O livro analisa a história da beleza negra no Brasil em três períodos: 1) Século XVIII-1888, quando a beleza negra era vista como exótica e explorada sexualmente durante a escravidão; 2) 1888-1995, quando houve esforços para "reeducar" a raça negra e adequá-la aos padrões brancos; 3) 1996 até hoje, com a multiplicidade de representações influenciadas por mídia, mercado e políticas afirmativas.
O livro analisa a história da beleza negra no Brasil em três períodos: 1) Século XVIII-1888, quando a beleza negra era vista como exótica e explorada sexualmente durante a escravidão; 2) 1888-1995, quando houve esforços para "reeducar" a raça negra e adequá-la aos padrões brancos; 3) 1996 até hoje, com a multiplicidade de representações influenciadas por mídia, mercado e políticas afirmativas.
O livro analisa a história da beleza negra no Brasil em três períodos: 1) Século XVIII-1888, quando a beleza negra era vista como exótica e explorada sexualmente durante a escravidão; 2) 1888-1995, quando houve esforços para "reeducar" a raça negra e adequá-la aos padrões brancos; 3) 1996 até hoje, com a multiplicidade de representações influenciadas por mídia, mercado e políticas afirmativas.
HISTRIA DA BELEZA NEGRA NO BRASIL: discursos, corpos e prticas
Juciara Perminio de Queiroz 1
Jos Valdir Jesus de Santana2
BRAGA, Amanda Batista. Histria da beleza negra no Brasil: discursos,
corpos e prticas. So Carlos: EduFSCAR, 2015. Amanda Braga professora Adjunta do Departamento de Letras Clssicas e Vernculas da Universidade Federal da Paraba Campus I, possui Mestrado em Lingustica pela Universidade Federal de So Carlos e Doutorado em Letras pela Universidade Federal da Paraba. A obra acima citada fruto da sua tese de doutorado e faz uma anlise da Histria da Beleza Negra no Brasil em trs momentos distintos, tendo como base a Teoria da Anlise do Discurso e as contribuies conceituais e metodolgicas do francs Michel Foucault. Est organizada em apresentao com o tema Decifrar a Histria da Beleza Negra: vestgios de nossa estranha civilizao; introduo intitulada Trs Retratos em Branco e Preto, onde apresentada a pesquisa, os objetivos que guiaram o estudo, a metodologia utilizada e a sntese dos trs captulos. Por fim as notas finais com as impresses da pesquisa. No primeiro captulo, Retratos de uma beleza castigada (sculo XVIII 1888) a autora traa uma trajetria da beleza feminina a partir das diferentes Vnus, desde a clssica at o surgimento da Vnus negra mostrando que at o sculo XVIII ela era espelho de beleza, independentemente da concepo adotada. No sculo XIX surge na Frana a Vnus negra ou Vnus hotentote, nascida na frica do Sul em 1789 com 1,35 de altura, pertencia ao povo Khoisan. Pelos atributos fsicos considerados exticos aos olhos dos europeus, ela foi exposta em feiras, circos e teatros. As diferenas raciais foram a princpio objeto de espetculo, diante de olhares prontos a adivinhar a anomalia monstruosa sob a estranheza extica. Marcam-se ento, os ttulos de selvagem e civilizado. A ideia de inferiorizao das raas atravessa o Atlntico e desembarca no Brasil com o trfico de africanos na condio de escravos. A partir de imagens, litografias, aquarelas e anncios de jornais ela demonstra como a beleza negra foi utilizada para a explorao sexual bem como foi disseminada a ideia da hipersexualidade da mulher negra, destacando o modo como o corpo negro foi discursivizado nas tramas de um sistema escravista, como seu corpo produzia sentido e,
1 Mestranda em Relaes tnicas e Contemporaneidade do Programa de Ps-Graduao em
Relaes tnicas e Contemporaneidade (PPGREC) do rgo de Educao e Relaes tnicas (ODEERE) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB. 2 Mestre em Educao e Contemporaneidade, pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB.
Doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal de So Carlos - UFSCAR. professor
Adjunto com dedicao exclusiva da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga. Professor do Mestrado em Relaes tnicas e Contemporaneidade nesta mesma Universidade. principalmente, como manifestava uma esttica no batimento entre os modelos de beleza africanos e os modelos de beleza europeus. No segundo capitulo, Retratos de uma beleza moral (1888 1995) mostra como aps a abolio era preciso reeducar a raa, subtrair-lhe os esteretipos consagrados ao negro pelos sculos anteriores: a preguia, a deseducao, o vcio da cachaa. O que entrava em jogo era o apelo a moral e aos bons costume cultivados poca. Smbolo dessa contraimagem so os concursos de beleza negra promovidos pela populao negra que auxiliam na construo de um conceito beleza negra, e apresentam uma resposta imagem da mulata promscua que vimos nascer no perodo escravocrata. A pesquisa identifica vrias prticas na imprensa negra para a adequao da beleza negra beleza europeia, como por exemplo o incentivo a prticas de alisamento de cabelo. A beleza no passa pelo corpo, mas pela moral. Ainda nesse capitulo destaca o surgimento da Frente Negra Brasileira como a maior expresso da conscincia poltica afro-brasileira da poca, reunindo foras num movimento de massa, com vistas a resgatar o negro da condio de excluso em que se encontrava. Faz tambm uma anlise sobre algumas publicaes do A Voz da Raa que apresenta ao educativa para o negro se adequar aos padres brancos exigidos na poca. Encerrando o captulo aborda o Teatro Experimental do Negro que agregava artes cnicas, cultura, educao e poltica, na tentativa de recuperar uma populao negra no apenas isenta do sistema de ensino, mas do processo de inferiorizao cultural dos bens simblicos africanos, bem como as publicaes do jornal Quilombo que demonstram um novo perodo no que se refere ao processo de resistncia e autoafirmao da populao negra no Brasil. No terceiro capitulo, Retratos de uma beleza multiplicada (1996 Atual) oferece uma viso (parcial) das representaes que temos da beleza negra a partir das polticas afirmativas. Os conceitos beleza negra est respaldados pela histria, mas tambm atravessados pelos discursos da mdia, da moda, do mercado, da poltica, do consumo, da globalizao. Apresenta as continuidades dos discursos construdo no perodo escravocrata, a partir de anlise de peas publicitrias associando a mulata a comida, bebida e a sexo. A comercializao de emblemas afro-brasileiros uma prova de que os smbolos culturais africanos no foram sepultados, mas ressurgem enquanto depsito de memria. A obra em tela apresenta uma abordagem interessante sobre a trajetria histrica dos signos da beleza negra no Brasil, desperta a ateno do leitor para compreender a forma como o corpo negro foi e ainda discursivizado, apresentando as continuidades e descontinuidades nos discursos. A pesquisa demonstra o olhar e a interpretao da autora sobre as relaes raciais na sociedade brasileira no que se refere aos signos da beleza negra. Porm no leva em considerao a partir do ttulo de sua obra Histria da beleza negra no brasil: discursos, corpos e prticas a pluralidade dessas belezas, considerando que vieram de diversos lugares do continente africano. Outro aspecto a considerar que ao falar sobre a africana apresenta um discurso simplista sobre alguns assuntos como por exemplo, marcas de pertena tnica, o uso de turbantes, cabelos e penteados, dentre outros detalhes referentes a diversidades e profundidade de sentido e significado que cada um deles apresentam. Sugerimos a leitura da obra aos interessados em refletir sobre as relaes raciais no Brasil a partir da anlise de discursos, uma vez que apresenta conhecimentos importantes sobre a histria do/a negro/a na sociedade brasileira.