ao material,
nem que o pudor público seja efetivamente atingido. Basta a possibilidade de que tal
aconteça.
A tentativa é possível.
233
VII - Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, de ação múltipla ou de conteúdo variado e comum.

VIII - Pena e ação penal.

Capítulo VII.
Disposições gerais.

Aumento de pena.

Art. 234-A.
Traz duas novas majorantes, cada qual com frações diferentes, incidindo sobre todos os capítulos do
Título VI.

Art. 234: restrição ao princípio da publicidade: arts. 5º, LX e 93, IX da CF), para impedir a violação
à intimidade da pessoa.

Alteração no artigo 244-B, do ECA.

“Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
infração penal ou induzindo-o a praticá-la:
Pena: reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 1º. Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas
utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet.
§ 2º. As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de 1/3 (um terço) no caso de a
infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei 8072, de 25/07/90.

CRIMES CONTRA A FAMÍLIA

Generalidades.
Artigos 235 a 249 do CPB.
O adultério, definido no artigo 240, CPB, está revogado pela lei 11.106/05.
Sobre a invalidade do casamento ver artigos 1.548 a 1.564 do Código Civil.
Sobre os impedimentos para o casamento ver artigos 1.521 e 1.522 do Código Civil.
O Título VII está dividido em quatro capítulos:
234
Capítulo I – Dos crimes contra o casamento.
Capítulo II – Dos crimes contra o estado de filiação.
Capítulo III – Dos crimes contra a assistência familiar.
Capítulo IV – Dos crimes contra o pátrio poder (poder familiar), tutela e curatela.

CRIMES CONTRA O CASAMENTO

Generalidades.
Capítulo I – proteção ao casamento monogâmico.
Capítulo II – proteção à família, no que diz respeito à segurança do estado de filiação.
Capítulo III – proteção das regras relativas ao dever de assistência mútua entre os familiares.
Capítulo IV – trata dos crimes contra a assistência familiar.

Bigamia.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 235, caput, CPB.
A lei penal tutela a ordem jurídica matrimonial, assentada no princípio do casamento monogâmico.

2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – é a pessoa casada. (§ 1º).
Sujeito passivo – Estado. Cônjuge do primeiro casamento e o do segundo, se de boa fé.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Existência e vigência de anterior casamento.
Separação judicial (desquite)– não extingue o casamento, apenas a sociedade conjugal.
O casamento vigente pode ser nulo (arts. 1548, I, II, e 1521, I a VII, CC) ou anulável (arts. 1550, I a
VI, CC) - § 2º: especial causa de atipicidade. A declaração de nulidade opera retroativamente,
excluindo a adequação típica entre o fato e as elementares referentes aos casamentos anterior e
posterior.
O que se leva em conta é a vigência, não a validade do matrimônio anterior.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo. Erro de tipo.

5 – Consumação e tentativa.
235
Consuma-se no momento em que os nubentes manifestam o consentimento à vontade de casar.
Arts. 1514 e 1535, CC.

É admissível a tentativa.
Publicação dos proclamas e processamento da habilitação – atos preparatórios ou crime de falso.

6 – Qualificação doutrinária.
Crime instantâneo de efeitos permamentes. Crime bilateral ou de encontro.

7 – Prescrição.
Art. 111, IV, CPB.

8 – Pena e ação penal.

Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 236, CPB.
O legislador protege a regular formação da família.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Estado e contraente enganado.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Duas condutas. Induzir. Ocultar.
Erro essencial – arts. 1556 e 1557, CC. É aquele que se refere à pessoa do outro ou sobre suas
qualidades essenciais, consideradas relativamente aos requisitos e costumes universalmente aceitos
no estado atual da civilização.
Impedimentos – art. 1521, CC. Impedimento é todo obstáculo que a lei estabelece para
celebração do casamento, tornando-o nulo ou anulável.
Art. 1521, I a VII, CC – determinam a nulidade do casamento. (art. 1548, II, CC).
Art. 1550, I a VI, CC – possibilitam a anulação do casamento.
Art. 1521, VI, CC – Não podem casar as pessoas casadas: bigamia.
As causas suspensivas previstas no art. 1523, I a IV, CC, não acarretam a nulidade ou anulabilidade
do casamento, ensejando sanções de outra natureza, não ocorrendo o crime em estudo nesses casos.
236
4 – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.

05 – Qualificação doutrinária.
Crime instantâneo e comissivo.

06 – Consumação e tentativa.
O crime se consuma no momento da realização do casamento incriminado.
A tentativa é inadmissível. (§ único – condição de procedibilidade).

07 – Condição de procedibilidade.

08 – Ação penal.
Ação penal de iniciativa privada personalíssima.
A morte do contraente enganado acarreta a extinção da punibilidade, não se aplicando o art. 31,
CPP.

09 – Pena e prescrição.
Art. 111, I, CPB.

Conhecimento prévio de impedimento.

01 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 237, CPB.
Tutela a lei penal a regular constituição da família, com o casamento válido.

02 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeito ativo – quem contrai casamento conhecendo a existência de impedimento absolutamente
dirimente (art. 1521, I a VII, CC). Art. 1521, VI, CC – bigamia.
Sujeito passivo – Estado e cônjuge inocente.

03 – Elementos objetivos do tipo.


É preciso que o sujeito ativo se case conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a
nulidade absoluta.
É norma penal em branco.
É norma pena subsidiária com relação à do art. 236, CPB.
237
O tipo não exige que o agente aja com fraude. A simples omissão pode configurar o delito.
Impedimento anterior for casamento – crime de bigamia (princípio da especialidade).

04 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

05 – Consumação e tentativa.
Consuma-se com a realização do casamento.
É possível a tentativa.

06 – Qualificação doutrinária.
É crime instantâneo e formal.

07 – Pena e ação penal.

Simulação de autoridade para celebração de casamento.

01 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 238, CPB.
É norma especial com relação à prevista no art. 328, CPB.
É expressamente subsidiária.
Protege-se a regular formação da família.

02 – Sujeitos ativo e passivo.

03 – Elementos objetivos do tipo.


Para a caracterização do crime são necessários atos inequívocos do agente no sentido de atribuir-se
autoridade, que não tem, para celebração de casamento.

04 – Elemento normativo do tipo.


Falsamente – fingidamente, dissimuladamente.

05 – Qualificação doutrinária.
Crime formal.

06 – Elemento subjetivo do tipo.


238
Dolo.

07 – Consumação e tentativa.
Consuma-se o crime pela simples conduta do agente que pratica ato inequívoco de atribuir-se a
falsa autoridade.
A tentativa será possível quando o ato inequívoco puder ser fracionado.

08 – Pena e ação penal.

Simulação de casamento.

01 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 239, CPB.
Crime expressamente subsidiário.
Objeto jurídico é a organização regular da família.

02 – Sujeitos ativo e passivo.

03 – Elementos objetivos do tipo.


Simular – representar., fingir. É dar causa a uma falsa celebração do matrimônio.
Se a simulação do casamento não é realizada mediante engano de outrem a conduta será atípica.

04 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

05 – Consumação e tentativa.
Consuma-se com a efetiva simulação da cerimônia do casamento.
É possível a tentativa.

06 – Pena e ação penal.

Adultério

Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)


239
CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O ESTADO DE FILIAÇÃO

Registro de nascimento inexistente.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 241, CPB.
Segurança do estado de filiação.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Estado; mãe e sua prole.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Promover – dar causa, provocar. Originar.
A conduta estará tipificada tanto na hipótese de se declarar nascida uma criança nunca concebida
como se declarar nascido um natimorto.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Consumação e tentativa.
Consuma-se com a inscrição no Registro Civil de nascimento inexistente.
É possível a tentativa.

6 – Qualificação doutrinária.
É crime instantâneo de efeitos permanentes.

7 – Prescrição.
Art. 111, IV, CPB.

8 – Pena e ação penal.

Parto suposto. Supressão ou Alteração de Direito Inerente ao Estado Civil de recém-nascido.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


240
Art. 243, CPB.
Segurança e certeza do estado de filiação.
2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo: a) dar parto alheio como próprio – mulher; b) demais modalidades – qualquer pessoa.
Sujeito passivo: recém nascido; Estado.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Parto suposto: a ação consiste em atribuir-se a maternidade de filho alheio.
Registro de filho alheio: exige-se que o sujeito tenha promovido a inscrição no REgistro Civil do
nascimento da criança.
Suprimir direito inerente ao estado civil de recém nascido: por meio de ocultação. Não é preciso
que o nascimento seja oculto. Basta a não apresentação do menor para assumir os direitos relativos
ao seu status familiae. A supressão que importa à lei penal é a do estado civil.
Alteração de direito inerente ao estado civil de recém nascido: o núcleo do tipo é o verbo substituir,
que tem o sentido de troca física dos recém nascidos, pouco importando que em deles seja
natimorto. É indispensável que, à substituição das crianças, sobrevenha uma alteração no estado
civil de cada uma, que passará a usufruir o estado que não lhe compete.

Art. 229, ECA (Lei 8069/90).

4 – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo.
Alteração e supressão de estado civil de recém nascido a finalidade especial de suprimir direitos
inerentes ao estado civil do sujeito passivo.

5 – Qualificação doutrinária.
Crimes instantâneos, plurissubsistentes.

6 – Consumação.
Consuma-se o delito com a apresentação (parto suposto), registro, ocultação ou substituição
(supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil).
É possível a tentativa.

7 – Tipo privilegiado e perdão judicial.


Art. 242, § único, CPB.
241
8 – Pena e ação penal.

9 – Prescrição.
Art. 111, IV, CPB.

Sonegação de estado de filiação.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 243, CPB.
A ordem jurídica da família, em especial aquilo que diz respeito ao direito de filiação.

2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Estado; criança abandonada.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Deixar – abandonar, largar.
Arts. 133, 134, CPB.
Não basta o abandono. É preciso que o agente oculte ou altere a filiação do sujeito passivo.
É necessário que o sujeito oculte a verdadeira filiação do menor, se a conhece, ou lhe atribua outra
qualquer, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil.
A lei não pune o simples abandono do menor, mas sim a supressão ou alteração de seu estado civil.

4 – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + especial fim de agir consistente na finalidade de prejudicar direito inerente ao estado civil
do sujeito passivo.

5 – Consumação e tentativa.
Consuma-se o crime com o abandono do menor e a ocultação ou falsa atribuição de filiação.
É possível a tentativa.

6 – Qualificação doutrinária.
Crime material, de tendência.

7 – Pena e ação penal.


242
DOS CRIMES CONTRA A ASSISTÊNCIA FAMILIAR

Abandono material.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Lei nº 5.478/68 – dispõe sobre a ação de alimentos (arts. 19 e 22)..
Lei nº 10.741/03.
Não resulta da aplicação do art. 244 a prisão por dívida civil, proibida pela Constituição. A prisão a
que alude o dispositivo não é a prisão por dívida civil, mas a resultante de inadimplemento de
obrigação alimentar, na forma da lei.

Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)

Art. 244, CPB.


Três condutas típicas.
É um tipo misto cumulativo – concurso material.

2 – Objetividade jurídica.
Proteção do organismo familiar. Procura-se garantir a subsistência e o amparo de seus membros.

3 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – apenas aquele que tem o dever legal de prover a subsistência do sujeito passivo,
podendo ser o pai, a mãe, o cônjuge, o descendente, qualquer pessoa que deixa de socorrer
ascendente ou descendente gravemente enfermo.
Art. 5º, I; 226, § 5º, CF – a mulher tem os mesmos deveres do homem.
Art. 1511, CC. Arts. 1565/1568, CC. Art. 1694, CC. Art. 1703, CC.
Ordem estabelecida pela civil na obrigação de prestar alimentos: arts. 1696/1698, CC.
Arts. 732, 733, e 852, CPC.

Sujeito passivo – Estado, e todo aquele que, nos termos da lei penal, pode exigir a prestação do
cônjuge ou parente.
243
4 – Elementos objetivos do tipo.
a) Deixar de prover à subsistência de filho menor de dezoito anos, ou inapto para o trabalho, ou
ascendente inválido ou maior de sessenta anos, não lhe proporcionando os recursos necessários.
A noção de meios de subsistência é mais restrita do que a de alimentos, no campo do direito
privado, restringindo-se às coisa estritamente necessárias para a vida como alimentação, vestuário e
habitação. Não inclui, portanto, as despesas de caráter simplesmente alimentar assim como a
prestação de educação, diversão, etc.
Não se condiciona o crime à decisão ou mesmo instauração de prévia ação de alimentos.

b) Falta de pagamento de pensão alimentícia.


A infração decorre do não pagamento dos alimentos estipulados pelo juiz, inclusive a pensão
alimentícia fixada provisoriamente.
É necessário que a recusa no pagamento da pensão esteja positivada com o vencimento dos prazos
processuais para adimplemento da obrigação.
c) Deixar de socorrer ascendente ou descendente gravemente enfermo.
Art. 229, 2ª parte, CF.
Art. 1696, CC – o direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos e extensivo a todos
os ascendentes. (ascendente inválido, maior de sessenta anos, ascendente gravemente enfermo).

Lei 8971/94 – passou a ter direito também a alimentos a companheira comprovada de um homem
solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou
dele tenha prole, reconhecido igual direito ao companheiro de mulher solteira, separada
judicialmente, divorciada ou viúva.
Arts. 1723 a 1726, CC – união estável.
d) Frustra ou impede o pagamento de pensão.
Arts. 133 a 136, CPB. Art. 99, lei 10741/03.
5 – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.

6 – Elemento normativo do tipo.


Sem justa causa. (Tipo penal anormal)

7 – Qualificação doutrinária.
Crime permanente, omissivo puro.

8 – Consumação e tentativa.
244
Crime omissivo puro (ou próprio), consuma-se em qualquer de suas modalidades, com a recusa do
sujeito em ministrar à vítima os meios de subsistência necessários, ou em pagar a pensão
alimentícia devida (respeitados os prazos processuais existentes para o pagamento).
É impossível a tentativa.

9 – Detração penal.
Art. 42, CPB.

10 – Pena e ação penal.

Entrega de filho menor a pessoa inidônea.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 245, CPB.
Protege-se o menor no que diz respeito à sua criação, assistência e educação, que é dever precípuo
dos pais.
Art. 1566, IV, CC.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeitos ativos – pais. No § 2º qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.
Sujeito passivo – filho menor de dezoito anos.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Entregar – deixar aos cuidados, sob a vigilância.
Inidôneos – jogadores, prostitutas, vadios, ébrios habituais, mendigos, criminosos, etc.
Exige-se que o sujeito passivo fique exposto a prejuízos materiais (danos físicos, doenças, males
decorrentes de trabalhos excessivos, etc.) ou morais (em ambiente deletério à formação do caráter
pela atividade que vai o menor exercer, pelos maus exemplos, etc.)
Basta, porém, essa situação de perigo, que se presume diante das qualidades negativas da pessoa a
quem foi entregue o menor, não se exigindo a lesão efetiva.

§ 2º - auxílio para enviar menor ao exterior com o fim de lucro.


Art. 239, ECA.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo. Deve saber – dolo eventual.
245

5 – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, instantâneo.

6 – Consumação e tentativa.
Consuma-se com a entrega do menor ao terceiro, não se exigindo que lhe resulte efetivo prejuízo.
É possível a tentativa.

7 – Figura típica qualificada.


§§ 1º e 2º.
§ 2º revogado tacitamente pelo art. 239 do ECA. (Pai e mãe – art. 238, § 1º, ECA.)

8 – Pena e ação penal.

Abandono intelectual.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 246, CPB.
Art. 208, I, CF. Art. 227, CF. Art. 229, CF.
Art. 1634, I, CC.
Tutela-se o interesse do Estado na instrução primária das crianças.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeitos ativos – pais da criança. (O Código penal refere-se a filho).
Sujeito passivo – filho em idade escolar, que vai dos sete ao 14 anos.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Deixar de prover à instrução primária (de primeiro grau) do filho.
Não há crime quando houver justa causa para a omissão.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Elemento normativo do tipo.


Tipo penal anormal. Sem justa causa.
246
6 – Consumação e tentativa.
Consuma-se o crime com a omissão das medidas necessárias para que o filho em idade escolar
receba a instrução, e o momento consumativo verifica-se com a decorrência de lapso temporal
juridicamente relevante, sem que a ação seja praticada.
Não é possível a tentativa (crime omissivo próprio ou puro).

7 – Qualificação doutrinária.
Crime omissivo próprio, permanente.

8 – Pena e ação penal.

Abandono moral.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 247, CPB.
Protege-se a sadia formação moral do menor.
2 – Sujeitos ativo e passivo.
Sujeitos ativos não só os pais e tutores, mas também todos os que exerçam poder, autoridade,
guarda ou vigilância sobre o menor, como os depositários, preceptores, diretores de internatos,
responsáveis por excursões, etc.
Sujeito passivo – o menor de 18 anos.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Permitir – concordar, consentir. Indica conduta passiva.
Difere do art. 245 onde a conduta é entregar.
Freqüentar – necessidade de que haja reiteração nas visitas aos locais mencionados.
Arts. 240 e 241, ECA.
Art. 244 – A, ECA.
Art. 60, § único, c, LCP.

Em todas essas condutas não se exige que a permissão seja dada expressamente, bastando a omissão
dolosa do sujeito ativo, ou seja, a sua concordância tácita. Devem os pais impedir essas condutas,
solicitando providências às autoridades quando impotentes para coibi-las.

Exige-se habitualidade.
247
4 – Elementos subjetivos do tipo.
Dolo.
+ para excitar a comiseração pública (inc. IV).

5 – Consumação e tentativa.
A consumação pode ocorrer em duas situações diversas, ou seja, quando o sujeito ativo concede a
permissão antes dos fatos ou quando tolera que os fatos continuem ocorrendo após tomar
conhecimento deles.
Se a permissão for dada antes o crime se consuma com a prática pelo menor da conduta que traga
perigo a sua formação moral e a tentativa será admissível.
Se a permissão for dada depois, o crime será omissivo puro, não admitindo tentativa. O momento
consumativo, nesse caso, sra aquele em que ocorrer a permissão.

6 – Qualificação doutrinária.
Crime instantâneo, de perigo abstrato.

7 – Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA O PÁTRIO PODER, TUTELA E CURATELA

Generalidades.

Pátrio poder: conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em relação à pessoa e aos bens dos
filhos não emancipados, tendo em vista a proteção deles.
Nos termos do novo Código Civil o pátrio poder é agora denominado poder familiar, estando
disciplinados em seus arts. 1630 a 1638, CC.
Tutela – art. 1728, I, II, CC.
Curatela – art. 1767, I a V, CC.

Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


É tipo misto cumulativo. Três figuras típicas.
A lei penal tutela o poder familiar, a tutela e a curatela.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


248
Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – pais, tutores, curadores, menores sujeitos ao poder familiar, tutela e curatela.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Induzir. Art. 249, CPB.
Entrega arbitrária: o incapaz é confiado a guarda de pessoa não autorizada a recebe-lo.
Sonegação de incapaz: são elementos objetivos do tipo a precedente posse ou detenção lícita do
menor ou interdito e a recusa em entrega-lo a quem legitimamente o reclame.
Nas três figuras típicas é irrelevante o consentimento do menor ou do interdito.
Art. 359, CPB – desobediência a decisão judicial em ação penal.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Elementos normativos do tipo.


Sem justa causa. Legitimamente.

6 – Consumação e tentativa.
Induzimento – ocorre com a fuga.
Entrega arbitrária – no ato da entrega do incapaz.
Sonegação – no ato da recusa injustificada em entregar o menor ou interdito a quem legitimamente
o reclame.
É possível a tentativa nas figuras de induzimento a fuga e entrega arbitrária de incapaz.
Na sonegação a tentativa é inadmissível.

7 – Qualificação doutrinária.
Crime instantâneo, material – induzimento a fuga.
Crime comissivo – entrega arbitrária.
Crime omissivo puro e permanente – sonegação de incapaz.

8 – Pena e ação penal.

Subtração de incapazes.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 249, CPB.
249
É protegida a família com relação à guarda dos menores e interditos.
É crime expressamente subsdiário.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeitos passivos – são os pais, tutores, curadores, e os próprios incapazes.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Subtrair.
É indispensável que haja um deslocamento espacial do objeto material do delito (menor de dezoito
anos ou interdito).
É também elemento objetivo do tipo o dissenso dos pais, tutores, curadores ou pessoas que exerçam
a guarda do menor de dezoito anos ou interdito em virtude de lei ou decisão judicial.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Consumação e tentativa.
Consuma-se mediante a subtração contra a vontade de quem de direito, ou seja, quando o menor ou
interdito é retirado da esfera de vigilância e proteção do responsável.
É possível a tentativa.

6 – Qualificação doutrinária.
É crime instantâneo, comissivo, material.

7 – Perdão judicial.
Art. 249, § 2º, CPB.

