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Coppight © “Enanines* René sheer Ps, atop, £8. one, 2002 Jorge Larosa Wate Oar kobae Ente {Guinerme Jose de Fear Tei Sate desento do autor (ik Nine Ana Cra Line Brando ‘gare Das ad contarne oon kad tag, enh pre sss psc pode edd, ‘por as cinco, atone, ‘osc som star pono as -AUTENTICA EOTORALTOA, Jats 30 2268 Dados intmatonl de xaos na ue) "chmare rice dia, 30, ba raha rane 1 cn tas heen 28 Carinae 1 A invengao da infincia: entre as Luges eo Tluminismo, a crianga’ Convém aio exquecer gue o século XVIIL foi também o sécula que inventou erianga. A sociedad em que adults e ean ¢2sseencontram misturados no trabalho enasdiverses as fes- tas eceriménias, cede o har dguela—anossa—em que infincia, cuidadosamente segregada,cora-se um objeto especifico de ater ‘glo no plano social dai em dante, suas tarefasebrineadeiraste- Fo o inion objetivo de contribu para a prépria formagio, sa invengio io foi necessuiamentedeliberad; assim, é impossivel indica com preciso a data de seu surgimento, Qua do muito, a segunda metade do século, acum. os inci (os de mudanga na atinude dos adultos em relagio as eiangas. Enquanto fentmeno de sociedade e de mentalidles ele cor- responde, sem nenhuma chivida,&ascensio de ua burg mais consciente desi mesma, i crescente complexidade dessa indistria e de suas tenis, enfim, & sua ambigio. Enquanto potencial humano a ser colocado em reserva, matéra maledvel ‘do homem por vr. crlanga dixa de fcarentregue a simesma fou simples rotina da aprendizagem tradieional; assim, este tégia mobilizada sua volta —queadeixa coafiaada —combina ‘Fes public ple princi vex com o tla “Ente le Lies et ute: Fela” (WARLDOT, 1986, ” Ja cariosidade em relago a0 seu comportamento ea sua pico: ! ogia com os métodos aptos para constuir, por seu interméo, uma sociedade nova. A Crianga pasta a ocupar o centro de todas as atengdes Fl tar inelectual e filosfico do século XVII que enuncia a exigéncia cde sua pedagogizacio integral, embora sea ainda incapar de assegurara coeréncia ea universlidade de tl projeto De Locke is Riflcion sur duction de Kant, depois do impulso decisivo dado por Rousseau com seu ivto Em, ins la-seum “sistema da infineia” que ainsi ox melhor, cons tru itralmente, com suas peetrogativas ¢, a0 mesmo movi mento, dita os deveres 25 condutas doaduto para com ela, A Jnfincia, como eal, comega a ocupar umn campo social bem de- limitadlo que impoe, 0s responsive poress iia eta, o que deve, ou no, dizere fazer, Por su interméiio em sua inten .o,asociedade inteta aprendea se clsciplinas, pedagogizando- pela inginca,expicta ou sub-reptciamente —poiso sistema por ver que nha fora de velho moos hava ei 8 (Res, 1989, “9 eaminhad p. 139) Humildade do idsofo diante da crianga! ‘A sensibilidad, embora teoticamente prene de perigos, seiinsinua no pedagogo. A biografia do citado Berquiné préi- ‘pa em cenas tocanes: Um emame de meninosbrigavam pars tear sus mio cobs de bios, enquanto um dels, ras audacio se ousensivel abst se con ajuda da roupade Bergin partabrag eer, com olibiosinocemts sig mas prazewss ue esapam dos obs dese amigo. (Goumy,sa) ‘Acescola de Basedow id misturas, também, a intransién. cia dos principios com a doguea dos afigos, * De fato,acrianga desperta no homem uma nova vitudet a inoéncia da qual este se impregna ao manter contato com le. Por intesmeédio dessa virtue, tudo 0 que parecia ignorincia ou Fraqueza ganha sentido e valor no que diz respeto i origem, antes da institu da repra humana, seja cla Natuteza, seja Es- pito. A erianga, objeto da solicieude das Lae, recepticulo de seu saber, instrumento do progresso, toma se font de uma lumi rao de ontra especie. Por sua “ingensidade” la escapa damit Sos porsua nature, elaresineem si comeso eo fimyladesbor ch otempo bistro no que diz respeito mena. atingire 40 ide ‘Em sua obsa Sobre posi inne seatinental Schiller (1795) {i precisamente, o primeito