You are on page 1of 49

2010

Comércio Exterior | 1
Comércio Exterior | 1
2 | Comércio Exterior
Comércio Exterior | 3
A Namíbia e a busca por novos mercados

Ainda acossado pelos efeitos da séria crise financeira


que assolou o mundo nos meses finais de 2008, o comércio
internacional busca, aos poucos, se recompor. De fato,
ventos de preocupação vindos da zona do Euro fazem com
que a retomada da economia fique comprometida, resul-
tando, assim, em trocas comerciais de menor volume.
Contudo, mesmo convivendo dentro deste cenário nega-
tivo, o Brasil consegue dar passos largos rumo ao cresci-
mento econômico, que, segundo alguns analistas, alcança-
rá a marca de 7% em 2010 em relação a 2009.
Neste contexto, a FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE
COMÉRCIO EXTERIOR entende que o tema comércio
exterior precisa ganhar ainda maior relevância, porquanto
aprimorar mecanismos que facilitem o fluxo de merca-
dorias e serviços brasileiros mundo afora tem que estar
ao lado do processo de incremento da nossa economia.
Portanto, procurar e explorar novos mercados é,antes
CONSELHO DE
de tudo, uma estratégia necessária. CONSELHO DE
CÂMARAS DE COMÉRCIO
Em observância a esse movimento, foi realizado, no dia CÂMARAS DE COMÉRCIO
CONSELHO DE
DAS AMÉRICAS
24 de maio, o Seminário Bilateral de Comércio Exterior DAS AMÉRICAS
CONSELHO DE
CÂMARAS DE COMÉRCIO
e Investimentos Brasil-Namíbia. País localizado na África DASCÂMARAS DE COMÉRCIO
AMÉRICAS
CONSELHO DE
DAS AMÉRICAS
Austral, a Namíbia é um país de abundantes recursos CÂMARAS DE COMÉRCIO
naturais e que tem buscado, aos poucos, mostrar-se para DAS AMÉRICASEXPEDIENTE
Editorial

a comunidade internacional como uma nação de economia Produção


saudável e atraente para investimentos externos. Federação das Câmaras
Os recentes investimentos de empresas como a Petrobras de Comércio Exterior – FCCE
e a HRT dão prova de que o país africano pode representar Av. General Justo, 307/6o andar
um interessante parceiro para demais investidores Tel.: 55 21 3804 9289
e companhias brasileiras de vários segmentos econômi- e-mail: fcce@cnc.com.br
cos. Além disso, a Namíbia é um interessante portal de
entrada para a Área de Livre Comércio da África Austral, Editor
uma região com cerca de 300 milhões de habitantes e que Brunno Braga
vem apresentando, ano a ano, incremento no consumo
Assessora da Presidência
de ordem geral. Com efeito, tal dimensão de mercado não Maria Conceição Coelho de Souza
pode ser, com certeza, desprezado.
Com o intuito de presentear o leitor com informações Textos e Reportagens
Brunno Braga
pertinentes sobre o perfil de um país ainda desconhecido
de grande parte da população brasileira, a FCCE, mais Diagramação e Arte
uma vez, acredita estar cumprindo o seu papel, que é Thalita Teglas
buscar expandir as fronteiras do nosso comércio exterior Tel.: 55 21 8879-5570
e, por conseguinte, garantir uma melhor posição do Brasil
no cenário internacional pela via do comércio. Secretaria
Sérgio Rodrigo Dias Julio

BOA LEITURA Fotografia


Christina Bocayuva
O Editor
Jornalista Responsável
Brunno Braga (MTB 050598/00)
e-mail: carbrag29@yahoo.com.br
Tel.: 55 21 8880 2565

As opiniões emitidas nesta revista


são de responsabilidade de seus autores.
É permitida a reprodução dos textos,
desde que citada a fonte.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Entrevista | Embaixador da Namíbia elogia a FCCE pela realização do seminário 8

Programação 10

Abertura | Trabalhando para aumentar a cooperação bilateral 12

Painel I | Conhecer e investir 14

Sumário
Painel II | Energia para o desenvolvimento 18

Encerramento | Câmaras de comércio unidas 22

Petróleo e Gás | CEO da HRT fala sobre os investimentos na Namíbia 24

Comércio | “A Namíbia vê com bons olhos a política pró-África do governo brasileiro” 28

Conjuntura | “A Namíbia representa uma ótima oportunidade” 30

Desenvolvimento | “Queremos ser um hub country para as empresas brasileiras” 32

Agronegócio | Telma Gondo comenta sobre o setor de agronegócios nacionais 34

Evento | FCCE promove encontro entre empresários americanos 36

História | Conheça mais sobre o processo de independência da Namíbia 40

Acordos Bilaterais | Intercâmbio Comercial Brasil – Namíbia 42

Curtas 46
FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia
6 | Comércio Exterior
“É muito fácil
investir na Namíbia”
embaixador Hopelong Uushona Ipinge

Comércio Exterior | 7
Entrevista

Embaixador da
Namíbia elogia a FCCE
pela realização do
seminário

Servindo como embaixador da potência econômica do conti- comprometerem para o desen-


8 | Entrevista

Namíbia no Brasil há quatro nente, a África do Sul, e também volvimento das relações.
anos, Hopelong Uushona Ipinge, tem fronteira com Angola, outro
vem procurando intensificar as país importante da África. É Em que setores o senhor
relações entre os dois países. um país novo, com apenas 20 acha que o Brasil pode
Para o diplomata, o seminário, anos de independência política, contribuir para a economia
organizado pela FCCE, serviu mas que, aos poucos, consegue da Namíbia?
como ótimo catalizador para maturidade econômica e busca Hopelong Ipinge - O Brasil é um
o incremento do fluxo comer- cada vez mais se inserir no país que tem know how em tec-
cial, sobretudo para reforçar a comércio mundial. nologias em áreas nas quais elas
importância de se estabelecer podem ser aplicadas na Namíbia.
o comércio entre os países do Para o senhor, qual foi As áreas seriam na agricultura,
hemisfério sul. Administrador a importância deste têxtil, mineração, tecnologia da
e economista, Ipinge ressaltou seminário? informação e setor de óleo e
que a Namíbia aposta no know Hopelong Ipinge - A importância gás. Por isso, queremos apro-
how e eficiência das empre- deste encontro foi muito gran- veitar todo o conhecimento que
sas brasileiras para auxiliar o de. Isso porque pretendemos as empresas podem trazer ao
processo de desenvolvimento estender as nossa relações com nosso país. O nosso objetivo é
da Namíbia e aumentar a, ainda o Brasil, atrair investimentos não somente sermos receptores
incipiente, corrente comercial. brasileiros e a via comercial é o de investimentos,mas, também,
principal agente para que haja buscar criar mão-de-obra quali-
O senhor poderia contatos bilaterais maduros e ficada e preparada para atender
descrever a Namíbia? de alto nível. A Namíbia observa as demandas das empresas.
Hopelong Ipinge - A Namíbia é como importante a coopera- Recentemente, firmados um
um país de grandes contrastes. ção e o interesse de empresas acordo com o Ministério da
É um país de belezas naturais e brasileiras no nosso país, e este Agricultura do Brasil para inves-
de grande extensão territorial. seminário pode representar timentos na área de agricultura.
Só para exemplificar, o territó- o começo de uma nova etapa
rio do meu país equivale aos da para o nosso relacionamento Como o senhor avalia
França, Alemanha e Reino Unido bilateral. Vejo a enorme serie- os números da corrente
juntos. É um país rico em mine- dade dos participantes deste de comércio entre Brasil
rais e que é vizinho da maior seminário e a vontade de se e Namíbia?

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Hopelong Ipinge - Olhando as Já no plano regional, as para a competitividade. O ato
estatísticas, percebe-se que o negociações entre o Mercosul de investimento estrangeiro e
nosso comércio ainda é muito e SACU (União Aduaneira da sua garantia de um Certificado
pequeno. Por isso, para que África Austral, em sua sigla em de Status de Investimento,
possamos reverter esse quadro, inglês, formada pela África do Incentivos Especiais para
precisamos incentivar cada vez Sul, Namíbia, Botswana, Lesoto produtores e exportadores e
mais missões e operações de e Suazilândia) estão indo no a Zona de Incentivos para a
negócios. É necessário mudar caminho certo. Elas foram Exportação formam a fundação
o status quo do nosso comércio iniciadas a partir dos enten- e um atrativo regime de comér-
e estimular a cooperação entre dimentos conduzidos através cio. A Namíbia possui rodovias,
os países do Hemisfério Sul. É da Comissão Negociadora do estradas de ferro e infra-
preciso entender também que Acordo Marco Mercosul - África estrutura aérea de primeira
o comércio tem que se pautar do Sul, firmado em 2000. O qualidade bem como excelentes
como estratégia de Estado e objetivo é criar uma área de redes de telecomunicações, e
não de governo. Hoje, as rela- livre comércio. Em dezembro um sistema de abastecimento
ções entre os nossos governos de 2004, após três rodadas de boa qualidade e confiável.
encontram-se em ótimo nível. negociadoras, foi subscrito Além disso, a Namíbia possui
Mas, mesmo que no futuro não durante a reunião de Cúpula também reservas externas de
tenhamos governos tão alinha- do Mercosul, realizada em trocas estáveis e baixa inflação,
dos politicamente (e eu espero Belo Horizonte, um Acordo sem contar um porto eficiente e
que isso não aconteça), não pode de Preferências Tarifárias estrategicamente localizado.
deixar de haver como meta o Fixas. O governo brasileiro
incremento das relações de está avaliando a necessidade Como o povo namibiano
comércio e de investimento. de que o acordo seja envia- percebe o Brasil ?
do ao Congresso. Quando Hopelong Ipinge - Nós vemos

Entrevista | 9
E há iniciativas internalizado,o acordo vai os brasileiros como nossos
governamentais que podem estabelecer preferências para irmãos. A única barreira exis-
ser encampadas para que o comércio de cerca de 1.900 tente entre os nossos países
haja a solidificação das itens. Ainda há pendências a é o idioma. No entanto, vemos
relações comerciais? serem resolvidas sobre reci- um espírito de cooperação que
Hopelong Ipinge - Sim, os procidade de tratamentos. O está crescendo entre os nossos
nossos governos estão tra- acordo será baseado em regras povos. Recentemente, os nossos
balhando nisso, em âmbito específicas de origem que ain- governos firmaram acordo no
bilateral e regional. No plano da estão sendo negociadas,mas qual isenta os nossos povos da
bilateral, foi criada, em 1994, esperamos que ele entre em exig~encia de visto de turismo.
uma parceria entre Brasil vigor em 2012. Essa isenção é válida por 90
e Marinha na formação de dias. Isso vai fazer com que haja
pessoal, nos mais diversos Quais são as vantagens de um maior incentivo ao turismo,
níveis, totalizando cerca de se investir na Namíbia? que é um grande mecanismo
466 vagas utilizadas, sendo 48 Hopelong Ipinge - É muito fácil para o intercâmbio cultural.
para oficiais e 418 para pra- investir na Namíbia. No nosso Conheço muitos brasileiros
ças. Em 2001, foi assinado um país há o marco regulatório, que, depois de irem visitar a
acordo entre os dois governos segurança jurídica e incenti- África do Sul, estiveram na
para uma cooperação naval, vos fiscais. Tudo isso permite Namíbia e se encantaram com
em que a Marinha do Brasil se ao empresariado brasileiro as belezas naturais e a poten-
propôs a fornecer à Namíbia o garantias de que os seus cialidade turística do país. E, de
Navio-Patrulha (NPa) “Brendan investimentos não sofrerão com fato, nós oferecemos seguran-
Sinbwaye” à Marinha do nosso imprevisibilidades legislativas. ça, parques ecológicos, safaris.
país. Isso foi apenas um dos A Namíbia oferece oportunida- Estamos conversando com
pontos de destaque da coo- des em vários setores como na agências de turismo no Brasil
peração entre o Brasil e a agricultura, saúde, educação, para podermos divulgar ainda
Namíbia. Em 2004, foi assinado pesca, mineração, manufatura- mais a Namíbia para os brasi-
um acordo para fornecimento dos e turismo. Tendo criado um leiros, negociando com empre-
de um NPa de 200 toneladas e ambiente ideal para os negó- sas de turismo namibianas
de duas Lanchas-Patrulha para cios, o nosso país tem elabo- promoções para fechamento de
a Marinha namibiana. rado grandes incentivos fiscais pacotes turísticos.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


programação
do seminário de
comércio exterior
e investimentos
24 de MAIO de 2010
local: Av. General Justo nº 307
(sede da CNC)
RIO DE JANEIRO

14:00h Componentes da mesa: Presidente:


Abertura dos Trabalhos: Tjekero Tweya (Vice-Ministro Carlos Thadeu de Freitas
João Augusto de Souza de Estado da Indústria e Comércio Gomes (Chefe do Departamento
Lima (Presidente da FCCE) da Namíbia) Econômico da CNC)

Membros componentes
Sessão Solene de Abertura da Delegação da Namíbia Pronunciamento
Presidente da Sessão: Carlos Thadeu de Freitas Especial: Tjekero Tweya
Prof. Teóphilo Azeredo Gomes (Chefe do Departamento (Vice-Ministro de Estado da Indústria

Santos (Presidente do Conselho Econômico da CNC) e Comércio da Namíbia)

