O documento descreve a origem e características da Umbanda Omolokô. Segundo o texto, a palavra Omolokô tem origem iorubá e significa "filhos da fazenda", referindo-se aos locais rurais onde o culto era realizado devido à repressão policial. O culto Omolokô teve influência de tradições angolanas e é considerado um dos principais influenciadores da formação da Umbanda no Brasil, enfatizando elementos africanos como o uso de tambores e cantos em línguas africanas.
O documento descreve a origem e características da Umbanda Omolokô. Segundo o texto, a palavra Omolokô tem origem iorubá e significa "filhos da fazenda", referindo-se aos locais rurais onde o culto era realizado devido à repressão policial. O culto Omolokô teve influência de tradições angolanas e é considerado um dos principais influenciadores da formação da Umbanda no Brasil, enfatizando elementos africanos como o uso de tambores e cantos em línguas africanas.
O documento descreve a origem e características da Umbanda Omolokô. Segundo o texto, a palavra Omolokô tem origem iorubá e significa "filhos da fazenda", referindo-se aos locais rurais onde o culto era realizado devido à repressão policial. O culto Omolokô teve influência de tradições angolanas e é considerado um dos principais influenciadores da formação da Umbanda no Brasil, enfatizando elementos africanos como o uso de tambores e cantos em línguas africanas.
O Babalorix Ornato Jos da Silva afirma, em seu livro, Culto
Omolok: os filhos do Terreiro, que a palavra Omolok de origem Yorb e significa: m (filho) e Oko (fazenda). A fazenda, para o autor, seria a zona rural onde esse culto, por causa da represso policial que havia naquela poca (incio do sculo XX), era realizado, ou seja, na mata ou em lugar de difcil acesso, no interior das fazendas dos donos de escravizados.[2] Talvez, por causa disso, possamos teorizar que hoje temos as denominaes de "Terreiro" e "Roa" para os lugares onde os cultos afro-brasileiros e de matriz africana so realizados. Podemos relacionar o significado da palavra Omolok, tambm, com o r Oko, Orix da agricultura ou com o r Irk, Orix que habita a rvore de mesmo nome e cultuado no Candombl. Segundo se diz, o orix Oko era cultuado no Rio de Janeiro e era assentado junto com o r si (Oxossi), porm no h dados que possam confirmar isso. Outra associao que podemos fazer a sua relao ao vodun Loko cultuado pelo povo Fon-Jje, que tem como correspondente yorb o orix Iroko, e que por sua vez, corresponde ao inkice Tempo na nao Angola. Na poca em que os cultos religiosos de origem africana eram proibidos, esse Orix foi sincretizado a Santo Onofre. Pesquisas mais recentes do conta de que a origem do nome Omoloko, tambm est ligado ao povo Loko. A tribo Loko estava divida em tribos menores ao longo dos Rios Mitombo, Bnue e Nger, e no litoral de Serra Leoa. Sua cidade principal era Lokoja, que ficava muito prximo ao reino Yorb. Cr-se que alguns escravizados do povo Loko, no Brasil, vieram a formar o que alguns chamam de Nao Omolok. Segundo Tata Tancredo da Silva Pinto, o maior incentivador da Umbanda Omolok, o culto Omolok chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era praticado por uma pequena tribo pertencente ao grupo Lunda-Quico, que ficava s margens do rio Zambeze, que lhes fornecia alimentao no perodo das cheias. Para o msico e escritor Nei Lopes o Omolok seria um antigo culto banto cuja expanso se verificou principalmente no Rio de Janeiro, na primeira metade do Sc. XX. O nome liga-se provavelmente ao quimbundo muloko, juramento; ou ao suto, moloko, genealogia, gerao, tribo. Na Angola pr- colonial, Nganga-ia-Muloko era o sacerdote encarregado da proteo contra os raios.[3]
Podemos afirmar, ento, que o nome Omolok define um culto
originrio do Rio de Janeiro com prticas rituais e de culto aos Orixs, Bacuros/Inkices ou Voduns e que possui, tambm, culto aos Caboclos, Pretos-velhos, Exus e demais Entidades Espirituais da Umbanda em geral. O culto Omolok apontado por estudiosos do assunto e praticantes como um dos principais influenciadores da formao da Umbanda africanizada ao lado do Candombl de Caboclo, da Cabula e do prprio Candombl.[4] Em que pese essa ligao principal com o Rio de Janeiro, sabe- se que o Omolok organizou-se principalmente em algumas regies do sudeste do pas, que forneceram grande contingentes de migrantes para a capital do Estado da Guanabara. [...] O Omolok era forte na zona da mata mineira, em todo o estado do Rio, no nordeste paulista e em parte do Esprito Santo sobretudo nas reas rurais. As correntes migratrias internas teriam trazido (ou reforado) essa modalidade de religio afro-brasileira para o Rio de Janeiro e elas existiam tambm em outras partes da cidade: Luiz Edmundo (1987, pp. 72- 73), por exemplo, relata a existncia, no incio do sculo XX, de um Terreiro na antiga travessa do Castelo, comandado por um certo Joo Gamba, natural de Luanda, cujos rituais apresentavam formas muito semelhantes de incorporao e ressignificao de diferentes matrizes religiosas.[5]
