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Pessoa
Desde logo cumpre destacar que o pólo passivo da presente ação é composto
pela UNIÃO FEDERAL, pelo ESTADO DA PARAÍBA e pelo MUNICÍPIO DE JOÃO
PESSOA. A pertinência subjetiva da lide em seu pólo passivo deve-se a
Constituição Federal normatizar que as ações e serviços públicos da saúde integram
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituírem um sistema único a ser
financiado com recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes (art. 198).
Por sua vez, o artigo 4º da Lei nº 8.080/90 disciplina que o Sistema Único de
Saúde - SUS é constituído pelo conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais da Administração direta e
indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público.
DOS FATOS
O autor é paciente transplantado cardíaco há cerca de um ano, pelo que faz uso
constante e obrigatório do medicamento SIROLIMUS (nome comercial: RAPAMUNE),
medicamento esse que segundo atestam os laudos médicos fornecidos tem atuação
eficaz e prolongada no controle do processo de rejeição de órgãos transplantados,
conformem laudos médicos em anexo. O autor necessita do medicamento
SIROLIMUS na quantidade de três caixas mensais, sob pena de perda do controle da
reação imunitária capaz de causar rejeição do coração que recebeu por ocasião de seu
transplante como fazem prova os atestados médicos que instruem a presente ação.
Como é de conhecimento notório, hoje no Brasil é muito grande a luta dos que
aguardam nas longas filas de transplante no Brasil. Esse problema é ainda mais
severo no caso daqueles que aguardam por um transplante cardíaco devido as inúmeras
dificuldades que esse tipo de procedimento enfrenta no Brasil, como falta de
profissionais habilitados na sua realização, de centros especializados pelo Brasil, falta
de doadores e etc. No nosso estado da Paraíba, tal problema chega a poder ser
considerado dramático, pelo fato de não termos um centro transplantador cardíaco, o
que dificulta muito a efetivação do tratamento ao paraibano cardiopata que necessita
desta medida que é considerada de última instância na terapêutica das moléstias
cardíacas.
Além disso, ocorre que os poucos, como o paraibano senhor José João da Silva,
que podemos dizer privilegiados por receber um transplante cardíaco, necessitarão
tomar por tempo indeterminado medicação para controle contra o processo de rejeição
enxerto, no caso o SIROLIMUS (RAPAMUNE), medicamento reconhecidamente
eficaz na proteção contra a rejeição do enxerto cardíaco e que é inclusive padronizado
pelo sistema público de saúde como medicamento para distribuição para pacientes
receptores de enxerto cardíaco. Até o ano de 2006 a distribuição acontecia
normalmente, conforme as necessidades do paciente, quando então, o Ministério da
Saúde limitou a quantidade de SIROLIMUS a uma caixa por paciente,
independentemente das necessidades do paciente, o que segundo provam os laudos
médicos em anexo é insuficiente para o caso do autor, expondo-o a rejeição do coração
transplantado, que pode iniciar-se a qualquer momento caso o mesmo não venha a
tomar os medicamentos conforme o prescrito e, conseqüentemente à morte.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
Vejamos que o artigo 5º, XXV, da Carta Magna deixa claro que as autoridades
constituídas podem e devem promover a aplicação de recursos mesmo particulares
para a consecução da salvaguarda necessária ao afastamento de perigo à população.
Adiante, o dispositivo:
Que dizer então se por uma decisão de cunho político- econômico, os poucos
transplantes, a muitos custos feitos no Brasil começarem a se perder por rejeição do
enxerto?
À União caberá, pela sua posição no SUS, ressarcir o valor dispensado, pelo
Estado ou Município, com o fornecimento do medicamento apontado, enquanto não
houver o repasse habitual de verbas específicas para tal fim.
TRF 2a Região, AG 129801/RJ, 3a Turma, Rel. Des. Fed. Tânia Heine, DJU
03/12/2004:
"PROCESSUAL CIVIL -AGRAVO DE INSTRUMENTO- TUTELA ANTECIPADA
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS .
I - De acordo com o art. 7º, II, da Lei nº 8.080/90, o SUS garante a integralidade da
assistência, de forma individual ou coletiva para atender cada caso em todos os níveis
de complexidade. Assim, comprovada a necessidade do medicamento para a garantia
da vida do paciente, deverá ele ser fornecido.
II - O direito à vida é assegurado pela CF no seu art. 5º, caput, e diante de um direito
fundamental, não há que prosperar qualquer justificativa de natureza técnica ou
burocrática do Poder Público.
III - O STF, quando do julgamento do RE 280.642, ao interpretar o art. 196 da CF/88,
se posicionou no sentido de que o termo "Estado" apresenta uma conotação genérica
a abranger a União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
IV - Agravo de Instrumento improvido."
DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, pede o autor:
1. A antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, sem a oitiva da outra parte, dado a
plausibilidade do pedido exposta e provada na exordial além da situação de extremo
risco de vida que a demora na prestação jurisdicional poderia causar para o autor, com o
fim de determinar-se a expedição de ofício à Secretaria Estadual de Saúde de João
Pessoa-Pb para que forneça ao autor o medicamento SIROLIMUS na quantidade de
três caixas mensais mediante tão-só a apresentação de receituário médico. Tal pleito
se justifica e se legitima ante os termos do artigo 273 do CPC, vez que o direito
demonstrado, de estatura constitucional, constitui prova inequívoca em benefício da
autora, além da natureza essencialmente urgente da medida, sob pena de danos à saúde e
à vida.
2. A citação dos réus para que respondam aos termos da presente ação, sob pena de
revelia e confissão.
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