Superior da FCCE) Gustavo Capanema


(Diretor do Conselho Superior da FCCE) Expositores:
Pronunciamento Nghidinua Daniel (Secretário
especial: 14:30h Permanente do Ministério do

Hopelong Ushona PAINEL I: Oportunidades de Comércio e Indústria da Namíbia)

Ipinge (Embaixador negócios e investimentos Sra. Charity Nwya (Gerente


Plenipotenciário da Namíbia) na Namíbia Operacional do Ministério da Namíbia)
Intervalo – 10 minutos Expositores: Presidente da Sessão:
Telma Gondo (Coordenadora- Marco Polo Moreira Leite
15:30h geral de Ações no Mercado Externo, (Presidente do Conselho Superior de

PAINEL II: O apoio do Ministério da Agricultura, Comércio Exterior da ACRJ)

brasileiro a projetos nos Pecuária e Abastecimento)

setores de: construção Rodrigo Lucchesi Componentes da mesa:


civil e energia (Representante da Petrobras Embaixador Paulo Pires
Internacional) do Rio (Diretor-Conselheiro do
Presidente: Armando Marcio Rocha Mello ConselhoSuperior da FCCE)

Meziat (Secretario do (Presidente da HRT OIL & GAS) Jovelino Gomes Pires
desenvolvimento da Produção John Smith(Presidente do (Presidente da Câmara de Logística da AEB)

do MDIC) “Walvis Bay Corridor Group”) Paulo Fernando


Marcondes Ferraz (1º Vice-
Moderador: Prof. 18:00h Presidente da FCCE)

Jovelino Gomes Pires Sessão Solene de


(Presidente da Câmara de Logística da AEB) Encerramento: COQUETEL
Abertura

Trabalhando
para aumentar a
cooperação bilateral
Embaixador da Namíbia no Brasil diz
que é possível aumentar a corrente de
comércio entre os dois países

A Sessão Solene de Abertura do Conselho Superior da FCCE. Para Para ele, nos últimos anos, as rela-
12 | Abertura

Seminário Bilateral de Comércio fazer o pronunciamento especial, ções entre Brasil e Namíbia vêm
Exterior e Investimentos Brasil- Santos convidou o embaixador alcançando um estágio de melho-
Namíbia, o 49º seminário bilateral da Namíbia no Brasil, Hopelong rias e, por isso, o encontro serviu
realizado pela FCCE, conforme Ipinge. De início, o embaixador para sedimentar, ainda mais, esse
lembrou o presidente desta institui- Ipinge agradeceu a iniciativa processo. “A iniciativa dos gover-
ção, João Augusto de Souza Lima, da FCCE promover o primeiro nos dos dois países, que almejam
foi presida pelo professor Teóphilo seminário bilateral de comércio e aumentar as relações e coope-
de Azeredo Santos, presidente do investimentos entre os dois países. rações nas áreas de comércio e

Mesa da sessão solene de abertura do seminário bilateral Brasil - Namíbia


Embaixador Hopelong Ipinge elogiou a iniciativa da FCCE em promover o primeiro seminário bilateral Brasil - Namíbia

investimentos, é parte dos nossos demonstra grande interesse por e as vantagens de o país estrei-

Abertura | 13
esforços para encorajar e consoli- investimentos brasileiros em tar contatos comerciais com a
dar a nossa balança comercial den- áreas como energia, construção Namíbia. “O tamanho, a população,
tro do contexto de relações Sul-Sul. civil, telecomunicações, alimentos os recursos naturais e a tecnologia
Namíbia e Brasil estão trabalhando processados, couro, têxtil, manufa- avançada do Brasil falam por si
juntos em vários foros, incluindo turados e carnes. mesmo. A Namíbia é, também,
a Rodada de Negociações sobre O embaixador ressaltou que os rica em recursos naturais e busca
Acordos Comercial de Preferência contatos governamentais têm tido implementar políticas públicas
Mercosul-SACU (União Aduaneira papel de destaque. Ele lembrou avançadas, como o planejamento
dos país do sul da África,em sua que as relações diplomáticas se de marcos regulatórios direciona-
sigla em inglês), que pode forne- fortaleceram após a visita pro- dos para promover um ambiente
cer para os países dos dois blocos movida pelo presidente do Brasil, em prol do desenvolvimento do
isenção tarifária de mil produtos Luiz Inácio Lula da Silva à Namíbia, setor privado, comércio e coope-
a serem comercializados entre as em novembro de 2003. Em 2004, ração internacional”, comentou
regiões”, disse o diplomata. o então presidente da Namíbia, o diplomata. Ele explicou que em
Sam Nujoma, retribuiu a visita razão do seu passado colonial e
Cooperação e, em 2009, o atual presidente sua pequena população, a Namíbia
Para Ipinge, as excelentes rela- namibiano, Hifikepunye Pohamba, talvez não tenha suficiente know-
ções bilaterais entre os dois encontrou-se com o presidente how e tecnologia de ponta disponí-
países podem funcionar como Lula para elaborar, em conjunto, vel. No entanto, o diplomata disse
um importante ímpeto para que inúmeros acordos de cooperação que o governo namibiano trabalha
se promova parcerias e coopera- e Memorandos de Entendimento. para treinar a mão-de-obra do país,
ção econômica.”Nesse sentido, a Um dos acordos assinados foi o que está investindo no desenvolvimento
cooperação bilateral entre Brasil determinou a criação da Comissão da infra-estrutura e busca manter
e Namíbia é de grande potenciali- de Cooperação Brasil-Namíbia, o clima de estabilidade política e
dade. A Namíbia ganha, cada vez que irá ser efetivada em 2011. de paz interna, verificado desde a
mais, representatividade no conti- independência do país,há 20 anos.
nente africano. Por isso, estamos Recursos naturais “A partir desses objetivos men-
empreendendo esforços para que O embaixador ressaltou o fato de cionados, o governo da Namíbia
haja um verdadeiro desenvolvi- o Brasil estar se colocando para está determinado em construir um
mento econômico”.analisou. Ele a comunidade internacional como duradouro processo de integração
acrescentou que o país africano um país de economia emergente econômica com o Brasil”, concluiu.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Painel I

Conhecer e investir
Representantes do governo da Namíbia
comentam sobre as oportunidades de
investimentos no país

O conhecimento aprofundado Namíbia. “Eu percebo que os do governo da Namíbia refor-


14 | Painel I

sobre os destinos dos investi- laços entre Brasil e Namíbia se çou o discurso que os dois paí-
mentos é condição primordial fortalecem a cada dia. Temos ses têm laços de fraternidade
para que empresários e investi- interesses mútuos. A economia desde quando a nação africana
dores consigam ter sucesso em brasileira chegou num ponto no tornou-se independente em
suas investidas,sobretudo no qual ela precisa buscar rela- 1990. “A nossa relação bilateral
campo externo. Em virtude da ções mais fortes com países continua a crescer e manter-se
importância do tema, o Painel como a Namíbia, que buscam forte. Nossos dois países esta-
I, intitulado: Oportunidades de por investimentos de empresas beleceram uma sólida relação
negócios e investimentos na brasileiras”, disse o economista. diplomática que auxiliou a
Namíbia, serviu para que os Ele lembrou aos presentes que elaborar e assinar diversos
palestrantes expusessem para a o Brasil tornou-se um país que acordos de cooperação de
platéia as potencialidades reais tem grandes empresas investin- interesses mútuos. A Namíbia
existentes hoje na Namíbia. Os do no exterior. “No passado, cos- abriu a sua embaixada em
expositores convidados foram: tumávamos receber investimen- Brasília em outubro de 2003 e
o vice-ministro da Indústria e tos estrangeiros. Hoje, isso se desde então temos realizado
Comércio da Namíbia, Tjekero dá em caminho inverso. Temos inúmeras consultas para troca
Tweya; o secretário Permanente uma moeda forte, um grande de visitas entre os nossos che-
do Ministério da Indústria e volume de reservas, ganhamos fes de Estado”, avaliou Tweya.
Comércio da Namíbia, Nghidinua competitividade internacional e Entre as ações de integração
Daniel; e a gerente Operacional entendemos que possamos nos existentes, o vice-ministro citou
do Ministério da Indústria e relacionar com países como a a construção e venda do navio-
Comércio da Namíbia, Charity Namíbia, fornecendo produtos patrulha “Brendan Simbwaye”e
Nwiya. A sessão foi presidida e serviços”, concluiu, passando duas lanchas-patrulha feitos
pelo chefe do Departamento a palavra para o vice-ministro pela Marinha brasileira para
Econômico da Confederação da Indústria e Comércio da a Marinha daquele país afri-
Nacional do Comércio, Carlos Namíbia, Tjekero Tweya. cano; projetos de desenho
Thadeu de Freitas Gomes. hidrográficos ao longo da costa
Ao abrir o Painel I, o repre- Laços de fraternidade da Namíbia auxiliados, tam-
sentante da CNC elogiou a Após fazer os agradecimentos bém, pela Marinha brasileira e
iniciativa da FCCE em realizar aos organizadores pela realiza- baseado na Convenção da ONU
o Seminário Bilateral Brasil- ção do evento, o representante sobre o Direito do Mar; suporte

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Tjekero Tweya, vice-ministro de Indústria e Comércio da Namíbia, em pronuciamento especial

técnico para o estabelecimento no comércio e na indústria. com a cooperação Sul-Sul,

Painel I | 15
da comunicação a cabo entre Contudo, eu me mostro muito ressaltando que o Brasil, pelo
os dois países. “Esses projetos, otimista e tenho certeza que Mercosul; e a Namíbia, pelo
não só permitiram a ligação do o atual estágio de contatos SACU; são países signatários
nosso país pela via da infra- comerciais vai ser mudado do Acordo sobre Preferências
estrutura,mas propiciaram para melhor”, previu. Ele Tarifárias entre os dois blocos
ao Brasil ter mais acesso às acrescentou que as missões regionais. Este acordo fornece
informações sobre as condi- e encontros de promoção acesso preferencial de bens e
ções econômicas da região comercial, como o realizado serviços originados dos países
sul do continente africano. pela FCCE, têm um impor- membros dos dois blocos
Temos,então, nos esforçado tante papel facilitador para econômicos. “O Brasil, com
para nos aproximar cada vez que o quadro atual mude para sua forte indústria de bens
mais em áreas como agricul- melhor. “Este seminário reúne manufaturados, pode suprir a
tura, mineração e geologia. empresários que, primeira- demanda por esses produtos
Apenas um oceano separa o mente, puderam se conhecer na Namíbia de forma bastante
Brasil da Namíbia;’, ressaltou. para que, depois, consigam satisfatória para as empresas
explorar áreas de interesses brasileiras”. Na avaliação do
Incentivar o comércio em comum. Por isso, foi com palestrante, Brasil e Namíbia,
bilateral muito prazer que eu trouxe apesar de serem diferentes
Para Tweya, as excelen- uma delegação de 20 empre- em tamanhos, têm seme-
tes relações diplomáticas e sários e políticos namibianos”, lhanças, sobretudo no que
os ricos recursos naturais afirmou. A delegação chefiada diz respeito à abundância de
dos dois países reforçam as pelo vice-ministro da Indústria recursos naturais e potencial
expectativas de boas trocas e Comércio da Namíbia con- turístico. “Além de minerais
comerciais. No entanto, ele tou com empresários do setor e produtos alimentícios como
alertou que essa potencia- de transporte, logística, cons- peixe, temos muito interesse
lidade não tem se dado de trução civil, indústria de couro em estabelecer joint ventures
forma tão proveitosa. “O nível e artesanato, energia renová- com companhias brasileiras,
de comércio entre Brasil e vel e do setor automotivo. sobretudo porque ao bus-
Namíbia ainda é muito baixo e car parcerias com empresas
Tweya destacou o comprome-
não reflete o verdadeiro poten- namibianas, as empresas
timento de Brasil e Namíbia
cial de cooperação mútua brasileiras terão acesso a um

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Charity Nwya disse que a Namíbia possui um sistema financeiro saudável

mercado de 300 milhões de trante seguinte. Ele iniciou ção de diamante; e 34%, para
16 | Painel I

consumidores existentes na a sua apresentação trazendo exploração de outros minerais.