intésprete inspirado dessa meta Ac representa viride da meta aatngt, a cxanga mance sempreinfniamenteacima de ni ue repre sentamos consumagio, Dal qe acing sj pas sum presenifieago doa, consumado mas pro ‘paso; porann,o.e ns comove éa representa, no less carénciase mites, mas de sus fore pra err de sun inegidad ede sev nie, Sc, 2003, p44) ‘Contudo, essa atongio prestad &exianga ni implica uma reviravola total dos valores, pois Schiller continua send fe ln _felvang, ao progresso da humanilade por meio da cultuta, mas nunca nostalgia infin, a nostalgia cdo Taft” ejaencara- {80 & paraos primeizos romintins, a eranga. Aki disso la € «raed pelos irmios Schlegel, pot Wiel Heinrich Wackeno- dere deforma eminente, por Novalis, como aluminosa graga da “dade de ouro”-erianga mensageim crianga do mist, Aahoragio dos rominticos ps infin csreve Muted Bion origina na comsicgio de que ctanga um ser misteriosa oriuada de wm mundo misteroso 0 mn- do anterior ao mascimento ~ do qual raz un conbeci- rento uma sabedoria que so pels bem depresa, infelizment, no decoerer desu cresimento, Ease ‘sess univer desconhecido pos homens acing & ponador de wma mensgem cj eros engmiticos So peessenddos ei vers, até mesmo interprets pelos ats (B10 1962, p. 210) Mito ou culto? Q Frifromantié os ikimos anos desse sé- ‘alo acabou confundindoaerianga real com ainfincia a qual se sspira em um danerange que constiul uma verdadeity arte po- fica, Os seres de cligio, os entes amados, so eriangas ow con- ‘inuam fembtando intensamente ainfinci: Sophie von Kin tem teze anos quando se torna aoiva de Novalis: ais, essa éa idade de Bettina Brentano, em 1798, ano em que seu irmio (Clemens encontra pela primeiea vez aquele que fi seu marido® — alma gémea de quem ele nanca mais se separou. Dacrianga vem su, da eriange que, promessa, agtegn a plena realizacio. {Um pouco mas tarde, no comego do século seguinte, esumindo toda essa conversio, Jean-Paul desereve, em seu tri tado sobre a educagio~ Letana—0 so sabor de uma terna ionia, a rigidex pedaggea se afrouss pparadar haga aan imo rorméntico em que, Una evanga, plenamente reais, seria umd auront celeste dlrs Mais perto de nds ~ e, com suas palaveas, vamos con. lui, Walter Benjamin, so aento as eviangase& prdpria infin cia, fornece-nos a expressio adequada pata catacteizar a cons: déncia quas visionsia que formar uma das dimensdesde nossa modernidade: a “iluminaco profana”, conservagio © metamor- fose do sagrado 7 tei Lig Joachim yo Aen (1781-180), at cones peo twome de Achim von Ari, romania © poets rome semi Em Compania de Cene Brent ors oma das prin igus do ‘lanai gesmnic asa XIX gage 40 peje cman ei peat cent populates semana coletinen De Kv Wanders (A Coen da cag). OT) Tatwse do preadinin de Jann Pat Fede Richter (763-1825, Cecio omntce emit aia spa; dle medi seu some {on homenagem Je eqns Rose. (NT). Capirev0 H A utopia pedagigica A utopia que nos seduz € abertura para um mundo que ainda aio desabrochou, 0 espago reservado a0 sono ainda no realizado,mastalverrealizavel, Contado,existe o outro lado do cenirio: essa utopia postiva, afirmativa,devers confrontar: se com uma outa que € guiada pela ambicio desmesurada de subjugar 0 mundo diverso ¢ cambiante da vida ao conecito, além dese esquecer da dstincia entre o racional eo real, entre a resisténcia ¢ 0 poder, entre a espontancidade, por um lado, por outro, onganizagio eo Estado Essa utopia—na fata de termo mais adequado, vou cha ‘mila de negativa ou, ainda, eativa ~ tanto mas perigosa na rmeslida em que chega a eneamar-se na histiri, falsficando soa auturezae fuzendo-xe passar pela propria exigéncia do real dante das veleidades do desejo. Utopia sempre coercitva, pois € acompanhacla por uma dominagio tirniea sobre o homem «suas paixies, em que € perceprivel a conteapartida a0 sono promissorde Tehernychewski:o de Lenin, anunciando a sub- _missio do individuo e das massas em nome dos imperativos