No culto Omolok as divindades possuem nomes em lngua
Yorb, Fon-Ewe ou Congo-Angola. Na maioria dos Terreiros Omolok h o culto aos Orixs, em semelhana ao Candombl Ketu, por isso so utilizados os Ork (poemas laudatrios, que mencionam os valores, atividade e importncia de um Orix, Rei, autoridade etc) para homenage-los. Os Ork (nomes iniciticos) so dados por meio da consulta ao Jogo de Bzios. Seus "assentamentos" so semelhantes aos feitos no Candombl e os Exus so feitos em argila, semelhana de um busto de uma pessoa, ou ento, simbolicamente, em ferro. A Umbanda Omolok foi organizada por Tata Tancredo da Silva Pinto, cujo nome inicitico (Sunna) era Flktu Olrf. Para ele, o culto Omolok chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era praticado por uma pequena tribo pertencente ao grupo Lunda-Quico, que ficava s margens do rio Zambeze, que lhes fornecia alimentao no perodo das cheias. Tata Tancredo afirmava que a Umbanda [gn] africana, um patrimnio da raa negra e que achava graa quando ouvia os lderes da Umbanda Branca dizendo que a religio [apenas] sofre influncia das tradies africanas[6]. Para ele, a Umbanda um culto de origem africana e esse vis africanista da Umbanda pode ser visto em uma de suas afirmaes: Terreiro de Umbanda que no usar tambores e outros instrumentos rituais, que no cantar pontos em linguagem africana, que no oferecer sacrifcio de preceito e nem preparar comida de santo, pode ser tudo, menos Terreiro de Umbanda. Para afirmar a caracterstica africana da Umbanda e dar uma formao intelectual aos praticantes do Omolok, organiza no Rio de Janeiro o primeiro curso de lngua e cultura Iorub. Na Umbanda Omolok h o culto aos Orixs (se tiver um vis Ketu), aos Bacuros e Inkices (se tiver um vis Angola-Bantu) ou Voduns (se tiver um vis Fon-Jje). H tambm o culto s entidades encontradas em outras vertentes de Umbanda tais como Pretos Velhos, Boiadeiros, Baianos, Marinheiros, Crianas, Exus, Pomba Gira (Bombogira) e outras entidades encontradas no Catimb- Jurema, Tor, Babau, Tambor de Mina etc. Na Umbanda Omolok h iniciao para Orix, Vodun ou Bacuro, com recolhimento do iniciando camarinha por um perodo no inferior a trs dias. Alm da chamada divindade tutelar, que assentado primeiro, o membro de um Terreiro de Umbanda Omolok iniciado para mais duas outras divindades, que faro parte do enredo espiritual do adepto. H, tambm, a consagrao para as entidades espirituais com as quais trabalharo, que sero firmadas ou assentadas. Vrias casas de Umbanda, cujas formas de culto so consideradas de cunho africanista, originaram-se do culto Omolok, ou das antigas Casas de Macumba que, mais tarde, foram reconhecidas como praticantes do culto Omolok, especialmente depois da divulgao de suas prticas nos livros escritos por Tata Tancredo da Silva Pinto. Essas Casas mantiveram uma estrutura de culto aos Orixs, em harmonia com os guias espirituais.[7] Sobre a Umbanda Omolok, podemos ver no stio de Internet da Federao de Umbanda do Brasil (FUB) a seguinte afirmao: No objetivamos afirmar que a Umbanda Omolok seja a melhor ou a pior. Em minha concepo a Omolok a mais original, no sentido de manifestaes, a que mais se prxima daquilo que as entidades que povoam os cultos afro-brasileiros ou afro-amerndios representam. No Omolok as entidades no precisam se utilizar dos comportamentos doutrinados, em que tudo padro. As entidades podem se manifestar livremente e isso muito desejvel. Os Babalorixs e Ylorixs no determinam como as entidades devem se manifestar, apenas determinam como deve ser o comportamento tico do mdium, colaborando com seu crescimento espiritual, atraindo para si entidades de Luz.[8]
[1] Esse texto foi escrito em 2012 e revisado e corrigido em 2017, por mim, Mrio Alves da Silva Filho.
* Sacerdote afro-religioso, dirigente do Templo Espiritual Pantera Negra e
do Il If Ajgnml OltAiy. Especialista e Mestre em Cincias da Religio, pela PUC/SP; especialista em Histria da frica e do Negro do Brasil, pela UCAM; especialista em Polticas Pblicas de Segurana Pblica, pela PUC/SP; Bacharel e Mestre em Cincias Policiais de Segurana e Ordem Pblica, pela APMBB. Endereo eletrnico: ezezide@gmail.com
[2] SILVA, Ornato Jos da. Culto Omoloko: os filhos do Terreiro. Rio de Janeiro: Rabao Editora, 1980.
[3] LOPES, Nei. Enciclpedia brasileira da Dispora Brasileira. So Paulo:
Selo Negro, 2004, p. 497.
[4] OMOLU, Caio de. Umbanda Omoloc: liturgia, rito e convergncia.
So Paulo: Ed. Icone, 2002.
[5] CUNHA, M. Clementina Pereira. No t sopa: sambas e sambistas no
Rio de Janeiro, de 1890 a 1930. Campinas: Ed. UNICAMP, 2016, s/p.
[6] FREITAS, Byron Torres de & PINTO, Tancredo da Silva. Camba de
Umbanda. Rio de Janeiro: Editora Souza, 1956.
[7] OMOLU, Caio de. Umbanda Omoloc: liturgia, rito e convergncia.