SACU.”, disse. Ele defendeu informações gerais sobre o “Para as empresas de produtos
essas parcerias, afirmando país africano. Ele informou que manufaturados, as taxas caem
serem elas importantes não a Namíbia é um país de popu- para 18%. Mas, para quem pro-
somente porque poderão lação de apenas dois milhões duz na Namíbia e exporta, não
aumentar o volume de comér- de habitantes, mas que possui há cobrança de impostos, e para
cio, como, também, propiciará um território maior do que a as empresas não-residentes
uma maior diversificação. França e Alemanha juntos. A que queiram repatriar os lucros
Namíbia tem, segundo Daniel, e dividendos, é cobrada taxa de
Pequenas e médias uma das distribuições popu- 10% sobre os valores remetidos
empresas lacionais mais dispersas do para fora do país”, explicou.
Outro ponto relevante men- continente africano. De acordo Ele disse, ainda, que a Namíbia
cionado pelo vice-ministro com os dados econômicos da
refere-se à ênfase dada pelo é um dos países com mais
Namíbia, o PIB/ per capita é atrativos para investimentos.
governo namibiano às médias
de US$ 4.727 (2009), carac- “ Há boas razões para que o
e pequenas empresas do país.
terizando, assim, como paí de investidor sinta-se seguro em
“Entendemos que as MPEs são
rendimento médio. aportar recursos no nosso país.
um importante veículo para
um sustentável desenvolvi- Em seguida, Daniel mostrou Damos garantias de seguran-
mento socioeconômico e redu- aos presentes alguns aspectos ça para os investidores, pois a
ção de pobreza. Nesse con- da legislação tributária do país. Namíbia é um país de regime
texto, informo que as MPE’S As alíquotas do imposto de democrático e de estabilidade
são alvo preferencial do nosso renda da Namíbia variam entre política, inflação baixa, com um
governo no que diz respeito à 17,5% e 34% dos rendimen- sistema bancário saudável, boa
promoção bilateral de comér- tos para pessoas físicas. Para infra-estrutura e localização
cio e investimentos”, disse, as empresas, essas alíquotas estratégica”. O palestran-
finalizando a sua palestra. ficam em 18%. O imposto sobre te afirmou que as melhores
O secretário Permanente mercadorias está em 15%. No oportunidades de investimento
do Ministério da Indústria entanto, para as empresas de estão nos setores de minera-
e Comércio da Namíbia, mineração, as alíquotas sobem ção, energia e setor automobi-
Nghidinua Daniel, foi o pales- para 55%, no caso de explora- lístico. “O Brasil tem indústrias

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


de auto-peças automobilística no comentou que o Banco da Pescanova (pesca); grandes
e de têxtil fortes e que podem Namíbia age com responsa- mineradoras como Anlgo-
investir no mercado namibia- bilidade e previsibilidade. Ela American, De Beers, Rio Tinto
no”, concluiu. revelou que estão instaladas no e Areva; empresas do ramo de
país africano as mais desenvol- bebidas como Heineken; Hilton
Democracia e estabilidade vidas instituições financeiras e Kempinski, companhias do
Charity Nwiya, gerente do mundo, interessadas em setor hoteleiro; a Portugal
Operacional do Ministério fazer parte de grandes proje- Telecom e Orascom, do setor
da Indústria e Comércio da tos que atualmente estão em de telecomunicações. “Essas
Namíbia, foi a última palestran- curso na nossa economia. “As são algumas das mais impor-
te do Painel I. Ela começou a instituições financeiras que tantes empresas do mundo
sua exposição afirmando que o estão presentes em nosso país que entendem a Namíbia como
país africano, após conseguir são: Banco de Desenvolvimento país de significante economia.
sua independência política há do Sul da África; Banco Mesmo o mundo passando por
20 anos,busca, hoje, alcançar Africano de Desenvolvimento; uma crise financeira sem pre-
a independência econômica. Corporação Financeira cedentes históricos, a Namíbia
“Estamos desenvolvendo um Internacional; Banco Europeu continua a atrair interesse de
estudo para que a nossa inde- de Investimento; KFW (insti- investidores externos”, frisou.
pendência econômica aconteça tuição financeira alemã); ARD Nwyia mostrou os números da
nos próximos 20 anos”, previu a (instituição financeira france- corrente de comércio entre o
gerente. sa)”, afirmou. Ela acrescentou país africano e o Brasil. O valor
Segundo Nwiya, a Namíbia que, da mesma forma, o gover- total do fluxo cresceu 30%
conseguiu provar para o mundo no namibiano vem efetuando entre 2007 e 2008. As impor-
que o país pode manter demo- uma política fiscal respon- tações do Brasil de produtos
cracia, paz e estabilidade. “O sável. “Ter uma política fiscal africanos aumentaram 39%

Painel I | 17
relatório do índice de competi- saudável é muito importante entre 2007 e 2008, enquanto
tividade global de 2009 colocou para o governo da Namíbia. as exportações para a África
a Namíbia como o sexto país Quantos países têm sacrificado cresceram somente 18% no
mais competitivo da África. a sua independência política ao mesmo período. “Em termos
Nosso PIB cresce a uma taxa não colocarem as suas contas de volume total de comércio
anual de 3,6% ao ano desde domésticas em ordem?” com a Nigéria, Angola, Argélia,
a independência. Além disso, Na avaliação de Mwiya, a África do Sul e Líbia represen-
nos últimos 19 anos, temos Namíbia, em contraste com tam 77% do fluxo comercial
trabalhado para implementar outros países, resistiu a tentação que o Brasil tem com o merca-
políticas fiscais e monetárias de gastar em consumo acima do africano”, declarou.
prudentes, nas quais têm servi- das suas capacidades às custas Durante esse mesmo perí-
do para enfrentarmos a cor- de investimentos de longo prazo. odo, ela falou que o Brasil
rente crise econômica. A Bolsa “Estamos direcionando o nosso ampliou as trocas comerciais
de Valores da Namíbia (NSX) é orçamento para investimentos com a SADC (Comunidade
o segundo de maior volume da em infra-estrutura, setor tão para o Desenvolvimento da
África, com um total de capi- necessário para o desenvolvi- África Austral, em sua sigla
talização de US$ 138 bilhões. mento da economia namibiana”. em inglês) e Comesa (Mercado
Isso encoraja as companhias
Comum da África Oriental e
namibianas de se capitalizarem Economia aberta
Austral). “As importações da
sem a necessidade de buscar O ambiente de negócios da
SADC subiram 82%, enquanto
bancos”, detalhou. Namíbia está cada vez mais
que a compra de produtos da
atrativo, segundo informou a
Responsabilidade fiscal região da COMESA cresceu
palestrante. Para confirmar
A gerente disse que a Namíbia 32%. As exportações brasileiras
essa afirmação, a gerente
tem grau de IDH (Indice de para SADC e COMESA registra-
disse que grandes multina-
Desenvolvimento Humano) ram aumentaram, respectiva-
cionais estão investindo no
superior ao da África do Sul, mente, para 26% e 21%”, disse.
país. “O nosso governo tem
apesar de ter um PIB/per capi- Ao término da sua palestra,
se comprometido em abrir a
ta menor. Em relação às ins- Carlos Thadeu de Freitas agra-
nossa economia para todos os
tituições financeiras, a repre- deceu a participação dos pales-
setores da economia”.Ela deu
sentante do governo namibia- trantes e encerrou a sessão.
como exemplo as empresas

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Painel II

energia para o
desenvolvimento
Palestrantes debatem sistema de
petróleo e gás na Namíbia

Ao debater comércio interna- ção ficou a cargo do presidente da da com a Namíbia. De acordo
18 | Painel II

cional é imprescindível ressal- Câmara de Logística da Associação com ela, essa relação se dá por
tar a importância do setor de dos Exportadores do Brasil (AEB), intermédio de uma construção
infra-estrutura que envolve os Jovelino Gomes Pires. contínua na qual o passado, o
países que desejam aumen- O secretário de presente e o futuro se conectam
tar os seus fluxos comerciais. Desenvolvimento de Produção de forma harmoniosa. “Desde
Sabendo da importância des- do MDIC, Armando Meziat, 1995, existem acordos de coope-
se tema, o Painel II, intitulado abriu os trabalhos do Painel ração nos quais os dois países
Apoio Brasileiro a Projetos nos 2 explicando que a sub-pasta têm trabalhado conjuntamente
Setores de Construção Civil, que comanda tem uma área na parte de agricultura. Em 2003,
Energia e Agronegócios, reuniu específica para tratar especifi- foi feito um novo Memorando de
palestrantes que demonstra- camente da integração do Brasil Entendimento e, este ano, entre
ram ao público as atividades com a África. Segundo ele, o os dias 10 e 12 de maio, tivemos
que estão em curso nos setores MDIC tem feito um trabalho de a oportunidade de receber 48
de logística e infra-estrutura grande empenho para a inte- ministros de agricultura dos
da Namíbia. Para fazer as gração do Brasil com países países africanos entre os quais
exposições foram convidados a africanos. “Uma demonstração estava presente o ministro de
coordenadora-geral de Ações no clara deste esforço é este semi- Agricultura da Namíbia, John
Mercado Externo do Ministério nário que neste painel conta Mutorwa”, disse. Ele contou que
da Agricultura, Telma Gondo; o com um grande número de o ministro de Agricultura do
gerente de Ativos de Exploração palestrantes”,disse. Em seguida, Brasil, Guilherme Cassel, fez
e Produção Internacional da ele passou a palavra para a pri- 28 reuniões bilaterais nestes
Petrobras, Rodrigo Lucchesi; meira oradora da sessão, Telma dois dias e, com o seu colega
o presidente da HRT Oil & Gas, Gondo, coordenadora-geral da Namíbia, acertou a renova-
Marcio Mello; e o presidente da de Ações no Mercado Externo ção do MOU feito em 2003, com
Walvis Bay Corridor Group, John do Ministério da Agricultura demandas específicas, entre as
Smith. O painel foi presidido pelo Pecuária e Abastecimento. quais, o apoio da Embrapa para
secretário de Desenvolvimento cooperação com os centros de
da Produção do Ministério do Acordos de entendimento pesquisa da Namíbia, assim
Desenvolvimento, Indústria Telma Gondo comunicou à como foram colocadas interes-
e Comércio Exterior (MDIC), platéia que na agricultura há ses na parte de aquisição de
Armando Meziat; e a modera- uma relação bastante privilegia- maquinário e equipamentos
FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia
Armando Meziar disse que o MDIC tem feito um trabalho de grande empenho para a integração do Brasil com países africanos

agrícolas. “Ainda neste perío- que foi descoberto um campo mou que a HRT foi criada em

Painel II | 19
do, o ministro da Agricultura de gás na região de Kudu (litoral 2004 para fornecer serviços
da Namíbia se encontro com o sul da Namíbia), em 1973. A de E&P de petróleo e gás no
presidente da Abimaq para que Namíbia não tem produção de Brasil, na América Latina e
haja conversações a respeito do petróleo, importando cerca de na África, e que, em 2009, a
interesse do governo da Namíbia 20 mil barris por dia. Mas, isso empresa registrou crescimen-
em adquirir maquinário agrícola tende a mudar, sobretudo com to substancial. Atualmente, a
brasileiro”, concluiu. o aquecimento da indústria de HRT Oil & Gas possui 51% de
petróleo da Namíbia”. 21 blocos de exploração na
Energia Bacia do Solimões, com uma
Ele afirmou que, em 2009, a
O palestrante seguinte foi área em torno de 49.000 Km2.
Petrobras adquiriu 50% do bloco
Rodrigo Lucchesi, gerente de O potencial petrolífero desses
2714A (sul da Namíbia), que era,
Ativos de Exploração e Produção blocos é estimado entre 4 e 6
antes, operado pela Chariot Oil
Internacional da Petrobras. De bilhões de barris de óleo leve
& Gas. “Temos boas expecta-
início, ele destacou que o plano e de 10 a 20 tcf (trilhão de pés
tivas em relação à exploração
de investimento da Petrobras cúbicos) de gás. A estimativa,
deste bloco. Em 2010, está pre-
está orçado em US$ 174 bilhões, segundo Mello, é de que essa
visto todo trabalho de processa-
entre os anos de 200 a 2013. De bacia seja a maior produtora de
mento, interpretação e estudos
acordo com ele, a Petrobras está gás natural do Brasil e uma das
geológicos que vão permitir à
num patamar de produção mun- maiores de óleo leve. O execu-
Petrobras identificar o potencial
dial de óleo e gás de 2,5 milhões tivo ressaltou que a HRT é uma
e, em 2011, haverá a fase final
de barris por dia e que a tendên- das poucas empresas brasilei-
do processo de exploração e
cia é o aumento desse núme- ras que dispõe de um centro de
avaliação econômica do bloco”,
ro para os próximos anos. “A tecnologia. “HRT significa High
disse, finalizando a sua palestra.
nossa meta é crescer para uma Resolution Technology e investir
produção de 6 milhões de barris Tecnologia do petróleo em tecnologia é o nosso forte. O
por dia até 2020”, revelou. Em Após a apresentação do maior laboratório de tecnologia
relação à Namíbia, o gerente da representante da Petrobras, de petróleo da América do Sul
Petrobras disse que o país está foi a vez do presidente da pertence à HRT”, disse.
começando a explorar o setor HRT Oil & Gas, Marcio Mello, Na Namíbia, a HRT Oil & Gas
de óleo e gás. “Ao todo, são 14 tomar a palavra. Ao iniciar a possui 40% de 3 blocos para
poços furados em água, sendo sua participação, Mello infor-
FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia
exploração nas imediações do estudos derrubaram teses que na costa namibiana. Um dos
campo de Kudo, na bacia do atestavam que a Namíbia não principais desafios da África é
Orange, e 2 blocos nas Bacias possuía poços de petróleo, viabilizar rodovias que integrem
de Walvis e Luderitz, totalizando apenas reservas de gás. “Muitas o continente e a Walvis Bay
uma área de aproximadamen- empresas foram paras as costas Corridor Group tem trabalha-
te 26.000 Km2. “Nós somos brasileira e angolana. Mas, a do, desde a sua independência,
o maior player da Namíbia HRT foi para a Namíbia e vimos para ampliar e melhorar a nossa
hoje”, disse Mello . Quanto que havia petróleo. Fizemos infra-estrutura”, disse Smith.
aos projetos desenvolvidos no todos os prospectos, estudos A aproximação com o Brasil é
país africano, o presidente da tecnológicos e análises via um dado relevante para que as
HRT afirmou que a empresa satélite para constatar isso. Na relações comerciais entre Brasil
trabalha com um grupo de seis verdade, o bloco 2713A tem a e Namíbia se faça num nível
geólogos namibianos, além de mesma equivalência de campo elevado. “Temos em mente de
ex-diretores da Petrobras. “A de Júpiter (gigantesca jazida que estamos muito próximos do
HRT é, na verdade, uma ‘peque- de gás natural e condensado Brasil. Em termos de tempo de
na Petrobras’ e que foi para a no pré-sal da Bacia de Santos, navegação, um navio leva dez
Namíbia para se transformar descoberta em 2008). dias entre o porto de Santos à
numa espécie de Petrobras baia de Walvis. Isso significa que
daqui a cinco anos”, disse em Logística devemos explorar essas opor-
tom otimista o executivo. O palestrante seguinte foi o pre- tunidades com mais força. Essa
sidente da Walvis Bay Corridor aproximação é um facilitador
Estudos feitos pelo próprio
Grup, John Smith. A Walvis é a para que empresas brasilei-
presidente da HRT já apon-
maior empresa de transportes ras tenham acesso a cerca de
tavam a Namíbia como um
e de logística multimodal da 300 milhões de consumidores
país com o mesmo potencial
Namíbia, responsável, entre africanos, localizados na região
petrolífero verificado na Bacia
20 | Painel II

outros processos, de ligar os sul do continente”, considerou.


