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CEDERJ

MÉTODOS DETERMINÍSTICOS - EP5 - 2010.2

Prezado Aluno,

Este é nosso último EP que trata especificamente do funcionamento da linguagem da


lógica na matemática. Nos EPs anteriores você já estudou todo o “vocabulário” da lógica,
já conheceu todos os conectivos, como eles funcionam, o que eles significam. Agora, de
posse do vocabulário, veremos como se analisa uma “redação matemática”, isto é, uma
série de proposições que se encadeiam para levar a uma conclusão. Esta “redação” é o
que chamamos de argumento. Um argumento é sempre composto por proposições que
constituem premissas e proposições que constituem conclusões. Para que hoje você já tivesse
alguma familiaridade com esta estrutura, nos últimos EPs já introduzi o conceito de premissa
e utilizei esta noção na resolução de exercı́cios. Espero que você já esteja lidando bem com
essa idéia. Se assim for, certamente o EP de hoje não oferecerá muita dificuldade. Mas esteja
muito atento pois há sutilezas nesta história toda. Ao menor sinal de dúvida ou insegurança,
procure ajuda!

Bom trabalho,
Michelle Dysman

A princı́pio um argumento é algo bem simples, um conjunto de proposições chamadas de premissas


seguidas por proposições denominadas conclusões. Por exemplo, poderı́amos ter como premissas:

Se eu saio de casa, então pego ônibus


Se eu pego ônibus, então gasto dinheiro.
Hoje vou sair de casa.

1
seguidas pela conclusão:

Hoje vou gastar dinheiro.

Este é um argumento válido pois a conclusão é decorrência lógica das premissas, isto é, assumindo que
as premissas são verdadeiras, necessariamente a conclusão também é verdadeira.
Vamos ver um exemplo de argumento que não é válido:

Premissas
Se eu saio de casa, então pego ônibus
Se eu pego ônibus, então gasto dinheiro.
Hoje vou gastar dinheiro.

seguidas pela conclusão:

Hoje vou sair de casa.

Como já vimos antes, o “se... então...” representa implicações em uma direção e não pode ser invertido,
isto é, a afirmação “se eu pego ônibus, então gasto dinheiro” não nos garante de forma alguma que se eu gasto
dinheiro, então pego ônibus. A conclusão acima não é uma decorrência das premissas, por isso o argumento
não é válido.
Veja que em momento algum eu usei os termos falso ou verdadeiro para qualificar os argumentos.
As proposições podem ser qualificadas em falsas ou verdadeiras. Os argumentos são válidos ou inválidos,
dependendo de se as leis da lógica foram ou não corretamente aplicadas.

Nos exercı́cios abaixo tente decidir se os argumentos são válidos ou não.

Questão 1. Classifique em válido ou inválido cada um dos argumentos abaixo. Justifique.

a) Premissas:
Se eu estudo, eu aprendo.
Se eu aprendo, eu passo de ano.
Eu estudo.
Conclusão:
Eu passo de ano.

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b) Premissas:
Se eu tenho sede, bebo água.
Se eu bebo água, não me desidrato.
Conclusão:
Se eu tenho sede, não me desidrato.

c) Premissas:
Se eu estudo, não vou ao cinema.
Se não vou ao cinema, não janto fora.
Hoje janto fora.
Conclusão:
Hoje não estudo.

d) Premissas:
Se o Pedrinho não se comportasse, ficaria de castigo
Pedrinho ficou de castigo.
Conclusão:
Pedrinho não se comportou.

Sabemos que premissas são proposições que, na análise de um argumento, devem ser consideradas
verdadeiras por hipótese, isto é, não importa que sejam absurdas, se são premissas, no argumento elas
devem ser tomadas como fatos para a obtenção da conclusão. Essa é uma das origens de dificuldades com
argumentos. Para dar um exemplo, vamos considerar uma questão que foi desenvolvida pela Fundação Car-
los Chagas para um concurso:
(FCC) Observe a construç~
ao de um argumento:
Premissas:
Todos os cachorros t^
em asas.
Todos os animais de asas s~
ao aquáticos.
Existem gatos que s~
ao cachorros.

