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Prensa

Subseção de Foz do Iguaçu e Região do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná


Edição 16 – Ano 3 – Distribuição gratuita

LULA EM DOSE DUPLA


O jornalista Aluízio Palmar evita
fazer coro à imprensa paulista e
suas raivosas revistas semanais e
afirma que “se as reformas
política, partidária e eleitoral não
forem o suficientemente radicais e
moralizadoras o clamor que se
ouve nas ruas em todo o país virá
nas eleições e será como um
“tsunami” eleitoral”.
Em outro texto, mostramos a tese
defendida pela jornalista Luciana
Panke, que analisou 30 anos de
discursos do presidente. A
professora univesitária defende que
a ideologia de Lula evoluiu de
esquerda para o centro.

Sindijor-PR reivindica
reajuste salarial de 11%
Página 3

Mais de 100 mil Jornal mobiliza


pessoas já viram comunidade do
“Todas as Cores” São Francisco
Página 8 Página 11
2 Prensa OPINIÃO

ANOTE
1º Prêmio Sangue Bom do
Jornalismo Paranaense
É uma iniciativa do
Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Paraná
que tem por objetivo
estimular, divulgar e
DE VOLTA
prestigiar os trabalhos dos
jornalistas paranaenses.
Criado para comemorar os 60
AO CENÁRIO
anos de fundação do Sindijor/
PR, o prêmio vem com a
proposta de se tornar anual, Após um período de hibernação, Prensa surgimento do Jornal Comunidade do São
reconhecendo periodicamente retorna com a perspectiva de divulgar os em- Francisco, fruto do trabalho dos jornalistas
o trabalho de profissionais do bates da categoria, noticiar importantes proje- Pedro Lichtnow e Elias Herculano; e a tese de
Paraná. Poderão concorrer tos de profissionais da cidade, analisar a in- doutorado de Luciana Panke, que analisou
trabalhos realizados por terminável crise política que assola o Brasil e 30 anos de discursos do presidente Luiz Inácio
jornalistas estabelecidos no dar informes da Subseção de Foz do Iguaçu e Lula da Silva.
Estado do Paraná e Região do Sindicato dos Jornalistas Profissio- O governo Lula, aliás, é tratado dupla-
veiculados pela imprensa nais do Paraná. mente nesta edição. Aluízio Palmar também
estadual, no período de 1º de A mais recente medida tomada pela dele- analisa a interminável crise dos petistas e ali-
janeiro de 2005 a 31 de agosto gacia é a elaboração de mais denúncia contra ados. Seria tentativa de golpismo da elite ou
de 2005, regularmente trabalhadores irregulares em veículos de co- investigação rigorosa, jamais vista na impren-
inscritos e recebidos de 22 de municação. A entidade tem buscado mecanis- sa, das ações praticadas há anos pela direita e
agosto de 2005 a 23 de mos na legislação trabalhista para normatizar repetidas agora por líderes históricos da esquer-
setembro de 2005. o saturado mercado de trabalho local, apesar da? O artigo do jornalista é um aperitivo para
da barreira imposta pela Justiça Federal em o debate.
CURRÍCULOS virtude da disputa jurídica sobre a Prensa não pode deixar de constatar o
Cadastre seus dados no obrigatoriedade do Ensino Superior para exer- tempo entre a última edição e este número, mas
Sindijor/PR. Basta acessar cer a profissão. os esforços da diretoria são para que o jornal
www.sindijorpr.org.br e mandar O momento pede atenção da classe para a retome seu fôlego e não deixe de noticiar as
as informações. discussão em torno da Convenção Coletiva de ações da categoria — hoje reduzida ao traba-
Trabalho. Freqüentemente são enviados bole- lho voluntário dos seus quatro diretores em vir-
MALA DIRETA tins sobre os passos das reivindicações feitas ao tude da saída de quatro colegas. Se depender
Atualize seu endereço de sindicato patronal. Mas não basta estar “por de assuntos, a próxima edição já está garanti-
e-mail mandando uma dentro do debate”. É preciso participar, cola- da. Só para citar alguns: os efeitos da denún-
mensagem para borar com idéias. Já está marcado um encon- cia ao Ministério do Trabalho; a luta pelo
sindijorfoz@foznet.com.br tro dos trabalhadores da região para firmar reconhecimento da importância da formação
nossa posição. Será no dia 1º de setembro. superior; a vinda de diretores do Sindijor para
MAIS CONTEÚDO O jornal também abre suas páginas para debater estágio; e os lançamentos dos livros de
Dê uma conferida no site resgatar algumas iniciativas dignas de regis- Jackson Lima e Aluízio Palmar. Mais uma
www.guiafoz.com.br/prensa e tro, como a exposição Todas as cores do mun- vez lembramos que o espaço está aberto a cola-
veja conteúdo exclusivo do do , da fotojornalista Áurea Cunha; o borações.
Prensa na internet.

CONVÊNIOS
• CINE BOULEVARD – 50% na entrada. • LIVRARIA KUNDA – 15% na compra de qualquer título.
• PARIS VÍDEO – 15% nas locações. • FOTO IGUAÇU – 10% para revelação.
• PLANETA JEANS – 10% em todos os produtos • CONNECTION CDs – 10% nas vendas a vista.
• CIRURGIÃ DENTISTA – Drª Vanessa Marques – Descontos sobre a tabela do Conselho Federal de
Odontologia. Orçamentos gratuitos. • ESCOLA FISK – 10% sobre o valor do semestre, no curso regular.
• ESCOLA CARROSSEL – 15% nas mensalidades. Educação infantil e ensino fundamental. Fone: 3572-2624.
• ESCOLA COLIBRI – 15% nas mensalidades. Educação infantil e ensino fundamental. Fone: 3574-2627.

Prensa ESPAÇO ABERTO


Jornal da Subseção de Foz do Iguaçu e Região do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná. Colaborações para
Redação, edição e diagramação: Alexandre Palmar (jornalista responsável). Redação e revisão: Douglas Furiatti. sindijorfoz@foznet.com.br
Ilustrações: Daniela Valiente. Impressão: Igrafoz, 1.500 exemplares – Textos assinados não refletem necessariamente O Prensa se reserva ao direito de
a opinião do veículo. Telefone: (45) 9967-5060 – Rua Rio de Janeiro, 457 - Maracanã – Foz do Iguaçu/PR. selecionar cartas e publicar trechos.
AÇÃO SINDICAL Prensa 3

Sindicato reivindica NOTAS


NOTAS
Mais empregos

piso de R$ 1,7 mil O sindicato debateu com o empresário


Rodrigo Prado, diretor do Jornal do
Iguaçu, Rádio Costa Oeste e Foztv, a
necessidade dos veículos abrigarem
mais jornalistas profissionais em seu
Além de 6,13% de reposição, pauta quadro efetivo, principalmente nestes
cobra mais 5% de aumento real e tempos nos quais é grande o número
de profissionais formados pela União
um abono de 0,42% sobre o Dinâmica de Faculdades Cataratas
salário reajustado (UDC).