de Santos. “O DNA do petróleo
países da SADC para a entrada O executivo revelou que a Walvis
encontrado na costa nami-
e saída pelo Oceano Atlântico, planeja investir US$ 300 milhões,
biana é o mesmo da bacia de
por intermédio de rodovias e numa parceria entre os setores
Santos. Então, se é encontrado
ferrovias. “Nos últimos cinco público e privado (PPP) para
10 mil barris aqui, essa mesma
anos, temos crescido e atraído modernizar o principal porto
quantidade pode ser encontra-
muitos investimentos, em virtude do país africano, em função do
da na costa da Namíbia”, disse
do aquecimento econômico visto crescimento da movimentação
Mello, acrescentando que esses

Guilherme Pfisterer, gerente do BNDES, fala sobre as ações de fomento do banco


portuária visto nos últimos anos.
“Em 10 anos, saímos de uma
pequena movimentação de 20
mil contêineres para 260 mil por
ano, resultado de investimen-
tos que fizemos para melhorar
a infra-estrutura no período”,
afirmou, acrescentando que o
porto não apresenta problemas
de congestionamento.

Apoio financeiro
O último palestrante da ses-
são foi o gerente da área de
Comércio Exterior do Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
Guilherme Pfisterer. Ele apre-
sentou a instituição como uma
empresa pública e principal
fonte de crédito de projetos de
longo prazo no Brasil, princi-
palmente aqueles voltados para
Rodrigo Lucchesi, representante da Petrobras, palestra sobre a participação da estatal na Namíbia
a infra-estrutura. “Nos últimos
anos, temos dado uma atenção investimentos para a área de financiamentos para fabricação

Painel II | 21
especial à internacionalização comércio exterior. O gerente do dos bens que serão exporta-
do BNDES. Isso porque a insti- BNDES informou que o número dos, com o prazo máximo de
tuição cresceu bastante. Então, de operações vem crescendo financiamento de 12 anos. Já
estamos procurando transfor- bastante e está se direcionan- o pós-embarque é responsável
mar o banco num instrumento do para as micro e pequenas pelo financiamento ao importa-
internacional que possa captar empresas. “O BNDES acredita dor, isto é, concedemos linhas
recursos do exterior e poder que as MPEs têm grande possi- de crédito para o importador
apoiar melhor as empresas que bilidade de permear pela econo- que está adquirindo no exterior
estão saindo do Brasil para se mia por intermédio de inovações bens produzidos por empresas
instalar no estrangeiro”, expli- tecnológicas”. brasileiras. “Só para constar,
cou Pfisterer. o BNDES desembolsou US$ 8,3
O gerente disse, ainda, que o
O representante do BNDES BNDES, apesar de ser a insti- bilhões para as exportações de
revelou que, em 2009, o total tuição financeira que oferece os bens e serviços brasileiros”.
de desembolsos executado juros mais baixos do mercado Nesse esforço de apoiar o
pela instituição foi de US$ 72 brasileiro, consegue apresen- crescimento das empresas
bilhões. De acordo com ele, tar lucro e reutiliza-o nas suas brasileiras, uma das princi-
esse número representou um atividades. Ele contou que o pais metas atuais traçada pelo
crescimento de 49% em rela- BNDES tem linhas especiais BNDES é a que se destina a
ção a 2008. “O governo federal para máquinas e equipamen- auxilá-las a se instalarem no
procurou implementar medidas tos, independente dos projetos exterior. “A instituição montou
anti-cíclicas para enfrentar de indústria e também para o um departamento especiali-
os efeitos da crise financeira setor agrícola. “Financiamos, zado neste tipo de apoio, que
internacional. Quando os bancos também, serviços de engenha- tem como objetivo orientar
comerciais decidiram por retrair ria para os grandes projetos de essas empresas interessadas
seus empréstimos, o BNDES construção no exterior”. a investir em outros países
aumentou a oferta de recursos No Brasil, a instituição a localizar a área específica
para que não houvesse redução financeira fornece, também, para receber o apoio do banco.
nas atividades econômicas do financiamentos de comércio Podemos fazer esse apoio por
Brasil”, analisou. Ele acrescen- exterior para as operações de intermédio de financiamento
tou que dentro deste montante pré-embarque e pós-embarque. ou venture capital (participação
de desembolsos, há também O pré-embaruqe se destina a acionária)”, concluiu.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Encerrameto

Câmaras de comércio
unidas
Na solenidade de encerramento, a
FCCE e a NCCI firmam Acordo de
Entendimento

Após as palestras proferidas pessoas presentes, Souza Lima especial. A nossa Câmara está
22 | Encerramento

pelos convidados, o presidente convidou o diretor da Câmara de muito entusiasmada. O MOU


da FCCE, João Augusto de Souza Comércio e Indústria da Namíbia representa um grande salto para
Lima, presidiu a solenidade de (NCCI, em sua sigla em inglês), as relações comerciais entre os
encerramento do Seminário Navin Morar, para a assinatura países”, disse Morar. Ainda na
Bilateral de Comércio Exterior e de um MOU (Memorando de solenidade, vice-ministro de
Investimentos Brasil-Namíbia. Entendimento) entre a NCCI e a Indústria e Comércio da Namíbia,
Após agradecer o empenho das a FCCE. “Esse é um momento Tjekero Tweya, e o presidente da

Presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima, e diretor da NCCI,Navin Morar, assinando o Memorando de Entendimento entre as instituições
Tjekero Tweya, vice-Ministro de Indústria e Comércio da Namíbia, entrega um presente ao presidente da FCCE, João Augusto de Souza Lima

FCCE trocaram presentes, em coquetel em homenagem ao da FCCE presente do governo


reconhecimento das cordiais embaixador da Namíbia no da Namíbia. A lembrança foi
relações entre o governo da Brasil, Hopelong Ipinge. um ovo de avestruz que con-
Namíbia e a FCCE. “O encontro tém uma pintura feita à mão
serviu para que se reforcem os Presente
representando os big five,
laços comerciais e sociocultu- Ainda na solenidade de
cinco animais de grande porte
rais com a Namíbia. Esperamos Encerramento do Seminário
mais difíceis de serem caçados
que este primeiro encontro Bilateral de Comércio Exterior e
pelo homem e que, por sua
sirva de inspiração para muitos Investimentos Brasil-Namíbia,
vez, se encontram também
outros”, disse Souza Lima que, o vice-ministro de Indústria e
na Namíbia. São eles: leão,
após o encerramento da sessão Comércio da Namíbia, Tjekero
elefante, búfalo, leopardo e
convidou os presentes para o Tweya, entregou ao presidente
rinoceronte.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Petróleo e Gás

“Na área de exploração


de petróleo, somos
o maior player
na Namíbia”
CEO da HRT fala sobre os investimentos
realizados no país africano

A Namíbia é última fron- e geólogo, Mello disse, sultoria prestados pela nossa
24 | Petróleo e Gás

teira de petróleo e gás no em entrevista à Revista da empresa que a Petrobras


Oceano Atlântico. Essa é a FCCE, que o Brasil está decidiu entrar na Namíbia
avaliação do CEO da HRT duas décadas atrasado no para realizar trabalhos de
Oil & Gas, Marcio Rocha comércio com a Namíbia, exploração e produção no
Mello, que esteve presen- não sabendo aproveitar bloco que fica no litoral sul
te no Seminário Bilateral a proximidade geográfi- da Namíbia. Quando decidi-
de Comércio Exterior e ca entre os dois países e, mos formalizar a HRT como
Investimentos Brasil- por conseguinte, entrar no empresa de exploração e pro-
Namíbia. A empresa opera mercado da África austral. dução de petróleo, colocamos
três blocos de exploração e “O transporte marítimo entre o país como foco principal de
produção de petróleo e gás Brasil e Namíbia leva dez atividades operacionais no
na Namíbia, nos quais ela dias,enquanto que para os segmento de petróleo.
detém 40% do consórcio, EUA e Europa, o trajeto leva E em abril de 2010, a HRT foi
juntamente com a Universal cerca de 30 dias”, disse. agraciada com a concessão
Power, com outros 40%, e Leia, a seguir, os principais de três blocos de explora-
a Acarus Investments, com trechos da entrevista: ção no campo de Kudu. Vale
20%. Os blocos 2813A, 2814B lembrar que esse campo
e 2914A ficam próximos do Como nasceu o interesse tem, segundo nossos estu-
campo de Kudu, na Bacia do da HRT pela Namíbia? dos, capacidade de produção
Orange, localizado na costa Marcio Mello - Eu cheguei na similar à da bacia de Campos
sul do país africano. Os Namíbia para fazer serviços (litoral norte-fluminense).
três blocos são contíguos e de consultoria em 2008, e
somam 15.382 quilômetros tivemos uma atividade muito Com este encontro,
quadrados de área. No cam- positiva por lá. Neste perío- a FCCE alcançou a
po de Kudu, que fica sudoes- do, a HRT começou a atuar já marca de 49 seminários
te dos blocos concedidos como uma empresa de con- bilaterais. Como o
à HRT, foram descobertos sultoria na área de explora- senhor avalia, do ponto
1,3 trilhão de pés cúbicos ção de petróleo para empre- de vista empresarial,
(TCFs) de gás natural. sas namibianas e inglesas este evento?
que estavam no país. Foi Marcio Mello - O seminário
Ex-funcionário da Petrobras
através dos serviços de con- foi muito bem conduzido.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Nova e bem-sucedida

A HRT Oil & Gás é a terceira maior petroleira privada do país em área de concessão, atrás da Petra
Energia e da Oil M&S. Fundada, em 2008, por ex-funcionários da Petrobras, a empresa se tornou a
maior companhia brasileira em atuação na Namíbia, com três blocos exploratórios no mar.
Este ano, A HRT Participações em Petróleo anunciou a criação da subsidiária HRT Oil Gas, que
nasce como operadora e detentora de 51% de participação em 21 blocos de exploração na Bacia do
Solimões, no Estado do Amazonas. As fatias foram adquiridas das companhias Petra Energia e M S
Brasil e o acordo - denominado farm-in- está em análise da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP). De acordo com a HRT, os blocos adquiridos têm aproximadamente 50 mil
quilômetros quadrados, com potencial petrolífero estimado entre 4 bilhões e 6 bilhões de barris de óleo
leve e de 10 a 20 trilhões de pés cúbicos (TCF) de gás. O objetivo, segundo informa a empresa, é, a partir
da aquisição deses blocos, se tornar a maior produtora de gás natural do Brasil e uma das maiores de
óleo leve do Brasil.
A controladora, que tem como presidente o geólogo Márcio Rocha Mello, ex-funcionário da Petrobras
e atual presidente da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP), concluiu, na semana pas-
sada, a captação de US$ 275 milhões junto a 66 investidores para a criação da HRT Oil Gas, em opera-
ção coordenada pelo Banco de Montreal.
Da captação privada, concluída em em outubro do ano passado, participaram 66 investidores
estrangeiros, incluindo Michael Dell, que comprou 12% da empresa, segundo Mello. Com o controle da
HRT nas mãos, que chega a 14% somando a participação dos sócios brasileiros, Mello diz que não é um
milionário, fugindo de qualquer tentativa de comparação com os executivos do grupo de Eike Batista.