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Conclus~
ao:
Existem gatos que s~
ao animais aquáticos.
Sobre o argumento A, as premissas P e a conclus~
ao C, é correto dizer que:
A) A n~
ao é válido, P é falso e C é verdadeiro.
B) A n~
ao é válido, P e C s~
ao falsos.
C) A é válido, P e C s~
ao falsos.
D) A é válido, P ou C s~
ao verdadeiros.
E) A é válido se P é falso e C é verdadeiro.

Como vemos, todas as proposições constantes na premissa são absurdas, a conclusão também é absurda,
mas nada disso impede que o argumento seja válido. De fato, tomando como verdadeiras as premissas,
partimos do fato de que existem gatos que são cachorros (premissa 3), usando a premissa 1 vamos concluir
que existem gatos que têm asas e, então, a premissa 2 nos permite chegar a conclusão: existem gatos que
são animais aquáticos. O argumento é perfeitamente válido, embora as premissas P e a conclusão C sejam
todas falsas. A análise do argumento não leva em consideração o caráter verdadeiro ou falso das premissas
e da conclusão, esta análise considera apenas a forma como a lógica está sendo aplicada.
Uma observação importante: vimos que na análise do argumento as premissas devem sempre ser
tomadas como verdades. Mas isso não impede que você possa julgar se é verdadeira ou falsa uma proposição
que é dada como premissa, você pode, só que esse julgamento não é parte da análise do argumento. No caso
acima, por exemplo, o que você responderia se você fosse perguntado: a proposição na primeira premissa
é verdadeira ou falsa? Falsa, a proposição é falsa, claro, cachorros não têm asas. Mas o argumento segue
sendo válido. Em 2009.1 uma questão da AP foi fonte de muitos erros de alunos que consideravam que se
uma proposição é dada como premissa não podemos afirmar que ela seja falsa. Repito: podemos! O que não
podemos é levar a falsidade da premissa em consideração na hora de julgar o argumento. Para deixar mais
claro, coloco abaixo a questão da prova de 2009.1 já com sua solução.

Questão 2. Considere o argumento formado pelas premissas e pela conclusão dadas a seguir:
Premissas:

1) Se a água é igual ao fogo, a Terra é o Sol

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2) A água é igual ao fogo.

Conclusão:

• A Terra é o Sol.

Decida se cada uma das afirmativas abaixo é verdadeira ou falsa, justificando sua resposta.

a) A proposição na primeira premissa é uma proposição falsa;

b) A proposição na segunda premissa é uma proposição falsa;

c) A proposição na conclusão é uma proposição falsa;

d) O argumento não é válido.

Solução:

a) Falso. Seja a: água é igual a fogo. Seja t: A Terra é o Sol. A proposição na premissa
diz a ⇒ t. Como a é falsa (pois água não é igual a fogo) o resultado da proposição
composta é verdadeiro (sempre que temos um condicional com a primeira proposição
falsa, o resultado é verdadeiro).

b) Verdade. A proposição “A água é igual ao fogo” é uma proposição falsa.

c) Verdade. A proposição “A Terra é o Sol” é falsa.

d) Falso. O argumento é constituı́do da seguinte forma:


Premissas:
a⇒t

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a
Conclusão: t
De fato, se vale que a implica t e vale a, então podemos concluir que vale t. O argumento
é válido. O que faz com que cheguemos em uma conclusão falsa não é a falta de validade
do argumento, mas sim o fato de termos nas premissas uma proposição falsa.

Sempre que alguém desenvolve um argumento matemático e, através dele, conclui algo errado (por

exemplo, que 1=2), é porque cometeu pelo menos um dos seguintes erros: usou um argumento que não é

válido, ou aplicou um argumento válido, mas usou alguma premissa falsa.