Justificativa
Entre outros argumentos, Prado
Douglas Furiatti afirmou não poder contratar mais
A Convenção Coletiva 2005/2006 profissionais filiados às entidades. trabalhadores devido às dificuldades
financeiras que suas empresas enfren-
já começou a ser debatida nas redações Um dos principais itens da
tam. Ele prometeu abrir novas vagas
do Estado antes de ser fechado o acordo convenção coletiva é o piso salarial, que quando a economia das firmas
com o sindicato patronal. O objetivo das passaria para R$ 1.797,59 a partir de 1° melhorar. Prensa tratará o assunto de
reuniões é receber sugestão de materiais de outubro, mantida a carga horária de forma ampla (fazendo uma radiografia
e de estratégias para a campanha salarial, cinco horas diárias. O atual valor mínimo das empresas de comunicação) na
apresentar formalmente aos colegas as — R$ 1.617,56 — seria corrigido em próxima edição.
reivindicações e informar que a pauta 6,13% com base no INPC/IBGE, mais
Prioridades
inicial já foi entregue aos representantes 5% reivindicados.
Os jornalistas de A Gazeta do Iguaçu
das empresas. Além desse reajuste, a pauta cobra o
não precisam mais bater o tradicional
A proposta deste ano contém 71 pagamento de um abono salarial único cartão ponto. Em 19 de agosto eles
cláusulas e traz algumas novidades de 0,42% do salário já reajustado de cada começaram a marcar a entrada e
apresentadas pela direção do Sindicato jornalista como forma de indenização saída do trabalho usando um aparelho
dos Jornalistas Profissionais do Paraná, das perdas decorrentes da inflação que faz a leitura da impressão digital.
do Sindicato de Londrina e pelos havida até a data-base. É só apertar o dedão na máquina e
pronto. O sindicato espera que o
jornal, após investir em tecnologia,
Outros pontos importantes em debate com os patrões agora atenda às reivindicações da
entidade para o pagamento das horas
Estabilidade provisória – Têm garan- na forma de adicional no salário, pelos
extras.
tias de emprego e salários até 120 dias, seguintes índices: especialistas, 10%;
a contar da data de assinatura deste ins- mestres, 20%; e doutores, 30%. Exposição sem-terra
trumento, os jornalistas empregados nas Plano de cargos e salários – Ficam O Espaço Cultural Nelson da Cunha
empresas, ficando proibidas as rescisões obrigadas as empresas a constituírem, Junior está abrigando a exposição
unilaterais dos respectivos contratos de juntamente com o respectivo sindicato Terra: Luta dos Sem-Terra (1997), do
trabalho. profissional, comissão paritária e perma- fotógrafo Sebastião Salgado. São 40
fotografias que revelam a realidade de
Portadores de deficiências – Empre- nente para a implantação e avaliação de
brasileiros que clamam por terra para
sas se obrigam a oferecer as condições plano de cargos e salários em cada em- trabalhar e viver dignamente no país.
materiais e sociais necessárias para ga- presa. A comissão deverá ser constituí- As fotos podem ser vistas pelo público
rantir que os jornalistas com deficiênci- da no prazo máximo de 90 dias. das 7h às 22h, diariamente. A entrada
as físicas possam trabalhar e produzir Pagamento dos salários – As empre- é franca e está aberta a toda comuni-
normalmente, por meio de equipamen- sas se comprometem a pagar os salários dade.
tos e de uma infra-estrutura adequada em dinheiro ou a fazer o depósito em
ao exercício das suas atividades e ao de- conta bancária indicada pelo próprio P arcerias
A montagem é uma realização do
senvolvimento das suas habilidades, sem profissional em instituição financeira de
Programa Cuca Legal (In)formar para
sofrer nenhum tipo de discriminação. sua livre escolha, de acordo com o que a cidadania, coordenado pela Guatá.
Parágrafo primeiro: As empresas se prevê legislação do Banco Central do Ela foi viabilizada através de parceria
comprometem a incluir os jornalistas na Brasil. com a Administradora de Terminais
Lei de Cotas (Lei 8.213/91), no que diz Parágrafo único: É vedado às empresas Rodoviários de Foz do Iguaçu (Aterfi) e
respeito à contratação dos empregados imporem ao jornalista a abertura e a tem apoio da revista Idéias, da Livraria
portadores de deficiências. manutenção de contra corrente para fins Kunda, da Travessa dos Editores, da
Reconhecimento da formação – Os de pagamento de salário em instituição Gráfica Planeta, da Chocolate Doce e
jornalistas que realizem cursos de espe- financeira diversa da escolhida pelo pro- do Sindicato dos Jornalistas Profissio-
nais do Paraná.
cialização, mestrado e doutorado terão fissional ou daquela que já mantenha
sua formação diferenciada reconhecida conta ativa.
4 Prensa SEMINÁRIO INTERNACIONAL

Jornalistas das três fronteiras encampam

luta contra a exploração sexual


Profissionais firmam termo de compromisso contra a Esci e esboçam uma rede de mídia
para combater a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes na região
Vania Mara Welte

