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"Dom Vital sofreu a amargura da injustiça, mas se tornou um modelo fecundo como Pastor fiel às
orientações da Igreja. Seu exemplo de fidelidade à doutrina do Sucessor de Pedro é um valioso
estímulo a todos nós, do clero e do laicato."
Dom Vital nasceu no Município de Pedras de Fogo, Paraíba, a 27 de novembro de 1844. Foi aluno
em Recife e do Seminário de Olinda. Continuou seus estudos na França e ingressou no Convento
dos Capuchinhos, em Versailles. Chamava-se Antonio e, na ordem, recebeu o nome de Frei Vital
Maria. Completou sua formação em Toulouse e foi ordenado sacerdote a 2 de agosto de 1868.
Nesse mesmo ano retornou ao Brasil e, em São Paulo, exerceu diversos cargos, inclusive o de
Professor de Teologia. Aí recebeu, a 21 de maio de 1871, o nomeação para Bispo de Olinda. Ao
pedido “para que o livrem de semelhante fardo, em razão da idade e da indignidade”, Pio IX
respondeu: “Hás de estrenuamente defender a causa de Deus e nada omitir que possa dizer
respeito à salvação e proveito do rebanho a ti confiado”. Uma diretriz marcada por uma premonição.
Houve recurso à Coroa. Pressionado pelo Governo Imperial, Dom Vital responde ao Ministro João
Alfredo: “Se a minha resistência vai dar lugar a cenas tristes, só conheço um meio: peça o Governo
Imperial à Santa Sé que me mande, quanto antes, para meu convento”. Chegando ao Rio de
Janeiro, encarcerado no Arsenal de Marinha, recebe a visita de Dom Pedro Maria de Lacerda, Bispo
do Rio, que lhe diz emocionado: “Vejo em Vossa Excelência um prisioneiro de Cristo; meu Clero e
Cabido serão felizes pondo-se às suas ordens.” A amizade fraterna e a comunhão na defesa da
verdade e da liberdade da Igreja uniram desde então Dom Vital e a diocese do Rio de Janeiro.
Pelas pressões do Duque de Caxias, foi anistiado pelo Decreto nº 5.933, de 17 de dezembro 1875 e
reconhecida a inocência. A seguir, viaja a Roma, em visita “ad limina”. Ao ser recebido pelo Papa
Pìo IX, este o abraçou com afeto e disse: “Aprovo tudo o que Vossa Excelência fez, desde o
princípio”.
Dom Vital morreu em Paris, a 4 de julho de 1878. Ao receber o Viático, diz: “Perdôo de coração aos
meus inimigos e ofereço a Deus o sacrifício da minha vida”. Monsenhor de Ségur, na oração
fúnebre, por ocasião das exéquias, afirmou que Dom Vital morreu envenenado. Assim terminou
esse triste episódio, que é denominado a “Questão Religiosa”. Com ela, foram dados os primeiros
passos para a correção de graves obstáculos ao florescimento da vida da Igreja no Brasil. Foi o
início de um despertar.