dacficicia, "Goma psn no Collage de Ceryem 1975 (GRANDILLAC, 1978p 3439) Acxistneia da utopia fica demonstrada pela pecipitacio ‘no fortalecimento das instincasrepressvas. AS massa Constituer uma matéra esistente paraa apo ia, cuja tarefa consists, portanto, em eduef-las, Dupfo pol rincipio que orient oc nia do poder, que designo como pia praia, qe dizer, a idea de ur reer aia polar flo aideia de que seria possivel formar um homem capaz de ‘construitutna sociedade mais bem insteuida ~ow um homem ‘mais bem dotado, capaz de construit uma sociedade diferente Assim, a utopia pedapégica€ apenas outea fice di utopia pol tiea que, por sua ver, es pedagogia, mas ela propria é pedayegica cis © que lis sa bbemos desde Plato. Fssa mancira de falaainda seria equivoca so sugeri a ideia de que a pedagogia pudesse deixar de ser utopia, Ora, trata-s, precisamente, de earaterizat a pedago- si, na generalidade de sua proposta, como utopia, sempre no s6 acompanhada por Porisso, evito fazer qualquer distingio de principio entre pelagogia oficial e pedagoggas dita ueipieas E, da mesma for ma, nfo me detere na conteovérsa —apresentada, em detalhe, por Dietrich (1973) que, no inicio da Revolugo Russa, opss Lenin a certos pedasogos: para ele, assim como para seus con- traditores, 0 objetivo era sempre 0 de adaptar 0 cidadio ao Estado, coma mesma certeza que,ateavés ce métodlos aprop- ados, o homem novo seria conduzide a querer 0 gue na faa Parle desas dso priniti. Assim, aplicada i grande maquina politco-educativa das sociedadles moderns, utopia é 2 quimera—o temo “sonho” setia demasiado sedutor—de reprimie, transformare controlar ‘ndividuo em cada euapa de seu desenvolvimento projeto iu ‘6rio — sempre adiado para o futuro —de instauragio de usa ‘ordem social, enfim, definiivae dotada de todos os recursos de seguranga,em que os integrantes do cospo socal, Formos do ’mesmo modo, convergem por vontade propria para o mesmo stados, socalistas objetivo, Nao é um acaso se, em todos os (0,0 planejamento pedagégico&, finalmente, semelhante Michel Foucaule (1975) escareceu muito bem essedestoca mento, O pexler—infinitamentedvensficado esutil~ de controle cede o lit a0 poder de ostentagio, do qual a pedagogia € um aspecto essencal, Desdenkada pelo despotismo puro, a pedago: sia toma-seindispensive para um modelo de poxerque s6con- ‘sejue perdurar ao imiseuit-e na vida de eadaindlividuo, pois ne ‘cessita desta conivéncia. Nesseaspecto, a educagio das cxiangas desempenla um papelchave: atualmente, da publicidad pol cia, tudo se“ pedagogiza”. Na Unio Sovietca ena China assim ‘eomo fas sociedades “libetas", a fSrmola “educagio antes de tudo” é uma palavea de orem conten qual ao existenenhuma objegio sia, Neste nivel, wopia pedagdgica ¢ utopia politica imeragem, Citeuo vcieso cujo stoma sve ou trio, de acordo ‘com amaneita como for eonsderado,é—diante de tantos esfor «0s despensidos na dread elveagio por parte dos Estados, dos ‘organismos intetnacionaise das socedadesflantripieas—0 de- senvolvimeno do medo,da sevageria eda jgnorincis. Com um tom irénico, Fourier mencionava “oexteavio da radio pels cién- as incertae” Po sa ve2, Nitasche eserevia:“O desert cresce” ‘Se, pa compreender« wopia pedagégica em seu pressu- posto politico, for necessieio apreendé-la nos lugares onde ela ro se nomeia como tl, enti, convém, antes ce tudo, captich cm seu terreno prediltosa escola, Desde 0 séeulo XIX, 0 sist ima escolar eo professores primirios foram os paladinos da transformacio da sociedade pela edueacio, A escola ibertado- ‘aad igualdade de oportunidades, da Replies, da hice edo povo, tudo isso levou a esquecera maneita como a mig ‘ad poster havin conseguido sua cabal instalagio! -Mesmo que a exstncia da escola, exigidaportodlos hoje, ‘considerada como. espago natural da cianga se incontestivel a0 ponto de ser bia a fase de Christiane Rochefort (1975),

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