Questão 3. Determine se o argumento abaixo é válido ou inválido.


Premissas:
Desempregados não trabalham.
Se uma pessoa precisa de dinheiro, então ela trabalha.
Conclusão:
Desempregados não precisam de dinheiro.

Questão 4. Determine se o argumento abaixo é válido ou inválido.


Premissas:
João sabe fı́sica quântica.
João é doutor em matemática.
João é formado em filosofia.
João ganhou o prêmio Nobel da literatura.
Conclusão:
João é inteligente.

A questão anterior mostra mais uma vez como a lógica matemática funciona de forma diferente de

nossa lógica cotidiana. Em nosso dia-a-dia as conclusões a que chegamos são consequência não apenas

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das premissas que estão expostas claramente, mas também de toda uma experiência de vida que temos.

Assim, ninguém seria louco de discordar da conclusão de que se João realmente fez tudo o que está nas

premissas, ele deve ser muito inteligente. Mas na matemática não é permitido usar esse tipo de senso comum

para chegar às conclusões. Assim, não encontramos nas premissas acima nada que nos permita deduzir

matematicamente que João é inteligente. Será que poderı́amos acrescentar algo nas premissas que tornasse

verdadeira a conclusão? Veja o exercı́cio abaixo.

Questão 5. Determine se o argumento abaixo é válido ou inválido.


Premissas:
João sabe fı́sica quântica.
João é doutor em matemática.
João é formado em filosofia.
João ganhou o prêmio Nobel da literatura.
Qualquer pessoa que saiba fı́sica quântica e seja doutor em matemática e seja formado em
filosofia e tenha ganho o prêmio Nobel da literatura é inteligente.
Conclusão:
João é inteligente.

O que fizemos foi incluir nas premissas algo que admitimos implicitamente e que nos levava a pensar que

João devia ser inteligente. Na matemática, tudo o que for utilizado para chegar a uma conclusão deve estar

claramente expresso nas premissas do argumento (de outra forma, o argumento pode tornar-se inválido).

Questão 6. Determine se o argumento abaixo é válido ou inválido.


Premissas:
Mickey é um rato.
Mickey fala.
Conclusão:
Há ratos que falam.

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Questão 7. Encontre a conclusão que torna válido o argumento abaixo, utilizando todas as
premissas.
Premissas:
Os únicos seres vivos que falam são os humanos e os papagaios.
Os vegetais são seres vivos.
Os morangos são vegetais.
Há morangos que falam.
Nenhum morango é humano.
Conclusão:

Agora que você já deve ter entendido o que é um argumento e quando ele é classificado em válido ou

inválido, vamos acrescentar um pouco mais de matemática.

Questão 8. Determine se o argumento abaixo é válido ou inválido. Justifique detalhada-


mente sua resposta.
Premissas:
A ⊂ N;
∀x ∈ A, x é par;
Se ∃x ∈ A tal que x > 10, então 5 ∈ A;
16 ∈ A ou ∀x ∈ A, x > 2;
Conclusão:
A = {4, 6, 8, 10}

Questão 9. Analise as premissas abaixo e diga se é possı́vel concluir qual é o conjunto A.


Em caso afirmativo, exiba o conjunto A. Justifique detalhadamente suas conclusões.
Premissas:
1) A ⊂ N e 0 ∈
/A

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2) ∀x ∈ A, x<9
3) A tem exatamente 3 elementos ou 15 ∈ A
4) −1 ∈ A ou é falso que ∃x ∈ A tal que x é par
5) 6 ∈ A ou 3 ∈
/A
6) 1 ∈ A ou 7 ∈ A

Questão 10. Considere as premissas abaixo.