8 – Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA

GENERALIDADES
250
O Código Penal Brasileiro objetivando garantir a segurança de todos os cidadãos, sem limitação e
determinação de pessoas, contra danos físicos, morais e patrimoniais, tipificou os crimes contra a
incolumidade pública.
São crimes que provocam perigo a um número indeterminado de pessoas e, por isso, acarretando
intranqüilidade generalizada.
A coletividade é o interesse tutelado. Os interesses e bens particulares são protegidos apenas de
maneira reflexa.
Se do perigo resultante da conduta advier danos aos bens e interesses particulares, o dano,
geralmente, funciona como qualificadora do delito-base.

CRIMES DE PERIGO COMUM

GENERALIDADES

Perigo é a probabilidade de lesão de um bem ou interesse tutelado pela lei penal.

Espécies: Individual e comum. Presumido e concreto.

Dolo de perigo. Direto e eventual.


Crimes de perigo comum punidos a título de culpa: incêndio culposo (art. 250, § 2º), explosão
culposa (art. 251, § 2º), uso de gás tóxico ou asfixiante (art. 252, § único), desabamento ou
desmoronamento culposo (art. 256, § único) e difusão de doença ou praga culposa (art. 259, §
único).

Art. 258, CPB. Resultados qualificadores nos crimes dolosos e culposos.

Incêndio.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 250, CPB.
O legislador procura proteger a incolumidade pública, ou seja, a segurança e a tranqüilidade de um
número indeterminado de pessoas.

2 – Sujeitos ativo e passivo.


Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – a coletividade.
251

3 – Elementos objetivos do tipo.


Causar – provocar.
A conduta deve causar perigo a vida, a integridade física ou ao patrimônio de um número
indeterminado de pessoas.
Art. 163, CPB.
Incêndio para provocar perigo a um número certo de pessoas – art. 132, CPB.

4 – Figuras típicas qualificadas.


Art. 250, § 1º, I e II, do CPB.

O incêndio qualificado pelo resultado morte ou lesão corporal de natureza grave, seja doloso ou
culposo, está previsto no art. 258, do CPB.
Diferença: crime preterdoloso e crime qualificado pelo resultado.

5 – Elementos subjetivo e normativo do tipo.


Dolo de perigo. Culpa. Preterdolo.
Forma dolosa – art 250, caput.
Formas qualificadas - § 1º.
Forma culposa - § 2º
Preterdolo – Incêndio doloso com lesão corporal grave ou morte a título de culpa.
Se o resultado estiver abrangido pelo dolo do agente – concurso formal.

6 – Consumação e tentativa.
O crime de incêndio consuma-se com a provocação do perigo comum.
É possível a tentativa.

7 – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo concreto, instantâneo e material.

8 – Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

GENERALIDADES
252

Aqui o legislador tem por objetivo punir condutas que atentem contra a incolumidade pública, no
particular aspecto da saúde do grupo social.

Omissão de notificação de doença.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 269, CPB.
É lei penal em branco.
O legislador busca proteger a incolumidade pública, no aspecto da saúde do grupo social, ameaçada
com a omissão do dever legal de notificação de doença à autoridade pública.

2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – é crime próprio.
Sujeito passivo – a coletividade.

3 – Elementos objetivos do tipo.


O crime tem como elemento objetivo o fato do médico não comunicar à autoridade competente a
doença, cuja notificação é compulsória.
Autoridade competente – indicada nas leis e regulamentos.
Doenças cuja notificação é compulsória – atos normativos. (Portaria nº 6259 de 30 de outubro de
1975, do Ministério da Saúde).

Art. 154, CPB – violação de segredo profissional.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Consumação e tentativa.
O crime consuma-se com a não-comunicação da doença à autoridade competente no prazo
designado para tanto nos regulamentos ou outros atos normativos que versem sobre a matéria.
No caso de não constar de tais atos normativos o prazo dentro do qual a notificação deve ser feita, o
crime consuma-se com a prática de ato incompatível com a vontade de fazer a comunicação.

Crime omissivo puro – a tentativa é inadmissível.


253
6 – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, omissivo puro.

7 – Pena e ação penal.

Exercício ilegal da Medicina, Arte dentária ou Farmacêutica.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 282, CPB.
Objeto jurídico é a incolumidade pública, no particular aspecto da saúde pública.

2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – sem autorização legal e excedendo-lhes os limites.
Sujeito passivo – coletividade.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Duas condutas: exercer sem autorização legal, e exercer excedendo-lhe os limites.
Não basta a habilitação profissional. É preciso ainda o registro do título, diploma ou licença, ou
seja, a habilitação legal. Este registro deve ser feito no Serviço Nacional de Fiscalização do
Departamento Nacional da Saúde.

Exercer profissão significa praticar, reiteradamente, atos próprios da ocupação especializada. Exige-
se a reiteração de tais atos, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida.

O exercício pode ser a título oneroso ou gratuito, mas se com o fim de lucro - § único.

Exercício das seguintes profissões: médico, dentista ou farmacêutico.


Outra profissão – art. 47 da LCP.

Exercício ilegal de atividade hemoterápica – Decreto-lei nº 211, de 27-2-1967; art. 5º - tipifica o


crime do art. 282, CPB.

4 – Figura típica qualificada.


Art. 282, § único, CPB.

5 – Elemento subjetivo do tipo.


254
Dolo.
Fim de lucro - § único.

6 – Elemento normativo do tipo.


Sem autorização legal.

7 – Consumação e tentativa.
O crime consuma-se com a caracterização da habitualidade da prática de atos privativos de médico,
dentista ou farmacêutico.
A tentativa é inadmissível.

8 – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, crime comum e próprio, crime habitual.

9 – Pena e ação penal.

Charlatanismo.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 283, CPB.
Objeto da tutela penal é a incolumidade pública, em particular a saúde pública, exposta a perigo
com a conduta.
Arts. 282 e 283, CPB – diferenças.

2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – a coletividade.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Inculcar – recomendar, indicar, propor.
Anúncio – divulgação, notícia.
Cura – restabelecimento da saúde física ou psíquica.
Meio secreto ou infalível.
É indispensável que o charlatão apregoe a infalibilidade da cura prometida, e que os meios
apregoados sejam ineficazes.
255
Não exige habitualidade. A prática do ato uma só vez caracteriza o crime.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Consumação e tentativa.
Consuma-se com a inculcação ou anúncio da cura, independentemente de qualquer outro resultado.
É possível a tentativa.

6 – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, simples, comum, vago e instantâneo.

7 – Pena e ação penal.

Curandeirismo.

1 – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 284, CPB.
A lei tutela a saúde pública.
Diferenças: exercício ilegal de medicina, arte dentária ou farmacêutica; charlatanismo e
curandeirismo.

2 – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa. (espiritismo, umbanda).
Sujeito passivo – coletividade.

3 – Elementos objetivos do tipo.


Exercer o curandeirismo – exercitar, pratica, reiteradamente.
Curandeirismo – É atividade grosseira de cura, por quem não possui nenhum conhecimento de
medicina.
Exige-se a habitualidade.
Prescrever, ministrar, ou aplicar habitualmente qualquer substância.
É crime de perigo abstrato.

4 – Figura típica qualificada.


Art. 284, § único, CPB.
256
5 – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.

6 – Consumação e tentativa.
O crime consuma-se com a reiteração de atos mencionados nos incs. I a III do art. 248 do CP.
A tentativa é inadmissível.

7 – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, habitual, de forma vinculada e comum.

8 – Pena e ação penal.

CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA

Generalidades.
Arts. 286 a 288 CPB.
Objetividade jurídica – a paz pública.
Cogitação. Atos preparatórios. Execução. Consumação.
Art. 31 do CPB.
Punição de atos preparatórios de outros crimes, desde que tais atos se
projetem no mundo exterior através de atos sensíveis.
São crimes de perigo abstrato.
Art. 5º, IV, XVI, XVII, CF.

Incitação ao crime.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 286 CPB. Paz pública: sentimento de sossego, tranqüilidade e segurança
da coletividade.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa.
257
Sujeito passivo – a coletividade. Crime vago.

III – Elementos objetivos do tipo.


Núcleo do tipo – verbo incitar, que significa incitar,açular, provocar.
Publicamente – a incitação deve ser feita em público, de modo a ser percebida
por um número indefinido de pessoas.
Admite qualquer meio de execução.
Incitação à prática de crime. Crime determinado. Não é necessária a
individualização da vítima.
Incitação por meio de imprensa – art. 19, lei 5250/67.
Incitação à prática de crime de genocídio – art. 3º, lei 2889/56.

IV – Elemento subjetivo do tipo. É o dolo.


Incitação à prática de crime contra a Segurança Nacional – art. 23, IV, lei 7170/83.

V – Consumação e tentativa. Consuma – se com a percepção, por indeterminado


número de pessoas, da incitação pública ao crime. É irrelevante que o crime ao qual foram
tais pessoas incitadas não seja praticado.
A tentativa é possível.

VI – Qualificação doutrinária. Crime de perigo abstrato, comum, simples e vago.

VII - Pena e ação penal.

Apologia de crime ou criminoso.

I – Conceito e objetividade jurídica. Art. 287 CPB. “Incitação indireta”. Paz pública.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Fazer apologia significa elogiar, exaltar, enaltecer.
Publicamente.
Apologia de fato definido como crime. Fato criminoso determinado e anteriormente
ocorrido à apologia.
Não se exige que o crime elogiado já tenha sido reconhecido por sentença irrecorrível.
258
A apologia ao sujeito autor do crime anteriormente realizado deve se referir à conduta
criminosa deste e não sobre os seus atributos morais e intelectuais.
Admite qualquer forma de execução.
Cometido por meio de imprensa – art. 19, § 2º, lei 5250/67.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


É o dolo.
Apologia de crime contra a Segurança Nacional – art. 22, IV, lei 7170/83.

V – Consumação e tentativa. Consuma – se o crime com a percepção, por indefinido número


de pessoas dos elogios endereçados a crime determinado e anteriormente praticado ou a autor
de crime.
É possível a tentativa.

VI – Qualificação doutrinária. Crime de perigo abstrato, vago, instantâneo, simples.

VII – Pena e ação penal.

Quadrilha ou bando.

I – Conceito e objetividade jurídica. Art. 288 CPB. Paz pública.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa que se associe no mínimo a mais três pessoas. Crime
de concurso necessário, plurissubjetivo, de condutas paralelas.
Sujeito passivo – qualquer pessoa.

III – Elementos objetivos do tipo.


Associação – é a união de pessoas de forma estável e permanente, para a consecução
de um objetivo comum.
Quadrilha e bando – expressões sinônimas.
No mínimo quatro pessoas. Incluem – se os inimputáveis.
Os crimes podem ser da mesma espécie ou não. Crime continuado.
Não configura a associação momentânea para o fim de cometer delitos. Exige – se a
estabilidade e permanência da associação.
259
IV – Elementos subjetivos do tipo.
Dolo + elemento subjetivo do tipo = para o fim de cometer crimes.

V – Quadrilha organizada para fins criminosos específicos.


Art. 288 CPB – crimes indeterminados.
Art. 8º, lei 8072/90 – bando formado para cometer crimes hediondos (art. 1º da lei
8072/90), prática de tortura (lei 9455/97), terrorismo e tráfico de entorpecente (arts. 12 e 13
da Lei 6368/76).
Bando para a prática de crime de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins – art.
8º, lei 8072/90 e art. 14, lei 6368/76. O art. 14 foi revogado? 03 posições. Sim. Não. Apenas
derrogado quanto a pena, devendo ser aplicado, por ser menos gravosa a do art. 8º da lei
8072/90.

Delação premiada ou traição benéfica – art. 8º, § único, da lei 8072/90. A quantidade
da diminuição varia de acordo com a maior ou menor contribuição causal do sujeito no
desmantelamento do bando.
Autoridades – Juiz, Promotor, Delegado de Polícia.
Alcança apenas o crime de quadrilha ou também os praticados pelo bando ?

VI – Causa de aumento de pena.


Art. 288, § único. Arma – própria e imprópria. Maior periculosidade e temibilidade
dos componentes do bando.
Não é necessário que todos estejam portando armas. É preciso verificar as
circunstâncias do caso concreto.

VII – Consumação e tentativa.


No momento da associação de mais de três pessoas para a prática de crimes ou no
momento em que alguém ingressa na organização criminosa antes organizada. A efetiva
associação deve ser demonstrada por atos sensíveis no mundo exterior. É necessário que o
bando tenha começado a operar.
É crime independente dos crimes que venham a ser praticados pela associação. Assim,
não é necessário que o bando tenha cometido algum crime.
A tentativa é inadmissível, uma vez que o legislador pune atos preparatórios.

VIII – Quadrilha ou bando e concurso de pessoas. Distinção.


260
IX – Quadrilha ou bando e concurso de crimes.

X – Qualificação doutrinária.
Crime de perigo abstrato, de concurso necessário, permanente e simples.

XI – Pena e ação penal.


DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

PRINCÍPIOS GERAIS.

I - Objetividade jurídica genérica.


Fé pública. Aspecto objetivo – autenticidade documental. Aspecto subjetivo –
confiança a priori que os cidadãos depositam na legitimidade dos sinais, documentos, objetos,
etc, aos quais o Estado, por intermédio da legislação pública ou privada, atribui valor
probatório.
De forma secundária é protegido o patrimônio do sujeito passivo que, eventualmente,
venha a receber o objeto material.
II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa. Exceção : art. 302 CPB.
Sujeito passivo – Estado (principal). Pessoa física ou jurídica que vem a sofrer o dano
ou a potencialidade de sua ocorrência.
III – Falsidade material ou ideológica.
A falsidade pode ser:
a)Externa ou material – o vício incide sobre a parte exterior do documento recaindo
sobre o elemento físico do papel escrito e verdadeiro. O sujeito modifica as características
originais do objeto material por meio de rasuras, borrões, emendas, substituição de palavras,
números, etc. Pode acontecer também que o agente, sem tocar no documento original, crie um
outro falso. Pode dar – se por alteração: o sujeito modifica o documento verdadeiro, excluindo
parte do seu conteúdo, acrescentando – lhe algo etc, conferindo-lhe um aspecto diferente; por
falsificação: o agente cria um documento antes inexistente. Pode ser total ou parcial.
Distinção entre falsificação parcial e alteração.
b)Pessoal, formal ou ideológica – o vício incide sobre as declarações que o objeto
material deveria possuir, sobre o conteúdo das idéias. Inexistem rasuras,emendas, omissões
ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material, é verdadeiro; falsa é a idéia que ele
contém. Daí também chamar-se falso ideal.
Distinção entre falsidade material e ideológica.
261
IV – Características dos crimes de falsidade.
Imitação da verdade: deve ser idônea. Caso grosseira pode caracterizar estelionato.
Alteração da verdade: para apresentar como verdadeiro o que é falso.
Imitação ou alteração sobre fato juridicamente relevante.
Potencialidade de dano.
Dolo.
V – Elementos subjetivos do tipo.
Falsidade material – arts. 296, 297, 301, § 1º e 303, CPB : dolo.
Falsidade ideológica – dolo + elemento subjetivo : “com o fim de (art. 299, caput,
CPB).
VI – Qualificação doutrinária.
Os crimes são em sua maioria formais.
VII – Potencialidade lesiva.

Da moeda falsa.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 289, caput, CPB.
II – Sujeitos do delito.
III – Elementos objetivos do tipo.
Falsificar : fabricação ou alteração (devem ser idôneas e ter presente a potencialidade
de dano).
Objeto material.
Moeda de curso legal no país e deve constituir meio de pagamento.
IV – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.
V – Consumação e tentativa.
VI – Concurso de crimes.

Circulação de moeda falsa.


Conceito e objeto jurídico. Art. 289, § 1º, CPB.
Sujeitos do delito.
Elementos objetivos do tipo. Crime de ação múltipla.
Elemento subjetivo do tipo.
Momento consumativo e tentativa.
Figura típica privilegiada.
Conceito e objeto jurídico. Art. 289, § 2º, CPB.
262
Sujeitos do delito.
Elementos objetivos do tipo.
Elementos subjetivos do tipo: dolo + conhecimento da falsidade do objeto material +
recebido de boa-fé.
Momento consumativo e tentativa.
Fabricação ou emissão irregular de moeda.
Conceito e objeto jurídico. Art. 289, § 3º, CPB.
Sujeitos do delito.
Elementos objetivos do tipo.
Elemento subjetivo do tipo.
Momento consumativo e tentativa.
Desvio e circulação antecipada.
Conceito e objetividade jurídica.
Sujeitos do delito.
Elementos objetivos do tipo.
Elemento subjetivo do tipo.
Consumação e tentativa.
XI – Penas e ação penal.

Petrechos para falsificação de moeda. Art. 291 CPB.


I – Conceito e objetividade jurídica. II – Sujeitos do delito. III – Elementos objetivos do tipo.
IV – Elemento subjetivo do tipo. V – Momento consumativo e tentativa. VI – Absorção penal.
(Princípio da consunção). VII – Penas e ação penal.

Falsificação de papéis públicos

Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal
destinado à arrecadação de tributo; (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004)

II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;

III - vale postal;

IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento


mantido por entidade de direito público;

V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;
263
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por
Estado ou por Município:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 11.035, de 2004)

I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;
(Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à
circulação selo falsificado destinado a controle tributário; (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca,
cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluído pela Lei nº 11.035,
de 2004)

a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; (Incluído
pela Lei nº 11.035, de 2004)

b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los


novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere
o parágrafo anterior.

§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis
falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou
alteração, incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1o, qualquer forma de
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros
públicos e em residências. (Incluído pela Lei nº 11.035, de 2004)

Falsificação de documento público.


I – Conceito.
Art. 297 CPB.
II – Objetividade jurídica.
Fé pública no tocante aos documentos públicos e aos que lhes são equiparados por
força de lei.
III – Sujeitos do delito.
Art. 297, § 1º, CPB.
IV – Conceito de documento.
264
Em sentido amplo – é o objeto idôneo a servir de prova, que inclui não só o escrito,
mas também uma pedra, um fragmento de metal, etc.
Latíssimo sentido – é a materialização do pensamento humano aplicado às artes, às ciências
ou às relações do Estado com os indivíduos e dos indivíduos entre si.
Sentido estrito – toda peça escrita que condensa graficamente o pensamento de alguém,
podendo provar um fato ou a realização de algum ato dotado de significação ou relevância
jurídica.
Requisitos: 1) deve ser feito sobre coisa móvel, que possa ser transportada e
transportável, mas não é indispensável que se trate de papel. 2) caráter de autenticidade, que
significa garantia de fixidez e inalterabilidade. 3) forma escrita - deve constituir expressão do
pensamento. 4) autor identificado. 5) relevância jurídica do escrito – a expressão do
pensamento nele contido tenha possibilidade de gerar conseqüências no plano jurídico,
fundando ou amparando pretensão jurídica ou provando fato juridicamente relevante. 6)
potencialidade de dano material ou moral – possibilidade de prejuízo. 7) imitação da verdade
– imitatio veritatis – falsificação idônea para iludir um número indeterminado de pessoas. O
documento falso deve apresentar – se com a aparência de verdadeiro. Deve ser capaz de iludir
o homem médio.
Instrumento – documento especialmente destinado a servir de meio de prova.
V – Elementos objetivos do tipo.
Falsificar. Alterar.
Falsificação total e parcial.
Substituição de fotografia em documento de identidade – segundo a jurisprudência caracteriza
o crime de falsificação de documento público, pois constitui ela parte juridicamente relevante
do documento, havendo alteração dos efeitos jurídicos do documento. Outro entendimento –
falsa identidade (art.307 CPB).
Documento público – para os efeitos penais é o documento expedido na forma
prescrita em lei, por funcionário público (art. 327 CPB), no exercício de suas atribuições.
São documento públicos – as cópias autênticas, traslados, certidões, fotocópias e
xerocópias autenticadas ou conferidas dos documento originais, carteira nacional de
habilitação, cédula de identidade, carteira funcional.
Documentos públicos equiparados - § 2º.
Necessidade do exame de corpo de delito.
VI – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.
VII – Consumação e tentativa.
265
Consuma – se com a falsificação ou alteração, independentemente do uso ou qualquer
conseqüência ulterior.
Crime plurissubsistente. É controvertida na doutrina a possibilidade da tentativa.
VIII – Crime praticado por funcionário público.
Art. 297, § 2º, CPB.