Jornalistas da Argentina, Brasil e


Paraguai tiveram uma iniciativa possi-
velmente inédita na Tríplice Fronteira.
Eles debateram, trocaram experiências
e tomaram importantes decisões no Se-
minário Trinacional de Jornalistas em
Luta contra a Exploração Sexual Comer-
cial de Crianças e Adolescentes (Esci).
O encontro resultou num Termo de
Compromisso contra a Esci e as primei-
ras linhas para a criação de uma rede de
mídia em favor da causa, além do com-
promisso de tentar realizar outros semi-
nários trinacionais e buscar um maior
intercâmbio entre todos. Daniel Navarro e Román Bianchi, da Rádio Cataratas, Puerto Iguazú, retrataram situação
Essa foi a primeira vez em que se da exploração sexual infantil na Argentina
reuniram, em um mesmo espaço, jorna-
listas argentinos, brasileiros e paraguaios
para tratar de assuntos de interesses O evento, promovido pela Organi- entre os profissionais da Tríplice Fron-
sociais e profissionais comuns. Pelo tem- zação Internacional do Trabalho (OIT), teira. Ao se comentar o assassinato bru-
po exíguo, o aprofundamento nas pro- com o apoio de diversos parceiros, como tal do jornalista brasileiro Tim Lopes, a
blemáticas foi impossível, mas serviu de a Itaipu Binacional, aconteceu em junho. jornalista Dolly Galeano, do Paraguai,
base para novos encontros de discus- Os primeiros retornos desse compro- disse que era uma discussão difícil de ser
sões e procura de soluções boas para a misso com a causa já podem ser vistos acompanhada porque eles desconheciam
sociedade da Tríplice Fronteira. Tanto no aumento de espaços de mídia, em o fato. Como resultado, os profissionais
que ficou firmada a vontade de fazer especial na televisão, abordando o tema. colocaram na agenda futura de trabalhos
outros seminários iguais, cada ano em Inclusive um programa sobre turismo, um melhor entrosamento e uma maior
um país. O encontro serviu também para em canal aberto, abordou com audácia troca de informações entre todos.
um melhor entrosamento entre os cole- e coragem o delicado tema, chamando Os profissionais também se compro-
gas, para a união e o fortalecimento da a atenção de todos os responsáveis pelo meteram a buscar adequados mecanis-
categoria em suas atividades profissio- trade para abraçar a causa em favor dos mos para o monitoramento de compro-
nais nos três países. direitos da infância e da adolescência. missos já assumidos por autoridades,
A mensagem da coordenadora-geral empresários do setor de comunicação,
do Programa de Prevenção e Elimina- turismo, hotelaria, transporte, educação
ção da Exploração Sexual Comercial de e de outras diferentes atividades. Esses
Crianças e Adolescentes na Tríplice Fron- são pontos que já constam do termo de
teira, de 2001 a 2005, Isa Ferreira, deu compromisso firmado para valorizar os
o tom do seminário: “Não conseguire- direitos das crianças e adolescentes dos
mos reduzir a tolerância social à explo- três países e que devem ser enfatizados
ração sexual e às diferentes violações dos entre outros sob a conformação da rede
direitos das crianças e adolescentes sem de mídia já delineada.
a decisiva colaboração dos jornalistas de Na troca de idéias, experiências e
informar a sociedade, denunciar a ex- debates, o encontro buscou um maior
ploração, exigir punição de explorado- comprometimento ético dos profissio-
res e políticas de proteção integral às nais, har monização da linguagem
crianças e aos adolescentes”. jornalística diante de ações que envol-
Constatou-se que as dificuldades são vam direitos infanto-juvenis e, ainda,
Mauri König narrou bastidores de semelhantes nas cidades dos três países. instrumentos que visem à punição de
reportagem sobre exploração sexual No entanto, a conclusão é de que falta exploradores e abusadores que atuam
um maior intercâmbio de informações em redes criminosas na fronteira.
CRISE Prensa 5

Esquemas, lobbies e mensalão


enlameiam a República
A resposta da população poderá vir em forma de um “tsunami” eleitoral
Aluízio Palmar

Q uando os editores deste jornal me contra o país e que agora posam de pa- Mas é como dizia minha mãe em
pediram para escrever sobre a crise ladinos da moralidade pública. sua mineirice: “Não há males que não
política e as denúncias de nosso dia-a- O bombardeio diário é tão grande vêm para o bem”. A crise nos leva à
dia eu resisti inicialmente, depois enro- que tem muita gente convencida de que constatação de que a República está
lei dizendo e repetindo a manjada e usual o PT é o grande vilão da nossa história podre e que é preciso reconstruí-la em
“depois eu faço”. Fiz corpo mole para política e que a corrupção do passado novas bases. Não dá para continuar do
escrever este artigo porque estou toma- mais remoto ou recente não interessa. jeito que está, pois a representação po-
do por um sentimento de perplexidade E aí que reside todo um sentimen- pular está seriamente comprometida. Se
e incerteza sobre o presente e o futuro. to de oportunidade perdida de refor- as reformas política, partidária e eleito-
Não sou filiado ao PT e, aliás, não cedi mas sociais e econômicas, acompanha- ral não forem o suficientemente radi-
na década de 80, nem de 90 e tampouco das de uma radical mudança nos usos cais e moralizadoras o clamor que se ouve
em 2000, aos convites de me filiar àque- e costumes dos executivos e legislativos. nas ruas em todo o país virá nas eleições
le partido em que tenho muitos amigos. E a par desse sentimento está a consta- e será como um “tsunami” eleitoral.
Na eleição de 1989 para presidente, de- tação de que as reformas e mudanças O Jornal do Brasil do dia 21 trouxe
pois que o Brizola não passou para o não virão acompanhadas por coquetéis uma matéria que constata o estado de
segundo turno eu votei em Lula. Votei e tapinhas nas costas. Como acreditar espírito da população e a resposta que
com raiva, pois o líder sindical havia ti- que a maioria dos deputados e senado- virá das urnas. O Instituto Brasileiro de
rado o velho Briza da disputa, graças à res legisle a favor da nação e do povo Pesquisa Social, em parceira com o jor-
ajuda da Rede Globo e da elite econô- brasileiro e contra os interesses econô- nal, ouviu 803 eleitores em todo o esta-
mica e financeira paulista. micos que a elegeu se esta maioria está do do Rio e o resultado é de uma
Em 1990, meus companheiros da comprometida com esquemas e lobbies tragicidade que dá até medo. Eis um tre-
corrente socialista do PDT romperam tão ou mais nefastos que o mensalão? cho da matéria:
com Brizola e ingressaram no PT. Eu
não os acompanhei, pois vêm de longe
minhas desconfianças de que o partido “A crise nos leva à constatação
dominado pelo corporativismo sindica-
de que a República está podre
lista não iria dar certo. Porém, apesar
das diferenças e desconfianças, eu torci e que é preciso reconstruí-la
a distância pelo projeto petista, tanto que em novas bases”
votei novamente em Lula nas eleições
de 1994, 1998 e 2002. “A maioria dos consultados foi milhões de famílias o deprimente
Escrevo isso à guisa de explicar o flagrada em vários níveis de recusa espetáculo da crise. Com maior ou
motivo pelo qual eu resisti a escrever radical, quando confrontados com o menor interesse, 73,4% dos ouvidos
sobre essa crise e todas as trapalhadas atual quadro político: alguns fazem estão acompanhando o noticiário, sem
feitas pela cúpula petista depois que se questão de votar em candidatos de falar nos 17,7% que ficaram atentos ao
rendeu ao canto de sereia da burguesia primeira viagem. Outros vão anular o início do escândalo mas já se
e enveredou pelo conservadorismo. É voto e há uma minoria que votará em consideram saturados com tanto
verdade que os petistas chegaram ao branco. Somadas essas três categorias dinheiro fácil em cena. Decepcionados
governo e optaram por governar ao es- de eleitores inconformados, a pesquisa com o governo, 56,5% dizem que a
IBPS-JB chega ao alarmante corrupção é maior hoje do que na
tilo tradicional usando e abusando das
percentual de 62,9% dos administração anterior. Mais da
práticas anti-republicanas que durante
entrevistados. Só 16,9% afirmaram metade – 55% – acha que o presidente
anos motivam a política brasileira — a
que pretendem votar no mesmo Lula sabia dos casos de corrupção,
compra de apoio parlamentar é uma de- candidato, enquanto 25,4% não embora só 21,3% acreditem que ele
las, mas tive receio de fazer coro à im- sabem o que farão. Esse estado de participava do esquema montado. O
prensa paulista e suas raivosas revistas espírito tem a ver com um melhor grau desencanto fica escrachado na
semanais. Resisto a fazer o jogo da mídia de informação, fruto do festival de pesquisa IBPS-JB quando se pergunta
comprometida com os interesses da clas- cobertura das sessões da CPI pelas ao eleitor sobre eventuais castigos: a
se dominante e pela direita parlamen- emissoras de TV públicas e grande maioria (68,5%) acha que os
tar, conhecidas praticantes de crimes particulares, que tornou íntimo para culpados não serão punidos.”
1979 – Lula em manifestação
Iconographia/Cia Memória/Cortesia Vladimir Sacchetta - Site PT 25anos de metalúrgicos do ABC