Marcio Mello, CEO da HRT


Marcio Mello palestrando no seminário

Parabéns à FCCE. Esses aproveitar esse mercado. brasileiro. A Namíbia é o


26 | Petróleo e Gás

tipos de eventos têm que Ora, o transporte marítimo meu segundo país. Sinto-me
ser estimulados porque é entre Brasil e Namíbia leva em casa quando estou lá. E
quando se permite maior dez dias,enquanto que para isso só prova de que essa
aproximação, não só de seg- os EUA e Europa, o trajeto proximidade pode influenciar
mentos que já estão intera- leva cerca de 30 dias. Então, bastante no comércio.
gindo bilateralmente,mas, o nosso comércio deveria
também, para gerar inte- ser extremamente incenti- Quais são os projetos
resses de outros players vado porque ele tem muito futuros da HRT na
que poderão aglutinar potencial. Além disso, temos Namíbia?
operações, fazendo que as muitos namibianos que Marcio Mello - Os nossos
relações sejam mais pro- falam português. Eles vêem projetos futuros envolvem
dutivas. Assim, queremos o Brasil com um país amigo uma relação de vida com o
que o evento não seja o fim, e eu percebo que os empre- país. Hoje, na área de explo-
mas um meio pelo qual seja sários da Namíbia dão pre- ração de petróleo, somos o
importante para que acom- ferência às relações Sul-Sul. maior player na Namíbia.
panhemos os desdobramen- Então, temos que aproveitar Queremos nos tornar a
tos a respeito dos temas que e explorar as oportunidades principal companhia da área
aqui foram tratados. existentes para o merca- de exploração de óleo e gás
do de manufaturados, do da Namíbia, que é a última
Os números apresentados setor agrícola, do setor de fronteira a ser desbravada
pelo MDIC atestam que o mineração e de serviços. O no Oceano Atlântico. É bom
comércio do Brasil com transporte é a nossa prin- lembrar que neste setor há
a Namíbia ainda é muito cipal vantagem. E podemos uma abrangência na qual
pequeno. Como fazer para usar a Namíbia como cor- as empresas brasileiras de
que esse quadro mude? redor para estimular uma tecnologia, de serviços e de
Marcio Mello - Nós estamos relação muito forte com 300 infra-estrutura podem ir lá
duas décadas atrasados. milhões de africanos numa e colaborar para o desenvol-
O comércio internacional da das regiões que mais cres- vimento do país, e fazer com
Namíbia está voltado para cem no mundo atualmente. que o Brasil seja o princi-
o Hemisfério Norte por- Além disso, o namibiano é pal parceiro comercial da
que não estamos sabendo muito parecido com o povo Namíbia num futuro próximo.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


ÁREAS DE ATUAÇÃO
DA HRT OIL&GAS

Namíbia

Na porção offshore da Namíbia,


a HRT Oil & Gas possui 40% de
3 blocos para exploração nas
imediações do campo de Kudo,
na bacia do Orange, e 2 blocos
nas Bacias de Walvis e Luderitz,
totalizando uma área de
aproximadamente 26.000 Km2.

Marcio Mello considera o transporte como um dos facilitadores para o comércio entre Brasil e Namíbia
Comércio

“A Namíbia vê com
bons olhos a política
pró-África do
governo brasileiro”
Representante do governo da
Namíbia aposta na flexibilidade
nas relações bilaterais

Estabelecer políticas de coope- sem contratos de empréstimos Rússia, Índia e China). A Namíbia
28 | Comércio

ração econômica com o Brasil de risco. As principais medidas busca, assim, se beneficiar
em vários setores é o que monetárias e fiscais adotadas desse processo de aproxima-
busca o Ministério de Indústria e pelo governo namibiano para ção e cooperação com o Brasil.
Comércio da Namíbia. diminuir os efeitos da crise De nossa parte, temos muito a
E, mesmo num ambiente de foram: reduzir a taxa de juros; oferecer em termos de negócios
crise mundial, o secretário- aumento de investimentos públi- de interesse para o empresaria-
Permanente do Ministério, cos em infra-estrutura, redução do brasileiro. Brasil e Namíbia
Nghidinua Daniel, acredita que da carga tributária em 34%. têm uma longa relação fraternal,
a recuperação da economia da Estamos, também, trabalhando que começou durante a luta
Namíbia possibilitará que haja para reduzir a nossa dependên- pela independência do nosso
maior interesse por parte das cia no setor de exportações, esti- país. Os dois países reforçaram
empresas brasileiras. mulando a economia interna. a cooperação bilateral depois
do processo de independência,
Qual foi o principal O governo brasileiro tem estabelecendo relações diplomá-
impacto da crise sobre a trabalhado para uma ticas e entrando numa série de
economia da Namíbia? maior aproximação com acordos bilaterais assim como
Daniel - O principal impacto países africanos. Como o troca de visitas de alto nível. Há
da crise financeira global na governo da Namíbia avalia ainda muita sinergia sociocultu-
Namíbia está no nosso setor esses movimentos? ral entre os países que precisam
de exportação de minerais, Daniel - A Namíbia vê com bons ser mais estimuladas.
especialmente diamantes, e olhos a política pró-África do
turismo. Como resultado disso, governo brasileiro de se buscar Como o senhor avalia
o crescimento de nossa eco- maior cooperação entre o Brasil o seminário promovido
nomia se contraiu 1,1% em e países africanos. O Brasil pela FCCE?
2009. Mas, para 2010, estamos não tem somente se mostra- Daniel - Este encontro serviu
esperando uma recuperação do como o mais importante para confirmar o reconheci-
moderada Ao contrário dos país da América Latina, mas, mento do grande potencial e
bancos do mundo desenvolvido, também, tem se notabilizado o nosso compromisso para
os bancos da Namíbia permane- internacionalmente como parte promover mais acordos de coo-
cem lucrativos. Eles estão bem dos BRICs (grupo de países peração nas áreas de comércio
capitalizados,com boa liquidez e emergentes formado por Brasil, e de investimentos. Ambos os

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Nghidinua Daniel, secretário-Permanente do Ministério de Indústria e Comércio da Namíbia

países têm ciência do papel que setores de pesca e de agricul- res do Centro de Investimentos

Comércio | 29
a negociação e contatos diretos tura. Outra importante área a da Namíbia e a Câmara de
desempenham no mundo dos ser mencionada é o turismo. A Comércio e Indústria da Namíbia
negócios. Assim, conhecendo cooperação no setor turístico estão conversando com os
mais as potencialidades e for- pode desenvolver campos da represantes da Apex para iniciar
talecendo os laços comerciais Tecnologia da Informação, trans- uma roda de assinatura de acor-
e diplomáticos entre os nossos portes, logística, call centers dos para promover mais comér-
países poderemos promover entre outros setores. Os direto- cio entre os países.
crescimento econômico de
modo mais duradouro.

Quais são as possibilidades


de haver incremento nas
relações comerciais entre
Brasil e Namíbia?
Daniel - O nível das relações
ainda não reflete o verda-
deiro potencial que existe.
Atualmente, a Namíbia importa
do Brasil móveis, artesanato,
vidro e carnes. Mas, nós esta-
mos interessados,também, em
estabelecer join ventures e par-
cerias com empresas brasileiras
no setores automotivo, máquinas
e equipamentos, sobretudo equi-
pamentos agrícolas, fertilizan-
tes, farmacêutico, têxtil, aço e
petroquímica. Estamos buscan-
do diversificar o nosso mercado
para atrair mais investimentos
brasileiros, especialmente nos
Conjuntura

“A Namíbia representa
uma ótima
oportunidade”
Economista da CNC fala sobre a
potencialidade do comércio com países
africanos

Carlos Thadeu de Freitas e investimentos estrangeiros tar as suas competitivas empre-


30 | Conjuntura

Gomes é economista-chefe dão prova de que o governo sas de petróleo e mineração,


da Confederação Nacional namibiano busca se integrar como já mencionei. Por outro
do Comércio. Convidado para na comunidade internacio- lado, nós podemos garantir o
presidir o Painel I do Seminário nal. Por isso, eu verifico que a suprimento desses minerais
Bilateral de Comércio Exterior Namíbia representa uma ótima para a nossa indústria, como já
e Investimentos, o ex-diretor oportunidade para setores nos faz a China, já que o continente
do Banco Central disse, em quais nós somos competitivos africano tem essas commodities
entrevista à Revista da FCCE, mundialmente: a mineração e em em abundância.
que a Namíbia representa boa exploração de petróleo e gás em
oportunidade para empresas águas profundas. Outra coisa: O senhor mencionou China.
brasileiras de energia e mine- a Namíbia é vizinha da maior Como fazer para que as
ração. Freitas Gomes também potência econômica da África empresas brasileiras
comentou que os efeitos da – a África do Sul, um mercado consigam competir com os
crise econômica da Zona do emergente que não pode ser chineses no continente
Euro não terá grandes reflexos desperdiçado. africano?
no Brasil, mas alertou para Freitas Gomes - Com certeza,
o fato de o governo brasileiro O governo brasileiro tem enfrentar a concorrência chine-
ter aumentado os gastos em buscado a África como sa na África é um dos principais
despesas correntes, podendo, um parceiro comercial obstáculos a serem superados
assim, prejudicar o crescimen- a ser privilegiado. O que pelo empresariado brasileiro.
to econômico. A seguir, leia a o senhor pensa dessa Brasil tem uma vantagem por-
entrevista: estratégia ? que consegue se superior em
Freitas Gomes - Sem dúvida, produtos e serviços com mais
Na sua avaliação, o explorar o mercado africa- intensidade tecnológica, sobre-
seminário foi proveitoso? no como um todo é bastante tudo em relação aos nossos
Freitas Gomes - Sim, ele foi bem producente. E é um processo manufaturados. Contudo, há,
sucedido. O seminário mostrou natural. As oportunidades para também, a questão dos preços
que a Namíbia é um país que as empresas brasileiras no e isso, se dúvida, os chineses
está buscando se amadurecer comércio exterior aumentaram levam vantagem. Mas, como
economicamente. Os incentivos substancialmente. E na África, o foi comentado no seminário, o
fiscais para atração de capital Brasil tem condições de implan- Brasil não pode prescindir do

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio

mercado africano cujas oportu- mulado reservas, o que faz com as taxas de juros, é preciso ter

Conjuntura | 31
nidades são maiores hoje do que que haja mais segurança contra mais poupança.
em muitos países desenvolvidos. intempéries externas.
Então, temos que aproveitar o Outra crítica que é feita
grau de confiança mútua entre Além da crise, uma das em relação ao governo
brasileiros e africanos. Isso grandes reclamações é o aumento de gastos
porque o Brasil não tem uma do setor exportador em despesas correntes
tradição imperialista e sempre brasileiro é de que em detrimento de
buscou se relacionar na base da a nossa moeda não é investimentos em infra-
cooperação. competitiva em razão da estrutura. O senhor
sua sobrevalorização. Em acredita que essa curva de
Depois da crise imobiliária quanto a atual situação gastos pode prejudicar a
nos Estados Unidos, cambial pode prejudicar nossa economia já em 2011?
vivemos um período de as nossas exportações em Freitas Gomes - O Brasil está,
turbulência na União momentos de crise? ainda, numa situação favorável.
Européia. O Brasil Freitas Gomes - Precisamos Mas é preciso,sim, ficar atento
conseguiu sair-se bem na exportar para garantir entrada ao aumento dos gastos públicos.
primeira crise. O senhor de recursos externos para finan- Assim, o grande desafio bra-
acha que termos a mesma ciar os nossos investimentos. sileiro , atualmente, é o fiscal.
performance econômica Então, o Brasil precisa procurar A situação fiscal brasileira,
como da última vez? sempre buscar a eficiência e diga-se de passagem, é muito
Freitas Gomes - O Brasil será competitividade. E, para isso, é melhor quando comparada com
atingido muito pouco pela crise importante que o Real forte não o nosso passado recente. Por
internacional. Estamos numa atrapalhe. É fundamental que isso, é preciso estar atento para
situação muito boa. Temos uma aumente a poupança pública do que o ciclo de gastos públicos
dívida administrável, um bom Brasil para que a nossa moeda não prejudique os ganhos que
montante de reservas, de modo possa ser bem cotada. Isso obtivemos nos últimos anos. A
que se a crise da zona do euro porque de nada adianta o Brasil criação das agências represen-
tiver a mesma intensidade da de ter uma moeda depreciada para tou um avanço enorme, assim
2008, estaremos com condições competir com outros países como a Lei de Responsabilidade
de enfrentá-la. A vantagem do enquanto tiver pagando taxas de Fiscal, mas é preciso, repito,
Brasil está no fato de ter acu- juros altas. Mas para baixarmos ficarmos atentos.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Desenvolvimento

“Queremos ser um
hub country para as
empresas brasileiras”
Ministro da Indústria da Namíbia diz
que o país está preparado para receber
investimentos brasileiros

Tjekero Tweya, vice-ministro de que podem trabalhar conosco Quais são os setores mais
32 | Desenvolvimento

Indústria e Comércio da Namíbia, para projetos de infra-estrutura dinâmicos da economia