IX – Concurso.
Falsificação e o uso de documento público ou particular para a prática de outros
crimes, em especial o estelionato, ou para encobrir outras infrações penais.
I – Falso e estelionato. 04 posições: a) O estelionato, crime-fim, absorve o falso.(Súmula 17
do STJ). b) Configura no caso o crime de falso ou uso do documento falso. O estelionato é
exaurimento do falso. O falso é punido mais severamente que o crime de estelionato e
portanto não pode ser absorvido por ele. c) Há concurso material entre o falso e o estelionato
– há lesão há duas objetividades jurídicas, o patrimônio e a fé pública. d) Há concurso formal
de dois crimes – há dois resultados, sendo que o falso e o estelionato estão no contexto de
uma única conduta causadora de dois resultados.
Hipótese de crime de falso ser praticado para encobrir crime anteriormente praticado
(apropriação indébita, peculato, etc.). Duas posições: a)exaurimento de crime anterior ou post
factum não punível; b) há dois crimes autônomos em concurso material.
Falsificação após o furto, para vender a coisa subtraída: a)concurso material; b) falsificação
como post factum impunível.

Falsificação de documento particular.


I – Conceito.
Art. 298.
II – Objetividade jurídica.
Fé pública – a confiança das pessoas na sua autenticidade.
III – Sujeitos do delito.
IV – Tipo objetivo.
Falsificar e alterar.
Documento particular: o que é feito ou assinado por particulares, sem interferência de
funcionário público no exercício de suas funções, seja para estabelecer um laço jurídico,
criando uma obrigação, seja para atestar qualquer outra manifestação de vontade, ainda
quando expressivo de ato unilateral.
266
Como o art. 297 § 2º equipara documentos particulares aos públicos, a fórmula para
definir documentos particulares tem cunho negativo, ou se obtém por exclusão: é o
documento não reconhecível, nem mesmo por equiparação como público.
Para a existência do crime é preciso o documento particular tenha relevância jurídica,
imitatio veritatis (possibilidade objetiva de enganar o homem médio), e potencialidade de
dano como conseqüência da falsificação.
V – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.
VI – Consumação e tentativa.
Consuma – se com a simples editio falsi.
Existência de tentativa é controvertida.
VII – Distinção.
Falsidade material e ideológica – arts. 298 e 299 CPB.
VIII – Concurso.
Soluções idênticas às do art. 297 CPB.
Como o estelionato tem pena de multa superior, deve absorver o falso.
Falso para dissimular a apropriação indébita – concurso material. Outra decisão:
falsum como post factum impunível.

Falsidade ideológica.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 299, caput, CPB.
Protege – se a fé pública no que se refere à autenticidade do documento em seu
aspecto substancial.
II – Sujeitos do delito.
III – Elementos objetivos do tipo.
Documento público – art. 297 CPB. Documento particular – art. 298 CPB.
03 condutas: omitir declaração, inserir e fazer inserir.
Omitir – crime omissivo.
Insere – inserção direta e falsidade imediata.
Faz inserir – inserção indireta e falsidade mediata.
A falsidade deve ser idônea e possuir potencialidade lesiva (a declaração falsa ou a
omissão deve, por si só ou em comparação com outros fatos ou circunstâncias, ser capaz de
criar obrigação, prejudicar direito ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante). A
falsidade deve recair sobre fato ou circunstância cuja veracidade o documento tem a
destinação de provar.
267
Sujeito ativo particular – a existência do delito depende de que tenha o dever jurídico
de declarar a verdade.
IV – Abuso de folha em branco.
V – Elementos subjetivos do tipo.
VI – Momento consumativo e tentativa.
VII – Falsidade de registro civil.
Assentamentos – lei 6015/73.
Arts. 241 e 242 do CPB.
VIII – Crime cometido por funcionário público.
IX – Concurso de crimes.
Usuário é o falsário – princípio da consunção.
Falsidade ideológica e sonegação fiscal.
Falsidade ideológica e estelionato.
X – Pena e ação penal.

Falso reconhecimento de firma ou letra.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 300, CPB.
Protege-se a fé pública.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – funcionário público que tem a função específica de reconhecimento de firma
ou letra (tabelião de notas, escrevente de tabelionato, etc.) (crime próprio).
Sujeito passivo – Estado e secundariamente quem sofre a lesão material.

III – Elementos objetivos do tipo.


Reconhecer – significa afirmar a veracidade da assinatura ou letra da pessoa e conferir fé ao
documento em que ela é aposta.
Firma – assinatura.
Letra – manuscrito.
Reconhecimento: autêntico, por semelhança e indireto.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


268
É crime formal, consumando-se com o ato do reconhecimento, independentemente de
qualquer resultado. É crime formal.
É possível a tentativa.

VI – Pena e ação penal.


Certidão ou atestado falso.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 301, CPB.
É modalidade típica de falsidade ideológica.
Protege-se a fé pública.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – crime próprio. Só pode ser sujeito ativo o funcionário público no exercício do
ofício.
Se a mesma pessoa falsifica e usa o objeto material, responde por um só delito, o de falsidade,
ficando absorvido o de uso (art. 304).

III – Elementos objetivos do tipo.


Atestar – provar, afirmar alguma coisa em caráter oficial.
Certificar – convencer da certeza de algo, também de natureza pública.
Atestado – documento que traz em si o testemunho de um fato ou circunstância no exercício
das atribuições de quem o emite.
Certidão – é o documento pelo qual o funcionário, no exercício de suas atribuições oficiais,
afirma a verdade de um fato ou circunstância contida em documento público ou transcreve o
conteúdo do texto, total ou parcialmente.
A certidão tem por fundamento um documento guardado na repartição pública, ou nela em
tramitação.
O atestado constitui um testemunho ou depoimento por escrito do funcionário público sobre
um fato ou circunstância.
Atestação ou certificação originária.
Exemplos: atestado de antecedentes para inscrição em concurso público, certificado de
serviço prestado ao Tribunal do júri, como jurado; etc.
Interpretação analógica: a outra vantagem deve ter a mesma natureza dos fatos mencionados
na exemplificação, ou seja, a outra vantagem também deve ter caráter público.
269
O fato e a circunstância objeto da atestação devem estar relacionados com a pessoa a que são
destinados. Além disso, não haverá delito se não constituírem requisitos da obtenção da
vantagem de natureza pública pretendida.

4 – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

5 – Elemento normativo do tipo.


Falsidade.

6 – Consumação e tentativa.
Consuma-se no momento em que o atestado falso ou certidão falsa é entregue a terceiro
(destinatário ou interessado).
Crime formal. Há crime ainda que o atestado ou certidão não sejam empregados para o fim
desejado ou que, usados, não permitam, por qualquer circunstância, a obtenção da vantagem
de natureza pública pretendida.
É possível a tentativa.

7 – Falsidade material de atestado ou certidão.


Conceito: Art. 301, § 1º, CPB.
Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive o funcionário público expedidor do documento.
É espécie de falsidade material.
O objeto material é certidão ou certificado emitido por funcionário público.
O elemento subjetivo é o dolo + elemento subjetivo do tipo (a conduta é realizada com o fim
do documento constituir “prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter” as
vantagens de natureza pública descritas na figura típica).
A consumação ocorre com a efetiva falsificação.
É possível a tentativa.

8 – Figura típica qualificada.


Art. 301, § 2º, CPB.

9 – Penas e ação penal.

Falsidade de atestado médico.


I – Conceito e objetividade jurídica.
270
Art. 302, CPB.
É uma forma típica de falsidade ideológica.
Protege-se a fé pública. Procurou o legislador impedir que o médico forneça atestado falso.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – só pode ser praticado por médico. Crime próprio.
Sendo o médico funcionário público – art. 301, CPB, desde que o atestado habilite o terceiro a
obter qualquer vantagem de natureza pública.
Médico falsifica e usa – o uso fica absorvido.
Sujeito passivo – Estado e quem sofre o dano.

III – Elementos objetivos do tipo.


O médico fornece (dá) atestado falso.
O atestado deve ser por escrito, materialmente autêntico e ideologicamente falso.
Precisa ser fornecido no exercício da profissão, exigindo-se, por isso, que seu conteúdo esteja
relacionado com o fato que compete ao médico verificar.
De modo geral cuida-se de atestado de saúde ou de constatação de uma doença. Pode ser
também referente a fatos diversos, como a morte, causa de uma moléstia, causa da morte, os
efeitos de uma doença ou lesão física, etc.
O atestado pode ser total ou parcialmente falso e incide sobre fato ou circunstância
verdadeiros ou fictícios. O médico pode atestar a existência de um fato irreal ou negar a
existência de um fato ou circunstâncias reais.
Deve sempre incidir sobre algo juridicamente relevante.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


Consuma-se no momento em que o médico entrega o atestado falso ao interessado.
É possível a tentativa.

VI – Tipo qualificado.
Basta a intenção de obter o lucro com o fornecimento do atestado falso.
Sendo o médico um funcionário público – art. 317, CPB (corrupção passiva).

VII – Penas e ação penal.


271

Uso de documento falso.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 304 CPB.
II – Sujeitos do delito.
III – Elementos objetivos do tipo.
Conduta – fazer uso de documento falso como se fosse verdadeiro. Uso judicial ou
extrajudicial. Exige – se o uso efetivo.
É crime remetido – faz referência a outro (s). A existência do uso depende do falso.
IV – Elemento subjetivo do tipo.
V – Momento consumativo e tentativa.
Crime formal.
VI – Concurso de crimes.
Estelionato e uso.
Falsificação e uso.

Supressão de documento.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 305, CPB.
Protege-se a fé pública no que concerne à segurança jurídica dos documentos como meio de
prova.

II – Supressão de documento e outros crimes.


Lei 8137/90.
A destruição exclui o furto.
A supressão também absorve a apropriação indébita antecedente.
O crime de dano também é absorvido.
Tratando-se de documento judicial ou processo, sendo o sujeito ativo procurador ou advogado
– art. 356, CPB.

III – Sujeitos do delito.


Sujeito ativo – qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Estado e quem sofre o dano efetivo.

IV – Elementos objetivos do tipo.


Destruir – extinguir, eliminar. O objeto material deixa de existir.
272
Suprimir – fazer desaparecer sem que haja destruição ou escondimento.
Em sentido amplo a supressão abrange a destruição e a ocultação.
Em sentido estrito só existe supressão quando o sujeito subtrai o objeto material impedindo o
conhecimento do seu conteúdo ou o seu uso por quem de direito, ou quando, com a presença
de manchas, riscos, etc, não se possa ler a documentação.
Ocultar é esconder.
O objeto material deve reunir as condições de documento e ser verdadeiro.
Sendo falso o documento podem ficar caracterizados os crimes de fraude processual (art. 347,
CPB), ou favorecimento pessoal (art. 348, CPB).
Não há crime quando a conduta visa à cópia autêntica do documento que ainda existe.
O documento pode ser público ou particular.
O benefício e prejuízo visados pelo agente podem ser de ordem material ou moral.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio.

VI – Consumação e tentativa.
O crime consuma-se com a realização das condutas de destruir, ocultar ou suprimir o objeto
material.
É crime formal. Não há necessidade, para a consumação, de que o sujeito otenha o proveito
ou cause prejuízo.
É possível a tentativa.

VII – Penas e ação penal.

Falsa identidade.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 307 CPB.
II – Subsidiariedade expressa.
III – Sujeitos do delito.
IV – Elementos objetivos do tipo.
Atribuir – se ou atribuir a terceiro falsa identidade.
Identidade.
A vantagem e o dano podem ser de ordem material ou moral.
V – Elementos subjetivos do tipo.
Dolo mais elemento subjetivo do tipo.
273

VI – Elemento normativo do tipo.


Falsidade.
VII – Momento consumativo e tentativa.
Crime formal.
VIII – Falsa identidade e outras infrações penais.
Arts. 45 e 46 LCP. Art. 328 CPB. Art. 68, § único da LCP.

Uso de documento de identidade alheia.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 308 CPB. Subtipo do crime de falsa identidade.
II – Subsidiariedade expressa.
III – Sujeitos do delito.
IV – Elementos objetivos do tipo.
Duas condutas típicas.
Objetos materiais – interpretação analógica.
V – elemento subjetivo do tipo.
VI – Momento consumativo e tentativa.
Crime de mera conduta.
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 311, CPB.

II – Autonomia típica.
Trata-se de crime autônomo, independente da receptação do veículo automotor.

III – Objetividade jurídica.


Fé pública.

IV – Objetos materiais.
São os sinais identificadores do veículo automotor.

V – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – crime comum. Sendo funcionário público (§§ 1º e 2º).
Sujeito passivo – Estado.
274
VI – Condutas típicas.
Adulterar, remarcar.

VII – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VIII – Consumação e tentativa.

IX – Crime funcional (§ 1º).

X – Penas e ação penal.

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Princípios gerais.

I – Objetividade jurídica genérica.


Administração Pública (sentido amplo) – conjunto das funções realizadas pelos órgãos
do poder público.
Pretende o legislador proteger o normal desenvolvimento da máquina administrativa
em todos os setores de sua atividade, no sentido de bem estar e do progresso de toda a
sociedade.
Proíbe –se a conduta ilícita dos agentes do poder público (“intranei”) como a dos
particulares (“extranei”).
De forma secundária protege – se também o interesse particular.
II – Classificação.
Os crimes contra a Administração Pública estão classificados em três grupos.
III – Crimes funcionais.
Espécie do gênero crime próprio.
São os que só podem ser cometidos por aqueles que exercem funções públicas.
Classificação: crimes funcionais próprios e crimes funcionais impróprios.
IV – Conceito de funcionário público.
Art. 327 e §§ do CPB. (para os efeitos penais – funcionário público apenas como
sujeito ativo).
Funcionário público. Cargo Público.Função pública. Emprego público.
275
Funcionário público – é a pessoa legalmente investida em cargo público.
Cargo público – é o lugar instituído no funcionalismo, criado por lei, com
denominação própria, atribuições específicas, em número certo e pago pelos cofres da
entidade estatal a que está vinculado.
Emprego público – é o que decorre de serviço temporário com contrato em regime
especial ou de acordo com a CLT.
Função pública – é o conjunto de atribuições que o poder público impõe aos seus
servidores para a realização de serviços no plano do Poder Judiciário, Executivo ou
legislativo.
Para a caracterização de alguém como funcionário público, importa apenas a natureza
da função por ele exercida.
Crime relacionado com licitação pública praticada por funcionário público: art. 84,
caput, lei 8666/93.

V - Funcionário público por equiparação.


Na antiga redação do § 1º existiam duas posições: ampliativa e restritiva. Posição
recente do STF.
Alteração do § 1º pela lei 9983/00. A posição restritiva deve ser abandonada.
Será considerado funcionário público o sujeito ativo de crime que exercer cargo,
emprego ou função pública em autarquia, sociedade de economia mista, empresa pública,
fundação pública e serviços sociais autônomos(entidades paraestatais), bem como aqueles que
trabalham em empresas concessionárias ou permissionárias de serviços típicos da
Administração Pública.

VI - Causa de aumento de pena.


Art. 327, § 2º.
Se o crime estiver relacionado com licitação pública: art. 84, § 2º, da lei 8666/93.

VII - Elemento subjetivo dos tipos.


Dolo (eventual).

VIII - Concurso de agentes.


Arts. 29 e 30 do CPB.

Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral.


Peculato.
276
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 312 CPB. Apropriação indébita cometida por funcionário público “ratione
officii”.
Protege – se a Administração Pública no que diz respeito ao interesse patrimonial -
preservação do erário público – e moral - fidelidade e probidade dos agentes do poder.

II – Figuras típicas.
Art. 312, caput: peculato apropriação – peculato desvio.
Art. 312, § 1º - peculato furto.
Art. 312, § 2º - peculato culposo.
Art. 312, § 3º - prevê uma causa extintiva de punibilidade e uma causa de diminuição de pena,
restritas à modalidade culposa.
III – Sujeitos do delito.
IV – Objeto material.
V – Elementos objetivos do tipo.
Duas condutas: apropriação e desvio. Ambas exigem posse ou detenção lícita e que
tenham sido confiadas ao funcionário em razão do cargo.
Peculato de uso. Objeto material fungível e infungível.
VI – Consumação e tentativa.
Peculato apropriação e peculato desvio.
Desvio em proveito da Administração Pública – art. 315 CPB.
VII – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo + animus rem sibi habendi = intenção definitiva de não restituir o objeto material
e de obter um proveito próprio ou de terceiro, de natureza moral ou patrimonial.
VIII – elemento normativo do tipo.
Funcionário público.
IX – Peculato-furto.
Art. 312, § 1º.
Núcleo do tipo – verbo subtrair.
Furto cometido pelo funcionário público, valendo – se de sua condição perante a
Administração Pública.
Hipóteses do tipo: subtrair ou concorrer para que outrem subtraia.
Concorrência: art. 30 CPB.
Consumação: nos moldes do furto.
Crime material. Admite a tentativa.
Elemento subjetivo: dolo + intenção de proveito próprio ou alheio.
277
X – Peculato culposo.
Art. 312, § 2º.
Reparação do dano. Art. 16 CPB. Art. 65, III, b, CPB. Art. 66, CPB.
XI – Formas típicas qualificadas.
Art. 327, § 2º.

Peculato mediante erro de outrem.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 313 CPB.(peculato-estelionato)
II – Sujeitos do delito.
III – Elementos objetivos do tipo.
São elementares do tipo: a) a apropriação de dinheiro ou qualquer outro bem; b) que a
apropriação tenha origem no erro de alguém; c) seja cometida por funcionário público no
exercício do cargo.
O erro deve ser espontâneo. Erro provocado = estelionato.
O erro pode incidir sobre: a) a coisa que é entregue ao funcionário; b) a pessoa a quem
se faz a entrega; c) a obrigação que dá origem à entrega.
IV – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.
V – Consumação e tentativa.
VI – Forma típica qualificada.
Art. 327, § 2º CPB.
VII – Penas e ação penal.

Inserção de dados falsos em sistema de informações.

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos,


alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de
dados da Administração Pública, com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
I – Sujeitos do delito.
II – Elementos objetivos do tipo.
Inserir. Facilitar a inserção. Alterar. Excluir.
III – Objetividade jurídica.
278
Está protegida a regularidade dos sistemas informatizados ou banco de dados da
Administração Pública.
IV – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo + finalidade de obter vantagem indevida ou finalidade de causar dano.
V – Consumação e tentativa.
Com a inserção, alteração ou exclusão.
É crime formal, que para a sua consumação independe de prejuízo efetivo para a
Administração Pública ou terceiro. É possível a tentativa.

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações.


Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de
informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou
alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.
I – Sujeitos do delito.
II – Elementos objetivos do tipo.
Modificar – substitui por outro.
Alterar.
III – Elemento normativo do tipo.
Sem autorização ou solicitação de autoridade competente.
IV – Elemento subjetivo do tipo.
Dolo.
V – Consumação e tentativa.
Com a modificação ou alteração total ou parcial do sistema de informações ou do
programa de informática, independentemente de haver ou não prejuízo efetivo para a
Administração Pública ou terceiro.Se este ocorrer o crime será qualificado.
É possível a tentativa.
VI – Crime qualificado.
Art. 313-B, § único CPB.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 314 CPB.
Art. 3º, lei 8137/90.
279
Art. 305 CPB.
Art. 337 CPB.
Art. 356 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Art. 337 CPB.

III – Objeto material.


Art. 356 CPB.

IV – Conduta típica.
Tipo de formulação alternativa.
Extraviar. Sonegar. Inutilizar. Condutas devem ser realizadas pelo funcionário que guarda os
livros ou documentos em razão do ofício.

V – Momento consumativo e tentativa.


Extravio e sonegação – delito permanente.
Sonegação – consuma – se o crime no instante em que surge o dever de apresentação.

VI – Elemento subjetivo do tipo.

VII – Subsidiariedade.

VIII – Tipo qualificado.


Art. 327, § 2º, CPB.

IX – Pena e ação penal.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 315 CPB.
Protege – se a regularidade da atividade administrativa no que diz respeito à aplicação de
verbas e rendas públicas.

II – Sujeitos do delito.
280
Crime próprio, só podendo ser praticado pelo funcionário público que tem o poder de
disposição de verbas e rendas públicas.
Presidente da República, Ministros, Governadores – lei 1079/50. Prefeito Municipal – DL
201/67.

III – Modalidades do tipo.


Emprego irregular de verbas públicas. Emprego irregular de rendas públicas.
Verba: especificação quantitativa do custo da execução de um determinado serviço público.
Rendas: todo dinheiro percebido pela Fazenda Pública.

IV – Conduta típica.
Aplicação diversa da determinada ou não autorizada por lei (orçamentária).
O objeto material é empregado no benefício da própria Administração Pública.

V – Momento consumativo e tentativa.


Com a aplicação.
É possível a tentativa.

VI – Tipo qualificado.
Art. 327, § 2º, CPB.

VII – Elemento subjetivo do tipo.

VIII – Exclusão da ilicitude.

IX – Penas e ação penal.

