Aos 3 anos, a me de Temple a leva ao ortofonista e insiste em que a menina use um
chapu. Temple resiste a us-lo pois sente que ele lhe aperta as orelhas e o cabelo, e decide atir-o pela janela. Mas ela pequena demais para alcanar a manivela, ento o atira pela janela do motorista, assustando sua me e provocando um acidente. O carro derrapa e entra na contra-mo, sendo atingido por um caminho vermelho. Eu gritei gelo, gelo, depois que o vidro quebrado choveu sobre mim. Eu no tinha medo nenhum. Aquilo era muito apaixonante. Um lado do carro estava despedaado. Era um milagre que nos no tivssemos morrido os trs no impacto. Era outro que eu pudesse pronunciar sucintamente a palavra gelo. Sendo uma criana autista, falar era um dos meus piores problemas. Mesmo que pudesse compreender tudo o que as pessoas dissessem, minhas respostas eram limitadas. Eu tentava, ma a maior parte do tempo mas palavras no apareciam. Simplesmente as palavras no saam. Isso parecia uma gagueira. Porm, s vezes, ele pronunciava as palavras, como tinha feito com gelo, bem claramente. Isso se produzia fora de momentos de grande tenso como o acidente de carro, quando o stress chegava a vencer a barreira que, habitualmente, me impedia de falar. Esse um dos aspectos inexplicveis, frustrantes, confusos do autismo infantil que