Nelson Figueira

A
tese defendida pela jornalista Segundo ela, nessa época a caracte- nifestações pró-impeachment de
Luciana Panke, que analisou 30 rística principal era a contestação. De Fernando Collor de Mello e as Carava-
anos de discursos do presidente modo coloquial e informal, os discur- nas da Cidadania. Tido como favorito
Luiz Inácio Lula da Silva, continua cha- sos do agora presidente eram enraiza- nas eleições seguinte, em 1994, Lula viu
mando a atenção da imprensa e de ins- dos no marxismo, tocava em temas suas intenções de ascensão política nau-
tituições do Brasil e do exterior. Profes- como a luta de classes e havia a rejeição fragarem frente ao Plano Real. Em seus
sora universitária em Foz do Iguaçu, à propriedade. “A própria imagem de discursos, pré e pós-eleições, ele busca-
Luciana defendeu, em sua tese de dou- Lula e a forma de falar, em tom mais va mostrar que a moeda brasileira era
torado da Escola de Comunicação e Ar- agressivo, acompanhavam a ideologia”. forte, mas o salário fraco.
tes (ECA) da Universidade de São Pau- “O discurso trabalhava muito o pla-
lo (USP), que a ideologia de Lula evo- SEGUNDA FASE – TRANSIÇÃO no em ter valorizado a moeda, mas que
luiu de esquerda para o centro. A fase seguinte, denominada de o trabalhador tinha o salário defasado.
Destaque no jornal Folha de S. Paulo, “Transição”, de acordo com o estudo, Em 94, não era tratada a geração de
o trabalho chamou a atenção de pesqui- iniciou-se após a derrota para Fernando emprego com muita ênfase e sim re-
sadores de outras instituições e até mes- Collor de Mello à Presidência da Repú- muneração e direitos trabalhistas”, diz.
mo da Universidade do Texas (EUA), blica. Ainda com características própri-
que já entraram em contato com a pro- as da luta sindical, Lula representou a TERCEIRA FASE – CENTRO ESQUERDA
fessora, que também recebeu convites figura da esquerda até mais que candi- O período atual de Lula, conforme
para escrever artigos. datos de orientação mais radical, como a análise da jornalista, iniciou-se em
Luciana separou a evolução do dis- Leonel Brizola e Roberto Freire. 2002, com a Carta ao Povo Brasileiro.
curso de Lula em três fases, sempre ten- De acordo com Luciana, essa liga- Os discursos deixam de lado o caráter
do em vista a temática do emprego — ção custou ao candidato petista a per- contestador para fazer surgir a figura
que liga economia e política. De acordo da de votos. “Com o mundo prestes a de estadista. A personificação de mu-
com ela, embora mantenha uma estru- ver desaparecer a separação entre co- dança por parte do então candidato pro-
tura argumentativa semelhante, os dis- munismo e capitalismo, a queda do cura satisfazer não apenas à classe tra-
cursos de Lula, desde a vida sindical até Muro de Berlim teve um valor simbó- balhadora, mas todo o país. Há a apro-
o final do primeiro ano à frente da Pre- lico muito grande na eleição brasileira. ximação com a direita, representada pelo
sidência, apresentam três fases distintas. As pessoas tinham medo. Só que o Lula candidato a vice-presidente, José Alencar,
não era comunista, ele defendia o soci- do Partido Liberal.
PRIMEIRA FASE - EXTREMA ESQUERDA alismo.” Para a professora, alguns dos Apesar de a simbologia da esperan-
A primeira delas, denominada de ex- fatores que influenciaram este receio ça ter sido evidenciada apenas na cam-
trema esquerda, é, segundo a jornalis- do brasileiro em relação ao então can- panha vitoriosa de 2002, Luciana ob-
ta, “a mais marcante” e inclui a vida didato foram a pouca experiência polí- serva que essa foi uma constante nos
sindical, momento em que se projetou tica e a divulgação de idéias anticomu- 30 anos de discurso analisado. “Duran-
nacionalmente, a fundação do Partido nistas pelos EUA. te esses 30 anos, ele se apresentou como
dos Trabalhadores (em 1980) e o man- A fase de transição, aponta o estudo, símbolo de esperança e se consolidou
dato como deputado federal. ainda abrangeu a participação nas ma- assim”, encerra.
DEBATE Prensa 7