Concussão.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 316 CPB. Forma especial de extorsão cometida pelo funcionário público, com abuso de
autoridade, contra particular, que vem a ceder “metus publicae potestatis” (temor de represálias por
parte do agente). Consiste, pois, em o funcionário exigir de outrem, indevidamente, uma vantagem.
A espécie visa proteger o normal desenvolvimento dos encargos funcionais, por parte da
Administração Pública e na conservação e tutela do decoro desta. De forma secundária, protege – se
também o patrimônio do particular.
281

II – Sujeitos do delito.
Art. 3º, II, lei 8137/90.

III – Elementos objetivos do tipo.


Exigir. Exigência direta e indireta, explícita e implícita.
Basta que a vítima sinta o temor que o exercício da autoridade inspira, influindo sobre ela o
“metus publicae potestatis”.
O funcionário não precisa estar no exercício da função. Basta que proceda em face da função
pública.
Imprescindível, pois, para a subsistência da concussão, que o fato seja cometido em razão da
função, prevalecendo-se o sujeito da autoridade que possui.
A vantagem pretendida deve ser indevida.
Art. 316, § 1º, CPB. Art. 317, CPB. Art. 333, CPB.

IV – Elemento normativo do tipo.


Indevida.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + para si ou para outrem.

VI – Qualificação doutrinária.
Crime formal. A conduta é exigir e não receber.

VII – Momento consumativo e tentativa.


Quando a exigência chega ao conhecimento do sujeito passivo.
É possível a tentativa – conduta plurissubsistente.

VIII – tipo qualificado.


Art. 327, § 2º, CPB.

IX – Penas e ação penal.

Excesso de exação.

I – Conceito e objetividade jurídica.


282
Art. 316, § 1º, do CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – funcionário público, com a atribuição funcional ou não de arrecadação de
tributos ou contribuições sociais.

II – Figuras do tipo penal.


Exigência indevida de tributo ou contribuição social. Cobrança vexatória ou gravosa.

III – Elementos objetivos do tipo.


Exigência de tributos: impostos, taxas e emolumentos.
Taxa: é a contribuição correspondente a um serviço prestado à comunidade.
Imposto: é uma contribuição geral, não tendo correspondência, especificamente, a um
serviço público, apresentando – se como um processo de repartição de encargos públicos entre os
membros da comunidade.
Emolumentos: são custas, preços públicos.
Contribuições sociais: PIS, PASEP.
Cobrança indevida: tributo inexistente legalmente, já saldado ou devido a menor.
Cobrança por meio vexatório ou gravoso (meios não autorizados legalmente).

IV – Elementos normativos do tipo.


Cobrança indevida.
Que a lei não autoriza.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + que sabe (indevido) + deveria saber.

VI – Consumação e tentativa.
Na primeira modalidade típica o crime se consuma no momento em que a vítima toma
conhecimento da exigência. É crime formal.
Na segunda o crime atinge a consumação com o emprego do meio vexatório ou gravoso.
É possível a tentativa.

VII – Causa de aumento de pena.


Art. 327, § 2º, CPB.
VIII – Tipo qualificado.
283
Art. 316, § 2º, CPB. Aplicável somente ao excesso de exação. Art. 312 CPB.
Dois elementos subjetivos: dolo + em proveito próprio ou alheio. Consuma – se com o
efetivo desvio. É crime material. Admite a tentativa.

Corrupção passiva.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 317, caput, CPB.
Existem duas espécies de corrupção: ativa – quando se tem em vista a figura do corruptor.
Passiva – em face do funcionário público corrompido. Exceção ao princípio unitário do concurso de
pessoas.
Art. 333 CPB – Corrupção ativa.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – funcionário público (co-autoria e participação). Art. 3º, II, lei 8137/90. Art.
342, § 2º, CPB.
Sujeito passivo – Estado.

III – Elementos objetivos do tipo.


Solicitar. Receber. Aceitar promessa.
Solicitação direta ou indireta, explícita ou implícita.
Em razão do exercício da função, ainda que fora dela ou antes de seu início.
A corrupção pode ser própria ou imprópria.
Deve haver nexo de causalidade entre a conduta do funcionário e a realização do ato
funcional.
Objeto material é a vantagem patrimonial ou moral e indevida (elemento normativo do tipo).
Pode ser destinada ao próprio funcionário ou a terceiro.
A corrupção pode ser antecedente ou subseqüente.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + para si ou para outrem.

V – Consumação e tentativa.
Crime formal.
Tentativa: solicitação – possível na forma escrita. Recebimento e aceitação – não é possível.
Crime exaurido – causa de aumento de pena – art. 317, § 2º, CPB.
284

VI – Tipo agravado pela qualidade do autor.


Art. 327, § 2º, CPB.

VII – Corrupção passiva própria e imprópria qualificada.


Art. 317, § 1º, CPB.

VIII – Corrupção passiva própria privilegiada.


Art. 317, § 2º, CPB.

IX – Penas e ação penal.

Facilitação de contrabando ou descaminho.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 318, CPB. Trata-se de uma exceção do princípio unitário que rege o concurso de
agentes (art. 29, caput, CPB).

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – funcionário público com o dever de reprimir ou fiscalizar o contrabando ou
descaminho. Caso não tenha esta atribuição – art. 334 CPB, ou partícipe deste art. 319 CPB.

III – Conceitos de contrabando e descaminho.

IV – Conduta típica.
Facilitar: ação ed omissão.

V – Elemento normativo do tipo.


Com infração de dever funcional.

VI – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + consciência de violação do dever funcional.

VII – Consumação e tentativa.


Com a conduta comissiva ou omissiva da facilitação.
285
VIII – Tipo qualificado.
Art. 327, § 2º, CPB.

IX – Penas e ação penal.

Prevaricação.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 319 CPB.
O funcionário degrada a sua função ao violar o dever de ofício para satisfazer objetivos
pessoais.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Retardar ato de ofício. Deixar de realizar ato de ofício. Realizar de maneira ilícita.(por isso
não é ato de ofício).
Ato de ofício.

IV – Elementos normativos do tipo.


Indevidos. Contra expressa disposição de lei.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo (com a consciência da ilegalidade da conduta) + para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
Interesse pessoal – vantagem pretendida pelo funcionário, seja moral ou material.
Sentimento – afeto do funcionário para com as pessoas: amizade, ódio, vingança, caridade,
simpatia...

VI – Consumação e tentativa.
Consuma-se com a omissão, retardamento ou realização do ato.

VII – Prevaricação e outros delitos.


Desobediência e corrupção passiva.

VIII – Penas e ação penal.


286

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar
ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Condescendência criminosa.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 320 CPB.
A incriminação protege a dignidade e a eficiência da máquina administrativa, no que diz
respeito ao seu normal desenvolvimento.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Duas condutas típicas. Crime omissivo próprio.
Deixar de responsabilizar. Não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente.
Infração – penal ou administrativa.
A falta deve guardar conexão com o exercício do cargo – “no exercício do cargo”.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + por indulgência (clemência, tolerância, brandura).
Prevaricação e corrupção passiva.

V – Consumação e tentativa.

VI – Tipo qualificado.
Art. 327, § 2º, CPB.
VII – Penas e ação penal.
Advocacia administrativa.

I – Conceito e objetividade jurídica.


287
Art. 321 CPB. A lei penal protege o regular funcionamento da administração governamental,
tutelando-a da conduta irregular de seus componentes que, em razão do cargo, procuram defender
interesses alheios ao Estado, de particulares, lícitos ou ilícitos. Protege-se pois a Administração
Pública.
Crime contra a ordem tributária – art. 3º, III, lei 8137/90.
Licitação pública – art. 91, lei 8666/93.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Patrocinar.
Patrocínio: formal e explícito. Dissimulado.
O Crime pode ser praticado direta ou indiretamente.
O interesse particular pode ser legítimo ou ilegítimo.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
§ único – deve abranger a ilegitimidade do interesse.

V – Momento consumativo e tentativa.

VI – Tipo qualificado.
Art. 321, § único, CPB.

VII – Causa de aumento de pena.


Art. 327, § 2º, CPB.
VIII – Penas e ação penal.

Violência arbitrária.

I – Revogação.
Houve ou não revogação pela lei 4898/65 ?.
Duas posições: A lei 4898/65 não revogou o art. 322 do CPB. (STF)
A lei 4898/65 revogou o art. 322 do CPB. (TACrimSP). A letra “i” do art. 3º,
da lei 4898/65 revogou o art. 322 do CPB.
288
II – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 322 CPB.

III – Sujeitos do delito.

IV – Elementos objetivos do tipo.


O comportamento proibido consiste em praticar violência no exercício da função ou a
pretexto de exerce – la.
Violência.
Meios hipnóticos, soro da verdade – art. 350 CPB, Lei 4898/65.
Comportamento abusivo realizado no desempenho da função ou sob a desculpa de exercê-la.
O emprego de violência real deve ser arbitrário.
Arts. 284/292 do CPP.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + consciência da ilegitimidade da conduta.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Penas e ação penal.

Abandono de função.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 323 CPB.
Cargo público. Função pública.
A denominação correta deveria ser “Abandono de cargo”.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Abandonar.
O abandono deve: ser total; acarretar probabilidade de dano ao setor público; perdurar por
tempo razoável, juridicamente relevante.
289
IV – Elemento normativo do tipo.
Fora dos casos permitidos em lei.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo (deve abranger a consciência da irregularidade da conduta e da probabilidade de dano à
Administração Pública).

VI – Consumação e tentativa.
Consuma-se o delito com o afastamento do exercício do cargo público por tempo
juridicamente relevante.
Crime omissivo próprio.

VII – Figuras típicas qualificadas.


Art. 323, §§ 1º e 2º, CPB.
Faixa de fronteira – lei nº 6634/79 (150 km).

VIII – Causa de aumento de pena.


Art. 327, § 2º, CPB.

IX – Penas e ação penal.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 324 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Art. 328 CPB.
Após demitido não é mais funcionário público.

III – Elementos objetivos do tipo.


Duas condutas. 1ª parte – exercício funcional ilegalmente antecipado. 2ª parte – exercício
funcional ilegalmente prolongado.
1ª modalidade: é indispensável que o sujeito já tenha sido nomeado para o cargo público. O
início indevido se dá com a realização de qualquer ato de ofício.
290
É norma penal em branco: “exigências legais” – Posse, exame médico, psicotécnico,
quitação do serviço militar, etc.

2ª modalidade: espécie de usurpação de função pública. É preciso que o funcionário tenha


conhecimento oficial de sua exoneração, remoção, substituição ou suspensão.
Aposentadoria compulsória.
Não abrange férias ou licença.
É preciso que ocorra sem autorização.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + depois de saber oficialmente. (não é suficiente a presunção de conhecimento).

V – Exclusão genérica da ilicitude.


Estado de necessidade.

VI – Consumação e tentativa.
Com a realização do primeiro ato de ofício indevido.

VII – Tipo qualificado. Art. 327, § 2º.

VIII – Penas e ação penal.

Violação de sigilo funcional.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 325, §§ 1º e 2º do CPB.

Alteração operada pela lei 9983/00.


§ 1º - Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
dados da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito;
§ 2º - Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
291

II – Subsidiariedade expressa.
Arts. 13, 14 e 21, lei 7170/83.
Art. 326, CPM.
Lei 6453/77 (energia nuclear).

III – Sujeitos do delito.


Aposentado.

IV – Elementos objetivos do tipo.


Estão expostos dois núcleos do tipo: revelar (revelação direta) – conduta positiva; e
facilitar-lhe a revelação (revelação indireta) – conduta positiva ou negativa
É exigida a possibilidade de dano.
O conhecimento do segredo por parte do funcionário deve ser em razão do cargo.
O segredo deve ser de interesse público.
Segredo de interesse particular = art. 154 CPB.
O crime é revelar fato que deva permanecer em segredo (é o de interesse público, que pela
sua natureza não deve ser de conhecimento geral, sob pena de causar dano ou perigo de dano à
Administração Pública).
Basta proporcionar o conhecimento do fato a uma única pessoa.

V – Qualificação doutrinária.
Dolo (abrangendo o conhecimento de que o fato deve, por sua natureza, permanecer em
sigilo) + de que tem ciência em razão do cargo.

VI – Consumação e tentativa.
Consuma-se com o ato da revelação do segredo ou de sua facilitação. É crime formal.
Na revelação por escrito é possível a tentativa.

VII – Tipo qualificado.


Rt. 327, § 2º CPB.

VIII – Fornecimento e empréstimo de senha.


§ 1º - Procurou proteger-se com o novo dispositivo a regularidade da Administração Pública
no que se refere ao sigilo que deve existir quanto aos dados do sistema de informação ou banco de
dados dos serviços públicos.
292
Sujeito ativo.
Incisos I e II – Crimes formais.
§ 2º - Se resulta dano à Administração Pública ou a outrem.
VIII – Penas e ação penal.

Violação de sigilo de proposta.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 94, Lei 8666/93 – “Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento
licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena – detenção, de dois a três anos, e
multa.”

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - Art. 84, lei 8666/93 – Conceito de servidor público. § 1º - Servidor público
por equiparação.
Sujeito Passivo – Estado e licitantes eventualmente prejudicados.

III – Elementos objetivos do tipo.


Dois são os núcleos do tipo: Devassar e proporcionar a terceiro o ensejo do devassamento.
A devassa deve ocorrer antes do término da apresentação das propostas.
No verbo devassar não se exige que o funcionário, embora seja esse o seu intento, dê a
terceiro conhecimento do que se contém na proposta.

IV – Consumação e tentativa.
Consuma-se no momento em que o funcionário (na devassa) ou o terceiro ( na hipótese do
verbo proporcionar) toma conhecimento do conteúdo da proposta.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VI – Tipo qualificado.
Art. 84, § 2º, lei 8666/93.

VII – Penas e ação penal.


As penas são cumulativas: detenção, de dois a três anos, e multa.
293
Multa: art. 99, lei 8666/93.
Arts. 100 a 108 da lei 8666/93 – A ação penal é pública incondicionada.

VIII – Efeito da condenação.


Art. 83 da lei 8666/93.

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM


GERAL

Princípios gerais.

Título XI, capítulo II – descreve crimes comuns.


Há proteção da Administração Pública contra a conduta de estranhos (extranei).
São crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público.
Estão definidos nos artigos 328 ao 337 do CPB.

Usurpação de função pública.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 328 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Núcleo do tipo – verbo usurpar: exercer ilegitimamente, indevidamente, tomar, apoderar-se.
É preciso a realização de pelo menos um ato de ofício.
Arts. 45 e 46 da LCP.
A função pública pode ser de qualquer natureza, gratuita ou remunerada.
Art. 359 CPB.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo (com a consciência da ilegitimidade da conduta).

V – Momento consumativo e tentativa.


294

VI - Tipo qualificado.
Vantagem moral ou material – art. 328, § único.

VII – Penas e ação penal.

Resistência.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 329, caput, CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


A conduta incriminada é a oposição à execução de ato funcional.
Meios empregados: violência física e ameaça.
É elemento do tipo a legalidade do ato funcional. Legalidade formal e substancial.
O ato funcional deve ser contemporâneo à resistência.
O funcionário deve ser competente para a execução do ato funcional.
Resistência passiva: art. 330 CPB.
Palavras ultrajantes que não configuram ameaça: art. 331 CPB.
Terceiro: auxílio espontâneo ou solicitado pelo funcionário.

IV – Elemento normativo do tipo.


Legal – informa a natureza do ato funcional. O Ato deve ser formal e substancialmente
legal.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + finalidade de impedir a realização do ato funcional.
Embriaguez e resistência. A embriaguez exclui o crime de resistência ?
Três orientações: a) A embriaguez do agente não exclui o elemento subjetivo do crime de
resistência. Art. 28, II, CPB.; b) A embriaguez do agente exclui o elemento subjetivo do crime de
resistência. É suficiente a embriaguez, não importando a sua intensidade. O dolo desse crime é
incompatível com a embriaguez.; c) Não é qualquer estado de embriaguez que exclui o elemento
subjetivo do crime de resistência, exigindo-se que elimine a capacidade intelcto-volitiva do agente.
Exige a exclusão da capacidade intelcto-volitiva.
295
VI – Consumação e tentativa.
O crime consuma-se com a violência ou ameaça. É crime formal. Se há impedimento à
execução da ordem: art. 329, § 1º, CPB.
Tentativa. Ameaça por escrito.

VII – Tipo qualificado.


Art. 329, § 1º. Crime exaurido.

VIII – Concurso de crimes.


Art. 329, § 2º.

IX – Pena e ação penal.

Desobediência.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 330 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive funcionário público, desde que o objeto da ordem
não se relacione com as suas funções, caso em que pode haver prevaricação.
Art. 327, caput. Não se aplica a equiparação do § 1º.
O conceito de funcionário público para o efeito do crime de desobediência é fornecido pelo
direito administrativo: é a pessoa legalmente investida em cargo público criado por lei, com
denominação própria, em número certo e paga pelos cofres públicos.

III – Elementos objetivos do tipo.


O comportamento proibido consiste em desobedecer à ordem do funcionário público, i.e.,
desatender, não cumprir.
Pode ser realizado através de ação ou omissão.
Deve ser ordem e não pedido.
Deve a ordem emanar de funcionário competente, e ser transmitida diretamente ao
destinatário (verbalmente ou por escrito).
É imprescindível que o destinatário da ordem tenha o dever jurídico de agir ou deixar de
agir.

IV – Elemento normativo do tipo.


296
Consiste na legalidade da ordem, formal e materialmente (forme e conteúdo). É preciso que
o conteúdo da ordem esteja fundado em lei, emanada de funcionário público competente para dá-la,
agindo dentro de suas atribuições e com observância das determinações legais.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo (abrangendo o conhecimento da ilegalidade da conduta).

VI – Momento consumativo e tentativa.


Depende do conteúdo da ordem.

VII – Cominação de sanção civil ou administrativa.

VIII – Penas e ação penal.

Desacato.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 331 do CPB.

II – Sujeitos do delito.
O funcionário público pode ser sujeito ativo do desacato? Há três posições: a) não pode ser
sujeito ativo, a não ser que tenha se despido da qualidade funcional ou o fato tenha sido cometido
fora do exercício de suas funções; b) b) pode ser, desde que seja inferior hierárquico do ofendido; c)
pode ser sujeito ativo de desacato em qualquer hipótese.

III – Elementos objetivos do tipo.


Desacatar: ofender, humilhar, agredir, desprestigiar o funcionário público. Crime de forma
livre
Crime formal.
A conduta deve ser realizada contra funcionário público no exercício da função ou em razão
dela. Duas modalidade de conduta: a) ofensa cometida no exercício da função - ocasional; b) ofensa
cometida em virtude da função - causal.
Essencial é a presença do sujeito passivo. Na ausência: art. 141, II, do CPB. É suficiente que
o ofendido tome conhecimento imediato da ofensa.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


297
Dolo. É esse elemento subjetivo do tipo, dirigido à ofensa ao prestígio da função pública,
que distingue o desacato cometido mediante violência física ou moral do crime de resistência.
O ânimo calmo constitui requisito do elemento subjetivo do crime de desacato? Há duas
orientações: a) O crime de desacato exige ânimo calmo, sendo que o estado de exaltação ou cólera
exclui o seu elemento subjetivo do tipo. Subsiste a injúria. É a posição predominante nos tribunais;
b) O desacato não exige ânimo calmo, pelo que o estado de exaltação ou cólera não exclui o seu
elemento subjetivo do tipo. Art. 28, I, CPB. É posição minoritária.
A embriaguez do agente exclui o elemento subjetivo do tipo do crime de desacato? Há três
orientações: a) O crime de desacato exige dolo específico, sendo que a embriaguez do agente,
incompatível com esse elemento subjetivo, exclui o delito. É suficiente que o agente esteja
embriagado para que não exista o crime, não exigindo análise de sua capacidade intelecto-volitiva
na ocasião do fato. Constitui orientação predominante no TACrimSP.. b) O desacato não exige dolo
específico, pelo que o estado de embriaguez do agente não exclui o crime. Art. 28, II, CPB. Só há
exclusão quando é completa e proveniente de caso fortuito ou força maior: art. 28, § 1º. É posição
minoritária. C) Não é qualquer estado de embriaguez que exclui o elemento subjetivo do crime de
desacato, exigindo-se que elimine a capacidade intelectual e volitiva do sujeito. É necessário a
apreciação caso por caso. É posição minoritária.

V – Consumação e tentativa.
Com o ato ofensivo. Crime formal. Não admite a tentativa por exigir a presença do sujeito
passivo.

VI – Concurso de crimes.
O desacato absorve as infrações de menor gravidade objetiva (princípio da consunção): vias
de fato, lesão leve, difamação, injúria.
Lesão grave – concurso formal.

VII – Pena e ação penal.

Tráfico de influência.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 332 CPB.
Art. 357 CPB – Exploração de prestígio.

II – Sujeitos do delito.
298

III – Elementos objetivos do tipo.


