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O artigo 32, § 4º da lei 4886/65 inserido pela lei 8420/92 dispõe: “As comissões deverão ser calculadas pelo
valor total das mercadorias”. Quando a Lei diz: “Valor Total das Mercadorias” deve-se entender o preço
final, em outras palavras, o valor total do negócio agenciado.
ICMS
A lei complementar nº 87/96, introduziu algumas mudanças no ICMS, mas não alterou o art. 2º que estabelece
“O imposto incide sobre – I – Operações relativas à circulação de mercadorias” (g.n.).
O 4º dispositivo desta lei determina quem é o sujeito passivo ou contribuinte nos seguintes termos: “Art. 4º –
Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que
caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior” (g.n.).
Infere-se que o imposto somente pode incidir sobre operações relativas à circulação de mercadorias e alguns
tipos específicos de serviços.
Também e, principalmente, é induvidoso que o valor do ICMS está embutido no preço final da mercadoria.
Embora o comerciante seja o contribuinte de direito, é o consumidor o contribuinte de fato, ou seja, este é quem
arca com o ônus da imposição tributária, pagando o tributo que já está incluído no preço da mercadoria
adquirida.
Com o escopo de avigorar o entendimento, transcreverei uma decisão copilada da “Revista Estudos Tributários
n. º 1 pg. 22”:
“Tal imposto não é cobrado do adquirente da mercadoria, posto que ele integra o preço desta. Tanto assim é
que a jurisprudência já entendeu ser o valor do ICMS parte integrante da base de cálculo de contribuições que
incidem sobre o faturamento, ou receita bruta das empresas.”
Jurisprudência:
“A partir do advento da Lei 8420/92, de 8 de maio de 1992, a comissão devida ao representante comercial
incide sobre o valor total da mercadoria nele se incluindo o ICMS por tratar de tributo indireto cujo valor está
embutido no preço pago pelo consumidor. Hipótese de aplicação imediata da Lei.” (TARS – APC nº
197059959)
IPI
Como se observa na prática, é também o consumidor ou revendedor que de fato paga o IPI, como
ocorre com o ICMS e, nesse sentido, claro está que não poderá ser deduzido da base de cálculo das
comissões, pois, mesmo que indiretamente, está incluído no valor pago pelo comprador.
“(…) O IPI é tributo de natureza indireta, uma vez que o contribuinte de fato é o consumidor final da
mercadoria objeto da operação, visto que a empresa, que repassa no preço da mercadoria o imposto devido,
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recolhendo posteriormente aos cofres públicos o imposto já pago pelo consumidor final, e, em conseqüência,
não assume a respectiva carga tributária. Opera-se, assim, no caso do IPI, a substituição legal no
cumprimento da obrigação, do contribuinte de fato pelo contribuinte de direito, não se admitindo a
repetição do indébito e a compensação do referido tributo, sem a exigência da prova da repercussão – 7.
Precedentes desta Corte. 8. Recurso Especial provido.” (STJ – RESP 411478 – PR – 1ª T. – Rel. Min. Luiz
Fux – DJU 28.10.2002).
Rubens Edmundo Requião faz o seguinte comentário a respeito do referido dispositivo legal:
“Veda-se a prática antiga de descontar uma série variada de custos do valor da fatura, tais como despesas
financeiras, impostos, despesas de embalagem etc. Tal dispositivo talvez venha a causar uma redução, em
novos contratos, dos percentuais de comissão, para compensar a sua incidência sobre o ICMS e IPI,
impostos que integram o preço. Por valor total das mercadorias entendemos o seu preço consignado na nota
fiscal [...]. O preço constante da nota fiscal é o que melhor reflete o resultado obtido pelas partes
(representante e representado) sendo justo que sobre ele se apóie o cálculo da comissão” (In: Nova
Regulamentação da Representação Comercial. Curitiba: Livraria Jurídica. 1993. p. 79).
A jurisprudência pátria acompanha a doutrina acima, conforme se infere da ementa de acórdão a seguir
transcrita a título de ilustração:
PIS e COFINS são tributos devidos pelo representante comercial (no caso de pessoa jurídica) ao emitir sua
própria nota fiscal de prestação de serviços, para o recebimento das comissões, podendo concluir que, se a
representada calcula a comissão com base no valor líquido estará bitributando-o, com intuito de se eximir de
seus encargos, uma vez que é esta quem assume os riscos do negócio agenciado, que decorre do fato, já
registrado, de o representante comercial não agir em seu nome e por sua conta, sem olvidar que está embutido
no valor da mercadoria.
FRETE
Quando o custo do frete estiver embutido no valor da mercadoria (FOB) também está vedada sua exclusão da
base de cálculo de comissões.
Em suma, o valor que o cliente se propõe a pagar é o valor corresponde à base de cálculo da comissão, sendo,
portanto, o preço constante da nota fiscal é o que melhor reflete o resultado obtido pelas partes sendo justo que
sobre ele se o cálculo da comissão.
S.M.J.
Renato Salomão
Romano
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Renato Salomão
Romano
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