O discurso frente ao Fundo 1ª FASE – EXTREMA ESQUERDA 3ª FASE - CENTRO ESQUERDA


“Não se dá emprego porque a acumula- “Não vejo a hora de os juros baixarem e
Monetário Internacional ção do capital não comporta a distri- a economia retomar seu crescimento. E
A indagação como cidadã levou a buição de renda para muita gente. Para como eu gostaria de dar já, agora, um
jornalista Luciana Panke a encontrar um uma empresa como a Ford, tanto faz pro- aumento maior para o salário mínimo.
diferencial para sua tese de doutorado, duzir 1.000 carros com 1.000 emprega- Mas 240 reais, neste momento, creio, é o
que analisou 30 anos de discurso de dos ou produzir 1.000 carros com 30.000 máximo que a prudência e a cautela me
Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ela, empregados. O que importa é o lucro no recomendavam. Mas quero repetir a
o que era observado empiricamente pela fim do mês.” (1984) vocês o que disse durante toda a campa-
sociedade fez com que buscasse nha: até o final do meu governo vamos
subsídios que respondessem às “A reforma agrária é condição essenci- dobrar o poder de compra do salário
questões como, quando em por que das al para a solução do desemprego, senão mínimo.” (Abril de 2003)
mudanças ideológicas. qualquer coisa a ser feita será medida
Para ela, a mudança de Lula não paliativa, será o mesmo que pôr curati- “Reforma agrária é arrumar a terra, ar-
só acompanhou a movimentação da vo num dente. Daqui a pouco ele come- rumar assistência técnica, dar garantia
esquerda em todo o mundo, mas ça a doer de novo, principalmente se o de preço, fazer investimento, cuidar da
também apontou uma evolução. “É dentista for do INAMPS...” (1984) educação e de uma série de coisas para
as pessoas se sentirem produtivas e para
questionável a pessoa permanecer
com o mesmo discurso por 30 anos”, 2ª FASE – TRANSIÇÃO que as pessoas possam sustentar a sua
“E não vamos fazer reforma agrária nas família e ainda produzir alimentos no
analisa.
terras devolutas na beira das estradas Brasil inteiro. Significa gerar empregos
Um dos pontos observados por e acabar com o inchaço das grandes ci-
como querem alguns. Nós vamos fazer
Luciana foi a posição de Lula frente ao dades.” (26 de junho de 2003)
reforma agrária é na terra dos latifundi-
Fundo Monetário Internacional. “Na ários deste país. Nós vamos fazer a refor-
primeira fase, era ‘não ao FMI’; na “Recentemente, eu tive um almoço com
ma agrária porque é a única forma de o primeiro-ministro da Noruega e fiquei
segunda, ‘vamos avaliar os contratos’; desenvolver esse país, gerando milhões muito feliz quando ele me disse: “Presi-
na terceira fase, que se inicia com a de empregos, gerando uma quantidade dente Lula, um estaleiro da Noruega
publicação da Carta ao Povo Brasileiro, enorme de produção, barateando o ali- acaba de comprar um estaleiro no Rio
é ‘vamos cumprir os acordos’. Essas mento, gerando habitação, gerando fe- de Janeiro e vamos vir aqui, no Brasil,
três falas sintetizam a alteração do licidade.” (Campanha à Presidência) competir para produzir as plataformas”.
discurso.” (NF) É isso que nós queremos e era isso que
“Aumentaram o que não deveria aumen- nós queríamos: que fossem produzidas
tar porque ficou uma exorbitância a aqui, independentemente de ser empre-
comparação do poder de compra do sa- sa nacional ou empresa estrangeira. O
lário mínimo, e acho que só tem duas que importa é que gere trabalho e renda
Em São Bernardo do Campo, Lula
discursa na cerimônia em comemoração alternativas: ou eles reduzem os preços para os milhões de brasileiros que pre-
à produção de 15 milhões de veículos ou aumentam o salário.” cisam de trabalho e renda neste país.”
da Volkswagen (Campanha de 1994) (Agosto de 2003)
Ricardo Stuckert/PR - Agência Brasil
Exposição reúne
expressões e histórias
de uma tríplice
fronteira cotidiana e
harmônica
Mostra encantou participantes do Fórum Social Mundial

Os tons da diversidade
Alexandre Palmar pontes são meros atalhos para sair de FACES - A mostra reúne fotografias
Foz do Iguaçu e dar um pulo em Cida- de 41 mulheres de diferentes etnias e

P
arece ser justificável classificar a de do Leste, no Paraguai, ou em Porto nacionalidades — entre nativas e estran-
Tríplice Fronteira como uma zona Iguaçu, na Argentina. É com essa dis- geiras — que por um motivo ou outro
de perigo, bombardeando um dos seus posição que Todas as cores do mundo está escolheram a região para morar, traba-
mais preciosos bens: a diversidade ét- rompendo limites geográficos para mos- lhar, casar e ter filhos, adotando-a como
nica e cultural. Na dúvida, se a região trar o multiculturalismo harmônico deste nova casa. O conjunto de retratos emol-
pertence ao eixo do mal ou ao eixo do pedaço singular do planeta. dura parte da realidade da cidade, que
bem, opta-se por fragilizar sua identi- Produzido pela repórter fotográfi- abriga quase 9,4 mil estrangeiros entre
dade até o momento oportuno de uma ca Áurea Cunha e realizado pela Guatá seus cerca de 300 mil habitantes. O uni-
ação mais incisiva. Afinal, vivemos num – Cultura em Movimento, o trabalho verso de adotados informalmente pelo
tempo em que uma pessoa determina está muito além de uma exposição fo- município pode chegar a 15 mil, inclu-
qual país deve ser atacado por “repre- tográfica de grande valor estético. Des- indo aqui as comunidades indígenas.
sentar ameaça à ordem mundial” e no de que foi idealizado, ele está trilhando O ensaio resgata as singularidades das
qual executar brasileiro inocente em um caminho percorrido por poucas ini- fotografadas, entre elas representantes
metrô é apenas um lapso na luta con- ciativas das três fronteiras. Ao concen- vindas da Ásia, de países de língua ára-
tra o terror. trar em retratos e expressões uma ter- be, Europa e de quase toda a América e
Apesar da teoria conformista (ou ra cosmopolita, mostra, sobretudo, de tribos indígenas locais. E não deixa
seria teoria da conspiração?) defendida como diferentes povos podem convi- de ser ainda uma homenagem à mulher,
por alguns, surgem na cidade manifes- ver de forma pacífica e, principalmen- sugerindo o conhecimento do “eu” atra-
tações dispostas a revelar os verdadei- te, como interagem entre si e com a vés do olhar mais atento ao “outro”.
ros valores de um ambiente no qual vida da cidade. Além de captar a particularidade de
cada mulher, Áurea Cunha incluiu nos
painéis fragmentos de histórias e mani-
festações que reforçam a singularidade
em meio à pluralidade de situações e
experiências vividas pelas retratadas no
que diz respeito às mudanças e adapta-
ções a este universo iguaçuense.
A húngara Katalin Homonnay, por
exemplo, chegou à cidade em 2004. A
boliviana Angélia Franco Menacho foi
recebida em 2001. A indiana Geetika
Pandey, em 1998. A libanesa Bahige
Youssif Hassan Al Nissr foi acolhida em
meados da década de 50. Já a brasileira
Sebastiana Borba Ferreira nasceu em
Foz no ano da emancipação do municí-
Estréia aconteceu no Centro de Recepção de Visitantes da Itaipu Binacional pio, em 1914.
CULTURA Prensa 9