Solicitar. Exigir. Cobrar. Obter.
Vantagem (moral ou patrimonial).
Pretexto – desculpa, fundamento. É simulação: “venda de fumaça” – o sujeito alegando ter
prestígio junto a funcionário público, faz crer à vítima, enganosamente, possuir condições de alterar
o comportamento daquele.
Se o funcionário é assim considerado para o efeito penal (funcionário do Banco do Estado).
Se a vítima não acredita não há crime. Se acredita e entrega a vantagem para se beneficiar
não comete o crime, sendo o seu comportamento apenas imoral (crime de corrupção ativa putativo).
Corrupção do funcionário: Contudo, se realmente há a influência, e por ela a prática do ato de
ofício, é partícipe do crime de corrupção ativa. O funcionário comete o crime de corrupção passiva.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + para si ou para outrem.

V – Momento consumativo e tentativa.


Solicitar, exigir e cobrar – crime formal. É possível a tentativa quando a conduta é
plurissubsistente.
Obter – crime material. Não é possível a tentativa.
Não descaracteriza o crime o descumprimento da promessa.
Estelionato – é absorvido pelo crime de exploração de prestígio. Se falta algum elemento do
art. 332 subsiste o crime de estelionato.

VI – Causa de aumento de pena.


Art. 332, § único.

Corrupção ativa.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 333 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Oferecer. Prometer.
299
Meios de execução: vários – palavras, escritos, gestos etc.
Para a existência do crime é imprescindível a oferta ou promessa de vantagem
(espontâneos).
Bilateralidade. A corrupção ativa depende da passiva ou vice-versa ? Hipóteses de acordo
com as condutas do tipo.
“Jeitinho” sem oferecimento vantagem ou promessa de vantagem – Art. 317, § 2º CPB.
Exigência por parte do funcionário – art. 316 CPB.
A vantagem deve endereçar-se ao funcionário. O crime pode ser realizado por interposta
pessoa (intermediário – que será partícipe do crime de corrupção ativa).
Objeto material – é a vantagem material ou moral.
Ato de ofício – judicial, administrativo, lícito, ilícito, regular ou irregular.
Pequenas gratificações ou doações como agradecimento a ato funcional praticado.
Dá – se a vantagem para que se faça, não porque se fez ou não alguma coisa.
O oferecimento ou a promessa devem ser dirigidos ao funcionário que tem o dever de ofício
de realizar ou não o ato objeto do dolo do agente. É necessário que o ato esteja dentro da esfera de
atribuições do servidor público.
Se o oferecimento ou promessa é para que o funcionário não pratique ato ilegal ou que não é
de sua competência não há o crime.

IV – Elemento normativo do tipo.


Está na qualidade da vantagem que deve ser indevida.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.

VI – Consumação e tentativa.
Crime formal.
A aceitação do funcionário é irrelevante.

VII – Corrupção Ativa e outros crimes.


Art. 299 Código eleitoral.
Art. 343 CPB.

VIII – Tipo qualificado.


Art. 333, § único.
O funcionário retarda, omite ou pratica o ato de ofício ilegal.
300
Ato de ofício legal – crime simples.

IX – Penas e ação penal.

Contrabando ou descaminho.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 334 CPB.
Diferença entre contrabando e descaminho.

II – Sujeitos do delito.
Funcionário público – art. 318 CPB.

III – Elementos objetivos do tipo.


Tipo de formulação alternativa. Duas condutas. Contrabando e descaminho. Importar e
exportar.
Mercadoria – é a coisa móvel de qualquer natureza.
No contrabando a proibição pode ser: absoluta (a mercadoria não pode entrar ou sair de
nosso território de forma alguma); ou relativa (a mercadoria pode entrar ou sair de nosso território
desde que satisfeitos certos requisitos).
Cabe à lei extrapenal, como complemento da norma penal em branco, dizer quais são as
mercadorias absoluta e relativamente proibidas.
É contrabando a reintrodução de mercadoria nacional destinada exclusivamente à exportação
e de venda proibida entre nós.
No descaminho a conduta consiste em iludir. ICMS na importação e Imposto de exportação
na exportação.

IV – Questão prejudicial.
Responsabilidade penal independente da administrativa.

V – Princípio da especialidade.
Art. 234 CPB (importação de objeto obsceno). Art. 169, III, Dec.lei 7.903/45 (mercadoria
privilegiada). Art. 12 e § 1º, I, lei n.º 6.368/76 (importação de entorpecentes). Arts. 12 e 14, lei n.º
7.170/83 (importação de material bélico privativo das Forças Armadas).

VI – Elemento subjetivo do tipo.


301
Dolo.

VII – Consumação e tentativa.

VIII – Contrabando ou descaminho por assimilação.


Art. 334, § 1º, “a”, CPB.
Navegação de cabotagem, por expressa disposição legal, equiparada ao contrabando ou
descaminho.
É norma penal em branco “fora dos casos permitidos em lei”.
Art. 178, § único, CF.

Art. 334, § 1º, “b”, CPB.


É norma penal em branco. Zona Franca: Art. 39, Dec. Lei 288/67 – determina como crime
de contrabando o fato de efetuar a saída de mercadorias de seus limites, sem autorização de quem
de direito. Containers: o art. 8º, lei 4.906/65, determina a incidência do art. 334, § 1º, “b”, do CP,
aos autores de violação de cofres de carga ou containers. Tabaco estrangeiro: art. 3º, Dec. Lei
399/68, que trata de fumo de origem estrangeira.

Art. 334, § 1º, “c”, CPB.


Primeira parte – a conduta é realizada pelo autor do contrabando ou descaminho: princípio
da especialidade.
Segunda parte: deveriam ser, em tese, crime de receptação. Princípio da especialidade.

Art. 334, § 1º, “d”, CPB. São condutas normalmente consideradas receptação dolosa.
Duas hipóteses na receptação de mercadoria objeto de contrabando ou descaminho: se houve
dolo – art. 334, § 1º, “d”. Se houve culpa – art. 180, § 3º.
Ação desenvolvida no exercício de atividade comercial ou industrial.
rt. 334, § 2º, CPB – define atividade comercial por equiparação. Se não há atividade
comercial ou industrial – art. 180, caput e § 3º, CPB.
Verbos típicos: adquirir, receber e ocultar.
Objeto material: mercadoria de origem estrangeira sem documentação legal ou com
documentos falsos.
Elementos subjetivos: dolo + em proveito próprio ou alheio.

IX – Tipo qualificado.
Art. 334, § 3º, CPB. Vôos clandestinos.
302

X – Penas e ação penal.

XI – Extinção da punibilidade.
Art. 34, lei 9249/95. Art. 16, CPB.

XII – Perdimento de bens.


Após sentença condenatória transitada em julgado.

Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Arts. 93 e 95 da lei 8.666/93

II – Sujeitos do delito.
Conceito de funcionário público – art. 84, § 1º, lei 8.666/93.

III – Elementos objetivos do tipo.


Os tipos descrevem duas modalidades delituosas.
Art. 93 (art. 2º, lei. 8.666/93).
Impedir. Perturbar. Fraudar.
Licitação – é a disputa ou competição entre interessados que a Administração Pública
convoca, mediante avisos ou editais, para alienar bens, adquiri – los ou para a realização de obras
ou serviços de interesse social.
Licitação promovida pela administração federal, estadual ou municipal. Ficam excluídas do
tipo penal em análise as arrematações ou praças judiciais realizadas por particulares. Nesse caso,
incide a norma incriminadora do art. 358, CPB.
Art. 95. Violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Art. 93 – dolo.
Art. 95 – dolo + intenção de afastar o licitante.

V – Consumação e tentativa.
Art. 93 – crime material.
Art. 95 – crime formal.
303

VI – Concurso de crimes.

VII – Abstenção venal de licitante.


Art. 95, § único, lei 8.666/93.
Subtipo de crime próprio só pode ser cometido por licitante.
Crime omissivo próprio.

VIII – Penas e ação penal.


Pena de multa – art. 99, lei 8.666/93.

Inutilização de edital ou sinal.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 336 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Duas figuras típicas:
inutilização de edital.
Rasgar. Inutilizar. Conspurcar.
“De qualquer forma” – rasuras, pinturas, etc. (interpretação analógica.)
Objeto material – edital.
Definição de edital. Pode ser administrativo ou judicial. Afixação no lugar de costume
ordenada por funcionário competente.
Deve possuir atualidade.

Violação ou inutilização de selo ou sinal.


Violar. Inutilizar.
Objeto material – selo ou sinal empregado para identificar ou cerrar (fechar) qualquer coisa
(móvel ou imóvel).
Pode ser de qualquer natureza: papel, lacre, chumbo.
Requisitos do selo ou sinal: deve ser determinado por lei e originário de funcionário público
competente, com seu carimbo ou assinatura.
Deve possuir atualidade.
304

IV – Consumação e tentativa.

V – Penas e ação penal.

Subtração ou inutilização de livro ou documento.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 337 CPB. Crime expressamente subsidiário.

II – Distinção com outros delitos.


Arts. 305, 314 e 356.

III – Sujeitos do delito.

IV – Elementos objetivos do tipo.


Subtrair e inutilizar.
Objetos materiais – livros oficiais, documento, processo. Necessários que estejam confiados
à custódia de funcionário público em razão do ofício, ou seja, por força de seu cargo, ou sob a
guarda de particular prestando serviço público.

V – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Penas e ação penal.

Sonegação de contribuição providenciaria.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Artigo acrescentado pela lei 9.983/00.
Art. 337 – A CP. Arts. 194 e 195 CF.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – o responsável tributário.
305
Sujeito passivo – A Previdência Social (INSS) e secundariamente o segurado que
eventualmente vier a ser prejudicado.

III – Elementos objetivos do tipo.


Suprimir. Reduzir.
Objeto material – contribuição providenciaria ou qualquer acessório.
É crime material.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + intenção de suprimir ou reduzir contribuição providenciaria ou acessório.
Havendo apropriação indébita – art. 168 - A.

V – Momento consumativo e tentativa.


Crime material e omissivo.

VI – Extinção da punibilidade.
Art. 337 – A, § 1º, CPB. Declarar. Confessar. Ação fiscal. (Termo de início de ação fiscal)
Art. 168 – A, § 2º, CPB.
Art. 34, lei 9.249/95. A contribuição social tem natureza tributária.
Art. 16, CPB.

VII – Perdão judicial ou aplicação de multa.


Art. 337 – A, § 2º, CPB.
Até R$ 2.500,00 – Princípio da bagatela.
Acima de R$ 2.500,00 até R$ 5.000,00 – cabe perdão judicial ou aplicação da multa.

VIII – Causa especial de diminuição de pena.


Art. 337 – A, §§ 3º e 4º, CPB. Violação do princípio constitucional da isonomia (art. 5º,
caput, CF).

IX – Pena e ação penal.

CAPÍTULO II-A

(Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)


306
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA ESTRANGEIRA

Corrupção ativa em transação comercial internacional

Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a


funcionário público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ato de ofício relacionado à transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de
11.6.2002)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)

Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou
promessa, o funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica
infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)

Tráfico de influência em transação comercial internacional (Incluído pela Lei nº 10467, de


11.6.2002)

Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,
vantagem ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público
estrangeiro no exercício de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: (Incluído
pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de
11.6.2002)

Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem
é também destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)

Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)

Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades
estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de
11.6.2002)

Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego
ou função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país
estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
307

DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA.

Reingresso de estrangeiro expulso.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 338 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Qualificação doutrinária.


Crime próprio, material e instantâneo (permanente).

IV – Elementos objetivos do tipo.


Reingressar.
Lei 6.815/80: Expulsão – arts. 65/75. Deportação – arts. 57/64. Extradição – arts. 76/94.
(Art. 5º, LI, LII,
CF).
Art. 5º CPB.

V – Momento consumativo e tentativa.

VI – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VII – Pena e ação penal.

Denunciação caluniosa.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 339 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa, inclusive funcionário público.
Delegado de Polícia, Juiz de Direito, Juiz – quando evidente a temeridade ou
o abuso de poder.
Ação penal pública condicionada a representação e privada – quem tem
legitimidade para exercer o direito de representação ou de queixa.
308

Sujeito passivo – Administração Pública e a pessoa atingida em sua honra pela denunciação
caluniosa.

III – Denunciação caluniosa. Calúnia (art. 138 CPB). Comunicação falsa de crime (art. 340 CPB).
Auto – acusação falsa (art. 341 CPB).

IV – Elementos objetivos do tipo.


Dar causa – provocar, ocasionar, originar.
Causação direta ou indireta.
Ação da autoridade causada por conduta espontânea do sujeito.(réu em interrogatório –
calúnia. Testemunha em depoimento – falso testemunho).
Imputação – crime ou contravenção - § 2º.
Emprego de nome suposto ou anonimato – pena agravada - § 1º.
Imputação – pessoa determinada (que não realizou ou participou do fato), de fato que não
ocorreu. Acusação objetiva e subjetivamente falsa.
Causas excludentes de ilicitude ou extintivas de punibilidade. Escusa absolutória.
Investigação policial.
Processo judicial (criminal).
Investigação administrativa – Sindicância Administrativa. Processo Administrativo.
Inquérito Civil – art. 129, III, e § 1º, CF. Art. 25, IV, lei 8.625/93 (LONMP). Art. 8º, § 1º,
lei 7.347/85 (Ação Civil Pública).
Ação de improbidade administrativa – art. 37, § 4º, CF. Art. 17, lei 8.429/92 (Lei de
improbidade administrativa). Revogado o art. 19, lei 8.429/92.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + de que o sabe inocente.

VI – Momento consumativo e tentativa.


Com o início das atividades dos órgãos públicos com o fim de esclarecer a denúncia.

VII – Tipos qualificado e privilegiado.


Art. 339, §§ 1º e 2º, CPB.

VIII – Penas e ação penal.


309
Comunicação falsa de crime ou de contravenção.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 340 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Provocar – da causa, originar.
Comunicação + atividade da autoridade (judicial, policial ou administrativa).
Comunicação falsa.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + consciência que tem o agente de que a infração penal não se verificou.

V- Consumação e tentativa.

VI – Penas e ação penal.

Auto-acusação falsa.
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 341 CPB.
Auto calúnia.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa (menos aquele que se apresentou como participante do crime
anterior).
Elementar “outrem” e falsa.
Sujeito passivo – é o Estado.

III – Elementos objetivos do tipo.


Atribuir-se. Crime. Contravenção.
Conduta praticada perante autoridade. (não quer dizer diante).
É necessário que se trate de crime inexistente ou cometido por terceiro (a auto acusação
deve ser falsa).
310

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.
No momento em que a autoridade toma conhecimento da auto-acusação.
Crime formal (não é necessária a instauração de Inquérito Policial).
Possível a tentativa quando feita por escrito.

VI – Pena e ação penal.

Falso testemunho ou falsa perícia.


I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 342 CPB. (perjúrio).
Alteração – lei 10.268/01.
Diante comissão parlamentar de inquérito – art. 4º, II, lei 1.579/52.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – testemunha (arts. 203, 206, 207, 208, 218, 219 CPP e 330 CPB), perito,
contador, tradutor ou intérprete.
Art. 208 CPP – Testemunha numerária ou informante: comete o crime de falso testemunho?
Perito funcionário público (oficial) – art. 317 CPB.
Sujeito passivo – Estado. Indiretamente a pessoa prejudicada pela falsidade.

III – Concurso de agentes.


Crime de mão própria ou de atuação pessoal. Autoria mediata. Co – autoria. Participação.
Art. 343 CPB.

IV – Qualificação doutrinária.
Crime instantâneo, formal, próprio e de mão própria.

V – Elementos objetivos do tipo.


Fazer afirmação falsa. Negar a verdade. Calar a verdade.
O falso deve referir – se a fato juridicamente relevante (que possa de algum modo influir na
decisão judicial).
Falso quanto a qualificação – art. 307 CPB.
311
Duas teorias a respeito da falsidade: objetiva e subjetiva.
Conduta realizada em processo judicial (criminal, civil, trabalhista), processo administrativo,
inquérito policial, juízo arbitral (arts. 1.072 a 1.102 CPC) ou inquérito parlamentar.
Falso para não se auto incriminar – inexigilidade de conduta diversa.
Processo anulado.
Depoimento falso em fases sucessivas: Inquérito policial, instrução e júri.

VI – Momento consumativo e tentativa.


Com o encerramento do depoimento e entrega do laudo à autoridade.
Falso cometido em juízo deprecado. Art. 70 CPP.

VII – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VIII – Causa de aumento de pena.


Falso praticado mediante suborno. Crime de corrupção passiva.
Corrupção ativa de testemunha – art. 343 CPB.

IX - Falso testemunho ou falsa perícia em processo penal, ou, civil em quem for parte entidade da
administração pública direta ou indireta.
Causa de aumento de pena.
Processo penal – inclui o inquérito policial.
Administração pública direta e indireta.
Elemento subjetivo – dolo + com o fim de produzir (basta a potencialidade lesiva).
X – Retratação.
Art. 342 § 2º CPB.
Causa extintiva da punibilidade (art. 107, VI, CPB).
Condição resolutiva de punibilidade.
Sentença de primeiro grau.
Júri.
Comunicabilidade e incomunicabilidade.
XI – Penas e ação penal.
Em que momento pode ser proposta a ação?

Corrupção ativa de testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete.


312
I – Conceito e objetividade jurídica.
Art. 343 CPB – modificado pela lei 10.268/01.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Dar. Oferecer. Prometer.
Objeto material – dinheiro ou qualquer outra vantagem material ou moral.
Perito/intérprete oficiais – art. 333 CPB.
Inquérito policial, processo judicial (civil ou criminal) ou administrativo em andamento.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + para que seja falseada a verdade.

V – Consumação e tentativa.
Com a dação, oferta ou promessa de vantagem.
Possível a tentativa quando empregado o meio escrito.
VI – Figura típica qualificada.
Art. 343, § único CPB.

VII – Qualificação doutrinária.


Crime formal.

VIII – Bilateralidade.
Art. 342, § único, CPB – perito, contador, tradutor ou intérprete.
Art. 343 CPB – crime se caracteriza mesmo que o destinatário da oferta não a aceite.

IX – Penas e ação penal.

Coação no curso do processo.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 344 CPB.

II – Sujeitos do delito.
313
III – Elementos objetivos do tipo.
Crime de forma vinculada – meios de execução: violência e grave ameaça.
Violência física – contra a pessoa.
Ameaça grave: capaz de provocar temor a um homem normal. O mal pode ser justo ou
injusto.
Autoridade: Juiz, Delegado de Polícia, Promotor, Defensor Público, etc.;
Parte: autor, réu.
Outra pessoa: escrivão, intérprete, jurado, perito, etc.
Processo pode ser judicial(civil ou criminal); administrativo ou em curso em juízo arbitral.
Não se exclui o Inquérito Policial.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio.

V – Qualificação doutrinária.
Formal e de forma vinculada.

VI – Consumação e tentativa.

VII – Pena e ação penal.


Exercício arbitrário das próprias razões.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 345 CPB.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


A conduta consiste em fazer justiça pelas próprias mãos, realizando uma ação tendente a
satisfazer uma pretensão.
É crime de forma livre.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + para satisfazer pretensão, embora legítima.
314
O crime pressupõe uma presunção ligada a um direito que o sujeito tem ou imagina ter
(pretensão legítima ou ilegítima), cuja satisfação ou defesa pode ser realizada através do judiciário,
o que não acontece.
No caso de pretensão ilegítima o sujeito ativo deve supor a sua legitimidade, caso contrário,
conforme o meio executório responderá por crime de furto, roubo, dano, apropriação indébita. O
fato será atípico se o agente tem certeza da ilegitimidade da pretensão.
Pretensão: real, pessoal ou de família. É necessário que a pretensão, em sua essência, possa
ser satisfeita perante o judiciário. (dívida prescrita, preço carnal).

V – Elemento normativo do tipo.


Salvo quando a lei o permite – causa excludente da tipicidade (direito de retenção, desforço
imediato).

VI – Momento consumativo e tentativa.


Crime formal.

VII – Pena e ação penal.

Subtração ou dano de coisa própria em poder de terceiro.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 346 CPB. (espécie – art. 345 CPB).

II – Sujeitos do delito.

III – Objeto material.


Coisa móvel ou imóvel.

IV – Elemento normativo do tipo.


Coisa própria.

V – Elementos objetivos do tipo.


Tirar. Suprimir. Destruir. Danificar.
Posse legítima de terceiro – por decisão judicial ou convenção.

VI – Momento consumativo e tentativa.


315
Crime material.

VII – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VIII – Pena e ação penal.

Fraude processual.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 347 CPB.
Art. 312 CTB.

É crime subsidiário(falsidade documental, supressão de marca em animais).

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Pendência de processo civil ou administrativo.
Inovação artificiosa: estado de lugar, de coisa ou de pessoa.
Inovação com idoneidade objetiva e subjetiva.