Premissas:

1) B ⊂ N;

2) 1 ∈ B ou 21 ∈ B;

3) ∀x ∈ B, x > 20;

4) 25 ∈ B ⇔ 15 ∈ B;

5) ∀x ∈ N, x ∈
/ B ou x < 26;

6) Se N ̸⊂ B então B possui exatamente 4 elementos.

A partir das premissas propostas decida se são verdadeiras ou falsas as proposições a


seguir e justifique detalhadamente suas respostas.

a) 1 ∈ B;

b) 21 ∈ B;

c) 25 ∈ B;

d) Se montarmos um argumento com as premissas acima e com a conclusão B = {21, 22, 23, 24}
o argumento é válido.

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É importante que você faça também os exercı́cios do material impresso e entenda bem
este conteúdo. Não guarde nenhuma dúvida, aproveite todo o apoio que você tem para tirar
dúvidas tanto presencialmente quanto à distância. Bom trabalho!

GABARITO
Questão 1. Solução:

a) Este argumento é válido: Pela premissa 3, eu estudo. Juntando isso com a premissa 1,
concluı́mos que eu aprendo. Agora com a premissa 2, podemos concluir que passo de
ano. Vamos resolver usando a linguagem e a simbologia da lógica:
Proposições simples:
e: eu estudo;
a: eu aprendo;
p: eu passo de ano.
Premissas:
e⇒a
a⇒p
e
Análise:
Pela premissa 3 e é verdadeira, logo pela premissa 1 a é verdadeira, logo pela premissa
2 p é verdadeira. Conclusão: p é verdadeira, isto é, passo de ano.
b) Este argumento é válido: Pela premissa 1, se eu tenho sede, então eu bebo água, e
pela premissa 2, então eu não me desidrato. Vamos resolver usando a linguagem e a
simbologia da lógica:
Proposições simples:

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s: tenho sede;
a: bebo água;
d: me desidrato.
Premissas:
s⇒a
a ⇒∼ d
Análise:
Se s é verdadeira, a é verdadeira pela premissa 1, mas se a é verdadeira, d é falsa pela
premissa 2. Logo, se s é verdadeira, então d é falsa, isto é, s ⇒∼ d, que é a conclusão
(se tenho sede, então não me desidrato).
c) Este argumento é válido. Vamos resolver usando a linguagem e a simbologia da lógica:
Proposições simples:
e: eu estudo;
c: vou ao cinema;
j: janto fora.
Premissas:
e ⇒∼ c
∼ c ⇒∼ j
j
Análise:
Pela premissa 3 j é verdadeira, logo a única forma de que a premissa 2 seja verdadeira,
é tendo ∼ c falso, isto é, c verdadeiro. Daı́, sabendo que c é verdadeiro, a única forma
de ter a primeira premissa verdadeira é tendo e falso. Logo concluı́mos que e é falso,
isto é, não estudo.
d) O argumento não é válido. Vamos resolver usando a linguagem e a simbologia da

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lógica:
Proposições simples:
p: Pedrinho se comporta;
c: Pedrinho fica de castigo.;
Premissas:
∼p⇒c
c
Análise:
Sendo c verdadeiro (pela premissa 2), a premissa 1 não nos permite concluir que p é
falso, pois como sabemos, quando o lado direito de uma implicação é verdaderio, nada
podemos afirmar sobre a proposição do lado esquerdo. Assim, não é possı́vel concluir
que Pedrinho não se comportou, o que torna o argumento inválido.

Questão 2. Já resolvida no EP.