Caminhada rompe fronteiras


Áurea Cunha concede entrevista
É difícil dizer um número exato, mas escreveu o sociólogo Hanneman Vieira, a jornalista durante FSM
conforme os livros de visitas é possível de Porto Alegre, durante o Fórum Mun-
afirmar que a exposição já foi vista por dial, em janeiro.
mais de cem mil pessoas desde a sua Para o português Fernando Sivestre,
estréia no Centro de Recepção de Visi- Foz, “tal como é mostrada na exposi-
tantes da Itaipu Binacional. De lá pra cá ção, representa o objetivo mais nobre e
ela percorreu o 5º Fórum Social Mun- elevado da humanidade: reconhecer que
dial, em Porto Alegre (RS). Em 8 de o ser humano só merece este qualifica-
março, Dia da Mulher, o trabalho foi tivo quando aceita o outro tal como ele
exposto no Espaço das Américas e no é, sem olhar a cor da pele, a religião ou
campus de Foz da Universidade Esta- a cultura”.
dual do Oeste do Paraná (Unioeste). Já Souad Von Allmen, de Terre dês
Também esteve na II Semana de Hommens, Suíça, escreveu que o tra-
Integração da Resistência, organizada balho lembra que a tolerância e a soli-
pelo curso de Jornalismo da Universi- dariedade são possíveis. “Pensar global- A autora
dade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), mente, agir localmente.” Essas são ape- Paranaense de Catanduva, Áurea
na Galeria Augusto Meyer, da Casa de nas algumas das tantas mensagens dei- Cunha tem 35 anos — entre eles, 18
Cultura Mário Quintana, em Porto Ale- xadas pelos visitantes. de profissão. A fotojornalista trabalha
gre (RS), e na Sala Antonio Cabral de Outra conquista foi a união no mes- desde 1996 na sucursal do jornal
Mendonça, da Fundação Cultural de Foz mo espaço em duas ocasiões (nas aber- Gazeta do Povo em Foz do Iguaçu.
do Iguaçu. A mais recente parada foi turas da mostra na Itaipu Binacional e Outro de seus principais ensaios relata
no Salão Brasil do Memorial de Curitiba. na Fundação) de quase todas as mulhe- a continuidade de uma trajetória
Por falar em público, os depoimen- res retratadas. Desses encontros, que di- ligada à questão social da região.
tos deixados nos livros de visitas sinteti- ficilmente aconteceriam sob outra cir- Áurea é autora também da
zam o sentimento de quem vê Todas as cunstância, nasceu o embrião de um or- exposição Índio, que reúne
representantes dos guarani Avá e
cores do mundo. “Depois que a paranóia ganismo que pode ser um marco para a
M’bya, dos Achê e dos Maká, num
do Bush colocou essa cidade na agenda região. Graças ao intercâmbio propicia-
raio de 150 quilômetros da Tríplice
mundial da pior forma possível, é bom do pelo trabalho, as famílias viram a ne-
Fronteira. Outro trabalho de destaque
vê-la ressurgir através do humor e da cessidade de criar uma espécie de asso- é a mostra coletiva A língua do
arte. É a grande resposta. Viva Foz”, ciação que congregue as etnias de Foz. fotógrafo e o olho do poeta.
Todas as cores do mundo tem o
apoio da Itaipu Binacional, Travessa
Foz do Iguaçu, “tal como é mostrada na exposição, representa o dos Editores, Associação Guatá –
objetivo mais nobre e elevado da humanidade: reconhecer que o ser Cultura em Movimento, Secretaria de
humano só merece este qualificativo quando aceita o outro tal como Estado da Cultura, e governo do
ele é, sem olhar a cor da pele, a religião ou a cultura” Paraná.

Na língua guarani, guatá significa


caminhar. O uso dessa palavra para
designar a ação coletiva da entidade é
uma homenagem aos povos que
enfrentam o atual momento
globalizante da humanidade,
valorizando seus traços culturais com
altivez. O conceito de caminhar vem
da vontade de reconstruir a
capacidade de vencer os obstáculos do
cotidiano, discutir a diversidade
cultural e questionar a realidade.
Entre outros trabalhos, a
associação é responsável por levar
poemas de Pablo Neruda e a
exposição Terra, de Sebastião Salgado,
É possível afirmar que a exposição já foi vista por mais de cem mil para vários lugares do circuito
pessoas desde a sua estréia, em dezembro do ano passado alternativo e tradicional de Foz.
10 Prensa POLÊMICA

Foz do Iguassu
prá gringo ver
Não é só mudança de grafia. É mudança de nome. De identidade. Mudar o nome de uma cidade
para adaptar-se ao turismo é algo impensável. Seria falta de personalidade... Não se encontra
na literatura turística séria e responsável nada que encoraje o tipo de prostituição
Jackson Lima vem em forma de construções impor- rial Brazileiro chegou à Foz do Iguassu
tadas, concessões e subvenções, do não- para fundar a Colônia Militar do Iguassu,
oa tarde! Sejam bem-vindos às lugar, das elites vendidas, subsídios que