IV – Fraude no processo penal.


Não é necessário o início do processo.
A pena é aplicada em dobro.

V – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + finalidade especial.

VI – Consumação e tentativa.
Crime formal.
É possível a tentativa.

VII – Pena e ação penal.

Favorecimento pessoal.
316

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 348 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa menos o participante do crime anterior.
O advogado pode cometer este crime.

III – Elementos objetivos do tipo.


É crime acessório: tem como pressuposto a existência de crime anterior (principal).
Contravenção penal anterior – fato atípico.
Não ocorre favorecimento pessoal quando em relação ao crime anterior existe causa
excludente de ilicitude, de extinção de punibilidade, de escusa absolutória, de inimputabilidade pela
menoridade e nos casos de excludente de culpabilidade quando reconhecidos judicialmente. Isto
porque o fato anterior deve ser punível na época do auxílio.
Também não ocorre o crime na falta de condição de procedibilidade nos crimes de ação
penal pública condicionada e privada.
Auxiliar. Não basta o induzimento e a instigação. É conduta comissiva.
Não se exige a sentença condenatória transitada em julgado. No sentido contrário Celso
Delmanto.
O auxílio pode se dar do cometimento do crime até antes do cumprimento da pena. Auxílio
para a fuga – art. 352 CPB.
Autoridade pública – policial ou judiciária bem como seus agentes.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.
Quando o favorecido subtraí se à ação da autoridade.

VI – Favorecimento pessoal privilegiado.


§ 1º.

VII – Imunidade penal.


Escusa penal absolutória. Art. 348, § 2º, CPB. Enumeração taxativa.
Pais, irmãos adotivos – inexigibilidade de conduta diversa.
317

Favorecimento real.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 349 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa menos o participante do crime anterior (aqui excluído
espressamente pelo tipo penal).

III – Elementos objetivos do tipo.


Crime acessório: pressupõe um anterior crime principal(ou pressuposto). Basta a certeza do
crime anterior.
Não se exige a condenação transitada em julgado com relação ao crime anterior. Contra:
Celso Delmanto.
Proveito: vantagem material (produto e preço do crime) e moral, sexual, alcançada com a
conduta principal.
É indiferente a inimputabilidade do autor do crime anterior.
Não há escusa absolutória.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo + fim especial.

V – Consumação e tentativa.
Crime formal.
VI – Distinção.
Favorecimento pessoal e real.
Favorecimento real e receptação.

Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho


telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento
prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009).
318
Exercício arbitrário ou abuso de poder.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 350 CPB.
Art. 4º, lei 4.898/65 – o entendimento dominante é no sentido de que houve a revogação (ab-
rogação) do art. 350 CPB.
Damásio e Noronha entendem que continuam em vigor (houve derrogação) os incisos I, II e
IV do § único do art. 350 do CPB.
Abuso de poder ou abuso de autoridade (art. 61,II, f e g, CPB).

II – Sujeitos do delito.
Crime próprio.

III – Elementos objetivos do tipo.


Caput e incisos.
IV – Lei 8.653/93 – transporte de presos em compartimento de proporções reduzidas.
Lei 9.455/97.
Arts. 230/232, 234 e 235 ECA (Lei 8.069/90).

IV – Elemento subjetivo do tipo.

Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 351 CPB.
Art. 348 CPB

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – qualquer pessoa, menos o preso ou internado (mesmo no induzimento ou
instigação).

III – Figuras típicas.


Tipo simples – art. 351, caput.
Tipos qualificados - §§ 1º e 3º.
319
Tipo culposo - § 4º (art. 18, § único, CPB).

IV – Elementos objetivos do tipo.


Promover. Facilitar.
Preso. Prisão provisória ou definitiva.
Internado – submetido a medida de segurança (arts. 96 e 98 CPB).
O crime pode ser praticado dentro ou fora do estabelecimento penal.
Meios de execução: violência física contra a pessoa; violência contra a coisa; violência
moral (grave ameaça) e fraude. Pode ser através de ação ou omissão (presente o dever jurídico de
agir – impedir a fuga).

V – Elemento normativo do tipo.


Prisão ou medida de segurança legais (formal e substancial).

VI – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

VII – Forma típica culposa.


Crime próprio. § 4º. Só quando há fuga. Se o carcereiro liberta o preso errado por engano
não há crime.
Prisão e medida de segurança legais.

VIII – Tipos qualificados.


§ 1º - mão armada: efetivo uso; arma própria e imprópria.
Concurso de pessoas: duas ou mais.
Arrombamento: emprego de força contra coisa que constitui obstáculo à fuga.
§ 3º - Crime especial ou próprio.

IX – Momento consumativo e tentativa.


Com a fuga concretizada.
Não é possível a tentativa na forma culposa.

X – Pena e ação penal.

Evasão mediante violência contra pessoa.


320

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 352 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – o preso e o submetido a medida de segurança. (Prisão e internação legais).
Sujeitos passivos – Estado e a pessoa submetida à violência física.

III – Elementos objetivos do tipo.


Evadir – se: libertar – se, fugir, escapar. Subtrair – se alguém completamente, com ação
própria e voluntária, à esfera de custódia em que legitimamente se encontra. Subtrair – se ao fato da
restrição da liberdade.
Fuga sem violência contra a pessoa ou com emprego de apenas grave ameaça – fato atípico.
Art. 163 CPB.
Tentativa equiparada ao crime consumado.
Crime pode ser praticado dentro ou fora do estabelecimento prisional ou de internação.
Prisão ou internação ilegais.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


Com o emprego da violência física contra a pessoa.
A tentativa é possível mas equiparada ao crime consumado. Art. 59 CPB.

VI – Pena e ação penal.

Arrebatamento de preso.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 353 CPB. Linchamento. Lei de Lynch (século XIX). Legislação hebraica. Brasil.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Arrebatar: tirar, arrancar, tomar a força Dentro ou fora do estabelecimento prisional.
321
Preso (não o internado). Adolescente(?).

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + a fim de

V – Momento consumativo e tentativa.


Crime formal.

VI – Pena e ação penal.

Motim de presos.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 354 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo - Crime plurissubjetivo, coletivo ou de concurso necessário. Mínimo de três.
Crime próprio.
Sujeitos passivos – Estado e pessoas submetidas à violência.

III – Elementos objetivos do tipo.


O crime consiste na amotinação de presos. Motim, no sentido legal, é a reunião de várias
pessoas, no mesmo lugar, para uma ação pessoal, conjunta e violenta, em relação a um fim comum,
que pode ser justo ou injusto.
Necessidade do motim perturbar a ordem e a disciplina da cadeia, mediante violências
pessoais, depredação de instalações, etc.
Submetidos a medida de segurança – fato atípico.
Crime cometido dentro ou fora do estabelecimento prisional.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.
Crime material.
VI – Pena e ação penal.
322
Patrocínio infiel.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 355 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – crime próprio. Advogado ou procurador judicial (estagiário, provisionado
inscrito na OAB ou pessoa idônea nos casos em que a lei permite o exercício do mandato judicial a
pessoas não formadas).
Sujeito passivo – o Estado e a pessoa prejudicada pela ação delituosa.

III – Elementos objetivos do tipo.


A conduta consiste em trair o dever profissional, prejudicando o interesse que alguém
confiou, em juízo, ao patrocínio do sujeito.
Conduta comissiva ou omissiva (mostrar a outra parte um documento importante ou perder o
prazo de um recurso).
Requisitos: a) prejuízo de interesse- prejuízo efetivo, interesse legítimo, prejuízo material ou
moral. b) que o patrocínio da causa tenha sido confiado e aceito pelo sujeito. c) que haja uma causa
judicial (civil ou criminal).
O consentimento do prejudicado, desde que disponível o interesse defendido em juízo,
exclui a ilicitude.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


Crime material.
Tentativa possível na forma típica comissiva.

VI – Pena e ação penal.

Patrocínio simultâneo ou tergiversação.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 355, § único, CPB.
II – Sujeitos do delito.
323
Sujeito ativo – advogado ou procurador judicial (estagiário, provisionado ou cidadão
autorizado a exercer o mandato judicial).

III – Elementos objetivos do tipo.


O tipo prevê duas condutas: patrocínio simultâneo e patrocínio sucessivo de partes
contrárias (tergiversação).
Patrocínio simultâneo – ao mesmo tempo, na mesma causa, o advogado defende interesses
de parte contrárias.
Causa e processo. Uma causa pode ter mais de um processo. Basta que a relação jurídica
seja a mesma.
Defender – pleitear alguma coisa em favor de alguém, patrocinar.
Partes contrárias.
O consentimento exclui a ilicitude da conduta.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


Crime formal.

VI – Pena e ação penal.


Sonegação de papel ou objeto de valor probatório.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 356 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo – advogado ou procurador judicial.

III – Elementos objetivos do tipo.


Crime de forma múltipla: inutilizar e deixar de restituir.
Autos de processo criminal ou cível. Documento ou objeto de valor probatório (qualquer
coisa que demonstre a existência de um fato de relevância jurídica).

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.
324

V – Momento consumativo e tentativa.


Inutilização – quando o objeto material perde o se valor probatório total ou parcialmente.
Sonegação de autos – quando o sujeito, regularmente intimado, de acordo com a legislação
processual, nega – se a devolvê –los. Na sonegação de documento ou objeto – quando o sujeito,
legalmente solicitada a restituição, deixa de devolvê – lo por lapso temporal juridicamente
relevante.
Na forma comissiva é possível a tentativa.

VI – Pena e ação penal.

Exploração de prestígio.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 357 CPB.
Art. 332 CPB – Tráfico de influência.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Solicitar. Receber.
Objeto material: dinheiro ou qualquer outra utilidade.
O recebimento deve ter por fundamento a desculpa fantasiosa (o pretexto) de que o sujeito
vai influenciar as pessoas mencionadas na figura típica. Trata – se na verdade de uma fraude,
mentira.
Se efetivamente o dinheiro ou utilidade destina-se às pessoas enumeradas – arts. 317 e 333
CPB.
A enumeração das pessoas é taxativa.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


Com a solicitação ou recebimento.

VI – Qualificação doutrinária.
325
Solicitar – crime formal. Receber – crime material.

VII – Tentativa.

VIII – Tipo qualificado.


Art. 357, § único, CPB. Alegar. Insinuar.

IX – Pena e ação penal.

Violência ou fraude em arrematação judicial.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 358 CPB – objeto da tutela penal é apenas a arrematação judicial promovida por
particular.
Art. 335 CPB (arts. 93 e 95 lei 8.666/93) – objeto da tutela penal é a licitação promovida por
entidade de direito público.

II – Sujeitos do delito.

III – Elementos objetivos do tipo.


Impedir. Perturbar. Fraudar.
Afastar. Procurar afastar: com violência, grave ameaça ou fraude ou oferecimento de
vantagem.
Venda em hasta pública é o leilão. É o leilão particular.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Consumação e tentativa.
Consuma-se com o efetivo impedimento, perturbação ou fraudação de arrematação judicial;
ou com o emprego de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem, ainda que o
competidor não se deixe afastar.
É possível a tentativa na primeira hipótese. Na Segunda o legislador considerou a tentativa
crime consumado.

VI – Pena e ação penal.


326

Desobediência à decisão judicial sobre a perda ou suspensão de direito.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 359 CPB.
Penas acessórias não tratadas na nova parte geral do CPB (lei 7.209/84). Algumas
transformaram – se em penas restritivas de direitos, outras em efeitos extrapenais da condenação.
Quando desobedecidas as penas restritivas de direitos de interdição temporária de direitos
(art. 47 CPB), quer dizer o condenado exerce o direito interditado, acontece a conversão em pena
privativa de liberdade (art. 45, II, CPB e art. 181, § 3º, LEP).
Efeitos extrapenais da condenação: art. 92 CPB – aplica-se o art. 359 CPB.

II – Sujeitos do delito.
Sujeito ativo é quem por via de decisão judicial está privado ou suspenso de exercício de
função, atividade, direito, autoridade ou múnus e não cumpre a ordem que impôs essas restrições.

III – Elementos objetivos do tipo.


Exercer – desempenhar, executar, realizar, praticar.
Decisão judicial de natureza penal.

IV – Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

V – Momento consumativo e tentativa.


Com a realização da atividade ou exercício da função, etc., de que o sujeito estava suspenso
ou privado do exercício.

VI – Pena e ação penal.

DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS

Crimes Fiscais

Para entendermos os crimes fiscais previstos na Lei n° 10.028 de


19.10.2000, precisamos ter um parâmetro da Lei de Responsabilidade Fiscal n° 101/00.
327

1 - Dimensões da responsabilidade na Lei Complementar n°101, de 4 de


maio de 2000.

O dinheiro é, acertadamente, considerado como elemento vital do


organismo político, uma vez que o mantém vivo e em atividade, habilitando-o a cumprir suas
funções essenciais ...

Se houver deficiência, nesse particular, ocorrerá um dos seguintes


malefícios: ou o povo ficará sujeito a contínuos saques, em substituição a um modo mais
convincente de atender às necessidades públicas, ou o governo mergulhará em fatal atrofia, não
tardando muito a perecer”.

O texto, escrito há mais de duzentos anos, traduz com extrema simplicidade


um fenômeno ainda hoje experimentado. Transportando essa lição para os tempos modernos e
atualizando a dicção do ensinamento secular; diríamos que o Estado, visando cumprir seus fins,
necessariamente precisa desenvolver ação no sentido de captar recursos, pois, somente com estes,
aqueles fins podem ser atendidos.

A atividade de captação de recursos está condenada naquela parte que a


Constituição federal chama de tributária ou bloco tributário constitucional. Se os recursos captados
não forem bem geridos ( ou administrados, para utilizar mal o termo), o Poder Público estará na
contingência de ou captar mais recursos ( e terá de impor mais e mais tributos), ou não cumprir os
fins por ele (Estado) desejados.

Daí a importância da questão relativa à gestão fiscal. Mas não só por isso. A
estabilização da economia, tema que se atrela à falada (boa) gestão, é assunto que não interessa
apenas internamente, mas igualmente além-mar, posto que hoje o conceito de economia mundial,
com características sistêmicas, é simplesmente inafastável.

A Lei de Responsabilidade Fiscal agregou aos seus comandos dispositivos


que têm o efeito de impor responsabilidades. E, com isso, consolidou e densificou princípios
espalhados na ordem jurídica; deu conseqüências a hipóteses normativas outrora existentes;
equiparou-se, agora sim, à luz que efetivamente ilumina, deixando de ser simples norma desprovida
de sanção.
328

2 – A Lei n° 10.028, de 19 de outubro de 2000.

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi encaminhada ao Congresso Nacional


acompanhada do projeto de lei que estabelece as sanções pessoais aqui referidas. Tal projeto de lei
conhecido como PL n° 621, tramitou perante as casa legislativas e foi finalmente aprovado,
transformando na Lei n° 10.028, de 19 de outubro de 2000, publicada no DOU. Em 20 de outubro
de 2000.

A Lei n° 10.028/00, deu nova redação ao art.339 e acrescentou artigos (359-


A até 359-H) àquele estatuto punitivo, Código Penal. Ou seja, as figuras típicas penais referidas são
modalidades de infrações que foram incorporadas ao Código Penal.

Os crimes aqui tratados estão todos catalogados debaixo da rubrica dos


crimes contra a administração pública. É o Título XI do Código Penal. Vejamos as condutas penais
inseridas no Código Penal pela Lei n° 10.028/00:

Crimes (título específico ou Código Penal (DL Espécie e Quantum de LRF n°


nomem juris da figura típica n° 2848/40) pena prevista na Lei 101/00
n° 10.028/00
Denunciação caluniosa Art.339 Reclusão de 2 a 8 anos Omissis
e multa
Contratação de operação de Art.359-A Reclusão de 1 a 2 anos Arts. 32, §
crédito 1°, I, 29, III,
e 30
Inscrição de despesas não Art.359-B Detenção de 6 meses a Art. 42
empenhadas em restos a pagar 2 anos
Assunção de obrigação no último Art.359-C Reclusão de 1 a 4 anos Art. 42 (ver
ano de mandato ou legislatura também,
arts. 21 e 23,
§ 4°)
Ordenação de despesa não Art.359-D Reclusão de 1 a 4 anos Arts. 16, 17,
autorizada 21 e 45
Prestação de garantia graciosa Art.359-E Detenção de 3 meses a Art. 40, § 1°
1 ano (ver também,
art.29, IV)
Não cancelamento de restos a Art.359-F Detenção de 6 meses a Art.42 (ver
pagar 2 anos também,
art.50, V)
329
Aumento de despesa total com Art.359-G Reclusão de 1 a 4 anos Art. 21
pessoal no último ano do mandato parágrafo
ou legislatura único
Oferta pública ou colocação de Art.359-H Reclusão de 1 a 4 anos Art.61 (ver
títulos no mercado também,
arts.29, V, e
36)

Como se verifica, foi estabelecida a figura típica penal para a hipótese de


investigação sem causa (art. 339 do CPB), punindo-se, com reclusão de dois a oito anos, o infrator
que dê causa à instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação penal pela prática
de crime de responsabilidade, sabendo, o requerente ou denunciante, inocente o acusado. O
preenchimento, no campo fático, dos elementos objetivos do tipo penal é condição necessária para
que se considere aperfeiçoada a conduta. Assim, apenas para exemplificar, a simples comunicação à
polícia não enseja a caracterização do delito. É o que está assentado em nossa jurisprudência.

O Código Penal, reformado pela Lei n° 10.028/00, denomina contratação de


operação de crédito (no seu art. 359-A) as condutas que ordenem, autorizem ou promovam a
realização de operação de crédito, interno ou externo, sem a observância das prescrições da LRF
(como é o caso, por exemplo, da necessária autorização legislativa, da observância aos limites,
condições ou montante estabelecido em lei ou resolução do Senado, dentre outras). São tais
condutas punidas com reclusão de um a dois anos, incorrendo nessa mesma pena aquele que ordene,
realize ou autorize operação de crédito inobservando limite, condição ou montante estabelecido em
lei ou em resolução do Senado, ou, ainda, quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o
limite máximo autorizado por lei.

O conceito de operação de crédito está escrito no artigo 29, III, da LRF:

“Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes
definições:

III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de


mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento
antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e
outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;”.
330
Além desses conteúdos, o Código Fiscal prevê condutas equiparadas
estabelecendo textualmente que:

“considera-se operação a assunção, o reconhecimento ou a confissão de


dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16” (§
1° do artigo citado).

Confira-se a dicção penal:

“Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou


externo, sem prévia autorização legislativa:” (AC)

“Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.” (AC)

“Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza


operação de crédito interno ou externo:” (AC)

"I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei


ou em resolução do Senado Federal;" (AC)

"II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo


autorizado por lei." (AC)

"Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar" (AC)

Há figura penal para a inscrição de despesas não empenhadas em restos a


pagar (art. 359-B), com a privação de liberdade, na modalidade detenção, pelo prazo de seis meses a
dois anos. A conduta do administrador - na esfera não-penal - deve ser corporificada a partir da
leitura da própria Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n° 101, de 4 de maio de
2000), valendo consultar, dentre outros os arts. 42 e 55, III, b.

Estabelece, para tanto, o Código Penal:

"Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa


que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:" (AC)
331
"Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos." (AC)

"Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura" (AC)

Estabelece a LRF:

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20,


nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que
não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este
efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa


serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do
exercício.

Art. 55. O relatório conterá:

III - demonstrativos, no último quadrimestre:

b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:

A assunção de obrigação no último ano de mandato ou legislatura (art.359-


C), em afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal, poderá ocasionar a reclusão do infrator de um a
quatro anos. Uma observação de extrema importância é que a conduta correlata prevista no Código
Fiscal não se dirige especificamente ao Poder Executivo, eis que mandato há tanto ali quanto nos
Legislativos, Judiciários, Tribunais de Contas etc. Deve o dispositivo penal ser lido com o art. 42 da
Lei de Responsabilidade Fiscal (passando-se pelos artigos 21 e 23, § 4°). A redação do tipo penal
vem reforçar a tese:

"Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois


últimos quadrimestres do último ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa
ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no exercício
seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:" (AC)

"Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos." (AC)


332
"Ordenação de despesa não autorizada" (AC)

Estabelece na LRF:

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da


despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o


disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com


pessoal inativo.

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que


resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores
ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão


referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das
medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre
outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169 da Constituição.

§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a


despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do
mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

A ordenação de despesa não autorizada (art.359-D) encontra suas condutas


administrativas respectivas nos arts. 16, 17, 21 e 45 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Aqui um
dos pontos fortes e de grande tensão da Lei Fiscal que, já o dissemos, não quer que se gaste mais do
que se arrecada.