é um otimista disse que as rela- na Namíbia. namibiana?
ções entre o seu país e o Brasil. Tjekero Tweya - No momento,
Uma das razões pelas boas Quais as ações a Namíbia dispõe, em grande
expectativas reside nas nego- desenvolvidas pela sua maioria, de indústria de produtos
ciações para firmar o Acordo de pasta para a promoção primários. Então, estamos traba-
Livre Comércio Mercosul-Sacu do desenvolvimento lhando para que haja na Namíbia
(União Aduaneira da África econômico da Namíbia? indústrias que tenham produção
Austral). Em entrevista à Revista Tjekero Tweya - Durante a de maior valor agregado,como
da FCCE, Tweya contou,ainda, minha gestão como vice-minis- o têxtil, tecnologia agríco-
que a Namíbia implementou tro das Finanças, o nosso time la, construção civil, indústria
nos últimos anos políticas que conseguiu implementar leis que automobilística e alimentos
viabilizaram estabilizar os dados diminuíram a carga tributá- processados. A energia é o outro
macroeconômicos do país, o que ria da Namíbia e, ao mesmo setor que nós estamos querendo
facilita e atrai investimentos. tempo, fizemos com que a dar maior dinamismo. Estamos
Acompanhe, a seguir, os princi- arrecadação aumentasse. Em felizes por estarmos recebendo
pais trechos da entrevista: outras palavras, diminuímos investimentos da Petrobras e da
os impostos sem prejudicar HRT. E esse é o setor estratégi-
O senhor trouxe uma a nossa receita. Isso fez com co, pois como trabalhamos para
delegação com 20 que tivéssemos mais pessoas que a economia fique aquecida,
empresários. Quais são consumindo e mais pessoas é importante que se invista em
as expectativas dos empregadas. E esse é um dos energia.
senhores? nossos objetivos: diminuir a
Tjekero Tweya - Essa é a minha pobreza através de políticas que É possível, na sua avaliação,
segunda missão no Brasil. Esta favoreçam o desenvolvimen- incrementar o comércio
minha visita serve para reforçar to econômico. Conseguimos, bilateral Brasil-Namíbia?
os esforços para que haja uma também, manter a inflação Tjekero Tweya - Com certeza. A
relação comercial mais forte em níveis baixos. Saneamos e Namíbia é vizinha do Brasil no
entre os nossos países. Estamos tornamos o sistema bancário da Atlântico Sul. Por isso, queremos
aqui visitando empresas, bancos Namíbia mais saudável. ser um hub country para que as
comerciais e todos os setores empresas brasileiras tenham

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Tjekero Tweya, vice-ministro de Indústria e Comércio da Namíbia

Desenvolvimento | 33
acesso ao Sacu, um mercado de contribuir,pela proximidade, os brasileiros passem a colocar o
300 milhões de habitantes. Assim, para que haja mais interesse nosso país no seu roteiro de visitas.
as empresas brasileiras, que são brasileiro pela Namíbia? A Namíbia é um país com paisa-
competitivas, terão grandes bene- Tjekero Tweya - A Copa da África gens lindas. Além disso, a Namíbia
fícios ao colocar a África Austral representa uma ótima oportuni- é um país muito seguro, com níveis
como destino da suas exportações. dade para que muitos brasileiros baixos de criminalidade, tem um
A Copa do Mundo, realiza- conheçam as áreas turísticas da povo hospitaleiro e caloroso,
da na África do Sul, pode Namíbia. Queremos,muito, que assim como são os brasileiros.

Deserto da Namíbia: Tweya aposta no potencial turístico da Namíbia para atrair brasileiros
Agronegócio

“A parceria com
países africanos é
estratégica do ponto
de vista produtivo
e comercial”
Representante do Ministério da
Agricultura comenta sobre o setor
de agronegócios nacional

A agropecuária brasileira durante década que se produtos oferecidos ao merca-


34 | Agronegócio

tornou-se, nos últimos anos, encerra, confirmando, do sejam seguros e saudáveis


um dos setores de referência assim, o Brasil como um e, com isso, possam acessar
quando se trata de abordar o dos principais potências diferentes mercados interna-
crescimento das exportações agrícolas mundiais. O que cionais. A iniciativa do governo
brasileiras. Não seria para podemos esperar para os brasileiro em trazer ao Brasil
menos. Dados divulgados no próximos anos em termos 43 ministros da Agricultura
ano passado pela Organização de vendas dos nossos dos países africanos, em
Mundial de Comércio (OMC) produtos agrícolas para maio passado, contribuiu para
relatam que somente as expor- o exterior? aprofundar as relações. Esse
tações brasileiras de carne bovi- Telma Gondo - O Brasil figu- fato abre inúmeras oportuni-
na deram um salto de 413,6% ra entre os principais players dades de negócios. Este ano,
entre 1999 e 2007, e sua fatia mundiais na exportação de o ministério passará a contar
no mercado internacional pulou produtos agrícolas. Essa posição com os adidos agrícolas. Eles
de 6,8% para 28,4%, apesar de tende a consolidar-se ao longo serão funcionários especializa-
tarifas muitas vezes proibitivas dos anos, tendo em vista a voca- dos que tratarão das questões
como as que vigoram na Europa. ção do País, seu potencial de agrícolas em regiões estratégi-
Telma Gondo, cordenadora- recursos naturais,o empreende- cas para o Brasil. De um total
Geral da Secretaria de Relações dorismo dos produtos brasilei- de oito postos, um deles está
Internacionais do Agronegócio ros e, sobretudo, a tecnologia lotado na África do Sul.
do Ministério da Agricultura, desenvolvida pelo país no campo
falou com a Revista da FCCE da produção agropecuária. Como o Ministério está
sobre as ações do setor de atuando para ajudar os
agronegócios brasileiro.Ela A senhora poderia falar exportadores agrícolas
comentou, entre outros assun- de projetos de sucesso no que diz respeito à
tos, o papel do Ministério para desenvolvidos este ano? crédito, financiamento
incrementar as relações entre o Telma Gondo - O Ministério e outros mecanismos
Brasil e países africanos. continua dando maáxima prio- importantes para
ridade ao controle de qualidade alavancar as exportações,
O setor de agronegócios dos produtos agropecuários e sobretudo para os
brasileiro foi o principal agroindustriais brasileiros. A exportadores de pequeno
motor das exportações inspeção oficial garante que os e médio porte?

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Telma Gondo - O plano agrí-
cola e pecuário proposto pelo
Ministério da Agricultura, dispo-
nibiliza aos agricultores diversas
linhas de financiamento para
a produção. A edição de 2010,
lançada recentemente, além
das medidas tradicionais, busca
estimular o uso de tecnologias
e práticas ambientalmente ami-
gáveis. A sustentabilidade é um
aspecto com importância cres-
cente em vários países impor-
tadores de produtos agrícolas
brasileiros.
Técnicos do Ministério parti-
cipam de negociações inter-
nacionais para abertura de
Telma Gondo, cordenadora-Geral da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura
mercado aos produtos brasi-
leiros. Ao mesmo tempo, nós certamente impacta as exporta- representações diplomáticas
buscamos adequar a normativa ções brasileiras e, conseqüente- do Brasil nos diversos países
nacional para as exigências mente, o equilíbrio da balança também monitoram a adoção de
dos diferentes mercados e comercial. Hoje, todos os países, medidas protecionistas.
fiscaliza as empresas. Com inclusive o Brasil, estão de olho
isso, o Brasil consegue ser Na avaliação do Ministério,

Agronegócio | 35
na União Européia e torcem para
líder na exportação de vários que os remédios necessários qual é a importância do
produtos agrícolas. A Embrapa – sejam aplicados de forma efeti- continente africano?
Empresa Brasileira de Pesquisa va, com vistas manter o nível do Telma Gondo - O continente
Agropecuária – vinculada ao consumo mundial. africano é de suma impor-
Ministério da Agricultura – é tância, vis-a-vis seu potencial
uma das maiores empresas de Esta crise pode aumentar de consumo e crescimento. A
pesquisa agrícola do mundo e políticas de defesa parceria com países africanos
detém excelência em tecnologia ao protecionismo, é estratégica do ponto de vista
para a produção agropecuária principalmente na produtivo e comercial. A afini-
na região tropical. Ela desen- Europa,um mercado dade geopolítica entre Brasil e
volve tecnologia que garante importante para os produtos África propicia o estreitamento
a competitividade da produ- agrícolas brasileiros. das relações internacionais, em
ção brasileira nos mercados Como o Ministério está diferentes frentes, quer sejam
globais,inclusive de produções acompanhando esse ações de cooperação técnica ou
de pequeno e médio porte. processo? comerciais. Há muitas oportu-
Telma Gondo - Até o momento, nidades e interesses mútuos a
Há a preocupação do setor a crise na Europa não acarre- serem desenvolvidos.
em relação à grave crise tou em medidas protecionistas
econômica mundial que sobre os produtos agrícolas Em relação à Namíbia,
vivemos no momento? brasileiros. Os países são como o Ministério tem se
Telma Gondo -- O incentivo ao membros da OMC (Organização relacionado com este país?
consumo interno, como forma Mundial do Comércio) e,como Telma Gondo - Desde 1995, o
de manter a economia aquecida tal,seguem as regras do sistema Brasil tem mantido projetos
desde a crise do final de 2008, multilateral de comércio,que de cooperação técnica com a
fez com que o mercado domés- limitam a adoção desse tipo de Namíbia. Em 2003 foi assinado
tico se tornasse uma boa opção medida. O Ministério conta com Memorando de Entendimento
para a produção local. Porém, um adido agrícola em Bruxelas, em relação a projetos na área
como o Brasil faz parte desse junto à Comissão Européia , e agrícola, ratificado na reunião
mercado globalizado, em que um em Genebra, junto à OMC, de maio. Essa interação técnica
países estão interligados por que estão atentos a qualquer propicia o aprofundamento as
seus fluxos comerciais, a crise movimento nesse sentido. As relações entre os dois países.
FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia
Evento

fCCE promove
encontro entre
empresários americanos
Convidados expõem projetos de infra
estrutura e logística para a copa de 2014
e as olimpíadas de 2016

Organizado pelo Departamento reza, e em momento oportuno”, de empresas americanas que


36 | Evento

de Comércio do Consulado afirmou Souza Lima. “Encontros estão e investem no Brasil”, reve-
Americano no Rio de Janeiro, a como esse sevem para a troca lou a diplomata.
FEDERAÇÃO DAS CÂMARAS DE de experiências”, complementou De fato, os dois eventos pedem
COMÉRCIO EXTERIOR (FCCE), Danny Devito, ministro conselhei- para que sejam levantados
em parceria com a Câmara de ro para assuntos comerciais do projetos, estudos e relatórios
Comércio Americana (AMCHAM Consulado Americano. para que se façam diagnósticos
RJ-ES), recebeu, no último dia precisos sobre as vicissitudes
29 de abril , no prédio-sede Interesse americano
logísticas e de infraestrutura
da Confederação Nacional do De acordo com a a cônsul comer-
que precisam ser sanadas a
Comércio no Rio de Janeiro, o cial dos Estados Unidos, Camille
tempo e não prejudicar as festas.
evento TRADE WINDS FORUM Richardson, o simpósio demons-
Estudos feitos pelo governo
-THE AMERICAS, cujo tema trata- trou como cresce o interesse
federal apontam que o total de
do foi as expectativas de negócios dos empresários americanos
investimentos públicos e pri-
para a Copa do Mundo e os Jogos em investir no Brasil. “Para este
vados podem chegar a R$ 100
Olímpicos (Olympic Game/Soccer simpósio, conseguimos trazer 50
bilhões. Representando o Banco
World Cup Symposium),ambos executivos americanos que estão
Nacional de Desenvolvimento
eventos que serão realizados no muito interessados em investir
Econômico e Social (BNDES),
Brasil nos próximos seis anos. O nesses dois eventos esportivos.
o gerente do Departamento
objetivo do encontro foi apresen- Eles estão muito excitados com
de Desenvolvimento Urbano e
tar e discutir as possibilidades as oportunidades que podem sur-
Regional do BNDES, Rodolfo
de parcerias e investimentos gir”, disse Richardson. Segundo
Torres, a instituição já trabalha
entre empresas americanas e a cônsul, nos últimos anos tem
para garantir linhas de finan-
brasileiras juntamente com as se verificado um aumento subs-
ciamento para obras relativas
esferas governamentais (muni- tancial de pequenas e médias
à Copa do Mundo no Brasil,
cípio, estado e governo federal) empresas americanas interessa-
em 2014, é em apoiar projetos
brasileiras. O presidente da das em investir no Brasil, já que
que possam deixar um legado
FCCE, João Augusto de Souza o país tem se notabilizado como
sustentável para o País, sobretu-
Lima, participou da abertura do um importante destino comercial
do em relação à infraestrutura.
evento. “É a primeira vez que o em função de bons resultados
Torres explicou à plateia, formada
Consulado americano promove econômicos. “Ém cinco anos,
em sua maioria por empresários
um evento na CNC dessa natu- houve um crescimento de 300%

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


americanos, que as linhas de com destaque para a construção classificação de risco Standard &
financiamento criados visando a do Arco Rodoviário, que vai ligar o Poor’s que concedeu, em abril de
construção ou melhoria de are- complexo siderúrgico de Itaboraí 2010, o grau de investimento para
nas esportivas para a Copa ao Porto de Sepetiba, passando o estado fluminense. “Além disso,
do Mundo têm com juros e pra- pela Baixada Fluminense, e será estamos contando com muitos
zos especiais, dada a urgência integralmente financiada pela investimentos para o pré-sal.
da liberação dos desembolsos. União, com valor previsto de O Rio de Janeiro tem o PIB cal-
Estão previstos aportes totais de R$ 757 milhões. Pinho também culado em R$ 300 bilhões, maior
R$ 4,8 bilhões, com possibilidade lembrou da importância de se do que o do Chile. As maiores
de o BNDES arcar, via concessão investir em BRTs (transporte empresas do País estão sedia-
de empréstimos, com 75% do sobre trilhos), com a finalidade das aqui. É no Rio que concentra
investimento. de garantir melhor mobilidade a indústria do entretenimen-
O secretário informou também urbana, além de investimentos to. Nosso compromisso com
que a Secretaria de Transportes para a criação de novas linhas de a sociedade é que os Jogos
está trabalhando, junto com a metrô e reformas nas principais Olímpicos vão ser exemplares.
Infraero, para melhorar a perfor- vias expressas do Estado. E essa conquista é mais um
mance do Aeroporto Tom Jobim Em relação à segurança financei- passo nesse trabalho. Outra
com vistas à viabilização de ra do estado do Rio, o secretário frente é em relação às PPPs
trazer para o Rio de Janeiro mais Estadual de Fazenda, Joaquim (parcerias públicoprivadas).
vôos nacionais e internacionais. Levy, informou aos presentes que Qualquer parceiro estará mais
a economia fluminense passa seguro sabendo que o parceiro
Já o subsecretário de
por um período bastante favo- público é transparente e que a
Transportes do Estado do Rio de
rável para investimentos, sendo própria transparência tem ava-
Janeiro, Delmo Pinho, fez men-
reconhecido pela agência de liação positiva”, afirmou Levy.
ção de projetos de infraestrutura,

Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro


38 | Comércio Exterior
Comércio Exterior | 39
namíbia:
Uma história
História

Duas décadas de
independência
Conheça mais sobre o processo
de independência da Namíbia

Foram 24 anos de insurreição e Rica em minerais como dia- Herman Toivo, condenado a 20
40 | História

combates para que a Namíbia, mantes, lítio e urânio, além de anos de prisão.
país localizado ao sudoeste do permitir maior extensão da costa
continente africano, conseguisse atlântica, a Namíbia passou a Guerra de libertação
alcançar a sua independência. ser vista pela África do Sul como Em 1966, a Swapo criou o PLAN
Estima-se que, nesse período, país estratégico. Mesmo não (Exército de Libertação do Povo
25 mil pessoas morreram em tendo a política do apartheid da Namíbia). Nesse período,
campos de batalha, quando, em sul-africano implementada foi o iniciaram-se na Angola, país
1990, após uma série de conver- bastante para impedir com que fronteiriço com a Namíbia, movi-
sações no âmbito da Organização os negros namibianos tivessem mentos populares anti-coloniais
das Nações Unidas (ONU), ficou direitos políticos, assim como os revoltosos dos dois países
decido que a Namíbia seria um enfrentassem restrições para buscavam estabelecer relações
Estado independente. o avanço socioeconômico. O para suprimento de armas e
foco do domínio sul-africano na ajuda. Em 1975, Angola con-
Apartheid Namíbia estava na exploração seguiu a sua independência e
O processo de colonização das riquezas minerais. Durante passou a patrocinar as ações de
da Namíbia teve início após a a década de 1960, com muitos guerrilha na Namíbia com mais
Conferência de Berlim, quando, países da África negra conse- afinco. Em resposta à ajuda do
em 1885 (na qual os principais guiram conquistar a indepen- governo de Angola à Swapo, os
líderes de países europeus dência política, não tardou para sul-africanos resolveram atacar,
decidiram pela partilha colonial que movimentos de libertação em 1981, a ex-colônia portu-
da África), a Alemanha passou chegassem na Namíbia. A guesa, numa guerra que custou
a administrar o território do SWAPO (Organização dos Povos milhares de baixas para os
Sudoeste Africano. Com a derrota do Sudoeste Africano, em sua exércitos dos dois países, mas o
alemã na Primeira Guerra Mundial sigla em inglês) foi fundada em objetivo sul-africano de enfra-
(1917), a União Sul-Africana obteve 1964, contendo, em sua agenda, quecer a Swapo foi alcançado.
o mandato da Liga das Nações políticas de orientação marxista. Em 1987, a guerra civil angola-
para administrar aquele território, A Swapo apoiou as tribos locais na entre Unita (União Nacional
mas não o substituiu por um man- da Namíbia, mas os governan- para a Independência Total de
dato da ONU, em 1946, ficando a tes sul-africanos agiram com Angola) e a MPLA (Movimento
ocupar o território como se fosse grande repressão, prendendo os Popular de Libertação de
uma quinta província. líderes do movimento, entre eles Angola) acabou por envolver o
FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia
Herman Toivo, um dos fundadores da SWAPO, teve papel importante no combate às forças sul-africanas de ocupação da Namíbia

exército sul-africano que apoiou retomasse as suas operações de para a Independência da

História | 41
a Unita, enquanto a MPLA foi guerrilhas contra as bases sul- Namíbia. Com a mediação da
apoiada por Cuba e pela então africanas instaladas na Namíbia. Organização das Nações Unidas
União Soviética. Com o desenro- Isolada internacionalmente (ONU), a Namíbia tornou-se
lar da guerra, os cubanos envia- e com enormes dívidas de oficialmente independente no
ram cerca de 10 mil homens guerra em função das inter- dia 21 de março de 1990, tendo
para a fronteira de Angola com venções militares em outros na presidência Sam Nujoma,
a Namíbia, o que fez com que países, a África do Sul acei- representando a Swapo no
a Swapo, antes enfraquecida, ta, então, negociar termos poder do país.

San Nujoma, primeiro presidente da Namíbia, governou de 1990 a 2005


Comércio Bilateral

Intercâmbio Comercial
Brasil – Namíbia
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,
INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR - MDIC
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX
Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comércio Exterior – DEPLA

Panorama Econômico A renda per capita da Namíbia tencem ao bloco: Botsuana,


42 | Comércio Bilateral

da Namíbia é relativamente elevada para a Lesoto, Suazilândia e África do


Em 2008, o PIB da Namíbia região, atingindo cerca de US$ Sul. O Dólar da Namíbia, moe-
alcançou US$ 9 bilhões, com 4.300 em 2008, posicionando da corrente do país, tem pari-
aumento de 2,9% sobre 2007. na 91ª colocação no ranking dade de câmbio com o Rand da
Para 2009, o FMI projeta queda mundial, para uma população África do Sul, reflexo do grande
de 0,7%, causada pela cri- de 2,07 milhões de habitantes. interrelacionamento econômico
se econômica mundial. Para O País faz parte da SACU entre as duas nações.
2010, o Funda estima cres- (Southern African Customs O comércio internacional é
cimento de 1,7%, tendo em Union), união aduaneira mais de grande relevância para
conta a expectativa de recupe- antiga do mundo, criada em a Namíbia. Em 2008, o flu-
ração da economia mundial. junho de 1910. Também per- xo comercial com o exterior
representou 83% do PIB. Sua
Evolução da Corrente de Comércio da Namíbia economia é extremamente
dependente da extração e pro-
1999 a 2008 – US$ bilhões cessamento de minérios para
7,5
exportação, representando
mais de 50% da receita externa
7,0
do país e empregando cerca de
6,5
3% da população. A Namíbia é
6,0
o quarto maior exportador de
5,5 minerais não combustíveis da
5,0 África. Depósitos aluviais de
4,5 diamantes fazem da Namíbia
4,0 um importante fornecedor de
3,5
gemas de alta qualidade. Além
disso, ela é o quinto maior
3,0
produtor mundial de urânio e
2,5
produz grandes quantidades
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 de chumbo, zinco, estanho,
Fonte: OMC
prata e tungstênio.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


Já na pauta de importação, os
Evolução da Balança Comercial da Namíbia
itens mais relevantes em 2007
1999 a 2008 – US$ bilhões foram: máquinas e equipa-
mentos elétricos (total de US$
5,0
130 milhões e participação de
4,0 18,4% na pauta), máquinas
e equipamentos mecânicos
3,0
(US$ 77 milhões, 11,0%),
2,0 confecções (US$ 49 milhões,
7,0%), pedras preciosas (US$
1,0 48 milhões, 6,9%), automó-
veis (US$ 46 milhões, 6,5%),
0,0
instrumentos e aparelhos
-1,0 óticos e/ou de precisão (US$
28 milhões, 4,0%), veículos e
-2,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
materiais ferroviários (US$
28 milhões, 3,9%), minérios
Exportação Importação Saldo (US$ 25 milhões, 3,6%), com-
Fonte: OMC
bustíveis minerais (US$ 24
Já o setor agrícola não supre produtos: pedras preciosas milhões, 3,5%) e móveis (US$
toda a demanda interna, 50% (soma de US$ 495 milhões no 23 milhões, 3,2%).
das necessidades de cereais ano e participação de 22,9% Em 2007, a Namíbia teve como
são importadas. Cerca de do total), zinco e obras (soma principais mercados de destino
metade da população depende de US$ 431 milhões, participa- de suas exportações: Itália

Comércio Bilateral | 43
apenas de uma agricultura de ção de 19,9%), pescados (US$ (soma de US$ 412 milhões
subsistência. 347 milhões, 16,0%), produtos e participação de 19,0% no
Comércio Exterior da Namíbia químicos inorgânicos (US$ total), Reino Unido (US$ 377
292 milhões, 13,4%), minérios milhões, 17,4%), Espanha
Em 2008, a Namíbia totali-
(US$ 176 milhões, 8,1%), cobre (US$ 252 milhões, 11,6%),
zou exportações de US$ 2,96
e obras (US$ 172 milhões, Estados Unidos (US$ 220
bilhões, valor 1,3% superior ao
7,9%), carne (US$ 51 milhões, milhões, 10,1%), China (US$
registrado em 2007, total de
2,3%), produtos minerais 158 milhões, 7,3%), África do
US$ 2,92 bilhões. As impor-
diversos (US$ 39 milhões, Sul (US$ 131 milhões, 6,0%),
tações do País apresentaram
1,8%), frutas (US$ 33 milhões, Canadá (US$ 128 milhões,
crescimento de 28,4%, de US$
1,5%) e vestuário de malha 5,9%), Alemanha (US$ 122
3,52 bilhões em 2007, para
(US$ 29 milhões, 1,3%). milhões, 5,6%), Coréia do
US$ 4,52 bilhões em 2008.
Esses resultados aprofun-
Exportações da Namíbia
daram o déficit histórico em
seu comércio exterior. O saldo Principais Produtos – 2007 – US$ Milhões
negativo apresentou uma
média de US$ 302 milhões de Produto Valor Part. %
1999 a 2007. Em 2008, o déficit Pedras preciosas 495 22,9
foi de US$ 1,56 bilhão. Zinco e obras 431 19,9
A corrente de comércio do país Pescados 347 16,0
somou a cifra recorde de US$
Prods. químicos inorgânicos 292 13,4
7,48 bilhões no último ano e
representou aumento de 16,1% Minérios 176 8,1
sobre 2007, que totalizou US$ Cobre e obras 172 7,9
6,44 bilhões. Carne 51 2,3
A pauta de exportação em 2007 Rochas 39 1,8
(dados disponíveis segundo Frutas 33 1,5
informações colhidas de par-
Vestuário de malha 29 1,3
ceiros comerciais) foi com-
posta dos seguintes principais Fonte: GTIS, extraído com base na informação de países parceiros.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


tino das exportações brasilei-
Importações da Namíbia
ras, a Namíbia ocupou a 135ª
Principais Produtos – 2007 – US$ Milhões posição em 2008, com avanço
de oito posições em relação ao
Produto Valor Part. % ano anterior.
Máqs. e equips. Elétricos 130 18,4 A pauta brasileira de exporta-
Máqs. e equips. Mecânicos 77 11,0 ção destinada ao país carac-
teriza-se por ser majoritaria-
Confecções 49 7,0
mente composta por produtos
Pedras preciosas 48 6,9 manufaturados, representando
Veículos automóveis 46 6,5 74,1% do total de 2008. A cate-
Inst. e apars. óticos/de precisão 28 4,0 goria de básicos respondeu
Veículos e materiais ferroviários 28 3,9
por 25,4% do montante e a de
semimanufaturados por 0,5%.
Minérios 25 3,6
O grupo que mais cresceu no
Combustíveis 24 3,5 comparativo 2008/2007 foi o de
Móveis 23 3,2 produtos básicos, ao registrar
Fonte: GTIS, extraído com base na informação de países parceiros. aumento de 116,0%, de US$
2,7 milhões, em 2007, para
Sul (US$ 98 milhões, 4,5%) e 2008, o Brasil destinou US$ US$ 5,8 milhões, em 2008. Os
França (US$ 65 milhões, 3,0%). 23 milhões em produtos à semimanufaturados cresce-
Os principais mercados for- Namíbia, montante 39,0% ram 47,6%, ao contabilizarem
necedores para a Namíbia, superior ao valor de 2007, US$ 126 mil, e os manufatu-
em 2007, foram: Itália (soma de US$ 16,53 milhões. Já as rados, 23,8% com exportações
44 | Comércio Bilateral

de US$ 2,25 bilhões e parti- importações brasileiras de de US$ 17 milhões em 2008.


