RITUAL ROMANO
RESTAURADO POR DECRETO DO CONCILIO
ECUMENICO VATICANO II E PROMULGADO
PELA AUTORIDADE DE JOAO PAULO II
RITUAL
DO MATRIMONIO
Tradugdo portuguesa para.o Brasil da segunda edi¢do tipica.
PAULUSly
IMPORTANCIA E DIGNIDADE
DO SACRAMENTO DO MATRIMONIO
1. Aalianga matrimonial, pela qual o homem ea mulher constituem
entre si uma comunhio para toda a vida!, recebe da criagdo seu vigor
e sua forca, bem como € levada a uma dignidade mais alta em favor
dos fiéis, uma vez que se inclui entre os Sacramentos da Igreja.
2. O Matriménio é constituido pelo pacto conjugal, ou seja, o
consentimento mutuo e irrevogavel, mediante o qual os cénjuges
se doam e recebem mutuamente. A prépria uniao do homeme da
mulher e o bem dos filhos exigem a perfeita fidelidade dos
cénjuges e sua indissoltivel unidade*.
3. A instituigdo do Matriménio e o amor dos cénjuges, pela sua
indole natural, se destinama procria¢&o e educagao dos filhos, em
que culminam, como numa coroa?; e os filhos s&o, na verdade, o
mais excelente dom do Matriménio e muito contribuem para a
felicidade dos préprios pais.
4.A intima comunhao de vida e de amor, pela qual os cénjuges “j4
nao sao dois, mas uma s6 carne”, foi estabelecida pelo Criador,
instruida com suas leis e dotada com sua béngio, a tinica que nao foi
abolida nem pelo castigo do pecado original. Este vinculo sagrado,
portanto, n&o depende do arbitrio humano, mas do préprio autor do
Matriménio, que o quis dotado de varios bens e fins®,
5. Na verdade, fazendo nova criatura e novas todas as coisas’, o
Cristo Senhor quis o Matriménio reconduzido a sua forma e
santidade primitivas, de tal modo que o que Deus uniu, o homem
1. CIC, cn, 1055, § 1.
2. CE Cone. Vat. IT, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 48.
3. CE, ibidem.
4. Mt 19,6,
5. Cf. a Béngao nupcial.
8. CE Cone. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 48.
7. CE, 2Cor 5,17.14 INTRODUCAO GERAL
nao separe’, e, ainda mais, elevou este pacto conjugal indissohivel &
dignidade de Sacramento para que significasse mais claramente e
exprimisse mais facilmente a imagem da sua propria alianca com a
Tgreja®.
6. Com a sua presenga levou a béncao e a alegria As bodas de Cana,
transformando a 4gua em vinho, significando, assim, antecipada-
mente a hora da nova e eterna alianga: “Pois, como outrora Deus
tomouainiciativa do pacto de amor e fidelidade com seu povo, assim
agora 0 Salvador dos homens”!® se apresenta a Igreja como esposo,
reali-zando com ela uma alianga em seu mistério pascal.
7. Pelo Batismo, sacramento da fé, o homem e a mulher, uma sé
vez e para sempre, se inserem na alianga de Cristo com a Igreja,
de tal modo que a sua comunh4o conjugal seja assumida no amor
de Cristo e enriquecida com 0 valor de seu sacrificio!!. Desta nova
condig&o se segue que o Matrimonio valido entre batizados é
sempre um Sacramento!?. -
8. Pelo Sacramento do Matriménio, os cénjuges cristios expri-
mem 0 mistério da unidade e do amor fecundo entre Cristo e a
Igreja, e dele participam!®; por isso, ajudam-se na santificacao um.
ao outro na vida conjugal, como na aceitago e educagao dos
filhos; e tém para isso, no seu estado e fungdo, um dom especial
dentro do povo de Deus'*.
9. Por este Sacramento, o Espirito Santo faz com que, assim como
Cristo amou a Igreja e se entregou por ela!>, assim também os
cénjuges cristaos, por uma igual dignidade, por uma doacdo
mttua e por um amor inquebrantavel, que brota da divina fonte
da caridade, se esforcem por viver e alimentar a sua unido, de
modo que, juntados o humano e 0 divino, permanegam fiéis de
8. Mt 19,6.
9. Cf. Cone. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 48.
10. Cf. Cone. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 48.
11. Cf. Joo Paulo II, Exortacao Apostélica Familiaris consortio, n, 13: A.AS. 74 (1982), p. 95;
cf. Conc. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 48.
12. CE. CIC, cn. 1055, § 2.
13. Ch BE
14. CE 1Cor7,
15. CE. EE 5,2:
Cone. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja no mundo de hoje, L.G., n. 11.INTRODUCAO GERAL 15
corpo e alma, na alegria e na tristeza!®, afastados totalmente de
toda a espécie de adultério e divércio!”.
10. O cultivo verdadeiro do amor conjugal e toda a estrutura da vida
familiar, sem desprezar os outros fins do Matriménio, tendem a
dispor os cOnjuges cristéos a cooperarem corajosamente com o
mesmo Criador e Salvador, que, por intermédio deles, aumenta e
enriquece a sua familia!®. Assim, confiados na divina Providéncia e
cultivando o espirito de sacrificio', glorificam o Criador e marcham
para perfeicao em Cristo quando exercem a funcio de procriar com
responsabilidade generosa, humana e crista?°.
11. Deus, porém, que chamou os esposos ao Matriménio, para o
mesmo Matriménio continua a chamar muitos outros”!, Aqueles
que se casam em Cristo, em fidelidade 4 Palavra de Deus, devem
celebrar frutuosamente, viver honestamente e testemunhar pu-
blicamente diante de todos o mistério da unio de Cristo e da
Igreja. O Matriménio, desejado, preparado, celebrado e vivido na
vida de cada dia a luz da fé, é o “que a Igreja une, a doagao
confirma, a béngdo chancela, os anjos anunciam, o Pai ratifica...
Que jugo extraordindrio aceitam dois fiéis: 0 jugo de uma sé
esperanca, de um sé teor de vida, de um mesmo servigo! Sao
ambos como irmaos, ambos muito unidos, sem nenhuma separa-
¢ao nem de espirito, nem da carne; e, quandoacarne éumasé6, um
s6 também é 0 espirito”?.
16. Cf. Cone. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., nn. 48 e 50.
17. CE. ibidem, n. 49,
18. Cf. Cone. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 48.
19. CE. 1Cor 7,
20. Cf. Cone. Vat. II, Const. pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje, G.S., n. 50.
21. CE, Joao Paulo IT, Exortacio Pastoral, Familiaris consortio, n. 51: A.A.S. 74 (1982), p. 143,
22. Tertuliano, Ad wxorem, I, 8: CCL I, 393.