Eis a conduta penal:

“Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:”. (AC)

“Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.” (AC)

"Prestação de garantia graciosa" (AC)


333

Eis a conduta na LRF:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação


governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em


que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem


adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade
com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de


dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma
que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas
no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o
exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes


orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e
metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será


acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada


irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou


execução de obras;

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do


art. 182 da Constituição.

Subseção I

Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a


despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo
334
que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a
dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o


caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e
demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado


de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de
resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos
financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de
receita ou pela redução permanente de despesa.

§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de


receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo


proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do
exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da
lei de diretrizes orçamentárias.

§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes


da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o instrumento
que a criar ou aumentar.

§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao


serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o
inciso X do art. 37 da Constituição.

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela


criada por prazo determinado.

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da


despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o


disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com


pessoal inativo.
335
Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que
resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores
ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei


orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após
adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de
conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias.

Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará


ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes orçamentárias,
relatório com as informações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao
qual será dada ampla divulgação.

Encontramos no art. 29, IV, da Lei de Responsabilidade Fiscal o conceito de


concessão de garantia. Naquele mesmo estatuto fiscal o está a disciplina legal para a realização de
tal operação (art.40). Por isso, a prestação de garantia graciosa (art.359-E), ou seja, a prestação de
garantia, em operação de crédito, sem a constituição da correspondente contragarantia nos valores
previstos em lei, corresponde a uma sanção de três meses a um ano de detenção, conforme
estabelece o texto respectivo:

"Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido
constituída contragarantia em valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei:"
(AC)

"Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano." (AC)

"Não cancelamento de restos a pagar" (AC)

Eis o disposto na LRF:

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas


as seguintes definições:
336
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de
obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele
vinculada;

Seção V

Da Garantia e da Contragarantia

Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de


crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do art. 32
e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Senado
Federal.

§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de


contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedida, e à
adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto ao
garantidor e às entidades por este controladas, observado o seguinte:

I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do


próprio ente;

II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou


pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias
diretamente arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais, com
outorga de poderes ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na
liquidação da dívida vencida.

§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro


internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento para o repasse de recursos
externos, a União só prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no § 1 o, as
exigências legais para o recebimento de transferências voluntárias.

§ 3o (VETADO)

§ 4o (VETADO)

§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo


Senado Federal.

§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive


suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda que com recursos
de fundos.
337
o o
§ 7 O disposto no § 6 não se aplica à concessão de garantia
por:

I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à


prestação de contragarantia nas mesmas condições;

II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.

§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:

I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às


normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo com a legislação
pertinente;

II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza


financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às operações de seguro
de crédito à exportação.

§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de


garantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as transferências
constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.

§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela


União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em operação de crédito,
terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a total liquidação da
mencionada dívida.

O tema restos a pagar continua sendo um dos assuntos mais importantes no


setor administrativo. Recebendo a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal tratamento rígido, a lei
penal - do mesmo modo - a ele reserva solução igualmente severa. A leitura da figura penal deve ser
feita em conjunto não somente com o art.42, mas também frente ao art. 50, V, ambos da Lei Fiscal.
O não-cancelamento de restos a pagar (art.359-F) está traduzido no Código Penal nos termos
seguintes:

"Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento


do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei:" (AC)

"Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos." (AC)

"Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou


legislatura" (AC)
338

Artigo 42 da LRF, já está acima descrito.

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade


pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e


as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a terceiros,
deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida
pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor;

O aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou


legislatura (art.359-G) passou a ser crime. A proibição administrativa está expressa com todas as
letras no parágrafo único do art.21 da Lei de Responsabilidade Fiscal (que trata do controle da
despesa total com pessoal). Aliás, em tal dispositivo, tem-se como nulo o ato do qual resulte o
aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato
do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art.20. Vale aqui aquela mesma regra de que
mandato não é só do Executivo ou do Legislativo, alcançando igualmente outros existentes no
Judiciário, nos Tribunais de Contas, Ministério Público etc.

O tipo penal é o seguinte:

"Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de


despesa total com pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura:"
(AC)

"Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos." (AC)

"Oferta pública ou colocação de títulos no mercado" (AC)

Disposto na LRF:

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá


exceder os seguintes percentuais:

I - na esfera federal:
339
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o
Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o


Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal
decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31
da Emenda Constitucional no 19, repartidos de forma proporcional à média das
despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente
líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da
publicação desta Lei Complementar;

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da


União;

II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de


Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

III - na esfera municipal:

a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de


Contas do Município, quando houver;

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.

§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os


limites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média das
despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três
exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei
Complementar.

§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:

I - o Ministério Público;

II- no Poder Legislativo:

a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da


União;
340
b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;

c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de


Contas do Distrito Federal;

d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do


Município, quando houver;

III - no Poder Judiciário:

a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;

b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.

§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder


Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão
estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.

§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos


Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput serão,
respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).

§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega


dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e
órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou
aqueles fixados na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 6o (VETADO)

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da


despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o


disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com


pessoal inativo.

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que


resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores
ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

A oferta ou colocação de títulos no mercado (art.359-H) é o último tipo


penal criado pela Lei n° 10.028/00. O art. 61, atraindo - dentre outros - o 29, V e 36, parágrafo
único (todos da LRF), é norte para o entendimento da figura penal:
341

"Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a


colocação no mercado financeiro de títulos da dívida pública sem que tenham sido criados
por lei ou sem que estejam registrados em sistema centralizado de liquidação e de
custódia:" (AC)

"Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos." (AC)

Artigos da LRF abaixo descrito:

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas


as seguintes definições:

V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para


pagamento do principal acrescido da atualização monetária.

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição


financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário
do empréstimo.

Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição


financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender
investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação
de recursos próprios.

Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente


escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, poderão ser oferecidos
em caução para garantia de empréstimos, ou em outras transações previstas em lei,
pelo seu valor econômico, conforme definido pelo Ministério da Fazenda.

Vimos todas modalidades típicas penais a cuja conduta corresponde


privação de liberdade. Em realidade, embora o Código Penal, modificado pela Lei n°10.028/00,
contenha agora nove novos tipos, o correto é que as hipóteses abstratas de condutas típicas superam,
em muito, aquela contagem, posto que muitos crimes se desdobram, alcançando outras condutas. É
o que ocorre, por exemplo, com o crime denominado contratação de operação de crédito, no qual a
sanção prevista para as hipóteses tratadas no caput do art. 359-A é estendida àqueles
342
comportamentos referidos nos incisos I e II do parágrafo único deste mesmo artigo. A expressão
“incide na mesma pena quem” - usada pelo legislador - revela a procedência de nossa assertiva.

O crime - dizemos de modo bem resumido - é um fato. Um fato, um


comportamento humano ou uma conduta (positiva ou negativa; ação ou omissão) que encontra
correspondência numa regra genérica e abstrata (a lei).

Esse fato, segundo parte da doutrina, para caracterizar crime deve ser típico
e antijurídico. Aqui os elementos (componentes) do delito. A culpabilidade é pressuposto da pena e
se aloca fora do fato, mas junto ao agente.

No tocante ao assunto lei penal no tempo pode-se dizer que essa espécie de
lei, como muitas, não possui aplicação universal. Se a aplicação é restrita (em termos), é correto
afirmar que a eficácia limitada da lei penal deve ser encarada debaixo dos aspectos territorial,
temporal e pessoal. Importa-nos o aspecto temporal, pois a cláusula de vigência da Lei n° 10.028,
de 19 de outubro de 2000, diz que ela entra em vigor na data de sua publicação, o que ocorreu no
dia 20 daquele mesmo mês. Sendo assim, as condutas praticadas antes de tal data são fatos sem a
menor significação para o Direito Penal.

Na composição do tipo penal, encontramos os seus elementos (objetivos e


normativos). Os primeiros traduzem aquelas condutas corporificadas em núcleos escritos através de
verbos que se expressam no presente do indicativo (exemplo: “ordenar, autorizar, promover...”). Os
outros são aspectos relativos ao próprio ilícito (exemplo: “sem prévia autorização legislativa”).

Os crimes que o Código Penal prevê, relativos às finanças públicas, são


todos crimes dolosos. É a regra que se extrai do próprio estatuto repressivo (art.18, parágrafo único
CPB).

São crimes que não demandam para a sua consumação a apresentação de


resultado naturalístico e, por isso, são considerados crimes de mera conduta. Basta o amoldamento
da conduta ao tipo para que aquela se aperfeiçoe.

A todo modo, as infrações acima descritas se submetem (com exceção


daquela prevista no art. 339 do CPB) ao regime do juizado especial criminal (Lei n° 9.099/95).

Conclusão:
343

Na verdade, ao lado do apelo popular, que coroou a Lei de


Responsabilidade Fiscal, estabeleceu-se o clima favorável à promulgação de diploma legal punitivo
na esfera criminal. Não se acreditava que o legislador obrasse com tanto rigor, todavia, isso ocorreu
e a lei n. 10.028 veio à luz em 19 de outubro de 2000, sendo publicada no Diário Oficial da União
no dia 20 daquele mesmo mês.

Essa lei, embora severíssima, porquanto tornou-se necessária a moralização


das atividades dos entes públicos, pelo lastimável caminho da lei.

Ora, o que deveria ser procedimento habitual, pautado na ética, na


honestidade, na transparência e elevação de propósitos, verificou-se dar lugar a procedimentos
deploráveis, que quando não ilegais, ao menos imorais, o que certamente está a patrocinar a revolta
da nação quando o assunto versa sobre a política e seus atores.

Sabemos todos que a política é extremamente necessária para que possamos


viver em sociedade, estabelecendo regras e gestões administrativas que objetivem a harmonia na
convivência social. No campo da repressão penal, com o fim de desestimular condutas que são
nocivas ao corpo social ocorre o mesmo, mecanismos de controle social, pautados em regras (leis),
emanadas do legislador, ator político, com o fim da paz social.

Nesse quadro, diante da conjuntura vivenciada por todos os brasileiros,


clamou-se pela moralização da atividade política e tais medidas vieram por meio de leis.

Isso não significa que pelo simples fato de se ter lei regrando ou coibindo
uma conduta, esta estará, quando regrada, assoalhada na ética ou mesmo não ocorrerá, quando
proibida pela norma.

O que se precisa é alguma coisa que se antecipe à lei.

Mas, diante dos fatos presentes, a primeira crítica feita é quanto à


severidade do legislador ao cominar pena ao tipo legal, vale dizer, o rigor pelo qual caminhou o
legislador quando estabeleceu a quantidade de pena para os crimes previstos nessa lei em comento.

A moderna tendência mundial é reservar a cadeia somente para quem revela


periculosidade, a ponto de atingir a sociedade, que para se proteger, encarcera o agente perigoso.
344
Busca-se incansavelmente formas outras de punir o homem que, embora tenha cometido crime, não
sendo aquele perigoso, precisa ser punido, mas jamais com a prisão.

Percorreu caminho frontalmente diferente o feitor de leis brasileiro, que


preferiu, independentemente da periculosidade revelada pelo agente, prendê-lo, encarcerá-lo, como
se o legislador desconhecesse a realidade prisional brasileira, nossa precariedade no setor, a
promiscuidade reinante, enfim a propalada falência do sistema penitenciário nacional.

Assim, de severidade extrema, o legislador somente criou uma bandeira


política, talvez demagógica, porquanto de dificílima aplicação, uma vez que a pena mais dura
sempre está a provocar hesitação no julgador.

Outro aspecto que precisa ser abordado, até pela oportunidade, é quanto a
punição aos administradores públicos que deixarem, no final de seus mandatos, dívidas a seus
sucessores, sem previsão de recursos para saudá-las, caracterizando crime com punição de até
quatro anos de reclusão.

Tal dispositivo provocou uma preocupação generalizada nos


administradores públicos, em especial nos prefeitos, que já contraíram dívidas superiores à sua
capacidade de saudá-las, obrigando-os a deixarem-nas como herança a seus sucessores.

A preocupação é tanta que provocou manifestação de prefeitos em Brasília,


organizada pela Confederação Nacional de Municípios, objetivando adiar a entrada em vigência da
nova lei e argumentam eles que as dívidas já haviam sido contraídas e agora, surpreendidos pela
nova lei, estariam sujeitos à cadeia.

Penso que um esclarecimento liminar é oportuno e indispensável, pois


embora lei penal possa entrar em vigência, seus efeitos jurídicos somente poderão ser produzidos a
partir dessa data, isto é, a lei penal não retroage, não age para o passado, com exceção do caso de
trazer um benefício ao acusado.

Assim, se a nova lei de crimes fiscais, estabeleceu que é crime contrair


dívidas, no final do mandato, deixando-as a seu sucessor, sem dinheiro em caixa para saudá-las, tal
somente poderá gerar efeitos para aqueles agentes públicos que assim procederem após a entrada
em vigência da nova lei, antes não.
345
Em outras palavras, não se pode mudar as regras do jogo, durante o jogo,
para que tais regras novas alcancem condutas realizadas no início do jogo, muito antes das regras
novas existirem. Seria um contra senso, senão uma armadilha e não é isso que deseja o legislador.

Dessa forma, caso não se consiga a prorrogação da entrada em vigência


dessa nova lei, instaurada a investigação, haverá que se apurar se eventual dívida contraída ocorrera
antes ou após o dia 20 de outubro de 2000. Se fora antes, não há crime, pela ausência de previsão
legal nesse sentido, à época dos fatos. Se ocorrera após, o crime poderá ter existido.

Ainda assim, a conduta em exame somente seria crime se realizada pela


modalidade dolosa, quando o agente quer, pretende, deseja o resultado, não se admitindo a
tipicidade, quando o agente a tenha realizado por culpa, isto é, por negligência, imperícia ou
imprudência, o que afastaria o caráter criminoso da conduta.

Assim, esta lei é complexa e prevê muitas condutas, optamos pois, em


comentá-la sob o aspecto de sua severidade extremada, o que pensamos desnecessária e
relembramos alguns princípios jurídicos que precisam ser observados quando da análise do texto
legal.

Desses princípios destacamos a irretroatividade da lei penal, salvo para


benefício do acusado e também o princípio da reserva legal, segundo o qual, uma conduta somente
pode ser considerada crime se existia lei anterior assim definindo-a, na ocasião em que ocorrera,
caso contrário, não haverá crime.

Um derradeiro lembrete, é que o eventual agente, caso condenado por esse


crime, poderá ainda obter a substituição de sua pena de prisão por uma pena alternativa, conforme
prevê a legislação vigente, o que mais uma vez demonstra o despreparo do legislador que inaugura
lei com pena severíssima, alardeia tal fato, desconhecendo que dificilmente essa pena será imposta,
face a substituição possível, frustando dessa forma a nação que sente-se, mais uma vez, iludida.

Muito ainda se falará sobre essa lei, inclusive sobre sua vigência e efeitos,
todavia, a priori, a preocupação dos prefeitos, pelas condutas anteriores é descabida, uma vez que
poderíamos estar no plano da imoralidade, mas jamais da ilegalidade penal.
346
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
DECRETO LEI Nº 3.688 DE 03 DE OUTUBRO DE 1.941.

Parte geral.

Aplicação das regras gerais do Código Penal.

Art. 1º L.C.P.. Princípio da especialidade (art. 12 CPB).

Generalidades.
Princípios da legalidade e da anterioridade da lei contravencional (arts. 5º, XL, CF e art. 1º CPB.)
“Abolitio Criminis e retroatividade da lei mais benéfica – art. 2º CPB.
Leis excepcionais ou temporárias – art. 3º CPB.
Tempo da contreavenção – art. 4º CPB.
Contagem de prazo – art. 10 CPB.
Infrações penais – crimes (delitos) e contravenções.
Distinção entre crime e contravenção – art. 1º LICPB (Decreto Lei 3.914 de 09 de dezembro de
1.941.
Conceitos material e formal de contravenção.
Características da contravenção sob o aspecto formal. : fato típico e ilícito. Ausente um desses
requisitos não há contravenção.
Conceito de fato típico contravencional. Elementos do fato típico contravencional.
Sujeitos ativo e passivo. Objeto da contravenção.
Formas de conduto contravencional: ação e omissão. Resultado: arts. 29 e 65 LCP. Relação de
causalidade.
Tipicidade. Função da tipicidade. Tipo contravencional. Elementos do tipo: objetivos, subjetivos e
normativos.
Elementos objetivos: importunar (art. 61); na via pública (art. 32).
Elementos normativos do tipo contravencional francamente referentes à ilicitude da conduta: sem as
formalidades legais (art. 22 e § 1º), em desacordo com as prescrições legais (art. 42, II).
Elementos normativos sob a forma de termos jurídicos: funcionário público (art. 45); função
pública (arts. 46 e 66, I).
Elementos normativos do tipo referentes a expressões culturais (extrajurídicos): pudor (art. 61),
pessoa inexperiente (arts. 31 e 44).
347
Elementos subjetivos do tipo: por motivo de urgência (art. 22, § 1º); por ociosidade ou cupidez (art.
60).
Antijuridicidade ou ilicitude. É objetiva ou material.
Causas excludentes da ilicitude: art. 23 CPB.
Consentimento da vítima: efeitos. Art. 51 LCP e 65 LCP.
Culpabilidade como pressuposto da pena. Conceito de culpabilidade. Elementos da culpabilidade e
causas de exclusão.
Momento consumativo: art. 14, I, CPB. Art. 4º LCP.
Contravenção impossível: art. 17 CPB. Art. 19 LCP e Art. 21 LCP.
Legislação aplicável ao menor que comete contravenção: Estatuto da Criança e do adolescente (lei
8.069/90).
Confisco: Art. 91, II, a, CPB.
Prisão em flagrante: casos em que o contraventor se livra solto: art. 321 CPP e art. 323, III, IV CPP.
Fiança: arts. 322 e segs. LCP.
Contravenções inafiançáveis: art. 323, II, CPP- arts. 59 e 60 LCP (vadiagem e mendicância).
Causas extintivas de punibilidade: arts. 107 a 120 CPB.
Prescrição: arts. 109 e 110 CPB.
Imputação falsa de contravenção: difamação.
Denunciação caluniosa de contravenção: art. 339, § 2º, CPB.
Comunicação falsa de contravenção: art. 340 CPB.
Receptação de produto de contravenção: fato atípico.
Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 anos de idade, com ele praticando contravenção
ou induzindo- a cometê – la. Art. 1º, lei 2.252/54.

Territorialidade.
Art. 2º LCP. Arts. 5º e 7º CPB.

Voluntariedade. Dolo e culpa.


Art. 3º LCP.
Dolo e culpa nas contravenções.
Culpa na LCP – decorre da própria descrição legal do fato Arts. 29 e 31 LCP.
Preterdolo – art. 19 CPB. Não existe na LCP onde não há resultado naturalístico qualificador.

Tentativa.
Art. 4º LCP.
Fundamento da impunidade da tentativa.
348
Natureza jurídica da xpressão: “não é punível a tentativa de contravenção”.
Desistência voluntária e arreopendimento eficaz: não tem aplicação. Exceção: art. 29 LCP.

Penas principais.
Art. 5º LCP.
As penas acessórias foram extintas pela reforma de 1.984.
Fixação de prisão simples: arts. 59 e 68 CPB.
Aplicação da pena de multa :arts. 49 e 60 CPB.

Prisão simples.
Art. 6º LCP.
Regimes aplicáveis às contravenções: semi-aberto e aberto.(art. 33 CPB).
Trabalho.
Penas restritivas de direitos: art. 44 CPB. Conversão: art. 180 LEP.
Concurso de crime e contravenção: art. 76 CPB.

Reincidência.
Art. 7º LCP. Arts. 63 e 64 CPB. Sentença estrangeira (art. 9º CPB).

Erro de direito.
Art. 8º LCP.
Prevê caso de perdão judicial. Súmula 18 STJ: a sentença que o concede é declaratória da extinção
da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
Erro de proibição nas contravenções: art. 21 CPB.

Conversão da multa em prisão simples.


Art. 9º LCP.
Revogado pela lei 9.268/96. Art. 51 CPB.

Limites das penas.


Art. 10 LCP.
Causas de aumento e diminuição, agravantes e atenuantes.
Sistema do dia multa.
Limites concretos da pena de multa: arts. 49 e 60 CPB.

Suspensão condicional da pena de prisão simples.


349
Art. 11 LCP.
Suspensão condicional da execução da pena – arts. 77/82 do CPB.
Livramento condicional – arts. 83 a 90 do CPB.

Requisitos para a aplicação do sursis: a) prisão simples imposta na sentença condenatória não pode
ser superior a dois anos; b) deve ser considerada incabível a substituição da prisão simples por pena
restritiva de direitos; c) o condenado não pode ser reincidente em crime doloso; d) presença de
circunstâncias pessoais favoráveis.

Quanto à aplicação do sursis, atendendo ao disposto nos arts. 12 do CPB e 1º LCP deve ser atendido
o disposto no art. 11 da LCP.