Questão 3. Solução:
O argumento é válido. Vamos resolver usando a linguagem e a simbologia da lógica:
Proposições simples:
d: está desempregado;
p: precisa de dinheiro;
t: trabalha.
Premissas:
d ⇒∼ t
p⇒t
Análise:
Se d é verdadeiro, pela premissa 1 t é falso. Mas se t é falso, a premissa 2 não nos permite

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concluir que p é falso, pois como sabemos, quando o lado direito de uma implicação é falso,
para que a proposição composta seja verdadeira, o lado esquerdo também tem que ser falso.
Assim, se d é verdadeiro, então p deve ser falso, isto é, matematicamente, d ⇒∼ p, e
literalmente, desempregados não precisam de dinheiro.
É claro que do ponto de vista do senso comum a conclusão acima é um absurdo. Na verdade chegamos

a isso porque o argumento incluı́a uma premissa que também é falsa em nossas vidas, sabemos que há muita

gente que precisa de dinheiro mas não trabalha porque não consegue emprego, o que equivale a dizer que a

segunda premissa era falsa. Porém, do ponto de vista da resolução de uma questão de lógica matemática,

tudo isso é irrelevante.

Questão 4. Solução:
O argumento não é válido. Não há nas premissas nada que nos permita concluir através
da lógica matemática que João é inteligente. O que nos faz pensar que João é inteligente,
neste caso, não é a lógica matemática, mas sim nossa própria experiência de vida. Veja o
comentário sobre isso depois da solução, mas antes vamos ver a representação simbólica da
questão.
Proposições simples:
q: João sabe fı́sica quântica.
m: João é doutor em matemática.
f : João é formado em filosofia.
n: ganhou o prêmio Nobel da literatura.
i: João é inteligente.
Premissas:
q
m
f

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n
Análise:
Como podemos ver nas premissas acima, nenhuma delas faz qualquer referência à proposição
i que está nas conclusões. Logo não podemos concluir i a partir das premissas, o argumento
não é válido.

Questão 5. Solução:
A única diferença entre esta questão e a anterior é que temos a última premissa que
diz que se uma pessoa satisfaz todas as outras premissas, então ela é inteligente. Então
nosso conjunto de premissas pode ser reescrito assim (considerando as letras que usamos na
questão anterior):
Premissas:
q
m
f
n
(q ∧ m ∧ f ∧ n) ⇒ i
Análise:
Agora sim, as quatro primeiras premissas nos dizem que são verdadeiras q, m, f e n e a quinta
premissa nos diz que se todas essas são verdadeiras, então também é verdadeira i. Portanto
agora o argumento é válido e podemos matematicamente concluir que João é inteligente.

Questão 6. Solução:
O argumento é válido. A primeira premissa diz que Mickey é um rato, a segunda diz que
ele fala. Logo podemos concluir que existe pelo menos um rato que fala: o Mickey.

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Questão 7. Solução:
A premissa 3 diz que morangos são vegetais e a premissa 4 diz que há morangos que
falam. A premissa 2 diz que vegetais são seres vivos. Então deduzimos que há morangos
que falam e eles são seres vivos. Mas pela premissa 1, os únicos seres vivos que falam são
humanos ou papagaios. Então há morangos que são humanos ou papagaios. Pela premissa
5, nenhum morango é humano. Podemos então concluir que há morangos que são papagaios.
Veja que para concluir este fato utilizamos todas as premissas.
Conclusão: há morangos que são papagaios.

Questão 8. Solução:
Vamos analisar as premissas para descobrir se a conclusão é ou não uma consequência
necessária das premissas.
Pelas premissas 1 e 2, sabemos que A ⊂ {2, 4, 6, 8, 10, 12, . . . }.
A premissa 3 diz que se existe x ∈ A maior que 10, então 5 ∈ A. Mas como já sabemos
que 5 não pertence a A, podemos concluir que não existe em A nenhum número maior que
10. Logo A ⊂ {2, 4, 6, 8, 10}.
A premissa 4 diz que 16 pertence a A ou todos os elementos de A são maiores que 2. Já
sabemos que 16 não pertence a A, então podemos concluir que todos os elementos de A são
maiores que 2. Ficamos com A ⊂ {4, 6, 8, 10}.
Já usamos todas as premissas e tudo o que conseguimos concluir é que A ⊂ {4, 6, 8, 10}.
O argumento coloca como conclusão A = {4, 6, 8, 10}. Veja que não podemos concluir isso, A
pode ser qualquer subconjunto de {4, 6, 8, 10}. Logo o argumento não é válido, a conclusão
fornecida não é uma decorrência necessária das premissas.