B
vindo de Guarapoava com ordens ex-
Notas desta Semana. Devo me- se dá a empresas nacionais ou estran- pressas de Corytiba, e da capital do im-
lhorar a freqüência delas logo, geiras em detrimento ou para o prejuí- pério no Rio de Janeiro o Brazil se es-
logo. Por agora, ando meio atarefado. zo das populações locais, entre outros. crevia com “Z”. Se voltar à velhas
Só escrevo esta coluna hoje por um Mas não se encontra casos na litera- grafias é resgatar a história então resga-
motivo: não posso ficar calado. A omis- tura do turismo internacional que apon- temos também o restante: Brazil,
são é um dos piores pecados. Me refiro tem para cidades ou países que muda- Corytiba, Guarapoava, Guahyra.
aqui à Audiência Pública que debaterá a ram de nome para facilitar a leitura de Phophoca!
mudança de nome da cidade de Foz do turistas estrangeiros. É ridículo. Deve- Uma das desculpas que ouvi para o
Iguaçu para Foz do Iguassu. Não é só mos todos ir a Audiência para testemu- ataque ao cedilha do Iguassu é que faci-
mudança de grafia. É mudança de nome. nhar o exercício da Cidadania. Mas a litaria a venda de Foz no exterior. Sobre
De identidade. idéia é ridícula. A audiência é boa por- isso já tratei em das primeiras notas des-
Estive lendo, esta semana, um mon- que permitirá aos “Pôncios Pilatos” da ta coleção e em várias ocasiões. A Varig,
te de livros de turismo em busca de ins- Câmara Municipal a lavarem suas mãos a TAM, a KLM, a Japan Air Lines to-
piração para entender este e outros pro- e assim poderem transferir a culpa da das as linhas áreas do mundo já ven-
blemas do turismo que atormenta a crucificação da cidade para outros. dem o destino Iguaçu como Iguassu ou
nossa região. Entre os livros estava a Estava andando pela Vila A ontem e IGU. O lado argentino é vendido como
“Sociologia do Turismo” do suíço Jost vi uma Rua chamada Hildegar ou Iguazu ou IGR.
Krippendorf, “Conceptualización del Hildemar França. Ora, esses Não é necessário extender a carga,
Turismo” de Sergio Molina, um dos gran- modificadores de grafias por causa do o peso, o ônus da mudança de nome da
des nomes do turismo das Américas e marketing bem que poderiam sugerir a cidade para todos os iguaçuenses. Isso
vários outros. Não se encontra na lite- mudança da escrita de “França” para será motivo de chacota internacional e
ratura turística séria e responsável nada “Franssa” por que o computador estran- será apresentado como exemplo de um
que encoraje o tipo de prostituição* que geiro não conseguiria lê-lo. povo sem orgulho, sem estudo, preparo,
a Câmara de vereadores quer fazer pas- Outra desculpa vergonhosa tanto identidade e garra. Um povo apático que
sar na forma de lei. para as áreas acadêmicas do turismo, do não está nem aí por nada. Qualquer coisa
Mudar o nome de uma cidade para marketing, da comunicação, da história, que vier este povo aceita. Já disse o que
adaptar-se ao turismo é algo impensável. da lingüística e outras muitas áreas é que tinha de dizer. Talvez até o dia da audi-
Seria falta de personalidade. Muito pelo mudar oficialmente o nome da cidade ência, diga mais.
contrário, os críticos do turismo, denun- para Foz do Iguassu é resgatar a histó- Enquanto isso, a TAM anuncia que
ciam a espécie de prostituição que já ria. Na época em que o Exército Impe- vai deixar de voar entre Assunção e Foz
do Iguaçu a partir de primeiro de setem-

Iguaçu, Iguazú, Iguabu, Yguazú, bro. O motivo eu já disse em público:


falta de passageiros. O avião voa vazio.

Iguachu, Y-Guaçu, Igouassu, Iguacu


O que é ruim para a economia da em-
presa e horrível para a ecologia. É anti-
Como você vê acima, a palavra Iguaçu é dizer que “Yguazú é guarani. Ao contrário, ecológico voar vazio. E todo mundo cul-
muito complicada. Todas as maneiras acima de Iguaçu ou qualquer outra com “i” que se pa a Infraero! Calma Infraero! Ninguém
são maneiras de escrevê-la. A primeira, pode afirmar “são palavras de “origem” se lembra de que nunca existiu um pro-
maneira que aparece é a utilizada na guarani. Entendeu? Continuemos. grama de incentivo a este vôo! Obrigado
Argentina e em toda a América Latina e TAM mas se não deu, fazer o quê?
Espanha, com a exceção do Paraguai, que Leia na edição 8 do blog do
utiliza, fielmente, a grafia Yguazú. jornalista a íntegra do imperdível Texto publicado originalmente no blog
De todas as grafias, a paraguaia é que texto que contribui para do jornalista Jackson Lima
realmente grafa o idioma guarani. Pode-se discussão sobre o projeto de lei. http://notasdoturismo.myblogsite.com/
COMUNICAÇÃO Prensa 11

“Todo cidadão é um repórter”


Profissionais orientam comunidade do São Francisco a promover “jornalismo participativo”

Alexandre Palmar pórter-Cidadão; professora Rosane


Antonia de Souza, vice-diretora do Co-
“Você ficou famoso.” “Olha a mãe légio Estadual Dom Pedro II; e do Frei
ali na foto.” “Não gostei desse negócio. Camilo.
Vou pedir para mudar.” “Nem acredito Todos contribuíram para que o pro-
que conseguimos.” “Vou mostrar o jor- jeto, chamado por alguns incrédulos de
nal para Larissa e alugar a mina.” Essas sonho ou de fábrica de ilusões, concre-
são algumas das frases ditas no lança- tizasse-se, tomasse corpo. “Buscamos
mento do Jornal Comunidade São Francis- ouvir o que a comunidade tem a dizer,
co, o mais novo veículo de comunicação o que ela pensa e o que ela quer repor-
de bairro de Foz do Iguaçu. tar sem precisar necessariamente de um
Os comentários demonstram como porta-voz”, contou Lichtnow.
uma comunidade pode construir sua Dila acredita que o resultado servi-
identidade em poucas folhas de papel. rá como instrumento para levantar a dig-
Crianças, adolescentes, jovens, adultos nidade do bairro e dar exemplo para
e idosos lotaram o salão da igreja do bair- jovens de toda a cidade. “Nós gostaría-
ro para ver de perto e em primeira mão mos que o jornal não ficasse restrito ao
a estréia do jornal, fruto do trabalho dos Reprodução da capa da primeira edição do Morumbi. Gostaríamos que todo cida-
Jornal Comunicadade Sâo Francisco
próprios moradores, com orientação de dão pudesse, através da crítica positiva
dois jornalistas iguaçuenses. ou não, participar desse modelo”, afir-
Talvez esteja aí o diferencial do im- Pedro e Elias também tiveram o mou. Ainda em seu depoimento, com-
presso. Sob o conceito “Todo cidadão é mérito de elevar os jovens organizando pletou, sem esconder a emoção. “Ver o
um repórter”, o jornal é o resultado do a formatura da primeira turma de re- jornal era como ver o nascimento de
intercâmbio entre os profissionais Pedro pórteres-cidadãos que participaram das um filho. Tenho certeza que muitos jo-
Lichtnow e Elias Herculano e estudan- oficinas de jornalismo participativo. “To- vens hoje dizem com orgulho ‘este é o
tes — grande parte de 14 a 16 anos. A dos são filhos de moradores dessa re- jornal do meu bairro’.”
dupla escolheu dividir o conhecimento gião, o que é um motivo de orgulho para Em tempo. O conteúdo é todo feito
adquirido na vida e nos bancos acadê- os pais, professores, colegas e para a pelos “correspondentes populares”, mas
micos com alunos do São Francisco — nossa região”, disse Herculano. a diagramação coube aos jornalistas. O
região subdividida por 24 bairros, que O trabalho, afirmam, só foi possível impresso tem capa e contracapa colori-
totalizam 47 mil moradores. ser realizado graças à aceitação da co- das, páginas internas em preto e branco.
A dupla organizou uma série de ofi- munidade e ao apoio de pessoas como Seria interessante abusar menos dos fun-
cinas na sede da União dos Deficientes Adilamar Kunzler, a Dila, assessora téc- dos pretos e cinzas (o recurso às vezes
Físicos (UDF) e no Colégio Dom Pedro nica responsável pela região leste e co- cansa a leitura) e distribuir melhor o sig-
II, num período de quase dois meses. ordenadora do projeto Repórter-Cida- nificativo espaço dedicado aos anúnci-
Foram daqueles encontros que saíram a dão; Sérgio de Paula, presidente da As- os (o número de publicidade é grande,
escolha das pautas, as matérias, os arti- sociação de Moradores e Amigos do 1º pela óbvia necessidade de pagar os cus-
gos, as fotografias, as ilustrações, as crô- de Maio e coordenador do projeto Re- tos de produção e impressão).
nicas e resenhas. Dessa forma os dois
conseguiram promover a almejada co-
“Pude conhecer mais a fundo a situação do posto de saúde”
municação horizontal.
Seria o jornalismo comunitário das “Este projeto onde fui convidada a participar me ajudou a ter uma outra visão mediante a
antigas. Para a dupla, é jornalismo nossa comunidade. Pude conhecer, por exemplo, mais a fundo a real situação em que nosso posto
participativo, “um conceito nascido em de saúde se encontra e qual a opinião da comunidade perante esse assunto. Também desenvolvi
2000, nos EUA, propagado na internet. minha habilidade em redação, que após sete vezes corrigi-la cheguei onde realmente ficou claro
O modelo permite de forma igualitária para a pessoa que ler consiga entender com clareza. Está sendo uma experiência ótima, pois já
a participação da sociedade no ando pensando em seguir a carreira de jornalista.
gerenciamento de um veículo de comu- O contato com outros alunos que não conversava direito no colégio também foi legal, fiz novas
nicação, produção e elaboração de con- amizades. Estou tendo uma noção do que é ser jornalista e confesso estar gostando muito. Meus
teúdos informativos. Nessa concepção, pais ficaram orgulhosos em saber que estou participando desse projeto e me apóiam nisso. Do
o público deixa de ser mero expectador mais, estou adorando tudo e espero ser uma ótima experiência para que eu leve adiante e me
para fazer parte de todo o processo de torne, quem sabe, uma jornalista.”
comunicação”. Jaqueline de Fátima Guimarães
12 TALENTO Prensa