Penas acessórias.
Art. 12 LCP.
Foram extintas pela lei 7.209/84.

Medidas de segurança.
Art. 13 LCP.
Contraventor inimputável – arts. 96 a 99 do CPB.

Presunção de periculosidade.
Art. 14 LCP.
Revogado pela reforma de 1.984 – arts. 26, caput e 97 do CPB.

Internação em colônia agrícola ou em instituto de trabalho de reeducação ou de ensino


profissional.
Art. 15 LCP – dispositivo revogado pela lei 7.209/84.

Internação em manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento.


Art. 16 LCP.
Dispositivo alterado pela lei 7.209/84.
Art. 97 CPB.
Arts. 175/179 da LEP – verificação da cessação da periculosidade.
350
Ação penal.
Art. 17 LCP.
Competência: art. 109, IV, CF – Justiça estadual.

Juizados especiais criminais – leis 9.099/95 e 10.259/01.

PARTE ESPECIAL

CAPÍTULO I

DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES ÀPESSOA.

Fabrico, comércio ou detenção de armas ou munição.

Art. 18 LCP.

Concurso de normas: armas de fogo – art. 10 da lei 9.437/97.


Art. 18 LCP apenas armas brancas e munição.

Objetividade jurídica.
Proteção à pessoa.

Contravenção de perigo abstrato.

Sujeitos da contravenção.
Sujeito passivo a coletividade.

Condutas típicas.
Fabricar. Importar. Exportar. Ter em depósito. Vender.

Estatuto da criança e do adolescente.


Art. 242 lei 8.069/90.
Lei 9.437/97, art. 10, § 1º, I.

É tipo penal alternativo. Contravenção de ação múltipla ou de conteúdo variado.


351

Venda de arma – habitualidade (comércio).

Objetos materiais: armas brancas e munições.


Armas brancas próprias e impróprias.
Munição: é toda matéria com destinação específica de servir para carga e disparo da arma,
como o projétil, a pólvora , o cartucho, a cápsula, o chumbo.

Elemento normativo do tipo.


“sem permissão da autoridade”.
Art. 8º, VII, CF: competência privativamente à União a autorização e fiscalização da
produção e do comércio de material bélico.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

Momento consumativo.

Subsidiariedade expressa.
Art. 12, lei 7.170/83.

Receptação dos objetos materiais ou do produto da contravenção: fato atípico (art. 180 CPB).
Contrabando ou descaminho (Art. 334 CPB).
Porte de arma.

Art. 19 LCP.

Concurso de normas: art. 10, Lei 9.437/97.

Objetividade jurídica.
É múltipla: vida, integridade física e a saúde dos cidadãos.

Sujeito ativo.
Contravenção comum.
Sujeito passivo.
352
O Estado.

Conduta típica.
Trazer consigo: é necessário que a arma esteja sendo portada de maneira a permitir seu
pronto uso, segundo a sua natureza e destinação.
Porte e transporte. Transporte impunível: só ocorre quando o uso da arma, pela forma com
que é conduzida, não se mostra imediato e fácil. Exemplos.
Arma defeituosa.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

Elemento normativo do tipo.


“sem licença da autoridade” – caput.
§ 2º, a: “quando a lei o determina”.

Porte de arma e legítima defesa.


Duas posições.

Elemento espacial do tipo.


“fora de casa ou dependência desta”.

Proibição de trânsito com arma em locais onde haja aglomeração de pessoas.


Decreto Estadual nº 6.911/35, art. 41.

Armas: próprias e impróprias.


Armas brancas para efeito da contravenção: punhal, cassetete de ferro revestido de borracha,
peixeira, machadinha, navalha, estilete, sprays de gás, faca.
Só as armas brancas integram a contravenção.
Comprimento da lâmina de arma branca: 15 cm será vulnerante e considerada arma proibida (art. 5º,
§ 1º, h, Dec. 6.911/35. – o porte fica na dependência de autorização da autoridade.
Exigência de perícia na arma para a demonstração da potencialidade ofensiva no momento do fato.

Conceito de casa: art. 150, §§ 4º e 5º CPB.


Arma guardada no interior de bar.
Presidiário encontrado portando estilete dentro da cadeia: cadeia é sua casa ou residência.
353

Causa de aumento de pena.


§ 1º.

Tipos assemelhados.
§ 2º.
“a”: norma penal em branco.
Menor de dezoito anos: art. 242, Lei 8.069/90.(desde que seja fornecida arma branca ao
menor).
Arma de fogo: art. 10, lei 9.437/97.

Momento consumativo: no instante em que o sujeito, fora de casa ou de suas dependências, traz a
arma consigo.
§ 2º, a: com a simples omissão. b e c: com o manejo ou apoderamento.

Crime de constrangimento ilegal com ameaça por meio de arma: art. 146, § único, CPB.

Liberdade provisória: no caso do § 2º o sujeito de livra solto, independentemente de fiança, salvo se


vadio (art. 321, II, CPP).

Anúncio de meio abortivo.

Art. 20 LCP.
Crime de aborto – arts. 124/128 CPB.

Objetividade jurídica.
Direito à vida.

Sujeitos do delito.

Conduta típica.
Anunciar.

Infração de perigo abstrato.

Meios de execução: imprensa escrita ou falada, televisão, cartazes, filmes, etc.


354

Conteúdo do anúncio: deve versar sobre processo abortivo, consistente em meio ou série de atos
capazes de provocar o aborto.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

Momento consumativo: com o simples anúncio.

Vias de fato.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 21 LCP.

Sujeitos do delito.

Conduta típica.
Com a prática de vias de fato.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

Momento consumativo e tentativa.

Tipo subsidiário.
Vias de fato e crime de lesão corporal.
Vias de fato e tentativa de lesão corporal.
Vias de fato e injúria real.
Subsidiariedade implícita: as vias de fato são absorvidas pelos crimes em que a violência física
funciona como meio de execução expresso: estupro, roubo, extorsão, etc.
Consunção: as vias de fato são absorvidas pelos crimes em que a violência física, embora não
expressa no tipo, pode funcionar como meio de execução: lesão corporal, homicídio (crimes
progressivos em relação à contravenção).

Ação penal.
355
Art. 88, lei 9.099/95.

Internação irregular em estabelecimento psiquiátrico.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 22 LCP.
A liberdade pessoal e a segurança social.

Sujeitos da contravenção.
Contravenção própria.

Conduta típica.
Receber (acolher). Internar.

Doente mental: incapaz de compreensão e autogoverno. A lei não exige que seja doente mental.

Momento consumativo: com a internação – caput. Ao término do prazo concedido: § 1º. Com a
saída do doente mental: § 2º.

Elemento subjetivo do tipo: Dolo.

Elemento normativo do tipo: “sem as formalidades legais”, previstas no Decreto nº 24.559/34.


Internação de viciados em drogas: lei 6368/76.

Ausência de comunicação à autoridade competente (§ 1º): autoridade competente é o Delegado de


Polícia. Art. 14 do Decreto nº 24.559/34 (que dispõe sobre a assistência e proteção de psicopatas).
§ 1º: Elemento normativo: sem as formalidades legais.

Omissão na retirada de pacientes: § 2º. “Sem observar as prescrições legais.

Liberdade provisória: trata – se de contravenção em que o sujeito se livra solto, independentemente


de fiança, salvo se vadio (art. 322, I e II, CPP).

Indevida custódia de doente mental.

Conceito e objetividade jurídica.


356
Art. 23 LCP.
Proteger a liberdade pessoal e a segurança social.

Subsidiariedade: o art. 23 é subsidiário em relação ao art. 22.

Sujeitos das contravenção: qualquer pessoa e o doente mental.


Conduta típica.
Receber e ter sob custódia.
Tratando – se de estabelecimento psiquiátrico aplica –s e o art. 22.
Seqüestro ou cárcere privado (art. 148 CPB): há violência física, moral, ou fraude.

Elemento normativo do tipo.


“Sem autorização de quem de direito”.

Elemento subjetivo do tipo.


Dolo.

Momento consumativo.
Quando se inicia a custódia do doente mental.

Liberdade provisória: o sujeito se livra solto, independentemente de fiança, salvo se vadio (art. 321,
II, CPP).

Capítulo II.
Das contravenções referentes ao patrimônio.

Instrumento de emprego usual na prática de furto.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 24 LCP.

Sujeitos da contravenção: ativo qualquer pessoa. Passivo: a coletividade.

Conduta típica: Fabricar: A norma penal pune o fabrico ilegal. Ceder. Vender.

Gazua: é todo instrumento apto a fazer funcionar fechadura, cadeado ou aparelho similar.
357
Outros instrumentos: alicate, serra, pé de cabra, chave de fenda.

Instrumento empregado usualmente na prática de crime de furto: ou roubo.

Elemento subjetivo do tipo: dolo.

Momento consumativo: com o início da fabricação ou com a cessão ou venda do objeto material.

O furto absorve a contravenção.

Multa vicariante: art. 60, § 2º, CPB.

Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 25 LCP.

Sujeitos da contravenção.
Ativo: contravenção própria.
A enumeração é taxativa.
Condenação irrecorrível por crime de furto ou roubo.
Vadio: é o sujeito que pratica a ociosidade com habitualidade, embora tendo condições de trabalhar,
não possuindo renda para lhe custear a subsistência. (Art. 59 LCP)
Mendigo: é o sujeito que vive de esmolas.(art. 60 LCP)
Passivo: a coletividade.

Conduta típica: consiste na posse de instrumentos de uso comum na prática de crime de furto ou
roubo.

Ilegitimidade da posse: não há contravenção na posse justificada.

Instrumentos de posse proibida: chaves falsas; gazuas; formões, lima; pé de cabra.

Momento consumativo: com a posse do objeto material.

Elemento subjetivo do tipo: dolo.


358

Concurso de infrações: o furto e o roubo absorvem a contravenção quando cometidos no mesmo


contexto de fato.

Multa vicariante: art. 60, § 2º, CPB.

Violação de lugar ou objeto.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 26 LCP.

Sujeitos da contravenção.
Ativo: contravenção própria.(ferreiro, mecânico, serralheiro, armeiro, chaveiro, etc.)
Passivo: a coletividade.

Conduta típica.
Abrir fechadura.... (dar acesso, desobstruir a entrada)

Formas típicas: duas condutas – a) omissiva: ausência de diligência no conhecimento da pessoa que
solicita a abertura; b) comissiva: abertura da fechadura.

A culpa como elemento normativo do tipo: consiste na negligência do sujeito.

Concurso de pessoas: se o contraventor tem conhecimento de que a abertura da fechadura, etc.,


presta – se à prática de furto ou roubo, responde pelo crime, que absorve a contravenção, a título de
co – autor ou partícipe.

Momento consumativo ou tentativa: com a abertura.

Exploração da credulidade pública.


Art. 27 LCP: Dispositivo revogado pela lei 9.521/97.

Capítulo III.
Das contravenções referentes à incolumidade pública.

Disparo de arma de fogo.


359
Art. 28 LCP: Caput do dispositivo revogado pela lei 9.437/97, § 1º, III.
§ único: continua em vigor (queima fogo de artifício).
Art. 42, Lei 9.605/98.

Desabamento de construção.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 29 LCP.
Incolumidade pública.

Subsidiariedade expressa: é absorvido por crime contra a incolumidade pública (art. 256 CPB – há
perigo concreto de dano a vida, a incolumidade pública ou ao patrimônio de outrem).
Art. 29 – trata – se de contravenção de perigo abstrato.

Sujeitos do delito.
Ativo: qualquer pessoa.
Passivo: o Estado.

Conduta típica.
Provocar: dar causa ao desabamento de construção.
Desabar: ruir.

Erro no projeto ou execução.

Elemento subjetivo do tipo: dolo.


Elemento normativo do tipo: culpa.
Momento consumativo: com o desabamento total ou parcial da construção.

Perigo de desabamento.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 30 LCP.
Incolumidade pública.

Sujeitos da contravenção.
360
Conduta típica omissiva: comportamento negligente do proprietário ou responsável pela
conservação da construção.
Estado ruinoso da construção: determinado de acordo com normas administrativas (código de
obras).

Elemento subjetivo do tipo: dolo.

Momento consumativo: com a simples omissão.

Omissão de cautela na guarda ou condução de animais.

Conceito e objetividade jurídica.


Art. 31 LCP.
A incolumidade pública.

Sujeitos da contravenção.
Ativo: qualquer pessoa.
Passivo: a coletividade. Secundariamente as pessoas vítimas de perigo de dano.

Conduta típica.
Deixar em liberdade: livre em local público.
Contravenção de perigo abstrato.
Resultando lesão corporal.

Animal perigoso: que pode causar dano a terceiro, seja ou não feroz.
Cão de guarda: é educado para agressão
Pessoa inexperiente: é aquela que pelas suas condições físicas, psíquicas, etc, não tem meios de
dominar o animal perigoso.
Animal de tiro é o que carrega veículos.

Excitação ou irritação de animal (§ único, “c”).

Momento consumativo.
Caput – abandono do animal ou com a simples omissão na cautela.
“a” – com a sua entrega a terceiro ou abandono.
“b” – com a excitação ou irritação.
361
“c” – com o perigo decorrente da condução perigosa.

Elemento subjetivo (dolo) e normativo (culpa) do tipo.

Falta de habilitação para dirigir veículo.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 32 LCP.
Incolumidade pública.
Veículo automotor + perigo (concreto)de dano = art. 309 CTB (Lei 9.503/97).
Embarcação a motor – art. 32 LCP. (Perigo abstrato).

II – Sujeito ativo – qualquer pessoa. Sujeito Passivo – a coletividade.


Contravenção de mão – própria. Não admite autoria mediata.

III – Elemento subjetivo do tipo – dolo.

IV – Elemento normativo do tipo – sem a devida habilitação.

V – Elemento espacial do tipo – águas públicas.

VI – Momento consumativo.
Com o início da condução da embarcação.

DIREÇÃO PERIGOSA DE VEÍCULO NA VIA PÚBLICA.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 34 LCP.
Embriaguez ao volante – art. 306 CTB.
Racha – art. 308 CTB.
Dirigir veículo, cassada a habilitação, causando perigo de dano – art. 309 CTB.
Dirigir veículo com excesso de velocidade nas proximidades de escola, etc – art. 311 CTB.
Nas outras hipóteses subsiste o art. 34 da LCP.
Objetividade jurídica – a incolumidade pública, no que tange à segurança do trânsito de
veículos.
362

II – Sujeito ativo – qualquer pessoa. Sujeito passivo – a coletividade.

III – Elementos objetivos do tipo.


Dirigir veículo na via pública ou embarcação em águas públicas, expondo a segurança alheia
a perigo de dano.
“Cavalo de pau. Empinar motocicleta. Dirigir veículo em zigue-zague. Dirigir veículo na
contramão de direção. Ultrapassagem perigosa ou em local inadequado. Invadir a preferencial
desrespeitando a sinalização.

IV – Elemento espacial do tipo.


Deve realizar – se em via pública.

V – Elemento subjetivo do tipo – dolo.

VI – Qualificação doutrinária – é contravenção de perigo abstrato.

VII – Momento consumativo – com a simples direção perigosa.

CAPÍTULO IV.
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA.

PERTURBAÇÃO DO TRABALHO OU DO SOSSEGO ALHEIOS.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 42 LCP.
A paz pública.
Distinção com Perturbação da tranqüilidade (art. 65 LCP): a Contravenção do artigo 42
perturba o sossego de um número indeterminado de pessoas. A do art. 65, a tranqüilidade de uma
pessoa determinada.

II – Sujeito ativo – qualquer pessoa. Sujeito passivo – a coletividade.

III – Elementos objetivos do tipo.


I - Gritaria ou algazarra.
363
II – Exercício de profissão incômoda ou ruidosa.
III – Abuso de instrumentos sonoros.
IV – Provocar ou não impedir barulho etc..

IV – Momento consumativo – com o ato de perturbar o trabalho ou sossego alheios.

CAPÍTULO V.
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA.

Recusa de moeda de curso legal.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 43 LCP.
A validade do curso da moeda.

II – Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Sujeito passivo – o Estado.

III – Elementos objetivos do tipo.


Recusa em receber. Aceitar por valor inferior ao declarado.
Dinheiro – deve ser atualmente válido, em circulação.

IV – Momento consumativo e tentativa.


Quando da recusa ou da aceitação da moeda por valor inferior.

V – Elemento subjetivo do tipo – dolo.

Simulação da qualidade de funcionário.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 45 LCP.
A norma visa a evitar que, fingindo alguém ser funcionário público, venha a cometer crimes
contra a fé pública.

II – Sujeito ativo – qualquer pessoa. Sujeito passivo – O Estado.


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III – Elemento objetivo do tipo – consiste em simular a qualidade de funcionário. A simulação deve
ser capaz de induzir a erro a autoridade ou um número indeterminado de pessoas.

IV – Elemento subjetivo do tipo – dolo.

V – Elemento normativo do tipo – funcionário público. Art. 327 CPB.

V - Momento consumativo – com o ato da simulação.

Uso ilegítimo de uniforme ou distintivo.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 46 LCP.
Protege – se a regularidade do uso de uniforme e distintivo de natureza oficial, resguardando
– se a fé pública.
Contravenção subsidiária.
Uso de uniforme para fingir – se funcionário público – art. 45 LCP. Uniforme militar – art.
172 CPM.
II – Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Sujeito passivo – O Estado.

III – Elementos objetivos do tipo.


Usar em público, com abuso ou sem direito, o uniforme, distintivo ou denominação.

IV – Elemento subjetivo do tipo – dolo.

V – Elemento normativo do tipo – “função pública”, “regulado por lei”.

VI – Elemento espacial do tipo – em local público ou acessível ao público.

VII – Momento consumativo.

Vadiagem.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 59 LCP.
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Os bons costumes. O legislador considera que a conduta ociosa, nas condições da figura
típica, tende à delinqüência.

II – Sujeitos da contravenção.

III – Condutas típicas.


Vadiagem e subsistência mediante ocupação ilícita.
Exige –se habitualidade.

IV – Elemento normativo do tipo.


Ilícita.

V – Ocioso ou vadio – é o que não trabalha, o preguiçoso. Aquele que, sendo apto para o trabalho,
não possui ocupação, não tendo renda para a sua subsistência.
Vadiagem não é apenas não ter emprego.

VI – Momento consumativo – quando o comportamento do sujeito, pela sua reiteração, demonstra


ser um estilo de vida (habitualidade).

VII – Extinção da pena - § único.

Mendicância (REVOGADO)

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 60 LCP.
Os bons costumes.

II – Sujeitos da contravenção – Qualquer pessoa e a coletividade.

III – Conduta típica – ociosidade: qualidade de quem se presta a não trabalhar. Cupidez: ambição,
cobiça. O tipo não exige a habitualidade, um só ato já caracteriza a contravenção.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + por ociosidade ou cupidez.

V – Momento consumativo – com a realização do ato de mendigar.


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VI – Causas de aumento de pena.

Importunação ofensiva ao pudor.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 61 LCP.
Os bons costumes, no sentido do pudor.
Arts. 233 e 234 CPB.

II – Sujeitos da contravenção.

III – Conduta típica.


Importunar – perturbar, incomodar.
Meios executórios – atos, palavras e gestos.
Encostar lascivamente me mulher; passar as mãos nas nádegas da vítima; chamar a vítima
de biscatinha, gostosinha, franguinha.

IV – Elemento espacial do tipo – em local público ou acessível ao público.

V – Elemento normativo do tipo – pudor.

VI – Elemento subjetivo do tipo – dolo.

VII – Momento consumativo – com a importunação.

Perturbação da tranqüilidade.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 65 LCP.
A tranqüilidade pessoal.

II – Sujeitos da contravenção.

III – Conduta típica.


Molestar – incomodar, aborrecer.
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Perturbar – atrapalhar.
Fogos de artifício lançados na direção da residência da vítima; atirar pedras no telhado;
balançar o portão da residência; explosão de bomba junina.

IV – Elementos subjetivos do tipo.


Dolo + por acinte (propósito de perturbar) ou motivo reprovável (censurável, desprezível).

V – Momento consumativo – no instante em que o sujeito passivo é molestado.

CAPÍTULO VIII.
DAS CONTRAVENÇÕES RFERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Omissão de comunicação de crime.

I – Conceito e objetividade jurídica.


Art. 66 LCP.
O normal funcionamento da Administração Pública.

II – Sujeito ativo – contravenção própria. Sujeito passivo – O Estado.

III – Elementos normativos do tipo – “crime”; “função pública”; “ação pública” e “representação”.
A omissão de comunicação de contravenção é atípica.

IV – Autoridades competentes: Juiz de direito, Promotor de Justiça, Delegado de Polícia.

V – Momento consumativo.
Não há prazo para a comunicação. Consuma – se com a omissão por tempo juridicamente
relevante.

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