Questão 9. Solução:
Pela premissa 1) deduzimos que A ⊂ {1, 2, 3, 4, . . . };
Pela premissa 2) deduzimos que A ⊂ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8};

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Como já sabemos que 15 ∈
/ A, a premissa 3) nos diz que A tem exatamente 3 elementos;
Também sabemos já que −1 ∈
/ A, então a premissa 4) nos garante que não existe elemento
par em A, isto é, A ⊂ {1, 3, 5, 7};
Já sabemos que 6 ∈
/ A. Portanto, a premissa 5) nos garante que 3 ∈
/ A, isto é, A ⊂ {1, 5, 7}.
Mas já sabemos que A tem exatamente 3 elementos, então podemos concluir que A =
{1, 5, 7}.
Veja que a premissa 6) não foi necessária, mas ela está de acordo com o resultado que
encontramos.

Questão 10. Solução:

a) 1 ∈ B; Falso. Pela premissa 3 sabemos que todo elemento de B é maior que 20, logo
1∈
/ B.

b) 21 ∈ B; Verdadeiro. Já vimos no item anterior que 1 ∈


/ B, logo, pela premissa 2
podemos deduzir que 21 ∈ B.

c) 25 ∈ B; Falso. Pela premissa 3, todos os elementos de B são maiores que 20. Em


particular, 15 não pode ser elemento de B. Logo, pela premissa 4 podemos concluir
que 25 também não é elemento de B.

d) Se montarmos um argumento com as premissas acima e com a conclusão B = {21, 22, 23, 24}
o argumento é válido.

Para responder a este item precisamos fazer uma análise do argumento.

Pela premissa 1, sabemos que B ⊂ N. Já a premissa 3 nos garante que

B ⊂ {21, 22, 23, 24, 25, 26, . . . }.

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Mas vamos estudar a premissa 5. Ela diz que qualquer número natural x tem que
satisfazer pelo menos uma dentre duas opções: ser menor que 26 ou não pertencer a B.
Isso significa que todos os números naturais maiores que 26 não pertencem a B (para
ficar mais claro, veja que se 28, por exemplo, pertencesse a B, estarı́amos violando
a premissa 5, já que 28 estaria em B e não seria menor que 26). Portanto, podemos
concluir a partir da premissa 5 que

B ⊂ {21, 22, 23, 24, 25}.

Agora, como já vimos no item c), pela premissa 4 podemos concluir que 25 ∈
/ B, logo,

B ⊂ {21, 22, 23, 24}.

Finalmente, a premissa 6 nos diz que se N ̸⊂ B então B possui exatamente 4 elementos.


Ora, como B ⊂ {21, 22, 23, 24} é claro que N ̸⊂ B e, mais ainda, os 4 elementos de B
só podem ser 21, 22, 23 e 24.

Portanto podemos concluir que B = {21, 22, 23, 24} e o argumento indicado no item
d) é válido (isto é, o item d é verdadeiro)

Avaliação à distância - AD1, questão 4


Prazo para entrega: 01/09/2010

Questão 4 (2,5 pontos)


Considere as premissas abaixo.
Premissas:

1) A ⊂ N;

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2) 1/2 ∈ A ⇔ 10 ∈ A;

3) ∀x ∈ N, se x é ı́mpar, então x ∈
/ A;

4) 12 ∈
/ A ⇒ 8 ∈ A;

5) ∀n ∈ N, (2n ∈ A ⇒ 2n + 2 ∈ A);

A partir das premissas propostas responda às perguntas a seguir e justifique detalhada-
mente suas respostas (em cada item, justificativas corretas e completas, como as encontradas
no gabarito desse EP, são necessárias para que você receba os pontos):

a) 8 ∈ A?

b) 10 ∈ A?

c) 12 ∈ A?

d) As premissas apresentadas nos permitem saber se 26 ∈ A?

e) As premissas apresentadas nos permitem saber qual é o conjunto A?