cipação de 23,2% no total), produtos namíbios somaram Os principais produtos que
Alemanha (US$ 913 milhões, apenas US$ 65,83 mil em compuseram as exportações
9,4%), China (US$ 864 2008, com queda de 2,2% em nacionais para a Namíbia em
milhões, 8,9%), França (US$ relação ao ano anterior. 2008 foram: móveis (total de
679 milhões, 7,0%), Estados Devido a esses resultados, o US$ 10,2 milhões, e participa-
Unidos (US$ 510 milhões, saldo comercial bilateral con- ção na pauta de 44,6%), carne
5,3%), Reino Unido (US$ 453 tabiliza praticamente o mesmo de frango (US$ 5,0 milhões,
milhões, 4,7%), Coréia do montante das exportações 21,7%), produtos de confeita-
Sul (US$ 402 milhões, 4,1%), brasileiras para a Namíbia. ria (US$ 2,1 milhões, 9,2%),
Países Baixos (US$ 317 No ranking de países de des- produtos de padaria (US$ 1,1
milhões, 3,3%), Tailândia (US$
287 milhões, 3,0%) e Japão
(US$ 254 milhões, 2,6%). Exportações da Namíbia
A participação brasileira nas Principais Países – 2007 – US$ Milhões
importações e nas exportações
da Namíbia é pouco expres- Produto Valor Part. %
sivo, tendo atingido somente
0,51% em 2008. Itália 412 19,0
Reino Unido 377 17,4
Intercâmbio com o Brasil
Espanha 252 11,6
A corrente de comércio entre
Brasil e Namíbia alcançou, Estados Unidos 220 10,1
em 2008, o montante recorde China 158 7,3
de US$ 23,05 milhões, valor África do Sul 131 6,0
38,9% superior ao que fora
Canadá 128 5,9
registrado em 2007, de US$
16,60 milhões. Alemanha 122 5,6
Esse desempenho decorreu Coréia do Sul 98 4,5
do aumento das exporta- França 65 3,0
ções brasileiras ao País. Em Fonte: GTIS, extraído com base na informação de países parceiros.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


milhões, 5,0%), pisos e reves- Evolução do Intercâmbio Comercial Brasil / Namíbia
timentos cerâmicos (US$ 605 1999 / 2008 – US$ milhões FOB
mil, 2,6%), carne bovina (US$
590 mil, 2,6%), máquinas e 25

aparelhos para terraplanagem 23

(US$ 554 mil, 2,4%), recipientes 20

de vidro (US$ 407 mil, 1,8%), 18


obras de marcenaria (US$ 344
15
mil, 1,5%) e aparelhos para
13
cozinhar (US$ 311 mil, 1,4%).
10
Quanto às unidades da fede-
8
ração que exportaram para a
Namíbia em 2008, o Rio Grande 5

do Sul foi origem de 41,1% 3

(US$ 9,4 milhões) dos embar- 0


1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
ques. Em seguida, os maio-
res estados fornecedores ao Exportação Importação Saldo
país foram: São Paulo (19,6% Fonte: MDIC/SECEX

do total e soma de US$ 4,5


milhões), Minas Gerais (13,0%, desempenho em relação ao (US$ 139 mil, 0,2%).
US$ 3,0 milhões), Paraná ano anterior foi a de manufa- São Paulo foi a unidade da
(12,1%, US$ 2,8 milhões), turados com um crescimento federação que mais realizou
Santa Catarina (5,6%, US$ 1,3 de 194,5%, seguida pelos importações de produtos
milhões), Rio de Janeiro (2,8%, básicos com 42,3%. provenientes do País, total de

Comércio Bilateral | 45
US$ 634 mil) e Mato Grosso do Os produtos que compuseram US$ 55,9 mil (85,0% da pau-
Sul (1,7%, US$ 386 mil). a pauta de importação bra- ta). Em seguida, os estados
Na composição da pauta de sileira da Namíbia em 2008 importadores de produtos
importação brasileira de pro- foram: máquinas e equipa- namíbios foram: Rio Grande
dutos namíbios, os produtos mentos elétricos (total de do Sul (participação de 7,0%
básicos foram responsáveis US$ 32,7 mil e participação e soma de US$ 4,6 mil), Goiás
por 49,2% do total. Os manufa- na pauta de 49,6%), pescado (4,5%, US$ 3,0 mil), Santa
turados representaram 49,9% (US$ 21,3 mil, 32,3%), semen- Catarina (2,4%, US$ 1,6 mil),
e os semimanufaturados, 0,9% tes e frutos oleaginosos (US$ Minas Gerais (0,9% US$ 0,6
do total de 2008. A catego- 11,2 mil, 17,0%), peles (US$ mil) e Amazonas (0,2%, US$
ria que apresentou o melhor 593 mil, 0,9%) e ferramentas 0,1 mil).
Em 2008, 124 empresas bra-
sileiras efetuaram vendas à
Participação % do Brasil no Comércio Exterior da Namíbia Namíbia. O que significou uma
2000 a 2008 retração de 7,0% em relação
ao total do ano anterior, de
0,01% 131 exportadores.
Na importação, apenas 14
empresas efetuaram compras
de produtos provenientes do
país, uma a mais do que o
0,50% 0,48% 0,50%
0,47%
0,51% total de importadores em 2007.
0,44%

0,01%
Elaboração: Departamento
0,26% de Planejamento e
0,03% 0,13% Desenvolvimento do
Comércio Exterior (DEPLA)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 da Secretaria de Comércio
Exterior (SECEX) do Ministério
Importação da Namíbia Exportação da Namíbia do Desenvolvimento, Indústria
Fonte: MDIC/SECEX, OMC
e Comércio Exterior (MDIC).

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


curtas
Petrobras arrenda da classificação de risco tados e tomados como lição
o Estaleiro Inhaúma da atividade para o licencia- para sobreviver aos efeitos
Petrobras aprovou a assina- mento de empresários e de da crise. Aliado a isso, houve
tura do contrato de arrenda- pessoas jurídicas de qualquer o que o fundo chamou de
mento do Estaleiro Inhaúma, porte, atividade econômica ou “experiências heterogêneas
também conhecido como composição societária. dos mercados emergentes”.
estaleiro Ishibras, com a A reunião será conduzida pelo Depois da crise, registrada
Companhia Brasileira de ministro do Ministério entre o final de 2008 e em
Diques - CBD, pelo prazo de de Desenvolvimento, Indústria 2009, de acordo com o relató-
20 anos, cujo valor aproxima- e Comércio Exterior (MDIC), rio do FMI, a recuperação que
do é R$ 4 milhões por mês. Miguel Jorge. A Redesim estava em curso na maioria
O estaleiro está localizado na (Rede Nacional para a dos mercados emergentes
Baía de Guanabara, com cala- Simplificação do Registro apontava um crescimento
do (profundidade) de 7 metros e da Legalização de Empresas médio de 3%.
e inserido na malha urbana e Negócios) é um sistema
da cidade do Rio de Janeiro integrado que permite a aber- Exportação de vestuário
e poderá ser utilizado para tura, fechamento alteração produzido no RJ cresce,
a conversão de navios em e legalização de empresas mesmo com a crise
FPSOs (Sistema Flutuante de em todas as Juntas global
Produção e Estocagem), hoje Comerciais do Brasil, simplifi- O Rio de Janeiro conseguiu
realizado no exterior. Ainda, cando procedimentos e redu- escapar dos efeitos da crise
46 | Curtas

servirá como base de apoio zindo a burocracia ao mínimo internacional sobre as expor-
para balsas de propriedade necessário. tações brasileiras de vestuá-
da Petrobras, além de utili- rio. Dados do primeiro qua-
zação da área para suporte a FMI elogia desempenho drimestre do ano, divulgados
diversas operações. A análise dos países emergentes pelo Centro Internacional de
dos projetos em andamento em relação à crise Negócios (CIN) da Federação
para o setor naval, somada às econômica mundial das Indústrias do Estado do
futuras demandas e à infra- O Fundo Monetário Rio de Janeiro (Firjan), mos-
estrutura disponível no Brasil Internacional (FMI) elogiou tram que o estado continuou
para este tipo de construção, hoje (21), durante a divul- crescendo, mesmo diante
indicou a necessidade de gação do relatório Como das adversidades no mercado
construção de novos e a reati- os Mercados Emergentes externo. Hoje, o estado é res-
vação de antigos estaleiros Sobreviveram à Crise, a ponsável por 15,5% do embar-
atuação dos governos dos ques desse segmento.
Reunião da CGSIM vai países em desenvolvimento O Rio abriu o leque de mer-
discutir classificação no enfrentamento da crise cados importadores da moda,
de risco de atividade econômica mundial. Segundo optando por vender a países
econômica o relatório, foram adotadas desenvolvidos e com maior
Vai ser realizada no próxi- “grandes medidas fiscais e poder de consumo, que valo-
mo dia 22 de junho, a partir monetárias.” As informações rizam fatores como design,
das 16 horas, a 4ª Reunião são da agência oficial de notí- criatividade e qualidade. Os
Ordinária do Comitê para cias da Argentina, a Telam. principais destinos foram
Gestão da Redesim / CGSIM. Para o FMI, um dos fatores Estados Unidos, Portugal,
Na ocasião, dentre outros que reduziram a vulnera- Itália, Namíbia, França, Japão
assuntos, será discutida a bilidade desses países foi e Grécia. O número de des-
Resolução nº 22 que dispõe a manutenção de reservas tinos subiu de 32, em 2001,
sobre as orientações a serem internacionais de curto prazo para 63 este ano.
seguidas pelos entes federa- para o financiamento externo. Enquanto as exportações bra-
tivos (união, estados e muni- De acordo com o órgão, os sileiras de vestuário experi-
cípios) quanto às pesquisas fundamentos econômicos e os mentaram retração de 35,24%
prévias e à regulamentação vínculos globais foram respei- nos últimos dez anos, passan-
FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia
do de US$ 91,86 milhões nos aumentar a produtividade e o auxílio na revitalização
quatro primeiros meses de na Savana africana e nas do setor doméstico de cons-
2001, para US$ 54,49 milhões plantações de algodão, o trução naval. Além disso,
no primeiro quadrimestre des- que é coordenado por unida- o aumento da capacidade
te ano, os embarques de moda des da Empresa Brasileira do setor favorece o desenvol-
do Rio de Janeiro mostraram de Pesquisa Agropecuária vimento da cadeia do petró-
expansão de 171,92% em (Embrapa) na África. “O que leo, inclusive com a grande
igual período. As exportações a África necessita não é mais demanda devido às reservas
fluminenses subiram de US$ de ajuda, mas de uma reinser- do pré-sal.
3,4 milhões para US$ 9,26 ção de fato no sistema econô-
milhões, de acordo com mico e político internacional”,
a estatística do CIN. defendeu o especialista em Petrobras vai captar
estudo africanos e diretor do US$ 58 bilhões no
Seminário discute ajuda IEEI, Fernando Cardoso. mercado para plano de
internacional na África investimentos
Ministros e diplomatas bra- BNDES aprova O presidente da Petrobras,
sileiros e pesquisadores de financiamento de US$ José Sergio Gabrielli,
vários países discutiram, no 745,9 milhões para informou,no dia 21 de junho,
dia 09 de junho, em Brasília, construção de navios que dos US$ 224 bilhões de
ações internacionais que O BNDES aprovou financia- investimentos previstos pela
podem colaborar com a redu- mento, em reais, equivalente companhia no período 2010

Curtas | 47
ção da desigualdade social na a US$ 745,9 milhões para a 2014, US$ 58 bilhões terão
África, durante o Seminário a Companhia Brasileira de que ser captados no mercado.
Brasil e China na África: Offshore (CBO). Os recursos, Segundo Gabrielli, esse valor
Desafios da Cooperação para provenientes do Fundo de virá da tomada de emprésti-
o Desenvolvimento. Marinha Mercante, têm como mos e outra parte, que não
No evento, o subsecretário- objetivo a aquisição de 19 especificou quanto, será via
geral para África e Meio embarcações a serem cons- capitalização da companhia.
Oriente no Ministério das truídas pelo estaleiro Aliança,
Ao apresentar o novo plano
Relações Exteriores (MRE), em Niterói, Rio de Janeiro.
estratégico da companhia,
Piragibe Tarragô, disse que o O valor total do projeto é
Gabrielli disse que foram
Continente Africano “é priori- de US$ 828,8 milhões.
acrescidos em novos projetos
dade permanente na política Em função dele, serão gera-
US$ 31,7 bilhões e houve uma
externa brasileira porque dos 930 empregos, entre dire-
redução de US$ 17 bilhões
temos interesses em comum, tos e indiretos, no município.
de retirada e redefinição de
como o combate à fome e Também foi aprovado finan- outros projetos. A Petrobras,
o desenvolvimento rural”. ciamento de R$ 69,1 milhões segundo Gabrielli, continua-
Segundo ele, mais de cem para a Aliança Indústria Naval rá dando ênfase ao aumen-
acordos de cooperação bilate- e Empresa de Navegação S/A to da produção de petróleo
ral foram firmados com países modernizar e ampliar no país e à descoberta de
africanos desde 2003, em áre- o estaleiro de Niterói, além novas reservas. Com isso, os
as como agricultura, biocom- de construir uma fábrica em investimentos na área inter-
bustíveis, saúde, tecnologia, São Gonçalo para apoio nacional foram reduzidos
cultura, educação e defesa. às atividades do estaleiro. de US$ 16 bilhões para US$
Os projetos de biocombus- O financiamento do Banco 11 bilhões. “Temos muito
tíveis, por exemplo, buscam também inclui investimentos que fazer aqui no país, com
capacitação, infraestrutura e do grupo em projetos sociais. o aumento da exploração
estudos de viabilidade para Entre os méritos do projeto de petróleo principalmente
produzir etanol no continente. apoiado pelo BNDES desta- na área do pré-sal, além de
Já os projetos de agricultu- cam-se o desenvolvimento aumentar nosso foco na área
ra, aplicam estudos feitos e capacitação tecnológica do de biocombust íveis, como
no Cerrado brasileiro para parque nacional de estaleiros o etanol”, disse Gabrielli.

FCCE - Seminário Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil - Namíbia


48 | Comércio Exterior

You might also like