“Retratos de Itaipu” ganha espaços de Foz


Exposição reúne 34 fotos do fotojornalista Caio Coronel; trabalho está no saguão da PF
Patricia Yunovich

Pela primeira vez, o fotógrafo Caio


Coronel, da Divisão de Imprensa de
Itaipu, expõe seus trabalhos fora das
dependências da usina. A mostra
“Retratos de Itaipu” está aberta no sa-
guão da Polícia Federal, onde fica
até o dia 30 de agosto, seguindo depois
para a agência centro da Caixa Econô-
mica Federal. Ao todo são 34 fotos, com
cenas gerais da barragem, do vertedouro
e de outros pontos de Itaipu.
É uma verdadeira viagem por Itaipu,
nas imagens que Caio Coronel captou

Caio Coronel está desde 1993 na Divisão de Imprensa da usina

ao longo de 12 anos como fotógrafo da possa conhecer o seu trabalho.


binacional. Ele afirma que, apesar de Caio Coronel, filho de pais
todo esse tempo, ainda busca “a melhor paraguaios, mas nascido em terras bra-
imagem” e não se cansa nunca de bus- sileiras, é um retrato perfeito da trajetó-
car detalhes e de fotografar os empre- ria da maioria dos trabalhadores e tra-
gados em ação para garantir 25% de toda balhadoras de Itaipu. De garçom a se-
a energia elétrica que o Brasil consome cretário na superintendência de Obras,
e 95% de toda a demanda paraguaia. desde 1993 ele está na Divisão de Im-
Itaipu, por suas características, é uma prensa, onde se iniciou na arte da foto-
fonte inesgotável de boas imagens, como grafia. Desde então fez cursos, apren-
ele mesmo comprova. deu técnicas com profissionais experi-
Depois da sede da PF, a exposição entes e, hoje, é também um mestre, que
será levada à agência centro da Caixa além do conhecimento alia sensibilida-
Econômica Federal, em Foz do Iguaçu, de e um olhar jornalístico ou estético
Imagens revelam detalhes e seguirá também para outros locais, para sobre aspectos que a outros passam des-
do gigantismo da usina que a população do Oeste do Estado percebidos.

Pré-sindicalização leva vantagens ao acadêmico de jornalismo


Uma boa notícia aos acadêmicos de A adesão garante preços reduzidos As fichas estão disponíveis no sin-
jornalismo é a pré-sindicalização. O es- em cinemas, locadoras e diversos esta- dicato e podem ser preenchidas no site
tudante que optar por essa condição irá belecimentos, além do empréstimo de do sindicato e impressas para ser enca-
receber em casa o jornal Extra Pauta, o livros e revistas na biblioteca do Sindijor. minhadas. Ainda é necessário entregar
Prensa e os boletins eletrônicos do Com isso, o Sindijor visa aproximar-se uma foto 3x4. A fotografia pode ser
Sindijor, terá a carteira do clube de des- dos estudantes e fomentar o sentimen- entregue diretamente no Sindijor ou en-
contos e contará com tratamento dife- to de classe. viada em qualquer formato digital para
renciado na biblioteca e nos eventos O custo para a pré-sindicalização é o e-mail sindicato@allsul.com.br.
promovidos pelo sindicato. de R$ 15,00, apenas para cobrir as O Sindijor vai produzir camisetas
Com os dois jornais é possível ficar despesas operacionais. Para efetivar a para ser vendidas aos pré-sindicaliza-
a par das discussões da classe nos níveis pré-sindicalização, além da taxa, é ne- dos ao preço de R$ 15,00. Em caso
municipal, estadual, nacional e interna- cessário apresentar aos centros acadê- de dúvida, você pode ligar para (41)
cional. Os boletins eletrônicos do micos parceiros ou ao Sindijor declara- 224-9296, enviar um e-mail para
Sindijor trazem informações quentes so- ção de matrícula acompanhada da ficha formacao@sindijorpr.org.br ou visitar
bre a categoria. de inscrição devidamente preenchida. o endereço wwww.sindijorpr.org.br.

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