Instruções para envio das questões das ADs:

Você pode enviar sua questão pela plataforma ou entregá-la diretamente no polo. Caso
opte pela primeira opção, siga atentamente todas as instruções abaixo.
ATENÇÃO:

• SE PRETENDE ENVIAR SUAS RESOLUÇÕES VIA PLATAFORMA USANDO AR-


QUIVO ANEXO, CERTIFIQUE-SE DE NOMEAR O ARQUIVO QUE VOCÊ VAI
ENVIAR DE ACORDO COM AS INSTRUÇÕES APRESENTADAS A SEGUIR.

18
• SE VOCÊ VAI RESPONDER USANDO DIRETAMENTE O ESPAÇO PARA RES-
POSTA PRESENTE NA ATIVIDADE NA PLATAFORMA, CERTIFIQUE-SE QUE
QUALQUER SÍMBOLO MATEMÁTICO QUE VOCÊ USE APAREÇA CORRETA-
MENTE EM TAL CAMPO.

• PARA CONFIRMAR QUE SUA QUESTÃO CHEGOU ADEQUADAMENTE, IME-


DIATAMENTE APÓS O ENVIO, ACESSE A ATIVIDADE ENVIADA E VEJA SE
ELA ESTÁ TAL COMO VOCÊ DESEJA.

• SÓ SERÃO CONSIDERADAS AS ATIVIDADES ENTREGUES DENTRO DO PRAZO.

Instruções detalhadas para envio pela plataforma

Para o envio eletrônico acesse Atividades (na Plataforma, dentro de Ferramentas da Disciplina) e clique
na atividade correspondente.
Você pode, então, responder diretamente no espaço que é disponibilizado na atividade, ou anexar um
arquivo que contenha sua solução (nesse caso a solução inteira deve estar em um único arquivo, o qual deve
ter sido anteriormente postado no gerenciador de arquivos da plataforma o que se faz seguindo as instruções
abaixo). Para enviar como arquivo em anexo, utilize as orientações a seguir.

• Nomeie o arquivo que será anexado de acordo com a regra a seguir:

AD [EP em que foi postado] [sigla de seu polo] [seu nome].

Por exemplo: se Ermelinda Silva, do pólo de Saquarema vai mandar um arquivo doc com a solução
da questão de AD que veio no EP3, o nome do arquivo será:

AD EP3 Saq ErmelindaSilva.doc

• não esqueça de colocar seu nome, seu polo e sua matrı́cula no texto da solução que você enviar.

19
• logado na plataforma, você deve seguir clicando em:

FERRAMENTAS

GERENCIADOR DE ARQUIVOS

NOVO ARQUIVO

• Preencha os campos requeridos, coloque o arquivo no gerenciador e leia o item abaixo.

• Feito isso, você já pode enviar o arquivo. Entre em Atividades (dentro de Ferramentas da Disciplina)
e poste o arquivo para a atividade correspondente. Só então o arquivo terá sido enviado (se você
colocar seu arquivo no gerenciador mas não anexá-lo na atividade ele não será corrigido).

• Confira o envio de seu arquivo. Entre novamente em atividades, abra sua solução e veja se ela está
lá em perfeito estado. Não serão aceitas reclamações sobre arquivos que não foram corretamente
anexados.

• Não escreva para a tutoria (ou para qualquer outro lugar) solicitando confirmação do recebimento de
suas questões. Você mesmo pode realizar essa confirmação acessando a atividade que enviou.

Mas atenção: não perca o prazo de entrega! Sua atividade não será corrigida se não for entregue até
este prazo.
Bons estudos!

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